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Projeção Histórica da Revolução Industrial na obra de Eric J. Hobsbawm

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“Projeção Histórica da Revolução Industrial na obra de Eric J. Hobsbawm” *
Monick Vieira Rodrigues **
Resumo
	Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise histórica sobre a Revolução Industrial Inglesa, que teve como marco inicial o período de 1780, na visão do autor Eric J. Hobsbawm. Tendo como foco a importância da transição para produção através de máquinas e a mudança repentina de modo de vida da população do Reino Unido neste período.
Palavras-chave: Revolução Industrial, Grã-Bretanha.
Abstract
	This work aims to conduct a historical analysis of the British Industrial Revolution, which had as its starting point the period of 1780, in view of the author Eric J. Hobsbawm. Focusing on the importance of the transition to production by machines and the sudden change of lifestyle of the UK population during this period.
Key words: Industrial Revolution, Great Britain.
Introdução
Sabe-se que durante o século XVIII a Grã-Bretanha já se mostrava como um país rico e de economia em expansão devido ao comercio, mas os fatores que culminaram no processo de transição do feudalismo para o capitalismo não foram devido à sua riqueza, pois outros países da Europa se encontravam em um nível de desenvolvimento cientifico e tecnológico acima do presente na Grã-Bretanha.
No século XVIII o mundo era menor e maior ao mesmo tempo, menor porque se podia chegar a apenas parte dele, ou seja era possível para a maioria 
* Trabalho de conclusão da disciplina de História das Relações Internacionais I, do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo, elaborado durante o segundo semestre de 2013 sob orientação do Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni.
** Aluna do segundo termo do curso de curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo.
das pessoas conhecer apenas seu Estado ou seu país, e maior porque as viagens normalmente demoravam dias ou semanas, mesmo as de pequena distância.
Os problemas que o país apresentava no começo da Revolução eram simples e não necessitavam de homens com qualificações ou escolaridade especializadas para resolve-los, portanto a industrialização tornava-se barata. Foi partindo destas pequenas mudanças que se deu o início do que passou a revolucionar o modo de ver e pensar o mundo.
Os passos iniciais foram dados em Lancashire, nas novas fábricas de algodão e depois seguiu-se o desenvolvimento para as indústrias de carvão.
O historiador marxista, Hobsbawm se formou em história na universidade de Cambridge e optou pelo comunismo em 1936. Ele volta-se para o imperialismo (fruto da Revolução Industrial) com propriedade e vasto conhecimento no assunto.
O enorme impacto que configurou a Revolução Industrial na sociedade inglesa, bem como no restante do mundo futuramente, será analisado neste estudo.
“A história de qualquer classe não pode ser escrita se a isolarmos de outras classes, dos Estados, instituições e ideias que fornecem sua estrutura, de sua herança histórica e, obviamente, das transformações das economias que requerem o trabalho assalariado industrial e que, portanto, criaram e transformaram as classes que o executam’’ (HOBSBAWM, 1987, p. 13)
Contexto histórico
A partir de meados do século XVII a Grã-Bretanha passou a assumir a liderança do comercio Europeu, fato este que enriqueceu o país e tornou possível a existência de um grande mercado consumidor interno.
Ao mesmo tempo em que uma parte da população era extremamente rica, outra parte estava disposta a trabalhar para sobreviver e não possuindo qualquer especialização aceitava fazê-lo em troca de baixos salários.
Como uma potência naval, seus marujos formavam um grupo grande de trabalhadores. “Por volta de meados do séc. XVIII, o país possuía talvez 6.000 navios mercantes (...)” (HOBSBAWM, 1969, p. 13).
Mesmo com a manufatura e a agricultura prosperas, o comércio era o que realmente interessava aos ingleses.
O pioneirismo inglês
Dentre os fatores que permitiram a primazia da Grã-Bretanha na Revolução Industrial destacaram-se a ausência de grande império colonial e falta de capacidade de concorrência com a indústria francesa de luxo, os objetivos de ganho comercial e o fortalecimento dos mesmos, através dos Atos de Navegação por exemplo.
A Grã-Bretanha possui uma localização geográfica estratégica, além de grandes reservas de carvão.
Suas colônias forneciam a matéria prima necessária, além de serem uma grande potência naval e controlarem bem o ritmo de produção, de rotas e de possuírem os portos necessários.
	
Mudanças na sociedade inglesa
	Em Manchester a população aumentou entre 1760 e 1830 de 1.700 para 180.000 pessoas devido à exportação de algodão, que era feita em maior parte para países subdesenvolvidos tais como a Índia e o Extremo Oriente, além dos ingleses possuírem o monopólio até a Primeira Guerra Mundial do comercio com indianos, chineses e japoneses.
Não foram necessários grandes investimentos, tampouco mão de obra qualificada, a Revolução se deu em torno de medidas simples, bem como a implementação de iluminação a gás em 1805. Porém ela levou muitos trabalhadores domésticos à fome, e as fábricas causavam perda da autonomia e independência. Os grandes industriais preferiam contratar mulheres e crianças, pois estes eram considerados mais dóceis.
Graças à urbanização foram realizadas inovações na produção de bens de capital, como o carvão, ferro e aço. Antes do surgimento das ferrovias (1828) o ferro possuía baixa procura, assim como o carvão e o aço que passaram a ser consumidos também pela siderurgia. Muito dinheiro passou a ser investido, mesmo que irracionalmente na época, em ferrovias, como mostra o autor:
“A maior parte deste dinheiro investido nas ferrovias não deixou vestígios, pois na década de 1830 havia uma enorme acumulação de capital queimando os bolsos de seus proprietários – buscando quaisquer investimentos que prometessem rendimento maior que os 3,4% dos títulos públicos. Na década seguinte, o excedente anual que assim clamava por ser investido era estimado em £ 60 milhões, ou quase o dobro do valor estimado do capital total da indústria algodoeira em meados da década de 1830. A economia não tinha simplesmente como absorver um investimento industrial dessa magnitude, e na verdade a crescente disposição de empresários calculistas em meter as mãos nos bolsos para fazer despesas em nada lucrativas (como por exemplo, os gigantescos, medonhos e caríssimos edifícios de prefeituras que as cidades do norte começaram a usar como arma em suas guerras de rivalidades, depois de 1848) atesta não só sua crescente riqueza, como também suas poupanças cada vez maiores, em excesso ao que as indústrias locais necessitavam para reinvestimento.” (HOBSBAWM, 1969, p. 103)
A renda média da população crescia, muito embora a parcela menos favorecida dela se encontrasse em condições cada vez menos favoráveis.
Entre 1830 e 1840 ocorreu uma crise de insatisfação popular que moveu massas populares insatisfeitas, que já se apresentavam desta forma desde meados de 1810 com organizações como o Cartismo (movimento que exigia melhores condições de trabalho, como a limitação da jornada de trabalho para oito horas e a extinção do trabalho infantil) e o Ludismo (movimento que ia contra a mecanização do trabalho), conhecido pela quebra das máquinas por trabalhadores ludistas. A verdade é que as condições dos trabalhadores só pioravam enquanto a maioria dos proprietários agrícolas passavam a investir pesadamente nas industrias, ou seja viravam capitalistas, visando um lucro cada vez maior com base na exploração dos trabalhadores industriais.
Foi só à partir de 1848 que investimentos passaram a serem feitos em obras públicas, como ruas pavimentadas e praças, com elas a vida do trabalhador passou a ser um pouco melhor, pois em seus poucos momentos de descanso eles poderiam frequentar capelas por exemplo.
Em 1834 foi criada a Leis dos Pobres, que determinava o recolhimento às Casas de Trabalho (Workhouses) a todos os que recorressemao Estado. Estas Casas de Trabalho eram como as prisões, nas quais os operários trabalhavam em troca de alimento. 
Hobsbawm demonstra em sua obra o surgimento de uma classe trabalhadora:
 “... o cartismo repousava firmemente sobre a fundação da consciência de classe trabalhadora, e, na medida em que antecipava qualquer método real de alcançar suas metas, colocava suas esperanças numa greve geral ou, como se dizia então, num Mês Sagrado. Essencialmente, porém, o que mantinha coesos todos esses movimentos, ou que o revivificava após suas periódicas derrotas e desintegrações, era a insatisfação universal de homens que se sentiam famintos numa sociedade podre de rica, escravizados num país que se orgulhava de sua liberdade, procurando pão e esperança e só recebendo em troca pedras e angústia.” (HOBSBAWM, 1969 p. 86)
	
 A Lei dos Cercamentos que transformava campos antes abertos em propriedades particulares, com a justificativa de utilização de terras antes não cultivadas, acabou expulsando camponeses de suas terras e levando à uma maior concentração de terras nas mãos dos fazendeiros. 
O desenvolvimento do capitalismo industrial
	 Devido ao avanço das manufaturas para empresas mecanizadas (implementação de maquinas), deu-se o início do desenvolvimento do capitalismo industrial. O autor Maurice Dobb demonstra em sua obra como foi iniciado o processo de acumulação de capital:
“Uma era de alteração técnica que rapidamente aumentava a produtividade do trabalho testemunhou também um aumento natural anormalmente rápido nas fileiras do proletariado, juntamente com uma série de acontecimentos que alargaram simultaneamente o terreno de investimento e o mercado dos bens de consumo em grau sem precedente. Vimos com que aperturas nos séculos anteriores o crescimento da indústria capitalista foi dificultado pela estreiteza do mercado e sua expansão ameaçada pela baixa produtividade imposta pelos métodos de produção no período, sendo esses obstáculos reforçados de quando em vez pela escassez de mão de obra. Na revolução industrial essas barreiras foram simultaneamente varridas e, em vez disso, a acumulação e o investimento de capital se viram, a cada ponto no quadrante econômico, diante de horizontes cada vez mais amplos para incitá-los.” (DOBB, 1971, p. 314/315)
O mercantilismo trata-se de um conjunto de ideias e políticas econômicas do capitalismo comercial. A acumulação da classe alta passou a transformar títulos e bens em meios de produção. Era necessário ter astúcia para transformar investimentos em negócios extremamente lucrativos.
O Florescimento do capitalismo industrial exigia não apenas a transferência de títulos e riqueza para mãos da burguesia, mas também a concentração em poucas mãos.
A concentração de renda nas mãos dos grandes industriais passou a ser cada vez maior, bem como a exploração dos trabalhadores, os quais ganhavam salários extremamente baixos, que apenas davam para sua sobrevivência. O crescimento nas cidades industriais foi desordenado e deve-se em grande parte ao elevado número de trabalhadores que deixaram o campo para procurar empregos nas cidades.
A agricultura
Mesmo antes da Revolução Industrial, a agricultura não representava para a economia da Grã-Bretanha o mesmo que entre os outros países. Porém, como possuía muitos portos marítimos ela mantinha preços elevados, sabendo estar imune à concorrência.
Os grandes proprietários de terra mandavam na política e vida social, mantendo muita influência. Como se pode ver no trecho:
“A estrutura básica da posse de terra e da lavoura já estava estabelecida em meados do séc. XVIII e nas primeiras décadas da Revolução Industrial. A Inglaterra era um país de grandes latifundiários, cujas terras eram cultivadas por meeiros e trabalhadores contratados. Tal estrutura ainda se encontrava parcialmente encoberta por uma camada de trabalhadores com minúsculas parcelas economicamente marginais, e de outros trabalhadores independentes ou semi-independentes, mas esse fato não deve obscurecer a transformação fundamental que já se realizara. Em 1790 os proprietários rurais possuíam talvez três quartos da terra cultivada; outros 15% a 20% achavam-se nas mãos de pequenos proprietários; e o “campesinato”, no sentido normal da palavra, não existia mais. Entre a agricultura parcialmente modernizada deste período e a lavoura inteiramente modernizada do começo do séc. XIX só havia (ou parecia haver) uma diferença de grau, e não de natureza, tanto mais porque o grosso do aumento de produtividade por homem durante o séc. XVIII parece ter ocorrido antes de 1750.” (HOBSBAWM, 1969, p. 89)
A terra era um estilo de vida e os fazendeiros tinham medo de que fosse gerado um excedente de pobres rurais. Estes pobres, por sua vez não desejavam abandonar a vida que eram acostumados há gerações a ter, mas os grandes proprietários foram orientados a forçar esta saída dos pobres para as cidades.
Os ricos passaram assim a investir no exterior:
“Em 1870, ao redor de £ 700 milhões estavam investidos em países estrangeiros, e mais de um quarto deste dinheiro achava-se aplicado na crescente economia industrial dos Estados Unidos, tanto assim que o subsequente e extraordinário crescimento das propriedades britânicas no exterior poderia ter se realizado sem muita exportação adicional de capital, simplesmente através do reinvestimento dos juros e dividendos do que já se achava no exterior.” (HOBSBAWM, 1969, p. 109)
A Grande Depressão
Entre 1873 e 1896 vigorou o período conhecido como Grande Depressão, um período de intranquilidade da população em relação à economia inglesa. Houve uma grande queda nas taxas de preços, juros e lucros, assim a Grã-Bretanha deixou de ser a “oficina mecânica do mundo” e passou a ser apenas uma das três maiores potências mundiais. Alimentos baratos passaram a ser encontrados, fazendo com que o mercado agrícola entrasse em colapso.
Os historiadores explicam essa fase como sendo produto do termino das construções das estradas de ferro, os capitalistas estavam acostumados a receber lucros provindos de países subdesenvolvidos, quando isso deixou de ocorrer, ou passou a ocorrer com menos frequência, a economia britânica entrou em colapso. Como pode-se verificar no trecho:
“A construção ferroviária no país não representava de modo algum toda a importância das ferrovias para o investimento e a indústria pesada na Inglaterra. Embora geralmente tenhamos presentes os anos seguintes a 1880 e a década anterior a 1914, ao falarmos de exportação de capital não devemos esquecer que o investimento no exterior desempenhou papel muito longe de desprezível nos meados do século XIX, tomando nessa época principalmente a forma de empréstimos a governos, e não de investimento direto, como mais tarde sucederia. Tal investimento no exterior, entretanto, dirigia-se afinal à construção ferroviária em grande escala e servia a função dupla de proporcionar uma saída lucrativa para o capital e também estimular a exportação de bens de capital ingleses.” (DOBB, 1971, p. 362)
Com esta crise os outros países que compravam produtos da Grã-Bretanha perceberam que poderiam passar a produzir para si próprios, a Grã-Bretanha portanto teve que apelar para o imperialismo ou seja, explorar outras áreas do mundo. Como pode-se observar:
“Cabe apontar ainda outra consequência da era da “Grande Depressão”, ou seja, o surgimento de um grupo competidos de potencias adiantadas do ponto de vista industrial e econômico. Trata-se da fusão da rivalidade política e da econômica, fusão da iniciativa privada com o apoio governamental, já visível no incremento do protecionismo do atrito imperialista. Cada vez mais o empresariado, de uma maneira ou de outra, recorria ao Estado não só para pedir carta branca como também para pedir auxílio. Surgiu uma nova dimensão na política internacional. E, sintomaticamente, após um longo período de paz, as grandes potências inauguram novo período de guerras mundiais.” (HOBSBAWM, 1969, p. 123)
Pode-se assim dizer que a GrandeDepressão alterou profundamente as relações econômicas da Grã-Bretanha.
Os trabalhadores e o sindicalismo
O sindicalismo foi reconhecido na década de 1870, mas o número de trabalhadores organizados apenas aumentou em cerca de 500.000, o que demonstra que muitos setores ainda encontravam-se desorganizados.
Quando um trabalhador perdia seu emprego ele não poderia recorrer à nada, e isto acontecia de uma hora para outra pois não existiam leis que o protegia. A população desqualificada era obrigada a aceitar estas condições pois caso contrário, estaria sujeita a passar fome.
O chamado “estilo de vida” da classe trabalhadora inglesa surgiu entre 1870 e 1900 e pôde ser considerado o primeiro momento desde a Revolução Industrial no qual a classe trabalhadora poderia ter um abrigo seguro, embora não fosse uma vida muito rica nem boa, já era um avanço.
“Evidentemente, o último quartel do séc. XIX foi um período em que a vida tornou-se muito mais fácil e variada para a classe trabalhadora, muito embora a era eduardiana trouxesse um retrocesso. Não obstante, tendências não são fatos consumados, e o quadro das condições sociais revelados pelas pesquisas da época – muitas vezes para chocante surpresa dos pesquisadores – era tétrico. Era o quadro de uma classe trabalhadora definhada e debilitada por um século de industrialismo. Na década de 1870, os meninos de 11 ou 12 anos que estudavam nas escolas públicas da classe alta eram em média 12,5 centímetros mais altos que os das escolas industriais; dos 13 aos 19 anos, eram 7,5 centímetros mais altos do que os filhos de artesãos. Em 1917, quando o povo britânico pela primeira vez passou por um exame médico em massa, devido ao serviço militar, incluía 10% de rapazes totalmente incapazes para o exército, 41,5% (48% a 49% em Londres) com “acentuadas incapacidades”, 22% com “incapacidades parciais” e apenas 1/3 em condições satisfatórias. A Grã-Bretanha era um país habitado por uma massa estoica de pessoas destinadas a passar a vida numa situação de subsistência mínima e incerta, até que a velhice as atirasse ao monstro da Lei dos Pobres, subalimentadas, mal abrigadas e mal vestidas. Pelo padrão de 1965, ou mesmo de 1939, mal começara ainda a ascensão da classe trabalhadora para um nível humano modesto.” (HOBSBAWM, 1969, p. 159)
	Em 1880 o socialismo reapareceu, com a criação de novos sindicatos e partidos trabalhistas. Em 1900 deu-se a criação do Partido Trabalhista. Uma transformação política geral finalmente iniciava, com a concessão do direito ao voto aos trabalhadores em 1884-85 esta classe passou a ter uma influência maior sobre os partidos políticos.
O declínio
A economia da Grã-Bretanha, indubitavelmente beneficiava os ricos em detrimento dos pobres, logo as empresas grandes tendiam à crescer cada vez mais e o Estado se abstinha de interferência. Observando a seguinte passagem, é possível compreender melhor o início do declínio:
 “Por mais fortes que soprassem os ventos da mudança em outras paragens, assim que atravessavam o Canal, chegando à Grã-Bretanha, tornaram-se simples brisa. (...) a Grã-Bretanha atrasou-se em relação a seus rivais. E isto era mais surpreendente, para não dizer doloroso, porque tais rivais ocupavam campos que a própria Grã-Bretanha fora a primeira a trilhar antes de abandoná-los. A súbita transformação da economia industrial mais dinâmica na mais retardada e conservadora, no curto prazo de 30 ou 40 anos (1860-90/1900), constitui a questão crucial da história econômica britânica. Depois da década de 1890 podemos perguntar por que se fez tão pouco para restaurar o dinamismo da economia, e podemos culpar as gerações posteriores àquela data por agravarem a situação. Entretanto, tudo isso equivale a pôr trancas na casa depois de ter sido roubada. E o desastre aconteceu entre meados do século e a década de 1890.” (HOBSBAWM, 1969, p. 173)
Sabemos que a Grã-Bretanha poderia apresentar os melhores resultados por ter sido a pioneira a se industrializar, porem as indústrias britânicas possuem fraco desempenho em relação às de outros países no referente às inovações cientifico-tecnológicas.
A indústria britânica de ferro e aço deixou de acompanhar os aperfeiçoamentos pelos quais passaram as indústrias de outros países, além de passar a ter menor produtividade que a da alemã e da norte-americana por exemplo.
Tudo isso explica-se pela dificuldade de adaptação à mudanças por parte dos britânicos. Algumas teorias dizem que quando o capitalista britânico era absorvido pela aristocracia este deixava de se esforçar, pois já possuía aquilo que desejava para sua vida, e isto foi se fortalecendo ao longo de gerações, e assim foram perdendo o espirito de empreendedorismo. Mas a mais comum faz referência ao longo período de tempo no qual a Grã-Bretanha manteve-se como potência industrial, mantida por condições daquela época, que não poderiam prevalecer por mais muito tempo pois as mudanças que teriam de ser feitas seriam caras e exigiriam um nível maior de desenvolvimento tecnológico.
Levando estes fatos em consideração, a economia britânica passou a se fixar no comércio e nas operações financeiras, deixando a indústria um pouco de lado. Hobsbawm ressalta este declínio no trecho:
“A Grã-Bretanha, podemos dizer, estava se tornando uma economia mais parasitária que competitiva, vivendo do que sobrava do monopólio mundial, do mundo subdesenvolvido, de suas acumulações de riquezas no passado e do progresso de suas rivais.” (HOBSBAWM, 1969, p. 187-188)
Conclusão
	Em suma, com a análise realizada neste estudo, temos que a Revolução Industrial estimulou o consumo através do barateamento de produtos pela produção mais eficiente e rápida com o auxílio de máquinas. Estas substituíam a mão de obra humana, e como a oferta de trabalho era muito grande, tornava-se barata.
Esta, que mudou a vida da sociedade como um todo, causando o êxodo rural e dando uma enorme importância às cidades trouxe enormes inovações tecnológicas mas também miséria, pobreza, poluição ambiental e crescimento desordenado de cidades.
As classes ricas passaram a acumular dinheiro tão rapidamente que não possuíam mais onde investir.
Possibilitando à Grã-Bretanha ser a única nação realmente industrializada em anos, causou um enorme avanço econômico.
Seus resultados foram vários, como o grande impacto causado sobre a estrutura da sociedade, inovação tecnológica, encerramento da fase de transição do feudalismo para o capitalismo.
 
Bibliografia
HOBSBAWM, Eric. Mundos do trabalho: novos estudos sobre História Operaria. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1987.
HOBSBAWM, Eric. A era das revoluções – 1789 – 1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.
HOBSBAWM, Eric. Da Revolução Inglesa ao Imperialismo, Forense Universitaria, Rio de Janeiro.1969.
DOBB, Maurice. A evolução do capitalismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.
THOMPSON, E. P. A formação da classe operária inglesa I: a árvore da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
CAMPOS, Ricardo Luiz Sapia * - REDD – Revista Espaço de Diálogo e Desconexão, Araraquara, v. 5, n. 1, jul/dez. 2012. UNESP – Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Letras – Departamento de Sociologia. *Coordenador do Grupo de Estudos: Capitalismo Cognitivo, ruralidade e agricultura Araraquara – SP - Brasil. 14.800-901 - sapiacampos@yahoo.com.br

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