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Tomo III Psicologia integrada

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Material Específico – Psicologia – Tomo III – CQA/UNIP
	Material Específico – Psicologia – Tomo III – CQA/UNIP
PSICOLOGIA
MATERIAL INSTRUCIONAL ESPECÍFICO
VERSÃO DO ALUNO
Tomo III
SUMÁRIO 
	
	Página
	Questão 1 – Sobre a loucura
	3
	Questão 2 – DSM-IV e a classificação das perturbações mentais
	5
	Questão 3 – Resiliência
	8
	Questão 4 – Estudos Interculturais sobre a loucura
	11
	Questão 5 – Rompimento de identidade profissional 
	13
	Questão 6 – Psicologia Organizacional e do Trabalho
	16
	Questão 7 – Gestão de Pessoas
	20
	Questão 8 – Psicologia Organizacional diante das DORT 
	22
	Questão 9 – Memória
	25
	Questão 10 – Memória
	28
	Questão 11 – Bases neurais das emoções
	31
	Questão 12 – Bases neurais das emoções – doença de Urbach-Wiethe
	34
	Questão 13 – Fatores hereditários e ambientais da inteligência
	37
	Questão 14 – Esquizofrenia em gêmeos – hereditariedade X ambiente
	40
	
	
Questão 1
Questão 1[1: Questão 23 – Enade 2009.			]
Leia o trecho abaixo: 
Mesmo pacientes que seriam considerados psiquiatricamente bastante comprometidos pela ciência acadêmica vigente podem viver num clima de liberdade, de autonomia e de consideração mútua, dependendo apenas de que se lhes respeite a condição de seres humanos. Não se trata absolutamente de tingir a loucura com cores românticas: sem dúvida, são pessoas que vivem experiências difíceis, doloridas, dilacerantes, experiências que, na maior parte das vezes, não encontram uma alocação possível na esfera gregária do sujeito e que resistem às formas de comunicação pelos códigos partilhados. Mas que, nem por isso, são menos humanas, menos passíveis de reconhecimento e de solidariedade. 
 NAFFAH NETO, A. O estigma da loucura e a perda da autonomia (s/d).
Essa concepção de saúde e de doença mental é identificada em qual abordagem? 
Em uma abordagem analítica, deve-se promover um trabalho de denúncia da ideologia, ligada ao tratamento da loucura e sua manifestação na família em todos os fóruns sociais, dentro e fora do contexto territorial em que a estigmatização do paciente ocorre. 
Em uma abordagem que defenda o fim do internamento do paciente, o qual rompe com as jaulas farmacológicas e terapêuticas que acorrentaram os doentes mentais na história; logo, o fim do uso de psicofármacos e a liberdade sem restrições estão postos para o século XXI. 
Na perspectiva biopsicossocial, em que o sofrimento mental é compreendido como instância produtora de novos sentidos, recupera-se a experiência do portador como um dado de crítica social e aspectos neuropsicológicos. 
Naquela em que o tratamento moral deve ceder pouco a pouco seu lugar para as terapêuticas medicamentosas e psicoterápicas, pois a abordagem deve ser por etapas e acompanhada por diferentes instrumentos de avaliação. 
Naquela em que se deve trabalhar com a tensão entre um conceito de saúde, como o bem-estar biopsicossocial e as suas possibilidades efetivas de realização nas condições concretas dos indivíduos e dos grupos sociais, na busca de garantir a humanidade e a dignidade das pessoas em condição de sofrimento psíquico, apostando na potencialidade humana do paciente. 
1. Introdução teórica
 
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência
Sobre a loucura
Naffah Neto propõe a adoção de uma postura compreensiva diante de sujeitos considerados gravemente comprometidos do ponto de vista psiquiátrico. A postura a ser adotada diante da loucura, segundo sua proposta, é a de reconhecimento da possibilidade de inserção social das pessoas portadoras de sofrimento psíquico, postura essa contrária à do conformismo diante de formas de exclusão como as internações, as dependências medicamentosas e até mesmo o abandono.
Naffah defende uma abordagem inclusiva, que considere tanto a dimensão biológica quanto a social, enfatizando a necessidade de humanizar e aceitar a loucura. Embora não menospreze o sofrimento intenso a que esses sujeitos estão submetidos, nem desconsidere as dificuldades por eles enfrentadas diante das exigências do convívio em grupo, defende o direito que tais pessoas têm de serem tratadas com respeito e dignidade.
2. Indicações bibliográficas 
AMARANTE, P. Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2007.
AMARANTE, P. Asilos, Alienados, alienistas: uma pequena história da psiquiatria no Brasil. In: AMARANTE, P. Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994.
DESVIAT, M. A reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1999.
PITTA, A. Reabilitação Psicossocial no Brasil. 3. Ed. São Paulo: Hucitec, 2010.
Questão 2
Questão 2[2: Questão 22 – Enade 2006.]
Paulo, bancário, 21 anos, procura um serviço de saúde mental, encaminhado pelo médico do banco. Na entrevista de triagem, relata que, em seu trabalho, os colegas estão sempre olhando para ele, fazendo comentários jocosos a seu respeito, o que ele percebe pelo jeito como eles olham e dão risadas às vezes. Não sabe o porquê desta atitude deles, pois antes eram amigos e até costumavam sair todos juntos. Suspeita que, talvez, tenha sido pelas mensagens que andou recebendo pelos jornais e pelo rádio. Eram mensagens cifradas a respeito de sua pessoa que só ele conseguia entender. Outro dia, no banco, estava tentando ouvir a notícia no rádio, mas ninguém conseguia ouvir nada. Aí foi levado ao médico do banco que achou que ele estaria estressado e o encaminhou para este hospital.
Se você estivesse fazendo essa entrevista de triagem, qual seria a hipótese diagnóstica e o encaminhamento mais coerente, de acordo com os critérios propostos pelo DSM−IV?
Transtorno de personalidade borderline e psicoterapia individual.
Transtorno depressivo maior recorrente e internação psiquiátrica.
Transtorno obsessivo-compulsivo e psicanálise.
Transtorno psicótico e avaliação psiquiátrica.
Transtorno narcisista de personalidade e psicoterapia em grupo.
1. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência
 
DSM-IV e a classificação das perturbações mentais
O termo DSM IV (ou DSM-IV) é a abreviatura de Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - Fourth Edition (Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais - Quarta Edição), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) em Washington (1994). Correspondendo à quarta versão do DSM, é a principal referência de diagnóstico para os profissionais de saúde mental de diversos países, entre os quais o Brasil.
Recortamos para descrição os seguintes transtornos: (1) de personalidade borderline; (2) depressivo maior recorrente; (3) obsessivo-compulsivo; (4) psicótico; e (5) narcisista de personalidade.
Transtorno de Personalidade Borderline
Esse transtorno é identificável a partir de um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem e nos afetos, e acentuada impulsividade. Os indivíduos que apresentam esse transtorno fazem esforços frenéticos para evitar um abandono real ou imaginado. Ao perceberem uma separação ou rejeição iminente, ou uma perda da estrutura externa, ficam sujeitos a profundas alterações de autoimagem, de afeto, cognição e comportamento. Podem supor que o "abandono" ou a “rejeição” advém do fato de serem "maus". Seus esforços frenéticos para evitar tais situações podem incluir ações impulsivas, tais como comportamentos suicidas e de automutilação.
Transtorno Depressivo Maior Recorrente – Episódio Depressivo Maior
A principal característica de um episódio dessa natureza é o humor deprimido ou uma perda generalizada de interesse por período nãoinferior a duas semanas. Em crianças e adolescentes a irritabilidade pode substituir a tristeza. A confirmação desse diagnóstico é feita a partir da identificação de pelo menos quatro sintomas adicionais dentre os seguintes: alterações de apetite ou peso; perturbações do sono e da atividade psicomotora; redução da energia; sentimentos de menos valia e culpa; dificuldade para pensar, concentrar-se, tomar decisões; pensamentos recorrentes sobre morte; ideação suicida, planos ou tentativas de suicídio.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo
As principais características desse transtorno são obsessões e compulsões suficientemente severas para causar sofrimento e prejuízos: a pessoa reconhece que elas são excessivas e irracionais. Obsessões são ideias, pensamentos, impulsos ou imagens persistentes, vivenciados como intrusivos e inadequados, causadores de ansiedade e sofrimento. Compulsões manifestam-se através de comportamentos repetitivos, como por exemplo lavar as mãos continuamente; ordenar, verificar, orar, contar, repetir palavras em silêncio, com o objetivo de prevenir ou reduzir a ansiedade e o sofrimento.
Transtorno Psicótico
Trata-se de um transtorno com sintomas psicóticos que, no entanto, não satisfaz os critérios de diagnóstico de um transtorno psicótico específico. Em outras palavras, essa categoria inclui uma sintomatologia psicótica - delírios, alucinações, discurso e comportamento desorganizados, catatonia, sem, no entanto, reunir informações suficientes para a realização de um diagnóstico específico. Por exemplo, o paciente pode estar sofrendo, na ausência de quaisquer outros sinais de psicose, alucinações auditivas persistentes ou delírios não-bizarros persistentes com períodos de episódios de humor sobrepostos.
Transtorno de Personalidade Narcisista
A característica principal desse transtorno é o padrão de grandiosidade que se estabelece gerando necessidade de admiração e dificuldade para estabelecer empatia. Os indivíduos com esse transtorno experimentam um sentimento grandioso a respeito da própria importância: superestimam as próprias capacidades e exageram as próprias realizações. Frequentemente parecem presunçosos e arrogantes. Podem presumir que os outros atribuem o mesmo valor a seus esforços e se surpreendem ao não receberem o louvor que esperam e julgam merecer. Essas pessoas tecem fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, beleza e amor ideal.
 
2. Indicações bibliográficas
DSM-IV Online. Manual de Diagnóstico e Estatística das perturbações Mentais. Disponível em: <http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/>; <http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php. Acesso em: 05 de mai. 2010.
Questão 3
Questão 3[3: Questão 25 – Enade 2009.			]
Estudos sobre um construto chegaram às seguintes conclusões: 
A fragmentação do núcleo familiar, o baixo grau de instrução e o prévio histórico de internação psiquiátrica são preditores de estresse pós-traumático. 
A ousadia protege, na exposição ao estresse extremo, e tem três dimensões: a motivação para encontrar sentido no cotidiano; a crença em poder influenciar o entorno e os resultados dos eventos; e a crença em poder aprender e crescer a partir das experiências. 
A caracterização de um evento como traumático não depende somente do estímulo estressor, mas, entre outros fatores, da tendência do processamento perceptual do indivíduo. 
Eventos traumáticos em si não são determinantes isolados ou exclusivos do desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. 
Tais descobertas relacionam-se a estudos sobre 
A. agressividade. 
B. processos cognitivos. 
C. processos grupais. 
D. resiliência. 
E. dissonância cognitiva. 
1. Introdução teórica
 
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência
Resiliência
No final da década de 1990 surgiu nos Estados Unidos um movimento que denunciava a excessiva preocupação da Psicologia com aspectos patológicos e com desvios da chamada normalidade, propondo que os estudos dessa ciência enfatizassem seus aspectos “saudáveis” e “positivos”, em vez das patologias. Protagonizado por Martin Seligman, então presidente da American Psychological Association, o movimento da chamada Psicologia Positiva dedicou-se à investigação de alguns fenômenos indicadores de uma “vida saudável”, dentre os quais a resiliência. Estudos sobre esse construto procuram responder às seguintes questões: o que faz com que alguns indivíduos submetidos a eventos potencialmente estressores desenvolvam patologias, enquanto outros, diante dos mesmos eventos, mostram-se capazes de superar as adversidades? Relativamente ao desenvolvimento humano, a Psicologia Positiva pergunta: quais fatores individuais, familiares e sociais favorecem a obtenção de resultados positivos?
O termo “resiliência”, utilizado originalmente nas ciências exatas, refere-se à capacidade que alguns materiais possuem de retomarem sua forma original ao cessar a ação das forças que os estavam deformando. Em Psicologia, o conceito indica a habilidade de superar adversidades, ou seja, o modo utilizado para superar eventos potencialmente estressantes. 
Embora haja alguma divergência na definição do termo, os autores geralmente concordam em relacionar resiliência a processos de natureza social e psíquica que garantem o desenvolvimento sadio, mesmo em contextos pouco satisfatórios. 
A resiliência resulta da interação entre fatores de risco, tais como exposição a situações adversas, abuso sexual, guerras, desemprego, morte e perdas, e fatores de proteção, que atuam no sentido de amenizar suas consequências negativas. Os fatores de proteção dependem de características pessoais, como empatia, autoeficácia, assertividade, habilidades sociais, comportamento dirigido para metas e habilidades para resolver problemas; condições familiares, como qualidade das interações, estabilidade, coesão e assertividade dos pais; e redes ambientais de apoio – como ambientes tolerantes aos conflitos, reforçadores positivos e limites definidos. 
Além dos fatores de risco e de proteção, as estratégias de enfrentamento (coping) também são importantes para a compreensão da capacidade de resiliência de um indivíduo. Essas estratégias de enfrentamento referem-se aos esforços cognitivos e comportamentais realizados pelo indivíduo para reduzir a sensação de desconforto decorrente de situações percebidas como estressantes.
Conhecimentos advindos de estudos sobre resiliência podem ser utilizados para a compreensão de grupos sociais, aí incluídos os familiares das pessoas expostas aos fatores de risco. 
2. Indicações bibliográficas
BARLACH, L. O que é resiliência humana? Uma contribuição para a construção do conceito. Dissertação (Mestrado). Instituto de Psicologia. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.      
OLIVEIRA, M. A. et al. Resiliência: análise das publicações no período de 2000 a 2006. Psicol. Cienc. Prof.,  Brasília, v. 28, n. 4, dez. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932008 000400008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 17 de set. 2010.
Pesce, R. P. et al. Risco e proteção: em busca de um equilíbrio promotor de resiliência. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 20 (2), 135-143, 2004.
Questão 4
Questão 4[4: Questão 29 – Enade 2006.			]
Em relação à loucura, considere as afirmações abaixo.
A concepção da loucura é universal, mesmo em contextos culturais diversos como no sul da África ou no Norte dos Estados Unidos, o que é mais uma prova da universalidade explicativa dos fenômenos psicológicos.
A loucura não seria necessariamente uma entidade passível de ser definida em si mesma, pois a marca da cultura atravessa qualquer fenômeno humano.
Loucura, psicose e doença mental são concepções coincidentes, apenas advindas de campos do saber distintos.
Para afirmar sobre pessoas oriundas de contextosdistintos, a Psicologia deve privilegiar estudos interculturais acerca da loucura.
É correto APENAS o que se afirma em:
I e II.
I e III.
II e III.
II e IV.
III e VI.
1. Introdução teórica 
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) 
Estudos interculturais sobre a loucura
 
O conceito de loucura (doença mental grave) acha-se intimamente relacionado com a representação de saúde, doença e cura de cada grupo sociocultural. Varia, pois, em conformidade com os valores próprios de cada grupo e os tratamentos e intervenções utilizados dependem do entendimento que se tenha da loucura. As representações de louco e de loucura, apesar de serem geograficamente localizadas e construídas ao longo de processos históricos, tendem a ser mantidos e reproduzidos pelos próprios profissionais de saúde mental. Disso decorre que novas propostas de intervenção esbarram na condição já estabelecida e já “consagrada” de práticas de interação terapêutica que, apesar de socioculturalmente localizadas, são consideradas universais.
Michel Foucault, ao publicar A história da loucura (1978), enfatizou que a loucura, como todas as demais experiências individuais e coletivas, é uma produção social e histórica. Para entender a loucura no mundo ocidental, por exemplo, é preciso analisar o modo pelo qual a modernidade se constituiu, enquanto forma de pensamento e de organização social, e como criou sua maneira particular de lidar com a loucura como fenômeno humano e social.
A concepção da loucura não é, pois, universal: ela varia de contexto para contexto. O modo pelo qual a loucura é compreendida numa sociedade tradicional africana, por exemplo, é bastante distinto daquele pelo qual é compreendida numa cidade europeia. Daí, a necessidade de realizar estudos interculturais para melhor compreendê-la.
2. Indicações bibliográficas
 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico de transtornos mentais DSM-IV-TR. Porto Alegre: Artmed, 2002. 
BASAGLIA, F. A instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico. Rio de Janeiro: Graal, 1985.
FOUCAULT, M. História da loucura na idade clássica. São Paulo: Perspectiva, 1979.
TUNDIS, S. A.; COSTA, N. R. (Orgs.). Cidadania e loucura. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. 
Questão 5
Questão 5[5: Questão 28 – Enade 2006.			]
Um profissional é contratado por uma organização para trabalhar em sua área de formação, mas a gestão da mesma demite alguns funcionários das mais variadas especialidades para redução de custos e não faz substituições. Em várias situações, esse profissional se vê obrigado a realizar atividades, muitas das quais extremamente específicas e que requisitam competências técnicas muito particulares, para as quais não está preparado. Embora discorde dessa situação, não reclama porque, apesar de sofrer com a possibilidade de erros e falhas cruciais para o funcionamento e para a produção organizacional, necessita do emprego e vê valorizado o discurso da multifuncionalidade pela gestão organizacional.
Como podemos explicar a situação acima descrita?
A necessidade do aumento da produtividade nas organizações gerou a flexibilização do trabalho, rompendo com as identidades e papéis profissionais definidos.
Cada vez mais a sociedade exige uma formação profissional generalista e uma construção identitária híbrida, reforçando a criatividade humana.
A flexibilização do trabalho possibilitou uma evolução psicossocial significativa ao romper com as identidades profissionais definidas extremamente estruturantes para os indivíduos.
As fronteiras profissionais estão cada vez mais tênues, assim como os países não têm mais identidade nacional própria, em função do processo homogeneizante da globalização, o que é desestruturante para os indivíduos.
A globalização produz processos de socialização geradores de personalidades e identidades simultâneas múltiplas, que são uma evolução psicossocial significativa.
Introdução teórica 
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia)
Rompimento de identidade profissional
Atividades multifuncionais podem ser definidas como aquelas compostas por diversas especialidades, tendo por base habilidades e competências diversas ou “um conjunto de tarefas que incorpora outras especialidades profissionais não pertencentes originalmente ao empregado, ambas exigindo (re)qualificação para o novo trabalho.” (AGRA, 2000, p. 3-4).
De acordo com Agra (2000), o desenvolvimento da multifuncionalidade acha-se relacionado à estruturação das organizações industriais e ao fenômeno da reestruturação produtiva, cujo principal objetivo é de ordem econômica: redução de custos operacionais e de mão de obra. 
Todo processo de formação profissional implica na construção de esquemas referenciais de leitura e manipulação da realidade. A concepção de mundo – explícita ou implícita – que motiva as atitudes profissionais frente a determinados fenômenos e uma escala de valores, que se reflete no modo particular de agir, próprio de cada atividade, compõem a identidade profissional, cujos contornos são bem definidos. Associa-se a essa definição identitária a expectativa de complementaridade de papéis profissionais. 
No entanto, o discurso vigente sobre multifuncionalidade - inserção do trabalhador nos diversos segmentos que compõem a organização visando à sua participação em todo o processo de controle da produção - rompe com identidades e papéis profissionais definidos, produzindo desalojamentos e gerando inseguranças. Processos de exclusão são favorecidos por uma dupla demanda: ao mesmo tempo em que se exige uma capacitação específica associada a uma formação generalista, exigem-se habilidades e competências até então não desenvolvidas.
Indicações bibliográficas
AGRA, C. C. Análise das ações mediadoras existentes em um processo de reestruturação da produção na indústria petroquímica. Portal de Periódicos UNIFACS: Gestão e Planejamento, Salvador, v. 1, n. 2, 2000. Disponível em: <http://www.revistas.unifacs.br/index.php/rgb/article/viewFile/141/ 143> Acesso em: 21 de out. 2010.
CASTELHANO, L. M. O medo do desemprego e as novas organizações de trabalho. Psicologia e Sociedade, abr. 2005, v. 17, n. 1, p. 14-20.
CB 25 – Comitê Brasileiro de Qualidade. Disponível em: <http://200.20.212. 34/cb25i/dados_estat.asp?Chamador=CB25&tipo=> Acesso em: 15 de dez. 2008.
MIRANDA, A. R. A. et al. Uma proposta teórico-reflexiva acerca dos paradoxos presentes nos modelos de gestão da qualidade. Revista de Administração da UNIMEP, Piracicaba, v. 8, n. 1, p. 62-83, fev.-abr. 2000. Disponível em:<http://www.raunimep.com.br/ojs/index.php/regen/article/viewFile/118/418>. Acesso em: 21 de out. 2010.
Questão 6
Questão 6[6: Questão 33 – Enade 2006.]
A Psicologia Organizacional e do Trabalho, com seus mais de 100 anos de atuação, tem procurado se desenvolver e acompanhar as transformações do mundo social, do mundo do trabalho, das organizações e da própria Psicologia, mas tem enfrentado, principalmente, problemas éticos e políticos, que se misturam e se interpenetram, impossibilitando, muitas vezes, o exercício pleno das atividades do psicólogo organizacional e do trabalho.
Esse exercício fica prejudicado pela
tentativa inadequada de transformar o campo das estratégias e políticas organizacionais, antes exclusivas da cúpula diretiva, em uma área de análise e intervenção da Psicologia Organizacional e do Trabalho.
falta de desenvolvimento técnico e de neutralidade científica na atuação do psicólogo organizacional e do trabalho.
utilização indiscriminada de pesquisa como instrumento de ação do psicólogo organizacional e do trabalho.
dificuldade em auxiliar no aumento da produtividade das organizações através de suas ações sobre os funcionários.
falta de reconhecimento das implicações políticas do papel do psicólogo organizacional e do trabalho, aceitação dessa tarefa e desenvolvimento de estratégias que levem em conta essa situação.
1. Introduçãoteórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação 
Psicologia Organizacional e do Trabalho 
Como profissional de saúde, o psicólogo deverá ser capaz de acompanhar e responder às demandas sociais e políticas pela melhoria da qualidade de vida no trabalho (ZANELLI et al, 1994, p. 172).
A Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT) tem por objeto de estudo as relações entre homem e trabalho. Segundo a revista Diálogos (2007, p. 24), os conhecimentos sobre a conduta humana obtidos pela Psicologia no século XIX e o conjunto de técnicas desenvolvidas em prol do bem-estar dos indivíduos foram adotados pelas corporações industriais.
A história da POT teve início em 1913, ocasião em que Frederick Taylor realizou projetos de ambientes e sistemas capazes de maximizar a eficiência do trabalho humano, visando ao aumento de produtividade. Nas décadas de 1920 e 1930 foram desenvolvidas investigações sobre a influência de fatores ambientais na produtividade, segundo o viés behaviorista. No final dos anos de 1950 começaram a ser valorizados os fatores psicológicos, passando a ser reconhecida a associação entre características pessoais e produtividade. Nas décadas de 1970 e 1980 as questões humanistas passaram a dominar os estudos de POT, denotando um aumento de preocupação com a humanização do trabalho e a satisfação dos trabalhadores. A partir dos anos de 1990 ocorreram rápidas mudanças: novos avanços tecnológicos; fortalecimento do processo de globalização; ritmo intenso determinado pela era digital; aumento da competitividade no mundo corporativo; valorização das tarefas de liderança e de busca criativa de soluções. Tais mudanças determinaram a exigência de constante atualização da psicologia organizacional e do trabalho em meio a um mercado altamente competitivo. 
Ao longo desse transcurso histórico as exigências relativas à ação do psicólogo organizacional também foram se transformando: da exigência inicial, de contribuir para o aumento da produtividade, passou-se a exigir que colaborasse para promover um ambiente que, além de produtivo, fosse saudável. O ambiente de trabalho deve ser capaz de contemplar tanto as necessidades do empregado como os interesses da organização. Os anos 2000 trouxeram ao psicólogo a oportunidade de atuar como agente de mudanças, dele se esperando participação no planejamento de políticas e estratégias de negócios e dos recursos humanos e assessoria aos diversos níveis hierárquicos para colaborar com o alinhamento das necessidades organizacionais e individuais. (KANAN, 2010, p. 1)
Atualmente se espera do psicólogo organizacional que fundamente sua prática no 
entendimento do fenômeno psicológico nas organizações obtido a partir do envolvimento dos diferentes âmbitos de análise e de intervenção: o técnico, o estratégico e o das políticas globais da organização. (KANAN, 2010, p. 1). 
Cabe ressaltar ainda que a questão relativa à prática do psicólogo organizacional e do trabalho se insere num contexto mais amplo de debates: os relativos à qualificação da prestação de serviços psicológicos e às medidas a serem adotadas para a construção de políticas públicas e para a ampliação da presença da Psicologia nos mais diversos espaços. Visando esse objetivo foi lançado em 27 de agosto de 2005 o Centro de Referência Técnica de Psicologia e Políticas Públicas, que organiza, sistematiza e produz referências para os psicólogos atuarem em políticas públicas. Além disso, serve para adequar as expectativas dos gestores em relação aos serviços e contribuições profissionais dos psicólogos.
2. Indicações bibliográficas
BOCK, A. Discurso de Abertura. Em debate. Disponível em: <http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/debates/direitos_humanos/direitos_humanos_051111_0145.html>. Acesso em: 12 de nov. 2011.
DIÁLOGOS. Uma história de desafios. Brasília: Sistema Conselhos de Psicologia, v. 4, n. 5, dez. 2007.
KANAN, L. A.; AZEVEDO, B. M. de. O que é indispensável atualmente na formação do psicólogo organizacional. Psicologia para a América Latina: Revista Eletrônica Internacional de La Unión Latinoamericana de Entidades de Psicologia, n. 19, de mai. 2010. Disponível em: <http://www.psicolatina.org/ Siete/organizacionales.html>. Acesso em: 27 de ago. 2010.
MALVEZZI, S.; CODO, W. Os rumos da Psicologia Organizacional e do Trabalho no Brasil. Diálogos. Brasília, v. 4, n. 5, p. 28-31, 2 dez. 2007.
ZANELLI, J. C. et al. Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. Movimentos emergentes na prática dos psicólogos brasileiros nas organizações de trabalho: implicações para a formação. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994. Disponível em:<http://books.google.com.br/books?hl=ptBR&lr=&id=JercsayabIgC&oi=fnd&pg=PA101&dq=ZANELLI,+J.+C.++O+psic%C3%B3logo+nas+organiza%C3%A7%C3%B5es+de+trabalho&ots=O66J2wqxDZ&sig=wPeb-ZZiojl688WuE_k9ZOk_zhA#v=onepage&q&f=true>. Acesso em: 27 de ago. 2010.
Questão 7
Questão 7[7: Questão 33 – Enade 2009.			]
Leia o trecho abaixo: 
O conceito de teoria implícita de organização reporta-se ao conjunto de ideias, crenças e valores sustentados pelos atores acerca de como devem ser as relações envolvidas nos contratos entre indivíduos e organização. A exaustão do sistema clássico de administração de recursos humanos e a ascensão de um modelo de gestão de pessoas, apoiados em novos valores, coincidem com a expansão dos estudos na área da ciência da cognição. O modelo Agency-Community articula duas concepções, tradicionalmente opostas acerca dos processos de gestão de pessoas nas organizações. A noção de Agency defende a habilidade de os atores tomarem decisões e agirem de acordo com seus interesses, tendo no empreendedor autônomo o seu protótipo; já a noção de Community enfatiza uma maior participação e interdependência dos atores. 
BASTOS, A. V. B. et al, 2007 (adaptado).
Qual é a contribuição desse modelo para o campo da psicologia organizacional? 
Aborda perspectivas individuais e sociais, em uma visão de gestão de pessoas que orienta a distinção entre o público e o privado. 
Combina reatividade e proatividade de atores que estão no comando ou na execução da tarefa como competidores. 
Inova na compreensão de aspectos considerados antagônicos, por enfatizar o papel do líder como dialeticamente articulado às demandas do mercado. 
Pretende demonstrar a possibilidade de se conciliarem modelos de gestão caracterizados como opostos, irredutíveis e inarticuláveis. 
Renova olhar sobre a psicologia organizacional, após a exaustão das práticas tradicionais pelo modelo taylorista da gestão do trabalho.
 
1. Introdução teórica
 
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação 
Gestão de Pessoas
De acordo com Granjeiro (2006), as transformações advindas da globalização da economia, da revolução tecnológica e da velocidade das comunicações exigiram um novo modelo de gestão de pessoas, que passou a incluir a maior participação dos empregados nas tomadas de decisão e uma ação cooperativa e conjunta entre eles e dirigida à coletividade.
Assim, a política de gestão de pessoas no atual cenário econômico deve integrar práticas individuais e coletivas, práticas essas que no modelo tradicional de recursos humanos disputavam a hegemonia e eram consideradas antagônicas.
As práticas de cunho individualista referem-se ao empregado como empreendedor autônomo, enquanto as de cunho coletivista referem-se ao empregado comprometido com a tarefa e com a organização. A autora esclarece que Rousseau e Arthur (2009) denominam de agency, as primeiras e de community, as demais.
	No mercado globalizado atual, a aplicação dessas duas práticas, antes consideradas antagônicas, é considerada imprescindível para a sobrevivência da organização.
(...) ao mesmo tempo em que a organização carece deindivíduos pró-ativos, capazes de tomar decisões e que assumem para si a responsabilidade de desenvolver suas carreiras, ela também carece de indivíduos que assumam os objetivos da organização como seus e que sejam comprometidos com ela. (GRANJEIRO, 2006, p. 15-16).
2. Indicações bibliográficas 
GRANJEIRO, R. R. Modelo de gestão Agency-Community: Proposta de instrumento para mapear a percepção dos trabalhadores. 2006. 154 f. 2006. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Psicologia. Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.  Disponível em:<http://www.pospsi.ufba.br/Rebeca_Grangeiro.pdf>. Acesso em: 9 de nov. 2010.
ROUSSEAU, D; ARTHUR, M. The boundaryless human resource function: building agency and community in the new economic era. Organizational Dynamics, 27 (4), 2009.
Questão 8
Questão 8[8: Questão 34 – Enade 2009.			]
Uma empresa de Tecnologia da Informação identifica que os casos de Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT) estão gerando afastamentos de funcionários, o que compromete o gerenciamento organizacional. 
Qual intervenção deve ser realizada pelo psicólogo nessa organização? 
Identificar os funcionários afastados, realizar entrevistas individuais com foco na execução do trabalho, analisar e informar os aspectos prioritários para intervenção. 
Investigar, com funcionários afastados, os fatores organizacionais e pessoais envolvidos, buscando diferenciar problemas psicológicos individuais de problemas organizacionais, orientando a intervenção. 
Planejar a composição interdisciplinar da equipe para o diagnóstico, focalizando informações sobre número de funcionários envolvidos por atividades, por áreas de atuação, por grupos de trabalho, e caracterizar o problema. 
Planejar o encaminhamento dos casos para acompanhamento psicológico, propor e acompanhar intervenções de ergonomia no ambiente de trabalho, prevenindo futuros afastamentos. 
Realizar o diagnóstico, identificando variáveis contextuais, organizacionais, grupais e individuais; gerar dados e informações que orientem o planejamento e a avaliação da intervenção.
1. Introdução teórica
Práticas profissionais nos principais domínios de atuação do psicólogo priorizando as intervenções nos processos educativos, de gestão, de promoção de saúde, clínicos e de avaliação
Psicologia Organizacional diante das DORT
Doenças Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são doenças ocupacionais caracterizadas por dores em tendões, músculos, nervos, ligamentos e outras estruturas responsáveis pelo movimento dos membros superiores, costas, região do pescoço, ombros e membros inferiores. O aumento do número de registros dessas doenças levou pesquisadores a investigarem a relação entre tais doenças e a organização do trabalho. Nesse contexto o psicólogo do trabalho vem sendo convidado a atuar de forma preventiva e interdisciplinar:
(...) devem ser práticas voltadas prioritariamente para a prevenção, que demandam um trabalho político do profissional de Psicologia, no qual deve ser garantido o compromisso da instituição para implantar mudanças e transformar as situações de trabalho que impactam no processo saúde-doença. Elaborar essas ações preventivas implica construir uma solução de compromisso que garanta, não só a saúde e o bem-estar dos trabalhadores, mas a eficiência e eficácia dos serviços prestados pela instituição. (...). Ainda, vale ressaltar que a promoção da saúde no trabalho exige do profissional de psicologia uma atuação de natureza multiprofissional no campo físico, psicológico e social, constituída de parcerias intra e interorganizacional. (MAGNÓLIA, 2003, p. 1).
A autora destaca como possíveis práticas do psicólogo organizacional as seguintes: pesquisa para levantamento de dados com finalidade de identificar e contextualizar os fatores sociopsíquicos e ergonômicos que concorrem para o surgimento de patologias relacionadas ao trabalho; elaboração de estratégias voltadas para ações conjuntas, de caráter interdisciplinar e intersetorial, em unidades organizacionais da instituição, visando a transformar as condições de trabalho que contribuam para a redução dos casos de doenças ocupacionais e para a prevenção de riscos que estão na gênese da doença; intervenção nos diversos grupos ocupacionais e/ou setoriais da organização, oportunizando mudanças de percepção e atitude relativas aos riscos do trabalho para a saúde, previamente diagnosticados, instrumentalizando os trabalhadores para a gestão da organização do seu próprio trabalho.
2. Indicações bibliográficas
AZEVEDO, B. M. de; CRUZ, R. M. O processo de diagnóstico e de intervenção do psicólogo do trabalho. Revistas USP: Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 89-98, 25 de mai. 2006. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/cpst/v9n2/v9n2 a07.pdf>. Acesso em: 14 de dez. 2010.
BRASIL. Ministério da Saúde. Doenças relacionadas ao trabalho: Manual de procedimentos para os serviços de saúde. 2001. Capítulo 10 – Transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho. Disponível em: <http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/genero/livros.htm#d>. Acesso em: 14 de dez. 2010. 
FISIOWEB (Ed.). Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho. Disponível em: <www.fisioweb.com.br>. Acesso em: 14 de dez. 2010.
MAGNÓLIA, A. Trabalho em transição, saúde em risco e a prática da Psicologia Organizacional. Psicologia online, São Paulo, mai. 2003. Disponível em:<http://www2.pol.org.br/publicacoes/materia.cfm?Id=20&Materia=47>. Acesso em: 14 de dez. 2010.
Questão 9
Questão 9[9: Questão 19 – Enade 2006.			]
A memória e as emoções são estudadas, tanto através de técnicas psicológicas, quanto através de métodos das neurociências. A partir de estudos realizados nos últimos anos e relatados em revistas científicas especializadas, pode-se concluir que:
eventos desagradáveis são melhor lembrados do que eventos agradáveis, pois representam traumas rememorados obsessivamente.
as lembranças de intensa emoção, agradáveis ou desagradáveis, são melhor lembradas do que lembranças neutras.
a emoção e a memória não se relacionam, pois são controladas por regiões diferentes do cérebro.
eventos desagradáveis levam à formação de falsas memórias.
a memória depende mais da repetição dos eventos, ou da frequência de sua evocação, do que de seu conteúdo afetivo.
1. Introdução teórica
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Memória
Memória
A memória, processo psicológico envolvido na maioria das atividades humanas, ocorre em três etapas: codificação, armazenamento e recuperação. A codificação envolve a transformação de um estímulo físico (como um som ou uma imagem) em um código, que pode ser armazenado. O armazenamento refere-se à retenção desse código por períodos curtos ou longos. A recuperação diz respeito ao resgate e ao uso dessa informação. As etapas de codificação, armazenamento e recuperação ocorrem pelas intermediações bioquímicas, via neurotransmissores, e pela intermediação elétrica, via neurônios.
Evidências empíricas e experimentais apontam para o fato de haver relação entre as emoções e a memória. Toda memória é adquirida num certo estado emocional. As emoções estimulam a liberação de certas substâncias no cérebro, como a noradrenalina, a dopamina, a serotonina, a acetilcolina ou a beta-endorfina, que agem como moduladores da atividade cerebral, aumentando ou diminuindo a capacidade de resposta de certas ligações nervosas (sinapses), inclusive das responsáveis pela memória. 
Em que pese a diversidade de enfoques teóricos e metodológicos dos inúmeros estudos clínicos e experimentais sobre a relação entre estados emocionais e memória, com resultados ainda insatisfatórios em alguns aspectos, de maneira geral é possível afirmar que a memória é mais favorecida por certos níveis deemoção do que pela repetição dos eventos e frequência de evocação. Para o neurocientista Ivan Izquierdo (2004), armazenamos mais e melhor as informações e temos mais facilidade para recuperar memórias de alto conteúdo emocional.
Além disso, há um fenômeno denominado “dependência de estado”, em função do qual a memória é melhor quando o contexto, no momento da recuperação de dados, equivale ao contexto existente no momento da codificação (BOWER, 1981). Em termos neuro-humorais essa relação pode ser explicada pela repetição, no momento da evocação, do “ambiente” neuro-humoral específico presente no momento da formação da memória. 
Estudos recentes demonstram que o hipocampo é o principal elemento do sistema nervoso envolvido nos processos da memória, tanto na etapa de formação como na etapa de evocação. Como tendemos a relembrar situações emocionalmente desagradáveis, poderíamos supor que a memória dessas situações prevalece. No entanto, não é isso que as pesquisas têm demonstrado: situações emocionalmente carregadas, sejam elas agradáveis ou desagradáveis, são igualmente lembradas e sua memória prevalece sobre a de situações emocionalmente neutras. Pesquisas apontam para o fato de que observam-se mais falsas memórias quando as situações lembradas são desagradáveis, embora não haja uma relação causal entre a memória de situações desagradáveis e a produção de falsas memórias.
2. Indicações bibliográficas
 
BOWER, G. H. Mood and memory. American Psychologist. Washington, v. 36, n. 2, p. 129-148, 1981.
CAGNIN, S. Algumas contribuições das neurociências para o estudo da relação entre o afeto e a cognição. Estud. pesqui. psicol.,  Rio de Janeiro,  v. 8, n. 2, ago. 2008. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script= sci_arttext&pid=S1808-42812008000200023&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 22 de out. 2010.
IZQUIERDO, I. A arte de esquecer. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2004.
Pergher, G. K., Grassi-Oliveira, R., Ávila, L. M.; Stein, L. M. Memória, humor e emoção. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 28 (1), 5-12, 2005.   
SANTOS, R. F.; STEIN, L. M. A influência das emoções nas falsas memórias: uma revisão crítica. Psicol. USP,  São Paulo,  v. 19,  n. 3, set.  2008.   Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-51772008000300009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 19 de nov. 2010.
STEIN, L. M., FEIX, L. F., & ROHENKOHL, G. (2006). Avanços metodológicos no estudo das falsas memórias: Construção e normatização do procedimento de palavras associadas à realidade brasileira. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (2), 196-205, 2006.
Questão 10
Questão 10[10: Questão 19 – Enade 2009.			]
Leia o trecho: 
O estudo das falsas memórias é útil à expansão do conhecimento da memória em contextos laboratoriais, à psicologia clínica e a diversas áreas do saber que lidam com ela. As recentes investigações denotam que sugerir informações e forçar as pessoas a evocá-las pode aumentar a magnitude dos efeitos das falsas memórias.
ALVES, C. M., 2007 (adaptado).
Com base na leitura desse texto, considere as seguintes afirmativas: 
A memória é parte do complexo funcionamento do processo cognitivo e mostra-se mais que simples registro, revelando uma relação entre o recordar e a situação de interação. 
A recordação pode ser falseada quanto ao conteúdo pelo engajamento emocional com o entrevistador, que pode sugerir involuntariamente elementos facilitadores da lembrança reconstruída. 
O processo terapêutico pode evitar o surgimento de falsas memórias, pois o ambiente seguro garante a expressão emocional consistente do indivíduo, incluindo suas lembranças. 
A repetição da recordação de um episódio aumenta a fidedignidade da recordação, pois a experiência emocional permite afirmar que uma recordação é mais profunda e segura de que sua validade objetiva. 
Estão CORRETAS somente as afirmativas 
A. I e II. 
B. I e IV.
C. II e III. 
D. II e IV. 
E. III e IV.
 
1. Introdução teórica 
Fenômenos, processos e construtos psicológicos, entre os quais, processos básicos (cognição, motivação e aprendizagem), processos do desenvolvimento, interações sociais, saúde psicológica e psicopatológica, personalidade e inteligência. Produção de falsas memórias.
Memória
A memória é um processo psicológico básico, envolvido na maioria das atividades humanas. Temos uma grande capacidade de armazenar informações e de recuperá-las até muito tempo depois de elas haverem sido registradas em nosso cérebro. No entanto, em todas as fases do processo de memorização – codificação, armazenamento e recuperação – pode ocorrer falseamento. Em outras palavras, nem sempre nos lembramos das situações tal como ocorreram e nem sempre somos capazes de lembrar todos os detalhes percebidos no momento em que vivenciamos dada experiência. É possível dizer que o ato de lembrar envolve trabalho construtivo, sendo mais que um simples registro.
Entre as muitas variáveis que impedem a memória de ser um mero registro de ocorrências incluem-se as seguintes: o contexto ambiental em que ocorrem as diferentes fases do processo de memorização (recepção, codificação, armazenamento e recuperação); aspectos referentes à organização das informações a serem memorizadas; a interação entre o processo de memorização e outros processos psicológicos básicos (como percepção, atenção e emoção); fatores próprios da química cerebral (conjunto de neurotransmissores que modulam a atividade cerebral).
Falsas memórias consistem na recordação de eventos que na realidade não ocorreram ou na lembrança significativamente distorcida de eventos reais. As falsas memórias vêm sendo tema de discussão em diferentes áreas do conhecimento. A partir da década de 1990 houve um aumento significativo do número de publicações sobre o tema. Na área jurídica, por exemplo, estudos foram realizados para averiguar a precisão dos relatos de testemunhas. Na área da Psicologia Clínica, alguns teóricos passaram a discutir a capacidade de crianças ou adultos relatarem fidedignamente, em psicoterapia, ocorrências do passado.
De maneira geral, os estudos experimentais realizados para investigar a geração de falsas memórias utilizam um procedimento que consiste na memorização de listas de palavras associadas (por exemplo, cigarro, cinza, charuto, nicotina etc.) para posterior teste de reconhecimento. Os sujeitos experimentais, na etapa de reconhecimento, costumam afirmar, equivocadamente, que entre as palavras memorizadas achava-se incluída uma palavra crítica, capaz de traduzir a essência temática das palavras memorizadas – no exemplo, fumar – e que não integrava, de fato, a lista original. Evidências empíricas e experimentais permitem afirmar também que, embora haja uma tendência a lembrar melhor situações emocionalmente carregadas do que outras, desprovidas de emoção, a possibilidade de falseamento ocorre em ambos os casos.
2. Indicações bibliográficas 
HUANG, T. P.; JANCZURA, G. A. Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias. Psic.: Teor. e Pesq.,  Brasília,  v. 24,  n. 3, set.  2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid =S0102-37722008000300011&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 28 de mai.  2011.
ISQUIERDO, I. A arte de esquecer. Rio de Janeiro: Vieira e Lent, 2004.
Pergher, G. K.; Grassi-Oliveira, R.; Ávila, L. M.; Stein, L. M. Memória, humor e emoção. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 28 (1), 5-12, 2005.   
SANTOS, R. F.; STEIN, L. M. A influência das emoções nas falsas memórias: uma revisão crítica. Psicol. USP, São Paulo, v. 19, n. 3, set. 2008. Disponível em: <http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S1678-51772008000300009&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 19 de nov.  2010.
Stein, L. M.; Feix, L. F.; Rohenkohl, G.; Avanços metodológicos no estudo das falsas memórias: construção e normatização do procedimento de palavras associadas à realidade brasileira. Psicologia: Reflexão e Crítica, 19 (2), 196-205, 2006.
Questão 11
Questão11 [11: Questão 30 – Enade 2009.			]
Leia o seguinte texto: 
Evidências de pesquisas com neuroimagem identificam dois sistemas neurais responsáveis pelas diferentes etapas da geração e controle de estados afetivos. O sistema ventral é composto por circuitos envolvendo amídala, ínsula, corpo estriado ventral, regiões ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal. Tal sistema estaria relacionado às etapas de identificação do significado emocional de estímulos e de produção dos estados afetivos específicos. O sistema dorsal é composto pelo hipocampo, regiões dorsais do cíngulo anterior e pelo córtex pré-frontal. Tal sistema estaria relacionado à regulação dos estados afetivos, eliciando respostas comportamentais contextualmente apropriadas. O sistema ventral recebe aferências de áreas sensoriais primárias e de associação, e o dorsal está relacionado a mecanismos cognitivos, como memória e atenção. 
BUSATTO, G. et al, 2006 (adaptado).
Considerando-se a descrição desses mecanismos, é CORRETO afirmar que 
a autonomia do processamento neural ocorre em cada nível, pois as conexões sensoriais se dão a partir do sistema sensorial aferente. 
a complexidade da rede de interconexões entre os sistemas dorsal e ventral possibilita a modulação recíproca entre ativação emocional e contextualização da resposta comportamental. 
existe domínio dos aspectos cognitivos sobre os emocionais, uma vez que o sistema ventral pode modular o sistema dorsal. 
há independência entre os circuitos neurais da emoção e do processamento cognitivo, já que as conexões aferentes ocorrem primariamente no sistema ventral. 
o sistema dorsal controla o comportamento por meio de suas conexões com as aferências sensoriais, enquanto o sistema ventral suporta sua atividade. 
1. Introdução teórica 
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia). 
Bases neurais das emoções
	O desenvolvimento recente de técnicas de pesquisa em Neurofisiologia, entre as quais a neuroimagem, tornou possível a realização de estudos mais acurados de aspectos neurológicos das emoções. A partir dos resultados dessas pesquisas foi possível verificar que há uma complexa interação entre as áreas cerebrais envolvidas nos processos emocionais, cognitivos e homeostáticos, estes últimos relacionados à manutenção de constância no meio corporal interno. Diferentes estímulos térmicos, táteis, visuais, auditivos, olfativos e de natureza visceral (como as alterações da pressão arterial) partem de receptores e atingem diferentes regiões do encéfalo, por vias neuronais aferentes. Respostas adequadas a esses estímulos são por sua vez disparadas de determinadas áreas corticais e seguem por vias eferentes para diferentes partes do corpo, através de um refinado complexo funcional.
	Os resultados dos estudos de neuroimagem funcional – isto é, de imagens do cérebro durante a execução de determinadas tarefas – mostram que as principais áreas envolvidas na regulação do humor e na geração de emoções são o córtex pré-frontal dorsolateral e medial, o córtex órbito-frontal, a amídala, o cíngulo anterior, o corpo estriado e o córtex insular. Há evidências, inclusive, do fato de haver relação entre o processamento de emoções específicas e a ativação de certas áreas cerebrais. Assim, a porção subcalosa do giro do cíngulo parece estar relacionada à tristeza e a amídala parece estar envolvida no processamento do medo. 
	Pesquisas recentes têm procurado detalhar os diferentes elementos do processamento emocional, investigando as várias etapas desse processo: o reconhecimento do significado emocional de um estímulo, a emergência do estado afetivo propriamente dito, as alterações neurovegetativas associadas a esse significado e, por fim, a modulação da resposta comportamental apropriada. Os resultados apontam para a ocorrência de conexões recíprocas entre dois sistemas – o ventral e o dorsal. O sistema ventral, constituído por amídala, ínsula, corpo estriado ventral, regiões ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal, é responsável pela identificação dos estímulos recebidos através das vias aferentes das áreas sensoriais. O sistema dorsal, constituído por hipocampo, regiões dorsais do cíngulo anterior e córtex pré-frontal, regula os estados afetivos e gera respostas comportamentais adequadas ao contexto. 
A significativa massa de conhecimentos acumulados sobre o assunto mostra que uma intrincada rede de sistemas neurais, ativada em processos de modulação mútua, gera comportamentos, mecanismos cognitivos e emoções.
2. Indicações bibliográficas
BUSATTO, G. et al. Correlatos anatômico-funcionais das emoções mapeados com técnicas de neuroimagem funcional. Psicol. USP [online]. 2006, v. 17, n. 4, p. 135-157.
CAGNIN, S. Algumas contribuições das neurociências para o estudo da relação entre o afeto e a cognição. Estud. pesqui. psicol., Rio de Janeiro, v. 8, n. 2, ago. 2008.  Disponível  em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci arttext&pid=S1808-42812008000200023&lng=pt&nrm=iso>.Acesso em: 22 de out. 2010.
DAMÁSIO, A. R. O erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
ESPERIDIAO-ANTONIO, V. et al. Neurobiologia das emoções. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 35, n. 2, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielophp?script=sci_arttext&pid=S01010832008000200003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em:  01 de out. 2010.
GREENFIELD, S. A. O cérebro humano: uma visita guiada. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
 
Questão 12
Questão 12[12: Questão 30 – Enade 2006.]
Um paciente é portador de rara doença autossômica recessiva denominada Urbach-Wiethe. A amígdala dele encontra-se largamente danificada em cada um dos hemisférios cerebrais, mas não há lesões detectáveis no hipocampo ou no neocórtex temporal. Não demonstra deficiência motora ou sensorial significativa, déficits de inteligência, memória ou linguagem. No entanto, exposto à situação em que deve escolher uma dentre uma série de fotografias de expressões faciais de emoção, é capaz de identificar tristeza, desgosto e felicidade, mas não medo.
Com base nas informações acima, é correto afirmar que este caso
demonstra que o hipocampo, mas não a amígdala, exerce papel relevante para a experiência do medo em humanos.
sugere o importante papel das emoções em funções complexas do encéfalo, tais como reconhecimento, identificação e decisão.
torna claro que o sistema límbico é responsável pelas funções cognitivas superiores que envolvem processos de escolha. 
constitui a base para a classificação das emoções em níveis que se correlacionam com diferentes mecanismos neurofisiológicos.
 comprova que a emoção exerce grande influência sobre as faculdades cognitivas ligadas à memória, mas não à linguagem.
1. Introdução teórica 
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) 
Bases neurais das emoções – doença de Urbach-Wiethe
A doença de Urbach-Wiethe, também denominada lipoproteinose, é uma rara patologia, caracterizada por mineralização bilateral das amígdalas. Hereditária, muito rara e de causa desconhecida, vem sendo melhor estudada por dermatologistas, dado incluir sintomas dermatológicos. No entanto, trata-se de uma doença de interesse também de outras especialidades médicas, por apresentar correspondências no sistema nervoso central (SNC) e envolver o trato respiratório e o gastrointestinal. 
Pesquisadores dessa doença aportam evidências de que a amígdala exerce papel importante nas memórias declarativa não-verbal e visoespacial (ADOLPHS et al, 1999) relatam que a lesão bilateral da amígdala por U-W determina alterações nas expressões de medo. Isso significa que, embora o indivíduo afetado por essa doença seja capaz de reconhecer identidades das pessoas ao observar suas faces, ele possui uma incapacidade específica: não reconhece expressões faciais de medo. Ou seja, não percebe que uma pessoa está sentindo medo apenas por meio da observação de suaface. Pesquisas sugerem que as amígdalas talvez sejam requeridas também para a função de conectar particulares representações visuais de expressões faciais com a representação conceitual semântica de medo. Sugerem ainda que as amígdalas talvez estejam relacionadas com a capacidade de lembrar o que seja uma expressão facial de medo.
2. Indicações bibliográficas 
ADOLPHS, R.; RUSSELL, J. A.; TRANEL, D. A role for the human amygdala in recognizing emotional arousal from unpleasant stimuli. Psychological Science, 10:167. 1999. Disponível em: <http://pss. sagepub.com/content/10/2/167>. Acesso em: 16 de fev. 2011.
CAIXETA, L.; PÔRTO, W. G. Neuropsicologia e neuroanatomia das emoções. In: CAIXETA, L. (Org.). Demências: abordagem multidisciplinar. 1 ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2006.
PINTO, J. A. et al. Manifestações otorrinolaringológicas na Síndrome de Urbach-Wiethe (lipoproteinose). Brazilian Journal of Otorhinolaryngology (BJORL), v. 54, p. 57-59, abr.-jun. 2011. Disponível em: <http://www. bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1627>. Acesso em: 23 de jan. de 2011. 
PÔRTO, W. G. (Org.) et al. Emoção e Memória. São Paulo: Artes Médicas, 2006.
PÔRTO, W. G. et al. The paradox of age: an analysis of responses by aging Brazilians to International Affective Pictures System (IAPS). Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 33, p. 10-15, 2011.
Questão 13
Questão 13[13: Questão 31 – Enade 2006.			]
A busca de compreensão dos determinantes do comportamento instiga, há anos, os psicólogos e alimenta um antigo debate em torno da questão inato vs. aprendido (nature vs. nurture). Com relação a esse debate, estudos que relacionam medidas de inteligência em gêmeos mostram que os coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos dizigóticos, sobretudo na vida adulta. Esses resultados são coerentes com a afirmação:
o ambiente neutraliza o papel da hereditariedade na determinação da inteligência.
as medidas de inteligência em gêmeos monozigóticos distanciam-se na vida adulta.
a determinação genética desvincula-se da história de vida, ao tratar de inteligência.
as medidas de inteligência em gêmeos dizigóticos mantêm-se próximas na vida adulta.
a determinação genética exerce um evidente e mensurável papel na inteligência.
1. Introdução teórica 
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) 
Fatores hereditários e ambientais da inteligência
Um dos debates tradicionais da Psicologia diz respeito aos determinantes de características individuais. Historicamente, diferentes autores têm defendido posições favoráveis à prevalência de variáveis genéticas, ou de variáveis ambientais, na gênese e no desenvolvimento das diversas capacidades humanas.
Um delineamento de pesquisa bastante utilizado nas investigações que objetivam verificar o peso de variáveis genéticas nas habilidades cognitivas é aquele que avalia essas habilidades em gêmeos monozigóticos.
Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único espermatozoide, espera-se que todas as características humanas resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais nos dois indivíduos. Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua vez, da fecundação de óvulos diferentes por espermatozoides diferentes, são geneticamente tão semelhantes (e tão distintos) entre si, quanto qualquer par de irmãos nascidos de gestações independentes. 
Muitos estudos que relacionam medidas de inteligência em gêmeos buscam identificar se os coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos dizigóticos. Os índices de correlação positiva em gêmeos monozigóticos indicariam a participação da hereditariedade no desenvolvimento da inteligência, fato que seria corroborado pelos índices de correlação menores em gêmeos dizigóticos.
2. Indicações bibliográficas 
CALEGARO, M. M. Psicologia e Genética: o que causa o comportamento? Revista Cérebro & Mente, Campinas, dez. 2001. Disponível em: <http:// www.cerebromente.org.br/n14/mente/genetica-comportamental1.html>. Acesso em: 18 de fev. 2011.
DAL-FARRA, R. A.; PRATES, E. J. A Psicologia face aos novos progressos da genética humana. Psicol. cienc. prof.,  Brasília,  v. 24 (1), mar. 2004.   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932004000100011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  18 de fev. 2011.
MENDOZA, C. F. Introdução à psicologia das diferenças individuais. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
MORAIS, P. Estatística para psicólogos (que não gostam de números). São Paulo: ESETEC, 2008.
MOTTA, P. A. Genética Humana: aplicada à Psicologia e toda a área biomédica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
Questão 14
Questão 14[14: Questão 31 – Enade 2009.]
Leia o trecho:
Embora as estimativas variem, a taxa de concordância para esquizofrenia em gêmeos idênticos é ao redor de 50% e, para gêmeos dizigóticos, é da ordem de 12%, sendo significativamente maior que o 1% de risco da população geral... 
BARBOSA DA SILVA, R. C. 2006 (adaptado).
Considerando-se esses dados da pesquisa sobre a etiologia genética da esquizofrenia, é CORRETO afirmar que 
a esquizofrenia se deve ao acaso, já que a chance de um irmão monozigótico desenvolver o transtorno é de 50%, se o outro for portador. 
o ambiente pode proteger o indivíduo do desenvolvimento desse transtorno, uma vez que apenas 1% da população o desenvolve. 
o componente genético existe, mas também ocorre a participação do componente ambiental na esquizofrenia, pois 50% dos gêmeos monozigóticos desenvolvem o transtorno, se o outro for portador. 
o fato de 12% dos gêmeos dizigóticos desenvolverem igualmente o transtorno demonstra o peso dos fatores psicológicos familiares no transtorno. 
os resultados, ao variar em 50% para gêmeos monozigóticos, 12% para gêmeos dizigóticos e apenas 1% para a população em geral, demonstram a ausência de relação entre o ambiente e os fatores genéticos. 
1. Introdução teórica
Interfaces com campos afins do conhecimento (Neurociências, Sociologia, Antropologia, Filosofia) 
Esquizofrenia em gêmeos – hereditariedade X ambiente
Pesquisadores e estudiosos têm defendido posições favoráveis à prevalência de variáveis ou genéticas ou ambientais na gênese e no desenvolvimento das capacidades humanas e nos desvios da normalidade. Pesquisas realizadas com gêmeos monozigóticos e dizigóticos têm se mostrado úteis quando o objetivo é verificar o peso de variáveis genéticas e ambientais na constituição de uma habilidade ou de um comportamento desviante.
Visto que os gêmeos monozigóticos possuem a mesma constituição genética, resultante da divisão de um óvulo fecundado por um único espermatozoide, espera-se que todas as características humanas resultantes da herança genética devam se apresentar em níveis iguais nos dois indivíduos. Gêmeos dizigóticos ou fraternos, resultantes por sua vez da fecundação de óvulos diferentes por espermatozoides diferentes, são geneticamente tão semelhantes (e tão distintos) entre si quanto qualquer par de irmãos nascidos de gestações independentes.
Muitos estudos que comparam gêmeos buscam identificar se os coeficientes de correlação entre gêmeos monozigóticos são claramente mais elevados do que entre os gêmeos dizigóticos. Os índices de correlação positiva em gêmeos monozigóticos indicariam a participação da hereditariedade no desenvolvimento da inteligência, fato que seria corroborado pelos índices de correlação menores em gêmeos dizigóticos.
Como a esquizofrenia é considerada resultante de herança multifatorial, ou seja, determinada simultaneamente por fatores genéticos e ambientais, as pesquisas que possibilitam comparar taxas de concordância e de correlação entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos ajudam a determinar a extensão da influência genética sobre esse quadro psicopatológico. 
2. Indicaçõesbibliográficas
DSM-IV Online. Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais. Disponível  em:<http://www.psicologia.com.pt/instrumentos/dsm_cid/dsm.php>. Acesso em: 05 de mai. 2010.
JORDE, L. B et al. Genética Médica. 3. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
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