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pratica aula 5

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EXMO.(A) JUIZ. (A) DE DIREITO DA __ VARA CÍVEL DA COMARCA DE 
NOVA FRIBURGO/RJ
Joaquim Maranhão (e/ou Antônio Maranhão e/ou Marta Maranhão), brasileiro, solteiro, 
profissão jornalista, inscrito no CPF sob o nº. 055.844.716-55, portador do RG 12.879-17, residente e domiciliado em rua 15, casa 4 - Nova Friburgo/RJ, com endereço de e-mail joaquimmaranhao@gmail.com, vem, por intermédio de seus advogados com escritório no endereço rua dezoito, n°275, 3°andar, Centro / RJ, propor a presente
AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO SOB O PROCEDIMENTO COMUM
Contra Manuel Maranhão, brasileiro, casado sob o regime de comunhão parcial de bens ,
Profissão soldador, portador do RG 15.90.00 , inscrito no CPF sob o nº. 077.587-11,
com endereço eletrônico mmaranhao@hotmail.com, e sua esposa Florinda Maranhão, brasileira, profissão vendedora, casada sob o regime de comunhão parcial de bens,
inscrita no CPF sob o nº. 800.554-31, portadora do RG 10.222-45, ambos residentes e domiciliados em Jardim America n°45, Santo Antonio em Macaé/RJ,
e seu neto Ricardo Maranhão , brasileiro, solteiro, profissão garçom, inscrito no CPF 444.000-77, portador do RG 12.456-09, residente e domiciliado em Av. Venda Nova n° 345, Nova Friburgo/RJ, com base nos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
I – DOS FATOS
O autor é filho dos dois primeiros réus e tio do terceiro réu.
O autor tomou ciência de que, em 10/01/2016, os dois primeiros réus 
alienaram para o terceiro réu, neto deles (filho da Sr.ª Marta Maranhão), o imóvel descrito como “sitio situado na rua Bromélia , nº138, Centro, Petrópolis/R”
., pelo preço certo e ajustado de R$200.000,00 (duzentos mil reais), através de Escritura de Compra e Venda lavrada no dia 20/09/2015, no Cartório do 4º Ofício da de Nova Friburgo e devidamente transcrita no Registro de Imóveis competente, sem que os demais filhos (o autor, a mãe do 3º réu e Antônio Maranhão, terceiro filho dos dois primeiros réus) se manifestassem sobe o referido ato jurídico.
Sabe-se, cf. laudo de avaliação imobiliária anexo, que o valor de mercado do referido 
imóvel é de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), isto é, 75% a mais do que o valor pelo qual ele foi vendido.
Nesta perspectiva, não restou outra solução ao autor que não ingressar em juízo para o 
desfazimento do negócio prejudicial lesivo ao seu direito
.
II – DO DIREITO
Na lição de Orlando Gomes, “compra e venda é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a transferir a propriedade de uma coisa à outra, recebendo, em contraprestação, determinada soma de dinheiro ou o valor fiduciário equivalente”.
Ainda ao tratar do contrato de compra e venda, o autor baiano assinala que “o 
ascendente não pode vender ao descendente, salvo se os outros descendentes e o 
cônjuge do alienante expressamente consentirem, sob pena de anulabilidade”.
Aliás, este é o conteúdo do art. 496 do Código Civil:
 
 Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo
 se os outros descendentes e o cônjuge do alienante
 expressamente houverem consentido.
 Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o
 consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da
 separação obrigatória.
Na mesma esteira, o art. 104, III, do Código Civil impõe que seja declarado anulável o 
negócio jurídico que não tenha obedecido a forma prescrita em lei (no caso em tela, 
deveria ter sido colhido o consentimento dos demais descedentes):
 Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
 I - agente capaz;
 II- objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
 III- forma prescrita ou não defesa em lei.
No caso dos autos, é estreme de dúvida de que foi celebrado negócio jurídico de compra e venda entre os dois primeiros réus e o terceiro réu.
Também é inquestionável que o 3º réu é neto dos dois primeiros réus, conforme se 
infere das certidões de nascimento e casamento ora acostadas.
Igualmente não há dúvidas de que o autor é filho dos dois primeiros réus (e tio do 
terceiro réu), consoante certidão de nascimento e documento de identidade ora juntado, 
o que o torna legítimo a postular a anulação da venda.
Por fim, INEXISTE qualquer consentimento dos outros descendentes dos dois primeiros 
réus. Nesse sentido, confiram-se as declarações anexas do irmão e da irmã do autor que informam não terem autorizado essa alienação, especialmente pelo preço vil cordado 
(75% abaixo do valor de mercado).
Portanto, é certo que o negócio jurídico encetado entre primeiro e segundo réus com o terceiro réu deve ser anulado, desfazendo-se o acerto com a restituição do imóvel à esfera patrimonial dos primeiros dois réus e a devolução do preço ao terceiro réu.
Nesse sentido, o seguinte julgado do STJ
RECURSO ESPECIAL. CIVIL. VENDA A DESCENDENTE.
ART. 1.132 DO CC/1916. ART. 496 DO ATUAL CC.
VENDA DE AVÔ A NETO, ESTANDO A MÃE DESTE VIVA.
AUSÊNCIA DE CONSENTIMENTO DOS DEMAIS DESCENDENTES.
ATO ANULÁVEL. DESNECESSIDADE DE PROVA DE EXISTÊNCIA
DE SIMULAÇÃO OU FRAUDE.
RECURSO NÃO CONHECIDO.

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