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SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS

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SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS NO CENÁRIO BRASILEIRO
SISTEMAS PROCESSUAIS PENAIS NO CENÁRIO BRASILEIRO
1 INTRODUÇÃO
O Direito Processual Penal respeita normas Constitucionais e infraconstitucionais. Trata-se de um ramo do direito público que aplica as normas processuais penais em um fato concreto. Deste modo, é um emaranhado de normas cogentes, onde o interesse do Estado é imediato. Elas não podem ser alteradas conforme a vontades das partes, pois são impositivas.[1: LEMES, Flávio. Direito Processual Penal – aula 1. Vídeo aula publicada no canal Saber Direito Aula em 30 dez. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=l-PVrTQoj1c>. Acesso em: 01 abr. 2018. ]
O objetivo do Processo Penal então é, através de suas normas, aplicar o Direito Penal nos fatos que contrariam o ordenamento, sendo a ferramenta desta aplicação. Mas a aplicação das normas processuais se dá de forma diferente das normas penais, haja vista que o Processo Penal segue um emaranhado de ritos.
Para esta aplicação, o Direito Processual Penal faz uso de um sistema de processo, tratados na doutrina, quais sejam: inquisitivo, acusatório e misto.
Mas há uma variação grande em relação ao significado de sistema. Em regra, a denominação é a de um conjunto de elementos. Mas Villar vai adiante:
Estrutura que se organiza com base em conjuntos de unidades inter-relacionáveis por dois eixos básicos: o eixo das que podem ser agrupadas e classificadas pelas características semelhantes que possuem, e o eixo das que se distribuem em dependência hierárquica ou arranjo funcional.[2: HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 2585.]
	Em relação aos sistemas processuais, Rodrigues transcreve o seguinte parecer em um artigo:
A doutrina tende a definir o sistema processual penal de cada Estado tomando por base uma característica considerada principal ou considerando, necessariamente, a presença de todos os princípios de forma integral para definir um ou outro sistema, classificando como misto o sistema que apresente características tanto de um regime totalitário, quanto de um regime democrático.
Contudo, na prática, não é possível dizer que um Estado que adote o sistema inquisitivo é ditatorial ou que um Estado que adote o sistema acusatório é necessariamente democrático. O Brasil, por exemplo, é indiscutivelmente um Estado democrático que, para muitos doutrinadores, como veremos, adotaria o sistema processual penal inquisitivo.
Os sistemas processuais variam de país para país e normalmente, não necessariamente, são reflexo da conjuntura político-social de cada um deles. No Brasil, tendo em vista as incongruências persistentes entre o Código de Processo Penal e a Constituição Federal de 1988, muito se discute, ainda, acerca do sistema processual penal vigente.[3: RODRIGUES, Martina Pimentel. Os sistemas processuais penais. Artigo publicado no site www.jus.com.br em dez. 2013. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/26262/os-sistemas-processuais-penais#>. Acesso em: 02. Abr. 2018. ]
	Então, o sistema processual penal pode ser definido como um conjunto de elementos que ligam o Direito Penal ao fato praticado e ao agente que pratica a conduta delitiva, essencial para a promoção da justiça penal, havendo características particulares em cada um dos sistemas.[4: REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito processual penal esquematizado. Coordenador: Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013, p. 38.]
2 SISTEMA PROCESSUAL PENAL INQUISITIVO OU INQUISITÓRIO
O modelo processual inquisitivo tem sua origem na Inquisição, período histórico que havia uma grande participação da Igreja no Estado, e o poder era concentrado de diversas formas, nas mãos dos governantes e dos juízes, por exemplo. Deste modo, o processo era caracterizado pela força da imposição, onde a pessoa que acusava era a mesma que mediava, julgava e condenava.[5: RODRIGUES, 2013.]
Ao estudar López Jr, Rodrigues assevera:
O sistema inquisitório muda a fisionomia do processo de forma radical. O que era um duelo leal e franco entre acusador e acusado, com igualdade de poderes e oportunidades, se transforma em uma disputa desigual entre o juiz-inquisidor e o acusado. O primeiro abandona sua posição de árbitro imparcial e assume a atividade de inquisidor, atuando desde o início também como acusador. Confundem-se as atividades do juiz e acusador, e o acusado perde a condição de sujeito processual e se converte em mero objeto da investigação.[6: Ibid.]
	Então, podemos definir que neste sistema:
a) a função de acusar e julgar estão concentradas na figura de uma única pessoa (juiz);
b) não é respeitado o contraditório nem a ampla defesa, e consequentemente, o duplo grau de jurisdição. 
3 SISTEMA PROCESSUAL PENAL ACUSATÓRIO
O sistema acusatório, diferente do inquisitivo, se destaca pela forte preservação dos direitos fundamentais do contraditório, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição. Deste modo, este é o modelo que está recepcionado pela Constituição Federal de 1988.[7: Ibid.]
O processo acusatório não se trata de um modelo totalmente novo, embora tenha preceitos novos acoplados. Ele surgiu no processo penal romano, com aumento das causas e as dificuldades de julgá-las em assembleias, o que ocasionou a delegação de funções. Mas foi no Direito Inglês que o processo acusatório ganhou seus contornos clássicos.[8: RODRIGUES, 2013.]
Para Lopes Jr, as principais características deste modelo são:[9: LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 58.]
a) clara distinção entre as atividades de acusar e julgar;
b) iniciativa probatória deve ser das partes;
c) mantém-se o juiz como um terceiro imparcial, alheio a labor de investigação e passivo no que se refere à coleta da prova, tanto de imputação como de descargo;
d) tratamento igualitário das partes (igualdade de oportunidades no processo);
e) procedimento é em regra oral (predominantemente);
f) plena publicidade de todo procedimento (ou de sua maior parte);
g) contraditório e possibilidade de resistência (defesa)
h) ausência de uma tarifa probatória, sustentando-se a sentença pelo livre convencimento motivado do órgão jurisdicional;
i) instituição, atendendo a critérios de segurança jurídica (e social) da coisa julgada
j) Possibilidade de impugnar as decisões e o duplo grau de jurisdição. 
4 SISTEMA PROCESSUAL PENAL MISTO
	O sistema processual misto ganha palco logo após os movimentos da Revolução Francesa de 1789, pois ocorreu o fracasso do sistema inquisitivo e a assunção novamente do sistema acusatório, onde o Estado dividiu o processo penal em partes, ficando a acusação em domínio estatal. Assim, ele se tornou um processo bifásico, onde ocorre um inquérito antes da ação processual, inquérito esse que é conduzido conforme o sistema acusatório, similar aos de hoje.[10: RODRIGUES, 2013.]
	Por isso, Arruda profere:
Assim, o sistema misto, conhecido por muitos como sistemas francês, propôs uma solução intermediária entre os sistemas inquisitivo e acusatório, por meio da união da eficiência inquisitória na investigação dos delitos e o tipo processual acusatório, sendo o mais adequado na defesa dos direitos humanos. Esse modelo tem como característica primária a existência de duas fases: primeiramente a inquisitória, em que vigora as práticas admissíveis no modelo inquisitivo, respeitando a dignidade da pessoa investigada – tais como procedimento sigiloso, escrito, sem contraditório e a ampla defesa. Na segunda etapa de processo propriamente dito, predominam todas as regras do modelo acusatório as quais se destacam a clara separação das funções de acusar, julgar e defender, as garantias da ampla defesa o contraditório, etc.[11: ARRUDA, Weslley Rodrigues. Sistema processual penal brasileiro: inquisitório, acusatório ou misto?.Artigo publicado no site www.conteudojuridico.com.br em 22 dez. 2014. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,sistema-processual-penal-brasileiro-inquisitorio-acusatorio-ou-misto,51623.html>. Acesso em: 02 abr. 2018.]
	O sistema misto seria então uma mistura dos processos inquisitivo e acusatório, onde a investigação de dá por meio de inquérito policial (na maioria das vezes) e, após iniciada a ação pelo Ministério Público, ele passa a seguir os preceitos do sistema acusatório.
5 SISTEMA PROCESSUAL PENAL ADTADO PELO BRASIL
Há uma forte discussão doutrinária acerca de qual seria o sistema processual penal adotado pelo Brasil.
Embora o processo misto seja aquele que visivelmente, de forma simples seria o adotado no nosso ordenamento, contraposições são colocadas a todo momento.
Para Nucci, por exemplo, a prática do processo penal misto se dá da seguinte forma:
Nesse procedimento administrativo, colhem-se provas a serem utilizadas, posteriormente, no contraditório judicial, com força probatória definitiva (laudos, medidas cautelares etc.). Durante o referido procedimento, há a atuação de um magistrado, não raras vezes o mesmo que irá receber futura denúncia ou queixa e julgará o réu. Esse juiz, fiscalizador do inquérito, pode decretar uma prisão preventiva ou uma busca e apreensão. Posteriormente, recebe a peça acusatória, instrui o feito e, de maneira imparcial, julga a causa. Esta é a realidade contra a qual doutrina alguma pode opor-se. Este é o sistema existente, que é misto. Há laços inquisitivos e toques acusatórios.[12: NUCCI, Guilherme de Souza. Provas no Processo Penal. São Paulo: RT, 2009, p. 25.]
	O autor antes citado ainda assevera:
Os princípios norteadores do sistema, advindos da Constituição Federal, possuem inspiração acusatória (ampla defesa, contraditório, publicidade, separação entre acusação e julgador, imparcialidade do juiz, presunção de inocência etc.). Porém, é patente que o corpo legislativo processual penal, estruturado pelo Código de Processo Penal e leis especiais, utilizado no dia-a-dia forense, instruindo feitos e produzindo soluções às causas, possui institutos advindos tanto do sistema acusatório quando do sistema inquisitivo. Não há qualquer pureza na mescla dessas regras, emergindo daí o sistema misto.[13: Ibid., p. 25. ]
	Coutinho, de outra forma, expressa sua ideia de maneira concisa, onde afirma:
[...] não é preciso grande esforço para entender que não há - e nem pode haver - um princípio misto, o que, por evidente, desfigura o dito sistema. Assim, para entendê-lo, faz-se mister observar o fato de que, ser misto significa ser, na essência, inquisitório ou acusatório, recebendo a referida adjetivação por conta dos elementos (todos secundários), que de um sistema são emprestados ao outro.[14: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos princípios do Direito Processual Penal brasileiro. Separata ITEC, ano 1, nº 4 – jan./fev./mar. 2000, p. 3.]
	O sistema inquisitivo tem também um grande número de adeptos, sendo o favorito de muitos autores.
Sobre este sistema, Paulo Rangel destaca:
Surgiu nos regimes monárquicos e se aperfeiçoou durante o direito canônico, passando a ser adotado em quase todas as legislações europeias dos séculos XVI, XVII e XVIII. Surgiu com sustento na afirmativa de que não se poderia deixar que a defesa social dependesse da boa vontade dos particulares, já que eram estes que iniciavam a persecução penal no acusatório privado anterior. O cerne de tal sistema era a reivindicação que o Estado fazia para si do poder de reprimir a prática dos delitos, não sendo mais admissível que tal repressão fosse encomendada ou delegada aos particulares.[15: RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 50.]
	Aroca alega:
[...] o denominado processo inquisitivo não foi e, obviamente, não pode ser, um verdadeiro processo. Se este se identifica como actum trium personarum, em que ante um terceiro imparcial comparecem duas partes parciais, situadas em pé de igualdade e com plena contradição, e apresentam um conflito para que aquele o solucione aturando o direito objetivo, algumas das características que temos indicado próprias do sistema inquisitivo levam inevitavelmente à conclusão de que esse sistema não pode permitir a existência de um verdadeiro processo. Processo inquisitivo se resolve assim em uma contradição entre termo.[16:  AROCA, Juan Montero. Principios del proceso penal, p. 28-29. apud RANGEL, Paulo. ibid., p. 50.]
	Em se tratando do sistema acusatório, muitos também concordam ou discordam de ser este o sistema adotado pelo Brasil.
	Arruda faz a seguinte alegação:
No Brasil foi adotado, com a Constituição Federal de 1988, o sistema acusatório, ficando definidas as funções de acusar e julgar em órgãos distintos. São inúmeros os princípios e garantias previstos na Carta Maior ratificando tal sistema, entre eles há a ação penal pública promovida, privativamente, pelo Ministério Público (art. 129, I); A autoridade julgadora é a autoridade competente – juiz natural (art. 5º, LIII, 92 a 126); há publicidade dos atos processuais (art. 5º, LX).[17: ARRUDA, 2014.]
	Fernando Capez, acerca do sistema acusatório, assevera:
O sistema acusatório pressupõe as seguintes garantias constitucionais: da tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV), do devido processo legal (art. 5º, LIV), da garantia do acesso à justiça (art. 5º, LXXIV), da garantia do juiz natural (art. 5º, XXXVII e LIII), do tratamento paritário das partes (art. 5º, caput e I), da ampla defesa (art. 5º, LV, LVI e LXII), da publicidade dos atos processuais e motivação dos atos decisórios (art. 93, IX) e da presunção da inocência (art. 5º, LVII).[18: CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 15ª Ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 45.]
	Afrânio Silva Jardim, acerca dos princípios, destaca:
A nosso juízo, os princípios mais importantes para o processo penal moderno são o da imparcialidade do juiz e do contraditório. Pode-se mesmo dizer que os demais princípios nada mais são do que consectários lógicos destes dois princípios. Assim, o princípio da demanda ou iniciativa das partes, próprio do sistema acusatório, decorre da indispensável neutralidade do órgão julgador. Sem ela, toda a atividade jurisdicional restará viciada. Por este motivo, a tendência é retirar do Poder Judiciário qualquer função persecutória, devendo a atividade probatória do Juiz ficar restrita à instrução criminal, assim mesmo, supletivamente ao atuar das partes. [19: JARDIM, Afrânio Silva. Reflexão Teórica sobre o processo penal. 1997, p. 197 Apud NETTO, José Laurindo de Souza. Processo Penal: Sistemas e Princípios.  Curitiba: Juruá 2003, p. 34.]
	Ainda, Prado se posiciona com o seguinte pensamento:
Se aceitarmos que a norma Constitucional que assegura ao Ministério Público a privatividade do exercício da ação penal pública, na forma da lei, a que garante a todos os acusados o devido processo legal, com ampla defesa e contraditório, além de lhes deferir, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, a presunção de inocência, e a que, aderindo o julgamento por juiz competente e imparcial, pois que se excluem as jurisdições de exceção, com plenitude do que isso significa, são elementares do princípio acusatório, chegaremos à conclusão de que, embora não o diga expressamente, a Constituição da República adotou-o.[20: PRADO, Geraldo. Sistema acusatório: a conformidade constitucional das leis processuais penais. 1999, p. 171 Apud, MARTINS, Charles Emil Machado. A reforma e o “poder instrutório do Juiz”. Será que somos medievais?. In CALLEGARI, André Luís; WEDY, Miguel Tedesco (Organizadores). Reformas do Código Processo Penal. Porto Alegre: Livr. Do advogado, 2009, p. 9-10.]
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 	Pelo exposto, concluímos que o sistema processual penal que o Brasil adota é o sistema acusatório, por respeitar todos os direitos e garantias que um indivíduo tem com base em nosso ordenamento. Este sistema é muito maisjusto.
	No entanto, há de se observar a existência do inquérito policial, que é feito de forma inquisitiva, onde o acusado não tem o direito do contraditório e de ampla defesa e, mesmo com a presença de um defensor com capacidade postulatória, não os tem. A presença de um advogado serve apenas para manter a integridade do depoente acusado.
Mas devemos lembrar que o Direito Processual Penal é de ordem pública e é conduzido pelo Poder judiciário e, desta forma, o inquérito não é um ato processual, nem mesmo uma fase processual, embora esteja presente na denúncia do Ministério Público, uma vez que é conduzido pelas polícias civis e/ou federais.
Outro argumento utilizado pelos defensores do sistema misto é o de que o juiz ordena, em alguns casos, a produção de provas, acumulando as suas funções com as funções de “acusador” ou “defensor”. E com razão, pois, do contrário, não há como ele decidir, uma vez que ele precisa se convencer e fundamentar seu convencimento.
Há também aqueles que entendem que o Brasil adota o sistema acusatório na Constituição Federal e o misto no Código de Processo Penal. Para quebrar este posicionamento, devemos recorrer ao sistema de normas sobre normas de Hans Kelsen: a Constituição Federal (Lei Maior de um Estado) ou o Código de Processo Penal (Norma Infraconstitucional)? Para bons entendedores, não há lei maior que a constituição de um Estado Soberano, exceto as Convenções que este Estado se comprometa a seguir.
Com certeza, o sistema adotado não poderia ser o inquisitivo, pois o Brasil se configura como um Estado Democrático de Direito, o que faz da liberdade um bem de extrema importância, o que gera aos seus nacionais todos os meios possíveis de metê-la, inclusivo o contraditório, a ampla defesa e o duplo grau de jurisdição, fatores ausentes na época da Inquisição e, consequentemente, no sistema inquisitório.
Por fim, reafirmamos o nosso posicionamento de que o Brasil adotou o sistema acusatório em sua “Lei Maior”, e que qualquer contraposição viola a nossa Constituição.
REFERÊNCIAS 
ARRUDA, Weslley Rodrigues. Sistema processual penal brasileiro: inquisitório, acusatório ou misto?. Artigo publicado no site www.conteudojuridico.com.br em 22 dez. 2014. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,sistema-processual-penal-brasileiro-inquisitorio-acusatorio-ou-misto,51623.html>. Acesso em: 02 abr. 2018.
CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 15ª Ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2008.
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Introdução aos princípios do Direito Processual Penal brasileiro. Separata ITEC, ano 1, nº 4 – jan./fev./mar. 2000.
HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 2585.
JARDIM, Afrânio Silva. Reflexão Teórica sobre o processo penal. 1997, p. 197 Apud NETTO, José Laurindo de Souza. Processo Penal: Sistemas e Princípios.  Curitiba: Juruá 2003.
LEMES, Flávio. Direito Processual Penal – aula 1. Vídeo aula publicada no canal Saber Direito Aula em 30 dez. 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=l-PVrTQoj1c>. Acesso em: 01 abr. 2018.
LOPES JR, Aury. Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008.
NUCCI, Guilherme de Souza. Provas no Processo Penal. São Paulo: RT, 2009.
PRADO, Geraldo. Sistema acusatório: a conformidade constitucional das leis processuais penais. 1999, p. 171 Apud, MARTINS, Charles Emil Machado. A reforma e o “poder instrutório do Juiz”. Será que somos medievais?. In CALLEGARI, André Luís; WEDY, Miguel Tedesco (Organizadores). Reformas do Código Processo Penal. Porto Alegre: Livr. Do advogado, 2009.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito processual penal esquematizado. Coordenador: Pedro Lenza. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2013
RODRIGUES, Martina Pimentel. Os sistemas processuais penais. Artigo publicado no site www.jus.com.br em dez. 2013. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/26262/os-sistemas-processuais-penais#>. Acesso em: 02. Abr. 2018.

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