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ÉTICA CRISTÃ

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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 2
 
 
 
PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO 
Escola de Teologia do Espírito Santo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉÉÉÉÉÉÉÉttttttttiiiiiiiiccccccccaaaaaaaa CCCCCCCCrrrrrrrriiiiiiiissssssssttttttttãããããããã 
 
Temas modernos à luz das escrituras 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3
 
 
 
© Copyright 2004, Escola de Teologia do ES 
 
A Escola de Teologia do ES é amparada pelo disposto no parecer 
241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior 
O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é 
considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade 
 
■ 
 
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por 
 
ESCOLA DE TEOLOGIA DO ES 
Rua Cabo Ailson Simões, 560 - Centro – Vila Velha- ES 
Edifício Antônio Saliba – Salas 802/803 
CEP 29 100-325 
Telefax (27) 3062-0773 
www.esutes.com.br 
 
■ 
 
PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES 
CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. 
 
Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida 
Corrigida e Fiel(ACF) 
©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. 
 
 
 
 
O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. 
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da 
apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo 
aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. 
 
TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Ética Cristã, Temas modernos à luz das 
escrituras – Espírito Santo: ESUTES, 2004. 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 4
 __________ 
 SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO 
 ____________________________ 
 
 
 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII 
AAAAAAAA ÉÉÉÉÉÉÉÉTTTTTTTTIIIIIIIICCCCCCCCAAAAAAAA EEEEEEEE SSSSSSSSUUUUUUUUAAAAAAAA IIIIIIIIMMMMMMMMPPPPPPPPOOOOOOOORRRRRRRRTTTTTTTTÂÂÂÂÂÂÂÂNNNNNNNNCCCCCCCCIIIIIIIIAAAAAAAA PPPPPPPPAAAAAAAARRRRRRRRAAAAAAAA OOOOOOOO PPPPPPPPOOOOOOOOVVVVVVVVOOOOOOOO DDDDDDDDEEEEEEEE DDDDDDDDEEEEEEEEUUUUUUUUSSSSSSSS 
Introdução.............................................................................................................................................................5 
A Ética Cristã na Sociedade.................................................................................................................................5 
A Ética no Antigo e Novo Testamentos................................................................................................................7 
Alternativas Éticas................................................................................................................................................8 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII 
OOOOOOOO MMMMMMMMOOOOOOOODDDDDDDDOOOOOOOO CCCCCCCCRRRRRRRRIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO DDDDDDDDEEEEEEEE VVVVVVVVIIIIIIIIVVVVVVVVEEEEEEEERRRRRRRR 
Contracultural.....................................................................................................................................................11 
O Relativismo.....................................................................................................................................................13 
Cristianismo e Razão.........................................................................................................................................15 
O cristão e a injustiça.........................................................................................................................................16 
O cristão e a Ética Contemporânea...................................................................................................................18 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII 
QQQQQQQQUUUUUUUUEEEEEEEESSSSSSSSTTTTTTTTÕÕÕÕÕÕÕÕEEEEEEEESSSSSSSS ÉÉÉÉÉÉÉÉTTTTTTTTIIIIIIIICCCCCCCCAAAAAAAASSSSSSSS 
O cristão e a guera.............................................................................................................................................24 
O cristão e a responsabilidade Social................................................................................................................28 
O cristão e o sexo...............................................................................................................................................29 
O cristão,o controle da Natalidade e o Aborto....................................................................................................32 
Uma Ética Cristã da Eutanásia...........................................................................................................................36 
Uma Ética cristã da Pena de Morte....................................................................................................................37 
 
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV 
OOOOOOOO CCCCCCCCRRRRRRRRIIIIIIIISSSSSSSSTTTTTTTTÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO EEEEEEEE OOOOOOOO AAAAAAAAMMMMMMMMBBBBBBBBIIIIIIIIEEEEEEEENNNNNNNNTTTTTTTTEEEEEEEE OOOOOOOONNNNNNNNDDDDDDDDEEEEEEEE VVVVVVVVIIIIIIIIVVVVVVVVEEEEEEEE 
O cristão e a Ecologia........................................................................................................................................40 
A Ecologia e o valor intrínseco das pessoas......................................................................................................41 
A Ecologia e o dever Moral de controlar o Ambiente do homem.......................................................................44 
 
BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA..................................................................................................................................................47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 5
UUNNIIDDAADDEE II 
AA ÉÉTTIICCAA EE SSUUAA IIMMPPOORRTTÃÃNNCCIIAA PPAARRAA OO PPOOVVOO DDEE DDEEUUSS 
 
...............................................................“Nenhum homem pode ser um verdadeiro membro da igreja de Deus se for um estranho à justiça moral”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO 
As decisões que tomamos são invariavelmente influenciadas pelo horizonte do nosso próprio 
mundo individual e social. Ao elegermos uma determinada solução em detrimento de outra, o 
fazemos baseados num padrão, num conjunto de valores do que acreditamos ser certo ou errado. É 
isso que chamamos de ética. A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o 
modo de ser, o caráter. Os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural 
“mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos” (caráter) como 
“mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural, o 
homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas que é “adquirido ou conquistado por 
hábito”. Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é 
construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades 
onde nascem e vivem. Ética é o conjunto de valores ou padrão pelo qual uma pessoa entende o que 
seja certo ou errado e toma decisões. Cada um de nós tem uma ética. Cada um de nós, por mais 
influenciado que seja pelo relativismo e pelo pluralismo de nossos dias, tem um sistema de valores 
interno que consulta (nem sempre, a julgar pela incoerência de nossas decisões...!) no processo de 
fazer escolhas. Nem sempre estamos conscientes dos valores que compõem esse sistema, mas eles 
estão lá, influenciando decisivamente nossas opções. As igrejas evangélicas têm sido afetadas pelas 
tendências da cultura: “teologia da prosperidade” (evangelho da saúde e da riqueza), pragmatismo, 
diluição do senso de pecado. Leia John MacArthur Jr., Sociedade sem pecado (Cultura Cristã, 2002). “A 
igreja aceita o evangelho popular da auto-estima ou reconhece a terrível realidade do pecado 
segundo a Bíblia?” Ainda bem que, na maior parte das vezes, não são esses os desafios éticos 
extremos que enfrentamos. Ainda assim, existem muitas tentações na sociedade moderna para nos 
afastarmos dos valores bíblicos (conflitos entre ética cristã e valores da sociedade). 
 
AA ÉÉTTIICCAA CCRRIISSTTÃÃ NNAA SSOOCCIIEEDDAADDEE 
A gravidade da situação atual em nossa sociedade se resume em atuação do secularismo, 
materialismo, perda dos valores transcendentes e absolutos (pós-modernismo). Características 
como: individualismo egocêntrico, hedonismo, relativismo. Dicotomia entre ética pessoal e coletiva. 
A versão brasileira: “o jeitinho” e suas conseqüências (corrupção, impunidade, etc.). 
 
Dilemas éticos: em situações claras e definidas, muitas vezes as decisões éticas já são difíceis. 
Quanto mais se existem dilemas angustiantes, muitos deles próprios do nosso tempo. 
 
Quando o assunto é conduta ou comportamento humano, precisamos de normas ou princípios que 
orientem o nosso comportamento. Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que 
achava mais certo. (Jz 21.25). Esta era a triste situação de Israel na época dos juízes! Naqueles dias 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 6
não havia rei em Israel. Por não haver rei em Israel, não existia autoridade e leis que orientassem a 
conduta do povo. A conseqüência disto foi à anarquia: Cada um fazia o que achava mais certo. Este 
versículo nos oferece duas verdades importantes: Primeira, todos nós precisamos tomar decisões; 
segunda, todas as nossas decisões são orientadas pela noção daquilo que é certo ou errado. Certo ou 
Errado? O nosso referencial ético é a Bíblia. Ela é o nosso manual de fé e de comportamento. Toda 
pessoa toma as suas decisões a partir daquilo que ele pensa sobre o que é certo ou errado. A ética 
cristã trata dos princípios que regulam o comportamento do cristão. A ética cristã é o conjunto de 
princípios espirituais extraídos exclusivamente da Bíblia, para nortear a conduta do cristão, nos seus 
relacionamentos com Deus e com as pessoas. E. Bruner diz: "Ética cristã é o comportamento humano 
determinado pelo comportamento divino". A ética cristã é o conjunto de valores moral total e 
unicamente baseado nas Escrituras. A ética cristã baseia-se em alguns pressupostos teológicos: A 
Existência de Deus, a Depravação do Homem e a Bíblia Sagrada como manual de orientação do 
cristão. 
 
A existência de Deus é à base da fé e da conduta cristã 
Dostoievski, poeta russo, afirmou que se Deus não existe, tudo é permitido. Deus, porém, existe, 
logo nem tudo é permitido. A vida possui um sentido ético e moral. Tudo que o homem semear, ele 
também colherá. Os atos humanos são e serão julgados por Deus. Assim, pois, cada um de nós dará 
contas de si mesmo a Deus (Rm 14.12). Cuidado com o que você anda dizendo e fazendo! Deus não 
é de confusão, e sim de paz. Ele exige que tudo seja feito com decência e ordem. (I Co 14.33, 40). Ele 
estabelece limites! 
 
A Depravação do Homem 
A depravação humana requer a existência de normas de conduta. O homem é inclinado a praticar o 
mal.Jesus Cristo nos ensina em Marcos 7, sobre a origem da maldade humana: Não compreendeis 
que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar, porque não lhe entra no coração, 
mas no ventre, e sai para lugar escuso? E, assim, considerou ele puros todos os alimentos. E dizia: o 
que sai do homem, isso é o que contamina. Porque de dentro, do coração dos homens, é que 
procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as 
malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Ora, todos estes males vêm de 
dentro e contaminam o homem (18-23). Primeiro, a corrupção humana é universal. No texto Jesus 
não descreve um determinado grupo social, mas ele fala do homem como uma espécie universal. A 
corrupção está presente onde houver um ser humano. (Rm 5.12). Segundo, a corrupção tem a sua 
origem no coração humano. Jesus é categórico: Porque de dentro, do coração dos homens, é que 
procedem os maus desígnios... Não é o poder, nem é uma educação falha, ou um ambiente ruim que 
perverte o homem, mas o seu coração corrompido. O meio pode influenciar, mas não é a causa 
determinante. (Jr 17.9). O comportamento humano só pode ser mudado a partir de uma mudança 
interior. A conversão é o primeiro passo para a genuína mudança de comportamento. Ninguém 
muda de fora para dentro. Chamo a sua atenção para a oração de Davi: Cria em mim, ó Deus, um 
coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável. (Sl 51.10). Um coração puro é a maior 
necessidade do ser humano. Somente através de um transplante espiritual poderemos vencer a 
corrupção. E somente Deus pode realizar esta operação. Ele promete: Então, aspergirei água pura 
sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos 
purificarei. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de 
pedra e vos darei um coração de carne. (Ez 36.25-26). 
 
A Bíblia Sagrada é o manual de orientação do cristão 
O cristianismo parte do principio de que existe uma fonte de verdade fora de nós. A Bíblia é 
especificamente esta verdade. Declarou Jesus: A tua palavra é a verdade. (Jo 17.17). A Palavra de 
Deus é a verdade objetiva, eterna, absoluta e universal. Ela é autoridade suprema em matéria de fé e 
de comportamento. Encontramos na Bíblia toda a orientação que precisamos para todos os assuntos 
importantes da nossa vida. Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos 
(Sl 119.105). É na Bíblia que encontramos o padrão moral revelado por Deus. Augustus Nicodemus 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 7
faz uma alerta: "Entretanto, mais do que simplesmente um livro de regras morais, as Escrituras são 
para os cristãosa revelação do que Deus fez para que o homem pudesse vir a conhecê-lo, amá-lo e 
alegremente obedecê-lo. A mensagem das Escrituras é fundamentalmente de reconciliação com 
Deus mediante Jesus Cristo. A ética cristã fundamenta-se na obra realizada de Cristo e é uma 
expressão de gratidão, muito mais do que um esforço para merecer as benesses divinas". 
 
AA ÉÉTTIICCAA NNOO AANNTTIIGGOO EE NNOOVVOO TTEESSTTAAMMEENNTTOOSS 
O caráter Ético de Deus 
A religião dos judeus tem sido descrita como “monoteísmo ético”. O Antigo Testamento fala da 
existência de um único DEUS, o criador e Senhor de todas as coisas. Esse DEUS é pessoal e tem um 
caráter positivo, não negativo ou neutro. Esse caráter se revela em seus atributos morais. DEUS é 
Santo (Lv 11, 45; Sl 99, 9), justo (Sl 11, 7; 145, 17), verdadeiro (Sl 119, 160; Is 45, 19), misericordioso (Sl 
103, 8; Is 55, 7), fiel (Dt 7, 9; Sl 33, 4). 
 
A Lei de Deus 
A lei expressa o desejo que DEUS tem de que as suas criaturas vivam vidas de integridade. Há três 
tipos de leis no Antigo Testamento: cerimoniais, civis e morais. Todas visavam disciplinar o 
relacionamento das pessoas com DEUS e com o seu próximo. A lei inculca valores como a 
solidariedade, o altruísmo, a humildade, a veracidade, sempre visando o bem-estar do indivíduo, da 
família e da coletividade. 
 
Os Dez Mandamentos 
 A grande síntese da moralidade bíblica está expressa nos Dez Mandamentos (Ex 20, 1-17; Dt 5, 6-
21). As chamadas “duas tábuas da lei” mostram os deveres das pessoas para com DEUS e para com 
o seu próximo. O Reformador João Calvino falava nos três usos da Lei: judicial, civil e santificador. 
Todas as confissões de fé reformadas dão grande destaque à exposição dos Dez Mandamentos. 
 
A contribuição dos profetas 
Alguns dos preceitos éticos mais nobres do Antigo Testamento são encontrados nos livros dos 
Profetas, especialmente Isaías, Oséias, Amós e Miquéias. Sua ênfase está não só na ética individual, 
mas social. Eles mostram a incoerência de cultuar a DEUS e oferecer-lhe sacrifícios, sem todavia ter 
um relacionamento de integridade com o semelhante. Ver Isaías 1, 10-17; 5, 7 e 20; 10 1-2; 33, 15; 
Oséias 4, 1-2; 6, 6; 10, 12; Amós 5, 12-15, 21-24; Miquéias 6, 6-8. 
 
A Ética do Novo Testamento 
A ética do Novo Testamento não contrasta com a do Antigo, mas nele se fundamenta. Jesus e os 
Apóstolos desenvolvem e aprofundam princípios e temas que já estavam presentes nas Escrituras 
Hebraicas, dando também algumas ênfases novas. 
 
A Ética de Jesus 
A ética de Jesus está contida nos seus ensinos e é ilustrada pela sua vida. O tema central da 
mensagem de Jesus é o conceito do “reino de DEUS”. Esse reino expressa uma nova realidade em 
que a vontade de DEUS é reconhecida e aceita em todas as áreas. Jesus não apenas ensinou os 
valores do reino, mas os exemplificou com a vida e o seu exemplo. 
 
O Sermão da Montanha 
Uma das melhores sínteses da ética de Jesus está contida no Sermão da Montanha (Mateus Caps. 5 a 
7). Os seus discípulos (os Filhos do Reino) devem caracterizar-se pela humildade, mansidão, 
misericórdia, integridade, busca da justiça e da paz, pelo perdão, pela veracidade, pela generosidade 
e acima de tudo pelo amor. A moralidade deve ser tanto externa como interna (sentimentos, 
intenções): Mt 5, 28. A fonte do mal está no coração: Mc 7, 21-23. 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 8
A vontade de DEUS 
Jesus acentua que a vontade ou o propósito de DEUS é o valor supremo. Vemos isso, por exemplo, 
em Mt 19, 3-6. O maior pecado do ser humano é o amor próprio, o egocentrismo (Lc 12, 13-21; 17, 
33). Daí a ênfase nos dois grandes mandamentos que sintetizam toda a lei: Mt 22, 37-40. Outro 
princípio importante é a famosa “regra de ouro”: Mt 7, 12. 
 
A ética de Paulo 
Paulo baseia toda a sua ética na realidade da redenção em Cristo. Sua expressão característica é “em 
Cristo” (II Co 5, 17; Gl 2, 20; 3, 28; Fp 4, 1). Somente por estar em Cristo e viver em Cristo, 
profundamente unido a Ele pela fé, o cristão pode agora viver uma nova vida, dinamizado pelo 
Espírito de Cristo. Todavia, o cristão não alcançou ainda a plenitude, que virá com a consumação de 
todas as coisas. Ele vive entre dois tempos: o “já” e o “ainda não”. Tipicamente em suas cartas, 
depois de expor a obra redentora de DEUS por meio de Cristo, Paulo apresenta uma série de 
implicações dessa redenção para a vida diária do crente em todos os aspectos (Rm 12, 1-2; Ef 4, 1). 
Entre os motivos que devem impulsionar as pessoas em sua conduta está a imitação de Cristo (Rm 
15, 5; Gl 2, 20; Ef 5, 1-2; Fp 2, 5). Outro motivo fundamental é o amor (Rm 12, 9-10; I Co 13, 1-13; 16, 
14; Gl 5, 6). O viver ético é sempre o fruto do Espírito (Gl 5, 22-23). 
Na sua argumentação ética, Paulo dá ênfase ao bem-estar da comunidade, o corpo de Cristo (Rm 12, 
5; I Co 10, 17; 12, 13 e 27; Ef 4, 25; Gl 3, 28). Ao mesmo tempo, ele valoriza o indivíduo, o irmão por 
quem Cristo morreu (Rm 14, 15; I Co 8, 11; I Ts 4, 6; Fm 16). 
Acima de tudo, o crente deve viver para DEUS, de modo digno dEle, para o seu inteiro agrado: Rm 
14, 8; II Co 5, 15; Fp 1, 27; Cl 1, 10; I Ts 2, 12; Tt 2, 12. 
 
AALLTTEERRNNAATTIIVVAASS ÉÉTTIICCAASS 
Os estudiosos do assunto geralmente agrupam as alternativas éticas de acordo com o seu princípio 
orientador fundamental. As principais são: humanística, natural e religiosa. 
 
Éticas Humanísticas 
As chamadas éticas humanísticas são aquelas que tomam o ser humano como a medida de todas as 
coisas, seguindo o conhecido axioma do antigo pensador sofista Protágoras (485-410 AC). Ou seja, 
são aquelas éticas que favorecem escolhas e decisões voltadas para o homem como seu valor maior. 
 
Hedonismo 
Uma forma de ética humanística é o hedonismo. Esse sistema ensina que o certo é aquilo que é 
agradável. A palavra "hedonismo" vem do grego |hdonh, "prazer". Como movimento filosófico, 
teve sua origem nos ensinos de Epicuro e de seus discípulos, cuja máxima famosa era "comamos e 
bebamos porque amanhã morreremos". O epicurismo era um sistema de ética que ensinava, em 
linhas gerais, que para ter uma vida cheia de sentido e significado, cada indivíduo deveria buscar 
acima de tudo aquilo que lhe desse prazer ou felicidade. Os hedonistas mais radicais chegavam a 
ponto de dizer que era inútil tentar adivinhar o que dá prazer ao próximo. Como conseqüência de 
sua ética, os hedonistas se abstinham da vida política e pública, preferiam ficar solteiros, censurando 
o casamento e a família como obstáculos ao bem maior, que é o prazer individual. Alguns chegavam 
a defender o suicídio, visto que a morte natural era dolorosa. Como movimento filosófico, o 
hedonismo passou, mas certamente a sua doutrina central permanece em nossos dias. Somos todos 
hedonistas por natureza. Freqüentemente somos motivados em nossas decisões pela busca secreta 
do prazer. A ética natural do homem é o hedonismo. Instintivamente, ele toma decisões e faz 
escolhas tendo como princípio controlador buscar aquilo que lhe dará maior prazer e felicidade. O 
individualismo exacerbado e o materialismo moderno são formas atuais de hedonismo. Muito 
embora o cristianismo reconheça a legitimidade da busca do prazer e da felicidade individuais, 
considera a ética hedonista essencialmente egoísta, pois coloca tais coisas como o princípio maior e 
fundamental da existência humana. 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9
Utilitarismo 
Outro exemplo de ética humanística é o utilitarismo, sistema ético que tem como valor máximo o 
que considera o bem maior para o maior número de pessoas. Em outras palavras, "o certo é o que 
for útil". As decisões são julgadas, não em termos das motivações ou princípios morais envolvidos, 
mas dos resultados que produzem. Se uma escolha produz felicidade para as pessoas, então é 
correta. Os principais proponentes da ética utilitarista foram os filósofos inglesesJeremy Bentham e 
John Stuart Mill. A ética utilitarista pode parecer estar alinhada com o ensino cristão de buscarmos o 
bem das pessoas. Ela chega até a ensinar que cada indivíduo deve sacrificar seu prazer pelo da 
coletividade (ao contrário do hedonismo). Entretanto, é perigosamente relativista: quem vai 
determinar o que é o bem da maioria? Os nazistas dizimaram milhões de judeus em nome do bem 
da humanidade. Antes deles, já era popular o adágio "o fim justifica os meios". O perigo do 
utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num pragmatismo frio e impessoal: decisões 
certas são aquelas que produzem soluções, resultados e números. Pessoas influenciadas pelo 
utilitarismo escolherão soluções simplesmente porque elas funcionam, sem indagar se são corretas 
ou não. Utilitaristas enfatizam o método em detrimento do conteúdo. Eles querem saber “como” e 
não “por quê?”. Talvez um bom exemplo moderno seja o escândalo sexual Clinton/Lewinski. Numa 
sociedade bastante marcada pelo utilitarismo, como é a americana, é compreensível que as pessoas 
se dividam quanto a um impeachment do presidente Clinton, visto que sua administração tem 
produzido excelentes resultados financeiros para o país. 
 
Existencialismo 
Ainda podemos mencionar o existencialismo, como exemplo de ética humanística. Defendido em 
diferentes formas por pensadores como Kierkegaard, Jaspers, Heiddeger, Sartre e Simone de 
Beauvoir, o existencialismo é basicamente pessimista. Existencialistas são céticos quanto a um futuro 
róseo ou bom para a humanidade; são também relativistas, acreditando que o certo e o errado são 
relativos à perspectiva do indivíduo e que não existem valores morais ou espirituais absolutos. Para 
eles, o certo é ter uma experiência, é agir — o errado é vegetar, ficar inerte. Sartre, um dos mais 
famosos existencialistas, disse: "O mundo é absurdo e ridículo. Tentamos nos autenticar por um ato 
da vontade em qualquer direção". Pessoas influenciadas pelo existencialismo tentarão viver a vida 
com toda intensidade, e tomarão decisões que levem a esse desiderato. Aldous Huxley, por 
exemplo, defendeu o uso de drogas, já que as mesmas produziam experiências acima da percepção 
normal. Da mesma forma, pode-se defender o homossexualismo e o adultério. O existencialismo é o 
sistema ético dominante em nossa sociedade moderna. Sua influencia percebe-se em todo lugar. A 
sociedade atual tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual. 
Por exemplo, um homem que não é feliz em seu casamento e tem um romance com outra mulher 
com quem se sente bem, geralmente recebe a compreensão e a tolerância da sociedade. 
 
Ética Naturalística 
Esse nome é geralmente dado ao sistema ético que toma como base o processo e as leis da natureza. 
O certo é o natural — a natureza nos dá o padrão a ser seguido. A natureza, numa primeira 
observação, ensina que somente os mais aptos sobrevivem e que os fracos, doentes, velhos e 
debilitados tendem a cair e a desaparecer à medida que a natureza evolui. Logo, tudo que contribuir 
para a seleção do mais forte e a sobrevivência do mais apto, é certo e bom; e tudo o que dificultar é 
errado e mau. Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista, 
contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente, Nietzsche e alguns 
deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley. A ética naturalística tem alguns 
pressupostos acerca do homem e da natureza baseados na teoria da evolução: (1) a natureza e o 
homem são produtos da evolução; (2) a seleção natural é boa e certa. Nietzsche considerava como 
virtudes reais a severidade, o egoísmo e a agressividade; vícios seriam o amor, a humildade e a 
piedade. Pode-se perceber a influência da ética naturalística claramente na sociedade moderna. A 
tendência de legitimar a eliminação dos menos aptos se observa nas tentativas de legalizar o aborto 
e a eutanásia em quaisquer circunstâncias. Os nazistas eliminaram doentes mentais e esterilizaram 
os "inaptos" biologicamente. Sade defendia a exploração dos mais fracos (mulheres, em especial). 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10 
Nazistas defenderam o conceito da raça branca germânica como uma raça dominadora, justificando 
assim a eliminação dos judeus e de outros grupos. Ainda hoje encontramos pichações feitas por neo-
nazistas nos muros de São Paulo contra negros, nordestinos e pobres. Conscientemente ou não, 
pessoas assim seguem a ética naturalística da sobrevivência dos mais aptos e da destruição dos mais 
fracos. Os cristãos entendem que uma ética baseada na natureza jamais poderá ser legítima, visto 
que a natureza e o homem se encontram hoje radicalmente desvirtuados como resultado do 
afastamento da humanidade do seu Criador. A natureza como a temos hoje se afasta do estado 
original em que foi criada. Não pode servir como um sistema de valores para a conduta dos 
homens. 
 
Éticas Religiosas 
São aqueles sistemas de valores que procuram na divindade (Deus ou deuses) o motivo maior de 
suas ações e decisões. Nesses sistemas existe uma relação inseparável entre ética e religião. O juiz 
maior das questões éticas é o que a divindade diz sobre o assunto. Evidentemente, o conceito de 
Deus que cada um desse sistema mantém, acabará por influenciar decisivamente o código ético e o 
comportamento a ser seguido. 
 
Éticas Religiosas Não Cristãs 
No mundo grego antigo os deuses foram concebidos (especialmente nas obras de Homero) como 
similares aos homens, com paixões e desejos bem humanos e sem muitos padrões morais (muito 
embora essa concepção tenha recebido muitas críticas de filósofos importantes da época). Além de 
dominarem forças da natureza, o que tornava os deuses distintos dos homens é que esses últimos 
eram mortais. Não é de admirar que a religião grega clássica não impunha demandas e restrições ao 
comportamento de seus adeptos, a não ser por grupos ascéticos que seguiam severas dietas 
religiosas buscando a purificação. O conceito hindú de não matar as vacas vem de uma crença do 
período védico que associa as mesmas a algumas divindades do hinduísmo, especialmente Krishna. 
O culto a esse deus tem elementos pastoris e rurais. O que pensamos acerca de Deus irá certamente 
influenciar nosso sistema interno de valores bem como o processo decisório que enfrentamos todos 
os dias. Isso vale também para ateus e agnósticos. O seu sistema de valores já parte do pressuposto 
de que Deus não existe. E esse pressuposto inevitavelmente irá influenciar suas decisões e seu 
sistema de valores. É muito comum na sociedade moderna o conceito de que Deus (ou deuses?) seja 
uma espécie de divindade benevolente que contempla com paciência e tolerância os afazeres 
humanos sem muita interferência, a não ser para ajudar os necessitados, especialmente seus 
protegidos e devotos. Essa concepção de Deus não exige mais do que simplesmente um vago código 
de ética, geralmente baseado no que cada um acha que é certo ou errado diante desse Deus. 
 
A Ética Cristã 
Á ética cristã é o sistema de valores morais associado ao Cristianismo histórico e que retira dele a 
sustentação teológica e filosófica de seus preceitos. Como as demais éticas já mencionadas acima, a 
ética cristã opera a partir de diversos pressupostos e conceitos que acredita estão revelados nas 
Escrituras Sagradas pelo único Deus verdadeiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11 
UUNNIIDDAADDEE IIII 
OO MMOODDOO CCRRIISSTTÃÃOO DDEE VVIIVVEERR 
 
............................................................... 
 
“Fomos redimidos não somente para sermos legalmente salvos, mas também para sermos moralmente 
sadios”. 
 
.............................................................. 
 
 
 
CCOONNTTRRAACCUULLTTUURRAALL 
As décadas de 60 e 70viram nascer uma nova ideologia de contestação aos valores defendidos 
pela sociedade da época. A desilusão com a capacidade humana em dar soluções adequadas a 
problemas como a fome ou as guerras levou à elaboração de um modelo contracultural, uma resposta 
ao padrão vigente. Alguns buscaram respostas nas filosofias orientais; outros, desiludidos com a 
moralidade cristã ocidental, enveredaram pelo ateísmo; outros, ainda (e mais prejudicialmente), 
buscaram nas drogas um caminho de liberação. Mas teriam essas tentativas sido bem sucedidas? 
Cremos que não. Cremos que esta busca desesperada por uma alternativa viável de vida levou 
apenas a mais desilusões, pois funda-se em pressupostos errados, distanciados que estão do maior 
padrão humano de conduta. Cremos firmemente que há um modelo contracultural eficiente, 
proposto pela Palavra de Deus, eficaz em seus objetivos e absolutamente contestatório de nossa 
realidade presente. Um modelo que, se integralmente vivenciado em seus valores, representaria a 
concretização do sonho das gerações de 30 ou 40 anos atrás, como veremos a seguir. 
 
Uma Proposta Bíblica de Contracultura 
É consistente na Bíblia a afirmação de que Deus escolheu para si um povo para salvar e redimir, um 
povo que deveria andar de acordo com seu comando e vontade (Lv 18.1-4). Das palavras registradas 
por Moisés, extraímos que, além de tomar um povo para si, Deus ainda exige dele que não faça 
como as nações da terra, antes, seja um povo diferenciado, que segue a vontade do Pai. Entretanto, 
observamos ao longo do Antigo Testamento que este povo preferiu o caminho da terra de Canaã, 
curvando-se perante deuses de pau e pedra (Ez 20.32). É claro que o problema de Israel não se 
resumia à idolatria. Os alertas dos profetas desnudam o povo em todos os seus pecados, não 
deixando qualquer outra esperança senão a redenção divina, nem nenhum outro caminho além da 
obediência. Mas qual seria esse modo cristão de viver, o modo de vida que realmente agrada a 
Deus? Cremos que um bom resumo do que nos é ordenado como modo de vida está contido no 
Sermão do Monte. Como já vimos, o Sermão do Monte é um perfeito resumo do ensino moral 
pregado por Jesus. Se Mateus é, corretamente, chamado de Evangelho do Reino, estas são as suas 
leis, a lei que o cidadão dos céus deve seguir e obedecer. O Sermão do Monte tem uma ordenança 
clara, de que o cristão não deve seguir os caminhos deste mundo: “não vos assemelheis a eles...” (Mt 
6.8). A vida do cristão tem de ser diferente. Infelizmente, a idéia de que o cristão deve ser igual às 
demais pessoas tem sido bem aceita (e até defendida) por alguns. Quantos já não se alegraram ao 
ouvir a frase: “Mas você não é diferente das outras pessoas!”. Apesar de simpática, esta frase 
esconde um conceito perigoso, pois nos iguala àqueles que não têm a Cristo. Isto é errado, pois a 
Palavra nos ordena a estarmos no mundo, mas não sermos do mundo (Jo 17.16). Mas o que o 
Sermão tem a nos ensinar sobre o modo cristão de viver, além de nossa separação do mundo? 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 12 
 
O Caráter do Cristão (5.3-12) 
As bem-aventuranças nos indicam que o cristão deve possuir um caráter humilde, paciente, manso, 
justo, misericordioso, puro, pacificador e perseverante. 
 
A Influência do Cristão (5.13-16) 
Os cristãos devem fazer diferença na sociedade em que estão inseridos. Não devem se amoldar a 
ela, mas serem vozes proféticas de suas mazelas. Isto indica não apenas uma postura passiva, mas 
também ativa de proclamação. 
 
A Justiça do Cristão (5.17-48) 
A graça não exclui o dever do cristão de cumprir os preceitos da lei moral de Deus. O cristão deve 
andar em paz com todos, vigiar até mesmo seus padrões de pensamento, usar da verdade em 
qualquer circunstância, perdoar as ofensas feitas a si e amar até mesmo a seus inimigos. 
 
A Piedade do Cristão (6.1-18) 
Uma grande crítica do padrão mundano de contracultura em relação ao cristianismo diz respeito à 
sua religiosidade fria e externa, uma espiritualidade hipócrita que está distante de qualquer 
piedade. De fato, esta falsa espiritualidade seria remediada, se observássemos o que Jesus nos 
ordena acerca da verdadeira espiritualidade, que se apresenta como um relacionamento sincero 
entre o cristão e seu Deus. 
 
A Ambição do Cristão (6.19-34) 
Há aqui uma resposta cristã ao materialismo da sociedade moderna. Os cristãos não devem buscar 
os valores materiais deste mundo, mas viver na convicção de que o seu verdadeiro tesouro está no 
céu, com Deus e em Deus. 
 
Os Relacionamentos do Cristão (7.1-20) 
Nosso relacionamento com as demais pessoas também devem ser diferenciados. Devemos evitar os 
julgamentos precipitados, ser zelosos quanto ao que é santo, fazer o que queremos que nos façam, 
não nos desviarmos do caminho estreito do evangelho, não atentando para aqueles que querem nos 
desviar por meio do erro e da mentira. 
 
A Dedicação Cristã (7.21-27) 
Temos de ser sinceros em nosso relacionamento com Deus. Amá-lo, de verdade, não implica apenas 
em servi-lo com atos de religiosidade externa, mas obedecer à sua vontade, fazendo aquilo que Ele 
nos ordena. Há, de fato, na Palavra de Deus um padrão cristão de contracultura. Não há como ler o 
Sermão do Monte sem identificar ali um modo de vida absolutamente diverso daquilo é pregado e 
vivido por aqueles que não conhecem a Cristo. Certamente, a Palavra de Deus tem uma resposta 
firme à sociedade moderna, quando anuncia a necessidade de um caráter humano renovado, que 
influencie para o bem comum, obediente à vontade de Deus, de verdadeira espiritualidade, voltado 
para os valores do alto, com relacionamentos sociais sadios e submisso ao senhorio de Jesus. 
Precisamos viver estes valores do reino, não permitindo que a contracultura mundana entre pelas 
portas da igreja, como tem se visto com tanta freqüência. Que Deus nos abençoe para fazermos sua 
vontade. 
 
Entre a conveniência da farsa e convicção de fé. (Dn 3.15-18) 
O relato de Daniel 3 é sem dúvidas um rico exemplo de verdadeiro modo de servir a Deus, seja qual 
for o estado da sociedade, sem abrir mão dos valores da Palavra de Deus. Estai dispostos. Servir a 
Deus – na universidade inclusive – é um grande desafio de vida, é colocar a cabeça a prêmio diante 
do rei (poder político), dos sábios (ciência), etc. A confiança dos jovens não está no caráter milagroso 
de Deus. “se o nosso Deus, a quem servimos, quer livrar-nos... se não” (17-18) Há uma abismo 
intransponível entre a solenidade do faz de conta na política, na religiosidade, no show e uma 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13 
convicção inabalável na veracidade do caráter de Deus. E Isto não se consegue por decreto. Qual 
postura tomar? Negação completa ou acomodação completa? Em cada época somos chamados a dar 
uma resposta para nosso tempo. Não temos um Império Babilônico, uma estátua e uma fornalha 
literalmente – mas temos diante de nós outros impérios (não menos poderosos), outras estátuas e 
muitas outras fornalhas. O que fazer hoje? Como proposta para enfrentamento da realidade 
moderna ante o desafio de ser cristão, Grenz sinaliza com três questões: 
 
Um evangelho pós-individualista: o individualismo é filho da modernidade e, se a Reforma 
Protestante não “inventou” o individuo, o celebra muito. Lembrar que o cristianismo é centrado no 
corpo de Cristo: é uma celebração coletiva, da comunidade. O fato de que Deus é uma trindade 
social – Pai, Filho e Espírito – dá-nos uma indicação de que o propósito divino para a criação tem 
como alvo inter-relacionamento do individuo”. 
 
Um evangelho pós-racionalista: no embate com a ciência em plena modernidade a teologia se 
tornou racional (para negar seu caráter medieval), e quando esta pretensão racional da modernidade 
ruiu, levou junto também a teologia. No estilo ”abraço de afogados”. No mundo da pós-
modernidade quando os cânonesda ciência estão sendo questionados, a racionalidade teológica 
idem. 
 
Um evangelho pós-noeticêntrico: “Um evangelho pós-noeticêntrico ressalta a relevância da fé em 
todas as dimensões da vida. Ela não permite de forma alguma que o comprometimento com Cristo 
estacione simplesmente num esforço intelectual, deixando que se transforme unicamente num 
assentimento a proposições ortodoxas. O comprometimento com Cristo deve também achar guarida 
no coração. Na verdade, o mundo pós-moderno dá-nos ocasião para que nos reapoderemos da 
velha crença pietista segundo a qual uma cabeça boa não tem valor se o coração também não for 
bom. O evangelho cristão cuida não somente da reformulação de nossos compromissos intelectuais, 
mas também da transformação de nosso caráter e da renovação de toda a nossa vida como crentes 
que somos”. 
 
OO RREELLAATTIIVVIISSMMOO 
O que é o Relativismo 
É a teoria filosófica que se baseia na relatividade do conhecimento e recusa qualquer verdade ou 
valor absoluto. Esse pensamento se infiltrou em muitas áreas da vida, afirmando que todas as 
posições morais, todos sistemas religiosos, todos movimentos políticos, etc, são verdades relativas 
para o indivíduo. Cada um pode ver e aceitar como quiser, pois não existem verdades absolutas. 
 
O quê diria o Relativismo 
“O prefeito de San Francisco, Gavin Newsom, autorizou a emissão de certidões de casamento aos 
homossexuais, levando 8.000 gays a se casarem na cidade”. Você concorda ou discorda do prefeito? 
Por que? O relativismo não se importa com o ´concorda ou discorda´. Para essa filosofia não existe o 
certo e o errado, pois tudo é relativo do ponto de vista pessoal. Nossa sociedade pluralista deseja 
evitar a idéia que há realmente o certo e o errado. Isto é cada vez mais evidente no nosso ambiente 
social: o sistema judicial deteriorado que possui cada vez mais dificuldades em punir os criminosos, 
a mídia que continua a nos empurrar o seu pacote particular do que seja moralidade e decência, 
nossas escolas que ensinam a evolução e a "tolerância social", etc. A conseqüência disso é que o 
relativismo moral está cada vez mais ganhando espaço no sentido de encorajar a todos em aceitarem 
o homossexualismo, a pornografia na TV, a fornicação, e uma avalanche de outros pecados que 
outrora foram considerados errados e perniciosos, mas que agora estão sendo aceitos e até mesmo 
 encorajados em nossa sociedade. 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14 
O Relativismo e o perigo da anarquia ética 
Pense um pouco sobre o crime do juiz Pedro Percy Barbosa que matou o vigia de um supermercado 
na cidade de Sobral – CE, no último dia 27/02. Como alguém tão preparado foi capaz de cometer 
um assassinato tão brutal? O que representou o valor da lei para esse homem? O fato é que, para ele 
(e muitos outros), a lei não é verdade absoluta, mas relativa. Naquele momento, do seu ponto de 
vista, a atitude tomada foi correta, e ele fará de tudo para provar isso no seu julgamento. “Cada 
cabeça uma...”. 
 
Existe algo positivo no relativismo? 
Há validade para alguns aspectos positivos do relativismo. Por exemplo, o que uma sociedade 
considera direito enquanto outra considera errado. O certo é dirigir do lado esquerdo ou direito do 
carro? Esse costume que é certo para uns e errado para outros, depende da cultura de cada povo. É 
um costume puramente relativista e não universal. Alguns princípios de costumes sobre enterros, 
casamentos, sexo, variam de país para país ou até mesmo de cidade para cidade. Esse senso de 
“certo e errado” relativista não influi em nossa vida moral, pois não foi um mandamento de um 
Deus universal. Há coisas que são validadas apenas dentro da experiência humana particularmente 
individual. Eu posso me irritar com o som de uma música Rock e a outra pessoa não. Neste sentido 
o que é verdadeiro para mim não precisa ser necessariamente verdadeiro para outros. No entanto, 
isto não é válido o bastante para dizer que porque há um tipo de relativismo pessoal, nós então 
podemos estendê-lo e aplicá-lo em todas as áreas da vida e dizer que tudo o mais é relativo. Não, 
isto não é uma suposição válida nem lógica. 
 
Como o cristão deve encarar o Relativismo 
Partindo do exemplo dos mártires que entregaram suas vidas por uma verdade absoluta — A Bíblia, 
a Palavra revelada de Deus, o cristão não deve permanecer pacífico e tranqüilo. Ele deve estar 
pronto a subverter (revolucionar) a sociedade para apresentar esses valores centralizados no 
evangelho de Cristo. Veja como Paulo e Silas, aliados ao corajoso Jasom, transtornaram a cidade de 
Tessalônica em Atos 17.1-9. É possível os cristãos agirem dessa forma hoje? Nas palavras do teólogo 
R. C. Sproul, "Deus é, e onde ele é, existe dever… Deus tem um direito eterno e intrínseco de impor 
obrigações, de subjugar a consciência de suas criaturas". Sproul faz ainda um alerta quanto à 
anarquia ética para a qual nos dirigimos, pois a nossa era apresenta um antinomianismo sem 
precedente, ou seja, todos fazem o que parece correto aos seus próprios olhos”. Um outro problema 
grave aliado ao relativismo é o pragmatismo, usado inclusive por muitas igrejas, que defendem o 
argumento de que se tal estratégia dá certo, então vamos fazer, mesmo que os fins não justifiquem 
os meios. Mas os discípulos do Senhor Jesus, que é o mesmo ontem, hoje, e para sempre, montam 
guarda contra os ataques do relativismo, batalhando diligentemente pela fé que uma vez por todas 
foi entregue aos santos (Judas 3). Aliás, o verso 4 de Judas comprova que nem Deus e nem Jesus 
eram tidos como verdade absoluta naquela época. Portanto, os cristãos devem estar dispostos a 
sofrer nesses dias conturbados. Devem estar dispostos a santificar a Cristo, como Senhor, em seus 
corações (ler 1 Pedro 3.13-17). Devem ainda buscar a Deus para receberem ajuda, em tempos de 
ansiedade, aflição, confusão ou inquietude na alma, estando certos de obterem sábio conselho e 
libertação. É o próprio Deus quem nos assegura disso no Salmo 19.7-14. "Rogo-vos, pois, irmãos, 
pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável 
a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos 
pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade 
de Deus." Rm 12.1,2 
 
 
 
 
 
 
 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15 
CCRRIISSTTIIAANNIISSMMOO EE RRAAZZÃÃOO 
Cremos que uma das características da natureza humana que a diferencia de outras formas de vida 
é nossa possibilidade de refletir, ou melhor o uso de nossa racionalidade. Não utilizá-la é 
“desumanizar nossa própria humanidade”, em outras palavras, é não se apropriar de uma de nossas 
características. Lembre-se: fomos criados à imagem e semelhança de Deus (incluindo nossa razão). 
John Stott coloca em seu livro alguns aspectos interessantes que trataremos nessa breve reflexão: 
Qual é o lugar da mente na vida do cristão iluminado pelo Espírito Santo? Ninguém deseja um 
Cristianismo frio, triste, intelectualizado. Mas será que isso significa que temos que evitar a todo 
custo o “intelectualismo” ou a “intelectualidade”? Muitos acreditam que ao intelecto compete 
apenas um papel secundário. Outros podem até dizer: “a experiência é o que realmente importa, e 
não a doutrina”. 
 
Cristianismo de mente vazia 
Convém ressaltar inicialmente que é importante evitarmos posições extremas como ‘conhecimento 
sem zelo’ e o ‘zelo sem conhecimento’, porém a este último Paulo faz uma clara crítica (Rm 10.2). 
Persiste ainda um discurso ‘anti-intelectualismo’ no meio cristão, infelizmente até os dias atuais. Tal 
discurso, potencialmente muito perigoso, pode nos levar a atitudes extremas. Alguns evangélicos, 
em detrimento da razão, fazem da experiência o principal critério da verdade. 
 
Por que usar nossas mentes?Há um poder natural do pensamento na concretização de ações, é aquilo que simplesmente 
chamamos de idéias, isto é, estas só existem porque somos dotados de razão. Ao longo da história 
da humanidade e mesmo ao longo da nossa própria história individual confirmamos que “grandes 
ações surgiram inicialmente a partir de grandes idéias”. É dever do homem pensar e agir, fomos criados 
para pensar (Sl 32.9; Sl 73.22). A Bíblia aponta que quando o homem negligencia sua razão ou o 
papel de pensar, os animais acabam por nos superar (Pv 6.6-11, Is 1.3; Jr 8.7). Como já vimos, o 
pecado – queda – que transformou nossa mente em mente decaída não é justificativa para não 
utilizá-la. Lembremos que nossas mentes estão diante do Deus que é revelado (Sl 19.1-4; Rm 1.18-
21). Stott aponta que o grande diferencial do cristianismo é sua ênfase na doutrina e que tal 
característica não é percebida nas religiões não cristãs, nestas, a ênfase é dada pela realização de um 
ritual. Neste aspecto, imagine só em nosso contexto brasileiro, onde o ritualismo tem forte influência 
em nossa cultura, como este aspecto, do aqui e agora, da hipervalorização do sobrenatural podem 
ganhar perigosos contornos onde a mente é deixada de lado, onde novamente a experiência, o 
momento é o que vale. Um dos papéis mais nobres da mente humana é ouvir a Palavra, ver a mente 
de Deus e pensar conforme Seus pensamentos. Um dos critérios que somos julgados por Deus é pelo 
conhecimento. Os 4.6; Is 5.13; Pv 1.22; 3.13-15; II Pe 1.5; Ef 3.14-19. Paulo valoriza o entendimento, 
crescimento no conhecimento Ef 1.17-19; Fp 1.9-11) Uma grande questão que pode estar permeando 
agora nossas mentes é: “E quanto a nossa fé?” Onde a fé se encaixa em toda essa valorização que 
procuramos dar à razão? Primeiramente: fé não é credulidade, a fé e a visão são postas em oposição na 
Bíblia. (II Cor. 5:7), mas não fé e razão. Isto é, uma não exclui a outra. A fé verdadeira é 
essencialmente racional porque se baseia no caráter e nas promessas de Deus (e que são objetivas). 
Em segundo lugar: fé não é otimismo. Todos devem ter ouvido ou conheceram obras como os de Lair 
Ribeiro e outros neurolinguistas, que, aliás, o mercado editorial fatura(ou) de forma extraordinária, 
tais obras ainda hoje estão por aí com outra roupagem. Esta fé proclamada por estes autores é uma 
fé em que? Logicamente “no eu”, “em si mesmo” e não em Deus. Lembremos pois que o 
conhecimento (ou o uso de nossa razão) tem um valor especial no exercício de nossa fé. Assim o 
conhecimento (ou a razão) tem um grandioso papel, isto é, ele é um meio e não um fim em si 
mesmo: 
 
Conhecimento para conduzir a adoração! 
Rm 11.33. Em Lc 24.32 os discípulos afirmavam que “ardia nosso coração”. Olha só que 
envolvimento! Convém ressaltar que quando o conhecimento nos deixar ‘frio’ algo errado 
aconteceu. Devemos nos precaver da “teologia sem devoção” e da “devoção sem teologia”. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16 
 
Conhecimento para conduzir a fé 
 Sl 9.10 
 
Conhecimento para conduzir a santidade 
Fp 4.9; Sl 119.34 
 
Conhecimento para conduzir ao Amor 
Não devemos nos esquecer do essencial “tempero do amor” Em I Co 8.1 e I Co 13.2 ressaltam o eficaz 
papel do amor permeando o exercício da razão, dando-lhe uma perspectiva diferente. O livro de 
Provérbios destaca a importância da sabedoria. (Pv 2.1-6) que mostra a relação que seu autor, 
Salomão, tinha com a mesma. Lembremos que, nunca com o fim em si mesmo, mas como meio de 
agradar e conhecer Aquele que é o princípio de toda sabedoria. (Pv 1.7) Que nos apropriemos da 
graça que temos que é Pensar!!! 
 
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as 
autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à 
ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação”. 
ROMANOS 13.1,2 
 
O cristão deve submeter-se a tudo o que as autoridades ordenam? 
Pelo fato de o governo civil existir para o bem de toda a sociedade, Deus lhe confere o ´´poder da 
espada´´, o uso legal da força para aplicar as leis justas. Os cristãos devem reconhecer isso como 
parte da ordem de Deus (Rm 13.1-2). Um governo pode cobrar imposto pelos serviços que presta 
(Mt 22.15-21; Rm 13.6-7). Porém, se o governo civil proíbe aquilo que Deus exige ou exige aquilo que 
Deus proíbe, os cristãos não devem submeter-se, com aceitação de suas conseqüências penais 
(mostrando assim que se reconhece a autoridade atribuída por Deus aos governos como tais); 
portanto, haverá alguma forma de desobediência civil neste caso, o que será inevitável por parte dos 
cristãos (At 4.18-31; 5.17-29). 
 
Como devem se portar os cristãos diante dos governos 
Além do que foi dito até aqui, os cristãos devem solicitar e insistir com os governos a cumprir seu 
papel corretamente. Devem orar por eles, obedecer-lhes e zelar por eles (I Tm 2.1-4; I Pe 2.13,14), 
recordando-lhes que Deus os ordenou para dirigir, proteger e manter a ordem, mas não para exercer 
a tirania. Num mundo degradado, em que o poder costumeiramente corrompe, as instituições 
democráticas que dividem o poder executivo entre muitos e fazem detentores responsáveis perante 
o povo, em geral oferecem a melhor esperança de evitar a tirania e assegurar a justiça para todos. 
 
OO CCRRIISSTTÃÃOO EE AA IINNJJUUSSTTIIÇÇAA 
 
O Cristão e a Injustiça Social 
Abra o jornal de hoje ou ligue sua TV ao chegar em casa. O que você vê? Você não tem uma 
impressão, como Caetano Veloso definiu em música, de que “alguma coisa está fora da ordem”? 
Vivemos em um período de caos social. O abismo que separa ricos e pobre é cada vez mais 
profundo; a criminalidade dispara nas grandes cidades; crianças amontoam-se nos faróis, vendendo 
balas para sustentar, por vezes, o vício dos pais. Qual é a perspectiva de Deus acerca deste 
problema? E qual deve ser a nossa, segundo a Palavra? 
 
A Queda do Homem e a Injustiça Social 
Como todos os males do mundo moderno que nos afligem, a injustiça social também tem sua 
origem na queda do homem em pecado. O equilíbrio previsto por Deus, o qual vemos no Éden 
criado com tudo o que Deus achava “muito bom” (Gn 1.31), com a desobediência de Adão agora 
deixa de existir. Temos um lampejo desta situação inicial de injustiça em Gn 6.9. Após descrever 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17 
toda a situação que reinava na terra antes do dilúvio, Moisés anota que “Noé era homem justo e 
íntegro entre seus companheiros”, como uma clara oposição à realidade que vinha descrevendo 
desde o início deste capítulo; isto nos leva a concluir que os demais homens eram praticantes da 
injustiça, e por isto seriam exterminados. Isto se confirma com a leitura de II Pe 2.2-5. Os homens da 
época de Noé não foram punidos apenas por idolatria ou pecados sexuais; foram, antes, punidos, 
por serem avarentos, capazes de vender até mesmo os seus irmãos. A injustiça social faz parte do 
coração corrupto do homem, de onde procede todo tipo de mau desígnio (Mt 15.19). 
 
Injustiça, Individualismo e Falsa Espiritualidade 
Tal situação de injustiça social não é, infelizmente, ausente da Igreja do Senhor Jesus. Aos crentes, 
sal da terra e luz do mundo, incumbiria a tarefa de restaurar, mesmo que em parte, a ordem perdida 
pelo pecado. A Igreja deveria ser o reflexo presente da Nova Jerusalém celeste, na qual a injustiça 
social não terá lugar (I Co 6.10). Contudo, o que vemos na maior parte das igrejas locais que militam 
ainda neste mundo é uma realidade oposta. Podemos identificar dois exemplos de visões 
distorcidas acerca da injustiça social dentro de nossas igrejas. A primeira delas, muito presente em 
nosso mundo pós-moderno, é o da Igreja voltada ao seu próprio umbigo. Queremos com esta figura 
representar especialmente o padrão das igrejas que pregam a teologia da prosperidade.Nestas 
igrejas, o crente não vai para servir, mas para ser servido. A igreja deixa de ser um local de 
restauração da realidade para ser um depósito de bençãos materiais, à disposição de qualquer um 
que possa trazer uma oferta generosa, ou que saiba pronunciar as “palavras mágicas” de uma 
confissão positiva. Pouco importa se o mundo à minha volta desaba; o que vale é que o Senhor me 
abençoou com um carro do último tipo. Estas igrejas são o retrato perfeito do individualismo 
característico de nossos tempos. A segunda é o da “Igreja espiritual”. É uma Igreja que mente para si 
mesma, sob o pretexto de que “o Reino de Deus não é deste mundo”. É uma igreja rica em 
expressões espirituais, mas carente de boas obras. Jesus fala a respeito deste tipo de Igreja em Mt 
7.15-23 e 25.25-46. A esta “igreja”, cujos olhos estão voltados tão-só para cima, sem olhar para a 
realidade à sua volta, o Senhor promete uma recompensa não muito vantajosa. 
 
O Padrão Bíblico de Justiça Social 
Como em todo o curso de ética cristã que temos empreendido, o padrão de justiça que devemos 
adotar é um só, o do próprio Deus. Deus criou a terra em perfeita ordem e em profusão de 
manifestações de sua extrema bondade para que todo o homem desfrutasse dela, não apenas 
homens, mas também mulheres; não apenas brancos, como também negros; não apenas os mais 
cultos, como também os mais simples, pois para Deus não há acepção de pessoas (Dt 10.17) e Ele 
espera que nós também não o façamos (Dt 16.19). O Senhor Deus espera que cada um de nós dê a 
cada pessoa aquilo que lhe é devido (1Tm 5.18); o Senhor deseja que amparemos ao pobre e ao 
necessitado em suas carências (Dt 15.11) e que não tapemos nossos ouvidos ao seu clamor (Pv 
21.13). Em resumo, que façamos ao nosso próximo aquilo que gostaríamos que este fizesse a nós 
mesmos, se estivéssemos em seu lugar (Lc 6.31) e que ajudemos ao necessitado como se 
ajudássemos ao próprio Cristo (Mt 25.25-46). 
 
O Papel da Igreja 
Tudo o que dissemos no item anterior diz respeito a qualquer ser humano; contudo, a Igreja, por ser 
formada pelos eleitos de Deus, regenerados conforme a imagem do seu Filho, Jesus Cristo, tem um 
papel ainda mais importante. Por mais chocante que isto possa parecer a alguns, não fomos 
chamados por Deus exclusivamente para sermos salvos, ou para sermos abençoados. Leia Ef 2.10. 
Para que Paulo diz que fomos criados? Da mesma maneira, nada fala mais alto aos ouvidos dos que 
não conhecem a Deus do que as nossas boas obras (Mt 5.16). A expectativa de Deus em relação à 
sua Igreja é ainda maior do que podemos pensar. Veja Ef 4.28. Não é impressionante a proposta de 
Paulo para a igreja de Éfeso? Charles Hodge, sobre esta passagem, diz, acertadamente, que 
“nenhum homem vive para si mesmo; e nenhum homem deve trabalhar apenas para si, mas com o 
objetivo definido de estar apto a assistir outros. Os princípios cristãos, se corretamente cumpridos, 
poderiam rapidamente banir a pobreza e outros males correlacionados de nossa civilização 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18 
moderna”. Em resumo, como em todos os demais aspectos da vida cristã, a Igreja deve ser sal e luz; 
sal, que conserva o mundo da deterioração e lhe dá sabor; luz, que indica o caminho a seguir, um 
caminho de paz e justiça social. 
 
O Que Cristo Espera de Nós? 
Falar em Igreja pode soar a alguns como um conceito abstrato, ou ainda trazer a mente apenas a 
Igreja como instituição. Esta última compreensão pode levar a um raciocínio egoísta, perigoso e 
preguiçoso: “se a minha igreja faz ação social, então eu não preciso me preocupar com isto”; “dou o 
meu dízimo; é papel do pastor e do Conselho empregar estes recursos na ação social”. Ambos os 
raciocínios estão errados. No dia do juízo, não é a Igreja-instituição que vai prestar contas do que fez 
aqui, mas cada crente individualmente (Mt 16.27). Não haverá desculpas, perante o reto juiz. 
 
Alternativas Práticas Simples 
INFORME-SE: quais os problemas do mundo em que você vive? O primeiro passo para a 
transformação da realidade é deixar de lado a nossa alienação. Nisto, Karl Marx estava 
completamente certo. 
 
PROFETIZE: Seja boca de Deus perante o mundo. Nos livros dos profetas do VT há mais 
declarações acerca da injustiça do que acerca do futuro. Como eles, não se cale diante da injustiça. 
Aquele que se cala é responsável pelo sangue do inocente. 
 
COLABORE: aqui não falamos apenas de dinheiro. Se você não pode ajudar financeiramente, seja 
voluntário em um trabalho social. 
 
ORE: clame a Deus pelo seu país, pelas suas autoridades, pela injustiça vigente. 
 
POLITIZE-SE: Envolva-se nos assuntos relativos à sua cidade ou bairro. Escolha bons governantes. 
Não vote no primeiro que aparecer, prometendo ajudar a igreja X ou Y. Um bom cristão buscará o 
bem de toda a sociedade, não apenas de seu grupo. 
 
“Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e 
estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? 
Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da 
servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão 
com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu 
semelhante?” (Is 58.5-7). 
 
OO CCRRIISSTTÃÃOO EE AA ÉÉTTIICCAA CCOONNTTEEMMPPOORRÂÂNNEEAA 
O mundo atual é um mundo marcado pelo relativismo. O certo e o errado nunca foram tão relativos 
e banalizados. Na realidade, para a maioria das pessoas, o certo e o errado são meras abstrações, 
conceitos puramente subjetivos, em que os padrões morais, e os valores sociais estão ao sabor de 
cada um. Vivemos num mundo altamente individualista. Sem dúvida alguma, a filosofia do 
humanismo e do individualismo prevalece no contexto das relações sociais, econômicas, 
educacionais, e, até, na religião. Num mundo assim, como o cristão pode ver e viver a ética, fundada 
em valores cristãos? Não nos parece algo fácil de demonstrar. Mas, neste ensaio, desejamos 
contribuir para a reflexão sobre esse tema, que é ao mesmo tempo interessante e desafiador. 
 
Conceitos fundamentais 
Para escrever sobre ética, necessário se faz que alguns conceitos sejam colocados de início. O 
principal deles sem dúvida é o da própria ética em si. Que significa ética? A resposta, num ambiente 
relativista, pode ser: “Depende”. “De que ética estamos falando?” Da ética profissional? Da ética 
filosófica? Da ética religiosa? Da ética cristã? Mas, para efeito de raciocínio e compreensão, vamos 
ficar com os conceitos mais comuns da ética em geral, em nosso tempo. Podemos dizer que “A Ética 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 19 
integra os seis sistemas tradicionais da Filosofia, ao lado da Política, da Lógica, da Gnosiologia, da 
Estética e da Metafísica. “Para o cristão, a ética pode ser entendida como um conjunto de regras de 
conduta, aceitas pelos cristãos, tendo por fundamento a Palavra de Deus. Para os que crêem em 
Jesus Cristo, como Salvador e Senhor de suas vidas, o certo ou o errado devem ter como base a 
Bíblia Sagrada, considerada como "regra de fé e prática", conforme bem a definiram Lutero e outros 
reformadores”. 
 
Um peixe fora d´água? 
Certo comerciante cristão me confidenciou, numa viagem que fazíamos, há alguns anos. “É quase 
impossível o crente em Jesus agir como deve, face às exigências do governo, quanto aos impostos , e 
à concorrência desleal de muitos empresários”. Indaguei por que, e ele esclareceu? “Se pagarmos os 
impostos em dia, conforme manda a lei, temos menos lucro que os empresários desleais, que não 
pagam impostos e, por isso, podem oferecer um preço menor no mercado, atraindo mais fregueses”. 
Esse é apenas um exemplo entre muitos de como o cristão sincero encontradificuldades para se 
movimentar num ambiente em que as relações comerciais e sociais são desenvolvidas em muitas 
áreas na base da desonestidade. A Bíblia manda que paguemos impostos ao governo, não adotando 
a prática da sonegação fiscal. Diz a palavra: “Portanto, dai a cada um o que deveis: a quem tributo, 
tributo; a quem imposto...” (Rm 13.7). Jesus, o mestre divino, ensinou que devemos dar a César (ao 
governo), o que é de César (Mt 22.21). Mas aquele servo de Deus estava, na realidade, sonegando 
impostos, e procurando justificar sua atitude ante a deslealdade dos concorrentes. Um determinado 
irmão, crente em Jesus, é funcionário de uma companhia estatal. Como servo de Deus, procura 
pautar sua conduta pelos princípios da palavra de Deus, não participando da “roda dos 
escarnecedores”, nem se detendo no “caminho dos pecadores”. Assim, por não participar dos 
ambientes que seus colegas freqüentam, fora do trabalho, como bares, danceterias, boates, festas 
mundanas, é considerado “anti-social”, e, por mais de uma vez, já foi prejudicado, inclusive em 
promoções que a empresa proporciona aos servidores. Por quê? Simplesmente, por não querer ir na 
“onda” dos incrédulos, que se guiam por princípios humanos contrários à sua fé. Tenho recebido 
indagações de alunos cristãos, que são perseguidos, nas escolas de primeiro nível, segundo nível, e 
na universidade, pelo fato de serem constrangidos a participar de certas atividades escolares. Por 
exemplo, numa determinada época, nas escolas estaduais e municipais, os professores procuram 
envolver os alunos, em pesquisas, em reuniões e atividades, sobre a chamada festa do “Halloween”. 
Essa programação envolve atividades, ditas culturais, folclóricas, e educacionais, que são verdadeiro 
atentado à fé cristã. É uma festividade, importada da América do Norte, que por sua vez, já a 
importou de países nórdicos, baseada num enredo que envolve feitiçaria, bruxaria, ocultismo, 
esoterismo, e muitas outras práticas avessas à palavra de Deus, todas disfarçadas de folclore e 
cultura. E os alunos crentes sentem-se constrangidos em participar de tais eventos, pelos seus 
professores, que os ameaçam de obterem notas baixas nos trabalhos escolares, se deixarem de 
participar. Para esses “mestres”, festas desse tipo são apenas manifestações culturais, e nada têm de 
errado. Temos procurado orientar os jovens e adolescentes a não se deixarem intimidar com tais 
ameaças, e levantarem a voz contra tais atitudes, que nada têm de culturais ou educacionais. Tenho 
duas netas, que estudam numa escola de primeiro nível, de grande conceito na Cidade. Elas 
procuraram sua mãe, preocupadas, pois uma professora as induziu a participar de um “bloco de 
gays”! Para incutir nas crianças a idéia de que se devem respeitar as “diferenças”, e não ter 
preconceito, pois, em matéria de orientação sexual, nada é errado. Tudo depende de cada um. Na 
mesma época, uma professora incentivou os alunos a formarem um grupo de carnaval, intitulado 
“Bloco dos cães”. Graças a Deus, minha filha foi à Escola, e falou com a coordenação, afirmando que 
suas filhas não poderiam ser constrangidas a participar daquela atividade, pois iria de encontro à 
sua formação cristã. E foi respeitada. Num ambiente social assim, o cristão verdadeiro parece sentir-
se como um peixe fora dágua. 
 
Que tipo de ética contemporânea é essa? 
Certamente, não é a ética cristã. “O cristão, como sal da terra e luz do mundo, tem dificuldade em se 
movimentar num mundo em que os valores morais estão invertidos. Entretanto, tem a vantagem de 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20 
não adotar como referencial ético ou comportamento da sociedade sem Deus. Enquanto os 
referenciais do mundo são movediços, instáveis e mutantes, ao sabor do tempo e do lugar, o guia 
infalível do crente em Jesus é a Palavra de Deus, que é lâmpada para os pés e luz para o caminho (Sl 
119.105). Assim, um crente fiel não só deve fazer diferença, mas seu comportamento deve ser 
referencial para a sociedade. É grande a responsabilidade, perante Deus, a igreja e o mundo. Para o 
crente em Jesus a Palavra de Deus é lâmpada e luz para o seu viver”. Quando vemos o Ministério 
da Saúde informar que, a cada ano, mais de um milhão de adolescentes ficam grávidas, temos de 
concluir que algo muito sério está destruindo o tecido social. Li, recentemente, que número idêntico 
de meninas engravida nos Estados Unidos a cada ano. E isso ocorre sem que haja preparo 
psicológico e físico, até, para esse estado biológico, que exige maturidade, preparo e dedicação, para 
os cuidados maternais, e paternais, indispensáveis à boa formação dos filhos. Mas não há nada de 
especial diante do problema. As razões são bem conhecidas para esse comportamento liberalista e 
relativista. A educação sexual, ministrada nas escolas, financiada pelo dinheiro dos contribuintes da 
nação, incentiva a prática precoce do sexo. É uma educação meramente informativa e técnica. Nada 
tem de formativa, e é totalmente despojada de valores éticos e morais. Só uma coisa é bem ensinada: 
o uso da “camisinha”. Toda a didática é empregada para mostrar às meninas de doze anos, ou 
menos, bem como aos pré-adolescentes e adolescente, no sentido de levá-los a praticar o “sexo 
seguro”, que nada mais é que uma falácia, que leva a muitas vidas ainda em formação ao caminho 
da prostituição. A moralidade moderna é um pântano lodoso, em que as pessoas, principalmente os 
adolescentes e jovens, afundam-se mais e mais. A mídia também dá sua contribuição negativa para 
a ética e os bons costumes. Nas novelas, o falso “amor livre” é exaltado. A fornicação, o adultério, a 
prostituição, e o homossexualismo são divulgados, nas programações, ditas culturas, como se 
fossem algo perfeitamente normal. É comum, em certos programas televisados incentivarem-se os 
jovens a levarem seus namorados ou namoradas para dormir na casa dos pais, sob o argumento 
(falacioso) de que é mais seguro do que em outros lugares. É a segurança para a prática do pecado. 
Naturalmente, para essas pessoas, com essa mentalidade, não existe pecado. A revista Veja, de 
circulação nacional (15.09.04), p. 73, divulgou artigo sobre uma pesquisa, realizada nos Estados 
Unidos, constatando que, em apenas três horas por dia, em média, os adolescentes são submetidos a 
uma programação em que 64% possuem algum tipo de conteúdo sexual; a pesquisa constata que 
46% dos estudantes do ensino médio já praticaram relações sexuais, e 1 milhão de adolescentes 
ficam grávidas a cada ano . Na mesma matéria, é ressaltado que a pesquisa confirma a influência da 
programação erotizada na formação dos jovens e dos adolescentes. Os dados indicam que os jovens 
que “assistem com freqüência a programas com conteúdo erótico são duas vezes mais propensos à 
precocidade nas relações sexuais do que aqueles que não vêem esse tio de espetáculo porque os pais 
não permitem”. A ética contemporânea tem grande influência do antinomismo. Trata-se de uma 
“abordagem ética, segundo a qual, não existem normas objetivas a serem obedecidas. É a ausência 
de normas. Tudo depende das pessoas, e das circunstâncias. Jean Paul Sartre, um dos filósofos, 
defensores dessa idéia, diz que o homem é plenamente livre. Num dos seus textos ele escreve: "Eu 
sou minha liberdade"... "E não sobrou nada no céu, nenhum certo ou errado, nem alguém para me 
dar ordens... estou condenado a não ter outra lei senão a minha..." (Geisler, p. 30,31) . Esse tipo de 
visão encontra abrigo na mente de muita gente, principalmente entre os mais jovens, que anseiam 
por liberdade, sem refletir muito bem sobre as responsabilidades que nossas ações incorrem. Na 
rebelião da juventude, na década de 60, os jovens, na França, bradaram: "é proibido proibir". Na 
onda do movimento hippie, muitos naufragaram, consumindo e consumidos pelas drogas, 
adotando um estilo de vida paradoxal, que visava, no entenderde seus amantes, irem de encontro à 
sociedade organizada, passando por cima de suas normas e de seus valores. 
 
Como o cristão pode posicionar-se? 
Há não muitos anos atrás, e resposta a essa questão seria mais fácil de ser formulada. Hoje, porém, o 
relativismo tem dominado grande parte das denominações evangélicas. O certo e o errado não são 
mais vistos como conceitos absolutos. Muita coisa depende da ótica de cada um. Eu estava 
assistindo uma palestra de certo pregador, numa denominação histórica, quando ele discorria sobre 
o cristão e a conduta diante dos homens. O mesmo acentuava que havia atitude e comportamentos 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21 
que contrarias a palavra de Deus, e que o cristão precisava evitar causar escândalo a seu irmão. 
Naquele momento, uma jovem, daquela igreja, levantou-se e falou: “Eu acho que não deve haver 
essa preocupação. O que é errado para ele pode não sê-lo para mim”. “O que é errado para mim 
pode não ser certo para ele”. Tal afirmação é de cunho relativista e subjetivista. O cristão, na 
realidade, não pode guiar-se por quase nenhuma das abordagens éticas contemporâneas. O 
antinomismo não serve como referencial, pois prega a ausência de normas. Nela, o homem se faz 
seu próprio deus. A Bíblia diz : "Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos 
da morte" (Pv 14.12). "De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; 
porque este é o dever de todo homem" (Ec 12.13; Pv 4.11,12; 6.23). Depois, é filosofia relativista. Cada um 
faz o que melhor entende. É o que ocorria com o povo de Israel, quando estava sem líder: "Naqueles 
dias, não havia rei em Israel; cada qual fazia o que parecia direito aos seus olhos" (Jz 17.6; 21.25). Aliás, em 
muitas igrejas, já impera o Antinomismo, quando muitos não obedecem a Bíblia, não há respeito a 
normas, e cada um faz o que acha melhor. E o servo de Deus não pode ser uma pessoa que vive sem 
adotar normas de conduta e de comportamento. O generalismo também não serve para o crente em 
Jesus. “Os generalistas são utilitaristas. Só é certo o que produz melhor resultado (mais felicidade ou 
prazer do que dor). Uma norma pode ser boa hoje, e não servir amanhã. Depende da sociedade. Se, 
por exemplo, o adultério é errado, num período, em outro, poderá ser aceito. Dessa forma, pode-se 
resumir essa abordagem, dizendo que "Há um só fim absoluto (o máximo bem) e todos os meios 
(regras, normas, etc.) são relativos àquele fim..". Se, nesta situação, mentir seria mais útil ou 
vantajoso para a maioria dos homens, então se deve mentir" O situacionismo também não deve ser 
escolhido como referencial cristão. Em resumo, nessa visão, o certo e o errado, dependem da 
situação, em função do amor às pessoas. Baseiam-se inclusive na Bíblia, que resume toda a lei no 
amor (Mt 22.34-40; "O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor" 
(Rm 13.10). Mas o fazem de modo equivocado. Chegam a dizer, por exemplo, que, se uma mentira 
for contada em amor, é boa e certa. Isso não condiz com a ética cristã, que defende a verdade como 
valor a ser observado. O absolutismo, outra abordagem ética, prega que existem normas absolutas a 
serem seguidas, tais como coragem, justiça, verdade, etc. E que não se deve tergiversar em termos 
do que é absoluto. Em princípio, o absolutismo parece estar em consonância com os princípios 
bíblicos. Mas é preciso cuidado com os sofismas absolutistas. Diante da inadequação das 
abordagens éticas contemporâneas, resta ao cristão procurar guiar-se pelos princípios bíblicos de 
ética cristã. Podemos encontrar pelo menos oito princípios éticos, que orientam o comportamento 
dos que querem servir a Deus num mundo relativista. São eles: 
 
O princípio da fé 
S. Paulo, o apóstolo dos gentios, dizia: "Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado 
aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come, está 
condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado (Rm 14.22,23). Nesse texto, vê-se a 
ênfase na fé ou na convicção do crente diante de Deus, quanto ao que faz ou deixa de fazer. Ele não 
precisa recorrer a paradigmas humanos ou lógicos para posicionar-se quanto a atos ou palavras. Se 
tem dúvida, não deve fazer, pois "tudo o que não é de fé é pecado". 
 
O princípio da licitude e da conveniência 
Na primeira carta aos coríntios, vemos Paulo ensinar: "Todas as coisas me são ilícitas, mas nem todas as 
coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma (I Co 6.12). Todas 
as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm" (I Co 10.23). Esse critério orienta o cristão a que 
não faça as coisas apenas por que são lícitas, mas porque são lícitas e convém, à luz do referencial 
ético que é a Palavra de Deus. 
 
O princípio da licitude e da edificação 
Diz a Bíblia: "todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam" (I Co 10.23b). Com base 
neste texto, não basta que alguma conduta ou proceder seja lícito, mas é preciso que contribua para 
a edificação do cristão. É um princípio irmão gêmeo do anterior. A ênfase aqui é na edificação 
espiritual de quem deve posicionar-se ante o fazer ou não fazer algo. 
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 22 
O princípio da glorificação a Deus 
"Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus" (I Co 
10.31). Aí, temos um princípio ético abrangente, que inclui não só o comer ou o beber, mas 
"qualquer coisa", que demande um posicionamento cristão. No dia-a-dia, sempre o cristão se depara 
com situações às vezes triviais, que exigem uma tomada de posição.... qualquer atitude ou decisão a 
tomar, em termos morais, financeiros, negócios, transações, etc., tudo pode passar pelo crivo do 
princípio da glorificação a Deus, e o crente fiel, na direção do Espírito Santo, saberá responder sem 
maiores dificuldades. A indagação que o cristão deve fazer, com base nesse princípio, é: "O que 
desejo fazer ou dizer, contribui para a glorificação a Deus?". Se a resposta for afirmativa, pelo Espírito Santo, a 
ação ou atitude pode ser executada. Se for negativa, é melhor que seja rejeitada. O que contribui para glória de 
Deus não fere nenhum princípio bíblico. 
 
 
O princípio da ação em nome de Jesus 
"E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a 
Deus Pai" (Cl 3.17). A condição do crente para realizar ou deixar de realizar algo decorre da 
autoridade que lhe foi conferida pelo Nome de Jesus. Assim, quando o cristão se vê na contingência 
de tomar uma decisão, de ordem espiritual, ou humana, pode muito bem concluir pela ação ou não, 
se puder realizá-la no nome de Jesus, conforme orienta o apóstolo Paulo aos irmãos colossenses. 
 
O princípio do fazer para o Senhor 
"E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens" (Cl 3.23). Diante de 
uma atitude, de uma decisão, devemos indagar: "Estamos agradando a Deus a Deus ou aos 
homens?" Estamos fazendo, de todo o coração, ao Senhor?"A resposta deve ser honesta, 
consultando, não ao coração, mas à Palavra de Deus. 
 
O princípio do respeito ao irmão mais fraco 
"Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos. Porque, se alguém te vir a 
ti, que tens ciência, sentado à mesa no templo dos ídolos, não será a consciência do que é fraco induzida a 
comer das coisas sacrificadas aos ídolos? e, pela tua ciência, perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu. 
Ora, pecando assim contra os irmãos e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo. Pelo que, se o 
manjar escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize". 
 (I Co 8.9-13) 
 
 Desse modo, a questão, segundo o princípio da certeza

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