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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 1 PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO Escola de Teologia do Espírito Santo IIIIIIIInnnnnnnnttttttttrrrrrrrroooooooodddddddduuuuuuuuççççççççããããããããoooooooo àààààààà TTTTTTTTeeeeeeeeoooooooollllllllooooooooggggggggiiiiiiiiaaaaaaaa O estudo sobre Deus ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 2 © Copyright 2004, Escola de Teologia do ES A Escola de Teologia do ES é amparada pelo disposto no parecer 241/99 da CES – Câmara de Ensino Superior O ensino à distância é regulamentado pela lei 9.394/96 – Artº 80 e é considerado um dos mais avançados sistemas de ensino da atualidade ■ Todos os direitos em língua portuguesa reservados por ESCOLA DE TEOLOGIA DO ES Rua Cabo Ailson Simões, 560 - Centro – Vila Velha- ES Edifício Antônio Saliba – Salas 802/803 CEP 29 100-325 Telefax (27) 3062-0773 www.esutes.com.br ■ PROIBIDA A REPRODUÇÃO POR QUAISQUER MEIOS, SALVO EM BREVES CITAÇÕES, COM INDICAÇÃO DA FONTE. Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida Corrigida e Fiel(ACF) ©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana. O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão. A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados. TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Cristologia e Pneumatologia - O estudo da pessoa de Cristo e do Espírito Santo – Espírito Santo: ESUTES, 2004. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3 ____________________________ SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO ____________________________ UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII OOOOOOOO QQQQQQQQUUUUUUUUEEEEEEEE ÉÉÉÉÉÉÉÉ TTTTTTTTEEEEEEEEOOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGIIIIIIIIAAAAAAAA Definição do termo................................................................................................................................5 A teologia como ciência........................................................................................................................6 A teologia e as ciências do comportamento humano...........................................................................................8 Requisitos para o estudo da teologia.................................................................................................................10 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII AAAAAAAA PPPPPPPPRRRRRRRROOOOOOOOPPPPPPPPOOOOOOOOSSSSSSSSTTTTTTTTAAAAAAAA DDDDDDDDOOOOOOOO EEEEEEEESSSSSSSSTTTTTTTTUUUUUUUUDDDDDDDDOOOOOOOO DDDDDDDDAAAAAAAA TTTTTTTTEEEEEEEEOOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGIIIIIIIIAAAAAAAA O conhecimento de Deus...................................................................................................................................11 A inspiração verbal e plenária da Biblia.............................................................................................................12 A personalidade Divina......................................................................................................................................13 A verdade da criação dos mundos.....................................................................................................................14 Outras propostas de estudo da teologia............................................................................................................15 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII AAAAAAAASSSSSSSS DDDDDDDDIIIIIIIIVVVVVVVVIIIIIIIISSSSSSSSÕÕÕÕÕÕÕÕEEEEEEEESSSSSSSS DDDDDDDDAAAAAAAA TTTTTTTTEEEEEEEEOOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGIIIIIIIIAAAAAAAA Teologia exegética............................................................................................................................................19 Teologia histórica..............................................................................................................................................20 Teologia biblica.................................................................................................................................................21 Teologia dogmática...........................................................................................................................................22 Teologia sistemática..........................................................................................................................................24 Teologia prática.................................................................................................................................................25 UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV OOOOOOOO EEEEEEEESSSSSSSSTTTTTTTTUUUUUUUUDDDDDDDDOOOOOOOO DDDDDDDDAAAAAAAA TTTTTTTTEEEEEEEEOOOOOOOOLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGIIIIIIIIAAAAAAAA Os meios do estudo............................................................................................................................................26 A necessidade do estudo da teologia.................................................................................................................27 O instinto organizador do intelecto.....................................................................................................................28 A natureza da escrituras.....................................................................................................................................29 Um caráter cristão inteligente.............................................................................................................................30 AAAAAAAAPPPPPPPPÊÊÊÊÊÊÊÊNNNNNNNNDDDDDDDDIIIIIIIICCCCCCCCEEEEEEEE Reforma Protestante..........................................................................................................................................31 Contra Reforma.................................................................................................................................................36 BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA..................................................................................................................................................37 ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 4 UUNNIIDDAADDEE II OO QQUUEE ÉÉ TTEEOOLLOOGGIIAA ...............................................................“Qualquer estudo que expresse o que a Bíblia ensina sobre qualquer assunto, pode ser considerado teologia”. .............................................................. DDEEFFIINNIIÇÇÃÃOO DDOO TTEERRMMOO Teologia, em seu sentido literal, é o estudo sobre Deus (do grego θεóς, theos, "Deus"; + λóγος, logos, "palavra", por extensão, "estudo"). Este termo foi usado pela primeira vez por Platão, no diálogo “A República”, para referir-se à compreensão da natureza divina por meio da razão, em oposição à compreensão literária própria da poesia feita por seus conterrâneos. Teologia é apenas uma tentativa de entender Deus como revelado na Bíblia. Nenhuma teologia vai completamente explicar a Deus e Seus caminhos porque Deus é infinitivamente e eternamente maior do que somos. Portanto, qualquer tentativa de descrevê-lo por completo vai falhar (Rm 11.33-36). No entanto, Deus quer que O conheçamos o máximo possível, e teologia é a arte e ciência de conhecer e entender o que podemos sobre Deus de uma forma organizada e compreensível. Muitas pessoas tentam evitar teologia porque acreditam que teologia traz discórdia. No entanto, quando compreendida de forma adequada, teologia une as pessoas. Teologia é organizar os ensinos da Palavra de Deus de uma forma compreensível. O estudo da teologia, então, é nada mais do que aprofundar-se na Palavra de Deus para descobrir o que Ele tem revelado sobre Si. Quando fazemos isso, vamos conhecê-lo como o Criador de todas as coisas, o Sustentador de todas as coisas e o Juiz de todas as coisas. Ele é o Alfa e o Ômega, o início e o fim de todas as coisas. “Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.36). Quando Moisés perguntou quem o estava enviando a Faraó, Deus respondeu: “EU SOU O QUE SOU” (Ex 3.14). O nome EU SOU indica personalidade. Deus tem um nome, assim com Ele tem dado nomes a outras pessoas. O nome EU SOU ilustra uma personalidade livre, com propósito e auto-suficiente. Deus não é uma força celeste ou uma energia cósmica. Ele é o ser onipotente, auto-existente e auto-determinante com uma mente e vontade – o Deus “pessoal” que tem revelado a Si mesmo à humanidade através de Sua Palavra e de Seu Filho, Jesus Cristo. Estudar teologia é conhecer a Deus para que possamos glorificá-lo através de nosso amor e obediência. Note a progressão aqui: temos que conhecê-lo antes de podermos amá-lo, e precisamos amá-lo antes que possamos desejar obedecê-lo. Como resultado, nossas vidas vão ser enriquecidas pelo conforto e esperança que Ele dá àqueles que conhecem, amam e obedecem a Ele. Dr. J.I. Packer resumiu tudo isso muito bem ao dizer: “Conhecer a Deus é de importância crucial para vivermos nossas vidas. Somos cruéis a nós mesmos se tentamos viver nesse mundo sem conhecer o Deus que o administra e a quem o mundo pertence. O mundo se torna um lugar estranho, maluco e cheio de dor; a e vida se torna um assunto desapontante e desagradável para aqueles que não conhecem sobre Deus. Ignore o estudo de Deus, e você vai sentenciar sua vida a tropeços e erros estúpidos, como se com os olhos vendados, sem nenhum sentido de direção e sem nenhuma compreensão do que está ao seu redor. Dessa forma você pode desperdiçar sua vida e perder a sua alma.” ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 5 Todos os Cristãos devem ser consumidos com teologia – o estudo pessoal e intenso de Deus – para então poderem conhecer, amar e obedecer ao Deus com quem iremos passar toda a eternidade. Algumas palavras parecidas com teologia Teodicéia – termo criado por Leibnitz, 1646-1716, e que serviu de título a uma de suas obras. Quer dizer, em suma, conjunto de doutrinas que procuram justificar a bondade divina contra os argumentos tirados da existência do mal no mundo, refutando as doutrinas atéias ou dualistas que se apóiam nesses argumentos. Teofania – esse termo que significa visão de Deus foi usado por Scotus Erígena, século IX, para indicar o mundo como manifestação de Deus. Teogonia – geração dos deuses e do mundo: cosmologia mítica. Teosofia – determinado tipo de conhecimento de Deus que remonta a uma especulação filosófica de raiz mítica, refere-se ao estudo especulativo da sabedoria divina e, em sua forma vulgar, a forma do ocultismo relacionado com religiões do extremo Oriente. AA TTEEOOLLOOGGIIAA CCOOMMOO CCIIÊÊNNCCIIAA Por outro lado, além de classificar a Teologia como estudo, podemos também classificá-la como ciência, visto que é um conjunto organizado de conhecimentos relativos a Deus e sua relação com a criação, obtidos mediante o processo de observação, a experimentação dos fatos divinos e naturais e que possui metodologia própria de investigação. Supera a Ciência Teológica às demais, pelo objeto de estudo – que são coisas eternas. Portanto, transcende as coisas terrenas e temporais. Como ciência tem um objeto de estudo: Deus. Entretanto como não é possível estudar diretamente um objeto que não vemos e não tocamos, estuda-se Deus a partir da sua revelação. No Cristianismo isto se dá a partir da revelação de Deus na Bíblia. Por isso, também se define "teologia" como um falar "a partir de Deus" (Karl Barth). Para mostrar o caráter científico da Teologia, antes é necessário delimitar o conceito de ciência. Ao longo da história se deu diversos modos de entender a ciência. Se entendemos por ciência somente aquele disciplina caracterizada por una aproximação à verdade (com um método e um poder sobre o real) ligado a uma exatidão dirigida e verificada por uma experimentação, certamente a Teologia não é uma ciência, já que o científico seria somente o verificável. Mas se entendemos como ciência aquela disciplina que pode provar um objeto com um método próprio e possa desembocar em condiciones que se possam comunicar a outros; neste sentido se poderia falar de ciência canônica, ciência bíblica e ciência teológica. Os maiores esforços para fundamentar o caráter científico da Teologia se deu ao longo do século XIII e Tomás de Aquino se destaca dentro dos grandes expoentes de seu caráter científico. Tomás adota o conceito aristotélico de ciência e trata de demonstrar que não é alheio à Teologia, baseando-se em dois argumentos: a. Normalmente a ciência tem evidência de seus princípios. Mas há ciências cujos princípios vem de outras ciências superiores que conseguem demonstrar a evidência daqueles princípios. Portanto, há ciências que se baseiam em uns princípios dados por outras ciências superiores, sendo evidentes em tais ciências. Aquelas ciências se chamam ciências subordinadas. A Teologia é uma destas ciências subordinadas que se baseiam em uns princípios, cuja evidência não a demonstra a Teologia: são as verdades de fé. Sem dúvidas, há uma ciência, superior à Teologia, para a qual os princípios sim são evidentes: é a ciência de Deus. Com efeito, a visão direta dos mistérios, existe em Deus e nos bem- aventurados, com quem a fé nos põe em comunhão. Concluímos que a Teologia é uma ciência, uma ciência subordinada à ciência de Deus. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 6 b.Também tem razão de ciência quando consegue construir racionalmente o revelado, onde determinadas verdades se apresentam ligadas umas a outras como a seu princípio. Quer dizer, a Teologia é uma ciência porque há verdadeiras conclusões que partem de uns princípios, de modo que resulte que ambas (conclusões e princípios) sejam igualmente reveladas. Portanto, é ciência porque obtêm umas conclusões a partir de uns princípios revelados. Se chega a conclusões para além do revelado formalmente por una elaboração teológica. Se isto não fosse assim, não poderíamos sair do Kerigma e perderíamos uma grande quantidade de verdades secundárias que partem de um desenvolvimento racional da revelação e que, portanto,também são verdades. A Teologia identifica e tem em conta os princípios revelados dos que parte na sua reflexão; circunscreve com precisão no seu campo de estudo; procura ater-se a uma metodologia rigorosa e cada vez melhor comprovada em sua coerência interna; se esforça em mostrar a homogeneidade e a exatidão no modo de derivar os dados obtidos a partir dos princípios; os conhecimentos que obtêm são comunicáveis de maneira sistemática. Considerações Gerais Precisa-se compreender que a ciência pode ser vista como um conjunto de conhecimentos relativos às percepções adquiridas pelo pensamento humano (razão). Por outro aspecto, também é um conjunto de conhecimentos preciso e fiel, o qual coloca em questão as hipóteses existentes. Nota-se que para compreender a teologia como ciência é preciso ter em mente que a ciência utiliza fontes existentes, como no caso da Teologia Bíblica que se vale da própria Bíblia Sagrda como exemplo disso. Ao colocar em questão as coisas referentes à fé, o ser humano se apropria das fontes e as analisa com referencia no seu intelecto humano, isto é, a sua razão. Na realidade, o que ocorre é que o homem tem dentro de si características e limites. Por isso há a necessidade dos questionamentos e da obrigação de desvendar os questionamentos a luz da razão de forma empírica e também inatista. Tudo isso ao se misturar torna-se um ato de enorme confiança na sua própria capacidade de compreender as coisas (inteligência) e na sua fé (místico). No período da escolástica surgiu um problema entre o relacionamento da ciência com a fé. Porque neste período as informações eram cedidas com autoritarismo por parte da Igreja. Tomás de Aquino foi um dos que questionou essa maneira de fornecer e receber os ensinamentos referentes à Bíblia. Ele disse: “O importante não é o que alguém pensou ou pensa, mas sim o que a coisa é em si mesma”. É óbvio que Aquino, pai da escolástica, não tinha em mente dissolver a fé em ciência, mas queria fazer uma linha de ligação coerente entre a fé e os seus mistérios, com a inteligência humana. O tomismo afirma-se e caracteriza-se como uma crítica que valoriza a orientação do pensamento platônico-agostiniano em nome do racionalismo aristotélico, que pareceu um escândalo, no campo católico, ao misticismo agostiniano, naquela época; mas foi logo aceitado devido sua clareza conceitual. Ademais, o tomismo se afirma e se caracteriza como o início da filosofia no pensamento cristão moderno e, por conseguinte, como o início do pensamento moderno, enquanto a filosofia é concebida qual construção autônoma e crítica da razão humana, a qual foca-se no antropocentrico deixando de lado o teocentristmo. Na atualidade, vivemos na outra ponta do modernismo, onde a filosofia puramente racionalista, já não é absoluta. Assim, retoma-se gradativamente a razão iluminada pela fé como forma de linear diversos pensamentos filosóficos, bem como outras ciências. Portanto, na realidade teológica atual na sua sistematização científica há espaço para um grande avanço da compreensão humana do “dever ser” da vida mística cristã. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 7 AA TTEEOOLLOOGGIIAA EE AASS CCIIÊÊNNCCIIAASS DDOO CCOOMMPPOORRTTAAMMEENNTTOO HHUUMMAANNOO A Teologia não deve ser levada no mesmo patamar do ponto de vista humano. Existem ciências, como a Psicologia e a Ética, que auxiliam o ser humano no conhecimento de si mesmo através dos seus instrumentos de trabalho e as informações científicas, contudo, se sobressai a Teologia por nos dirigir ao conhecimento transcendental – ao conhecimento da Divindade – e daí o homem conhecer a si mesmo sob a ótica de imagem e semelhança do seu Criador. A Filosofia, ainda que busque alcançar os mesmos objetivos, difere-se da Teologia quanto aos instrumentos usados para alcançá- las. Na busca da compreensão do mundo e da vida, a Teologia mostra suas bases na crença da existência de um Deus pessoal e criador de todas as coisas, por sua vez, a Filosofia expõe a idéia de sua auto-existência, sem evidenciá-la ou prová-la. Assim, enquanto a Filosofia meramente especula, a Teologia sustenta-se em princípios sólidos. Teologia e Ética Até o fim do século XVII os teólogos da Reforma não separaram a teologia da ética, antes os tratavam em suas dogmáticas como sendo um só corpo. Todavia, alguns deles iniciaram a estudá- las como disciplinas separadas, embora os catecismos e confissões continuassem a expor doutrina e ética como sendo complementares, especialmente pelos comentários feitos ao Decálogo. Mas, sob a influência da filosofia do século XVIII a ética cristã gradualmente foi despojada de seu caráter religioso. Louis Berkhof observa que “nos escritos de autores como Scheleiermacher, Ritschl, Rothe, Herrmann e Troeltsch a moralidade ficou divorciada da religião e adquire um caráter autônomo.” Todavia, alguns teólogos como Dorner, Wuttke, Luthardt retornaram a estudá-la mantendo uma relação com as suas dogmáticas, mas não obtiveram sucesso. Embora os teólogos considerassem íntima a relação da credenda e facienda (do latim: crer e fazer), e que ambas disciplinas estivessem necessariamente dependentes, consideraram desejável trata-las separadamente. Alberto Fernando Roldán esclarece que "a quase totalidade dos temas teológicos se relacionam de forma direta e indireta com a ética, principalmente as doutrinas de Deus, do ser humano, da salvação e da escatologia. Dito em outros termos, nosso modo de entender Deus como santo, nossa concepção do ser humano como portador da imagem de Deus, nosso conceito da salvação por graça e por fé, e, finalmente, o chamado ‘motivo escatológico’ constituem os pilares teológicos sobre os quais se erige nossa ética cristã." As conseqüências de se fazer uma dicotomia entre teologia e ética são inevitavelmente ruins. A verdade revelada demanda uma vida que se harmonize com toda a Escritura. Robert Banks observa que “essa lacuna entre doutrina e ética é uma das razões de termos falhado em desenvolver uma teologia satisfatória da vida cotidiana. Todas as principais doutrinas têm sua dimensão prática exatamente como todas as questões práticas têm seu aspecto doutrinal.” Quando ocorre o divórcio entre a teologia e ética, a primeira sofre o perigo de tornar-se uma ciência meramente abstrata e especulativa sem resultados práticos, e a segunda transforma-se em filosofia relativista, ou subjetivismo antropocêntrico. Embora exista uma estreita relação da dogmática com a ética, não podemos concluir que seja uma relação de dependência recíproca. Hendrikus Berkhof observa que “dogmática não é dependente dos resultados da ética do mesmo modo que é dependente dos resultados daqueles outros dois campos de estudo [estudos do Antigo e Novo Testamento, e história da igreja]. Todavia, o contrário é verdadeiro: o exame da ação da fé é dependente dos resultados da pesquisa do conteúdo da fé.” Teologia e Filosofia O século II vê nascer uma categoria de mestres cristãos conhecidos como "os apologistas" que se incumbem, entre outras tarefas, de responder aos filósofos que, diante da visibilidade do Cristianismo, começam a polemizar com a fé propagada pelos apóstolos de Cristo. O mais conhecido dos apologistas foi Justino, nascido em Naplusa, na Palestina, numa família de língua grega. Ele se converteu em 130 d.C. Os apologistas não eram antifilósofos. Pelo contrário, Justino ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 8 sempre se viu como um filósofo, o que se pode perceber pela seguinte frase que proferiru: "Reconheci que O Cristianismo era a única filosofia segura e proveitosa." Justino morreu martirizado em Éfeso, no ano 165 d.C. Outro aspecto histórico importante é que nem sempre os cristãos encararam os filósofos como adversários. Pascal, por exemplo, chegou a declarar: "Platão prepara o advento do cristianismo".Em nossa coluna, a filosofia será, a priori , considerada uma aliada, como de fato tem sido na maior parte da história da Igreja. Como exemplo, podemo citar Jurgen Moltmann, pai da chamada teologia da esperança, que, na segunda metade do século XX, abandonou a filosofia como instrumento de leitura da realidade, substituindo-a pela sociologia marxista. Na América Latina, ele foi seguido pela chamada teologia da libertação, deflagrada pelo teólogo presbiteriano brasileiro Rubem Alves. Ora analisaremos postulados filosóficos, ora usaremos a Bíblia como fonte de premissas para a construção de um discurso sobre Deus, sobre o homem e sobre o relacionamento entre ambos, como acabamos de fazer com Justino, o mártir. Sempre consideraremos o homem nas suas circunstâncias, pois, como disse Ortega y Gasset, o homem é nas suas circunstâncias. Isto que quer dizer que ora seremos apologetas, ora propositores de uma nova abordagem – esta é a aventura que a filosofia proporciona. Não há dúvida de que o desafio que se coloca diante dos brasileiros dispostos a pensar a teologia como um discurso que sempre precisa ser revisto é muito grande. Mas não se pode fugir dele, pois cada época, realidade e cultura traz as suas próprias perguntas, o que faz com que a sistemática tenha de ser aberta e analisada o tempo todo. E para isso acontecer é preciso recorrer ao labor filosófico, sob pena de condenarmos a teologia ao anacronismo ou à mera reação que referenda ou condena a práxis. Embora não fique claro à primeira vista por que é necessário fazer essa distinção, esclarecer o papel apropriado da Filosofia e da Teologia e quais suas diferenças é algo a se comentar. Basicamente, podemos dizer que a diferença principal entre fazer filosofia e fazer teologia são os seus “pontos de partida”. A Filosofia parte “apenas” dos instrumentos da razão e das informações obtidas pelas nossas faculdades cognitivas (em um sentido mais restrito). Já a Teologia parte sem excluir o uso dos instrumentos da filosofia, é claro adicionando a Bíblia ou a revelação de alguns princípios cristãos (ou analogamente para as outras religiões). Se, ao fazer um argumento, uma das premissas estiver derivada de uma revelação, então o argumento será teológico; se não estiver, então caímos no campo da filosofia. Essa é uma das maneiras de demarcar as disciplinas. Como explica o professor Plantinga em um artigo: Filosofia é um assunto puramente racional. Isso não é meramente negar que ela seja irracional, ao invés, é dizer que na filosofia uma pessoa permanece apenas na razão, não empregando nenhuma informação de fé. Na filosofia, você abstrai aquilo que conhece pela fé; se você utilizar alguma coisa que você conhece pela fé para responder um problema, o resultado não será filosofia, mas teologia. Ou seja: • Argumentação baseada apenas do que é acessível diretamente pela razão (Filosofia); • Argumentação baseada nas premissas da Bíblia ou do Cristianismo (Teologia Bíblica/Cristã). Observe que isso não quer dizer que a Teologia não seja racional ou ainda dizer que uma pessoa não possa racionalmente chegar a aceitar o Cristianismo. Essa distinção se refere apenas ao fato de que nenhuma pessoa que pensar duramente numa ilha vai conseguir concluir que “Aha! Deus foi crucificado em uma região árida do mundo para salvar dos nossos pecados! Agora tudo faz sentido!”. Esse tipo de coisa, claramente, não é deduzível só por nosso conhecimento direto do mundo, ao contrário dos assuntos discutidos na filosofia (a princípio). Mas qual é o importância, nem que seja aparente, de se fazer essa distinção? Devemos lembrar que as percepções estão influenciadas, pelo menos de alguma forma, pelo ambiente cultural. E nesse contexto, dois pontos devem ser lembrados: Primeiro, um caminho possível para alguém para chegar ao Cristianismo é a Filosofia. Discussões sobre a existência de Deus ou a justificativa para se aceitar o Cristianismo são assuntos debatidos filosoficamente. Essas discussões ajudam as pessoas a mudar de posição ou, ao menos, a deixar o neo-ateísmo e passar a respeitar os religiosos. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 9 Se você usar argumentos teológicos nesse debate, estará errando o escopo e perdendo a chance de fazer a coisa certa (a não ser, é claro, que alguém esteja fazendo uma pergunta sobre a coerência interna da religião, onde o uso da Teologia está justificado). O risco do efeito contrário (descrédito) ser gerado é ainda maior. Segundo, a Teologia é rejeitada a priori por alguns debatedores. E um dos motivos pelo qual as pessoas compram tal idéia é a IGNORÂNCIA quanto ao âmbito justificado da Teologia. Sabendo o papel apropriado da Teologia, não há como criticá-la. Mas aquele que não sabe, corre o risco de ver a Teologia ridicularizada (pois obviamente discussões sobre “transubstanciação” ou coisa do tipo para um ateu ou um agnóstico podem soar ridículas, à primeira vista) e passar a dispensá-la. Depois, atribui-se todos os esforços de respostas de religiosos aos “teólogos” que: serão visto como parte interessada, ao contrário do outro, que é objetivo (ou cientista), malucos que passam o dia falando apenas de besteiras e invenções. RREEQQUUIISSIITTOOSS PPAARRAA OO EESSTTUUDDOO DDAA TTEEOOLLOOGGIIAA A Teologia, como já vimos, é uma ciência singular e para tanto seus estudantes são diferentes nas suas qualidades dos demais de outras ciências. Ter Uma Experiência Regenerativa (Sl 25.14) Esta experiência inclui também uma sensibilidade à voz do Espírito Santo, aliás, pelos ensinamentos de Jesus a Nicodemos, deduzimos ser impossível a regeneração sem a ação do Espírito (Jo 3.1-8). Este mesmo Espírito deve permanecer na vida do cristão na sua missão de conduzi-lo em toda a verdade. (Jo 16.7-15). Também ninguém melhor do que Ele para realizar esta tarefa, visto que Ele conhece o pensamento de Deus (I Co 2.6-15). O homem regenerado terá sempre um compromisso com a verdade. Humildade Os que se propõem estudar Teologia, descobrirá cedo que os seus conhecimentos não se prestam a pretensões descabidas, à vaidades e outros sentimentos de exaltação. Aprenderão que será dever submeterem-se com humildade a busca do conhecimento, apelando para a graça divina que é dádiva dos humildes, para tornarem-se servos do Reino. (Jo 13.12-17). Persistência O mesmo que dedicação ao estudo, a busca do saber não é um preço barato a pagar. Exige o dispêndio de tempo, dinheiro e renúncia dos lazeres. Somente galga altos lugares na vida aqueles que são persistentes, que não se desanimam diante dos obstáculos impostos no caminho do estudante. Oração A vida de oração incessante será a tonificação da vida de todos os teólogos. Começando pelo próprio Jesus, passando por Paulo, os pais da Igreja, atravessando toda história da teologia. Na verdade, sem oração contrita e sincera, é impossível fazer algo sério para Deus, pois, a oração é o termômetro da vida espiritual do cristão, pois é aí que ele desenvolve sua comunhão, sua intimidade com o objeto maior do seu estudo – Deus. Serviço O estudo teológico não se prestará a dar conhecimento, status a quem o faz. A missão principal da teologia é de nos tornar servos de todos. Aprendendo para ensinar, para sermos úteis ao nosso próximo, pois só assim os conhecimentos se fixarão em nossas mentes. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10 UUNNIIDDAADDEE IIII AA PPRROOPPOOSSTTAA DDEE EESSTTUUDDOO DDAA TTEEOOLLOOGGIIAA ............................................................... “Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade”. .............................................................. OO CCOONNHHEECCIIMMEENNTTOO DDEE DDEEUUSS A tarefa teológica é trazer àluz o conhecimento de Deus, por sua própria, livre e soberana vontade. Jamais conheceríamos a Deus, se Ele próprio não tivesse revelado a nós. O termo revelação vem do grego “apocalipsis”, que significa levantar o véu, descobrir algo. Para nós, é o ato de Deus pelo qual Ele se mostra ou comunica verdades à nossa mente; Ele se torna manifesto às suas criaturas aquilo que não pode ser conhecido de nenhuma outra maneira. (Jo 15.16; Mt 11.25-27; Hb 1.1-2). Deus se revela a nós pela natureza, (Rm 1.18-22), pelo cosmos, (Sl 19.1-4), pela história, (Gn 41.1-57), e pelos fenômenos meteorológicos (At 14.15-17). Deus se revela, ainda, de maneira especial, através dos milagres, (Ex 4.2-5; I Rs 18.24) das profecias, (Mq 5.2; Mt 2.6), e através de seu Filho, Jesus, (Hb 1.1,2; Cl 1.15; 2.9; Mt 11.27; Jo 14.9). A idéia da existência de Deus é algo que o ser humano nasce com ela ou adquiri durante a sua vida? Para responder a essa indagação, faz-se necessário recorrer ao texto de Gênesis, capítulo 1, versículo 26, no qual Deus diz: “Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança [...]”. Assim, de acordo com a Bíblia Sagrada o ser humano possui de maneira intrínseca alguma coisa de Deus desde a criação, que é a sua imagem e semelhança. Mas esta imagem e semelhança que são mencionadas em Gênesis não indicam que o homem e a mulher já nascem com o pensamento de que Deus existe. O que nós temos, na verdade, é a idéia do divino, do metafísico e do transcendente, que foi posta em nós por ocasião da formação do primeiro homem, Adão. Nessa esteira de raciocínio, a teologia ensina que esta imagem e semelhança que herdamos de Deus é algo moral e natural. E isso é facilmente observado na natureza do homem, que, mesmo decaída por causa do pecado, ainda conserva características do seu criador, dentre as quais, tem-se o atributo da justiça. Assim, existe o senso comum entre os povos das mais variadas culturas e nações em repudiar práticas, tais como: o assassinato e o estupro. E este senso comum que o ser humano possui é reflexo do atributo da justiça que foi posto em nós quando Deus nós fez a sua imagem e semelhança moral e natural. Neste sentido, o apóstolo Paulo ensinou os cristãos da cidade de Roma e escreveu que os gentios, mesmo não tendo lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei e dessa forma mostram a obra da lei escrita nos seus corações, testificando juntamente com a sua consciência e os seus pensamentos, que às vezes os acusam e os defendem (Rm 2.14,15). Nesses termos, Paulo ensinou aos romanos que os povos pagãos mesmo sem conhecerem a Deus tinham nos seus corações os seus preceitos morais internalizados; e isto é fruto da imagem e semelhança moral e natural de Deus. O fato é que na verdade nós não conhecemos a Deus. É ele quem nos conhece e se revela para nós de ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 11 diversas maneiras. E dentre as muitas maneiras que Deus se revela para nós, o teólogo Ralph Smith menciona que ele se revela nas aparições e manifestações divinas; ele se revela por meio da sua palavra; ele se revela nas experiências pessoais; ele se revela no culto; ele se revela no pronunciar e no ouvir a palavra profética; e, ele se revela por meio da nossa consciência moral. E mesmo frente a essas multiformes revelações de Deus, nós ainda não conseguimos conhecê-lo em toda a sua plenitude. Pois se isso fosse possível, Deus não seria Deus. Assim, conclui-se que o ser humano tem apenas um conhecimento do divino, do metafísico e do transcendente. E este conhecimento é fruto da imagem e da semelhança moral e natural que nós herdamos de Deus. Pois o conhecimento efetivo de Deus se dá por meio da sua revelação. Dessa forma, nós não nascemos com o conhecimento de Deus, pois é ele quem nos conhece e se revela para nós. AA IINNSSPPIIRRAAÇÇÃÃOO VVEERRBBAALL EE PPLLEENNÁÁRRIIAA DDAA BBIIBBLLIIAA Esta é uma questão de suma importância para a Teologia – Demonstrar que a Bíblia é toda ela, divinamente inspirada por Deus. (II Tm 3.16). A nossa segurança está em saber que os registros que incorporam a revelação de Deus são autênticos. Esta autenticidade é asseverada pelo próprio Cristo e seus apóstolos. (Jo 5.39; 6.63; 10.34; Lc 24.44; Mt 5.17; Gls 3.10; I Pd 1.23-25; I Co 2.13). A Inspiração é verbal As Escrituras do Antigo Testamento são continuamente mencionadas como Palavra de Deus. No célebre sermão da montanha, Jesus declarou que não só as palavras, mas até mesmo os pequeninos sinais diacríticos de uma palavra hebraica vieram de Deus. Portanto, o que se diz como teoria a respeito da inspiração das Escrituras, fica bem claro que a Bíblia reivindica para si mesma toda a autoridade verbal ou escrita. Inspiração verbal significa que, na preparação das Santas Escrituras, a superintendência do Espírito Santo se estende às próprias palavras empregadas. As Escrituras constantemente afirmam que as suas palavras foram dadas ou dirigidas pelo Espírito Santo (At 28.25; I Co 2.13; II Pe 1.21). A Inspiração é plena A inspiração plena da Bíblia é um fato incontestável porque assuntos vitais como expiação, salvação, ressurreição, recompensas e castigo futuros requerem a direção de um Espírito infalível a fim de se evitarem informações que levem ao erro. Inspiração plena significa que toda a Bíblia é inspirada em todas as suas partes. Na verdade, os escritores bíblicos escreveram suas mensagens com palavras de seu próprio vocabulário, porém, inspirados e influenciados pelo Espírito Santo. Ele guiou os escritores na escolha das palavras de acordo com a personalidade e o contexto cultural de cada um. Apesar de conter palavras humanas, a Bíblia é a Palavra de Deus. A teologia modernista não aceita a doutrina sobre a inspiração plenária da Bíblia. Eles concordam em aceitar que as idéias ou pensamentos da Bíblia podem ser inspirados, mas que as palavras usadas, no texto, são um produto de autores, os quais estão sujeitos a erros. Rejeitamos toda a crítica contra a Bíblia, porque Jesus considerou as Escrituras como “Palavra de Deus” (Mc 7.13). Rejeitamos a crítica modernista, contra a veracidade da Bíblia, porque seria uma ofensa contra Deus que é perfeito (Mt 5.48), afirmar que a sua Palavra contém erros e mentiras. A palavra da “Ciência” também nunca é a última “palavra”. Um grande teólogo alemão, A. Luescher constatou em uma de suas obras, que no ano de 1850 os críticos contra a Bíblia apresentaram 700 argumentos científicos contra a veracidade da Bíblia. Hoje, 600 destes argumentos já foram deixados por descobertas mais atualizadas. Negar a inspiração plena das Escrituras, portanto é desprezar o testemunho fundamental de Jesus ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 12 Cristo (Mt 5.18; 15.3-6; Lc 16.17; 24.25-27,44,45; Jo 10.35), do Espírito Santo (Jo 15.26; 16.13; I Co 2.12,13, I Tm 4.1) e dos apóstolos (II Tm 3.16; II Pe 1.20,21). A Inspiração atribui autoridade O termo “Escritura”, conforme se encontra em II Tm 3.16 refere-se principalmente aos escritos do Antigo Testamento (II Tm 3.15). Há evidências, porém, que os escritos do Novo Testamento já eram considerados escritura divinamente inspirada por volta do período em que Paulo escreveu II Timóteo (I Tm 5.18, cita Lc 10.7; II Pe 3.15,16). A Bíblia, nas palavras dos seus manuscritos originais, não contém erro; sendo absolutamente verdadeira, fidedigna e infalível. Esta verdade permanece inabalável, não somente quando a Bíblia trata da salvação, valores éticos ou morais, como também está isenta de erro em tudo aquilo que ela trata inclusive a história e o cosmos (II Pe 1.20,21). Na sua ação de inspirar os escritores pelo seu Espírito, Deus, sem violar a personalidade deles, agiu neles de tal maneira que escreveram sem erro (II Tm 3.16; II Pe 1.20,21; I Co 2.12,13). A inspirada Palavra de Deus é a expressão dasabedoria e do caráter de Deus e pode, portanto, transmitir sabedoria e vida espiritual através da fé em Cristo (Mt 4.4; Jo 6.63; II Tm 3.15; I Pe 2.2). A Bíblia Sagrada é um testemunho infalível e verdadeiro de Deus, na sua atividade salvívica a favor da humanidade em Cristo Jesus. Na Igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões; de ensino, repreensão, correção, doutrina e instrução na justiça (II Tm 3.16,17). Se a Bíblia fosse um livro originado pelo homem, ela não poria a descoberto as faltas e falhas dele. Os homens jamais teriam produzido um livro como a Bíblia, que só dá toda a glória a Deus enquanto mostra a fraqueza do homem. A Bíblia tanto diz que Davi era um homem segundo o coração de Deus (At 13.22), como também revela seus pecados como vemos nos Livros de Reis, Crônicas e Salmos. É também o caso da embriaguez de Noé, a dissimulação de Abraão, o caso de Ló, idolatria e luxúria de Salomão. Nada disto está escrito para imitarmos, mas para nossa admoestação e para provar a imparcialidade da Bíblia. É ela o único Livro assim. O homem jamais escreveria um livro como a Bíblia, que põe em relevo as fraquezas e defeitos humanos. AA PPEERRSSOONNAALLIIDDAADDEE DDIIVVIINNAA A Teologia estabelece a verdade de que Deus é uma pessoa. Todo e qualquer conceito acerca da Personalidade Divina, deve-se levar em consideração a nossa própria personalidade, pois fomos criados à imagem e semelhança de Deus. (Gênesis 1.27). A Teologia enfrenta, neste campo, os filósofos idealistas e os teólogos panteístas que negam um Deus pessoal. Os elementos constitutivos da personalidade são: a. Intelecto ou poder de pensar. (Gn 18.19; Êx 3.7; At 15.18). b. Sensibilidade ou poder de sentir. (Gn 6.6; Sl 103.8-13; Jo 3.16). c. Volição ou poder de vontade. (Gn 3.15; Sl 115.3; Jo 6.38). ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13 Inter-relacionados a estes, temos ainda: a. A autoconsciência. (Êx 3.14; Is 45.5; I Co 2.10). b. A autodeterminação. (Jo 23.13; Rm 9.11; Hb 6.17). Entendemos através dos textos bíblicos que Deus de fato é uma pessoa. AA VVEERRDDAADDEE DDAA CCRRIIAAÇÇÃÃOO DDOOSS MMUUNNDDOOSS A Teologia bate de frente com a teoria Darwiniana da Evolução das Espécies, que nega a autoria Divina da Criação. A teologia entende que Deus Criou o mundo do Nada (Criatus ex Nihilo), não aceitando, por exemplo, o conceito (Ex Nihilo, Nihil fit), do Nada, Nada se cria. Cremos que Deus é sublime e com seus atributos os quais chamados incomunicáveis (Onisciência, Onipotência e Onipresença) faz tudo segundo o conselho de sua vontade. A fé, a razão e a revelação concordam entre si que Deus é a causa da Criação. Porém, quando começamos a abordar os detalhes, descobrimos inúmeros mistérios, para os quais não encontramos solução. Isto posto, a Teologia explica melhor o porquê da Criação, e não o como. O que diz a Bíblia sobre criação versus evolução Romanos 1.25 declara: “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.” Um fator crucial que todos nós devemos reconhecer é que a vasta maioria dos cientistas que crêem na evolução são também ateus ou agnósticos. Há alguns que abraçam alguma forma de evolução teísta, e outros que têm uma visão deísta de Deus (Deus existe, mas não está envolvido no mundo... tudo acontece em seu curso natural). Há alguns que genuína e honestamente examinam estes dados e chegam à conclusão de que a Evolução se encaixa mais nos dados disponíveis. Mais uma vez, entretanto, estes representam uma porção insignificante dos cientistas que defendem a evolução. A vasta maioria dos cientistas evolucionistas atesta que a vida se desenvolveu inteiramente SEM QUALQUER intervenção de um Ser superior. A evolução é, por definição, uma ciência naturalista. Para que o ateísmo seja verdade, deve haver uma explicação alternativa para como o universo e a vida chegaram a existir. Apesar de crenças em alguma forma de evolução serem anteriores a Charles Darwin, ele foi o primeiro a desenvolver um modelo plausível de como a evolução pode ter ocorrido: a seleção natural. Uma vez Darwin se identificou como cristão, mas mais tarde renunciou a fé cristã e a existência de Deus como resultado de algumas tragédias ocorridas em sua vida. A evolução foi “inventada” por um ateu. O objetivo de Darwin não foi tentar derrubar a verdade da existência de Deus, mas este foi um dos resultados finais da teoria da evolução. A evolução é um suporte do ateísmo. Os cientistas evolucionistas da atualidade provavelmente não admitiriam que seu objetivo é dar uma explicação alternativa para a origem da vida, e portanto estabelecer uma base para o ateísmo. Entretanto, de acordo com a Bíblia, isto é exatamente o porquê da existência da teoria da evolução. A Bíblia nos diz: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus” (Sl 14.1; 53.1). A Bíblia também proclama que as pessoas não têm desculpas para não crerem em um Deus Criador, “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” (Rm 1.20). De acordo com a Bíblia, qualquer um que negar a existência de Deus é um tolo. Por que, então, há tantas pessoas, incluindo alguns cristãos, que “aceitam” que os cientistas evolucionistas são intérpretes imparciais das informações científicas? De acordo com a Bíblia, são todos tolos! O fato de serem tolos não implica falta de inteligência. A maioria dos cientistas evolucionistas é intelectualmente brilhante. O fato de serem tolos indica uma incapacidade de aplicar ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 14 adequadamente o conhecimento. Pv 1.7 nos diz: “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Os cientistas evolucionistas debocham da Criação e/ou do Design Inteligente como sendo não- científicos, e não valendo a pena serem examinados cientificamente. Para que algo seja considerado como uma “ciência”, dizem eles, deve estar sujeito à observação e ser provado, deve ser “naturalista”. A criação, por definição, é algo “supernatural”. Deus e o supernatural não podem ser observados ou testados (e por aí continua a discussão), e por este motivo, a Criação e/ou o Design Inteligente não podem ser considerados como uma ciência. Como resultado, toda a informação é filtrada através da pré-concebida, pressuposta e pré-aceita teoria da evolução, sem explicações alternativas a serem consideradas. Contudo, a origem do universo e a origem da vida não podem ser testadas ou observadas. Tanto a Criação quanto a evolução são sistemas baseados na fé, ao falar das origens. Nenhuma das duas pode ser testada, pois não se pode voltar atrás bilhões (ou milhares) de anos para se observar a origem do universo e da vida no universo. Os cientistas evolucionistas rejeitam a Criação com bases que logicamente os forçariam a também rejeitar a evolução como uma explicação “científica” para as origens. A evolução, pelo menos em relação às origens, não se encaixa na definição de “ciência”, assim como não o faz a criação. A evolução é supostamente a única explicação das origens que pode ser testada; por este motivo, é a única teoria das origens que pode ser considerada “científica”. Isto é tolice! Os cientistas que defendem a evolução estão rejeitando uma teoria plausível das origens sem ao menos examinar seus méritos com honestidade, somente por não se encaixar em sua ilogicamente estreita definição de “ciência”. Se a Criação é verdadeira, então há um Criador perante O Qual somos responsáveis. A Evolução é um suporte ao ateísmo. A Evolução dá aos ateus uma base para que expliquem como a vida existe longe deum Deus Criador. A Evolução nega a necessidade de um Deus que esteja envolvido com o universo. A Evolução é a “teoria da criação” para a “religião” do ateísmo. De acordo com a Bíblia, a escolha é clara. Podemos crer na Palavra de nosso onipotente e onisciente Deus, ou podemos crer nas ilogicamente tendenciosas explicações “científicas” vinda de tolos. OOUUTTRRAASS PPRROOPPOOSSTTAASS DDEE EESSTTUUDDOO DDAA TTEEOOLLOOGGIIAA Cristologia A Cristologia é o estudo sobre Cristo. É uma parte da teologia que estuda e define a natureza de Jesus, a doutrina da pessoa e da obra de Jesus Cristo, com uma particular atenção à relação com Deus, às origens, ao modo de vida de Jesus de Nazaré. A Cristologia tem sido debatida incansavelmente durante séculos, em várias nações, dentro de várias correntes cristãs, com pontos de vista semelhantes, divergentes e mesmo com algumas controvérsias. Alguns aspectos deste assunto muito debatidos no eixo central da cristologia no decurso da história do cristianismo são: • A natureza divino-humana de Jesus (União Hipostática); • A encarnação; • A revelação de Deus; • Os milagres; • Os ensinamentos; • A morte expiatória; • A ressurreição; • A ascensão; • A intercessão em nosso favor; • A parousia; • O ofício de Juiz; ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 15 • A posição como Cabeça de todas as coisas; • A centralidade dentro do mistério da vontade de Deus, dentro da restauração; • A volta ao mundo para reinar sobre aqueles que creêm nele. Talvez a disputa mais antiga dentro do cristianismo centrou-se sobre se Jesus era Deus. Um número de cristãos primitivos acreditavam que Jesus não era divino, mas fora simplesmente o Messias humano prometido no Antigo Testamento. A inclusão das genealogias de Jesus Cristo em MT 1.1-17 e Lc 3.23-38 são explicadas às vezes por esta opinião. Uma explanação alternativa é que eram uma oposição às doutrinas dos Cristãos Gnósticos que afirmavam que Jesus Cristo teve somente a ilusão de um corpo humano e, assim, nenhuma ancestralidade humana. A opinião de que Jesus era somente humano foi oposta por líderes da igreja tais como Paulo, e veio eventualmente a serem aceitas somente por seitas como a dos Ebionitas e (de acordo com Jerônimo) dos Nazarenos, mas logo subjugadas pelas igrejas ortodoxas de uma forma ou outra. A doutrina do pecado A história da humanidade começa, conforme as Escrituras, com a história do pecado do homem e sua desobediência a Deus. Na literatura mundial, no campo da Filosofia e da Teologia, o problema do pecado é tratado de modo a tentar explicar a questão da existência do mal. Ao longo da história da humanidade, esse problema tem sido estudado, especulado e pesquisado pelo homem na tentativa de explicar essa questão do mal. Essa preocupação humana com a realidade do mal tem motivado as mais sérias discussões com respostas as mais diversificadas. Visto que o poder do mal se impõe naturalmente na experiência humana, a preocupação com a sua origem desafia a inteligência e aguça o interesse em descobri-lo na sua essência. Entretanto, é impossível discutir a realidade universal do pecado no mundo sem relacionar a sua razão de ser com a vida do homem. Conforme o relato bíblico, foi o homem que, por seu livre-arbítrio, caiu na rede de engano do originador do pecado, o Diabo, e deixou-se induzir ao pecado de rebelião contra o Criador. O que é o pecado? Teologicamente, a doutrina do pecado é identificada como Hamartiologia. Essa palavra deriva de dois termos da língua grega, língua do Novo Testamento: “hamartia” e “logos”, que significam juntas “estudo acerca do pecado”. O termo “hamartia” tem, na sua etimologia grega, o sentido de “errar o alvo”. Portanto, o estudo acerca do pecado, como ato, estado ou condição, sugere que o pecado é “um desvio do fim (ou modo) estabelecido por Deus”. Na Teologia Cristã, a doutrina do pecado ganha espaço porque o cristianismo representa a possibilidade de redenção do estado pecaminoso do homem. Três grandiosas doutrinas bíblicas ganham espaço na vida do homem, as quais são: a Doutrina de Deus, a Doutrina do Pecado e a Doutrina da Redenção. Existe uma relação essencial entre essas três doutrinas de tal modo que é impossível tratar do pecado sem tratar da Redenção e, naturalmente, ao tratar sobre Redenção, inevitavelmente a relacionamos com a sua fonte, que é Deus. A questão do mal é tratada na Bíblia a partir do relato do livro de Gênesis sobre a Queda do homem. Esse relato descreve o princípio da tentação do homem e a sua concessão ao pecado, trazendo maldição à sua vida pessoal e a toda a Terra. Para entendermos a relação do pecado com o homem, devemos considerar a definição de pecado. Tanto, no Antigo quanto no Novo Testamentos, a palavra “pecado” é sinônima de muitas outras palavras que são usadas na Bíblia e indicam conceitos distintos sobre a mesma. São vários termos que amplificam o conceito de “pecado” nas suas várias manifestações. Entretanto, usaremos apenas um termo hebraico e outro grego, línguas originais da Bíblia, os quais apresentam definições relativas que podem ilustrar o significado da palavra “pecado”. Satanás Satanás ou Satã (do hebraico ןָטָש, adversário/acusador, no koiné Σατανάς Satanás; no aramaico אנטצ, em árabe ناطيــــش) é um termo originário da tradição judaico-cristã e geralmente aplicado à ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 16 encarnação do Mal em religiões ditas monoteístas. A palavra ןָטָש (significando adversário, acusador) assim como o árabe ناطيـــــ شلا (shaitan), derivam da raiz semítica šṭn, significando ser hostil, acusar.. O Tanakh utiliza a palavra ןָטָש para se referir a adversários ou opositores no sentido geral assim como opositores espirituais. Já o Novo Testamento utiliza o termo como um nome próprio que designa uma entidade sobrenatural que teria se rebelado contra Deus e que agiria contra este. Baseia-se em um texto obscuro de Ezequiel 28. 11-19. (“A palavra do Senhor foi-me dirigida nestes termos: filho do homem, entoa um cântico fúnebre sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Eis o que diz o Senhor Javé: Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabada. Estavas no Éden, jardim de Deus, estavas coberto de gemas diversas: sardônica, topázio e diamante, crisólito, ônix e jaspe, safira, carbúnculo e esmeralda; trabalhados em ouro. Tamborins e flautas, estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado. Eras um querubim protetor colocado sobre a montanha santa de Deus, passeavas entre as pedras de fogo. Foste irrepreensível em teu proceder desde o dia em que foste criado, até que a iniqüidade apareceu em ti. No desenvolvimento do teu comércio, encheram-se as tuas entranhas de violência e pecado; por isso eu te bani da montanha de Deus, e te fiz perecer, ó querubim protetor, em meio às pedras de fogo. Teu coração se inflou de orgulho devido à tua beleza, arruinaste a tua sabedoria, por causa do teu esplendor; precipitei-te em terra, e dei com isso um espetáculo aos reis. À força de iniqüidade e de desonestidade no teu comércio, profanaste os teus santuários; assim, de ti fiz jorrar o fogo que te devorou e te reduzi a cinza sobre a terra aos olhos dos espectadores. Todos aqueles que te conheciam entre os povos ficaram estupefatos com o teu destino; acabaste sendo um objeto de espanto; foste banido para sempre!”) O termo grego Σατανάς aparece na Septuaginta apenas para os adversários humanos. No caso dos adversários angélicos a palavra grega diabolos é usada. No Novo Testamento os dois termos são intercambiáveis, embora diabo é usado quatro vezes para os humanos. Após várias comparações no que se refere às traduções sobre a origem das palavras Satanás e Diabo, atualmente é consensual entre religiosos seu significado: acusador ou caluniador para Diabo, e opositorou adversário para Satanás. Todavia ainda há divergências sobre sua literal existência, alguns simplesmente a ignoram, outros fazem demonstrações lógicas de sua existência dentro dos parâmetros bíblicos, partindo do fato de que a Bíblia o menciona como um ser espiritual, um "anjo de luz" que tornou-se um rebelde se opondo ao Criador. Em Apocalipse 12.07, apresenta Satanás como um líder de uma rebelião, no versículo seguinte, denota a necessidade de que haja retaliação para que tal rebelde seja banido de seu lugar de origem, no versículo 09, é evidenciado que o rebelde juntamente com seus comparsas são vencidos e lançados para nosso planeta. Em Apocalipse 12.12, mostra a alegria do céu (plano espiritual onde vivia Satanás), e a tristeza para seres humanos influenciados por ele na Terra (onde atua intensamente Satanás). Igreja Igreja (do grego εκκλησία [ekklesia] e latim ecclesia) é uma instituição religiosa cristã separada do Estado. Cabe a igreja administrar o dinheiro do dízimo, construir templos, ordenar sacerdotes e muitas vezes mantê-los e repassar para seus crentes sua interpretação da Bíblia. Igreja é uma palavra de origem grega escolhida pelos autores da Septuaginta (a tradução grega da Bíblia Hebraica) para traduzir o termo hebraico hal Yahveh, usado entre os judeus para designar a assembleia geral do "povo do deserto", reunida ao apelo de Moisés. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 17 No contexto bíblico, o termo igreja pode designar reunião de pessoas, sem estar necessariamente associado a uma edificação ou a uma doutrina específica. Etimologicamente a palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek que significa para fora e klesia que significa chamados. No texto bíblico, no "Novo Testamento", a palavra Igreja aparece por diversas vezes, sendo utilizada como referência a um agrupamento de cristãos e não a edificações ou templos, nem mesmo a toda comunidade cristã em alguns momentos. No Evangelho de Mateus 18.15-17 encontramos as seguintes palavras de Jesus: "Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão; mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.", na qual a Igreja se refere ao grupo de cristãos a que pertençam tais irmãos. Na Sagrada Escritura encontramos muitas imagens que mostram aspectos complementares do mistério da Igreja. O Antigo Testamento privilegia imagens ligadas ao povo de Deus, o Novo Testamento, a Cristo como Cabeça desse povo, que é o seu Corpo e tiradas da vida pastoral (aprisco, rebanho, ovelhas), agrícola (campo, oliveira, vinha), de moradia (morada, pedra, templo), familiar (esposa, mãe, família). A palavra Igreja aparece no Novo Testamento pela 1ª vez no livro de Mateus 16.18, quando Jesus Cristo afirma que edificaria sua Igreja e que as portas do Inferno nunca prevaleceriam sobre ela: "18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Também pode significar "povo que se organiza". A expressão "Igreja" (com I maiúsculo), se refere à Igreja Universal como um todo, "igreja" (com i minúsculo) se refere às comunidades de fé locais, essa distinção deve ser feita especialmente na Igreja Primitiva, quando existia total unidade entre os cristãos como uma única Igreja Universal, mais para se referir às comunidades cristãs locais se usa também o termo "igreja", como por exemplos as igrejas de Jerusalém, Roma e etc. As ultimas coisas (Escatologia) Escatologia (do grego antigo εσχατος, "último", mais o sufixo -logia) é uma parte da teologia e filosofia que trata dos últimos eventos na história do mundo ou do destino final do gênero humano, comumente denominado como fim do mundo. Em muitas religiões, o fim do mundo é um evento futuro profetizado no texto sagrado. De forma ampla, escatologia costuma relacionar-se com conceitos tais como Messias ou Era Messiânica, a pós-vida, e a alma. Há ainda muitas outras propostas da Teologia que no decorrer da vida acadêmica, ao aluno se lhe apresentará. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 18 UUNNIIDDAADDEE IIIIII AASS DDIIVVIISSÕÕEESS DDAA TTEEOOLLOOGGIIAA ............................................................... “Teologia cristã pode ser definida como as verdades fundamentais da Bíblia e de outras fontes reconhecidas como divinamente inspiradas”. .............................................................. TTEEOOLLOOGGIIAA EEXXEEGGÉÉTTIICCAA Todo pregador do evangelho deve, por obrigação, dominar as técnicas básicas da exegese, sob pena de trair o real sentido do texto sagrado a ser explanado e de ser um disseminado de heresias, portanto se você ainda não domina a arte de interpretar e compreender os textos, deve então começar agora, pelo básico. O que é e do que trata a Exegese: É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto. Do ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas hoje os especialistas costumam fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a ciência das normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido do texto, enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas. Princípios Básicos Aqui se encontram dez princípios que devem ser seguidos na interpretação bíblica: • Princípio da unidade escriturística. Sob a inspiração divina a Bíblia ensina apenas uma teologia. Não pode haver diferença doutrinária entre um livro e outro da Bíblia. • Deixe a Bíblia interpretar a própria Bíblia. Este princípio vem da Reforma Protestante. O sentido mais claro e mais fácil de uma passagem explica outra com sentido mais difícil e mais obscuro. Este princípio é uma ilação do anterior. • Jamais esquecer a Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia da Fé. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de textos isolados. • Sempre ter em vista o contexto. Ler o que está antes e o que vem depois para concluir aquilo que o autor tinha em mente. • Primeiro procura-se o sentido literal, a menos que as evidências demonstrem que este é figurado. • Ler o texto em todas as traduções possíveis - antigas e modernas. Muitas vezes uma destas traduções nos traz luz sobre o que o autor queria dizer. • Apenas um sentido deve ser procurado em cada texto. • O trabalho de interpretação é científico, por isso deve ser feito com isenção de ânimo e desprendido de qualquer preconceito. (o que poderíamos chamar de "achismos"). ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 19 • Fazer algumas perguntas relacionadas com a passagem para chegar a conclusões circunstanciais. Por exemplo: Quem escreveu? Qual o tempo e o lugar em que escreveu? Por que escreveu? A quem se dirigia o escritor? O que o autor queria dizer? • Feita a exegese, se o resultado obtido contrariar os princípios fundamentais da Bíblia, ele deve ser colocado de lado e o trabalho exegético recomeçado novamente. TTEEOOLLOOGGIIAA HHIISSTTÓÓRRIICCAA Como o próprio termo indica, a teologia histórica, também conhecida como história da teologia ou história da doutrina, tem estreita conexão com duas áreas muito importantes: a história da Igreja e a teologia cristã. Levanta-se então a seguinte pergunta: A teologia histórica é primordialmente história ou teologia? Qual das duas ênfases é predominante? Variam as posições dos autores sobre essa questão, mas não seria incorreto dizer que ela tem estreita e igual conexão com essas duas áreascorrelatas. Inicialmente, é necessário considerar como a teologia histórica se encaixa nas subdivisões dos estudos históricos do cristianismo. A história da Igreja é a mais ampla das disciplinas que tratam do passado cristão. É o estudo da caminhada e do desenvolvimento da Igreja através dos séculos, em muitas áreas diferentes: missões e expansão geográfica; culto, liturgia e sacramentos; espiritualidade e vida cristã prática, organização, estrutura e forma de governo, pregação, arquitetura e arte sacra, relacionamento com a sociedade, a cultura e o Estado. Enfim, pode-se afirmar que a história da Igreja ou do cristianismo inclui tudo o que a Igreja faz no mundo, sendo essencialmente um estudo e uma narrativa de eventos, personagens e movimentos. Inclui o que hoje se denomina história institucional e história social. Todavia, a história da Igreja, além de analisar a prática da Igreja, também aborda seu pensamento, aquilo que ela ensina. Isto se relaciona mais concretamente com a teologia histórica. Os tópicos acima podem ser considerados com base em duas perspectivas. Por exemplo: a prática da Igreja na área de missões (história da Igreja) e a reflexão que ela faz sobre sua missão (história da teologia), ou a evolução de suas práticas litúrgicas (história da Igreja) e a reflexão sobre o significado do culto e da liturgia (teologia histórica). Esse estudo do pensamento e do ensino da Igreja pode ter várias abordagens. A história do dogma é a análise de certos temas doutrinários particulares que receberam uma definição oficial e normativa da Igreja. Alguns historiadores entendem que apenas três áreas de doutrina se inserem na história do dogma: a doutrina da Trindade (definida nos Concílios de Nicéia e de Constantinopla), a doutrina da pessoa divino-humana de Cristo (Concílio de Calcedônia) e a doutrina da graça ou, mais especificamente, a relação entre a graça divina e a vontade humana no que se refere à salvação. No outro extremo está a história do pensamento cristão, que identifica um vasto campo de investigação, incluindo tópicos que estão além dos limites da teologia clássica, como certas questões filosóficas, éticas, políticas e sociais. Os estudiosos também empregam os termos “história das idéias” e “história intelectual” para se referir a esse contexto mais amplo dentro do qual se insere a teologia histórica. A história da teologia não tem um campo tão limitado como a história do dogma, nem tão amplo como a história do pensamento cristão, mas usa ambas as áreas em sua elaboração. Seu objetivo é considerar o corpo de doutrinas existente na vida da Igreja em cada período da história. Em contrapartida, é necessário verificar como a teologia histórica se posiciona no outro campo de estudo com o qual está relacionada: a teologia cristã. Ao se considerar a chamada “enciclopédia teológica”, ou seja, o conjunto de disciplinas que se dedicam ao estudo da teologia. Finalmente, chega-se à teologia histórica, que, na definição do autor irlandês Alister McGrath, “é o ramo da ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20 investigação teológica que objetiva explorar o desenvolvimento histórico das doutrinas cristãs e identificar os fatores que influenciaram sua formulação”. Em outras palavras, a história da teologia documenta as respostas às grandes questões do pensamento cristão e ao mesmo tempo procura explicar os fatores que contribuíram para a elaboração dessas respostas. Esse campo de estudos surgiu no século XVI, no contexto da Reforma Protestante, principalmente por razões polêmicas. Nos intensos debates sobre o que era autenticamente cristão, tornou-se decisivo verificar a continuidade entre as reformas protestante e católica e a Igreja antiga. A história da teologia é uma ferramenta pedagógica tendo em vista que oferece informações sobre o desenvolvimento dos grandes temas teológicos, os pontos fortes e fracos das diferentes abordagens e os marcos mais notáveis do pensamento cristão, em termos de autores e documentos. É também uma ferramenta crítica, pois permite ver as falhas, as limitações e os condicionamentos de certas formulações doutrinárias, o que possibilita seu contínuo aperfeiçoamento. Os estudiosos expressam diferentes opiniões ao falarem sobre o objetivo específico da teologia histórica. Roger Olson opina que a história da teologia é essencialmente a história da reflexão cristã sobre a salvação e tudo o que está associado a ela. Para ele, então, a soteriologia é o fio condutor dessa história. Por sua vez, Bengt Hägglund considera que a teologia histórica é a análise de como a regra de fé cristã (a confissão cristã original) tem sido interpretada na história e no contexto de diferentes grupos. Essa “regra de fé” consistia em um resumo de vocabulário variável, mas de conteúdo definido, que destacava as verdades centrais da fé cristã na forma de pequenos credos usados na Igreja antiga. É importante destacar que a história da teologia pode ser estudada tomando-se por base duas abordagens: temática e cronológica. A primeira considera separadamente cada um dos grandes temas da teologia cristã (Deus, Cristo, o ser humano, a salvação, a Igreja etc.), mostrando como ele foi estudado ao longo dos séculos. A segunda perspectiva considera os principais autores e tópicos de discussão em cada período da história, começando com a Igreja antiga e prosseguindo até o período moderno. Este livro adota a última abordagem. TTEEOOLLOOGGIIAA BBIIBBLLIICCAA A Teologia bíblica estuda a Bíblia e organiza as conclusões obtidas pela Teologia exegética (que usa técnicas como a exegese para interpretar a Bíblia) em várias divisões e áreas de estudo, com a finalidade de estudar e conhecer a evolução ou a história progressiva da Revelação de Deus à humanidade, desde da sua queda e passando pelo Antigo Testamento e Novo Testamento. A Teologia Bíblica, ao contrário da Teologia Sistemática, é indutiva, isto é, a partir da pesquisa exegética faz afirmações, ou seja, parte do específico para o geral. De um modo geral, a Teologia Bíblica parte da exegese de textos bíblicos como afirmação primeira, daí elaborando afirmações decorrentes. A Teologia Bíblica ainda divide-se em: • Teologia Bíblica do Antigo Testamento. Nesta parte, os teólogos bíblicos dão especial ênfase às profecias e indícios revelados no Antigo Testamento relativos à vinda e missão de Jesus Cristo, o Messias; • Teologia Bíblica do Novo Testamento. Não há uma Teologia Bíblica unificada, o que há são diversas teologias das tradições biblicas. Mesmo no Antigo Testamento, encontram-se as teologias dos livros históricos, e estas ainda se subdividem em outras teologias de acordo com o método de pesquisa empregado, também encontram-se a teologia dos escritos proféticos e dos escritos sapienciais. ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21 No Novo Testamento há a teologia de Mateus, de João (Jo, I Jo, II Jo, III Jo, Ap), de Paulo (Cartas Paulinas), de Lucas (Lc e At). O teológo alemão Hans-Joachim Kraus aborda no livro Die Biblische Theologie esta problemática da múltiplas tradições e teologias bíblicas. TTEEOOLLOOGGIIAA DDOOGGMMÁÁTTIICCAA A teologia dogmática é a parte da teologia cristã que trata, sistematicamente, do conjunto das verdades reveladas por Deus, isto é, do dogma e das verdades fundamentais com ele vinculadas, às quais se deve em primeiro lugar o assentimento da fé. Esta teologia está, em parte, englobada pela teologia sistemática. A "teologia dogmática" termo se tornou amplamente utilizado após a Reforma Protestante, e foi usado para designar os artigos de fé que a Igreja tinha feito formal. Um bom exemplo de teologia dogmática é o dogma ou declarações doutrinárias que foram formuladas pelos conselhos da igreja primitiva que tentou resolver os problemas teológicos e tomar uma posição contraos ensinamentos heréticos. Estes credos ou dogmas que saiu de concílios da igreja foram considerados fontes de autoridade, forçando todos os cristãos, porque a igreja oficialmente confirmada. Um dos propósitos da teologia dogmática é formular e comunicar a doutrina que é considerada essencial para o cristianismo e que, se negado, constitui uma heresia. O dogmatismo está presente em muitos atos de nossa vida. Nosso propósito é refletir sobre o significado e a ocorrência do comportamento dogmático, a fim de nos afastarmos do erro, e conduzirmos o nosso pensamento para uma atitude crítica da realidade em que estivermos inseridos. Conceito Dogma – do grego dokein – significa opinião certa, decreto, axioma. Dogma (religião) – É ponto fundamental e indiscutível de uma doutrina religiosa. No Cristianismo, chamam-se dogmas as verdades reveladas, propostas pela suprema autoridade da Igreja como artigos de fé, que devem ser aceitos por todos os seus membros. Dogma (pejorativamente) – Chamam-se dogmas todas e quaisquer afirmações que apenas expressam opinião, sem os necessários fundamentos, mas que são proclamados como verdades indiscutíveis. Dogmatismo – Atitude do espírito que consiste em pensar e em se exprimir em função de dogmas, ou seja, de verdades consideradas definitivas, e que não podem ser sujeitas a discussão. Entre os gregos era a posição filosófica que se opunha ao ceticismo (exame, dúvida). Dogmática – Parte da teologia que tem por objeto a exposição dos dogmas. Dogmas da religião Dentre alguns dogmas cristãos, o Dogma da Santíssima Trindade merece destaque especial. Segundo este dogma, há três pessoas em Deus: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. São distintas, iguais, e por conseqüência coeternas, isto é, igualmente eternas e consubstanciadas numa só e indivisível natureza. Cada uma destas três pessoas é realmente Deus. A palavra Trindade não se encontra no Novo Testamento, nem nos escritos dos padres apostólicos. Contudo, segundo os teólogos, o mistério estava arraigado na primitiva comunidade cristã, “como o demonstra a fórmula do Batismo”. Mais tarde, para combater a doutrina de Ário, que impugnava a divindade de Cristo, a Igreja declarou a consubstancialidade do Pai e do Filho no Concílio de Nicéia (325) e a divindade do Espírito Santo no Concílio de Constantinopla (381). ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 22 Observação: não importa se a razão não consegue entender já que é um princípio aceito pela fé – e seu fundamento é a revelação divina. Comportamento dogmático Bornheim, em Introdução ao Filosofar, estuda o comportamento dogmático. Quer saber como o homem passa de um estado pré-crítico para uma atitude crítica. O problema do autor consiste em analisar o que Husserl chama de “postura natural”, isto é, a concepção da realidade própria a este viver natural, metafisicamente ingênuo, desprovido de um sentido mais profundo de problematização. Husserl chama esta compreensão implícita do mundo de Generalthesis, de “tese geral”. Dentro da postura dogmática esta “tese geral” nunca é posta em dúvida, e é exatamente por esta razão que pode ser denominada de dogmática. Nesse sentido, todas as atividades humanas, com exceção da filosófica, partem de uma tese geral, que deve ser aceita como premissa. Podemos por em dúvida alguns aspectos desta “tese geral” mas não a tese em si. De acordo com Husserl, mesmo a atividade científica, seja da natureza ou do espírito, se processa dentro do horizonte fundamentalmente ingênuo e dogmático da tese geral. O cientista pode duvidar de um ou outro ponto de sua ciência, contudo nunca põe em dúvida a totalidade do real, razão pela qual nenhuma ciência pode, com os seus próprios meios, justificar-se como ciência, e no momento em que o fizer assume uma tarefa própria da filosofia. Esta tese geral gera segurança, porque não se lhe abre a perspectiva de problematizar. Por isso, a explosão da fé, em que basta apenas crer, sem saber muito porque se crê. É esta crença que torna o homem dogmático, esquecido de que terá de edificar a sua própria existência. Essa mesma crença gera também o preconceito e a falsa aparência da realidade. Filosofia da negação Como abandona o homem a postura dogmática para assumir a filosófica? Como passa de uma posição não crítica para uma atitude crítica? O Mito da Caverna de Platão auxilia a nossa explicação. Nesse mito, Platão coloca alguns homens voltados para o fundo da caverna, de modo que só podem ver as suas próprias sombras. Eles estão como que acorrentados. Esse mundo das sombras seria o comportamento dogmático, ou seja, o mundo da aparente segurança, pois nada além daquilo pode vir a perturbar os pensamentos do ser humano. Acontece que por forças das circunstâncias, o homem é obrigado a buscar a luz (conhecimento). Mas buscar a luz não é tarefa fácil, pois terá de abandonar o mundo das sombras — que acarreta dor e risco: a dor por abandonar o bem preferido; o risco por se introduzir na incerteza. Essa nova postura é entendida como um comportamento não dogmático. Mas, o que caracteriza essa mudança? Podemos vê-la sob dois ângulos: 1.º) mudança espontânea, pelo fato das crenças tradicionais se chocarem com as antagônicas e o indivíduo ser obrigado a fazer nova escolha; 2.º) mudança provocada, pelo fato do indivíduo procurar conscientemente um novo paradigma para a realidade em que está inserido. TTEEOOLLOOGGIIAA SSIISSTTEEMMÁÁTTIICCAA A palavra “sistemática” se refere a algo que colocamos em um sistema. Teologia sistemática é, então, a divisão da Teologia em sistemas que explicam suas várias áreas. Por exemplo, muitos livros da Bíblia dão informações sobre os anjos. Nenhum livro sozinho dá todas as informações sobre os anjos. A Teologia Sistemática coleta todas as informações sobre os anjos de todos os livros da Bíblia e as organiza em um sistema: Angelologia. Isto é a Teologia Sistemática: a organização de ensinamentos da Bíblia em sistemas de categorias. A teologia sistemática, que engloba ramos como a teologia doutrinal, a teologia dogmática e a teologia filosófica, é o ramo da teologia cristã que reúne as informações extraídas da pesquisa teológica, organiza-as em áreas afins, explica as aparentes contradições e, com isso, fornece um grande sistema explicativo (diferentemente da teologia histórica ou da teologia bíblica). ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 23 A teologia sistemática está também associada por vezes à apologética cristã, que serve para, no confronto teológico entre diferentes religiões e heresias, defender a doutrina da confissão cristã em causa. Os hinos que a sacerdostisa Enheduana compôs para a deusa lua, Inanna, são considerados o primeiro esforço humano registrado na História para compor uma teologia sistemática. História A tentativa de organizar as variadas ideias da religião cristã (e os vários tópicos e temas de diversos textos da Bíblia) em um sistema simples, coerente e bem-ordenado é uma tarefa relativamente recente. Na ortodoxia oriental, um exemplo antigo é a Exposição da Fé Ortodoxa, de João de Damasco (feita no século VIII), na qual se tenta organizar, e demonstrar a coerência, a teologia de textos clássicos da tradição teológica oriental. No Ocidente, as Sentenças de Pedro Lombardo (no século XII), em que é coletada uma grande série de citações dos Pais da Igreja, tornou-se a base para a tradição de comentário temático e explanação da escolástica medieval -- cujo grande exemplo é a Suma Teológica de Tomás de Aquino. A tradição protestante de exposição temática e ordenada de toda a teologia cristã (ortodoxia protestante) surgiu no século XVI, com os Loci Communes de Felipe Melanchton e as Institutas da Religião Cristã de João Calvino. No século XIX, especialmente em círculos protestantes, um novo modelo de teologia
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