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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE até aula 7

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DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Introdução: Nesta aula, você irá reconhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente, seu papel e sua importância no estudo do Direito da Criança e do Adolescente, assim como as fontes de estudo da nossa disciplina, Diplomas Nacionais e Internacionais de proteção. Você também irá analisar um conteúdo histórico, como surgiu o Estatuto e qual foi a sua base de criação e desenvolvimento.
Objetivos: Analisar o âmbito de abrangência do Direito da Criança e do Adolescente; Reconhecer o Estatuto da Criança e do Adolescente, sua base principiológica, destinatários e aplicação excepcional; Identificar as fontes que informam o Estatuto da Criança e do Adolescente.
AULA 1-Introdução ao Estudo do Direito da Criança e do Adolescente
Ao longo da história, é possível observar que crianças e adolescentes não possuíam direitos, pois os pais eram detentores de poderes absolutos sobre seus filhos. A mudança deste cenário se deu a partir do triste caso da menina Mary Ellen, ocorrido em 1874, nos Estados Unidos da América (EUA), que deu origem ao 1º Tribunal de Menores do mundo. Leia sobre o caso Mary Ellen: A menina, Mary Ellen, era espancada pela madrasta e foi encaminhada à Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Animais, já que não havia qualquer instrumento específico de proteção à criança. No ano seguinte, instituiu-se, em Nova Iorque, a Sociedade de Prevenção de Crueldade contra Crianças. Após este fato, Mary Ellen foi afastada do convívio da família, tendo sido adotada pela família da advogada e responsável pelo resgate, Etta Wheeler. Mary faleceu em 1956, aos 92 anos.
FONTES DO DIREITODA CRIANÇA:
É muito comum nos referirmos à disciplina “Direito da Criança e do Adolescente” como ECA. Na verdade, isto é um erro, já que ECA é a abreviatura do Estatuto da Criança e do Adolescente, a base normativa legal mais importante desta disciplina, mas não a única. Se tratássemos somente do Estatuto, estaríamos limitando nosso estudo, já que estaríamos considerando apenas a Lei 8069/90 e suas alterações trazidas por diversas leis. Ao contrário, tratar a disciplina como Direito da Criança e do Adolescente nos permite estudar não só o Estatuto, mas todas as demais legislações que embasaram e embasam este direito, tais como: Convenção Internacional dos Direitos Da Criança, Constituição Federal Brasileira de 1988, Código Civil brasileiro, Código Penal Brasileiro e leis extravagantes. Agora que você já conhece as fontes do Direito da Criança e do Adolescente, poderá melhor compreender a natureza jurídica desse direito, que é público, fazendo com que todos, inclusive o poder público, sejam obrigados a cumprir e respeitar suas normas.
O Estatuto da Criança e do Adolescente baseia-se em fontes mediatas e imediatas:
O Direito Internacional Público representa uma fonte imediata do Estatuto da Criança e do Adolescente, que também possui fontes mediatas, tais como o Direito Internacional, Civil, Penal, Administrativo, Tributário, do Trabalho, Processual Civil e Penal, além das ciências humanas: Criminologia geral, Psicologia, Criminologia crítica e Psiquiatria forense.
Agora que você já conhece as fontes do Direito da Criança e do Adolescente, poderá melhor compreender a natureza jurídica desse direito, que é público, fazendo com que todos, inclusive o poder público, sejam obrigados a cumprir e respeitar suas normas.
PRINCÍPIOS:
Podemos estudar um sistema jurídico amplo, de garantia de direitos às crianças e aos adolescentes, baseado nos metaprincípios da prioridade absoluta e da proteção integral. Podemos também afirmar que o Estatuto da Criança e do Adolescente, embora adote outros princípios, possui uma tríplice base principiológica fundamental:
- Doutrina da proteção integral: Significa garantia de direitos a todas as crianças e adolescentes independentemente da situação em que se encontrem. Trata-se de direitos previstos em todos os diplomas de proteção. O Eca implementou ( e não criou) a referida doutrina. Ao fazer isso, superou a doutrina da situação irregular adotada pelo antigo código de menores, revogando-o.
- Princípio do melhor interesse do menor: não há esse princípio expresso no ECA, mas é possível perceber o referido princípio em diversos dispositivos, como o artigo 6º do ECA. 
- Prioridade absoluta: artigo 4º, PU do ECA. Ex: atendimento prioritário em serviços públicos.
Outros princípios: Partindo-se do pressuposto de que os princípios fornecem a segurança necessária para delimitarmos a conduta, a conclusão a que se chega é que o ECA se funda em 6 princípios norteadores:
PRINCÍPIO DA PRIORIDADE ABSOLUTA: Previsto no artigo 227, da Constituição Federal e no artigo 4º, parágrafo único, do ECA. Esse artigo estabelece que a garantia de prioridade compreende:
a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DO MENOR: Com origem anglo-saxônica, foi adotado na Declaração de direitos da criança, em 1959 e na antiga legislação menorista. Atualmente, é parte integrante da doutrina da proteção integral.
PRINCÍPIO DA MUNICIPALIZAÇÃO: Consagrado no artigo 88 do Estatuto da Criança e do adolescente.
PRINCÍPIO DA CIDADANIA: Sendo sujeitos de direitos, crianças e adolescentes são cidadãos e assim precisam ser orientados e ensinados que cidadania consiste no exercício social de direitos e de deveres.
PRINCÍPIO DO BEM COMUM: O Estatuto representa um conjunto de normas e princípios representando o bem comum, não se podendo prejudicar um para defender o outro. Com base nesse princípio, é possível, em tese, a expulsão de um aluno de uma escola, a punição de um infrator etc.
PRINCÍPIO DO PECULIAR DESENVOLVIMENTO: Crianças e adolescentes são pessoas em um estágio peculiar de desenvolvimento, o que precisa ser considerado em diversos momentos, até mesmo na interpretação do Estatuto, conforme nos dita o artigo 6º.
ENUNCIADOS SIMULADOS DO STJ: Além da importância dos diplomas nacionais e internacionais, a jurisprudência, principalmente a dos Tribunais Superiores, também apresenta grande influência em nosso estudo. Destacamos os Enunciados Sumulados do STJ cuja leitura é muito importante também:
108, 265, 338, 342, 383, 492 e 500: Temas relacionados: Aplicação de medidas socioeducativas, oitiva do adolescente em conflito com a lei para regressão da medida, prescrição, nulidade da desistência de outras provas em caso de confissão, competência, internação e corrupção de menores.
ENUNCIADO 108: A aplicação de medidas socio-educativas ao adolescente, pela prática de ato infracional, e da competência exclusiva do juiz. Em caso de remissão/perdão de adolescente, cabe a aplicação da medida socioeducativa pelo juiz da infância e da juventude e não pelo Ministério Público.
ENUNCIADO 265: É necessária a oitiva do menor infrator antes de decretar-se a regressão da medida sócio-educativa
ENUNCIADO 338: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas ( artigo 109 do CP + redução à metade)
ENUNCIADO 342: No procedimento para aplicação de medida sócio-educativa, é nula a desistência de outras provas em face da confissão do adolescente. - Não é só porque o adolescente confessou que as outras provas serão desconsideradas.
ENUNCIADO 383: A competência para processar e julgar as ações conexas de interesse de menor é, em princípio, do foro do domicílio do detentor de sua guarda. - 
ENUNCIADO 492 O ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente. – A internação é excepcional ( artigo 122 do ECA).Ex: O ato infracional análogo ao tráfico de drogas não se enquadra nas hipóteses do artigo 122 do ECA. É precios haver outrassituações previstas para incorporar o tráfico.
ENUNCIADO 500: A configuração do crime previsto no artigo 244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal. – A natureza do crime de corrupção de menores é formal, ou seja, não precisa comprovar de efetiva corrupção do menor.
ATENÇÃO: Uma vez que o Direito da Criança e do Adolescente possui fontes e princípios próprios, há que se afirmar que ele é autônomo.
Devido à sua relevância, este direito foi incluído, em caráter obrigatório, no currículo do ensino fundamental, sendo adicionado o parágrafo 5º ao artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A partir de então, foram firmados vários documentos internacionais de suma importância. Dentre eles, podemos citar:
Na mesma linha de diplomas internacionais, o constituinte adotou a doutrina da proteção integral, no artigo 227, da Constituição, em substituição à antiga doutrina da situação irregular. 							Na verdade, a adoção da doutrina da proteção integral representa uma quebra de paradigma. Crianças e adolescentes deixam de ser meros objetos de proteção para se transformarem em sujeitos de direitos.
A doutrina da proteção integral representou um grande avanço se comparada àquelas anteriormente adotadas no Brasil, tais como: 1. A doutrina do direito penal indiferenciado, que chegou a possibilitar a responsabilidade penal de menores, o que ocorria na época do Brasil Império. 2. A doutrina da situação irregular, que era adotada pela legislação anterior ao Estatuto da Criança e do Adolescente.
Apesar do artigo 2, do ECA, indicar como únicos beneficiários da norma as crianças e os adolescentes, ele admite a aplicação do ECA, de forma excepcional, às pessoas entre 18 e 21 anos de idade (ex.: 121, parágrafo quinto, do ECA), e não há que se falar na revogação deste artigo pelo Código Civil, tendo em vista que a motivação de se fixar a idade de 21 anos em nada se relaciona com a antiga maioridade civil do Código de 1916, mas sim com o prazo máximo da medida de internação, que é de 3 anos.
CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE:
Como podemos observar, o artigo 2º define criança como a pessoa que tem até 12 anos incompletos e adolescente quem tem entre 12 e 18 anos de idade. Esses 18 anos de idade devem ser lidos como incompletos, pois, a partir do momento em que a pessoa completa 18 anos, ela é considerada adulta. Aquele que completa 18 anos passa a ter plena capacidade tanto na esfera cível quanto também na penal, podendo ser considerado imputável.
No entanto, há casos em que o ECA se aplica ao maior de 18 anos. O próprio parágrafo único, do artigo 2º traz tal disposição. À época da entrada em vigor do ECA, poder-se-ia apontar três artigos em que a Lei 8.069/1990 se aplicava até os 21 anos de idade incompletos: Art. 36 — tutela Art. 42 — adoção Art. 121, par. 5º — internação	
Com a entrada em vigor do novo Código Civil, a capacidade plena passou a ser adquirida aos 18 anos. Logo, não se poderia falar em tutela para alguém maior de 18 anos. Também não havia razão para impedir a adoção por aqueles que tivessem entre 18 e 21 anos. Ou seja, os limites antes previstos nos artigos 36 e 42 do ECA foram tacitamente alterados pelo Código Civil. Com o advento da Lei 12.010/2009, estes artigos foram expressamente alterados, passando a neles constar a idade de 18 anos.
Quanto ao limite máximo de idade para perdurar a internação, esse permanece sendo o de 21 anos. Como já vimos, tal limitação em nada se relaciona à antiga maioridade civil, mas sim ao limite máximo que um adolescente poderia permanecer internado: três anos.
Dessa forma, se pensarmos em um adolescente que deixa para praticar o ato infracional no último momento de sua menoridade, calculando que seja possível uma internação por um prazo máximo de três anos, poderia ele ficar internado até praticamente os 21 anos, quando sua desinternação é compulsória.
Excepcionalmente,é possível aplicar o Estatuto às pessoas de 18 a 21 anos, como nos casos de alguém que cometeu ato infracional antes dos 18 anos, que não poderá responder criminalmente, já que é inimputável. Assim, essa pessoa será internada mesmo depois dos 18 anos, desde que a medida socioeducativa de internação cesse aos 21. – artigo 2º, PU do ECA. Desde o advento do novo Código Civil, a capacidade pela passou a ser atingida aos 18 anos de idade.
Estudo de Caso: Carlos cometeu um ato infracional próximo de completar 18 anos de idade. Foi julgado e recebeu uma medida socioeducativa de internação. Caso Carlos impetrasse um habeas corpus alegando que não mais poderia cumprir a medida ao atingir 18 anos, ele estaria correto? SIM NÃO 
Interpretação do ECA
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. – 
Uma determinada disposição do ECA não pode ser utilizada, no caso concreto, para prejudicar os interesses da criança ou adolescente. Levando em conta que o objetivo precípuo da lei é proteger de forma integral, assegurando com absoluta prioridade a efetivação de todos os direitos da pessoa humana e ainda os inerentes à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, todos os dispositivos devem ser interpretados em favor do superior interesse do menor, em apreço à doutrina da proteção integral.
Dessa forma, o legislador deixou claro, no artigo 6º, que a interpretação do ECA deve levar em conta os fins sociais aos quais ela se dirige, às exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos e à condição peculiar do menor de 18 anos de pessoa em desenvolvimento.
Trata-se de interpretação dirigida aos objetivos traçados pelo legislador, que demonstram o compromisso firmado pelo Brasil de garantir a efetivação de todos os direitos previstos na Convenção Internacional dos Direitos da Criança.
Ao introduzirmos o Direito da Criança e do Adolescente, além de conhecer sua origem e os princípios que regem o Estatuto, é fundamental entender algumas das alterações mais importantes que ele sofreu nos últimos anos.
A LeLei 12.955/14 incluiu o parágrafo 9º, no artigo 47, passando a prever que:
Dentre outras alterações, a Lei 12.962/14 incluiu o parágrafo 2º, no artigo 23, do ECA, estabelecendo que:
Já a Lei 13.010/14 alterou o artigo 18 do ECA, vedando a utilização de castigo físico e de tratamento cruel ou degradante. Ao incluir os artigos 18 A e 18 B, a lei conceituou esses tipos de tratamentos e elencou medidas que podem ser aplicadas pelo Conselho Tutelar para aqueles que desrespeitarem tais previsões.
A referida lei também incluiu, no ECA, o artigo 70-A, e alterou o artigo 13.
Ainda em 2014, tivemos a Lei 13.046, que promoveu a inclusão do artigo art. 70-B, estabelecendo que:
E inclui ainda o art. 94-A:
ALTERAÇÕES LEGISLATIVAS DO ECA
Em 2014: 
Lei 12.955: prioridade nos processos de tramitação para adoção de crianças e adolescentes com doenças crônicas. 
Lei 12.962: direito de crianças e adolescentes que possuem pais privados de liberdade, podendo visitar mesmo sem autorização do juiz. O STJ já se posicionou dizendo que o direito não é absoluto, devendo analisar o caso concreto, tais como idade da criança, condições do presídio;
Lei 13.010: Lei do menino Bernardo: proibiu o castigo físico, tratamento cruel ou degradante, conceituando esses elementos. Traz medidas que podem ser aplicadas pelo Conselho tutelar a todos que pratiquem tais crimes. Lei 13.046: 
Em 2015: Lei 13.106: Entrou em vigor no dia 18/03/2015, alterou um crime do ECA, incluído no artigo 243 a bebida alcoolica. Até essa lei, o STJ entendia que servir bebida alcoolica para uma criança era mera contravenção penal. A partir do momento que passa a ser crime, a situação se torna pior pro réu e não pode retroagir. Assim,é preciso olhar a época que a conduta foi praticada: sendo praticada a conduta antes do advento da lei, a pena não pode ser aplicada.
2016:
Lei 13.257: Lei da primeiro infância. Fez 19 alterações no ECA. Infância são os 72 primeiros meses de vida.
Lei 13.306: alterou os artigos 54 e 208, que dizem respeito a Educação. 
Em 2017: Lei 13.431 	Lei 13.436 	Lei 13.438 	Lei 13.440 	Lei 13.441
ARTIGO 12: SAIBA MAIS: Quanto ao limite máximo de idade para perdurar a internação, esse permanece sendo o de 21 anos. Como já vimos, tal limitação em nada se relaciona à antiga maioridade civil, mas sim ao limite máximo que um adolescente poderia permanecer internado: três anos. Dessa forma, se pensarmos em um adolescente que deixa para praticar o ato infracional no último momento de sua menoridade, calculando que seja possível uma internação por um prazo máximo de três anos, poderia ele ficar internado até praticamente os 21 anos, quando sua desinternação é compulsória.
-- Na parte concernente aos crimes, veremos ainda que, em 2015, a Lei 13.106 alterou o artigo 243, tornando crime o fornecimento de bebida alcoólica a menor de 18 anos.
-- A Lei 13.257/16 surge na tutela da primeira infância, entrando em vigor no dia 09 de março de 2016 e realizando diversas alterações no ECA. Essa lei é também responsável por conceituar a primeira infância, como os 6 primeiros anos de vida da criança ou os 72 primeiros meses de vida.
No Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei 13.257/16 realizou as seguintes alterações:
-- Foi incluído o parágrafo único, no artigo 3º, para dispor que os direitos enunciados no ECA aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem.
ARTIGO 8:
	No artigo 8º, o caput passa a estabelecer que é assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde.
A anterior redação mencionava apenas a garantia de atendimento pré e perinatal à gestante, através do Sistema Único da Saúde. O parágrafo primeiro do referido artigo passa a dispor que “O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária.”
O parágrafo segundo passa a estabelecer que “Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher”.
O parágrafo terceiro, também alterado, passa a dispor que “Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação.”
Com a alteração do parágrafo quinto, a assistência psicológica passa a ser direcionada também a gestantes e mães que se encontrem em situação de privação de liberdade.
Ainda no artigo 8º, foram incluídos os parágrafos 6º a 10, para estabelecer que:
 - a gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompanhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do trabalho de parto e do pós-parto imediato;
- a gestante deverá receber orientação sobre aleitamento materno, alimentação complementar saudável e crescimento e desenvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a criação de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral da criança;
- a gestante tem direito a acompanhamento saudável durante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por motivos médicos;
- a atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto e que incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho, na primeira infância, que se encontrem sob custódia, em unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança.
ARTIGO 9:
O art. 9º passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos:
§ 1º Os profissionais das unidades primárias de saúde desenvolverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao planejamento, à implementação e à avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável, de forma contínua.
§ 2º Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal deverão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de leite humano.
ARTIGO 11: 
No artigo 11, houve certa adequação para a preservação de um melhor diálogo de fontes entre o ECA e o Estatuto da pessoa com deficiência, Lei 13146/2015. Dessa forma, o artigo passa a ter a seguinte redação:
É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
§ 1º A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação.
§ 2º Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas.
§ 3º Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças, na primeira infância, receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário.
ARTIGO 13: A redação do artigo 13 passa a estar adequada às expressões trazidas pela Lei 13.010/14, intitulada como Lei Menino Bernardo, passando a dispor que: “Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.” O antigo parágrafo único, atual parágrafo primeiro, passa a esclarecer que não haverá constrangimento no encaminhamento de gestantes ou mães que manifestem vontade de entregar seus filhos para adoção à Justiça da Infância e Juventude. O novo parágrafo estabelece que: “Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças, na faixa etária da primeira infância, com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.”
ARTIGO 14: O art. 14 passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos, numerando-se o atual parágrafo único como primeiro:
§ 2º O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mulher e à criança.
§ 3º A atenção odontológica à criança terá função educativaprotetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bucal.
§ 4ª A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema Único de Saúde.
ARTIGO 19: No artigo 19, a disposição que mencionava a criação da criança e do adolescente em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes foi retirada e substituída por “em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.” Ao parágrafo 3º foi dada nova redação: A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescente à sua família terá preferência em relação a qualquer outra providência, caso em que será esta incluída em serviços e programas de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1º, do art. 23, dos incisos I e IV, do caput do art. 101 e dos incisos I a IV, do caput do art. 129 desta lei.
ARTIGO 23:O artigo 23, que estabelece que a falta ou a carência de recursos materiais não constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar, tem nova redação em seu parágrafo primeiro: não existindo outro motivo que por si só autorize a decretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. Na comparação com a antiga redação, percebe-se a mera inclusão dos serviços oficiais de proteção, apoio e promoção, já que a antiga redação apenas fazia menção a programas.
ARTIGO 34:
O art. 34, da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, passa a vigorar acrescido dos seguintes parágrafos:
§ 3º A União apoiará a implementação de serviços de acolhimento em família acolhedora como política pública, os quais deverão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas, capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de adoção.
§ 4º Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distritais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a própria família acolhedora.
ARTIGO 87: O artigo 87 prevê as linhas de ação da política de atendimento. O inciso II teve sua redação alterada. Na redação anterior, previa políticas e programas de assistência social, em caráter supletivo, para aqueles que deles necessitem. Atualmente, estabelece o inciso serviços, programas, projetos e benefícios de assistência social de garantia de proteção social e de prevenção e redução de violações de direitos, seus agravamentos ou reincidências.
ARTIGO 88: O art. 88, que estabelece as diretrizes da política de atendimento , passa a vigorar acrescido de três novas diretrizes, que passam a estar previstas nos incisos VIII, IX e X:
VIII — especialização e formação continuada dos profissionais que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância, incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre desenvolvimento infantil;
IX — formação profissional com abrangência dos diversos direitos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento integral;
X — realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento infantil e sobre prevenção da violência.
ARTIGO 92: O artigo 92, estabelecendo princípios que devem ser adotados pelas entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional, passa a vigorar acrescido do parágrafo sétimo:
§ 7º Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos, às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas, incluindo as de afeto como prioritárias.
ARTIGO 102: O artigo 102, estabelecendo que as medidas de proteção serão acompanhadas da regularização do registro civil, passa a vigorar acrescido dos seguinte parágrafos:
§ 5º Os registros e as certidões necessários à inclusão, a qualquer tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade.
§ 6º São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a certidão correspondente.
ARTIGO 260: Os seguinte parágrafos do art. 260, da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, passam a vigorar com a seguinte redação:
§ 1º-A. Na definição das prioridades a serem atendidas com os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância.
§ 2º Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e para programas de atenção integral à primeira infância em áreas de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade.
Artigo 265:
Foi incluído o artigo 265 A: O poder público fará periodicamente ampla divulgação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comunicação social. Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será veiculada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 (seis) anos.
Já a Lei 13306/16 alterou o inciso IV, do caput, do art. 54, que passa a dispor sobre atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade; assim como o artigo 208, III, que passa a dispor:
Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular: III — de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade.
Com essas disposições, o ECA passa a estar de acordo com a EC 53/2006, que deu nova redação ao Inciso IV, do artigo 208, da Constituição Federal. Vejamos:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
IV — educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
Na redação anterior, a idade era de seis anos. Também em decorrência da EC 53, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96) já havia sido alterada pela Lei 12.796/13, que dentre várias alterações, aumentou em um ano o ensino fundamental (passando a se iniciar aos seis anos de idade).
A educação básica será ministrada de forma gratuita e obrigatória dos quatro aos dezessete anos de idade, dividida em educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
Consoante a Lei de Diretrizes e Bases, a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.
A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; 
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.
Resumo do conteúdo Analisou o processo evolutivo do Direito da Criança e do Adolescente; Reconheceu os documentos internacionais e nacionais que estiveram presentes nesta evolução; Identificou as doutrinas do Direito Penal do Menor; da Situação Irregular e da Proteção Integral; Reconheceu as fontes, a natureza jurídica e os princípios que norteiam o Direito da Criança e do Adolescente.
Referências desta aula: 1.DUPRET, Cristiane. Curso de direito da criança e do adolescente. 4. ed. Belo Horizonte: Letramento, 2017. 2. ISHIDA, Valter Kingi. Estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: atlas, 2009. 3. ROSSATO, Luciano Alves. LEPORE, Paulo Eduardo. CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da criança e do adolescente comentado Lei 8.069/1990. 3. ed. São Paulo: RT, 2012.
AULA 2 - Direito à vida e à saúde; à liberdade, ao respeito e à dignidade- Dispostos nos artigos 8º a 18 do ECA
INTRODUÇÃO: Na aula anterior, você acompanhou a evolução do Direito da Criança e do Adolescente, e constatou que eles finalmente passaram a ser considerados sujeitos de direitos. Nesta aula, aprofundaremos o estudo dos seguintes direitos fundamentais: vida, saúde, liberdade, respeito e dignidade, que estão dispostos nos artigos 8º a 18 do ECA.
OBJETIVOS: Compreender os direitos fundamentais à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito e à dignidade de crianças e adolescentes; Identificar as normas de proteção contidas no ECA aos referidos direitos; Reconhecer a responsabilidade da família, da sociedade e do Estado em relação a tais direitos.
DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Tais direitos estão previstos de forma ampla, no artigo 7º do ECA), que garante a proteção dos mesmos desde antes do nascimento. Um exemplo disto é a proteção indireta ao nascituro, garantindo à gestante o atendimento pré e perinatal, conforme consta do artigo 8º.							
ARTIGO 7º DO ECA: A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.
ARTIGO 8º DO ECA: É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde
Caso concreto: Em atendimento médico pré-natal, Joana, que está grávida, manifesta vontade de entregar seu filho à adoção. Médicos e enfermeiros tentam impedir esse ato, dizendo que ela não poderia legalmente realiza-lo. Esses profissionais em saúde agiram corretamente? 
A Lei 12.010/09 concedeu ainda à gestante, a assistência psicológica nos períodos pré e pós-natal, como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado puerperal, bem como às gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção.
Outra garantia importante é o direito ao aleitamento materno previsto pelo artigo 9º, que abrange, inclusive, os filhos de mães detentas, garantia esta também assegurada pelo artigo 5º, inciso L da CF. Esta proteção visa assegurar tanto a nutrição quanto os benefícios psicológicos e afetivos da amamentação.
O legislador estabeleceu, no artigo 10, cinco obrigações aos hospitais públicos ou particulares visando à efetividade do direito à vida e à saúde do recém-nascido. A inobservância dos direitos previstos, no artigo 10, incisos I a V caracteriza crime do artigo 228 ou 229 do ECA (dois primeiros crimes previstos no Estatuto), punido na modalidade dolosa ou culposa também. Exemplo: Só responderá culposamente (negliência, imprudência e imperícia) nos casos dos artigos 228 e 229. Nos outros, responderá com dolo. Não há outras previsões para a modalidade culposa, exceto os artigos mencionados.
Vejamos as disposições deste artigo:
Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
obrigados a:
Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;
Proceder a exames visando ao diagnóstico e à terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais;
Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato;
V - Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe.
VI – Não faz paetê da redação originária, sendo incluído em 2017: Acompanhar a prática do processo de amamentação , prestando orientações quanto à técnica adequada enquanto a mãe estiver no hospital, utilizando o corpo técnico existente.
Do nascimento ao crescimento
A preocupação em relação à saúde de crianças e adolescente não se limita ao momento do seu nascimento. Pelo
contrário, é voltada a assegurar o seu bom desenvolvimento em todas as etapas do seu crescimento.
No art. 11, o legislador estabelece que 
Na nova redação dada pela Lei 13257/16 (glossário), houve certa adequação para a preservação de um melhor diálogo de fontes entre o ECA e o Estatuto da pessoa com deficiência, Lei 13146/2015 (glossário). Dessa forma, o artigo passa a ter a seguinte redação: É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde.
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O Art. 13, na linha de garantia ao direito à saúde, o legislador estatutário, de forma prudente, obrigou a todos os estabelecimentos hospitalares a comunicar os casos de suspeita ou confirmação de maus tratos contra crianças ou adolescentes. O descumprimento dessa norma caracteriza infração administrativa, prevista no art. 245 do ECA. A questão dos maus tratos, considerando a sua gravidade, suas implicações e, lamentavelmente, o seu alto índice de incidência, será ainda objeto de estudo no decorrer do curso.
O artigo 13 foi alterado pela Lei 13010/14 e estabelece que “Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais”.
A redação do artigo 13 passa a estar adequada às expressões trazidas pela Lei 13010/14, intitulada como Lei
Menino Bernardo (antiga “lei da palmada”), passando a dispor que “Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais”. Não retira de completo o poder e o dever de correção, pois deriva do exercício do poder familiar. O que a lei, na verdade, proíbe é o exagero. Não é direcionado apenas aos pais, mas educadores, babá e outros. 
ALTERAÇÕES PROMOVIDAS ,PELA LEI MENINO BERNARDO
- Vedar a utilização de castigo físico e tratamento cruel ou degradante
- Conceituar tais vedações: Castigo físico é aquele que causa sofrimento físico ou lesão. Ex: espancamento, tortura. Tratamento cruel ou degradante é aquele que ridiculariza, humilha ou que ameaça gravemente. Basta a ocorrência de um dos tratamentos vedados. Artigo 18 A
- Prever medidas aplicáveis pelo descumprimento – artigo 18B: O Conselho Tutelar deve aplicar as medidas, mas não exclui outras consequências nas diversas esferas que o caso concreto exigir.
O antigo parágrafo único, atual parágrafo primeiro, passa a esclarecer que não haverá constrangimento no encaminhamento de gestantes ou mães que manifestem vontade de entregar seus filhos para adoção à Justiça da Infância e Juventude. O novo parágrafo segundo estabelece que “Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças nafaixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar”.
O art. 14 foi recentemente alterado pela Lei 13257, em 2016 e estabelece que: O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais,
educadores e alunos.
Direito à liberdade
O legislador estatutário, de forma elogiável, nos artigos 15 a 18 do ECA, tratou do direito à liberdade, à dignidade e ao respeito de forma acoplada, definindo-os em um único capítulo, pelo fato deles se complementarem, pois não podemos pensar em liberdade sem respeito e dignidade. Conforme vimos anteriormente, a lei 13.010/14 incluiu os artigos 18 A e B no Estatuto.
Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspectos: I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; II - opinião e expressão; III - crença e culto religioso; IV - brincar, praticar esportes e divertir-se; V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação; VI - participar da vida política, na forma da lei; VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. 
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
 I — castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: a) sofrimento físico; ou b) lesão; 
II — tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: a) humilhe; ou b) ameace gravemente; ou c) ridicularize.
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso:
I — encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família;
II — encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III — encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV — obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
V — advertência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.
Vejamos: A referida lei também incluiu no ECA o artigo 70A e alterou o artigo 13:
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção.
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. Porém, esses direitos sofrem limitações pelo fato de crianças e adolescente serem pessoas em processo de desenvolvimento. Assim, uma criança ou um adolescente pode brincar, passear ou se divertir, desde que essa liberdade não o prejudique. Estas limitações estão presentes em cada inciso do artigo 16 (glossário).
Direito à dignidade e ao respeito
O artigo 17, do ECA, trata da proteção à integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Sabendo disso, responda: Renata e Daniel desconfiam que André, seu filho de 9 anos, está tendo acesso a coisas inapropriadas para sua idade através da internet. Eles vasculham histórico de navegação, arquivos salvos no computador e impedem André de criar contas em redes sociais. A atitude dos pais de André desrespeita o artigo 17 do ECA?
Observação: Com o advento das novas tecnologias e da internet, é comum ver os pais usando programas para controlar o acesso dos filhos à internet, ou proibir games inapropriados. Este dispositivo também é limitante do poder familiar ao impedir o excesso nos meios de correção, pois os excessos poderão caracterizar o crime de maus-tratos previsto pelo art. 136 do Código Penal ou ainda o crime de tortura castigo, prevista no art. 1º, Inciso II da lei 9455/97.
E, finalmente, o artigo 18 do ECA, que assegura a dignidade da criança e do adolescente e que, além de prever o direito, estabelece também o dever de todos em zelar pelo mesmo.
ATIVIDADES
Questão 1: Juliana estava passeando no shopping com seu filho Rafael, de 4 anos de idade. O menino começou a
insistir, ao passar na porta de uma loja, para que a mãe comprasse um brinquedo. Sem paciência, Juliana começou a arrastar o menino pelo braço e proferindo diversas ofensas. No momento, passou um Conselheiro pelo local. Qual seria a melhor conduta a ser praticada?
Questão 2: Nos últimos anos, o Estatuto da Criança e do Adolescente passou por diversas alterações. Dentre elas, a lei 13.010/14 promoveu alterações e incluiu os artigos 18 A e 18 B no Estatuto, vedando, na educação das crianças e adolescentes, a utilização:
Apenas de castigo físico.
De palmada na correção.
Apenas de tratamento cruel ou degradante.
De castigo físico e de tratamento cruel ou degradante.
De castigo físico e de qualquer tipo de palmada.
Questão 3: A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida:
Pelo Sistema Único de Saúde.
Apenas por hospitais especializados.
Por qualquer hospital, com prioridade.
Pelo dentista de confiança, conveniado ao plano de saúde.
Pelo dentista de confiança, desde que de hospital público.
Questão 4: Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são
obrigados a:
Manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de 21 anos.
Identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, dispensando outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente.
Proceder a exames visando ao diagnóstico e à terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, embora não tenha que prestar orientação aos pais.
 Fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato.
Manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe pelo período de três dias.
GABARITO: 1. O Conselheiro, considerando sua atribuição pelo artigo 18 B do ECA, incluído pela Lei 13010/14 teria atribuição para aplicar uma das medidas ali previstas. Cabe destacar que a aplicação de medidas não afasta a possiblidade da existência da prática de crime. 2. E 3. A 4.D
AULA 3 – Direito à Convivência Familiar e Comunitária e os Procedimentos de Colocação em Família Substituta; de Perda e Suspensão do Poder Familiar; de Destituição da Tutela; e da Habilitação de Pretendentes à Adoção
INTRODUÇÃO: Dentro da sistemática dos direitos fundamentais, o legislador tratou do direito à convivência familiar de forma abrangente, procurando estabelecer regras que norteiam o cuidado à criança e ao adolescente. Sendoassim, serão
estudados direitos e deveres de todos os envolvidos com o propósito de assegurá-lo. Nesta aula, daremos continuidade ao estudo dos Direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (glossário), analisando o Direito à Convivência Familiar e as várias modalidades de família. Também serão analisadas as formas de colocação em família substituta: guarda, tutela e adoção.
OBJETIVOS: Compreender o direito fundamental à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes, e as formas de exercício deste direito; Identificar as modalidades de família previstas no ECA; Identificar os procedimentos de colocação em família substituta, bem como os relativos à perda e suspensão do poder familiar, da destituição da tutela, e da habilitação de pretendentes à adoção.
DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA 
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito a ser criado e educado no
seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que garanta seu desenvolvimento integral.
Conceitos de família:
 A partir de 2009, houve a alteração legislativa promovida pela lei 1210 ( lei da adoção) que tratava do aperfeiçoamento do direito à convivência familiar. Com isso, tivemos 3 conceitos de família do ECA, confome os artigos 25 e 28:
- Família natural: pai e/ou mãe + descendentes.
- Família extensa ou ampliada: parentesco próximo, convivência e afinidade/afetividade. Artigos 1723 do CC e 25, PU do ECA.
- Família substituta: modalidades guarda, tutela e adoção. Natureza protetiva. Ver artigo 101,XIX
Observação: Há equiparação das famílias homoafetivas e às uniões estáveis heteroafetivas
Acolhimento familiar e institucional:
A Lei 12.010/09 (glossário), que trouxe alterações ao Estatuto da Criança e do Adolescente, reconhece duas formas de acolhimento da criança e do adolescente, quando estes não puderem permanecer junto à sua família natural ou extensa/ampliada, que são: familiar a institucional. No primeiro, existe a família voluntária (Ex: Um casal resolve receber provisoriamente uma criança com situação de risco ou aguardando para voltar para a família natural ou ser adotada. Oferecem um lar com atenção específica de forma temporária). O acolhimento institucional é um lar coletivo.
	A regra, pelo artigo 19 do ECA, é a família natural ou extensa/ampliada e a exceção, a família substituta. E, para garantir esta convivência, o ECA sofreu alteração recente pela Lei 12962/14 que passa a estabelecer, no parágrafo 4º, do artigo 19, que será garantida a convivência da criança e do adolescente com a mãe e o pai privado da liberdade, por meio de visitas periódicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimento institucional, pela entidade responsável, independentemente de autorização judicial.
Desta forma, a condenação criminal do pai ou da mãe não implicará na destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio filho ou filha. Um exemplo que
podemos citar é o crime de estupro de vulnerável praticado contra o próprio filho.
Assim, nos procedimentos da Justiça da Infância e da Juventude, a preferência é sempre a permanência da criança e do adolescente junto a seus genitores biológicos ou parentes próximos (ou pessoa com quem já conviva), e somente após a verificação técnico-jurídica de que estes não possuem condições de criá-los, é que se inicia a colocação em lar substituto.
Esse artigo restringiu qualquer discriminação relativa à filiação. Sendo assim, aboliu-se o termo filiação ilegítima, igualando-se os direitos de todos os filhos. O mesmo preceito está no artigo 1.596 do Código Civil, e na Constituição Federal, no §6º do artigo 227 
Os artigos que dispõem acerca do direito à filiação não foram alterados, pois já se encontravam em total sintonia com
as previsões constitucionais, que estabelecem igualdade na filiação, com proibição de discriminação entre filhos naturais e adotivos, proibindo também a nomenclatura “filhos ilegítimos”. Assim: Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reconhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro documento público, qualquer que seja a origem da filiação. Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes. Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de Justiça
PODER FAMILIAR
Pode ser visto como um direito e como um dever ( de sustento, educação, guarda). A guarda, no entanto, apesar de ser um dos deveres inerentes ao poder familiar, pode, em algumas situações, ser transferida para outrem.- ver artigo 155 para a destituição do poder familiar.
Desde o advento do novo Código Civil, a expressão “pátrio poder” foi substituída por poder familiar. Este poder é exercido em igualdade de condições pelo pai e pela mãe, representando a obrigação destes na formação e proteção dos filhos, garantindo-lhes os direitos fundamentais assegurados pela CF. O que está contido também no art. 21 do ECA.		 Antes da reforma promovida pela Lei 12010/09, o ECA ainda se valia da expressão “pátrio poder”, mas com o advento da referida lei, todas as expressões foram alteradas para “poder familiar”. As obrigações decorrentes do poder familiar são a guarda, o sustento e a educação, consoante disposto no Código Civil e no artigo 22 do ECA. O descumprimento desses deveres pode ocasionar a suspensão ou até mesmo a destituição do poder familiar, além de possibilitar: A infração administrativa do artigo 249 do ECA, aplicação de medidas previstas no artigo 129do ECA e os crimes previstos nos artigos 244 e 247 do Código Penal.
PROCEDIMENTO DE PERDA OU SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR
A perda e a suspensão do poder familiar serão decretadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos
previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumprimento injustificado dos deveres e das obrigações a ele inerentes.
O procedimento está previsto no artigo 155 e seguintes do Estatuto. O procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse ( pessoas próximas). A petição inicial deverá conter os seguintes requisitos: A petição inicial indicará: a autoridade judiciária a que for dirigida; o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; a exposição sumária do fato e o pedido e as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o rol de testemunhas e documentos.
Havendo motivo grave, poderá a autoridade judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de responsabilidade.
A seguir, veja o procedimento de perda ou suspensão do poder familiar:
- O requerido será citado para, no prazo de 10 dias, oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos.
- Não sendo contestado o pedido, a autoridade judiciária darpa vista aos autos ao Ministério Público por 5 dias, salvo quando este for o requerente, decidindo em igual prazo, designando, desde logo, audiência de instrução e julgamento. Na audiência, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez.- A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do MP, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder familiar prevista nos artigos 1637 e 1638 do Código Civil.
- Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou do adolescente, respeitando o estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. Também é obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem em local conhecido. 
- A decisão será profetrida na audiência, podendo a autoridade judiciária, excepcionalmente, designar dará para sua leitura no prazo máximo de 5 dias. O prazo máximo para conclusão do procedimento será de 120 (cento e vinte) dias e a sentença que decretar a perda ou a suspensão do pdoewr familiar será averbada {a margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente. 
FAMÍLIA SUBSTITUTA — ARTIGOS 28 A 52, ECA.
A colocação em família substituta far-se-á mediante três modalidades: GUARDA, ADOÇÃO E TUTELA.
A adoção sofreu recente alteração promovida pela Lei 12955/14 (glossário), incluindo o parágrafo 9º, determinando que terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança ou adolescente com deficiência
ou com doença crônica.
MODALIDADES 
Guarda – artigos 33 a 35 do ECA
A guarda não retira o poder familiar dos pais, diferentemente da tutela, que pressupõe a perda ou a suspensão desse poder familiar. Já a adoção rompe com todos os vínculos anteriores. Consoante o artigo 1.634 do Código Civil e artigo 22 do ECA, a guarda é dever inerente ao poder familiar, juntamente
com o dever de sustento e educação, consoante os dois dispositivos em epígrafe. É inicialmente vinculada, portanto,
ao poder familiar. No entanto, em determinadas situações, pode o dever de guarda se desprender do poder familiar, sem causar a perda deste. Nos casos de guarda como modalidade de colocação, em família substituta, será aplicável o disposto nos artigos 33 a 35 do Estatuto, que não se preocupou com a guarda atribuída aos genitores, mas somente a atribuída a terceiros.
 A guarda está dividida em três espécies. 
- Guarda para regularizar a situação de fato: É possível que a criança ou o adolescente já esteja sendo criado por alguém que não possui o termo de guarda. O objetivo é tornar o direito de uma situação meramente fática.
- Guarda liminar ou incidental nos processos de adoção: Artigo 33, §1º - ocorre nos procedimentos de tutela e adoção, exceto por estrangeiros. Com base nesse dispositivo, é possível que, durante o processo de adoação, oss futuros pais adotivas tenha, a guarda da criança ou do adolescente.
Guarda para suprir falta eventual ou atender situação peculiar: No caso de afastamento provisório dos pais, como uma viagem a trabalho, por exemplo.
Os efeitos da guarda são: assistência moral, material e educacional. No entanto, não afasta o poder familiar, o direito de visitação dos pais e o dever de alimentos ( §4º, artigo 33 do ECA)
A guarda pode ser modificada a qualquer tempo.
Com a guarda, passa o menor a figurar como dependente para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários. Alguns avós requerem a guarda dos netos, visando, exclusivamente, a fins previdenciários. Em muitos desses casos, o menor continua, inclusive, na companhia dos pais. Não existe a chamada guarda previdenciária, mas sim os efeitos previdenciários da guarda. Os benefícios são consequência e não finalidade. Além disso, tendo-se exclusivamente a finalidade de se deixarem benefícios previdenciários, importaria em uma fraude permitida pelo Poder Judiciário aos cofres públicos.
Outro argumento seria a falta de correspondência com a realidade dos fatos. A questão deve passar, ainda, pela análise da Lei 8.213/1991 (glossário), em seu artigo 16, parágrafo 2º, que sofreu uma alteração em 1997, pela Lei 9.528 (glossário), passando a não considerar o menor sob guarda como equiparado a filho, mas apenas o enteado e o menor tutelado.
Mesmo para aqueles que entendem como possível, a guarda para fins exclusivamente previdenciários, posicionamento que praticamente não mais se encontra na jurisprudência, o recebimento de tais benefícios deve passar pela análise da modificação da lei. O fato gerador do benefício é a morte do segurado. Dessa forma, deve-se levar em conta a lei em vigor na data da morte do beneficiário. Se anterior à alteração legal, o menor sob guarda ainda poderia receber o
beneficio. Se posterior, não mais seria permitido, em virtude da nova redação do parágrafo 2º. No entanto,
recentemente, o STJ vem admitindo o benefício da pensão por morte a menores sob guarda, fazendo preponderar o
disposto no artigo 33, parágrafo 3º do ECA.
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TUTELA – artigos 36 a 38 do ECA + Código Civil
-- Não convive com o poder familiar
-- É um encargo, um ônus.
-- Prazo de 30 dias a contar da abertura da sucessão o controle judicial do ato.
A tutela é medida de colocação em família substituta que, diferentemente da guarda, pressupõe a morte dos pais, sua declaração de ausência, qualquer outra forma de perda ou ainda suspensão do Poder Familiar
A tutela está prevista nos artigos 36 a 38, do ECA, e 1.728 e seguintes, do Código Civil. Consiste em um encargo de caráter assistencial, que tem por objetivo suprir a falta de representação legal, substituindo assim o poder familiar, em se tratando de menor de 18 anos. Cabe destacar que a administração dos bens do tutelado não pode prevalecer à criação e à educação deste. Esta administração é uma importante atribuição da tutela, mas não é única.
A tutela, apesar de englobar a guarda, não se confunde com ela. A tutela confere ao tutor plenos poderes de representação, em virtude da destituição ou suspensão do poder familiar ou ausência dos pais, o que não ocorre na guarda, que pode coexistir com o poder familiar. Apesar de não coexistir com o poder familiar, a tutela não defere direito sucessório ao tutelado em caso de falecimento do tutor. Este direito permanece em relação aos pais, pois a suspensão ou a destituição do poder familiar não extingue o vínculo sucessório. O tutor possui os deveres previstos nos artigos 1.740, 1.747, 1.748 e 1.755, todos do Código Civil. As espécies de tutela são:
ADOÇÃO – artigo 39 ao 52 do ECA
Quem pode adotar: Depende do caso concreto. Em relação à idade, é preciso ter capacidade plena ( 18 anos) além da diferença do adotado e adotante de 16 anos. Em relação ao estado civil: solteiros, casados ou em união estável. Exceção: duas pessoas que não estão mais juntas podem adotar (artigo 42, §4º do ECA)conjuntamente se preencherem três requisitos: convivência com a criança se iniciou quando o casal estava junto, acordo sobre guarda e visitação, aquele que não exercer a guarda tem que ter o vínculo de afinidade com a criança ou o adolescente.
Quem não pode adotar: ascendentes e irmãos.
Igualdade plena entre filhos:
- Vedação da adoção por procuração, sendo um ato personalíssimo.
- Irrevogabilidade da adoção. Em caso de maus tratos, perde o poder familiar.
- A morte dos pais adotivos não restabelece o poder familiar dos pais naturais.
- O ECA exige para adoação internacional convivência com a criança por 30 dias no território nacional.
- Necessidade de consentimento dos pais para adoção caso não sejam destituídos do poder familiar e estiverem presentes.
- O adolescente ( a partir de 12 anos) precisa consentir a substituição de família. A criança menor de 12 anos será ouvida sempre que possível, não vinculando o juiz na decisão.
- Não deve haver nenhuma averbação indicando a adoção no registro novo. O registro anterior é cancelado.
- O adotado tem direito ao conhecimento da origem, mesmo menor de 18 anos, podendo ter acesso ao antigo registro.A adoção de criança e de adolescente reger-se-á sempre de acordo com o disposto no ECA (artigos 39 a 52, do ECA), e trata-se de medida excepcional e irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família natural ou extensa.
ATIVIDADE
Com base no que acabamos de ver, analise os casos a seguir e diga se os perfis apresentados são candidatos à
adoção ou não.
I. Milena tem 34 anos, é solteira, advogada e possui casa própria. Foi tutora legal de Júlia (que tem 6 anos de idade) por um período de dois anos – tempo em que prestou contas regularmente de sua administração.
II. João tem 30 anos, e Marcela, 25. Eles foram tutores legais de Rafael (que tem 10 anos de idade) por um período de um ano – quando ainda estavam casados. Agora, apesar de divorciados judicialmente, desejam adotar a criança, com o acordo de que a guarda ficará com Marcela. João, por sua vez, visitará Rafael de forma periódica.
ADOÇÃO PÓSTUMA E ADOÇÃO UNILATERAL
Existem duas espécies de adoção previstas pelo ECA que possuem características peculiares que as afastam um pouco das regras gerais referentes a adoção:
SENTENÇA DE DEFERIMENTO DA ADOÇÃO
A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julgado da sentença constitutiva, exceto na hipótese de Adoção Póstuma, caso em que terá força retroativa à data do óbito. Isto é assim para possibilitar a transmissão de direitos sucessórios ao adotando. A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e, a pedido de qualquer deles, a possibilidade de determinar a modificação do prenome. Caso a modificação de prenome seja requerida pelo adotante, isto não poderá configurar uma imposição ao adotado. Será obrigatória a sua oitiva, observado o disposto nos §§ 1º e 2o, do art. 28 do ECA. A sentença que defere a Adoção é irrevogável e nem mesmo a morte dos adotantes restabelece o poder familiar dos pais naturais.
CONHECIMENTO SOBRE A ORIGEM BIOLÓGICA
O adotado tem direito de conhecer sua origem biológica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 anos. Tal acesso ao processo de adoção poderá ser também deferido ao adotado menor de 18 anos, a seu pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. Via de regra, para adoção, é necessário o respeito ao Cadastro Nacional de Adoção. A adoção em favor de candidato domiciliado no Brasil, não cadastrado previamente, apenas poderá ser deferida:
EM CASOS DE ADOÇÃO INTERNACIONAL, COMO PROCEDER?
Será admitida a adoção internacional de crianças e/ou adolescentes brasileiros ou domiciliados no Brasil, quando esta modalidade de família substituta for adequada ao caso concreto, e quando forem esgotadas todas as possibilidades de colocação em família brasileira.
Não deixe de ler os artigos 51 a 52D do Estatuto!
ATIVIDADE
Analise o caso a seguir:
“Um bebê, de aproximadamente 6 meses de idade, é deixado na porta da casa de Maria sem documentos. Maria o acolhe, em sua casa, e aguarda que alguém reclame a criança. Um ano se passa sem que ninguém procure pelo bebê. Maria se apega à criança e deseja adotá-la, mesmo não sendo habilitada à adoção”.
Diante desses fatos, é CORRETO afirmar que, de acordo com as regras e os princípios da legislação em vigor:
A autoridade judiciária, tomando ciência da situação, deve determinar o afastamento da criança do convívio com Maria e entregá-la a casal cadastrado em programa de acolhimento familiar, o qual terá preferência para adotá-lo caso assim deseje.
O Conselho Tutelar, tomando conhecimento da situação, deve determinar o imediato acolhimento institucional da criança, requisitar a lavratura de seu registro de nascimento e comunicar o caso à autoridade judiciária.
Maria, antes de postular a adoção, deve providenciar o registro tardio da criança e, na sequência, pedir ao Conselho Tutelar a concessão, em seu favor, de termo provisório de guarda e responsabilidade da criança.
 O Ministério Público, ciente da situação, deve propor ação declaratória de infante exposto, cujo procedimento prevê a
expedição de edital para ciência pública do “achamento” da criança, concedendo prazo para manifestação para eventuais
interessados.
 Maria somente poderá adotar a criança quando esta última completar 3 anos, e desde que preenchidos os demais requisitos legais.
PROCEDIMENTO DE COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA
O procedimento de colocação em família substituta está previsto nos artigos 165 a 170 do ECA. Sendo os pais falecidos ou destituídos ou suspensos do poder familiar; ou se houverem aderido expressamente ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser formulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios requerentes, dispensada a assistência de advogado. Caso contrário, teremos a via judicial, com o procedimento de colocação em família substituta.
Este procedimento inicia-se ou por provocação do Ministério Público ou de quem tenha legítimo interesse, após
esgotados os esforços para manutenção da criança ou do adolescente na família natural ou extensa. E a petição inicial
deve conter os seguintes requisitos:
Em se tratando de adoção, deverão ainda ser observados os requisitos específicos ao instituto. São eles:
Durante o procedimento, havendo o consentimento dos titulares do poder familiar, este será colhido pela autoridade.
judiciária competente em audiência, presente o Ministério Público, garantida a livre manifestação de vontade. E, se este
consentimento foi prestado por escrito, deverá ser ratificado em audiência.
Este consentimento é retratável até a data da publicação da sentença constitutiva da adoção, e só terá valor se for dado após o nascimento da criança.
A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional, decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no caso de adoção, sobre o estágio de convivência, a fim de que a criança ou o adolescente não fique sem representação legal até o final do procedimento. E, deferida a guarda provisória ou o estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue ao interessado, mediante termo de responsabilidade.
Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, decidindo a autoridade judiciária em igual prazo. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico da medida principal de colocação em família substituta, será observado o procedimento contraditório previsto nos artigos 155 a 164 do ECA.
ALIENAÇÃO PARENTAL
A alienação parental ofende o direito à convivência familiar. O psiquiatra americano Richard Gardner denominou "alienação parental" a síndrome constatada em um dos pais. Ela acontece quando:
Um dos cônjuges tenta, a qualquer preço, afastar a criança ou adolescente do convívio do outro genitor. A síndrome geralmente se manifesta na ocorrência de separações traumáticas, em que uma das partes não consegue aceitar o sentimento de rejeição, raiva, abandono e acaba por buscar, até de forma inconsciente, o alívio de tais sentimentos pela vingança, qual seja, a de afastar o outro genitor da presença e do convívio do filho; além da nefasta criação sem a presença de um dos genitores, com os consequentes traumas que podem ser gerados psicologicamente.
A menina, por exemplo, na ausência do pai, podendo ser proveniente de um lar desajustado pode manifestar, no futuro, o que psicologicamente se conceitua como a doença de amar demais, que poderá envolvê-la em relacionamentos destrutivos. Podem ser plantadas falsas memórias em casos extremos, como abuso sexual praticado pelo genitor afastado.Em casos extremos, o genitor afastado pode ser vítima de denunciação caluniosa, vindo a responder a inquérito e processo por supostos abusos sexuais, o que demandará uma análise psicológica criteriosa e necessariamente
demorada, gerando sofrimento extremo a todos os envolvidos.
INDICAÇÃO DE LINK A Lei 12.318/2010 dispõe sobre a alienação parental. Para conhecê-la, clique aqui (glossário).
ATIVIDADES
Questão 1: Analise o caso a seguir:
Claudio é avô de Marcelo, adolescente de 13 anos de idade. Sabendo que a mãe de Marcelo é muito ausente na criação
do filho, Claudio procura um advogado com a intenção de adotar o neto. Como advogado, quais são as instruções que devem ser passadas a Claudio?
Questão 2: Paulo, com 8 anos de idade, foi colocado sob a guarda de seu tio Pedro, visto que seus pais foram presos
pela prática de roubo. Cinco anos mais tarde, os pais, agora em liberdade, reaparecem e exigem de Pedro a imediata
devolução do agora adolescente Paulo. Pedro, contudo, não deseja entregar seu sobrinho aos pais, pois entende que eles ainda estão envolvidos com crimes. Pedro, nessa situação:
Deve devolver imediatamente o adolescente aos pais, que não chegaram a ser destituídos do poder familiar.
Alega que os pais devem procurar o Conselho Tutelar, que pode revogar a guarda.
Pode se opor à entrega do adolescente aos seus pais.
Deve firmar um documento particular, revogando a guarda e devolvendo o adolescente aos pais.
Alega que os pais devem procurar o Promotor de Justiça, que pode, mediante Portaria fundamentada, revogar a guarda.
Questão 3: Conforme prescreve o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a alternativa correta.
A guarda confere ao guardião o direito de opor-se a terceiros, salvo aos pais naturais da criança ou do adolescente.
A guarda pode ser destinada a regularizar a posse de fato da criança ou adolescente.
Apenas para fins previdenciários, a criança ou o adolescente é considerado dependente do guardião.
A guarda só poderá ser retirada dos pais naturais em caso de destituição do poder familiar.
O deferimento da guarda de criança ou adolescente a terceiros, em qualquer caso, impede o exercício de direito de visitas pelos pais naturais.
AULA 4 - Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer; Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho; e Prevenção, Produtos e Serviços
Introdução: Dando continuidade ao estudo dos direitos fundamentais previstos pelo ECA, passamos agora à análise dos direitos à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, à profissionalização e à proteção no trabalho. Você verá que esses direitos são importantes para o bom desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, razão pela qual não só o ECA, mas também outras normas pertinentes dedicam-se a regulamentá-los, como será visto mais adiante nesta aula. Além desses direitos, o ECA prevê regras referentes à prevenção, aos produtos e aos serviços, reafirmando a intenção do legislador no sentido de propiciar condições favoráveis ao desenvolvimento sadio de crianças e adolescente nos aspectos físico, psíquico e moral.
Objetivos:
- Compreender os direitos fundamentais à educação, à cultura, ao esporte e ao Lazer, à profissionalização e à proteção
ao trabalho, bem como as regras relativas à prevenção, aos produtos e serviços;
- Reconhecer os dispositivos legais que regulam estes direitos, contidos no ECA, e nas demais legislações pertinentes;
- Identificar a responsabilidade da família, do Estado, e da sociedade em relação a tais direitos;
- Compreender as regras que regem a viagem de crianças dentro do território nacional e a viagem de crianças e adolescentes para o exterior.
DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER
Objetivando a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, o legislador constitucional utilizou-se da educação como instrumento de transformação social e, deste modo, destinou um capítulo para regulamentá-la (arts. 205 a 214, CRFB). O art. 205, da CRFB, demonstra a preocupação do legislador em esclarecer que a Educação não se constitui apenas em uma obrigação do Estado, e sim em uma obrigação conjunta do Estado e da família. É importante destacar que as regras sobre a Educação encontram-se previstas na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação — Lei 9.394/96) e que o ECA, ao tratar deste tema, apenas enfatiza alguns aspectos lá contidos. Cabe destacar que a Lei 13010/14 incluiu o parágrafo 9º, no artigo 26, da LDB, dispondo que: conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de todas as formas de violência contra a criança e o adolescente serão incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que trata o caput deste artigo, tendo omo diretriz a lei nº 8069 /1990 ( ECA), observada a produção e distribuição de material didático adequado.
Artigo 53: De acordo com o artigo 53 do ECA, a criança e o adolescente têm direito à Educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando:
- Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola.
- Direito de ser respeitado pelos educadores.
- Direito de contestar critérios avaliativos, recorrendo às instâncias superiores.
- Direito de organização e participação em entidades estudantis.
- Acesso {a escola pública e gratuita próxima à residência.
>É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
Artigo 54: O artigo 54 elenca, dos deveres do Estado, de assegurar à criança e ao adolescente:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de idade;             
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do adolescente trabalhador;
VII - atendimento no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde.
- O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. O não oferecimento do ensino obrigatório, pelo poder público ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade competente. Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola. Os pais ou o responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. A desobediência a este dever acarretar crime de abandono intelectual, previsto no Código Penal.
- Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: maus tratos envolvendo seus alunos e reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares e elevados níveis de repetência.
- O poder público estimulará pesquisas, experiências e novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. No processo educacional, respeitar os valores culturais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o acesso às fontes de cultura. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão o destino de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude. Ao elencar a Educação como um direito fundamental da criança e do adolescente,

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