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Direito Constitucional II - 2018-1 - Aula 22 - Poder Judiciário - parte 3

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Direito Constitucional II
Paulo Máximo
1
AULA 22
Unidade 4
Poder Judiciário – parte 4 – Competência jurisdicional
2
Conceito:
Competência é o poder de exercício da jurisdição nos limites estabelecidos pelo ordenamento jurídico.
É a medida da jurisdição, a quantidade de de jurisdição que pode ser atribuída a cada órgão ou grupo de órgãos.
3
Distribuição:
A competência pode ser distribuída por meio de normas constitucionais, legais, regimentais ou negociais, de forma implícita ou explícita.
4
Supremo Tribunal Federal:
Alexandre de Moraes destaca que a função precípua do STF é ser a Corte de Constitucional brasileira.
Somente ao Supremo Tribunal Federal compete processar e julgar ações direitas de inconstitucionalidade, genéricas ou interventivas, as ações de inconstitucionalidade por omissão e as ações declaratórias de constitucionalidade, com o intuito de garantir a prevalência das normas da Constituição Federal no ordenamento jurídico (CF, art. 102, I “a” e “p”)
5
Alexandre de Moraes aponta que a jurisdição constitucional exerce quatro funções básicas:
o controle da regularidade do regime democrático e do Estado de Direito; 
o respeito ao equilíbrio entre o Estado e a coletividade, principalmente em proteção à supremacia dos direitos e garantias fundamentais;
6
a garantia do bom funcionamento dos poderes públicos e a preservação da separação dos Poderes; e
o controle de constitucionalidade das leis e atos normativos.
7
A EC nº 45/04 reforçou o papel do Supremo Tribunal Federal no controle da constitucionalidade das lei e atos normativos, passando ao entender como conflito de competência entre entes federativos a recusa de cumprimento de execução de lei federal.
8
Competência originária e recursal
Segundo Fredie Didier Jr. competência originária é aquela atribuída ao órgão jurisdicional para conhecer da causa em primeiro lugar.
A competência pode ainda ser derivada ou recursal, quando é atribuía ao órgão jurisdicional destinado a rever a decisão já proferida.
9
Competência originária do STF:
Além das ações de controle de constitucionalidade, o STF tem competência originária de natureza cível e penal.
O Supremo deve processar e julgar originariamente os casos em que os direitos fundamentais da mais altas autoridades da República estiverem sob ameaça ou concreta violação (CF, art. 102, I, d), ou quando estas autoridades estiverem violando os direitos fundamentais dos cidadãos (CF, art. 102, I, i, q).
10
A chamada competência penal originária do Supremo Tribunal Federal, em virtude de dos foros por prerrogativa de função, refere-se ao julgamento de infração penal comum cometido pelas mais altas autoridades, na vigência do mandato ou cargo.
Anteriormente, o STF não distinguia a correlação do ato com o exercício do mandato, mantendo sua competência enquanto durar o mandato ou o cargo (CF, art. 102, I, “b”, “c” e “r”).
11
Compete (implicitamente) ao STF a função de autorizar a abertura do inquérito policial em que figuram como indiciados as autoridades com foro especial na Corte, não cabendo ao juízo de primeira instância a decisão sobre a necessidade de se promover ou não o desmembramento.
12
Quando houver vários réus, cabe ao STF desmembrar o processo, se entender necessário.
Do mesmo modo, caso no decorrer de um processo sejam encontrados indícios de que uma autoridade com prerrogativa de foro esteja envolvida, o juízo deve paralisar o processo e remetê-lo ao STF, para que a Corte entende se é o caso de desmembramento.
13
IMPORTANTE: se o crime foi praticado antes da diplomação, o processo era remetido ao STF para o julgamento, permanecendo na Corte até o fim do processo ou do mandato (atualidade do mandato).
Isso não se confundia com competência originária, tendo em vista que, mas sim um deslocamento de competência.
14
ALTERAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO STF – INFORMATIVO 900:
O STF, em 3/5/2018 alterou o entendimento sobre a prerrogativa de foro, decidindo o seguinte:
O foro por prerrogativa de função APLICA-SE APENAS aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas.
15
Finda a instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
16
Jurisprudência sobre o tema:
Petição. Ação civil pública contra decisão do CNJ. Incompetência, em sede originária, do STF. Nos termos do art. 102 e incisos da Magna Carta, esta Suprema Corte não detém competência originária para processar e julgar ações civis públicas. Precedentes. Agravo desprovido. (Pet 3.986-AgR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgamento em 25-6-2008, Plenário, DJE de 5-9-2008.) 
17
O STF não tem competência para julgar ações ordinárias que impugnem atos do TCU. Como o acessório segue o principal, o mesmo se passa com as ações cautelares preparatórias dessas demandas. A competência originária deste Tribunal é definida pela Constituição em caráter numerus clausus, sendo inviável sua extensão pela legislação ordinária. Dessa forma, ainda que o art. 1º, § 1º, da Lei 8.437/1992 admitisse a interpretação defendida pelo embargante, ela haveria de ser afastada por produzir um resultado inconstitucional. [AC 2.404 ED, rel. min. Roberto Barroso, j. 25-2-2014, 1ª T, DJE de 19-3-2014.]
18
A competência do Supremo, presente a prerrogativa de função, é de direito estrito. Não a alteram normas processuais comuns, como são as da continência e da conexão. [AP 666 AgR, rel. min. Marco Aurélio, j. 13-12-2012, P, DJE de 7-6-2013.]
Uma vez iniciado o julgamento de Parlamentar nesta Suprema Corte, a superveniência do término do mandato eletivo não desloca a competência para outra instância. (Inq 2.295, Rel. p/ o ac. Min. Menezes Direito, julgamento em 23-10-2008, Plenário, DJE de 5-6-2009.)
19
Segundo entendimento afirmado por seu Plenário, cabe ao Supremo Tribunal Federal, ao exercer sua prerrogativa exclusiva de decidir sobre a cisão de processos envolvendo agentes com prerrogativa de foro, promover, em regra, o seu desmembramento, a fim de manter sob sua jurisdição apenas o que envolva especificamente essas autoridades, segundo as circunstâncias de cada caso (Inq 3515 AgR, rel. min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 13-2-2014, DJE de 14-3-2014). Ressalvam-se, todavia, situações em que os fatos se revelem "de tal forma imbricados que a cisão por si só implique prejuízo a seu esclarecimento" (AP 853, rel. min. Rosa Weber, DJE de 22-5-2014), como ocorre no caso. [Inq 3.983, rel. min. Teori Zavaski, j. 3-3-2016, P, DJE de 12-5-2016.]
20
Ação direta de inconstitucionalidade – Lei 4.776/1995 do Estado do Piauí (art. 21) – Constituição estadual invocada como único padrão de confronto – Impossibilidade de controle normativo abstrato perante o STF – Ação direta não conhecida. As Constituições estaduais não se revestem de parametricidade para efeito de instauração, perante o STF, do controle abstrato de leis e atos normativos editados pelo Estado-membro, eis que, em tema de ação direta ajuizável perante a Suprema Corte, o único parâmetro de fiscalização reside na Constituição da República. Doutrina. (ADI 1.452-MC, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-6-1996, Plenário, DJE de 21-11-2008.)
21
Competência Recursal do STF:
Aponta Alexandre de Moraes que o Supremo Tribunal Federal também pode ser acionado via recursal, seja através de recursos ordinários constitucionais ou extraordinários.
A distinção diz respeito à amplitude da matéria analisada.
Na competência recursal ordinária, há o duplo grau de jurisdição. O STF analisa fato e direito.
Na competência recursal extraordinária, o STF só analisa a questão de direito. 
22
Recurso ordinário:
Compete ao STF julgar em recurso ordinário as hipóteses previstas no art. 102, II, da Constituição, que assim prevê:
 
Art. 102 (...)
II - julgar,em recurso ordinário:
a) o "habeas-corpus", o mandado de segurança, o "habeas-data" e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;
b) o crime político;
23
Alexandre de Moraes destaca que somente caberá o recurso ordinário constitucional, nestas hipóteses, quando presentes três requisitos:
 
Julgamento do habeas corpus, mandado de segurança, habeas data, mandado de injunção pelos Tribunais Superiores, ou seja, pelo STJ, TSE, STM ou TST;
 
Quando a decisão tiver sido originária, ou seja, os Tribunais Superiores não podem ter reformado ou mantido qualquer decisão anterior, mas sim julgado em instância única;
24
Quando a decisão tiver sido denegatória. Ressalta o autor que para efeito de interposição de recurso ordinário constitucional, a expressão decisão denegatória engloba tanto a decisão de mérito, quanto as decisões que extingam o processo sem a resolução do mérito.
25
Recurso Extraordinário:
Para Alexandre de Moraes a Constituição consagra como a mais importante competência recursal do STF, a sua possibilidade de julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão enquadrar-se em uma das hipóteses previstas no art. 102, III da Constituição.  
26
A interposição do recurso extraordinário só é cabível se esgotados todos os meios recursais ordinário.
Ademais, na petição de encaminhamento do recurso deverá, obrigatoriamente, ser indicada a hipótese constitucional permissiva.
Não se exige que a decisão seja de algum tribunal, assim sendo, é cabível o recurso extraordinário das decisões de juiz singular (quando inexistir recurso ordinário) e das Turmas Recursais dos Juizados especiais Criminais e Cíveis.
27
Pedro Lenza explica que a inclusão da letra d no inciso III, mostra-se correta, uma vez que no fundo, quando se questiona a aplicação de lei, acima de tudo, tem-se conflito de constitucionalidade, já que é a Constituição que fixa as regras sobre competência legislativa federativa. 
28
Súmula 279: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. 
Súmula 280: Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário. 
Súmula 281: É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada. 
Súmula 356: O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento. 
Súmula 454: Simples interpretação de cláusulas contratuais não dá lugar a recurso extraordinário. 
29
Súmula 456: O STF, conhecendo do recurso extraordinário, julgará a causa, aplicando o direito à espécie. 
Súmula 634: Não compete ao STF conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem. 
Súmula 735: Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere medida liminar. 
Súmula 733: Não cabe recurso extraordinário contra decisão proferida no processamento de precatórios.
30
Alexandre de Moraes explica que em qualquer das quatro hipóteses, sempre haverá necessidade para o conhecimento do recurso de três requisitos:
prequestionamento;
 
ofensa direta e frontal à Constituição; e
 
repercussão geral das questões constitucionais (CF, art. 102, § 3º).
31
Repercussão geral:
Para Pedro Lenza a técnica funciona como verdadeiro “filtro constitucional”, permitindo que o STF não julgue processos destituídos de repercussão geral, limitando, assim, o acesso aos tribunais superiores.
A repercussão geral somente estará presente, segundo Alexandre de Moraes, quando na pretensão arguida perante a Corte Constitucional houver acentuado interesse geral na solução das questões constitucionais discutidas e particulares, pretendendo o texto constitucional em um mesmo tempo, fortalecer as decisões das instâncias jurisdicionais ordinárias e preservar o STF para a discussão das matérias constitucionais de relevância e reflexo para toda a sociedade.
32
Superior Tribunal de Justiça:
A competência originária do STJ está prevista no art. 105, I da Constituição, sendo que Alexandre de Moraes explica que cabe-lhe processar e julgar os casos em que os direitos fundamentais de altas autoridades da República, que não estejam sob a jurisdição do Supremo Tribunal Federal, estiverem sob ameaça ou concreta violação, ou quando estas autoridades estiverem violando os direitos fundamentais de outros cidadãos (CF, art. 105, I “a”, “b”, “c” e “h”) . 
33
Compete ainda ao STJ a resolução dos conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvada a do STF, bem como entre o tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos (CF, art. 105, I, d).
34
Em matéria processual penal e civil, compete ao tribunal julgar ações revisionais e rescisórias de seus próprios julgados (CF, art. 105, I, e).
 
Para garantir a autoridade de suas decisões compete-lhe ainda o julgamento de reclamação (CF, art. 105, I, f).
35
Ainda no que se refere às competências originárias do STJ a constituição prevê ainda a resolução de conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias e um Estado e administrativas de outro, ou entre as deste e da União (CF, art. 105, I, g). 
36
Por fim, resta destacar a competência do STJ para a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias. Trata-se de hipótese concedida na Emenda Constitucional nº 45/04 (CF, art. 105, I, i).
Importante ressaltar que ao transferir a competência originária do STF para o STJ criou-se a possibilidade de revisão das decisões por meio de recurso extraordinário, desde que preenchidos os requisitos constitucionais permissivos do recurso.
37
Competência recursal do STJ:
Pode ser competência derivada ordinária, nas hipóteses do art. 105, II. Merece destaque a alínea c, em que o processo, em primeira instância, tramitará no juízo de primeiro grau:
Art. 105 (...)
c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; 
38
O art. 105, III da Constituição traz ainda a competência recursal extraordinária do STJ, ao dispor sobre as hipóteses de cabimento do recurso especial.
Merece atenção a hipótese do art. 105, III, b.
Art. 105 (...)
III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
39
Cabe ao STJ apreciar os recursos especiais, cujas questões debatidas já tenham sido apreciadas pela Corte a quo, isto é, que a matéria esteja devidamente prequestionada no Tribunal de origem.
O recurso especial somente é das causas apreciadas pelos TRFs ou pelos Tribunais Estaduais ou do Distrito Federal. 
De modo que, como as Turmas Recursais não podem ser consideradas tribunais stricto sensu, de suas decisões não é cabível a interposição de recurso especial.
40
Súmula nº 7 A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. 
Súmula nº 5 A simples interpretação de clausula contratual não enseja recurso especial. 
41
Tribunais do Trabalho:
A Constituição não traz a competência do TST, deixando-a a cargo da legislação ordinária.
Já a competência da Justiça do Trabalho está prevista no art. 114 da CF.
42
Das competências incluídas à jurisdição da Justiça do Trabalho, pela Emenda Constitucional nº 45/04 ganham relevo o julgamento das seguintes causas:
Ação de indenização por danos morais decorrentes de acidente do trabalho;
Ações relativas a penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações dotrabalho; e 
Execução de ofício de contribuições da seguridade social, previstas no art. 195, I, “a” e II, da CF.
43
A Justiça do Trabalho não é competente para apreciar as causas instauradas pelo Poder Público e seus servidores, a ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico-administrativo.
A ação de indenização por danos morais e materiais decorrentes de acidente do trabalho é de competência da Justiça do Trabalho, inclusive quando ajuizada pelos herdeiros de eventual de cujus vítima do acidente.
44
A Justiça do Trabalho não tem competência para julgar ações penais.
Para Pedro Lenza a única hipótese de julgamento de habeas corpus da Justiça do trabalho seria a determinação de prisão civil alimentar por juiz do trabalho.
Segundo o STJ a Justiça do Trabalho não é competente para o julgamento de ação alusiva a relações contratuais de caráter eminentemente civil, diversa da relação de trabalho.
45
Justiça Eleitoral:
Gilmar Mendes destaca que a competência da Justiça Eleitoral deverá ser fixada em lei complementar, à qual também incumbe dispor sobre sua organização.
A Constituição firma a competência judicial do TSE de forma negativa.
46
Justiça Eleitoral:
Art. 121 (...)
§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando:
I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de lei;
II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais;
III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais;
IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais;
V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou mandado de injunção.
47
Justiça Eleitoral:
Contra as decisões denegatórias de habeas corpus, habeas data e mandado de injunção, bem como as decisões sobre inelegabilidade e expedição de diploma, cabe a interposição de recurso ordinário.
48
Justiça Eleitoral:
Das decisões do TSE somente caberá recurso nas seguintes hipóteses:
Art. 121 (...)
§ 3º - São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de "habeas-corpus" ou mandado de segurança.
49
Justiça Eleitoral:
A competência do TSE está prevista nos arts. 22 e 23 do Código Eleitoral.
Já a competência dos TREs está disposta nos arts. 29 e 30 do Código.
A competência dos juízes eleitorais está prevista no art. 35 do Código Eleitoral.
Por fim, a competência das juntas eleitorais está disposta no art. 40 do Código Eleitoral.
50
Justiça Militar da União e dos Estados:
A justiça militar da União tem competência exclusivamente penal, incumbe-lhe processar e julgar os crimes militares definidos em lei.
A Justiça Militar dos Estados é competente para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri quando a vítima for civil. 
51
Diante do dispositivo constitucional, se um civil praticar o crime de furto em um quartel da Polícia Militar do estado, ele será processado e julgado pela Justiça comum e com fundamento no CP e CPP.
Sendo o crime praticado doloso contra a vida, deve-se verificar o status da vítima. Se ela for civil, a competência será do Tribunal do Júri. No entanto, sendo a vítima militar, a competência continua sendo da Justiça Militar.
52
Justiça Federal:
Caberá aos Tribunais regionais federais julgar originariamente as matérias previstas no art. 108, I, da CF.
Não cabe ao TRF julgar recursos contra decisões das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais.
53
Cabe aos Tribunais Regionais Federais a competência de julgamento das causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição.
O TRF é competente para o julgamento de autoridades com prerrogativa de foro nos Tribunais de Justiça, quando praticam crime da competência da justiça federal.
54
O TRF é competente para processar e julgar ação penal em que se imputa a deputado estadual a prática de crimes conexos a delitos de competência da JF. (HC 91.266, Rel. Min. Cezar Peluso, julgamento em 2-3-2010, Segunda Turma, DJE de 23-4-2010.) No mesmo sentido: HC 80.612, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em 13-2-2001, Primeira Turma, DJ de 4-5-2001. 
55
Habeas corpus contra decreto de prisão civil de Juiz do Trabalho: coação atribuída ao TRT: coexistência de acórdãos diversos para o mesmo caso, emanados de tribunais de idêntica hierarquia (STJ e TST): validade do acórdão do STJ, no caso, dado que as impetrações foram julgadas antes da EC 45/2004. Até a edição da EC 45/2004, firme a jurisprudência do Tribunal em que, sendo o habeas corpus uma ação de natureza penal, a competência para o seu julgamento “será sempre de juízo criminal, ainda que a questão material subjacente seja de natureza civil, como no caso de infidelidade de depositário, em execução de sentença”; e, por isso, quando se imputa coação a Juiz do Trabalho de 1º Grau, compete ao TRF o seu julgamento, dado que a Justiça do Trabalho não possui competência criminal (v.g., CC 6.979, 15-8-1991, Velloso, RTJ 111/794; HC 68.687, Segunda Turma, 20-8-1991, Velloso, DJ de 4-10-1991.)" (HC 85.096, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, julgamento em 28-6-2005, Primeira Turma, DJ de 14-10-2005.) 
56
Competência dos juízes federais:
A Constituição define quais as causas civis que tocam à Justiça Federal. 
Para tanto observou-se critério ligados aos sujeitos e à matéria envolvida no litígio.
57
Diante do critério ratione personae, são da competência da Justiça Federal, as lides que versam sobre as seguintes pessoas (CF, art. 109, I, II e VIII).
A competência da Justiça Federal não abrange, ratione personae, as causas que são partes as sociedades de economia mista da União, já que se tratam de pessoas jurídicas de direito privado. 
Ocorre a competência ratione materiae da Justiça Federal nas hipóteses do art. 109, III, V-A, X e XI.
58
Eugênio Pacelli de Oliveira destaca que para definição dos crimes de competência federal, o critério utilizado pelo constituinte pode ser explicitado a partir da busca de um dimensionamento mais ou menos preciso das questões que poderiam afetar, direta ou indiretamente, os interesses federais e/ou nacionais (CF, art. 109, IV, V, V-A, VI e VII).
IMPORTANTE: A justiça federal não julga contravenções penais, crimes eleitorais e crimes militares.
59
Entes atingidos
Entes não englobados
União:engloba todos os órgãos da Administração direita, tal como ministérios, departamentos, abrangendo seus serviços, interesses e patrimônio;
Autarquias:inseridos os conselhosde classe.
Empresas públicas;
Fundações públicas:em que se pese a omissão do texto constitucional, é prevalente o entendimento que os crimes praticados em detrimento de uma fundação pública federal são apreciados pela justiça federal, ao argumento de que as mesmas seriam espécies do gênero autarquia.
Sociedades de economia mista: como a omissão da Constituição foivoluntária, as infrações contra as sociedades de economia mista tramitam na justiça comum estadual;
Concessionáriasde serviço público: não atraem, por falta de previsão constitucional;
Entidades particulares de ensino superior: não atraem, por falta de previsão constitucional;
Sindicatos: não atraem, por falta de previsão constitucional.
60
Além da existência do tratado, é essencial que a infração praticada transcenda as fronteiras de mais de um país, isto é, a internacionalidade da conduta é requisito objetivo para a fixação da competência da justiça federal.
61
É nesse sentido que a súmula nº 522 do STF dispõe:
Súmula 522: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será da justiça federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
62
Súmulas doSTJ:
Súmula nº 42: Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que e parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento. 
Súmula nº 62: Compete à justiça estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na carteira de trabalho e previdência social, atribuído a empresa privada. 
63
Súmulas do STJ:
Súmula nº 73: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da justiça estadual. 
Súmula nº 104: Compete à justiça estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino. 
64
Súmulas do STJ:
Súmula nº 107: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal.
Súmula nº 122: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, "a", do Código de Processo Penal.
65
Súmulas do STJ:
Súmula nº 147: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula nº 151: A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens. 
66
Súmulas do STJ:
Súmula nº 165: Compete à justiça federal processar e julgar crime de falso testemunho cometido no processo trabalhista. 
Súmula nº 200: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso e o do lugar onde o delito se consumou. 
67
Súmulas do STJ:
Súmula nº 208: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. 
Súmula nº 209: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
68
REFERÊNCIAS:
DIDIER JR. Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento 17 ed. Salvador: JusPodivm, 2015.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 20 ed. rev. atual. e ampl. São Paulo, 2016.
MENDES, Gilmar Ferreira. e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito constitucional. 12. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2017.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 33ª Ed., São Paulo: Malheiros Editores, 2010.

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