Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Risco e Retorno(*) Professor: Raimundo Aben Athar (*) Adaptação livre do trabalho do Prof. Marcelo Vieira 2 A racionalidade do investidor Toda avaliação de investimentos tem como ponto chave a ponderação entre risco e retorno. Durante esta parte do nosso programa (SUESC – 1ºsem/2010) estaremos supondo que o investidores são racionais, ou seja são avessos ao risco e exigem maiores retornos para incorrer em riscos mais altos. Duas definições centrais: risco e retorno. 3 A racionalidade do investidor Risco pode ser percebido como a possibilidade de perda financeira. É utilizada freqüentemente como sinônimo de incerteza referindo-se a variabilidade de retornos de um ativo. Ex: Investimentos em títulos do governo. Ex: Investimento em empresas de software de paises emergentes. 4 A racionalidade do investidor Retorno: é o ganho ou perda sofrido por um investimento. Geralmente é expresso em termos do valor investido. Ex: Uma empresa comprou um equipamento eletrônico há um ano atrás por R$ 12.000, e seu valor de mercado atual é de R$ 12.700. Durante o ano a utilização deste equipamento gerou uma receita de R$ 500. 5 A racionalidade do investidor Deste modo podemos calcular o retorno do investimento nesta máquina através da seguinte expressão: inicial inicialfinalNoperíodo P PPFC torno )( Re Retorno= 500 + (12.700-12.000) = 0,10 ou 10% 12.000 6 A racionalidade do investidor Retornos Monetários: • Aquisição de um ativo. O ganho ou perda com esse ativo (investimento), será denominado retorno sobre o investimento. Os retornos históricos, podem ser de dois tipos: 1) Retorno ou rendimento corrente: É quando você ainda está de posse do Ativo e recebe algum valor pela posse; 2) Ganho ou perda de capital É a variação no valor do ativo, num período qualquer. Esta variação é chamada de “ganho ou perda de capital”. 7 A racionalidade do investidor Retornos Percentuais: • São os retornos apresentados em % e não em valor. • É dado pela seguinte fórmula: (1) Retorno % = (Vlr. pg no final do período) + ∆ do vlr de mercado durante o período) Valor Inicial de Mercado (2) 1 + Retorno % = (Vlr. pg no final do período) + Valor de Mercado no final do Período) Valor Inicial de Mercado (1) % = (500 + 700)/12000 = 0,10 ou 0,10 x 100 = 100% (2) 1+retorno = (500 + 12.700)/12000 = 1,10 8 A racionalidade do investidor Inflação e retornos • Retornos nominais são os retornos não ajustados pela inflação ou um outro custo de oportunidade (a receita da alternativa desprezada) qualquer; • Retornos Reais São os retornos que levam em conta a inflação ou o custo de oportunidade considerado. Seja R o retorno Nominal Seja r o retorno Real Seja h a inflação ou custo de oportunidade Então temos: (1 + R) = (1 + r) x (1 + h) ou (1 + r) = (1 + R)/(1 + h) ou ainda... R = (r + h) + (r x h) 9 A racionalidade do investidor Retorno médio: média aritmética dos retornos. Exemplo: ano 1=12%; ano ano 2= -3%; ano 3=8%. Qual o retorno médio aritmético? Resposta: (+12)+(-3)+(+8)/3 = 5,67% Retorno acumulado: (1+0,12) x (1-0,03) x (1 + 0,08) = 1,1733 - 1=17,33% Retorno Médio Geométrico: √1,1733 – 1 = 5,47%aa 3 10 O risco pode ser avaliado em termos de um ativo individual ou em relação a um portfólio. Começaremos este assunto avaliando as características de risco e retorno de ativos individuais e terminaremos examinando carteiras de ativos 11 Risco de um ativo individual A mensuração do risco de um único ativo pode ser efetuada através dos seguintes mecanismos: Amplitude: é uma medida pouco sofisticada que relata a diferença entre a maior cotação possível de um ativo e o menor valor esperado. Quanto maior for a amplitude, maior será a variabilidade e conseqüentemente o risco. 12 Exemplo: amplitude Ativo A Ativo B Investimento Inicial R$ 10.000 R$ 10.000 Taxa anual de retorno Cenário pessimista 15% 8% Cenário Mais Provável 20% 18% Cenário Otimista 25% 26% Amplitude 10% 18% 13 Distribuição de Probabilidade A probabilidade de um evento corresponde a sua chance de ocorrência. A distribuição de probabilidade oferece uma visão mais quantitativa do risco de um ativo. Podendo ser melhor observada através do gráfico de barras. 14 Distribuição de Probabilidade Embora os ativos tenham o mesmo retorno mais provável os retornos do ativo B tem uma dispersão maior do que o ativo A. 15 Risco de um ativo individual O risco de um ativo pode ser mensurado de maneira quantitativa através de medidas estatísticas como o desvio padrão ( ) e o coeficiente de variação(CV). K 16 Desvio padrão De maneira bem simplificada podemos afirmar que o desvio padrão mensura a dispersão em torno de um valor esperado. Este valor esperado corresponde ao valor mais provável, também conhecido como valor médio. Deste modo o primeiro passo para calcular o desvio padrão é conhecendo o valor médio, através do qual a dispersão será calculada. 17 Desvio padrão Média aritmética Ex: Suponha os possíveis retornos de uma ação nos cenários pessimista, mais provável e otimista. Cenário Retornos Pessimista 10% Mais provável 20% Otimista 24% 18 Desvio padrão A média aritmética limita-se a soma dos valores divididos pela quantidade de observações. Média = 10 + 20 + 24 = 18 3 19 Desvio padrão Média ponderada É realizada multiplicando o retorno por sua probabilidade, e somando o valor ponderado. Cenário Retornos Probabilidade Valor ponderado Pessimista 10% 0,25 2,5% Mais provável 20% 0,50 10% Otimista 24% 0,25 6% Retorno esperado 18,5% 20 Desvio padrão Após relembrar o cálculo da média ponderada e aritmética podemos calcular o desvio padrão dos ativos A e B apresentados a seguir. Cenário Probabilidade Retornos Pessimista 0,25 13% Mais provável 0,50 15% Otimista 0,25 17% Cenário Probabilidade Retornos Pessimista 0,25 7% Mais provável 0,50 15% Otimista 0,25 17% ATIVO A ATIVO B 21 Retornos Possíveis Probabilidade Retornos Valor Ponderado Ativo A Pessimista 0,25 13% 3,25% Mais Provável 0,5 15% 7,50% Otimista 0,25 17% 4,25% Total 1 Retorno Médio 15,00% Ativo B Pessimista 0,25 7% 1,75% Mais Provável 0,5 15% 7,50% Otimista 0,25 23% 5,75% Total 1 Retorno Médio 15,00% 22 %41,1Pr 3 1 2 i iiA KK %66,5Pr 3 1 2 i iiB KK Ativo A Ki Ki - (Ki- ) 2 Pri (Ki - ) 2 x Pri 13% 15% -2 4 0,25 1% 15% 15% 0 0 0,50 0 17% 15% 2 4 0,25 1% Ativo B Ki Ki - (Ki - ) 2 Pri (Ki - ) 2 x Pri 7% 15% -8 64 0,25 16% 15% 15% 0 0 0,50 0 23% 15% 8 64 0,25 16% k kk k k k k k Desvio padrão 23 Coeficiente de variação - CV É uma medida de dispersão relativa. Muito útil na comparação dos riscos de ativos com retornos esperados diferentes. CV = _____ K k Ativo A CV = 1,41% = 0,094 15% Ativo B CV = 5,66% = 0,377 15% 24 Coeficiente de variação - CV No exemplo passado fica óbvio que o ativo B é mais arriscado, pois possui maior dispersão (desvio padrão) paraum mesmo nível de retorno médio. Conseqüentemente possui maior coeficiente de variação. A utilização do coeficiente de variação é mais útil em situações onde os retornos esperados são diferentes, como apresentado a seguir. Estatística Ativo X Ativo Y Retorno Esperado 12% 20% Desvio - Padrão 9% 10% Coeficiente de variação 0,75 0,50 25 Risco de um Portfólio Investimentos não devem ser vistos de maneira isolada. Devem ser analisados à luz de seu impacto sobre o risco e o retorno da carteira de ativos (portfólio). O objetivo do gestor deve ser a criação de um portfólio eficiente A idéia é diversificar Ponto chave e a correlação. 26 Correlação é uma medida estatística da relação entre duas séries de números. Se as duas séries variam na mesma direção diz-se que são positivamente correlacionadas. Caso variem em direções opostas são negativamente correlacionadas. O grau de correlação é medido pelo coeficiente de correlação, que varia de +1 (correlação positiva perfeita), e -1 (correlação negativa perfeita). 27 O que acontece quando invisto em duas ações positivamente associadas? E se elas fossem negativamente associadas? A combinação de ativos não relacionados conduz a uma menor variabilidade nos retornos. 28 Retorno e desvio-padrão de uma carteira O retorno de uma carteira de investimentos é simplesmente uma média ponderada dos retornos dos ativos individuais que a compõe. W = Peso do ativo K = Retorno do ativo n j jjnnPORTFÓLIO kwkwkwkwk 1 2211 **...** 29 Retorno e desvio-padrão de uma carteira Suponha que desejamos calcular o retorno médio e o desvio-padrão de uma carteira XY formada com 50% do ativo X e 50% do ativo Y. Ano Ativo X Ativo Y Cálculo retorno da carteira Retorno da carteira XY 2005 8% 16% (0,5x 8%)(0,5x 16%)= 12% 2006 12% 12% (0,5x 12%)(0,5x 12%)= 12% 2007 16% 8% (0,5x 16%)(0,5x 8)= 12% 30 Retorno e desvio-padrão de uma carteira %12 3 %12%12%12 PORTFÓLIOK 2 222 15 %)12%12(%)12%12(%)12%12( PORTFÓLIO 0 4 %0%0%0 2 PORTFÓLIO Desvio Padrão Retorno Médio 31 Diversificação Pode-se perceber através do exemplo apresentado que a correlação é o ponto central na formação de uma carteira eficiente. Para reduzir o rico de um portfólio o ideal é combinar ativos com correlação negativa (ou baixa correlação positiva). 32 Diversificação A combinação de ativos com correlação positiva perfeita resulta em um risco geral, no mínimo, igual ao risco do ativo menos arriscado, e no máximo, igual ao ativo mais arriscado. Caso a combinação seja entre ativos com correlação positiva (mas não perfeita), o risco desta carteira pode ser inferior ao risco do ativo menos arriscado. 33 Modelo de precificação de ativos de capital - CAPM O modelo CAPM é um modelo de formação de preços de ativos que equaciona a relação básica entre risco e retorno, presente em todos os tipos de decisões financeiras. O primeiro passo para entendermos esta relação é identificando os tipos de risco e como eles afetam o retorno exigido. 34 Tipos de risco Para identificar os tipos de risco devemos considerar o que acontece com o risco de um portfólio formado por um único ativo. E mais importante, como o risco deste portfólio se modifica a medida que são acrescentados novos ativos. 35 Risco de uma carteira (Adição de ativos a uma carteira) 0 Número de ações Risco sistemático (não-diversificável) Risco não sistemático (diversificável) Risco da carteira () σM 36 Modelo de precificação de ativos de capital - CAPM O modelo CAPM equaciona a relação entre risco não diversificável e o retorno exigido para o conjunto de ativos. Uma vez que o risco diversificável não interessa para o investidor, pois é passível de eliminação, será utilizada uma nova medida de mensuração do risco não diversificável. 37 Coeficiente Beta O coeficiente Beta: é uma medida relativa de risco não diversificável. O Beta indica o grau de variabilidade do retorno de um ativo em resposta a uma variação do retorno de mercado. O retorno de mercado indica o retorno de um portfólio teórico composto por todas as ações negociadas na bolsa de valores ponderados pela representatividade de cada uma (Beta = 1). 38 Coeficiente Beta 39 Coeficiente Beta O Beta de uma carteira pode ser facilmente estimado multiplicando o percentual que cada ativo representa no portfólio pelo seu Beta. Bportfólio=(w1 x b1)+ (w2 x b2)+ ...+(wn x bn). O Beta de uma carteira é interpretado de maneira análoga ao Beta de um ativo individual. 40 Coeficiente Beta 41 Modelo de precificação de ativos de capital - CAPM Utilizando o coeficiente Beta para medir o risco não diversificável o modelo CAPM relaciona o risco com o retorno na equação final: ki = RF + [bi x (km – RF)] onde ki = retorno esperado ou exigido de um ativo; RF = taxa de retorno livre de risco; bi = beta de um ativo ou carteira; km = retorno esperado da carteira de mercado. 42 Modelo de precificação de ativos de capital - CAPM Exemplo: Calcule o retorno exigido da Amazon.com, supondo que tenha beta igual a 1,95, a taxa de letras do Tesouro dos Estados Unidos seja de 5% e o retorno esperado do índice Bovespa seja igual a 15%. ki = 5% + 1,95 x[15% – 5%] ki = 24,5% 43 CAPM - Graficamente ki% bi RF = 5% 1,25 1 15% 24,5% SML Prêmio por risco do mercado (10%) Prêmio por risco do ativo (19,5%) 44 Alguns comentários sobre o CAPM O CAPM se apóia em dados históricos, o que significa que os betas podem refletir ou não a variabilidade futura dos retornos. Portanto, os retornos exigidos indicados pelo modelo devem ser usados somente como aproximações. 45 Alguns comentários sobre o CAPM O CAPM também supõe que os mercados são eficientes. Embora o mundo perfeito dos mercados eficientes pareça pouco realista, há estudos que têm fornecido evidências favoráveis à existência da relação entre expectativas descrita pelo CAPM em mercados ativos como o da Bolsa de Valores de Nova York.
Compartilhar