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Direito Empresarial I – P2-16/04/18 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: O Estado fomenta(incentiva) a economia de várias formas, uma delas é atribuindo PERSONALIDADE JURÍDICA para que indivíduos possam empreender suas atividades econômicas. É o que acontece com as sociedades empresárias. -Todavia, ao longo da história, nas relações econômicas sempre existia no USO das personalidades jurídicas e na consagração da economia patrimonial, ABUSOS! Com a finalidade de resguardar o princípio da autonomia patrimonial, evitando ABUSOS, formulou-se a TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. -Aplicável quando se constata uso abusivo da personalidade jurídica em prejuízo aos CREDORES. HISTORIA DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA: Surgiu de construção jurisprudencial(Inglaterra e E.U.A.). O caso pioneiro ocorreu na Inglaterra em 1887(Caso Salomon x Salomon Co. Ltd.). Outros autores também citam o caso (STATE X STANDARD OIL Co.), julgado pela Corte Suprema de Ohio em 1892. Na Doutrina, o principal precursor foi Rolf Serick, que criou a “desregard doctrine”, na sua tese de doutorado, defendida em 1953 onde construiu as bases da TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA com base na jurisprudência americana. O que se afirmou foi: a possibilidade de afastamento dos efeitos da personalização da sociedade (autonomia e separação patrimonial) nos casos em que a personalidade jurídica fosse utilizada de forma abusiva, em prejuízos aos interesses dos credores. Permitiu-se a execução do patrimônio pessoal dos sócios por dívidas da da sociedade. Tradicionalmente, o abuso de personalidade jurídica exigia prova efetiva da fraude, ou seja, da atuação DOLOSA, desonesta e maliciosa dos sócios em prejuízo aos credores da sociedade. Por exigir a prova do elemento subjetivo, adotava-se a concepção da “desregard doctrine”. Hodiernamente, adota-se a concepção objetivista da “desregard doctrine”, segundo a qual o abuso de personalidade pode ser verificado ou caracterizado por meio da análise de dados estritamente objetivos (desvio de finalidade e confusão patrimonial). DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO BRASIL: Essa teoria chegou ao Brasil na década de 1960 por intermédio de Rubens Requist que já defendia a sua aplicação no país mesmo sem previsão legal. Somente em 1990 essa teoria foi positivada do Direito brasileiro, sendo regulamentada no C.D.C.(CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR)(Lei 8.078/90 art.28). Posteriormente a Lei 8.884/94(Que dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações à ordem econômica) também previa a aplicação da teoria. Em 1998, com a Lei 9.605(que regula os crimes ambientais no art.4°) também previu a aplicação da teoria. OBS.: Tais normas não servem como regra geral de aplicação da DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, porque a incidência delas fica restrita às matérias disciplinadas pelas referidas normas. Com o CC/02, a TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA recebeu novo tratamento legislativo, resgatando com fidelidade os ideais originários dessa teoria(vide art.50 CC/02). ART. 50, CC/02 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA Em caso de ABUSO DE PERSONALIDADE JURÍDICA SÓCIOS ADMINISTRADORES CONFUSÃO PATRIMONIAL DESVIO DE OU FINALIDADE BENS PARTICULARES DECISÃO JUDICIAL P/ EFEITOS DE CERTAS E DETERMINADAS DESCONSIDERAR OBRIGAÇÕES A PERSONALIDADE JURÍDICA Direito Empresarial I - 17/04/18 - P2 O Código Civil apesar de ter se mantido fiel aos preceitos fundamentais originários da “disregard doctrine”, infelizmente não revogou as regras especiais do tema, o que é objeto de crítica por parte de alguns autores. OBS.: Enunciado 51 do C.J.F. (Conselho de Justiça Federal) : “A teoria da DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA fica positivada no novo Código Civil, mantido os parâmetros existentes nos microssistemas legais e na construção jurídica sobre o tema.” OBS2.: Atualmente, o Art. 50 CC/02 é a regra matriz, de aplicação obrigatória, em todos os casos de DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA, exceto nas relações de consumo, aos crimes ambientais e às infrações à ordem econômica, que possuem disciplina normativa própria. TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA x IMPUTAÇÃO DIRETA DE RESPONSABILIDADE: Uma das principais críticas ao Art. 28, CAPUT, C.D.C. (Código de Defesa do Consumidor) e às outras normas especiais que preveem a DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA se deve ao fato de que tais normas especiais não fizeram a devida distinção entre as hipóteses de DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA e as de imputação direta de responsabilidade pela prática de atos ilícitos. (Vide ENUNCIADO 229 do C.J.F.). Alguns autores dizem que, diante da existência de normas que previam atribuição de RESPONSABILIDADE PESSOAL e DIRETA dos responsáveis pela prática de atos ilícitos, seria dispensável aplicar a DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA e ABUSO DE PERSONALIDADE JURÍDICA(elogio ao Art. 50 CC/02). * A D.P.J.(DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA) só é permitida em caso de ABUSO da PERSONALIDADE JURÍDICA. O CC/02 previa que o ABUSO de PERSONALIDADE se caracteriza por: Desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Isso afirma que no Direito Civil brasileiro aplica-se a concepção objetivista da D.P.J. O S.T.J.(SUPERIOR TRIBUNAL de JUSTIÇA) deixa claro que a D.P.J. é a medida excepcional e não ser banalizada. EFEITOS DA D.P.J.: O principal efeito é a continuidade da Pessoa Jurídica. Em outros termos, a D.P.J não acarreta a extinção da Pessoa Jurídica, que não será dissolvida ou liquidada. A D.P.J. não visa anular a personificação da sociedade, mas apenas torná-la ineficaz para determinados atos. Significa que a D.P.J provoca efeitos limitados ao caso concreto em que foi requerida. Implica, tão somente, uma suspensão temporária dos efeitos da personalização. OBS.: Cuidado com as expressões “DESPERSONALIZAÇÃO” e “DESPERSONIFICAÇÃO” utilizadas por alguns autores. DESCONSIDERAÇÃO DESPERSONALIZAÇÃO OU DESPERSONIFICAÇÃO SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CASO ESPECÍFICO EM QUE FOI REQUERIDA; EXTINÇÃO DEFINITIVA DA PERSONALIDADE JURÍDICA. Não significa a possibilidade de execução todos os sócios e ou administradores da sociedade, indistintamente. Somente serão atingidos aqueles sócios que se beneficiarem do uso ABUSIVO da Pessoa Jurídica. EX.: Quando se verifica a confusão patrimonial entre a sociedade e um de seus sócios, no nome de quem são registrados os veículos usados na atividade empresária, a decretação da D.P.J deverá recair apenas a esses sócios, recriando a execução sobre os bens particulares desse sócio e, principalmente, apenas sobre os bens que caracterizam confusão patrimonial (os veículos). DESCONSIDERAÇÃO INVERSA: Até o momento a D.P.J foi aplicada com a finalidade de permitir a execução dos bens particulares dos sócios e ou administradores por dívidas da sociedade. Com o avanço da Jurisprudência os tribunais têm aplicado a chamada DESCONSIDERAÇÃO INVERSA para executar bens da sociedade para satisfação de dívidas de um ou mais sócios. EX.: É possível a aplicação da D.P.J nas questões relativas ao Direito de Família quando um dos cônjuges desvia bens pessoais para o patrimônio da sociedade(Pessoa Jurídica) com a finalidade de afastá-los da partilha ou frustrar a execução de alimentos(vide ENUNCIADO 283 do C.J.F.(é cabível a D.P.J denominado inverso para alcançar bens do sócio que se valeu da Pessoa Jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, comprejuízo a terceiros). 24/04/18 – P2 ASPECTOS PROCESSUAIS DA APLICAÇÃO DA TEORIA DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO CPC/2015: No Art.50, CC/02 são estabelecidas hipóteses em que o juiz pode decretar a DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA(D.P.J), na forma de incidente processual específico(Art.133 – 137). OBS.: O CPC não criou hipóteses de D.P.J, mas apenas disciplinou o procedimento. O STJ entende que a D.P.J pode ser decretada nos próprios autos, sem necessidade de citação e, nesse caso, o sócio só poderá defender-se após já realizadas as constrições dos seus bens pessoais. A partir da vigência do novo CPC o posicionamento do STJ deverá ser reformulado, uma vez que o procedimento específico da .DP.J se instaura, via incidente processual(Art.135). Efeitos do INCIDENTE : Com a instauração do incidente, o processo será suspenso até que seja resolvido por decisão interlocutória da qual caberá agravo de instrumento. OBS.: O INCIDENTE é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento da sentença e na execução por título executivo extrajudicial, por fim e importante detalhe procedimental é feito pelo Art.134, §2°, ou seja, a hipótese de exceção à regra do INCIDENTE PROCESSUAL e da suspensão do processo. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA INSOLVÊNCIA Pergunta-se: É necessário provar insolvência da Pessoa Jurídica para requerer a DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA? É possível, como medida punitiva aplicável aos sócios e administradores que abusam do uso da Pessoa Jurídica independentemente da comprovação de insolvência. DIVERGÊNCIA: O STJ já decidia de ambas as formas. Todavia existe o enunciado 218 do CJF que diz: “A aplicação da teoria da DPJ, descrita no Art.50, CC/02, prescinde da demonstração de insolvência da Pessoa Jurídica”. P2 – 05/05/18 Nome empresarial – Já sabemos que estabelecimento é o conjunto de bens corpóreos e incorpóreos que permitem o desenvolvimento de determinada atividade empresarial. Dentre os bens incorpóreos, temos o nome EMPRESARIAL que integra o conceito de estabelecimento. Conceito – É a expressão que identifica os empresários(empresário individual, EIRELI ou Sociedades empresárias), nas relações jurídicas que FORMALIZAREM em decorrência do exercício da atividade empresarial. É o nome que a pessoa Natural ou Jurídica utiliza para individualizar/identificara sua atividade. É sinal distintivo que identifica o empresário e o exercício da atividade. Finalidades ou Funções – Tem por finalidade identificar o sujeito de direitos(empresário) fazendo ligação do NOME da empresa(atividade) com o empresário. Revela ao público o tipo societário optado pelo sócio e se a responsabilidade é limitada ou não, além do objeto da empresa. EX.: Indústria, comércio, etc. Finalidade SUBJETIVA – Individualizar e identificar o sujeito de direitos que exerce atividade empresarial. Finalidade OBJETIVA – Garantir ao empresário um renome no mercado, a reputação, o crédito, fama, etc. OBS.: É um direito personalíssimo. Tão importante que o STF já decidiu que, na ocorrência de alteração do nome, deverá ser outorgada na procuração aos mandatários da sociedade. *Ocorre pela inscrição do empresário individual ou pelo arquivamento do contrato social(sociedade empresária) nos registros competentes. Ocorre também na forma do Art.5°, XXIX, CF; pelo Art.1.168, CC/02; pela lei 8.934/95 e pelo Decreto 1.800/96. *CUIDADO: Não confundir o NOME empresarial com alguns outros importantes elementos de identificação do empresário, tais como. MARCA, NOME DE FANTASIA, NOME DE DOMÍNIO e os chamados SINAIS DE PROPAGANDA. a) MARCA – É um sinal distintivo que identifica os produtos ou serviços do empresário(Art.122 da lei 9.279/96). A sua regulamentação é restrita ao âmbito do Direito de propriedade industrial. b) NOME DE FANTASIA(TITULO DE ESTABELECIMENTO OU TITULO DE INSIGNIA) – É a expressão “informal” que identifica o titulo do estabelecimento. A grosso modo se equipara ao apelido da pessoa natural(NOME CIVIL). Em contratos e documentos públicos, é obrigatório que o empresário se identifique pelo NOME EMPRESARIAL, sendo vedado usar o NOME DE FANTASIA, que é a forma mais chamativa de identificação do empresário perante seus consumidores. Pode usar o NOME DE FANTASIA, por exemplo em panfletos, uniforme de funcionários, placas, faixadas, etc. IMPORTANTE: O ordenamento jurídico empresarial não reserva proteção normativa específica ao NOME DE FANTASIA ou TITULO DE ESTABELECIMENTO. No ordenamento CIVIL a proteção é feita com base na regra geral que viola a prática de atos ilícitos(Art.168 CC/02) No âmbito penal a proteção geral se da pela Lei de Propriedade Industrial(Art.191, 194 e 195, V). c) NOME DE DOMÍNIO – É o endereço eletrônico dos sites dos empresários na internet. (Enunciado n°7 da 1ª Jornada de Direito Comercial do CJF): “O NOME DE DOMÍNIO integra o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para todos os fins de direito”. STJ: Já decidiu que o simples fato de um empresário ou sociedade empresária ter registrado um NOME EMPRESARIAL que contenha uma determinada expressão não significa que ele tenha automaticamente o direito exclusivo de usar essa expressão como NOME DE DOMÍNIO na internet é regido pelo princípio “FIRST COME, FIRST SERVED”. Segundo o qual é concedido o domínio ao 1° requerente que satisfizer as exigências registrais no órgão competente que no Brasil é (registro.br). Exceção: Quando houver comprovado MÁ FÉ daquele que registrou o DOMÍNIO depois do registro do NOME EMPRESARIAL. d) SINAIS ou EXPRESSÕES DE PROPAGANDA – São aqueles que, embora não se destinam a identificar especifica e expressamente produtos ou serviços do empresário, exercem uma importante função de mercado que é: Atrair e chamar atenção dos consumidores. EX.: Bordões, frases, sons, legendas, anúncio, palavra ou combinação de palavras, gravura, desenho ou outro sinal que seja ORIGINAL e CARACTERÍSTICO de determinado produto ou serviço. OBS.: Muitas das vezes os slogans se tornam tão fortes quanto as marcas identificadas dos produtos e serviços a que se referem. Esse processo decorre da alta distintividade do slogan acompanhada de uma maciça veiculação em diferentes mídias. P2 – 08/05/18 Espécies de Nome Empresarial O Nome Empresarial é gênero do qual são duas espécies: Firma e Denominação; a) Firma – Pode ser individual ou social, é espécie de nome empresarial, formada por um nome civil do próprio empresário, no caso de firma individual, do titular, no caso de EIRELI ou de um ou mais sócios no caso de firma social. É mais utilizada no caso do Empresário Individual(firma individual) o Art.1.156 determina que na firma do empresário individual deverá constar, obrigatoriamente, seu nome de Pessoa Natural, completo ou abreviado, podendo ou não ser acrescido para uma designação mais precisa de sua pessoa ou ainda do ramo de atividade exercida. Individual(Empresário individual/EIRELI) Firma - Social(Sociedade empresária) *A mesma regra deve ser usada por Sociedade Empresária da qual sejam sócios, pessoas com responsabilidade ILIMITADA, devendo constar o NOME CIVIL de, pelo menos, um dos sócios. O Art.1.158 permite que a Sociedade empresarial LIMITADA utilize firma ou denominação, desde que acompanhada pela palavra “LIMITADA” ou pela abreviação “LTDA”. OBS.: O núcleo da Firma será sempre um NOME CIVIL. b) Denominação – Pode ser usada por certas Sociedades ou pela EIRELI. O empresário individual somente opera sobre Firma. A Denominação pode ser formada por qualquer expressão linguística(o que alguns autores chamam de ELEMENTO FANTASIA) E a indicação do objeto social(ramo de atividade) que é obrigatória. Vide Art.1.158, §2º, 1.160 1.161, CC/02. Significa que a designação deve ser formada pelo objeto social da SociedadeEmpresária. *O objeto social deve obrigatoriamente fazer parte da denominação. Pode ser formada pelo nome de um ou mais sócios ou pode ter um elemento ou expressão de fantasia. EX.: Formada pela sigla composta pelas letras iniciais dos nomes dos sócios. OBS.: Grande parte da doutrina diz que a firma é privativa de empresários individuais e sociedade de pessoas, enquanto a denominação é privativa de sociedade de capital. A EIRELI, pode usar tanto firma quanto denominação. *Princípios que norteiam a formação do NOME EMPRESARIAL.(Art.34, Lei 8.934/94); a) Princípio da Veracidade – O nome empresarial não poderá conter nenhuma informação falsa. É imprescindível que o nome empresarial só forneça dados verdadeiros à aquele que negocia com o empresário, sendo a expressão que indicará o empresário em suas relações jurídicas. Em alguns casos pode ser que, seja obrigatória a alteração do NOME EMPRESARIAL. EX.: Quando se provar posteriormente ao registro, a consistência do nome registrado com outo já constante nos assentamentos da junta comercial. EX.: Quando ocorrer a morte ou saída do sócio cujo o nome conste da firma na sociedade e, nesse caso se mantêm a responsabilidade ilimitada do sócio retirante ou do espólio do sócio falecido enquanto não for alterado o NOME EMPRESARIAL. EX.: Quando houver transformação, incorporação, fusão, cisão da sociedade, etc. P2 – 14/05/18 Ponto e Fundo de comércio Também é chamado de ponto empresarial. É um dos mais importantes elementos do estabelecimento. Trata-se da localização física(ou virtual) do estabelecimento, que é valorizado pelo deslocamento efetuado pelos elementos desde a saída de um local até a chegada no ponto para realizarem suas compras. É diferente da propriedade. OBS.: Quando o proprietário aluga um imóvel para um empresário, o imóvel é do proprietário mas o ponto é do empresário. O ponto pode ser físico ou virtual, sendo o virtual correspondente ao site por onde os clientes encontram o empresário. O ponto agrega valor ao imóvel e, por isso o ponto possui valor econômico próprio. Em razão do desenvolvimento da atividade empresarial e, pelo discurso do tempo o valor do ponto é chamado de fundo de comércio(ou fundo empresarial). É um valor decorrente da atuação e trabalho do empresário. Fundo de Comércio – Significa o resultado da atividade do empresário, que com o decorrer do tempo agrega valor econômico ao local onde está estabelecido. Por isso, o ponto confere valor próprio ao local(diferente do imóvel) que, claramente pertence ao patrimônio do empresário. Proteção ao ponto de comércio(locação empresarial) – O ordenamento jurídico brasileiro confere proteção especial ao ponto, principalmente nos casos de locação não residencial. Direito de Inerência ao ponto – Quando o empresário se estabelece em um ponto alugado e permanece naquele local um determinado tempo, ele faz investimento para ganhar o respeito dos consumidores, para ser reconhecido, e para adquirir uma clientela fiel. Esse esforço lhe confere o chamado direito de inerência ao ponto, ou seja, a prerrogativa de permanecer no mesmo local contra a vontade do locador mesmo que esse não pretenda renovar o contrato. Ocorre judicialmente, a renovação compulsória do contrato de locação. Ação renovatória(lei 8.245/91 ou lei das locações) – É cabível quando não houver acordo para a renovação do contrato de locação; ou quando houver abuso por parte do locador referente ao estabelecimento de preço para renovação do aluguel. Requisitos – É possível a renovação compulsória da locação por um prazo igual ao estabelecido no contrato anterior, desde que: a) Formal – O contrato tenha sido estipulado por escrito e por prazo determinado; b) Temporal – O prazo máximo de locação tenha sido de 5 anos ininterruptos; c) Material – O empresário esteja explorando o mesmo ramo de atividades há pelo menos 3 anos ininterruptos. P2 – 15/05/18 Prazo da ação renovatória – Deve-se ajuizada nos 6 primeiros meses do último ano do contrato de aluguel. Ou seja, no penúltimo semestre de vigência do contrato. EX.: Em um contrato de 5 anos que é composto por 10 semestres a ação deve ser ajuizada durante os meses compreendidos dentro do novo semestre. OBS.: O prazo mínimo de 5 anos pode ser decorrente da soma de 2 ou mais contratos com prazo menor, mesmo que tenha havido a mudança de inquilino, desde que tenha continuado a explorar o mesmo ramo de atividade nos últimos 3 anos consecutivos. EX.: Joaquim era empresário no ramo de padarias com um contrato de 2 anos. Joaquim passou o ponto para Manoel que continuou a explorar o mesmo ramo por mias 3 anos. O tempo de Joaquim será aproveitado em favor de Manoel. Sumula 482, STF - O locatário, que não fôr sucessor ou cessionário do que o precedeu na locação, não pode somar os prazos concedidos a este, para pedir a renovação do contrato, nos termos do Decreto n° 24.150. OBS.: O Art.13 da Lei 8.245/91, dispõe que a cessão, sublocação e o empréstimo do imóvel(total ou parcial) dependem do consentimento prévio e escrito do locador, o que em tese, também se aplica à locação mercantil. Exceções a possibilidade de ação renovatória – O direito de inerência não pode aniquilar totalmente o direito de propriedade do locador. Assim, o locatário não terá direito a renovação compulsória nas seguintes hipóteses. 1ª – É a do locatário fazer uma proposta insuficiente para a renovação do contrato de aluguel. Essa insuficiência é apurada em função do valor real da locação do imóvel, consideradas as bem feitorias; 2ª – O locador possuir proposta de alugue feita por terceiros em melhores condições que a proposta do locatário. Nesse caso o locador deverá reunir provas por escrito da proposta do terceiro assinada por este e por duas testemunhas com a identidade clara do ramo a ser explorado, que não poderá ser o mesmo do atual locatário. Em réplica o atual locatário poderá aceitar tais condições para obter a renovação pretendida; 3ª – Quando o locador precisar fazer uma reforma substancial no imóvel locado seja por determinação do Poder Público ou para fazer modificações que aumentem o valor do negócio ou da propriedade. É indispensável a prova da reforma necessária; 4ª – É a de o locador necessitar do imóvel para uso próprio; 5ª – O locador precisar do imóvel para transferência de estabelecimento empresarial existente a mais de 1 ano, cujo a maioria do capital seja de sua titularidade, de seu cônjuge, de ascendente ou descendente. OBS.: O locador tem o prazo de 3 meses(salvo caso fortuito ou força maior) a partir da entrega do imóvel para dar a distinção que declarou pretender fazer sob pena de indenização do locatário pelos prejuízos e lucros cessantes que tiver que arcar com a mudança, perda do lugar e desvalorização do estabelecimento. Efeitos da ação renovatória – Uma vez renovado compulsoriamente o contrato por sentença judicial, existe a possibilidade de o locatário pleitear outras vezes a renovação do contrato ou ação renovatória novamente, desde que cumpridos os requisitos. O STF já decidiu que a renovação deve ser feita pelo mesmo prazo do último contrato e que o prazo máximo de renovação é de 5 anos. P2 – 21/05/18 Shopping Center – Com o avanço do atual estágio de desenvolvimento da econômica, é comum a proliferação de Shoppings Centers com a finalidade específica de reunir em um único local, diversos empreendimentos. A doutrina diverge sobre a natureza jurídica do contrato de Shopping Center, dados as suas características peculiares. Alguns autores entendem que se trata de contrato de locação sui generis. Quem entende dessa forma alega que, apesar de suas características próprias, mantêm a origem locatícia. O entendimento majoritário, todavia, entende que se trata de um contrato atípico misto. A natureza de contrato atípico misto, foi identificado peloSTF, que afirma: Os contratos de locação de espaços em Shoppings Centers são contratos atípicos, que ensejam a locação de bens e serviços. É falsamente chamado de contrato de locação, cujo traço marcante é a forma de remuneração, o chamado aluguel percentual, pois o lojista entrega parte do seu valor de faturamento. Além dessa característica, o que lhe dá a natureza atípica é o propósito principal (relação associativa entre empreendedor e lojista). O que impõe um planejamento estratégico que mistura produtos e serviços buscando rentabilidade pela venda de mercadorias da qual ambos participam. Enunciado 30 da 1ª Jornada de Direito Comercial da CJF: Nos contratos de shopping center, a cláusula de fiscalização das contas do lojista é justificada desde que as medidas fiscalizatórias não causem embaraços à atividade do lojista. Estas cláusulas são comuns quando o aluguel é contratado em forma de percentual de faturamento do lojista. Ação renovatória – Na ação renovatória de Shopping Center são cabíveis as mesmas hipóteses da renovatória de locação não residencial, com exceção da retomada do imóvel para uso próprio; e, para transferência de estabelecimento empresarial existente a mais de 1 ano cujo a maioria do capital seja de titularidade do locador, do seu cônjuge, ascendente ou descendente. Cláusulas de Raio: São Cláusulas que estabelecem um raio de distância mínima para fixação de lojas que explorem atividade empresária no mesmo ramo. Sob o enfoque do Direito Privado os tribunais entendem que são válidos. Porém, o CADE ao analisar o tema sob a ótica do Direito Concorrencial, entendeu que em determinados casos a cláusula de raio pode violar o princípio de livre concorrência, e, caracterizar prática anticompetitiva.
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