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Trabalho de Ética

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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
Ética e sigilo profissional
GOIÂNIA-GO
2018
Sumário 
Ética............................................................................................4
Ética ao longo da historia............................................................4
 O que é ética..............................................................................5
Ética profissional.........................................................................6
Código de ética do profissional psicólogo ..................................6
Princípios fundamentais.............................................................8
 Sigilo profissional........................................................................9
Resoluções.................................................................................10
Bibliografia..................................................................................11
ÉTICA
A ética nasceu na Grécia, praticamente junto com a filosofia, embora seus preceitos fossem praticados entre outros povos desde os primórdios da humanidade, mesclados ao contexto mítico e religioso, tentando pautar regras de comportamento para permitir o convívio entre indivíduos agrupados no conjunto da sociedade. A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.A rigor, os gregos foram os primeiros a racionalizar as relações entre as pessoas, repensando posturas e sistematizando ações. Momento em que surgiram discussões que até hoje fomentam reflexões éticas.
ÉTICA AO LONGO DA HISTORIA
A Ética Antiga foi desenvolvida, sobretudo, por Platão e Aristóteles. Pode-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três aspectos: o agir em conformidade com a razão; o agir em conformidade com a Natureza e com o caráter natural de cada indivíduo; a união permanente entre ética (a conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.
A Ética Medieval, com expoentes máximos em S. Tomás de Aquino e Santo Agostinho, define a ética a partir da relação com Deus e não com a cidade ou com os outros.O auxílio para a melhor conduta é a lei divina. A ideia do dever surge nesse momento. Com isso, a ética passa a estabelecer três tipos de conduta; a moral ou ética (baseada no dever), a imoral ou antiética e a indiferente à moral.
A Ética Moderna teve como contexto as revoluções religiosas, por meio de Lutero; científica, com Copérnico e filosófica, com Descartes, em seu chamado Racionalismo Cartesiano - a razão é o caminho para a verdade, e para chegar a ela é preciso um discernimento, um método. Em oposição à fé surge agora o poder exclusivo da razão de discernir, distinguir e comparar. A formação ciência moderna com Galileu e Newton - provocam o desenvolvimento da ética naturalista.
A Ética contemporânea possui duas principais correntes de pensamento. Ética Praxista, o homem tem a capacidade de julgar, ele não é totalmente determinado pelas leis da natureza, nem possui uma consciência totalmente livre. Por isso, a ética ganha um dimensionamento político uma ação eticamente boa é politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça, distribuição igualitária do poder entre os homens.
Nietzsche, por outro lado, atribui a origem dos valores éticos, não à razão, mas a emoção. Para ele, o homem forte é aquele que não reprime seus impulsos e desejos, que não se submete a moral demagógica e repressora. E para coroar essa mudança radical de conceitos, surge Freud com a descoberta do inconsciente, instância psíquica que controla o homem, burlando sua consciência para trazer à tona a sexualidade represada e que o neurotiza. Essa seria uma ética Naturalista ou Essencialista.
O QUE É ÉTICA
Ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é ciência de uma forma especifica de comportamento humano. Ética vem do grego ethosque significa analogamente “modo de ser” ou “caráter” enquanto forma devida também adquirida ou conquistada pelo homem. Assim, originariamente, ethos e mos, “caráter” e “costume”, assentam-se num modo de comportamento que não corresponde a uma disposição natural, mas que é adquirido ou conquistado por hábito. É precisamente esse caráter não natural da maneira de ser do homem que, na Antiguidade lhe confere sua dimensão moral.
A ética estuda uma forma de comportamento humano que os homens julgam valioso e, além disso, obrigatório e inescapável. Mas nada disto altera minimamente a verdade de que a ética deve fornecer a compreensão racional de um aspecto real, efetivo, do comportamento dos homens. Se relaciona estritamente com a ciências do homem, ou ciências sociais, dado que o comportamento moral não é outra coisa senão uma forma especifica do comportamento do homem, que se manifesta em diversos planos: psicológico, social, pratico-utilitário, jurídico, religioso ou estético. A relação da ética com outras ciências humanas ou sociais, baseada na íntima relação das diferentes formas de comportamento humano, não nos deve fazer esquecer o seu objeto especifico, próprio, enquanto ciência do comportamento moral.
A ética é teoria, investigação ou explicação de um tipo de experiência humana ou forma de comportamento dos homens, da moral, considerado porém na sua totalidade, diversidade, variedade. O seu valor como teoria esta naquilo que explica, e não do fato de prescrever ou recomendar com vistas à ação em situação concreta. Portanto, sua função fundamental é a mesma de toda teoria: explicar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade, elaborando os conceitos correspondentes.
A responsabilidade ética atual vem também insistir sobre a compreensão da identidade entre ser humano e ser cidadão, de tão profunda importância que a hipótese de uma dissociação entre o bem individual e o bem comum não pode ser cogitada, mas procurando também ajustar a relação entre o ideal e o possível permitindo que sejam preservados tanto os valores individuais como o interesse social.
ÉTICA PROFISSIONAL
	A ética profissional é um conjunto de valores e normas de comportamento e de relacionamento adotados no ambiente de trabalho no exercício de qualquer atividade. A ética reportasse, necessariamente, a toda pratica humana, seja ela profissional ou não. A rigor, existe ou deveria existir uma ética aplicada a cada atividade profissional. A ética profissional nasce da progressiva especialização das atividades humanas, como afirma Aguiar (2003)
Essa especialização pode ser entendida como uma conquista própria do indivíduo que buscou nessa área de conhecimento, uma parte daquilo que é exposto pelos filósofos gregos como felicidade. A conquista denota satisfação pessoal e consequente prêmio pela dedicação. Sua conduta ética é, na verdade, a aceitação primeira dos valores do grupo, que, como afirma Aguiar (2003, P. 69), devem estar antes de tudo na consciência do indivíduo e não obliterar seu livre arbítrio.Apesar dos pré-socráticos se inserirem neste contexto, a maioria dos autores atribuem a tradição socrática um olhar mais atento sobre problemáticas em torno da ética. Para Sócrates, o verdadeiro objeto do conhecimento seria a alma humana, onde reside a verdade e a possibilidade de alcançar a felicidade.
CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO PSICÓLOGO
Toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo. 
Um Código de Ética profissional, ao estabelecer padrões esperados quanto às práticas referendadas pela respectiva categoria profissional e pela sociedade, procura fomentar a autorreflexão exigida de cada indivíduoacerca da sua práxis, de modo a responsabilizá-lo, pessoal e coletivamente, por ações e suas consequências no exercício profissional. A missão primordial de um código de ética profissional não é de normatizar a natureza técnica do trabalho, e, sim, a de assegurar, dentro de valores relevantes para a sociedade e para as práticas desenvolvidas, um padrão de conduta que fortaleça o reconhecimento social daquela categoria. 
Códigos de Ética expressam sempre uma concepção de homem e de sociedade que determina a direção das relações entre os indivíduos. Traduzem-se em princípios e normas que devem se pautar pelo respeito ao sujeito humano e seus direitos fundamentais. Por constituir a expressão de valores universais, tais como os constantes na Declaração Universal dos Direitos Humanos; socioculturais, que refletem a realidade do país; e de valores que estruturam uma profissão, um código de ética não pode ser visto como um conjunto fixo de normas e imutável no tempo. As sociedades mudam, as profissões transformam-se e isso exige, também, uma reflexão contínua sobre o próprio código de ética que nos orienta.
 A formulação deste Código de Ética, o terceiro da profissão de psicólogo no Brasil, responde ao contexto organizativo dos psicólogos, ao momento do país e ao estágio de desenvolvimento da Psicologia enquanto campo científico e profissional. Este Código de Ética dos Psicólogos é reflexo da necessidade, sentida pela categoria e suas entidades representativas, de atender à evolução do contexto institucional-legal do país, marcadamente a partir da promulgação da denominada Constituição Cidadã, em 1988, e das legislações dela decorrentes.
Consoante com a conjuntura democrática vigente, o presente Código foi construído a partir de múltiplos espaços de discussão sobre a ética da profissão, suas responsabilidades e compromissos com a promoção da cidadania. O processo ocorreu ao longo de três anos, em todo o país, com a participação direta dos psicólogos e aberto à sociedade. 
Este Código de Ética pautou-se pelo princípio geral de aproximar-se mais de um instrumento de reflexão do que de um conjunto de normas a serem seguidas pelo psicólogo. Para tanto, na sua construção buscou-se: 
a. Valorizar os princípios fundamentais como grandes eixos que devem orientar a relação do psicólogo com a sociedade, a profissão, as entidades profissionais e a ciência, pois esses eixos atravessam todas as práticas e estas demandam uma contínua reflexão sobre o contexto social e institucional.
 b. Abrir espaço para a discussão, pelo psicólogo, dos limites e interseções relativos aos direitos individuais e coletivos, questão crucial para as relações que estabelece com a sociedade, os colegas de profissão e os usuários ou beneficiários dos seus serviços.
 c. Contemplar a diversidade que configura o exercício da profissão e a crescente inserção do psicólogo em contextos institucionais e em equipes multiprofissionais. 
d. Estimular reflexões que considerem a profissão como um todo e não em suas práticas particulares, uma vez que os principais dilemas éticos não se restringem a práticas específicas e surgem em quaisquer contextos de atuação.
 Ao aprovar e divulgar o Código de Ética Profissional do Psicólogo, a expectativa é de que ele seja um instrumento capaz de delinear para a sociedade as responsabilidades e deveres do psicólogo, oferecer diretrizes para a sua formação e balizar os julgamentos das suas ações, contribuindo para o fortalecimento e ampliação do significado social da profissão.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
II. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
 III. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
 IV. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. 
V. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão. 
VI. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código.
SIGILO PROFISSIONAL
O sigilo profissional trata de uma informação a ser protegida, impõe uma relação entre privacidade e publicidade, cujo dever profissional se estabelece desde a se ater ao estritamente necessário ao cumprimento de seu trabalho, a não informar a matéria sigilosa.Como se sabe, o sigilo profissional guarda informações obtidas em razão do exercício profissional, de tudo aquilo que lhe foi confiado como sigilo, ou o que veio a ser conhecido devido seu estatuto profissional, está previsto em muitos dispositivos legais (a Constituição Federal brasileira, o Código Penal, o Código Civil, o Código de Processo Penal, a Lei das Contravenções Penais e o Código de Processo Civil).
O sigilo é simultaneamente direito do paciente e dever do profissional. É até mais dever que direito, porquanto assentado num compromisso de proteção que ultrapassa e dispensa o pedido do interessado. Ele é devido por todos aqueles que tiverem acesso aos dados pessoais do paciente em razão de sua atividade profissional. Constitucionalmente, ninguém será́ obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude da lei, e que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. Esse entendimento norteia os dispositivos legais que se referem ao sigilo profissional.
Há quem refira o sigilo como o dever de guardar segredo, e esse, como o objeto do sigilo. Seja como for, o sigilo ou segredo profissional foi contemporaneamente associado ao princípio bioético da autonomia, vez que, pertencendo os dados pessoais ao paciente, apenas ele pode decidir, a priori, a quem deseja informá-los. O médico, o enfermeiro, o psicólogo, como receptáculos desses dados, por força de sua profissão, não devem divulgá-los senão por autorização do doente ou em situações excepcionais, apontadas pela ética e pelo direito, como casos de notificação compulsória previstos em lei e regulamentos, em que o profissional deve quebrar o sigilo em virtude de critérios epidemiológicos oriundos da saúde pública.
	Nos Estados Unidos, o direito à intimidade e à vida privada (righttoprivacy) é resguardado pela 1°, 4° e 14° emendas, porém, o código de ética de 1992 da Associação Americana de Psicologia (American PsychologicalAssociaation) permite aos psicólogos divulgar informações confidenciais quando o objetivo é proteger os pacientes ou terceiros. Mesmo antes da positivação dessa regra no ordenamento americano, já havia precedentes dos tribunais no sentido de que constitui dever legal do psicólogo alertar as autoridades e tomar as medidas cabíveis para evitar o iminente dano. Vide a decisão da Suprema Corte da Califórnia no caso Tarasoff v. RegentsofUniversityof Califórnia, citada por Bollas e Sundelson (1995, p.04): 
“O sigilo profissional protege o examinado, mas também é uma defesa para o psicólogo. O examinado tem certeza de que nada virá a público daquilo que ele revela ao psicólogo. Este, por sua vez, sabendo exercer com dignidade sua profissão, é defendido pelo sigilo, que o cerca da admiração e respeito de todos. Dessa forma, quantos perigos morais, inerentes ao exercício da profissão,conseguem ser superados”.
O sigilo é direito do paciente e dever do profissional, sobretudo no que tange às relações interpessoais na área de saúde. Sua garantia permite o exercício mais autônomo da diversidade e da individualidade, mediante a proteção contrapressões externas eventualmente coercitivas, com vistas à equalização majoritária ou mesmo minoritária,representativa do meio social.O sigilo serve, portanto, à defesa da intimidade do paciente, de suas informações pessoais, escolhas ou ocorrências de vida, resultados de exames, pudor, imagem física e moral.
RESOLUÇÕES 
Art. 6º – O psicólogo, no relacionamento com profissionais não psicólogos:
a) encaminhará a profissionais ou entidades habilitadas e qualificados demandas que extrapolem seu campo de atuação;
b) compartilhará somente informações relevantes para qualificar o serviço prestado, resguardando o caráter confidencial das comunicações, assinalando a responsabilidade, de quem as receber, de preservar o sigilo.
Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional.
Art. 10 – Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art. 9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando-se os casos previstos em lei, o psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo único – Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá restringir se a prestar as informações estritamente necessárias.
Art. 11 – Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando o previsto neste Código.
Art. 13 – No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício.
Art. 14 – A utilização de quaisquer meios de registro e observação da prática psicológica obedecerá às normas deste Código e a legislação profissional vigente, devendo o usuário ou beneficiário, desde o início, ser informado.
Art. 15 – Em caso de interrupção do trabalho do psicólogo, por quaisquer motivos, ele deverá zelar pelo destino dos seus arquivos confidenciais.
 § 1° – Em caso de demissão ou exoneração, o psicólogo deverá repassar todo o material ao psicólogo que vier a substituí-lo, ou lacrá-lo para posterior utilização pelo psicólogo substituto. § 2° – Em caso de extinção do serviço de Psicologia, o psicólogo responsável informará ao Conselho Regional de Psicologia, que providenciará a destinação dos arquivos confidenciais.
Art. 16 – O psicólogo, na realização de estudos, pesquisas e atividades voltadas para a produção de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias: 
a) avaliará os riscos envolvidos, tanto pelos procedimentos, como pela divulgação dos resultados, com o objetivo de proteger as pessoas, grupos, organizações e comunidades envolvidas; 
b) garantirá o caráter voluntário da participação dos envolvidos, mediante consentimento livre e esclarecido, salvo nas situações previstas em legislação específica e respeitando os princípios deste Código; 
c) garantirá o anonimato das pessoas, grupos ou organizações, salvo interesse manifesto destes; 
d) garantirá o acesso das pessoas, grupos ou organizações aos resultados das pesquisas ou estudos, após seu encerramento, sempre que assim o desejarem.
 Art. 17 – Caberá aos psicólogos docentes ou supervisores esclarecer, informar, orientar e exigir dos estudantes a observância dos princípios e normas contidas neste Código.

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