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Malária Conceito • Doença infecciosa, não contagiosa, também conhecida como paludismo é uma das doenças que mais causa problemas sociais e econômicos em todo o mundo. • É a parasitose que mais causa mortes no Mundo. Cada ano há entre 1 e 3 milhões de mortes decorrentes de malária. Histórico • Acomete o homem desde a pré-história; • 6000-5500 a.C. motes por febre, provavelmente por malária, são registrados desde os primórdios da escrita; • 2700 a.C. Chinês “Nei Ching” descreve febres recorrentes e esplenomegalia; • 500 a.C. Hipócrates associa a febre com a presença de pântanos e ar poluído (malária = mal do ar) – Referiu os ciclos febris em termos de febre cotidiana (24h); terça (48h) e quartã (72); • 1600 jesuítas conhecem a chinchona com os indígenas e levaram o conhecimento à Europa. Chinchona=quinino; • 1600 jesuítas conhecem a chinchona com os indígenas e levaram o conhecimento à Europa. Chinchona=quinino; • 1820 – quinino é isolado Histórico • Séc. XIX – bacteriologistas e patologistas descobriram o papel do inseto na transmissão da doença; • 1880 – Laveran descobriu a presença dos parasitos nas hemácia dos infectados; • 1897 – Ross – descobriu a forma de transmissão da doença por encontrar o parasita no interior do mosquito; • 1898 e 1899 – Bignani, Bastinelli e Grassi descreveram o ciclo da doença; • Séc. XX – iniciou-se a discussão sobre as formas de controle da doença; • 1955 – Inseticidas DDT; Vetor: • Mosquito Anopheles fêmea também conhecido como mosquito prego ou carapanã. • Reservatórios humanos portadores de gametocitos. An. darlingi An. aquasalis Vetores no Brasil Ordem Diptera Classe Nematocera Família Culicidae Subfamília Anophelinae Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi An.(N) aquasalis An. albitarsis An. (Kerteszia) cruzi An. (K) belator An. darlingi An. albitarsis An. gambiae (África) An. aquasalis Anophelinae Anopheles ssp Fêmeas – Repasto sanguíneo 2-3 dias, postura 70-90 ovos/fêmea Holometábolo Ovos – 1-3 dias Larvas – 7-9 dias Pupas – 24 hs Alados – Machos ~ 15 dias - Fêmeas ~ 40 - Plasmódios e a Malária - Agentes da malária: Filo Apicomplexa Família Plasmodiidae Gênero Plasmodium -100 espécies de plasmódios das quais 22 infectam macacos e 50 infectam aves ou répteis Etiologia • Gênero: Plasmodium • Espécies: • P. vivax • P. Falciparum • P. Malariae • P. ovale Plasmodium • Distribuição geográfica: mais encontrado em regiões tropicais e subtropicais. África, Índia e Brasil •Ciclo biológico: Hospedeiro vertebrado e invertebrado •Hospedeiro invertebrado –Fêmeas hematófagas do gênero Anopheles • Plasmodium falciparum – febre terçã maligna – 36 a 48 hs • Plasmodium vivax – febre terçã benigna – 48 hs • Plasmodium ovale – febre terçã benigna – 48 hs – África • Plasmodium malariae – febre quartã – 72 hs - são extenoxenos em relação ao hospedeiro vertebrado - exceção P. malariae que infecta algumas sps de macacos • - hospedeiro invertebrado e definitivo: • mosquitos do Gênero Anopheles Anophelinos desenvolvimento em diferentes tipos de coleções de água - salobra, doce adulto: hábitos noturnos ou crepusculares ciclo esporogônico completo de Plasmodium vetores mais importantes da malária no Brasil: An. darlingi, An. aquasalis e An. cruzi Populações Ribeirinhas Repasto sanguíneo Somente as fêmeas Clico biológico dos Plasmódios Humanos Reprodução Sexuada por esporogônia Formas evolutivas • Esporozoíto: – 11 µm comp. x 1 µm L. . Núcleo central único e uma dupla membrana formada por CS. • forma exoeritrocítica (Trofozoíto): – perda das organelas do complexo apical. Forma arredondada. • Esquizonte: tamanho – 30 a 70 µm • Merozoíto: – 1 a 5 µm x 2 µm Formas evolutivas esporozoito Merozoito • Gametócito Microgameta flagelado– 20 a 25 µm . Presença de flagelo. • Macrogameta . Célula que apresenta uma estrutura proeminente na superfície, por onde se dar a penetração do microgameta. Fecundação. • Oocineto forma alongada de aspecto vermiforme. • Oocisto estrutura esférica de – 40 a 80 µm que diferencia em esporozoito. Formas evolutivas Ciclo evolutivo • – Hospedeiro Vertebrado • Ciclo pré-eritrocítico – Forma inoculada: esporozoítos. – A fêmea do anofelino infectado inocula no homem as formas infectantes localizadas na saliva – Inoculação de 15 a 200 parasitos – Atingem a circulação em aproximadamente 15 minutos e após 30 minutos atingem os hepatócitos Ciclo evolutivo – Hospedeiro Vertebrado –Invasão dos hepatócitos Ação de proteínas localizadas nos micronemas: –Proteínas CS e TRAP presentes no parasito ligam-se a receptores proteoglicanos presente nos hepatócitos –Proteína AMA-1, MSP-1/6/7, SUb2 . –Diferenciação em trofozoítos Ciclo evolutivo – Hospedeiro Vertebrado • –Esquizogonia e formação de esquizontes • –Liberação de merozoítos • •P.falciparum e P.vivax: 1 semana • •P. malariae: 2 semanas • –Aproximadamente 10.000 merozoítos por hepatócito • –Liberação de merossomos do hepatócito, deslocamento para os sinusóides hepáticos e liberação de merozoítos na circulação Ciclo evolutivo • P.vivax e P.ovale: – Alguns esporozoítos geneticamente diferentes ficam na forma latente nos hepatócitos permanecendo muitos meses. São classificados como hipnozoítos. – São responsáveis pelas recaídas tardias e formas de malária com período de encubação longo – 6 a 9 meses. FASE HEPÁTICA OU EXO Ciclo evolutivo • – Hospedeiro vertebrado • • Ciclo eritrocítico – P. falciparum pode invadir hemácias jovens e maduras através da glicoforina A. – P. vivax invade somente reticulócitos pela presença da proteína ligante de reticulócitos, além da restrição para invadir apenas hemácias de indivíduos Duffy positivos através de DBP. Ciclo evolutivo – Hospedeiro vertebrado • – Os merozoítos invadem as hemácias – Diferenciação em trofozoítos – Esquizogonia: esquizonte – Produção de merozoítos e rompimento da hemácia – Merozoítos: invasão de novas hemácias . – Após algumas gerações os merozoítos não mais se dividem e se diferenciam em gametócitos. Ciclo evolutivo – H. Invertebrado • •Ingestão de hemácias contendo gametócitos durante o repasto sanguíneo da fêmea do anofelino • •No intestino médio do vetor: gametogênese • –Macrogametócito – macrogameta feminino • –Microgametócito: o processo de exflagelação produz 8 microgametas masculinos. • –Produção de ovo ou zigoto Ciclo evolutivo – H. Invertebrado –O ovo encista na camada epitelial do intestino médio: oocisto –Esporogonia no vetor: liberação de esporozoítos –Os esporozoítos são transportados pela hemolinfa para as glândulas salivares do vetor até atingirem o ducto salivar. –Inoculação no hospedeiro vertebrado através da picada do inseto Inoculação dos esporozoítos presentes na saliva do vetor. Ciclo Transmissão • Ocorre pela picada do mosquito fêmea infectado. • Transfusão de sangue • Transplacentária • Compartilhamento de seringas – Acidente com agulhas Período de Incubação • Vai desde a inoculação do esporozoíto até o aparecimento dos primeiros sintomas. • Isso depende da espécie de Plasmodium, da carga parasitária injetada pelo mosquito no momento da picada e do sistema de defesa do paciente. Esse período de incubação pode ser maior em indivíduos que já foram previamente expostos, que já usaram antimaláricos de forma profilática ou que já trataram parcialmente a infecção. Clinicamente a malária assemelha-se a infecções virais comuns, o que pode atrasaro diagnóstico correto da doença. • P. vivax = 12- 17dias • P. falciparum =9- 14 dias • P. malariae = 18 -40 dias • P. ovale = 16-18 dias • No Brasil, a sua grande área endêmica é formada por todos os estados da Amazônia Legal. São eles: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, além das regiões a oeste do Estado do Maranhão, ao noroeste do Estado do Tocantins e ao norte do Estado do Mato Grosso. • O Brasil tem raros registros de casos de transmissão natural de malária em áreas de Mata Atlântica na região sudeste e no Vale do Rio Paraná. Período de Incubação Imunidade imunidade anti-malárica depende de mecanismos fisiológicos inespecíficos e fatores genéticos que se opõem à implantação dos parasitos no organismo do hospedeiro, do desenvolvimento de imunidade adquirida humoral ou celular, que tendem a bloquear os plasmódios, acelerando sua destruição ou reduzindo a suscetibilidade do hospedeiro aos efeitos patogênicos desencadeados pelos plasmódios. RESISTÊNCIA INATA • Absoluta- Nenhum Desenvolvimento do plasmódio de Aves ; • Parcial ou Relativa -Ocorre um início do desenvolvimento do plasmódio, porém ele é eliminado antes de promover sintomas (p.e.: plasmódios de macacos que atingem humanos. • Fatores do hospedeiro e fatores geneticamente determinados: • -Ausência de receptores específicos na superfície dos eritrócitos impede a interação de merozoítos; • -Anemia Falciforme; Talassemias; Deficiência de glicose-6-fosfato- desidrogenase ( impedi o desenvolvimento dos parasitas por efeitos oxidantes que é toxico para o parasita) • Imunidade • Indivíduos com traço Falcêmico, têm altas taxas de sobrevivência à malária, isso tudo devido ao fato do plasmódio não reconhecer a hemácia devido sua anormalidade na conformação. Imunidade RESISTÊNCIA ADQUIRIDA • É desenvolvida ao longo dos anos de exposição e permanência do paciente em zona endêmica. • Recém-nascidos são protegidos da malária grave durante os três primeiros meses de vida pelo IgG Materno e gene HbF. • Nos adultos os sintomas clínicos da doenças são menos pronunciados e os níveis de parasitos sanguíneos muito baixos refletindo um imunidade “antiparasito” ou premunição. • Estes mecanismos de equilíbrio imune ainda não está totalmente elucidados, mas este processo tem características bem definitivas, principalmente quando se leva em conta a imunidade adquirida lentamente após anos de exposição. Imunidade RESISTÊNCIA ADQUIRIDA • Linfócitos T auxiliares (T helper) e monócitos/macrófagos podem ser essenciais na interação humoral/celular para a eliminação dos estágios sanguíneos, principalmente na malária por P. falciparum. • Tanto a produção de interferon gama (IFN) como de interleucinas (IL-4, IL-2, IL-5) e os radicais de oxigênio e nitrogênio produzidos pelos macrófagos ativados parecem ser os mediadores celulares que controlam a infecção por plasmódios. Imunidade RESISTÊNCIA ADQUIRIDA Na fase exo-eritrocítica os mecanismos efetores específicos do antígeno compreendem a citotoxicidade direta dos hepatócitos infectados promovida por células T CD8+ (linfócitos T citotóxicos – LTC ou CTL), já que os hepatócitos expressam antígenos de MHC classe I e possivelmente são induzidos a expressar os de classe II. Em indivíduos de áreas hiperendêmicas, demonstrou-se citotoxicidade celular restrita a células T CD8+ para a proteína CS do P. falciparum. Essa citoxicidade é através de citocinas, y como o interferon gama, interleucina IL1 e Il6 e o fator de necrose tumoral alfa liberados pelos citotóxicos. Patologia •Ciclo eritrocítico responsável pela patogenia. •Destruição das hemácias: anemia e hipóxia. –sequestro esplênico dos eritrócitos alterados –auto-anticorpos desenvolvidos contra os parasitos e contra os eritrócitos . Patologia • Fenômenos patogênicos • Destruição dos eritrócitos parasitados •Toxicidade pela liberação de citocinas que agirão direta ou idiretamente ao parasita ex: pirogênio. •TNF-alfa estimulam a expressão de moléculas de adesão - ICAM-1 •Citoaderência: parasito altera a forma bicôncava do eritrócito que adere na parede endotelial dos vasos. –A citoaderência é estimulada pelo TNF alfa e mediada por proteínas do hospedeiro. Patologia • Citoaderência causada pelo P. falciparum: obstrução da microcirculação em tecido cerebral, hepático e renal. –Cerebral: cefaléia, hipertermia, vômitos e sonolência –Redução O2: Acidose láctica ocasionada pela hipóxia. - Complicações de malária cerebral, insuficiência renal, aguda, hepatite e lesão no endotélio. - Deposição de imunocomplexos nos glomérulos causando glomerulonefrite.. - Sintomatologia • Manifestações clínicas • Depende da carga parasitária x espécie do parasita • Febre alta acompanhada de calafrios, sudorese e cefaléia, que normalmente ocorre em padrões cíclicos. Podem ocorrer ainda, náuseas, vômitos, astenia, fadiga, diarreia, dor abdominal, mialgia tonteira e anorexia. • Ao exame físico, o paciente apresenta-se pálido e com baço palpável. Acesso malárico: destruição cíclica dos eritrócitos ao final da esquizogonia • Os acessos maláricos se repetem com intervalos diferentes, de acordo com a espécie do plasmódio: Esse ataque malárico coincide com a ruptura das hemácias ao final da esquizogonia, é geralmente acompanhada de calafrios e sudorese. Essa fase dura de 15 minutos á uma hora seguida por fase febril, com temperatura corpórea podendo atingir 41°C. • P. falciparum -com intervalos de 36 a 48 horas(terçã maligna) • P. vivax- acessos em dias alternados, 48 em 48 horas(terçã benigna); • P. malariae- os acessos se repetem a cada 72 horas(febre quartã); Patologia • Dor de cabeça forte; • Convulsões; • Vômito repetidos; • Icterícia; • Baço inchado; • Isquemia cerebral; • Fígado inchado; • Hipoglicemia; • Hemoglobinúria com insuficiência renal. Malária severa pode evoluir muito rapidamente e causar morte em horas ou dias. Consequências da malária severa incluem coma e morte caso não seja tratada. • Formas Hipnozoítas no fígado que permanecem em estado de latência por períodos que variam de 1 mês a 1-2 anos. Pode ser enganador considerar a pessoa curada ao observar o desaparecimento de parasitas na corrente sanguínea. Patologia Plasmodium vivax e Plasmodium ovale Malária grave e complicada • Enquadram-se na definição de malária grave e complicada todos os pacientes: » incapazes de ingerir antimaláricos, » que apresentam disfunção de órgãos vitais » que apresentam altas parasitemias » as gestantes com malária falciparum • Malária cerebral • Insuficiência renal aguda • Insufciência pulmonar • Hemólise • Ictericia (bilirrubina) • Hipoglicemia • Hemoglobinúria Diagnóstico Clínico • Sintomas; •Área de residência ou relato de viagens; •Informações sobre transfusão de sangue ou uso de agulhas contaminadas; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Gota espessa • Esfregaço sanguíneo • esfregaço sanguíneo espesso é mais eficiente para detecção da infecção. • •Esfregaço delgado é mais eficiente para diferenciação morfológica das espécies. •Testes rápidos para detecção de antígenos (imunocromatográficos) •PCR Tratamento • Visa a interrupção do ciclo da esquizogonia sanguínea • •Eliminação das formas latentes teciduais (hipnozoítos) • •Eliminação das formas sexuadas – bloqueio da transmissão. • Reduzir fontes de infecção (mosquito) • •Para o tratamento, deve-se identificar a espécie de Plasmodium • –Caso não seja possível a identificação, o tratamento deve ser dirigido para P. falciparum Tratamento • •Cloroquina • –Atua sobre as formas sanguíneas e gametócitos de P.vivax, P.malariae e P.ovale • •Primaquina •–Atua sobre as formas teciduais - hipnozoítos de P.ovale e P. vivax • –Ativa contra gametócitos de todas as espécies • –Ativa contra esporozoítos antes de penetrarem nas células hepáticas Tratamento •P. falciparum –Resistência a cloroquina –Utilização de Quinina + tetraciclina –Mefloquina : esquizonticida sanguíneo –Primaquina: gametocitocidas –Artesunato + tetraciclina: esquizonticida Vacinação •Vacinas antiesporozoíticas •Vacinas contra formas assexuadas –Utilização de antígenos da superfície de merozoítos •Vacinas contra formas sexuadas –Em desenvolvimento Epidemiologia •Criação de novos criadouros aquáticos •Agricultura irrigada por canais a céu aberto •Influência das chuvas •Climas secos inviabilizam o desenvolvimento dos vetores e ciclo dos plasmódios •Temperaturas frias (menor que 20 graus) são desfavoráveis para a esporogônio no vetor Profilaxia •Combate ao vetor –Uso de inseticidas: DDT, Dieldrin, HCH, etc. •Combate as larvas –Uso de larvacidas: malation, fention e abate. •Saneamento básico •Medidas de proteção individual –Uso de mosquiteiros, repelentes e telas –Manter distância das áreas de risco ao anoitecer Controle do vetor • Controle do vetor • Controle dos reservatórios • Tratamento dos casos ativos • Portadores assintomáticos de Plasmódio • Vacinação?
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