Buscar

Sistemas Processuais Penais

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal
Resenha do Caso: Juiz não pode analisar de forma genérica 
argumentos da defesa preliminar 
http://www.conjur.com.br/2014-nov-25/juiz-nao-analisar-defesa-preliminar-forma-generica. 
Nome do aluno: 
Diogo Augusto Gomes Carneiro
Trabalho da disciplina:
Sistema Processual Penal
 
Tutor: Prof. Leonardo Rambauske 
Curitiba - PR
2017
RESENHA: 
O presente artigo discorre sobre a necessidade de fundamentação do juiz em suas decisões, tendo como foco aquela em que acolhe a denúncia e deflagra a ação penal. No caso em tela, o magistrado de primeiro grau e, também, o acórdão do Tribunal de Justiça do Espírito Santo - TJ/ES entenderam pela irrelevância da exposição detalhada das motivações no recebimento da denúncia. Segundo o retro-citado tribunal, bastaria que houvesse a fundamentação, mesmo que de forma genérica, para que fosse recebida a denúncia, alegando que a defesa não teria apresentado provas que sustentassem os pedidos da defesa preliminar. 	Desta forma, diante da decisão do acórdão do TJ/ES, a defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça - STJ, que anulou a decisão proferida, reconhecendo que esta fora realizada de forma genérica e abstrata, servindo para qualquer processo e não fazendo qualquer referência aos questionamentos da defesa preliminar: prescrição, incompetência, nulidades e atipicidades do caso. A advogada responsável, Conceição Aparecida Giori, declarou que a decisão do STJ seguiu o entendimento do Supremo Tribunal Federal – STF, que no julgamento do HC 112.709, deferiu um pedido de liminar para que o juízo precedesse a análise das preliminares suscitadas na resposta à acusação, nos termos dos artigos 396-A e 397 do CPP , o que foi crucial para a absolvição sumaria do réu, não sendo nem apreciado o mérito do Habeas Corpus.
Diante do texto apresentado, e, após uma breve pesquisa sobre o tema, percebe-se que muitos dos Tribunais Estaduais e juízos de primeira instância ainda entendem pela irrelevância da apreciação das arguições feitas pela defesa na resposta à acusação. Destarte, acabam proferindo decisões genéricas e padronizadas ao receberem as denúncias, vinda a cercear o direito à ampla defesa e ao devido processo legal
	Insta salientar que o entendimento do STJ vem a nortear a obrigatoriedade do magistrado tratar cada um dos argumentos defensivos apresentados na resposta à acusação pelo acusado, sob pena de nulidade desta decisão. Exempli gratia, colhe-se de decisão da lavra do ministro Néfi Cordeiro, que “o constitucional dever de motivação exige seja a denegação da absolvição sumária fundamentada, ainda que concisamente, apreciando as teses relevantes e urgentes apresentadas na resposta à acusação, consignando mesmo aquelas dependentes de instrução (...)”.
	Cabe ressaltar que o próprio Código de Processo Penal em seu art. 396-A estabelece que o magistrado, se não rejeitar liminarmente a denúncia criminal, “ordenará a citação do acusado para responder à acusação”, “arguir preliminares e alegar tudo o que interesse à sua defesa”. Esse dispositivo está presente no texto legal desde sua reforma ocorrida 2008, pela lei nº 11.719, que veio a garantir, um julgamento mais justo ao réu e criando a oportunidade do advogado de manifestar uma defesa adequada e bem elaborada, podendo levantar diversas questões objetivando a inépcia ou rejeição da denúncia. Contudo, infelizmente, não é o que ocorre na prática, pois a imensa maioria dos juízes e tribunais estatuais não pautam suas decisões com base na legislação vigente, tendo, como resultado, a prolatação de sentenças genéricas, violando o contraditório, a ampla defesa, o devido processo legal e o dever de fundamentar as decisões, todos princípios constitucionalmente erigidos, propiciando a ocorrência da nulidade absoluta da sentença dado o prejuízo patente quando são aviltados princípios constitucionais básicos.

Continue navegando