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Universidade Federal de São João Del-Rei Campus Centro-Oeste Dona Lindu TRABALHO DE PARASITOLOGIA Grupo: Alex, Bárbara, Calila, Gabriela Goulart, Itaricely, Maria Luiza, João Osmar e Suelen Período/Curso: 2° Período de Enfermagem Professora: Lanuze LEISHMANIOSES 1. Quais as formas parasitárias existentes para o gênero Leishmania? Qual o local de parasitismo de cada forma? Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA), atinge principalmente pele e mucosas: Leishmania (Viannia)braziliensis : infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Pode ocorrer invasão de mucosa e destruição de cartilagem. Leishmania (Viannia) guyanensis: infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Pode ocorrer invasão de mucosa e destruição de cartilagem. Leishmania (Viannia) lainsoni: infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Leishmania (Viannia) shawi: infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Leishmania (Viannia) naiffi: infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada. Leishmania (Leishmania) amazonensis: infecção confinada na derme, com epiderme ulcerada ou só confinada na derme formando nódulos não ulcerados e disseminando por todo o corpo. Leishmaniose Tegumentar do Velho Mundo: Leishmania (Leishmania) tropica: é o agente etiológico da leishmaniose cutânea antroponótica ou urbana. Produz úlceras crônicas e indolores na pele. Leishmania (Leishmania) major: é o agente etiológico da leishmaniose zoonótica ou rural. Provoca a formação de úlceras indolores na pele que evoluem para uma úlcera úmida. Leishmania (Leishmania) aethiopica: produz lesões cutâneas simples e, com menor frequência, leishmaniose oronasal. Leishmaniose Visceral Americana: Leishmania (Leishmania) donovani: transmissão restrita aos seres humanos, responsável pelo calazar em pacientes de todas as idades e pela leishmaniose dérmica pós-calazar em adultos. Leishmania (Leishmania) infantum: ocasiona forma visceral principalmente em crianças. 2. Quais são os hospedeiros envolvidos na transmissão de leishmaniose visceral? Os Canídeos são os principais reservatórios como por exemplo cão, chacal e raposas . Este último é o principal reservatório, porém há ainda outros hospedeiros como gambás e roedores. 3. Cite 2 espécies de parasitos causadores de LTA e LV (2 espécies para cada) Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA): Leishmania (Leishmania) amazonensis e Leishmania (Viannia)braziliensis. Leishmaniose Visceral (LV): Leishmania (Leishmania) donovani e Leishmania (Leishmania) infantum. 4. Qual a principal espécie de vetor envolvido no processo de infecção de LTA e LV? LV: Lutzomyia longipalpis. Sem dúvidas, é a espécie mais importante na epidemiologia da doença. Sua distribuição inclui áreas silvestres, rurais, suburbanas e urbanas. LTA: Leishmania Brasiliensis. 5. Como ocorre a transmissão de leishmaniose tegumentar? O vetor, ou seja, o agente transmissor do protozoário, é a fêmea infectada do mosquito Lutzomyia, conhecido popularmente por mosquito-palha, birigui, tatuquira ou cangalha, um inseto bem pequeno que permanece com as asas levantadas durante o pouso. Roedores, marsupiais silvestres e animais domésticos podem servir de reservatório para os parasitas. A transmissão ocorre tanto nas matas quanto nas imediações dos domicílios, especialmente nas proximidades das áreas em que foi destruída a vegetação nativa. Uma vez inoculados no corpo humano, os parasitas se desenvolvem nos macrófagos, células que fazem parte do sistema de defesa do organismo. 6. Como ocorre a transmissão de leishmaniose visceral? Leishmaniose visceral, ou calazar, é uma doença transmitida pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis) que, ao picar, introduz na circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania chagasi. Embora alguns canídeos (raposas, cães), roedores, edentados (tamanduás, preguiças) e equídeos possam ser reservatório do protozoário e fonte de infecção para os vetores, nos centros urbanos a transmissão se torna potencialmente perigosa por causa do grande número de cachorros, que adquirem a infecção e desenvolvem um quadro clínico semelhante ao do homem. 7. Como ocorre o ciclo do parasito no hospedeiro vertebrado? E no hospedeiro invertebrado? No hospedeiro vertebrado, as formas amastígotas de L. chagasi são encontradas parasitando células do sistema mononuclear fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. No homem, localizam-se em órgãos linfoides, como medula óssea, baço, fígado e linfonodos, que podem ser encontrados densamente parasitados. O parasitismo pode envolver outros órgãos e tecidos, como os rins, placas de Peyer no intestino, pulmões e a pele. Raramente, as amastígotas podem ser encontradas no sangue, no interior de leucócitos, íris, placenta e timo. No hospedeiro invertebrado, Lutzomyia longipalpis, são encontradas no intestino médio e anterior nas formas paramastigota, promastigota e promastigota metacíclica. 8. Descreva a patogenia da leishmaniose tegumentar. No início da infecção, as formas promastigotas são inoculadas na derme durante o repasto sanguíneo do flebotomíneo. As células destruídas pela probóscida do inseto e a saliva inoculada atraem para a área células fagocitárias mononucleares, os macrófagos e outras células da série branca. Papel importante é desempenhado pelo macrófago, célula especializada em identificar e destruir corpos estranhos, incluindo parasitos. Certos macrófagos são capazes de destruir os parasitos diretamente, enquanto outros necessitam ser estimulados. 9. Descreva a patogenia da leishmaniose visceral. A L. chagasi é um parasito de células do SMF, principalmente do baço, fígado, linfonodo e medula óssea. Entretanto, no curso da infecção outros órgãos e tecidos podem ser afetados, como intestino, sangue, pulmões, rins e pele. Nas fases mais avançadas da doença são raros os órgãos onde não se encontra o parasito. A pele é a porta de entrada para a infecção. A inoculação das formas infectantes é acompanhada da saliva do inseto vetor, que é rica em substâncias com atividade inflamatória. Esta atividade é muito importante para o aumento de células fagocitárias neste local e crucial para a instalação da infecção. O processo pode evoluir para a cura espontânea ou, a partir da pele, ocorrer a migração dos parasitos, principalmente para os linfonodos, seguida da migração para as vísceras. Nas vísceras, os parasitos induzem uma infiltração focal ou difusa de macrófagos não-parasitados, além de infiltra- do de linfócitos e células plasmáticas, com focos de plasmacitogênese. As alterações mais particulares são descritas nos tecidos esplênico, hepático, sanguíneo, pulmonar e renal. 10. Quais são as formas clínicas da leishmaniose tegumentar americana? Caracterize-as. Lesões Cutâneas A apresentação cutânea da doença, geralmente é por lesões de pele, caracterizadas de forma localizada (única ou múltipla), de forma disseminada (lesões muito numerosas em várias áreas do tegumento) ou forma difusa. Na maioria das vezes, a doença apresenta-se como uma lesão ulcerada única. Nas formas cutâneas localizadas e múltiplas, a lesão ulcerada franca é a mais comum e se caracteriza por úlcera com bordas elevadas, em moldura. O fundo é granuloso, com ou sem exsudação. Em geral, as úlceras são indolores. Observam-se também outros tipos de lesões como úlcero-crostosa, impetigóide, ectimatóide, úlcero-vegetante, verrucosa-crostosa, tuberosa, linquenóide e outras. Nestas formas, na fase inicial, é freqüente a linfangite e/ou adenopatiasatélite que poderia preceder a lesão de pele. Às vezes, no cordão linfático podem se desenvolver nódulos que ulceram, lembrando a esporotricose. Podem ser observadas pápulas na periferia das lesões. A forma cutânea disseminada caracteriza-se por lesões ulceradas pequenas, às vezes acneiformes, distribuídas por todo o corpo (disseminação hematogênica). A leishmaniose cutânea disseminada é rara, as lesões são eritematosas, sob a forma de pápulas, tubérculos, nódulos e infiltrações difusas e, menos freqüentemente, sob a forma tumoral. A infiltração pode envolver extensas áreas do tegumento e, quando presente na face, confere ao paciente uma face típica conhecida como facieis leonina, confundindo-se, por isso e pela grande área de infiltração cutânea, com a hanseníase virchowiana. Seu prognóstico é ruim, por não responder adequadamente à terapêutica. Lesões Mucosas A apresentação mucosa da Leishmaniose tegumentar americana é, na maioria das vezes, secundária às lesões cutâneas, surgindo geralmente meses ou anos após a resolução das lesões de pele. Às vezes, porém, não se identifica a porta de entrada, supondo-se que as lesões sejam originadas de infecção subclínica. São mais freqüentemente acometidas as cavidades nasais, seguidas da faringe, laringe e cavidade oral. As queixas mais comuns no acometimento nasal são obstrução, epistaxes, rinorréia e crostas; da faringe, odinofagia; da laringe, rouquidão e tosse; da cavidade oral, ferida na boca. As lesões podem ser discretas, com poucos sintomas, daí a necessidade de sempre se buscar a identificação de doença em mucosas, incluindo o exame rotineiro dessas áreas. Ao exame clínico, pode-se observar infiltração, ulceração, perfuração do septo nasal, lesões úlcero-vegetantes, úlcero-crostosas ou úlcero-destrutivas. Poderá ocorrer destruição parcial ou total da pirâmide nasal e outras estruturas acometidas na boca. Outras mucosas, como língua e órgãos genitais, são raramente atingidas. A presença de uma ou várias cicatrizes atróficas em pele ou história de úlcera cutânea com evolução prolongada, ao lado das queixas acima referidas, reforça o diagnóstico clínico de leishmaniose mucosa. A ausência de cicatrizes não afasta a suspeita clínica de acometimento mucoso por leishmaniose, devendo ser investigadas outras doenças com o diagnóstico diferencial. A lesão mucosa associada ao comprometimento cutâneo da Leishmaniose tegumentar americana pode ser concomitante (o acometimento mucoso a distância da lesão ativa de pele) ou contígua (o comprometimento mucoso ocorre por extensão da lesão de pele situada próxima de mucosas). O diagnóstico precoce, de qualquer lesão mucosa, é essencial para que a resposta terapêutica seja mais efetiva e evitem-se as seqüelas deformantes e/ou funcionais. Comprometimento de Linfonodos Pode ser primário (enfartamento de cadeia linfonodal precedendo a lesão de pele) ou secundário (enfartamento de cadeia de linfonodos na região da lesão de pele, após a identificação desta) e raramente pode apresentar-se generalizado. 11. Quais são as formas clínicas da leishmaniose visceral? Caracterize- as. É uma doença crônica, sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, perda de peso, astenia, adinamia e anemia, dentre outras manifestações. Considerando a evolução clínica desta endemia, optou-se por sua divisão em períodos: Período Inicial Esta fase da doença, também chamada de “aguda” por alguns autores, caracteriza o início da sintomatologia, que pode variar para cada paciente, mas, na maioria dos casos, inclui febre com duração inferior a 4 semanas, palidez cutaneomucosa e hepatoesplenomegalia. Em área endêmica, uma pequena proporção de indivíduos, geralmente crianças, pode apresentar quadro clínico discreto, de curta duração, aproximadamente 15 dias, que frequentemente evolui para cura espontânea (forma oligossintomática). Os exames sorológicos são invariavelmente reativos. O aspirado de medula óssea mostra presença de forma amastigota do parasito. Nos exames complementares, o hemograma revela anemia, geralmente pouco expressiva, com hemoglobina acima de 9g/dl. A combinação de manifestações clínicas e alterações laboratoriais, que melhor parece caracterizar a forma oligossintomática, e febre, hepatomegalia, hiperglobulinemia e velocidade de hemossedimentação alta. Na forma oligossintomática, os exames laboratoriais não se alteram, com exceção da hiperglobulinemia e aumento na velocidade de hemossedimentação. O aspirado de medula pode ou não mostrar a presença de Leishmania. Período de Estado Caracteriza-se por febre irregular, associada ao emagrecimento progressivo, palidez cutaneomucosa e aumento da hepatoesplenomegalia. Apresenta quadro clínico arrastado, geralmente com mais de 2 meses de evolução e, muitas vezes, com comprometimento do estado geral. Os exames complementares estão alterados e, no exame sorológico, os títulos de anticorpos específicos antiLeishmania são elevados. Período Final Caso não seja feito o diagnóstico e tratamento, a doença evolui progressivamente para o periodo final, com febre continua e comprometimento intenso do estado geral. Instala-se a desnutrição, (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca) e edema dos membros inferiores, que pode evoluir para anasarca. Outras manifestações importantes incluem hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite. Nesses pacientes, o óbito geralmente é determinado por infecções bacterianas e/ou sangramentos. Os exames complementares estão alterados e, no exame sorológico, os títulos de anticorpos específicosantiLeishmania são elevados. 12. Para o diagnóstico laboratorial da LTA, existem 4 formas de pesquisa do parasito, quais são? O diagnostico laboratorial, somente pode ser realizado pelo achado do parasita, utilizando várias técnicas, como a pesquisa direta, cultivo, exame anatomopatológico de fragmento da lesão obtido por biópsia, reaçào de imunoistoquimica ou a reacção em cadeia pela polimerase (PCR). A intradermorreaçao de Montenegro e as provas sorolõgicas são métodos auxiliarés mas isoladamente nào confirmam de forma definitiva o diagnóstico. 13. Como diagnóstico imunológico da LTA podemos fazer RIFI, ELISA ou Teste de Montenegro. Explique o teste de Montenegro. Teste de Montenegro: O teste imunológico mais utilizado no Brasil tem sido o teste intradérmico de Montenegro. Este teste avalia a reação de hipersensibilidade retardada do paciente e é utilizado para o diagnóstico ou para monitorização de programas de vacinação contra LTA, ora realizado no Brasil. Sua sensibilidade varia entre 82,4% e 100% de acordo com os vários trabalhos realizados e essa variação pode ser atribuída a diferenças na preparação do antígeno utilizado.Vários antígenos podem ser empregados para o teste de Montenegro. Um antígeno que usa formas promastígotas mortas foi padronizado e oferece melhores resultados na concentração de 40up de nitrogênio por mililitro. O teste consiste no inóculo de 0,1 ml de antígeno de maneira intradérmica na face interna do braço. No caso de rações positivas, verifica-se o estabelecimento de uma reação inflamatória local formando um nódulo ou pápula que atinge o auge em 48-72 horas, regredindo então. A intensidade da t reação varia bastante e até o momento não foi padronizada i uma medida limite em que se possa dizer que o teste seja o positivo ou negativo. 14. Como se faz o diagnóstico de LV? A rotina do diagnóstico da LV baseia-se nos sinais e sintomas clínicas, em parâmetros epidemiológicos, e na grande produção de anticorpos. Entretanto, a confirmação do diagnostico ainda é realizada pelo encontro do parasitoem amostras biológicas de tecidos do paciente. 15. Quais as medidas de controle para a LTA? Mecanismos de proteção individual: repelentes, telas em portas e janelas, camisas de mangas compridas e calça, meias e sapatos. Vacina: protege mais de 70% dos humanos vacinados. Recomenda-se a construção das casas a uma distância mínima de 500 metros da mata. 16. Quais as medidas de controle para a LV? Controle Ambiental: Consiste em medidas de ordenamento do meio, capazes de eliminar o criadouro através de adequação do intra e peridomicílio, como áreas com vegetação, matéria orgânica acumulada e presença de animais domésticos (canídeos, galináceas, suínos, etc) que possam servir de hábitat e alimento para o flebotomíneo. Controle Social: É uma das táticas mais importantes para o sucesso do programa. A educação em saúde leva à sociedade o conhecimento dos possíveis locais de procriação do vetor. A sensibilização da população na adoção de medidas preventivas permite viabilizar o controle frente às dificuldades operacionais na execução das atividades, podendo resultar em redução significante na incidência da doença. Diagrama 1. Controle Integrado de Vetores. Controle Químico: Medida de importância em situações de emergência (áreas com transmissão de leishmaniose), devido à ação rápida do produto na população do inseto. O uso desse tipo de controle deve ser restrito devido sua ação temporária e a necessidade de retardar o aparecimento de resistência ao produto químico. Esta medida deve ser precedida do Manejo Ambiental em áreas em que foi recomendado o controle químico. Para maior esclarecimento sobre o controle químico sugere-se consultar o Manual do Programa de Vigilância e Controle da LVA do Estado de São Paulo. Controle Biológico: Experimentos com fungo B. bassiana demonstrou aumento da mortalidade de L. longipalpis adultos e significativa queda na postura de fêmeas infectadas, chegando a não haver postura quando em contato direto com o corpo do vetor. Fungos entomopatogênicos em geral apresentam taxas mais eficientes e exibem maior especificidade sobre o inseto-alvo do que inseticidas químicos. Estudo recente caracterizou um nematóide parasito intestinal que interfere no desenvolvimento do flebotomíneo, sugerindo-se que em um futuro próximo este parasito possa ser utilizado no controle biológico 17. Como se faz o tratamento em LTA e LV? Leishmaniose tegumentar americana O tratamento é feito com uso de medicamentos específicos a base de antimônio, repouso e uma boa alimentação. A droga de primeira escolha para tratamento de casos de LTA é o antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime®). Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a dose do Glucantime® deve ser calculada em mg/Sb+5/Kg/dia, Sb+5, significando antimônio pentavalente. Para as lesões cutâneas, o esquema de tratamento é de 15 mg/Sb+5/Kg/dia por um período de 20 dias e para cutânea difusa o tratamento é de 20 mg/Sb+5/Kg/dia por um período de 20 dias. Para as lesões mucosas, é recomendada a dose de 20 mg/Sb+5/Kg/dia por um período de 30 dias. Outras opções terapêuticas disponíveis nos serviços de saúde são: isotionato de pentamidina e anfotericina B. Leishmaniose visceral O tratamento é feito com uso de medicamentos específicos a base de antimônio, repouso e uma boa alimentação. A droga de primeira escolha para tratamento de casos de LV é o antimoniato de N-metil glucamina (Glucantime®). É importante reforçar que quanto antes o doente procurar orientação médica e tratamento, maior a possibilidade de recuperação e cura. DOENÇA DE CHAGAS 1. Cite o agente etiológico. O Trypanossoma cruzi é o agente etiológico causador da Doença de Chagas, também conhecida por tripanossomíase americana de esquizotripanose. 2. Quais são os hospedeiros? Hospedeiro intermediário: inseto percevejo, geralmente conhecido como barbeiro, chupança, chupão, fincão, bicudo ou procotó. Hospedeiro Definitivo: ser humano. 3. Os barbeiros são divididos em grupos segundo o hábito alimentar. Quais são esses grupos? Diferencie-os morfologicamente. Se subdivide em três espécies conhecidas como transmissoras do parasita: Triatoma infestans, Rhodnius prolixus e, todas as três espécies pertencem à família dos triatomídeos. Têm hábitos noturnos e são hematófagos. Apresentam o corpo preto, achatado e redondo, geralmente apresentam manchas avermelhadas, alaranjadas ou amarelas em volta do abdômen., entretanto, o mesmo fica inchado depois de se alimentar do sangue de seres homeotermos, como, por exemplo, o homem. -Diferenças morfologias entre as espécies. TRIATOMA INFESTANS (Corpo preto, achatado e arredondado com manchas alaranjadas em volta apenas de seu abdômen.) RHODNIUS PROLIXUS (Corpo preto, achatado e arredondado com manchas com aspecto de linhas por todo o corpo em cores amareladas e alaranjadas.) PANSTRONGYLUS MEGISTUS (Corpo preto, achatado e arredondado com machas avermelhadas em volta de seu abdômen e tronco.) 4. Quais os gêneros de barbeiros que transmitem doença de Chagas? Diferencie-os morfologicamente. Transmitida pelas fezes eliminadas durante a picada dos vetores contaminados pelos tripanossomos. Esses vetores são insetos hematófagos, da família Reduviidae, especialmente das espécies Triatoma infestans,Rhodnius prolixus e Panstrongylus megistus, conhecidos popularmente como barbeiros, devido a preferência pela região do rosto onde costumam sugar sangue. Panstrongylus: antena emerge nos olhos Triatoma: antena emerge entre olhos e clipeo Rhodnius: antena emerge no clípeo 5. Quais as formas parasitárias existentes na Doença de Chagas? Qual o local de parasitismo de cada forma? As principais formas do Trypanosoma cruzi são: Amastigota – fase intracelular, sem organelas de locomoção, com pouco citoplasma e núcleo grande. O cinetoplasto fica ao lado do núcleo e é um pouco menor que ele. Está presente na fase crônica da doença. Epimastigota – é a forma encontrada no tubo digestivo do vetor, não é infectante para os vertebrados. Tem forma fusiforme e apresenta o cinetoplasto junto ao núcleo. Possui flagelo e membrana ondulante Tripomastigota – fase extracelular, que circula no sangue. Apresenta flagelo e membrana ondulante em toda a extensão lateral do parasito. O cinetoplasto se localiza na extremidade posterior do parasito. Esse estágio evolutivo está presente na fase aguda da doença, constituindo a forma infectante para os vertebrados. 6. Como ocorre o ciclo no hospedeiro vertebrado? O homem se infecta durante a hematofagia, quando o barbeiro elimina os tripomastigotas metacíclicos em suas fezes. Essas são as formas infectantes e podem penetrar pelas mucosas, quando o homem leva as mãos contaminadas aos olhos ou nariz, e por soluções de continuidade, como as provocadas pelo ato de coçar ou pelo orifício da picada do barbeiro. Logo após a penetração, o tripomastigota metacíclico invade células do sistema fagocítico mononuclear (célula alvo) e perde o flagelo, passando a se chamar amastigota. Nesse estágio os amastigotas multiplicam-se por divisão binária em ciclos de aproximadamente doze (12) horas, até que a célula infectada fique repleta de amastigotas. Nesse momento as amastigotas se transformam novamente em tripomastigotas. Quando a célula alvo rompe libera os tripomastigotas, que se deslocam apara infectar uma nova célula alvo, se disseminando para o restante do organismo através da circulação sangüínea e linfática. Os principais órgãos atingidos são o coração, tubo digestivo e plexos nervosos. Quando se alimentam do sangue de pessoas ou animais infectados, os triatomíneos podem ingerir os tripomastigotas.Os tripomastigotas são convertidos em epimastigotas no tubo digestivo do triatomíneo. Os epimastigotas se reproduzem por divisão binária e, quando chegam à porção terminal do intestino (reto) do triatomíneo, voltam à forma tripomastigota. Esses tripomastigotas, altamente móveis e infectantes, são as formas metacíclicas eliminadas nas fezes do vetor. 7. Cite 4 mecanismos de transmissão de Doença de Chagas. Os 4 mecanismos de transmissão da doença de Chagas são: pelo vetor (com fezes contaminadas), por via oral (amamentação, ingestão de alimentos contaminados com fezes ou urina de triatomíneos), por transplante de órgãos (transmissão a partir do doador com a doença ou reativação da parasitemia se o receptor está previamente infectado) e também a transmissão congênita (ninhos de amastigotas na placenta). 8. Caracterize DETALHADAMENTE as fases da doença de Chagas. A doença é bifásica, possuindo fase aguda e fase crônica, podendo se manifestar de várias formas. A fase aguda pode ser sintomática ou assintomática, sendo relacionadas com o estado imunológico do hospedeiro. Com início através das manifestações locais, quando o T. cruzi penetra na conjuntiva (sinal de Romanã) ou na pele (chagoma de inoculação). Estas lesões aparecem em 50% dos casos agudos dentro de 4-10 dias após a picada do barbeiro, regredindo em um ou dois meses. As manifestações gerais são representadas por febre, edema localizado e generalizado, hepatomegalia, esplenomeglia e, às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. Fase Crônica Assintomática: Forma indeterminada Após a fase aguda, os sobreviventes passam por um longo período assintomático (10 a 30 anos). Esta fase é chamada de forma indeterminada (latente) e caracterizada pelos seguintes parâmetros: 1) positividade de exames sorológicos e/ou parasitológicos; 2) ausência de sintomas e/ou sinais da doença; 3) eletrocardiograma convencional normal, e 4) coração, esôfago e cólon radiologicamente normais. Fase Crônica Sintomática Certo número de chagásicos após permanecerem assintomáticos por vários anos, com o correr do tempo apresentam sintomatologia relacionada com o sistema cardiocirculatório (forma cardíaca), digestivo (forma digestiva), ou ambos (forma cardiodigestiva ou mista). Isto devido ao fato de mudar inteiramente a fisionomia anatômica do miocárdio e do tubo digestivo (esôfago e cólon, principalmente). Forma cardíaca: Na cardiopatia chagásica crônica sintomática, o fato clínico principal é a insuficiência cardíaca congestiva e isto se deve à diminuição da massa muscular que se encontra muito destruída devido à substituição por áreas de fibrose interrompendo fibras e fascículos. Forma digestiva: As manifestações digestivas são representadas principalmente no Brasil e na argentina pelos megas, onde aparecem alterações morfológicas e funcionais importantes, como, por exemplo, a incoordenação motora (aperistalse, discineia) caracterizando o megaesôfago e o megacólon. 9. Quais são os métodos para diagnóstico da Doença de Chagas? Fase Aguda Determinada pela presença de parasitos circulantes em exames parasitológicos diretos de sangue periférico (exame a fresco, esfregaço, gota espessa). Quando houver presença de sintomas por mais de 30 dias, são recomendados métodos de concentração devido ao declínio da parasitemia (teste de Strout, micro-hematócrito, QBC); b) presença de anticorpos IgM anti-T. cruzi no sangue indica doença aguda quando associada a fatores clínicos e epidemiológicos compatíveis. Fase Crônica Individuo que apresenta anticorpos IgG anti-T. cruzidetectados por dois testes sorológicos de princípios distintos, sendo a Imunofluorescência Indireta (IFI), a Hemoaglutinação (HE) e o ELISA os métodos recomendados. Por serem de baixa sensibilidade, os métodos parasitológicos são desnecessários para o manejo clínico dos pacientes; no entanto, testes de xenodiagnóstico, hemocultivo ou PCR positivos podem indicar a doença crônica. 10. Quais as medidas de controle? Baseia-se principalmente em medidas de controle ao "barbeiro", impedindo a sua proliferação nas moradias e em seus arredores. As atividades de educação em saúde devem estar inseridas em todas as ações de controle, bem como, as medidas a serem tomadas pela população local, tais como: melhorar a habitação, através de reboco e tamponamento de rachaduras e frestas; usar telas em portas e janelas; impedir a permanência de animais como cão, gato, macaco e outros no interior da casa; evitar montes de lenhas, telhas ou outros entulhos no interior e arredores da casa; construir galinheiro, paiol, tulha, chiqueiro, depósitos, afastados das casas e mantê-los limpos; retirar ninhos de pássaros dos beirais das casas; manter limpeza periódica nas casas e em seus arredores; difundir junto aos amigos, parentes, vizinhos, os conhecimentos básicos sobre a doença, vetor e sobre as medidas preventivas; encaminhar os insetos suspeitos de serem "barbeiros" para o serviço de saúde mais próximo. 11. Como se realiza o tratamento? O tratamento específico deve ser realizado o mais precocemente possível quando forem identificadas a forma aguda ou congênita da doença, ou a forma crônica recente (crianças menores de 12 anos). A droga disponível no Brasil é o Benznidazol (comp. 100mg), que deve ser utilizado na dose de 5mg/kg/dia (adultos) e 5-10mg/kg/dia (crianças), divididos em 2 ou 3 tomadas diárias, durante 60 dias. O Benznidazol é contraindicado em gestantes. O tratamento sintomático depende das manifestações clínicas, tanto na fase aguda como na crônica. Para alterações cardiológicas são recomendadas as mesmas drogas que para outras cardiopatias (cardiotônicos, diuréticos, antiarrítmicos, vasodilatadores, etc.). Nas formas digestivas, pode ser indicado tratamento conservador (dietas, laxativos, lavagens) ou cirúrgico, dependendo do estagio da doença.
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