Buscar

Inclusão em Boa Vista

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Inclusão em Boa Vista: lição de vida
Um espaço no qual existe respeito ao próximo. A Escola Estadual Monteiro Lobato, no centro de Boa Vista, capital de Roraima, é um exemplo de como a inclusão de alunos com necessidades especiais traz um conceito humanista à educação. Lá, as crianças aprendem a ler e a escrever, mas também levam para casa uma lição valiosa: como conviver com as diferenças e deixar o preconceito de lado.
“Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida. Louco é quem não é feliz com o que possui.” O cartaz, no centro do pátio, tem definições não convencionais. As deficiências são associadas a fraquezas humanas, não a problemas físicos ou mentais. As palavras do cartaz parecem ser um lema, seguido por professores e alunos.
Durante a aula de espanhol, Milton e Emerson conversam sem parar. Em sua comunicação, entretanto, não há barulho que atrapalhe os outros estudantes em sala de aula. Alunos da 5ª série do ensino fundamental, Milton Vinícius Maia e Emerson dos Santos, ambos de 12 anos, são amigos, além de colegas de classe. Emerson é surdo. De tanto conviver com ele, Milton aprendeu a língua brasileira de sinais (Libras) e auxilia professores e demais alunos na comunicação. Ali, a cena é comum, pois muitos alunos aprenderam a Libras naturalmente.
Nas 24 salas de aula da escola há pelo menos dois estudantes com necessidades especiais. São crianças surdas, cegas e com diversos tipos de deficiências mentais e físicas. Natália Ferreira Mundin, 12 anos, chegou este ano à escola Monteiro Lobato. Ela diz que ainda está se adaptando, mas é enfática ao falar da convivência com os colegas especiais. “É a melhor parte da escola. Com eles, aprendi a ter força de vontade”, relata.
Especialização — Para promover a inclusão dos alunos, quatro educadoras especializadas em necessidades especiais foram requisitadas pela escola, que montou dois laboratórios especiais, com recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Um dos laboratórios é para o atendimento de alunos surdos e cegos; o outro, de informática, tem programas específicos para o atendimento dos alunos especiais.
A escola faz o atendimento individual com esses alunos no horário oposto ao das aulas regulares. A professora Ana Cristina Costa da Silva é responsável pelo trabalho com crianças cegas. “Temos recursos específicos como o Dosvox, um programa de computador que emite o som de tudo o que é digitado”, explica.
Além do atendimento dos alunos, a escola recebe crianças com necessidades especiais vindas de outras instituições de ensino e da comunidade. Saul de Cássio Araújo, 17 anos, mora perto, mas não estuda lá. Portador da síndrome de Down, ele recebe, uma vez por semana, as atenções da educadora Elzi Oliveira dos Santos. É um trabalho de complementação da alfabetização e de coordenação motora. Depois, ele é atendido pelas professoras do laboratório de informática.
A atenção e o respeito às diferenças não deixam espaço para o preconceito, pelo contrário, as crianças interagem e mantêm forte sintonia. “Eles conduzem os alunos cegos até o pátio na hora do recreio, sentam-se com eles e vão para a fila buscar o lanche para os colegas que não enxergam”, conta a professora Ana Cristina.
No pátio, o cartaz fica como um retrato da reverência da escola em relação às diferenças. “Cego é quem só tem olhos para suas pequenas dores.”
Ana Guimarães

Outros materiais