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CONCEITOSEM BIODIVERSIDADE parte 02

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Profa. Camila Penha Abreu Souza
Profa. Vera Lúcia Maciel Silva
Parte II 
UNIDADE 3 - Biodiversidade e Conservação ............................................................. 43
3.1 Conceitos Importantes em Biologia da Conservação ....................................................... 43
3.2 Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção ........................................................ 46
3.3 Espécies Exóticas Invasoras ....... ................................................................................................ 47
3.4 Fragmentação de Habitats ......................................................................................................... 50
3.5 Projetos Conservacionistas ......................................................................................................... 53
 3.5.1 Projeto Ararinha na Natureza .......................................................................................... 53
 3.5.2 Projeto TAMAR ...................................................................................................................... 56
Resumo ........................................................................................................................................................ 58
Atividades ................................................................................................................................................... 58
Referências ................................................................................................................................................. 59
UNIDADE 4 - Biodiversidade e Genética .................................................................... 61
4.1 Revelando a Biodiversidade Escondida .................................................................................. 61
4.3 Bioinvasões ....................................................................................................................................... 65
4.4 Sexagem ............................................................................................................................................ 66
4.5 Considerações ................................................................................................................................. 67
Resumo ........................................................................................................................................................ 68
Atividades ................................................................................................................................................... 69
Referências ................................................................................................................................................. 70
SUMÁRIO
PARTE 2
U
n
id
a
d
e
BIODIVERSIDADE E CONSERVAÇÃO
Diferenciar Preservação de Conservação;
Reconhecer os vários níveis de ameaça as espécies;
Identi�car os principais problemas envolvidos na 
introdução de espécies invasoras;
Identi�car as causas da fragmentação de hábitat e as 
suas consequências;
Compreender a atuação dos projetos de conservação 
da biodiversidade. 
Objetivos
“Mais do que simples espaços territoriais, os povos herdaram 
paisagens e ecologias, pelas quais, certamente são 
responsáveis, ou deveriam ser.” 
Aziz Ab’Sáber, Geólogo e Professor
A Biologia da Conservação é uma disciplina muito ampla que tem 
contribuído de forma valorosa na conservação da biodiversidade. 
Apresentamos nessa unidade os principais temas que são enfrentados 
pelos conservacionistas, assim como medidas para minimizar os danos 
causados pelas atividades humanas na biodiversidade.
3.1 Conceitos importantes em Biologia da Conservação
Os conceitos apresentados a seguir são de extrema importância 
para a biologia de conservação. Observe:
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA44
PRESERVAÇÃO: proteção a longo prazo das espécies, habitats e 
ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, em seu 
estado natural, sem interferência humana, independente de seu valor 
utilitário ou econômico (BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000);
CONSERVAÇÃO: proteção dos recursos naturais, a manutenção, a 
utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, 
para que possa produzir o maior benefício, de forma sustentável, às 
atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer às necessidades e 
aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres 
vivos em geral (BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000);
RESTAURAÇÃO: restituição de um ecossistema ou de uma população 
silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original 
(BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000);
RECUPERAÇÃO: restituição de um ecossistema ou de uma população 
silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser 
diferente de sua condição original (BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho 
de 2000);
SISTEMAS AGROFLORESTAIS: são formas de uso ou manejo da terra onde 
culturas agrícolas são plantadas reunidas a representantes de �orestas 
nativas (Figura 1);
Figura 1 - Exempli�cação de esquemas de Sistemas Agro�orestal
Banana 
Mandioca Pupunha
Milho 
Copaíba Andiroba
Mamão 
Café
Abacaxi Mogno 
Açaí
Nim
3m 3m
Fonte: Adaptada do site http://con�ns.revues.org/6778
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 45
ESPÉCIES BANDEIRAS: são espécies escolhidas como ícone ou 
símbolo de conservação de um ecossistema ou de sua própria 
espécie. São exemplos de espécies bandeiras no Brasil o   Mico-Leão 
Dourado  (Leontopithecus rosalia), o Muriqui-do-Sul (Brachyteles 
arachnoides) e a Onça-pintada (Panthera onca),  que representa a 
conservação do bioma Mata Atlântica (Figura 2);
Figura 2 - Espécies bandeiras para conservação da Mata Atlântica no Brasil
Fonte: http://www.wwf.org.br/informacoes/sala_de_imprensa/?40524/Conservao-de-Espcies#
ESPÉCIES GUARDA-CHUVA: são espécies que precisam de extensas áreas 
preservadas para sobreviver e se reproduzir, e conservando ela e seu 
habitat, indiretamente preserva-se outras espécies que convivem no 
mesmo ecossistema. A onça-pintada é um exemplo de espécie guarda-
chuva, pois a sua preservação e de seu habitat natural, protege outras 
espécies;
ESPÉCIES CARISMÁTICAS: são aquelas espécies que tem um apelo 
emocional no público em geral, que olhamos e dizemos que “fo�nho” 
ou “bonitinho”. Geralmente, as espécies-bandeiras são espécies 
carismáticas, que chamam a atenção do público para alguma causa 
ambiental. Um exemplo de espécie carismática é o panda-gigante 
(Ailuropoda melanoleuca), que de tão carismática foi escolhido como 
marca da WWF (World Wide Fund for Nature) (Figura 3).
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA46
Figura 3 - Logo da WWF - World Wide Fund for Nature (Fundo Mundial para a Natureza), 
ONG internacional que atua na conservação da biodiversidade
C
R
Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/World_Wide_Fund_for_Nature
3.2 Lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção
Como sabemos que uma espécie está ameaçada de extinção?
Utilizamos o método de classi�cação de grau de ameaça criado pela ONG 
suíça IUCN (sigla inglesa para União Internacional para a Conservação da 
Natureza e dos Recursos Naturais), em 1963. Esse método desenvolvido 
pela IUCN é utilizado internacionalmente e é a base para a elaboração do 
chamado “Livro Vermelho” das espécies ameaçadas de extinção, aqui no 
Brasil essa listagem é feita pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade 
– ICMBio, conforme Figura 4, a seguir: (FRANKHAM et al., 2008).
As espécies são classi�cadas em sete graus de ameaça: extinta, extinta 
na natureza, criticamente em perigo,vulnerável, quase ameaçada e 
pouco preocupante. Espécies criticamente em perigo são aquelas que 
apresentam, por exemplo, redução do tamanho populacional em ≥ 
80% nos últimos 10 anos ou três gerações, ou uma área de ocupação ≤ 
100 quilômetros quadrados, ou uma população estável ≤ 250 adultos, 
ou uma probabilidade de extinção ≥ 50% nos próximos 10 nos ou três 
gerações, ou alguma dessas características combinadas. Por exemplo, 
a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie brasileira de ave que 
possui atualmente 92 indivíduos vivos em cativeiro, sendo considerada 
pela IUCN como criticamente em perigo, apesar de o governo brasileiro 
já ter declarado que essa espécie está extinta da natureza desde 2000 
(FRANKHAM et al., 2008).
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 47
A listagem das espécies no Livro Vermelho em categorias de 
ameaça fornece uma ferramenta importante para a conservação da 
biodiversidade, sendo utilizada como base de muitas políticas e leis 
para proteção de espécies e hábitats.
Figura 4 - Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção, elaborado pelo 
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio.
Livro Vermelho 
 da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
Livro Vermelho 
 da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
Fonte: https://bibliotecabebedouro.wordpress.com/2011/03/23/20110323b/
3.3 Espécies Exóticas Invasoras
Uma espécie “exótica”, “introduzida” ou “naturalizada”, pode ser de� nida 
como uma espécie que se encontra fora da área de sua distribuição 
natural, introduzida por ações humanas. Quando essa espécie se 
estabelece no novo hábitat, expande a sua distribuição e começa a 
ameaçar outras espécies nativas, hábitats e ecossistemas onde foi 
introduzida, passando a ser considerada uma espécie exótica invasora 
(PIMENTEL et al., 2001; LEÃO et al., 2011).
As características mais comuns das espécies exóticas invasoras são 
a rápida reprodução e crescimento, alta capacidade de dispersão, 
plasticidade fenotípica, e capacidade de sobreviver com vários tipos de 
alimentos e em uma ampla gama de condições ambientais. 
Espécies exóticas invasoras têm invadido e afetado ecossistemas em 
todo o planeta, decorrente das alterações ambientais e interferência 
humana, além da agressividade e capacidade de excluir espécies nativas.
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA48
Já foram registradas no Brasil a ocorrência de 386 espécies exóticas 
invasoras, sendo a maior parte introduzidas intencionalmente por 
motivos econômicos (LEÃO et al., 2011). São exemplos de espécies 
exóticas invasoras no Brasil:
	Caracol-gigante-africano (Achatina fulica) (Figura 5), nativo no leste-
nordeste da  África, foi introduzido no Brasil em  1988,  visando o 
cultivo e comercialização do escargot. A comercialização fracassou, 
os criadores foram abandonados e os caracóis foram soltos no 
ambiente, hoje já são encontrados em 23 dos 26 estados brasileiros 
(PAIVA, 2004); 
Figura 5 - Exemplo de espécie exótica invasora, caracol-gigante-africano (Achatina fulica)
Fonte: http://bagarai.com.br/caramujo-gigante-africano-o-escargot-que-virou-praga-no-brasil.html
	Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) (Figura 6), originário da 
Ásia, foi introduzido em 1991 através de água de lastro de navios 
mercantes na Argentina. O seu primeiro registro no Brasil foi em 
2001 no rio Paraná, hoje já pode ser encontrado no pantanal 
matogrossense. A sua população pode chegar a uma densidade 
populacional de 150 mil indivíduos por metro quadrado, o que 
tem gerado incrustações massivas e obstrução de encanamentos 
e �ltros de água de estações de tratamento, fábricas e usinas 
hidrelétricas, causando graves perdas econômicas (MANSUR et al., 
1999; GISP, 2005); 
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 49
Figura 6 - Colônia de mexilhão-dourado em instalação de usina hidrelétrica
Fonte: http://www.cultivandoaguaboa.com.br/noticias/mexilhao-dourado-infestacao
-diminui-mas-medidas-de-prevencao-continuam
	Camarão-da-malásia (Macrobrachium rosenbergii) conforme Figura 
7, espécie de camarão de água doce originária da região da Ásia, 
introduzido no Brasil para cultivo, representa uma grave ameaça 
às espécies nativas devido ser um carnívoro voraz, como também 
gera um grande impacto no ambiente por ser portador do vírus da 
mancha branca. No Maranhão, essa espécie já pode ser encontrada 
em toda costa e Baixada Maranhense (LEÃO et al., 2011).
Figura 7 - Exemplo de espécie exótica invasora no Brasil: camarão-da-malásia 
(Macrobrachium rosenbergii)
Fonte: http://www.pointdocamarao.com.br/produtos
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA50
A Doença da Mancha Branca 
(White Spot Syndrome – 
WSS), causada pelo vírus 
de mesmo nome (WSSV), é 
uma doença infecciosa que 
provoca manchas brancas 
na carapaça da cabeça dos camarões (Figura 8). Essa enfermidade 
pode causar uma grande mortalidade em populações de camarões 
suscetíveis ou que estejam sob estresse, mas não representa risco à 
saúde humana (HIPOLITO et al., 2010).
3.4 Fragmentação de Habitats
A Fragmentação de Habitats é um processo de degradação de uma 
região nativa e homogênea que resulta em remanescentes menores e 
separados entre si (os fragmentos) conforme Figura 9. Essa modi� cação 
altera as condições presentes na área inicial, modi� cando aspectos 
da ocupação, reprodução, alimentação e até a sobrevivência de uma 
espécie em particular (FRANKLIN et al., 2002). 
As causas da fragmentação podem ser naturais, como desastres 
ambientais, ou antropogênicas, ou seja, causadas pelo homem como 
a agricultura, pastagens e expansão das cidades, sendo esta a principal 
causa de fragmentação de habitats.
Figura 9 - Fragmentação de Habitat decorrente de ações antropogênicas
Fonte: http://www.guia� orestal.com.br/dinamico/img/thumbs/conteudo/2531/grande_422.jpg
A Doença da Mancha Branca Figura 8 - Característica da doença: manchas brancas na carapaça da cabeça dos camarões
Fonte: http://www.biologico.sp.gov.br/
artigos_ok.php?id_artigo=147#
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 51
Os impactos são percebidos principalmente nas espécies que precisam 
de maiores áreas para sobreviver, essas espécies são conhecidas 
como espécies de interior e geralmente desaparecem em fragmentos 
pequenos e/ou muito impactados. Enquanto isso, outras espécies 
de borda ou região de ecótono permanecem e até aumentam sua 
população como se pode ver na Figura 10.
Figura 10 - Esquema de fragmentação de um habitat e consequente perda de espécies
Hábitat interior 
Hábitat borda 
Hábitat interior e espécies diminuem 
Fragmentação 
Hábitat borda e espécies aumentam 
Espécies de interior
Espécies de borba
Fonte: Adaptada do site https://historiasnaturais.wordpress.com/2010/07/28/ecologia-de-zumbis/
O exemplo da � gura 11 demonstra a relação entre a fragmentação 
de habitats e as espécies de borda e interior. Os grá� cos mostram 
a probabilidade de ocorrências de quatro espécies de pássaros 
existentes na América do Norte, sendo duas espécies de borda 
(Dumetella carolinensis e Turdus migratorius) e duas espécies de 
interior (Helmintheros vermivorus e Seiurus aurocapillus), em áreas de 
fragmentos. A probabilidade de ocorrência das espécies varia com 
o tamanho do fragmento, observando que as espécies de interior 
possuem uma maior ocorrência em fragmentos com tamanho maior 
ou igual a 32 hectares (SMITH & SMITH, 1998).
O Efeito de Borda cau-
sa uma alteração na 
composição, estrutura e 
abundância relativa de 
espécies na parte mar-
ginal de um fragmento, 
sendo um dos fatores 
mais preocupantes em 
áreas de fragmento. 
O tamanho da borda, 
segundo especialista, 
é de 100m, sendoque 
essa área do fragmento 
fica mais exposta à ilu-
minação, calor, vento e 
outros fatores. Algumas 
espécies que precisam 
de condições específicas 
de temperatura e umi-
dade podem ser extintas 
desse fragmento, haven-
do dessa forma, perda 
de espécies. O efeito de 
borda é mais intenso em 
fragmentos pequenos 
e isolados, apresentan-
do uma menor taxa em 
fragmentos com forma 
mais próxima do circular.
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA52
Figura 11 - Probabilidade de ocorrência de quatro espécies de pássaros, (a) duas espécies de 
borda (Dumetella carolinensis e Turdus migratorius) e (b) duas espécies de interior (Helmintheros 
vermivorus e Seiurus aurocapillus). As duas espécies de interior têm probabilidade de ocorrência 
maior em fragmentos igual ou maior que 32 hectares. Extraído de Smith & Smith, 1998.
Fonte: Modi�cado de Smith& Smith, 1998.
A conservação de espécies que vivem em fragmentos é um desa�o 
para a biologia da conservação, mas é possível que haja um manejo 
adequado que permita o �uxo gênico entre populações de diferentes 
fragmentos. Uma das principais medidas conservacionistas, além do 
próprio manejo, que diminuem o impacto causado pela fragmentação 
de hábitats, são os Corredores Ecológicos como sinaliza a Figura 12. 
Figura 12 - Exemplo de corredor ecológico na Holanda, país que conta com cerca de 600 
passagens subterrâneas, pontes e corredores que servem como passagem para a fauna e 
ligação entre áreas �orestais
Fonte: https://brunomaxwel.wordpress.com/2012/11/02/corredor-ecologico-na-holanda/
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 53
Os Corredores Ecológicos conforme cita a figura 12, são porções 
de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de 
conservação ou fragmentos de florestas nativas, possibilitando 
entre eles o fluxo de genes e a movimentação da biota, facilitando 
a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, 
bem como a manutenção de populações que demandam para sua 
sobrevivência áreas com extensão maior (BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 
de julho de 2000).
O Fluxo Gênico, tam-
bém conhecido como 
migração, pode ser 
definido como a mo-
vimentação de genes 
de uma população 
para outra conforme 
a Figura 13.
3. 5 Projetos Conservacionistas
3.5.1 Projeto Ararinha na Natureza
A ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) é uma espécie ameaçada de extinção 
da fauna brasileira (Figura 14). A sua categoria é de extinta na natureza 
desde o ano 2000. Originária da região de caatinga da Bahia, a ararinha-
azul teve a sua população quase toda devastada, principalmente devido 
ao trá� co de animais silvestres e a degradação do hábitat onde viviam. 
Hoje existem somente 92 espécimes em cativeiro, sendo que somente 
11 estão no Brasil. Por serem tão poucos indivíduos, todas as instituições 
que possuem em cativeiros esses espécimes, trabalham de forma 
Resulta em um 
aumento na frequência
de gases marrons
Imi
gra
ção
 
Figura 13 - Exemplo de � uxo gênico: besouros que 
possuem o gene para a coloração marrom migram 
de uma população para outra
Fonte: Adaptada do site http://www.ib.usp.br/
evosite/evo101/IVBMechanisms.shtml 
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA54
coordenada e lidam com os espécimes como uma população única 
(ICMBio, 2014).
Figura 14 - Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii), espécie extinta na natureza
Fonte: http://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/a-extincao-da-ararinha-azul/
Cuidado para não confundir a Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii, 
� gura 14), a Arara-Azul (Anodorhynchus hyacinthinus, � gura 15) e a 
Arara-Azul-de-Lear (Anodorhynchus leari, � gura 16), apesar de serem 
muito parecidas e estarem ameaçadas de extinção, são espécies 
diferentes. Saiba mais no site: http://www.projetoararaazul.org.br/ 
Fi
g
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s)
Fonte: http://pt.wikipedia.
org/wiki/Arara-azul-grande
Figura 16 - Arara-Azul-de-Lear (Anodorhynchus leari)
Fonte: http://www.arkive.org/lears-macaw/anodorhynchus-leari/
image-G2064.html
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 55
O Projeto Ararinha na Natureza foi criado com o objetivo de 
transformar esse quadro, com ações que visam a reprodução dessas 
aves em cativeiro e para que no futuro elas sejam reintroduzidas em 
seu habitat natural, além de ações educativas e políticas públicas, 
que possam conservar o habitat natural da ararinha-azul e criar 
condições que permitam a sua reintrodução (Figura 17).
Figura 17 - Filhotes de Ararinha-Azul (Cyanopsitta spixii) nascidos 
em cativeiro, através do Projeto Ararinha na Natureza
Fonte: http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/noticias/20-geral/6668-
nascem-� lhotes-de-ararinha-azul-especie-extinta-na-natureza.html
O projeto é coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação 
de Aves Silvestres (CEMAVE/ICMBio), com a parceria da VALE, do Fundo 
Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e da Sociedade para a Conservação 
das Aves do Brasil (SAVE Brasil) (ICMBio, 2014). Também são parceiros desse 
projeto as organizações internacionais   Al Wabra Wildlife Preservation 
(AWWP) e Association for the Conservation of Threatened  Parrots (ACTP), 
essas instituições possuem exemplares da espécie em cativeiro.
As ararinhas-azuis ganharam destaque e sucesso 
mundial em decorrência do � lme de animação “Rio” 
(Figura 18), onde o personagem principal “Blu”, uma 
ararinha-azul macho, é levado para o Rio de Janeiro 
para acasalar com uma fêmea da espécie. Assista 
ao � lme, é uma forma bem didática de apreender 
mais sobre a conservação de aves e sobre o trá� co 
internacional de aves.
Figura 18 - Filme Rio, 
lançado em 2011
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-2
01
1/
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA56
3.5.2 Projeto TAMAR
O Projeto TAMAR surgiu com o objetivo de proteger as tartarugas-
marinhas no Brasil, que estão ameaçadas de extinção. O projeto foi criado 
em 1980 pelo antigo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - 
IBDF, atualmente o IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente. O nome 
do projeto surgiu da contração do nome tartaruga marinha necessária no 
início do projeto devido ao pouco espaço que as placas de metal utilizadas 
para a identi�cação das tartarugas possuíam. Hoje, o nome TAMAR é 
utilizado para designar o  Programa Brasileiro de Conservação das 
Tartarugas Marinhas, executado pelo ICMBio - Instituto Chico Mendes de 
Conservação da Biodiversidade, protegendo 1.100km do litoral brasileiro, 
em 25 localidades que servem como áreas de alimentação, desova, 
crescimento e descanso desses animais, no litoral e ilhas oceânicas, em 
nove estados brasileiros como veremos a seguir na Figura 19.
Figura 19 - Presença do TAMAR no Brasil
Fonte: http://www.tamar.org.br/noticia1.php?cod=560
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 57
O projeto é exemplo mundial de projeto de conservação marinha, 
atuando na pesquisa aplicada, inclusão social e educação ambiental. O 
projeto procura apoio das comunidades costeiras para conservação das 
tartarugas-marinhas, e para tanto, oferece alternativas econômicas que 
ajudam na economia da própria comunidade. Em troca da conservação 
dos ecossistemas marinho e costeiro, a estratégia de conservação é 
conhecida como espécie-bandeira ou espécie-guarda-chuva.
As tartarugas-marinhas protegidas são como mostra a Figura 20:
Tartaruga-cabeçuda, Caretta caretta
Tartaruga-de-pente, Eretmochelys imbricata
Tartaruga-de-couro, Dermochelys coriácea
Tartaruga-verde, Cheloniamydas
Tartaruga-oliva, Lepidochelys olivácea
Figura 20 - Espécies de tartarugas-marinhas protegidas pelo projeto TAMAR
Fonte: http://www.tamar.org.br
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA58
Sugestão de sites de programas, ONGs e institutos para conservação 
da biodiversidade:
Al Wabra Wildlife Preservation (AWWP): http://awwp.alwabra.com/ 
Association for the Conservation of Threatened  Parrots (ACTP): http://
www.act-parrots.eu/ 
Instituto Hórus para espécies exóticas: http://www.institutohorus.org.br/ 
Projeto TAMAR: http://www.tamar.org.br/ 
WWF Brasil: http://www.wwf.org.br/ 
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio: 
http://www.icmbio.gov.br/portal/ 
Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira – SiBBr: http://
www.sibbr.gov.br/ 
Resumo
Nesta unidade, apresentamos alguns conceitos em biologia da 
conservação, identi� camos as categorias de espécies ameaçadas 
segundo a IUNC, discutimos os impactos causados pela introdução 
de espécies exóticas e pela fragmentação de habitats, e também 
apresentamos dois exemplos de projetos de conservação: o projeto 
Ararinha na Natureza e o projeto TAMAR.
1. Nesta unidade apresentamos dois projetos de conservação da 
biodiversidade: a Ararinha na Natureza e o TAMAR, que atuam 
na conservação da ararinha-azul e das tartarugas-marinhas, 
respectivamente. Faça uma pesquisa sobre outros programas de 
conservação da biodiversidade desenvolvidos no Brasil. Escolha um 
e elabore um texto de divulgação do programa, coloque no texto o 
que você achar mais importante para divulgar o programa. Depois 
você pode escolher uma rede social para divulgar o seu texto e 
ajudar na conservação da biodiversidade.
Sugestão de sites de programas, ONGs e institutos para conservação 
Biodiversidade e conservação | UNIDADE 3 59
Referências
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 
de agosto de 2002.Sistema Nacional de Unidade de Conservação da 
Natureza – SNUC: 3. ed. aum. Brasília: MMA/SBF, 2003. 52 p.
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U
n
id
a
d
e
BIODIVERSIDADE E GENÉTICA
Identi�car as aplicações da Genética no estudo da 
Biodiversidade.
Objetivo
A Genética tem auxiliado o estudo da biodiversidade com pesquisas 
em diferentes campos, como, por exemplo: (a) estimar os níveis 
de variabilidade genética de uma população e relacioná-los com a 
e�ciência reprodutiva e resistências a doenças; (b) na identi�cação 
molecular de espécies crípticas ou sem dimor�smo sexual aparente; (c) 
veri�car níveis de endemismo, �uxo gênico, endogamia e outros fatores, 
em populações ameaçadas para dar subsídios de manejo e políticas 
ambientais; (d) na identi�cação de produtos oriundos de animais e 
plantas ameaçadas de extinção comercializadas de forma ilegal; e (e) na 
identi�cação e acompanhamento do processo de bioinvasão. 
Nesta unidade veremos algumas dessas aplicações.
4.1 Revelando a Biodiversidade escondida
Na unidade 1, discutimos os vários problemas que os cientistas 
enfrentam na identi�cação de espécies, tais como a existência de 
espécies crípticas e politípicas. A maioria das espécies é descrita a partir 
de caracteres morfológicos, o que é bastante di�cultada nos grupos 
que apresentam espécies crípticas, como por exemplo, os veados-
muntjac da China (Muntiacus reevesi, Figura 1) e da Índia (Muntiacus 
muntjak, Figura 2) que são morfologicamente similares, mas constituem 
duas espécies diferentes, pois, o primeiro possui um conjunto de 46 
cromossomos e o último apresenta 6 cromossomos nos machos e 7 nas 
fêmeas (FRANKHAM et al., 2008).
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA62
Nesses casos, o emprego de ferramentas moleculares tem ajudado 
aos taxonomistas na delimitação de espécies, identificação de 
híbridos e subespécies. Por exemplo, um caso de identificação de 
espécies crípticas em golfinhos do gênero Sotalia que ocorrem no 
Brasil. Acreditava-se que a espécie Sotalia fluviatilis (Figura 3) possuía 
dois “ecótipos”: um marinho e outro fluvial. Mas estudos com dois 
marcadores do DNA mitocondrial revelaram que os dois ecótipos 
são, de fato, duas espécies diferentes com separação entre as duas 
datadas do Plioceno (Figura 4). 
Com esses dados, o ecótipo marinho, conhecido como boto-cinza, 
foi denominado de Sotalia guianensis (Figura 5), enquanto o fluvial, 
conhecido como tucuxi, reteve o binômio Sotalia fluviatilis. Esses 
resultados foram importantes pra a conservação das duas espécies, 
pois cada uma delas precisa de um plano de manejo separado já que 
possuem habitats completamente diferentes (CUNHA et al., 2005).
Figura 1 - Veado-muntjac da China (Muntiacus reevesi) 
que apresenta um conjunto de 46 cromossomos
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Figura 2 - Veado-muntjac da Índia (Muntiacus 
muntjak) que apresenta um conjunto de 6 
cromossomos para machos e 7 para fêmeas
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Biodiversidade e Genética | UNIDADE 4 63
Em uma célula animal, nós podemos encontrar DNA dentro do 
núcleo da célula e dentro da mitocôndria. O DNA mitocondrial 
(Figura 6) é uma pequena célula circular que é herdado pela 
linhagem materna das espécies. É muito utilizado nos estudos 
de diversidade genética por possuir várias cópias em uma única 
célula, ser de fácil extração e puri� cação, além de apresentar uma 
variabilidade genética muito maior que DNA nuclear.
Figura 6 - Esquema mostrando o DNA presenteno núcleo da célula e nas 
mitocôndrias. O Dna Mitocondrial difere do DNA nuclear por ser circular e 
inteiramente de origem materna.
Fonte: http://www.brusselsgenetics.be/media/images/Illustraties/ill_eng/ill-5-E_orig.jpg 
Figura 4 - Árvore � logenética feita a partir de dois marcadores moleculares do DNA 
mitocondrial (citocromo b e região controle), mostrando as relações genéticas entre as 
duas espécies de Sotalia: a marinha e a � uvial. Os números próximo dos nós são valores de 
bootstrap e Steno bredanensis foi utilizado como grupo externo
AM
AM
AM
AM
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
PA
21
24
29
13
27
25
08
11
109
805
113
75
802
RN
RN
14
04
SES
0.005
M
arinho 
Fluvial 
91/62/81
93/57/91
01
66/51/-
AM
Fonte: modi� cado de Cunha et al., 2005.
Em uma célula animal, nós podemos encontrar DNA dentro do 
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA64
4.2 Identificação forense para conservação
A aplicação da genética estende-se para identi� cação de produtos de animais 
e plantas ameaçadas de extinção comercializadas de forma ilegal. Alguns 
tentam enganar a lei, comercializando produtos de espécies próximas cujo 
comércio é legalizado ou oriundas de cultivo, mas a utilização de marcadores 
moleculares permite a identi� cação a partir material já industrializado e pode 
fornecer o local de origem do indivíduo. Por exemplo, kits de análise baseados 
em Polimor� smos no Comprimento de Fragmentos de Restrição Terminal 
(T-RFLP) de genes mitocondriais e nucleares já estão disponíveis para a 
identi� cação e controle da pesca ilegal de peixes brasileiros, como o mero 
(Epinephelus itajara), cuja carne, vendida em postas e � lé, é comercializada 
como se fosse garoupa (Epinephelus marginatus). Esses kits são importantes 
instrumentos para os órgãos de � scalização ambiental e fornecem provas 
concretas para condenação dos infratores (FRANKHAM et al., 2008).
T-RFLP - Polimor� smos no Comprimento de Fragmentos de Restrição 
Terminal (do inglês Terminal Restriction Fragment Length Polymorphism) 
é uma técnica de biologia molecular que analisa a variação no tamanho 
de fragmentos de DNA obtidos a partir de enzimas de restrição, 
separados em gel de eletroforese e visualizadas por meio de sondas 
marcadas com � uorescência (Figura 7). 
Figura 7 - Esquema com as etapas da técnica de T-RFLP: 1) extração de DNA; 2) amplificação por 
PCR com primers marcados com fluorescência; 3) produtos de PCR amplificados e marcados; 
4) corte do DNA em regiões específicas por enzimas de restrição; 5) Padrões de bandas 
visualizados em Gel de Eletroforese; 6) Leitura dos fragmentos em sequenciador.
a
b
f
c
e
d
a
b
c
a
b
fc
e
d
1 DNA Total
6 Identificação dos Fragmentos 5 Separação dos fragmentos em gel de eletroforese
4 Clivagem com enzimas de restrição 
2 PCR com
 marcadores 
 fluorescentes
3 Produtos de PCR
Fonte: Adaptada do site http://wiki.biomine.skelleftea.se/biomine/molecular/index_12.htm
T-RFLP - 
Biodiversidade e Genética | UNIDADE 4 65
4.3 Bioinvasões
Dados de Biologia Molecular e genética podem ser utilizados também 
para acompanhar o processo de bioinvasão e para propor medidas 
que minimizem os impactos causados por espécies exóticas invasoras. 
Um exemplo bem sucedido de utilização de dados genéticos foi o 
estudo realizado com dados de microssatélites para o controle de 
populações invasoras de porcos ferais (Sus scrofa) na Austrália. Esses 
animais são prejudiciais a conservação de espécies nativas, pois 
apresentam um comportamento competitivo e predatório, além de 
disseminarem doenças. 
Como medida de controle das populações de porcos ferais eram realizadas 
periodicamente abatimento desses animais. Entretanto, o tamanho de 
algumas populações não 
diminuíam com o abate. O 
estudo com microssatélites 
revelou que as populações 
que não diminuíam eram 
geneticamente similares a 
outras populações, sendo 
que essas serviam como 
fonte de imigrantes. 
Como alternativa, propôs-
se a divisão das populações 
em Unidades de Erradicação, 
que uniria as populações 
que serviam de fonte 
(nesse trabalho foram 
identificados 5 Unidades 
de Erradicação), e os 
abates seriam realizados 
concomitantemente em 
todas as Unidades de 
Erradicação (Figura 8). 
Dessa forma, os abates passaram a ser mais eficientes e as populações 
de porcos ferais diminuíram (COWLED et al., 2008).
Figura 8 - Área do estudo com porcos ferais mostrando as populações 
em cinza, as linhas coloridas representam as Unidade de Erradicação 
proposta pelo estudo
Fonte: modi�cado de Cowled et al., 2008
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA66
4.4 Sexagem
Algumas vezes, a sexagem morfológica de animais é di�cultada, devido 
à mostra de estudo não apresentar genitálias (como é o caso de amostras 
degradadas, carcaças etc.), e for de difícil visualização ou a espécie não 
apresentar dimor�smo sexual visível (como ocorre em cerca de 50% das 
aves). Nesses casos, marcadores moleculares podem ser usados para a 
determinação do sexo de forma não invasiva (GRIFFITHS et al., 1998).
Um exemplo dessa aplicação é o uso de marcadores do cromossomo 
Y, como o fator de diferenciação testicular (SRY), ou regiões 
pseudohomólogas do cromossomo X e Y, que é o caso dos genes da 
proteína zinc �nger (ZFX e ZFY). O marcador molecular SRY produz 
uma banda em machos (referente a presença do fragmento do Y) e em 
fêmeas não apresenta nenhuma banda (devido a ausência do Y). Já o 
marcador molecular ZFX e ZFY baseia-se na ampli�cação simultânea de 
fragmentos presentes no cromossomo X e Y: machos produzem duas 
bandas, enquanto as fêmeas produzem só uma banda (referente a 
presença só do cromossomo X) (Figura 9).
Figura 9 - Esquema dos cromossomos Y e X mostrando a localização especí�ca dos genes 
da proteína zinc �nger (ZFX e ZFY) e do fator de diferenciação testicular (SRY).
Fonte: http://ajpcell.physiology.org/content/306/1/C3
Biodiversidade e Genética | UNIDADE 4 67
Esses marcadores têm sido 
utilizados na sexagem, por 
exemplo, do boto-cinza 
(Sotalia guianensis, Figura 5) 
e do tucuxi (Sotalia � uviatilis, 
Figura 3). Esses cetáceos 
não apresentam dimor� smo 
sexual externo facilmente 
observável e a maioria dos estudos dessas espécies são realizados 
pela técnica de foto-
identi� cação, o que torna 
difícil a determinação do sexo, 
já que a foto-identi� cação 
depende de uma boa foto da 
região ventral do animal, o 
que é bem difícil de conseguir 
no campo. 
A aplicação dos marcadores ZFX/ZFY e SRY tem permitido a identi� cação 
do sexo dos indivíduos foto-identi� cados e também de carcaças recolhidas 
já em estado de putrefação. Na 
Figura 10 vemos o resultado 
de um gel de eletroforese para 
a determinação do sexo de 
indivíduos de Sotalia guianensis 
utilizando os marcadores 
ZFX/ZFY e SRY: para ZFX/ZFY, 
machos aparecem com duas 
bandas e fêmeas só com uma; 
para o SRY, machos aparecem 
com uma banda e fêmeas não 
apresentam nenhuma (CUNHA; Solé-Cava, 2007).
4.5 Considerações
Como vimos nesta unidade, A Genética e a Biologia Molecular 
tem contribuído grandemente para estudos da biodiversidade, 
A foto-identificação é 
uma técnica que permiti 
a identificação de um in-
divíduo dentro de uma 
população por meio de 
fotos de parte do corpo 
do animal que seja con-
siderada como única, 
como, por exemplo, a 
barbatana caudal de ba-
leias cachalote.
Figura 3 - Tucuxi, Sotalia � uviatilis
Fonte: http://www.elhogarnatural.com/cetaceos/Sotalia%20
� uviatilis.htm
Figura 10 - Foto de Gel de Eletroforese mostrando os 
padrões observados nasexagem molecular de machos 
(M) e fêmeas (F) do boto-cinza (S. guianensis), usando 
os marcadores moleculares ZFX/ZFY e SRY. 1kb é um 
marcador de tamanho de bandas de DNA conhecido.
Fonte: Cunha e Solé-Cava, 2007
Figura 5 - Boto-cinza, Sotalia guianensis
Fonte: http://guapionline.com/mpf-atua-para-preservacao-
do-boto-cinza/
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA68
principalmente na área da conservação. Essa área da ciência tem 
avançado muito e cada vez mais tem fornecido instrumentos que auxiliam 
os pesquisadores na identi�cação de novas espécies, conservação da 
biodiversidade, determinação do sexo de animais sem dimor�smo 
sexual aparente, entre outros. É necessário que os professores estejam 
capacitados para contribuir e transmitir esse conhecimento para seus 
alunos, a�m de que, a genética transponha as paredes do laboratório.
Resumo
Nesta unidade discutimos as aplicações da Genética no estudo da 
biodiversidade, como, por exemplo, na identi�cação de espécies 
crípticas, acompanhamento do processo de invasão e propostas de 
medidas de controle, genética forense para identi�cação de comércio 
ilegal de espécies ameaçadas de extinção e sexagem de animais que 
não possuem dimor�smo sexual aparente.
Biodiversidade e Genética | UNIDADE 4 69
1. Você recebeu seis amostras de tucuxi (Sotalia � uviatilis) 
para determinar o sexo pela técnica de biologia molecular 
utilizando como marcador molecular os sistemas ZFX/
ZFY e SRY. Apresentamos a seguir o esquema de dois géis 
de eletroforese com os resultados para as seis amostras: 
(a) Gel de Eletroforese para o marcador ZFX/ZFY; (b) Gel de 
Eletroforese para o marcador SRY. Determine o sexo dos 
indivíduos analisados. Dica: relembre o padrão de bandas 
que cada sistema produz para machos e fêmeas no texto da 
unidade 4 sobre sexagem.
(a) Esquema de Gel de Eletroforese para o marcador ZFX/ZFY
(b) Esquema de Gel de Eletroforese para o marcador SRY
ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE GENÉTICA70
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Biodiversidade e Genética | UNIDADE 4 71
Camila Penha Abreu Souza
Possui graduação em Ciências Biológicas Licenciatura pela 
Universidade Estadual do Maranhão (2012) e mestrado em 
Biodiversidade e Conservação pela Universidade Federal 
do Maranhão (2014). Atualmente, é Bióloga do Laboratório 
de Estudos Genômicos e de Histocompatibilidade (LEGH) 
do Hospital Universitário da Universidade Federal do 
Maranhão – HUUFMA, também tutora a distância do curso 
de Especialização no Ensino de Genética - UEMANET. É 
membro do Grupo de Estudos em Genética e Conservação 
– GGC. Tem experiência na área de Genética e Biologia 
Molecular, com ênfase em identificação molecular de 
animais, citogenética e filogeografia.
Vera Lúcia Maciel Silva
Mestre em Genética (Universidade de São Paulo- Ribeirão 
Preto). Especialista em Biologia e Genética Molecular 
(Universidade Federal do Maranhão - UFMA). Graduada 
em Ciências Biológicas (Universidade Federal do 
Maranhão - UFMA). Atualmente, é professora assistente 
da UEMA e membro do Grupo de Estudos em Genética e 
Conservação - GGC.

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