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Universidade Federal de São João Del Rei Campus Alto Paraopeba Resumo Bruno de Souza Gonçalves - 104500029 Jéssica Moreira- 104500016 Nara Luiza Nunes e Nascimento - 104500045 Professora: Patrícia da Luz Mesquita Ouro Branco Outubro de 2014 CAVALCANTI, José Eduardo W. de A. Manual de tratamento de efluentes industriais. São Paulo: Engenho, 2009. 453 p. Tratamento por coagulação, precipitação química e floculação Os processos de tratamentos físico-químicos de clarificação tem por finalidade aglutinar partículas em suspensão contidas em águas residuárias com a adição de coagulantes ou floculantes, para reduzi sólidos em suspensão e coloidais, carga orgânica e de alguns tipos de poluentes prioritários da fase líquida para a fase sólida formada. São necessárias quatro fases: neutralização, coagulação, floculação e sedimentação ou flotação. A neutralização consiste na eliminação das cargas eletrostáticas superficiais responsáveis pela repulsão entre as partículas. A coagulação e a processo de aglomeração de partículas em suspensão pela adição de um coagulante adequado, que fornece carga iônica oposta a das partículas. Por fim, a floculação, que é a formação de flocos. Os coagulantes ou floculantes utilizados nos processos são compostos por cátions polivalentes (A1 3+ , Fe 3+ , Fe 2+ , Ca 2+ , etc). Devido às complexas reações que ocorrem é essencial estabelecer um pH ótimo de floculação, bem como determinar a dosagem de coagulante. O tratamento físico-químico pode ser utilizado como tratamento de efluentes industriais, objetivando: A clarificação de despejos contendo sólidos em suspensão ou material coloidal, como óleo solúvel ou emulsificado. O desbaste parcial de carga orgânica (DBO) antes de um tratamento biológico. A eliminação de poluentes recalcitrantes. A remoção de metais pesados como cianeto, arsênico, fluoretos, boro, fósforo etc. O polimento de efluente de tratamento biológico com relação a sólidos em suspensão e turbidez visando tratamentos avançados como (filtração simples, micro ou ultrafiltração e osmose reversa. A suspensão formada no processo de coagulação/floculação poderá ter tendência a decantar ou a flotar, ou mesmo a incorrer em ambas as situações ao mesmo tempo. Assim, podendo definir as unidades de separação de fases no processo de tratamento. Tratamento por Membranas Esse capítulo aborda os processos de separação envolvendo membranas de micro, ultra e nanofiltração, além da osmose reversa, onde a microfiltração faz uso de membranas porosas com diâmetro de poro entre 0,1 a 0,3 µm; na ultrafiltração esse diâmetro varia de 0,025 a 0,1 µm; na nanofiltração ele é da ordem de 0,001 µm; já a osmose reversa esses poros possuem um diâmetro menor do que 0,001 µm. As membranas podem ser classificadas em função do material polimérico utilizado e podem ter configurações variadas (enroladas em espiral, fibras ocas, tubulares e placas planas). Para se projetar um sistema de separação por membrana, devemos levar em consideração as características do fluido de alimentação, a vazão do permeado produzido, os padrões de qualidade desejados, a taxa de recuperação da água, o material das membranas, o tipo de associação e o arranjo das membranas, as características dos poros e a taxa de fluxo. Além disso, são necessários outros elementos para operacionalizar o sistema: bomba para pressurizar o conduto de alimentação; válvula instalada no conduto do concentrado para regular a pressão da alimentação; conduto de coleta do permeado; dispositivos para a remoção do material retido na superfície da membrana; e algumas substâncias químicas utilizadas para garantir a durabilidade da membrana. A diminuição do fluxo de fluido através da membrana ocorre devido a três fatores: formação de torta na superfície da membrana; géis ou camadas de precipitado; e formação de limo ou biofilmes na superfície da membrana. Dessa forma, para preservar a eficiência da membrana, são realizadas limpezas periódicas através de métodos químicos. Na microfiltração a água passa através das paredes das fibras, enquanto os particulados do fluxo de alimentação são retidos na parte externa. Esse processo pode ser adotado como pré- tratamento e remove principalmente colóides, podendo separar também alguns microorganismos e os flocos formados através da coagulação e da floculação. Nesse tipo de sistema são necessários um baixo consumo de energia, e uma baixa pressão como força motriz. A ultrafiltração pode remover, por exemplo, colóides, sólidos em suspensão, óleos e graxas, silicatos e proteínas, microorganismos e macromoléculas. Nesse processo, ocorre o transporte de uma solução através dos poros de uma membrana semipermeável sob baixa pressão e com uma pressão osmótica desprezível. Esse tipo de sistema pode ser realizado isoladamente ou associado a outros processos de tratamento, além de poder ser usado como um pré-tratamento quando o sistema agrega um processo de osmose reversa. Em alguns casos de ultrafiltração, o processo ocorre de dentro para fora da membrana. Os tipos de membranas de ultrafiltração utilizados devem ser robustos para garantir uma vida operacional longa, resistindo à contrapressão nas operações de limpeza. A nanofiltração pode ser considerada como uma ultrafiltração mais restritiva ou como uma osmose reversa menos rígida e é classificada como um processo de retenção de moléculas, tais como as matérias orgânicas naturais e de poluentes emergentes; e íons tri e bivalentes com mais do que uma carga negativa. A utilização da nanofiltração exige pré-tratamento a fim de proteger as membranas e também potencializar as possibilidades de separação propiciadas pelo processo, são eles: a filtração convencional; a microfiltração; e a ultrafiltração. Além disso, a nanofiltração pode ser usada como um pré-tratamento para a osmose reversa, eletrodiálise reversa, troca iônica ou para fracionar substâncias. Na osmose reversa o objetivo é a obtenção de um fluido isento (ou quase) de sais. Para isso é necessário que se imprima uma pressão (superior à pressão osmótica) sobre a solução mais concentrada, forçando-a a atravessar a membrana em direção à solução menos concentrada. Esse tipo de processo pode ser usado para remover substâncias orgânicas e inorgânicas dissolvidas em águas residuárias industriais; Remoção de salinidade para permitir tratamentos biológicos; Remoção de compostos orgânicos dissolvidos tóxicos; obtenção de água para reuso; Remoção do íon amônia após sua conversão em amoníaco; Remoção de microorganismos; Remoção de metais pesados (Zn, Ni, Cu); remoção de arsênio e fluoreto; Adequação para reuso em geração de vapor; Adequação para reuso em sistema de refrigeração: e Produção de água. O dimensionamento dos sistemas de osmose reversa leva em conta as características físico-químicas do afluente, particularmente o teor de sólidos dissolvidos totais. A taxa de fluxo, GFD (taxa de fluxo) é função da característica do afluente ao sistema e de seu SDI (Silt Density Index). Tratamento por Adsorção e Troca Iônica No processo de adsorção ocorre a separação das substâncias orgânicas e inorgânicas que estão em solução sobre uma interface entre um liquido e um sólido. Esse processo pode ser químico, quando a ligação química entre o adsorvente e o adsorvido é forte, ou físico, quando essa ligação for fraca e a reação puder ser revertida e pode ser realizada por meio de carvão ativo ou por argilas organolíficas. O mecanismo de separação da adsorção se deve a uma rápida formaçãode uma concentração interfacial de equilíbrio, seguida de uma lenta difusão das moléculas de soluto dentro dos poros das partículas de carvão ativado. Diversos fatores interferem nesse mecanismo, tais como a taxa de transferência de massa, o tempo de contato, a natureza do adsorvente e da substância a ser adsorvida, a natureza da solução, a concentração do material a ser adsorvido, a área da superfície do poro, a presença de filme biológico na superfície do grão de carvão ativado, entre outros. A adsorção em carvão ativado pode ocorrer devido à baixa ou alta solubilidade de um soluto no despejo e o processo se dá em três etapas: transferência de adsorvido através o filme biológico que se forma em torno do adsorvente; difusão através dos poros do adsorvente; e formação de ligações químicas entre o material orgânico dissolvido e o carvão. O carvão ativado é obtido a partir do seguinte processo: aquecem-se os materiais de origem vegetal (amêndoas, coco, etc.) de forma a eliminar os hidrocarbonetos e, posteriormente, expõe-se a partícula a um gás oxidante em alta temperatura, produzindo uma estrutura porosa no carvão criando, consequentemente, uma grande área superficial interna. Existem dois tipos de carvão ativado: o granular, usado normalmente em colunas de leito fixo, e o em pó, que é adicionado ao efluente por um tempo e depois sofre decantação. Outra forma de se usar o carvão em pó é em conjunto com o processo de lodos ativados, obtendo como vantagem a manutenção da estabilidade do sistema durante choque de cargas; a redução das concentrações de "poluentes prioritários" presentes; a remoção de amônia e cor; e a melhoria na estabilidade do lodo. Para que seja possível usar o carvão é necessário que o mesmo possa ser regenerado quando atingida a sua capacidade de adsorção. O carvão do tipo granular pode ser regenerado mediante tratamento térmico, já o em pó, não possui metodologia definida. A adsorção por carvão ativado pode ser usada para a remoção de contaminantes de natureza orgânica que são difíceis de remover em sistemas biológicos convencionais de tratamento, além da remoção de compostos orgânicos refratários como trihalometanos, bem como compostos inorgânicos (nitrogênio, sulfeto e metais pesados). O carvão ativo composto de óxido e hidróxido de ferro reagidos quimicamente com o carvão mineral atua como um meio filtrante na remoção, por adsorção reversível, de cátions metálicos e ânions solúveis em água. Já o carvão biologicamente ativado é usado no tratamento de compostos orgânicos e inorgânicos sintéticos e, no seu processo de tratamento, ocorrem simultaneamente adsorção e a degradação biológica do meio. A capacidade adsortiva de um carvão pode ser medida determinando-se a isoterma de adsorção com o despejo sob teste. O número de iodo é um dos testes mais simples para se determinar a capacidade de adsorção, uma vez que o número de iodo pode ser correlacionado com a capacidade de adsorver substancias de baixo peso molecular. Já a troca iônica é um processo unitário, que pode ser operada em regime estático ou contínuo, onde íons de uma carga presentes em uma solução são adsorvidos em um material sólido, sendo substituídos em quantidades equivalentes, por outros íons de mesma carga, liberados pelo material sólido. Esse tipo de tratamento envolve processos químicos divididos em três categorias: substituição (ocorre a troca de um íon por outro); separação ou seletividade iônica (a solução com íons passa por uma resina de troca iônica onde os íons serão separados de acordo com a ordem de preferencia da resina); e remoção (combinação de uma resina catiônica com outra aniônica promovendo a total remoção e substituição dos íons dissolvidos, formando moléculas de água, resultando em uma solução desmineralizada). Sua aplicação mais frequente é em casos onde os íons sódio de uma resina catiônica substituem íons de cálcio e magnésio na água a ser tratada, reduzindo a dureza da mesma, além disso, ela pode remover metais presentes em efluentes de galvanoplastia e indústrias de circuitos impressos ou para o controle de nitrogênio, por meio da utilização de zeólitos. Ao se usar resinas de troca iônica, é necessário um pré-tratamento do efluente, através da filtração, objetivando a remoção de sólidos em suspensão e matéria orgânica, de modo a minimizar problemas de colmatação dos poros das resinas. Os principais componentes de um sistema de desrnineralizacão são o filtro de areia (remove sólidos em suspensão e turbidez); o filtro de carvão ativo (elimina cloro livre); as colunas catiônicas (são ácidas e tem por finalidade a remoção dos cátions presentes) e as colunas aniônicas (são básicas e tem por finalidade a remoção dos ânions presentes). É importante ressaltas que ambas as colunas de resina consistem em uma matriz polimérica com grupos funcionais fixados que interagem com os íons. O ciclo de troca iônica é dividido em quatro estágios básicos: exaustão (quando a quantidade de íons retida alcança a capacidade de operação); retrolavagem (passagem de uma corrente de água ascendente na resina para remoção das partículas depositadas no leito); regeneração (uma solução regenerante percorre lentamente a resina); e lavagem (deslocamento do regenerante até que haja condições para o reinício da operação). Com relação aos tratamentos eletroquímicos, a eletrodiálise é um processo de separação eletroquímica em que íons são transferidos através de membranas de troca iônica, a partir de uma força elétrica propulsora. O processo de eletrodiálise reversa faz uso de polaridade elétrica reversa para controlar deposições e incrustações e ocorre, então, uma reversão do campo elétrico e uma limpeza automática das membranas. Nesse processo, as espécies carregadas são forçadas a atravessar as membranas e as partículas carregadas não são removidas, de forma que as mesmas não se concentram na superfície das membranas, que são feitas de chapa plástica, impermeáveis e reforçadas com fibra sintética; possuem baixa resistência elétrica, alta seletividade, etc. Umas das vantagens dessas membranas é que elas são resistentes a variações no pH e não são suscetíveis a degradação por cloro. A eletrodeionização é outro processo eletrolítico destinado a remover espécies ionizadas e ionizáveis através do uso de correntes – continua e é usado para a produção de água ultra-pura e para o polimento de permeado de osmose reversa. Esse tipo de processo usa eletricidade em lugar de produtos químicos para a regeneração de resinas. Outros processos eletrolíticos são usados para o tratamento de esgotos, por meio da eletrolização do esgoto, promovendo uma rápida oxidação e a consequente depuração, permitindo o lançamento do efluente no oceano. Tratamento por Processos Químicos Oxidativos O potencial de oxidação indica o grau de transformação química de cada oxidante, isto e a maior ou a menor facilidade com que uma substancia perde elétrons convertendo-se a um estado de oxidação mais elevado. A oxidação completa converte um composto orgânico específico em gás carbônico e água, No entanto, devido aos contaminantes a reação de oxidação quase nunca é completa. E há substâncias orgânicas que tem baixa biodegradabilidade. Por esse motivo, os processos oxidativos têm sido cada vez mais utilizados no tratamento de determinados tipos de despejos industriais porque acarretam a ruptura de estruturas moleculares complexas de vários tipos de compostos orgânicos decompondo-as em estruturas mais simples, propiciando condições melhores para uma efetiva ação de micro-organismos na degradação biológica. Os principais processos oxidativos empregados em tratamento de efluentes utilizam os seguintesoxidantes: Flúor, Oxigênio, Radical hidroxila, Ozônio, Peróxido de Hidrogênio, Permanganato de Potássio, Hipoclorito, Cloro e Dióxido de Cloro. O objetivo de qualquer processo oxidativo avançado é a de gerar e utilizar o radical livre hidroxila, um forte agente oxidante capaz de destruir compostos que não podem ser oxidados par oxidação convencional. As associações possíveis destes oxidantes são as seguintes: Peróxido de hidrogênio / Ultravioleta (UV) / Ferro (Fe 2+ ), Peróxido de hidrogênio / Ferro (Fe 2+ ) - (Reação de Fenton), Ozônio/ Ultravioleta (UV), Ozônio / Peróxido de hidrogênio, Ozônio / Ultravioleta (UV) / Peróxido de hidrogênio, Ozônio / Dióxido de Titânio/ irradiação dirigida de elétrons, Ozônio / irradiação dirigida de elétrons e Peróxido de hidrogênio / Ultravioleta. Outros processos oxidativos avançados são: oxidação por água supercrítica, oxidação por ar úmido, oxidação por Persulfato de Sódio e processo oxidativo patenteado sob o nome de Loprox.
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