Buscar

Aula 1 a 10 - Supervisão e Orientação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 41 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Aula 1: A Supervisão Pedagógica: conceitos e especificidades
Antes de começar nossa aula, sugerimos que você pesquise em um dicionário o significado das palavras supervisão, coordenação e orientação e registre em seu caderno de notas.
Buscando estabelecer relação teoria e prática, no tocante a atuação do Supervisor e Orientador Pedagógico, busque em seu caderno de notas as anotações registradas como respostas à pergunta: O que faz um Supervisor e Orientador Pedagógico na escola?  Trabalhe as respostas de forma a identificar as funções que foram mais vezes citadas.
Faça um paralelo com os conteúdos da aula e não esqueça, registre em seu caderno de notas suas conclusões.  
Conversando sobre as diversas denominações
Até o final da década de 90 foram diversos os modos de identificar a ação supervisora, tanto nos Estados (como nomenclatura para designar o cargo), como nas escolas. Incluem-se nessas terminologias as expressões: supervisão, supervisão educacional, supervisão escolar, supervisão pedagógica, coordenação, coordenação pedagógica, coordenação de turno, coordenação de área ou de disciplinas, orientação pedagógica, entre outras.
Observando esses tantos termos:
Supervisão escolar – supõe-se supervisão tanto dos serviços administrativos como pedagógicos, confundindo as ações com as do Diretor (gestor).
Coordenação – pode-se dizer que é uma das condutas supervisoras, significa trabalhar para que os elementos funcionem de modo articulado. Quando a nomenclatura se refere a turno, está abordando o caráter administrativo e pedagógico de um determinado turno. Quando se trata de uma área ou disciplina, está se referindo às articulações possíveis entre conteúdos e métodos de ensino no âmbito de uma determinada área ou disciplina. Sem discriminar as outras funções, elegemos a expressão Supervisão Pedagógica por considerar a abrangência e especificidade da ação do Supervisor Pedagógico, que entendemos ficar, assim, melhor contemplado.
Supervisão educacional – o termo propõe que as atividades extrapolem as atividades da escola, alcançando os aspectos estruturais e sistêmicos da educação.
E o que significa o termo supervisão?
Vamos analisar a epistemologia do nome supervisão:
O prefixo “super” unindo-se à “visão” designa o ato de ver o geral ou seja, visão ampla, superior, não em termos de hierarquia, mas em perspectiva de ângulo de visão, para que o Supervisor possa “olhar” o conjunto dos elementos e seus elos articuladores nas ações específicas da escola.
Segundo Rangel (2008, p. 77) “O qualificativo ‘pedagógico’ tem como significante o estudo da prática educativa, o que reforça o estudo como núcleo da orientação supervisora.”
A Supervisão pedagógica, então, supõe a supervisão dos processos pedagógicos na escola, remetendo a uma perspectiva de movimento. Ressaltamos, dessa forma, que todo serviço pedagógico é também educativo.
Para qualificar o entendimento das especificidades da atuação do Supervisor Pedagógico, precisamos fazer a junção dos significados de todos esses termos pois:
- O uso do termo Supervisão pedagógica refere-se à abrangência da função, cujo “olhar sobre” o pedagógico oferece condições de coordenação e orientação.
Segundo Hass (2000) apud Batista (2009) “(...) a ação do supervisor pedagógico pressupõe uma disponibilidade para transitar entre os diferentes cenários e espaços, encontrando projetos diversos (às vezes antagônicos), construindo caminhos de aproximação, negociação, diálogo e troca, entendendo os constituintes do grupo coordenado como pares legítimos e, institucionalmente, os partícipes de um dado projeto político pedagógico.”
Nota importante:
A ação da Supervisão e Orientação Pedagógica pode se configurar como uma prática social:
- Caracterizada pela mediação técnico-pedagógica;
- Traduzindo a consideração pelos sujeitos envolvidos e sua história;
- Com o compromisso com um projeto educativo que esteja sintonizado com o diálogo com e entre os diferentes;
- Que assume o trabalho coletivo como importante estratégia de trabalho;
- Que investe em um processo de planejamento baseado na cooperação e na troca de saberes e experiências.
A Supervisão e Orientação Pedagógica é o lugar, também, do sujeito que se forma ao participar da formação de outros sujeitos.
Essa é a premissa básica do trabalho da supervisão pedagógica:
Trabalhar na formação continuada dos professores e equipe, como atores do processo ensino e aprendizagem.
O objeto da ação supervisora
O objeto específico da supervisão escolar na escola é o processo de ensino-aprendizagem e, desta forma inclui:
currículo;
programas;
planejamento;
métodos de ensino;
avaliação;
recuperação.
Nesses processos observamos os procedimentos da supervisão pedagógica buscando a integração e orientação, através de estudos, com troca de significados.
Vale lembrar:
Especificidades da ação do Supervisor Pedagógico:
a) constitui-se liderança técnico-pedagógica;
b) pauta-se pelo desenvolvimento de ações democráticas;
c) produção e articulação da crítica entre contexto, teoria e prática educativa;
d) construção de caminhos de aproximação, negociação, diálogo e troca entre os professores na escola;
e) assunção da formação como processo contínuo;
f) parceria político-pedagógica com professores e equipe.
Atenção: Nesta etapa de nossos estudos, acreditamos que é importante que você leia cada uma dessas especificidades e busque traduzir os conceitos contidos nelas com as suas palavras. Não se esqueça de registrar em seu caderno de notas, pois essas observações serão úteis na hora da revisão da aula.
Não podemos nos esquecer de que a escola também é um espaço de pesquisa e que devemos aproveitar seus objetos para reconstruí-los à luz dos fundamentos teóricos. Dessa forma, a supervisão pedagógica também incorpora a coordenação de pesquisa que, de algum modo, são suscitados pelos problemas do cotidiano, acabando por envolver estudos sistematizados.
Através da pesquisa o Supervisor Pedagógico pode motivar, mobilizar e aproximar os professores, assim como outros setores da escola, no sentido de buscar análise conjunta, crítica e sistemática dos casos e experiências do cotidiano.
Então, vamos comparar esses conceitos fazendo análise da realidade (pesquisa realizada) e também dos conceitos teóricos. Podemos observar se o conhecimento que as pessoas trazem sobre o que é o fazer da supervisão e orientação pedagógica está próximo dos conceitos teóricos.
Na próxima aula vamos aprofundar mais um pouco nossa visão, observando o contexto histórico da atuação supervisora na educação.
Buscando estabelecer relação teoria e prática, no tocante a atuação do Supervisor e Orientador Pedagógico, faça uma sondagem, pergunte a colegas e parentes sobre o que entendem que são as funções do Supervisor pedagógico na escola. Faça a seguinte pergunta: O que faz um Supervisor pedagógico na escola?
Trabalhe as respostas de forma a identificar as funções que foram mais vezes citadas.
Faça um paralelo com os conteúdos da aula e não esqueça, registre em seu caderno de notas suas conclusões.
===============================================================================================
Aula 2: Perspectiva Histórica e Política da Supervisão e Orientação Pedagógica
Vamos buscar com Saviani (2008), vestígios da Supervisão pedagógica desde as comunidades primitivas. Lá a educação coincidia com a vida, os adultos educavam de forma indireta, por meio de uma vigilância discreta, protegendo e orientando as crianças pelos exemplo e, algumas vezes, com palavras, em resumo, supervisionando-as.
No período antigo e medieval, a escola se constituía por uma estrutura simples e limitada na relação dos mestres com os discípulos e, desta forma, não havia ainda a função supervisora. O mestre realizava por inteiro o trabalho de formação de seus discípulos.
Essa constatação não significa que a função supervisora não se fazia presente. Ela acontecia, claramente, na ação do mestre através do controle,conformação, fiscalização e, até mesmo de coerção, expressa nas punições e castigos físicos ( A função supervisora na Grécia era encontrada na figura do pedagogo – escravo que tomava conta das crianças e os conduzia até o mestre – sua função era vigiar, controlar, supervisionar todos os atos das crianças).
A função supervisora também se fazia presente na educação dos trabalhadores (escravos) por intermédio do intendente ou capataz.
A época Moderna, com suas transformações, inclusive com a incorporação da ciência ao processo produtivo, passa a ter necessidade de generalização da escola. A cultura não é mais produzida de modo espontâneo e sim de forma liberada e sistemática.
Com o processo de institucionalização da educação, já começa a se esboçar a ideia de supervisão pedagógica que se evidencia na organização da instrução pública (séculos XVI e XVII).
Construção histórica da profissão do Supervisor pedagógico no Brasil
Os jesuítas chegaram aqui em 1549 e somente após a morte do Padre Manoel de Nóbrega (1570) passam a adotar um plano de estudos chamado Ratio Studiorum.
Nesse plano se percebe a presença da ideia de supervisão, quando se prevê a figura do Prefeito de Estudos, cujas funções são reguladas por trinta regras. Vejamos as mais específicas relacionadas à supervisão:
Regra nº 1 – Estabelece que é dever do Prefeito, organizar os estudos, orientar e dirigir as aulas;
Regra nº 5 – Que o Prefeito se incumba de lembrar aos professores que devem explicar toda a matéria de modo a esgotar toda a programação;
Regra nº 17 – Se refere à função do Prefeito de Estudos em ouvir e observar os professores e, de vez em quando, assistir suas aulas e também ler os apontamentos dos alunos.
A Reforma Pombalina expulsou os jesuítas do Brasil e extinguiu seu sistema de ensino. Dessa forma, diluiu-se o caráter orgânico da função supervisora.
O Alvará de 28 de junho de 1759, que expulsou os jesuítas, previa a criação do cargo de Diretor Geral dos Estudos, assim como a designação de comissários, em cada local, para fazer o levantamento do estado das escolas. Nesse sentido, a ideia de supervisão englobava os aspectos políticos-
-administrativos na figura do Diretor Geral e a direção, fiscalização, coordenação e orientação do ensino aos comissários ou Comissão de Diretores de Estudos sob a orientação do Diretor Geral.
Com a Independência do Brasil, a Lei Geral de 1827 instituiu as escolas de primeiras letras. O artigo 5º da lei determinava o estudo a partir do “Método de Ensino Mútuo”. 
Nesse método o professor absorve a função de docência e também de supervisão, pois instruía e supervisionava os instrutores nas atividades do ensino.
Em 1834, o Ato Adicional faz a descentralização da educação, pois cada província passa a ser responsável por sua própria educação. Naquele momento o ministro do Império reclamava a necessidade da criação do cargo de Inspetor de Estudos.
Em seu relatório fica declarada a situação deplorável das escolas e ele mesmo adverte: “(...) um desses remédios teria sido o estabelecimento de uma supervisão permanente.” (SAVIANI, 2008, p. 23).
A reforma Couto Ferraz estabeleceu como missão do Inspetor supervisionar todas as escolas. Também cabia ao Inspetor Geral presidir os exames dos professores e lhes conferir os diplomas, autorizar a abertura de escolas particulares e também fazer a correção dos livros.
Nesse período coloca-se em pauta a questão da organização de um sistema nacional de educação e, nesse contexto, a ideia de supervisão vai ganhando contornos mais nítidos; passa a existir a necessidade de organização dos serviços educacionais, apontando para dois requisitos:
A organização administrativo-pedagógica do sistema;
 A organização das escolas na forma de grupos escolares.
A reforma Francisco Campos, de 1931, se referia às tarefas de acompanhamento pedagógico, porém, elas foram atribuídas ao Inspetor Escolar.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, formulou um plano conjunto para reconstrução educacional no país. É nesse contexto de maior valorização dos meios na organização dos serviços educacionais que ganham relevância os técnicos, também chamados de especialistas em educação e, entre eles, o supervisor.
Na década de 60, o Parecer nº 252/1969 reformulou o curso de Pedagogia e buscou especializar o educador, diferenciando suas funções e denominando-as habilitações. Foram previstas quatro habilitações na área técnica. São elas:
- administração;
- inspeção;
- supervisão;
- orientação.
O anseio da pedagogia tecnicista que se instalou na década de 60 era garantir a eficiência e a produtividade do processo educativo (aplicação da taylorização ao trabalho pedagógico). (SAVIANI, 1991, p. 82).
A nova estrutura do curso de Pedagogia abria a perspectiva de profissionalização da Supervisão Pedagógica. 
Existem, segundo Saviani (2008), dois requisitos fundamentais para se caracterizar uma atividade como profissão:
- necessidade social;
- identidade própria.
O desafio que se coloca, hoje, para a Supervisão Pedagógica, vai além do contexto pedagógico, pois se espera que o trabalho educativo contribua para desenvolvimento da consciência necessária à transformação das relações sociais, cuja necessidade alcança a esfera planetária.
Este é o desafio posto à educação e, mais precisamente, ao Supervisor Pedagógico que tem, inclusive, a função de acompanhar e orientar o processo de ensino-aprendizagem sempre considerando sua perspectiva política.
É importante observarmos a movimentação das funções postas à Supervisão Pedagógica:
- Nas sociedades primitivas – os adultos faziam supervisão indireta
- Na Antiguidade – o pedagogo na Grécia
- Na Idade Média – o mestre exercia uma supervisão com punição
No Brasil:
 
- Com os jesuítas – através do Prefeito de Estudos
- No Império – o professor, que propunha o Método de Ensino Mútuo
- Na República Velha – Inspetor de Estudos
- Nas décadas de 1920 à 1950 - Técnicos de educação
- Nas décadas de 1960 à 1980 - Supervisor educacional (uma das habilitações do curso de Pedagogia)
- Na atualidade – Supervisor Pedagógico, Orientador Pedagógico, Coordenador Pedagógico, etc.
Sendo assim, na próxima aula vamos abordar as diferentes concepções e papéis que envolvem a atuação do Supervisor pedagógico.
Vamos retornar ao trabalho realizado na aula passada, onde você, a partir da pesquisa realizada, anotou as funções que foram mais vezes citadas pelas pessoas pesquisadas, relativas às ações do supervisor, e depois fez em seu caderno de notas, um paralelo com o conteúdo da aula.
Agora vamos fazer relação entre as respostas da pesquisa, relativas a atuação do supervisor, e o contexto histórico. Nosso objetivo é situar a percepção das pessoas sobre o alcance da função do Supervisor pedagógico, traçando paralelo com  a teoria.
Neste momento tentaremos responder a pergunta: Será que a percepção das pessoas, quanto a atuação do Supervisor pedagógico, corresponde ao que está declarado na literatura atual? Ou será que ainda podemos encontrar percepções da função, ultrapassadas?
Tire suas conclusões e não esqueça de fazer anotações em seu caderno de notas.
==============================================================================================
Aula 3: Diferentes Papéis e Concepções que Envolvem a Prática do Supervisor e Orientador Pedagógico
A história da Supervisão pedagógica no Brasil nos mostra que essa função tem sido desenvolvida em contextos de compromissos e responsabilidades, mas também de equívocos.
A partir da compreensão elaborada do conceito de ciência e desvelando a realidade em suas contradições, avançamos para novos compromissos e responsabilidades com outra amplitude. Partimos para um novo conteúdo, comprometido com a construção de um novo conhecimento.
Segundo Ferreira (2008), a Supervisão pedagógica, independente de formação específica, constitui-se em um trabalho escolar que tem o compromisso de garantir a qualidade do ensino, da educação, da formação humana.Seu compromisso é a garantia da qualidade da formação humana que se processa nas instituições escolares.
Ao observarmos o modelo econômico que se estabeleceu aqui no Brasil, encontramos uma radicalização do processo capitalista associado a uma opção acelerada pela modernização, obrigando o reajustamento do próprio aparelho político e social.
Essa reestruturação apoiou-se nos mecanismos de poder do Estado e, consequentemente, no acentuado controle financeiro e tecnológico exercido pelo capitalismo internacional. O objetivo fundamental do modelo implantado seria a acumulação de capital, a lucratividade através da eficiência técnica e da estabilidade política, assim, se fez necessário a formação de certo tipo de profissionais em quantidade que assegurasse a racionalidade do processo.
O objetivo era qualificar profissionais técnicos para atender às necessidades do mercado e de aumento de produtividade. Nesse caso, a educação se reduziu ao aspecto exclusivamente técnico, desvirtuando-se da verdadeira ação educativa. Dessa forma, passou-se a educar para o fazer, para o obedecer, para a execução de determinados papéis ou para a “mão de obra” especializada.
Esse modelo político, caracterizado como autoritário, primou por disseminar uma ideologia e fazer o controle de sua inculcação por agentes profissionais preparados. De acordo com Kuenzer (2003) apud Ferreira (2007, p. 47):
(...) através da educação, o Estado pode incutir na sua população, interesses, aspirações e valores com a finalidade de facilitar determinadas mudanças consideradas imprescindíveis ao alcance dos objetivos nacionais.”
Então, podemos deduzir que a Supervisão pedagógica, nesse cenário sócio-político-econômico, tem exercido a função de controle.
Se não fizermos uma reflexão profunda, para uma tomada de consciência, a função supervisora acaba se reduzindo a atualização do homem, de acordo com os valores sociais, assumindo o compromisso de reprodução e não de educação.
É preciso atentar-se para o perigo do Supervisor pedagógico construir seu trabalho “adequado” ao circunstancial, ingenuamente inculcando a ideologia dominante e recalcando as aspirações individuais e sociais.
O Supervisor pedagógico é um criador de cultura e de aprendizagens, não apenas intelectual ou técnica, mas também afetiva, ética, social e política, que se questiona  e questiona o circunstancial, definindo e redefinindo prioridades em educação.
Ele necessita ser capaz de desenvolver e criar métodos de análise para detectar a realidade e, então, gerar estratégias para a ação.
De acordo com Rangel (2007, p. 17) a “visão sobre” o processo auxilia a percepção global do contexto e suas relações, “(...) o supervisor pode contribuir para integração de programas, métodos e procedimentos de ensino e aprendizagem, avaliação e recuperação, conteúdos, diálogo, aproximações tanto em um ano ou ciclo escolar, quanto na sua sequência, nos diversos anos ou ciclos.”
O objeto da atenção supervisora é o conhecimento traduzido no currículo, nos programas e nos conceitos construídos e reconstruídos em cada área de estudo e suas metodologias.
 
Essa constatação demonstra a importância que vem sendo conferida, nos meios políticos, econômicos, educacionais e legais à formação do supervisor, bem como sua atuação.
Como prática educativa ou como função, a supervisão constitui-se  um trabalho escolar que tem o compromisso de garantir a qualidade do ensino. Não se esgotando, portanto, no saber fazer bem e no saber o que ensinar, mas no trabalho articulador e orgânico entre a verdadeira qualidade do trabalho pedagógico e novas formas de gestão incorporadas a partir do que a “era da globalização” vem ocasionando.
São compromissos com uma nova compreensão  da qualidade da educação, que se consubstancia no compromisso com a formação de homens mais humanos, através de uma educação comprometida com essa humanização em tempos de globalização, onde  a modernidade vem apresentando como uma de suas características a individualização.
Então, nos perguntamos: Como pode a Supervisão pedagógica assumir esse compromisso?
Saviani (1991, p. 21) nos lembra: “(...) o objeto da educação diz respeito, de um lado, à identificação dos elementos culturais que precisam ser assimilados pelos indivíduos da espécie humana, para que eles se tornem humanos e, de outro lado e concomitante, à descoberta das formas mais adequadas para atingir esse objetivo.”
Segundo Ferreira (2008), o projeto sociocultural da modernidade se assenta em dois pilares fundamentais e complexos: o pilar da regulação e o pilar da emancipação, comportando assim, duas principais formas de conhecimento: o conhecimento regulação e o conhecimento emancipação.
Há que se valorizar o conhecimento emancipação, desequilibrando a favor dele as relações com o conhecimento regulação.
A Supervisão pedagógica como responsável pela qualidade do processo de humanização do homem, através da educação, precisa formar outros compromissos ultrapassando as especificidades do espaço escolar, porém, sem se descuidar dele. Seu compromisso é avançar em um trabalho pedagógico de qualidade, garantindo conteúdos emancipatórios, além de comprometer-se com a administração da educação, pois esta concretiza as direções traçadas pelas políticas educacionais.
Esse compromisso se traduz em acompanhamento e estudo de todas as relações que se estabelecem entre as tomadas de decisões, as determinações sociais e políticas que as gestam e suas possíveis consequências.
Eleva-se assim a Supervisão pedagógica, da condição de executora de políticas e planejamentos, de apenas articuladora de conteúdos e propostas, para a atuação como partícipe da construção da sociedade, sendo esta a condição que garantirá a qualidade do trabalho pedagógico.
O trabalho pedagógico deve ter compromisso explícito com a emancipação humana.  
A Supervisão pedagógica tem sido tratada como uma função e, como tal, de forma depreciativa e reducionista face a sua imensa responsabilidade no sistema educacional. O trabalho do Supervisor pedagógico não pode ser entendido somente como uma função, muito pelo contrário, é um trabalho de gestão da educação, de tomada de decisões com o diretor e demais profissionais da escola.
A Supervisão pedagógica, concebida como orientadora da formação humana, conduz a uma compreensão sobre a formação dos profissionais da educação em uma perspectiva mais ampla, e a estratégia entendida como caminho possível é o diálogo. O diálogo constitui o caminho para efetiva participação que possibilitará construções e decisões coletivas, para que se encontre novos rumos, projetos, políticas, nova gestão do conhecimento e do trabalho no sentido emancipador.
Nesta atividade você vai listar os fazeres do Supervisor pedagógico e separá-los por concepção: CONTROLE, REGULAÇÃO, EMANCIPAÇÃO HUMANA.
Não esqueça de usar seu caderno de notas, pois elas serão muito importantes no momento da revisão.
===============================================================================================
Aula 4: Diferentes Saberes do Supervisor Pedagógico e suas Áreas de Atuação
Temos como objetivo estabelecer uma relação, o mais próxima possível, entre os conhecimentos teóricos da disciplina e situações cotidianas na prática do Supervisor pedagógico. Por isso, entendemos que nesse momento seria oportuno continuarmos aquela nossa investigação com os atores que, de alguma forma, têm relação com a escola. Avance a tela e veja a atividade proposta para esta aula.
===============================================================================================
Aula 5: As atribuições do Supervisor Pedagógico e sua atuação para a transformação da escola
==============================================================================================
Aula 6: Supervisão e Orientação Pedagógica na organização do currículo, planejamento e avaliação  e o acompanhamento do processo de ensino e aprendizagem
 
=======================================================================================Aula 7: Supervisão e Orientação Pedagógica e o desenvolvimento profissional dos professores
Ao longo do tempo, o conceito de Supervisão Pedagógica tem sofrido mudanças e, da mesma forma, a ação do Supervisor Pedagógico tem mudado seus objetivos.
Tomando como base a ideia de que a educação hoje é vista como um processo que leva à realização individual e social do educando, seu objetivo se centra no desenvolvimento da pessoa humana e sua integridade, ampliando sua capacidade de mudar o meio em que vive para a satisfação de suas necessidades.
O principal papel da educação está na velocidade com que as transformações sociais e tecnológicas se produzem e no sistema educativo, no qual os ritmos são muito lentos. Dessa forma, pouco tem mudado a organização da escola e também o trabalho dos professores.
Porém, o que se espera do professor é muito mais que a transmissão de conhecimentos aos alunos, sendo que até bem pouco tempo atrás, era isso o que bastava.
Nessa perspectiva, observamos o sistema educativo reproduzindo vícios, também os conteúdos se tornaram ultrapassados, não havendo acompanhamento do ritmo das mudanças. Embora haja exigência da elevação do nível de crítica e de abstração dos educandos, sabemos que tudo isso está condicionado ao profissionalismo dos docentes.
Essa forma de conceber a educação e, consequentemente, a escola sendo o lugar onde esse processo intencional se desenvolve, é que tem determinado o sentido que deve permear a Supervisão Pedagógica.
Então, temos que a figura do Supervisor Pedagógico desponta como elemento de intermediação nessa proposta de mudança.
Lamentavelmente, algumas vezes essa mudança se materializa apenas em novas propostas curriculares divulgadas pelos órgãos oficiais.
Entretanto, temos visto a prevalência do desejo de mudança no trabalho da supervisão, tornando-se força aglutinadora e impulsionando o grupo de professores, contribuindo para a interpretação e reinterpretação da realidade escolar e suas necessidades.
Assim, o Supervisor Pedagógico se tornou o responsável pelo acompanhamento da prática do professor, devendo oferecer orientação e assistência nas dificuldades enfrentadas no cotidiano escolar, mantendo sempre um relacionamento próximo, um ambiente de colaboração e respeito mútuo.
Essa orientação e assistência só produzirão o efeito desejado quando voltada para o desenvolvimento profissional do professor, assim como a construção da sua autonomia.
Na última década, institucionalizou-se a formação dos professores de diversas formas (cursos, seminários, oficinas, jornadas), mas reiterados estudos constatam sua baixa incidência, ou mesmo, ausência de impacto nos resultados escolares.
Essa realidade nos leva a analisar as causas, a buscar novos enfoques na formação, uma vez que o impulso voluntário, o individualismo e a falta de planificação estão provocando esse fracasso formativo.
Na maioria dos casos, os planos de formação acabam somando carências e urgências técnicas, buscando receitas, não dedicando o tempo necessário e não escolhendo formadores competentes.
A mudança exige a assimilação de um corpo teórico coerente, que propicie a consistência de diversas teorias e estratégias que possam lhe dar projeção.
De uma maneira geral, os docentes não integram as técnicas e estratégias propostas nesses programas à sua atividade docente, sendo que percebe-se a necessidade de educar a vontade, a efetividade.
Uma comissão formada pela União Europeia formulou uma série de questões visando elaborar um novo programa de aprendizagens permanentes (Educação e Formação 2010), Tebar (2003) também formulou algumas contribuições, dentre elas selecionamos:
- Despertar o desejo de saber;
- desenvolver atitudes e clima positivo;
- conhecimento de métodos e estratégias para o desenvolvimento de habilidades mentais;
- autonomia a partir da assimilação de métodos e técnicas de estudo e de aprendizagem;
- formação de habilidades básicas e competências de alto nível de abstração e complexidade;
- trabalho com tecnologia de informação e comunicação.
- Valorização do envolvimento da família;
- educação preventiva que ilumine o fracasso escolar;
- plano de desenvolvimento dos talentos de cada um;
- escola como lugar de pesquisa;
- antecipação dos problemas;
- abertura às influências positivas.
- Busca de outros profissionais contribuindo com novas soluções;
- combate ao fracasso e abandono;
- flexibilidade da organização;
- administrações e supervisões competentes;
- famílias acompanhando na formação de hábitos e atitudes;
- incentivo à participação permanente dos pais.
- Formação permanente;
- dedicação e estabilidade docente;
- escolas com projeto educativo compartilhado;
- centros universitários influenciando nas escolas.
Como vimos, a escola passa a ser sistematizadora do conhecimento adquirido fora, devendo garantir a produção de conhecimento mais elaborado, aproveitando todas as experiências adquiridas.
É importante criar ambientes de aprendizagens instigadores que corroborem no processo de elaboração e reelaboração das experiências propiciando o desenvolvimento das capacidades mentais do aluno.
Essa mudança pretendida somente acontecerá se houver condições facilitadoras, com uma liderança efetiva, capaz de liberar a energia latente e congregar esforços individuais, articulando-os em torno de uma proposta comum.
Esse trabalho envolve uma supervisão que vai além dos aspectos meramente técnicos, implica em uma ação planejada e organizada a partir de objetivos claros, assumidos por todos para o fortalecimento do grupo. Dessa forma, a Supervisão Pedagógica deixa de ser um recurso meramente técnico, para se tornar político, preocupado com os sentidos e os efeitos das ações. Porém, esse sentido só se efetiva se atingir a administração da escola e, assim, alterar o ambiente escolar.
Os esforços nessa ação devem dirigir-se a uma definição mais clara dos objetivos de escolarização, valorização e aproveitamento dos talentos individuais e validação dos métodos.
Portanto, compete ao Supervisor Pedagógico o desenvolvimento de um clima de camaradagem e cooperação, respeito pelo trabalho de cada um e a valorização das experiências desenvolvidas na sala de aula.
Nesse caso, é fundamental a conjugação do trabalho da Supervisão Pedagógica com a administração da escola, pois os propósitos de ambas se constituem na melhoria da aprendizagem e desempenho dos alunos. Nesse caso, é necessário considerar o estágio de desenvolvimento dos professores e da equipe escolar em termos de conhecimento e compreensão das suas bases teórico-práticas.
O ação do Supervisor Pedagógico se constitui na melhor solução para esse trabalho, existindo, pois, condições imprescindíveis na sua atuação que leve ao  sucesso:
- Manter um clima de abertura, cordialidade, encorajamento e fortalecimento do sentimento de grupo;
- Conhecer a legislação, seus limites e brechas, otimizando seu uso em proveito da escola;
- Estimular o desenvolvimento das experiências e seu compartilhamento com o grupo;
- Atentar para as dificuldades apresentadas pelos professores;
- Subsidiar os docentes com informações e conhecimentos atuais, sobre temas complexos;
- Atuar junto à administração no sentido de viabilizar os encontros.
Dessa forma, fica definido o verdadeiro sentido da Supervisão Pedagógica no contexto escolar, despida do autoritarismo de outros tempos e assumindo seu verdadeiro papel de estimuladora e organizadora de um projeto de mudança, envolvendo de forma responsável toda a comunidade escolar.
======================================================================================
Aula 8: O Supervisor Pedagógico e a Constituição dos Grupos de Professores na Escola
Agora já sabemos que a principal função do Supervisor Pedagógico é formar os professores dentro da instituição em que atuam e a formação continuada é a condição para o exercício de uma educação consciente, que trabalhe as necessidades atuais dos alunos.
Osprofessores dentro da escola formam um grupo e, mesmo considerando suas individualidades, o grupo como um todo interfere nas atividades de cada um, que acabam sendo norteadas pelas relações estabelecidas nesse espaço de interação.
Nesse caso, existe a necessidade de intervenção do Supervisor Pedagógico para que seja desenvolvido um trabalho que possibilite a superação da fragmentação consolidando um trabalho coletivo.
Em primeiro lugar, consideramos de vital importância a ação conjunta de toda a equipe de gestão da escola. Esse trabalho em parceria torna a equipe mais capaz de articular o grupo de professores, mobilizando-os e comprometendo-os com a melhoria do trabalho pedagógico.
Assim, a prática educativa da escola passa a ter novos significados, envolvendo também a prática pedagógica dos professores em um processo de formação contínua.
Segundo Freire (1970), a dialogicidade é a essência para a transformação da educação rumo à sua autonomia.
Para Souza (2001), não basta uma somatória de pessoas para existir um grupo, desta forma se torna necessário pensar em como possibilitar a construção do grupo para o desenvolvimento de um trabalho coletivo rumo à superação da fragmentação.
Então, o primeiro passo nessa direção é reunir os professores e essa tarefa não é fácil, pois a conciliação de horários, muitas vezes, acaba sendo a primeira grande barreira.
Após um acordo em que cada um, a um tempo, pode flexibilizar seus horários, os encontros devem ser marcados, podendo ser semanais ou quinzenais, porém, permanentes.
O Supervisor Pedagógico deve ter enorme cuidado na organização de suas tarefas cotidianas para estar totalmente disponível no horário marcado. É muito importante não atrasar ou interromper as reuniões por eventuais ocorrências.
Os professores precisam perceber a valorização e o envolvimento do Supervisor Pedagógico com o grupo, o que acabará servindo de exemplo para o próprio envolvimento dos professores.
O Supervisor Pedagógico precisa ter um planejamento para essa formação contínua e este deve contemplar as necessidades do grupo de professores.
Neste especial, o trabalho do Supervisor Pedagógico é muito parecido com o trabalho do professor que, antes, precisa conhecer o que seus alunos já sabem e o que ainda precisam saber.
Devido às lacunas deixadas na formação inicial dos professores, é comum percebermos que os professores conhecem pouco sobre:
• o processo de aprendizagem dos alunos;
• a avaliação;
• como lidar com a indisciplina dos alunos;
• estratégias de ensino etc.
Agora a escolha foi feita, é hora de começar: o tema já foi escolhido, mas é necessário planejar uma tarefa a ser desenvolvida pelo grupo, pois a busca de objetivos comuns fortalece. É o momento de estabelecer o “como”, ou seja, a forma que irá favorecer o desenvolvimento dos objetivos propostos para esse trabalho.
O Supervisor Pedagógico deve ter muito cuidado ao abordar com os professores questões relativas às suas atividades docentes, pois não se deve levantar erros antes da construção de vínculos. Com os vínculos estabelecidos, é mais possível lidar com as críticas, com os não saberes e confrontar falhas.
Pode-se iniciar com o estudo teórico do tema escolhido. É preciso lembrar que os textos precisam estar adequados ao grupo. Mais uma vez, nesse caso, o Supervisor Pedagógico deve saber mais sobre o tema que os professores e, dessa forma, é preciso muito estudo. Também os professores devem fazer a leitura do texto escolhido antes da reunião.
O medo vai sendo superado com a construção de vínculos e com a própria compreensão do texto. Daí a necessidade do Supervisor Pedagógico estudar o texto e fazer levantamento dos pontos principais.
Quando acontecer o silêncio ou a simplificação excessiva dos conceitos, o Supervisor Pedagógico deverá levar o grupo de volta ao texto e ir, aos poucos, explicitando as ideias, fazendo perguntas e estabelecendo relações com a prática. Se os professores não levantarem questões sobre o texto, o Supervisor Pedagógico deverá fazê-lo.
O Supervisor Pedagógico deverá organizar uma pauta considerando o tempo que será dedicado ao encontro e distribuindo atividades. A pauta deve ser lida no início da reunião, pois isso organiza e prepara o grupo para as atividades que serão desenvolvidas, facilitando o trabalho.
Ao final de cada encontro, é necessário fazer a avaliação da reunião, pois essa avaliação ajuda a conhecer o grupo, facilitando a expressão de cada um e possibilitando o avanço na escrita dos professores.
Feito dessa forma, cada reunião pode iniciar pela leitura da síntese do encontro anterior, podendo ser lida por um ou dois elementos, ou mesmo por todos do grupo. Esse momento constitui-se, também, em espaço de reflexão, pois retoma as questões discutidas anteriormente.
O Supervisor Pedagógico deve estar preparado para fazer intervenções constantes, buscando sempre estabelecer vínculos. Também é preciso garantir que todos falem, assim como, caso haja ataque a algum elemento do grupo, é necessário intervir em sua defesa.
Se quisermos que os professores considerem a heterogeneidade de seus alunos, é preciso que o Supervisor Pedagógico desenvolva um trabalho com o grupo de professores que considere suas diferenças.
Freire (1993) nos lembra que fomos educados segundo uma concepção autoritária de educação, por isso, estamos acostumados a lidar com os grupos como se fosse “massa homogênea”. Daí a necessidade de construção de um projeto democrático de constituição dos grupos, envolvendo todos os participantes da escola.
É necessário lembrar que as pessoas que atuam na escola são as que podem protagonizar as mudanças e o Supervisor Pedagógico deve estar consciente de que seu papel é fundamental, especialmente investido na formação do grupo.
=====================================================================================
Aula 9: Aprender a Estudar em Grupo
A formação dos grupos de estudos na escola deve partir da premissa de que estudar de forma sistematizada se relaciona de forma coerente com a ideia de que professores e supervisores são formadores e formandos que negociam responsabilidades, compartilham necessidades, interesses e também contribuições teóricas.
A formação Há um sentido de parceria e cumplicidade nessa troca, na qual a construção e a transformação do conhecimento, ao mesmo tempo, constrói e transforma os sujeitos dessa relação.
O projeto da escola precisa ser um espelho que reflete cada um de seus participantes, suas características específicas e também a forma com que contribuem para o trabalho pedagógico, nesse caso, a escola também se reflete nessas ações e é nessa relação entre o individual e o coletivo que o trabalho do Supervisor Pedagógico acontece, porém, devendo sempre atuar mais preventivamente.
Dessa forma, as ações do Supervisor Pedagógico devem se pautar, exclusivamente, em aspectos informativos, ligados ao projeto que envolve todo o coletivo da escola, sendo o Supervisor Pedagógico o mediador dessa relação.
Essa formação deve produzir marcas constituídas de sentidos e significados valiosos para sua docência.
A grande ousadia do trabalho do Supervisor Pedagógico na formação continuada é a transformação da consciência do professor, cujo fruto seja a construção de uma prática pedagógica mais consistente, enriquecida, criativa e verdadeira, sendo o Supervisor Pedagógico alguém que não dita o que deve ser feito e sim alguém que transforma essas reuniões em espaço de dúvidas, cuidando das contradições, provocando estranhamentos, espelhando fazeres e falas e, assim, provocando a reflexão.
Segundo Terzi (2008, p. 108), quando a ideia do estudo em grupo já está presente na fala dos professores, outras provocações podem ser feitas:
• Não consigo pôr minha prática em teoria.
• Como tomar distância da própria prática, olhar o entorno e se ver naquela aprendizagem?
• Estou buscando “frestas” no meu trabalho. Como faço para torna-las concretas?
• Será que sei vercomo as crianças aprendem? O que se deseja que as crianças aprendam?
• Quero resgatar minhas dificuldades e buscar novas convicções.
• Tenho medo da escrita. Permitir-me com menos pressões e angústias. Não sei trabalhar com outras linguagens.
• Sinto-me só, não tenho interlocutores.
Essas questões são perturbadoras, portanto, não basta trazê-las para o espaço do grupo de estudos, é preciso que seja identificado o papel de cada um na busca de soluções, sendo necessário reconduzir aos lugares de atuação essas provocações e posicionamentos.
Bom, agora já temos um grupo de estudos formado com os combinados e desejos de aprendizagens de cada um, misturados à ansiedade da primeira aproximação.
Nos primeiros passos do grupo, sugerimos a tarefa de escrever sobre as próprias memórias, relembrando a decisão de cada um em se tornar professor ou outra função que esteja presente no grupo.
A autobiografia é a escrita reflexiva de nós mesmos, onde identificamos as opções passadas, compondo os projetos do amanhã. Ao relembrar nossas passagens como educadores, transportamos emoções, ternuras, inquietações, perplexidades que revelam as pessoas que são comuns no grupo, propiciando a descoberta de afinidades.
A revisão dos tempos de escola ajuda a tecer os primeiros significados, especialmente os de ensinar, aprender e estudar. Esses relatos, escritos ou contados, trazem pistas reflexivas do que nos motiva ou paralisa.
Após um período de encontros, é possível construir um acervo documentário com os encaminhamentos, identificações práticas ou teorias, perguntas, discussões e interpretações realizadas nos encontros.
Então, é necessário construir uma documentação sistematizando o vivido pelo grupo.
Essa documentação deve reunir um conjunto de informações, vivências, interpretações de leituras, percepções que propiciaram o nascimento de análises, revisões de perguntas, manifestações de subjetividades e também o sentimento de pertença.
Dessa forma, podemos ter como registro das atividades desenvolvidas no grupo referência para a construção documental:
• Anotações
• Revisão da escrita
• Debate de leituras
• Seleção de ideias centrais
• Sínteses
• Relato de experiências
• Reorganização de pauta
• Fotografias
• Discussão de filmes e imagens do cotidiano, etc.
A documentação dá visibilidade e transparência à história construída pelo grupo, retratando as buscas pedagógicas, cognitivas, culturais e afetivas. Também direciona o grupo ao caminho da pesquisa – ação (Segundo Kurt Levin, esse tipo de pesquisa se traduz pelo envolvimento do pesquisador com os sujeitos estudados, sendo os usuários potenciais das informações. (SOMMER E AMIC – s.d. -hartmut@unb/.br -Alimentando o ato de pensar e o desdobramento de novos projetos).
===============================================================================================
Aula 10: O planejamento da ação supervisora
Como já vimos, nas aulas de Planejamento Escolar, todo trabalho é uma ação humana dirigida a um fim e uma de suas características é a antecipação mental da finalidade da ação. Por isso, planejar não é algo estranho ao trabalho, é o exercício de antever uma intervenção com intencionalidade e selecionar caminhos e procedimentos coerentes com o fim estabelecido.
Dessa forma, podemos afirmar que o planejamento da prática na escola, representa uma necessidade inerente a esse tipo de intervenção social que leva à explicitação da nossa intencionalidade.
Como já foi visto na aula 5, o objetivo específico da atuação do Supervisor Pedagógico na escola é o processo de ensino-aprendizagem, tendo como compromisso a garantia da qualidade da formação humana que se processa nessa instituição, não se esgotando, portanto, no saber fazer bem ou no saber o que ensinar.
Assim, o trabalho pedagógico do supervisor  tem compromisso explícito com a formação humana, e suas ações só vão ter sentido a partir das relações que estabelecem com o contexto social, político, econômico e educacional. Dessa forma, concluímos que a ação supervisora é uma ação política.
Podemos dizer que um dos momentos de concretização do compromisso político do Supervisor Pedagógico diz respeito ao seu fazer técnico-pedagógico, sendo entendido como o domínio do saber escolar, dos métodos de ensino, da organização curricular, das regras que regem a instituição etc.
Saviani (1991) nos lembra que uma forma de mediação desse compromisso político é a competência técnica e com ela enfatizamos o planejamento. 
Já Libâneo (1992, p. 92) traduz dessa forma: “O planejamento é uma atividade de reflexão acerca das nossas opções e ações; se não pensarmos detidamente sobre o rumo que devemos dar ao nosso trabalho, ficaremos entregues aos rumos estabelecidos pelos interesses dominantes na sociedade. 
A ação de planejar, portanto, não se reduz ao simples preenchimento de formulários para controle administrativo, é antes, a atividade consciente de previsão das ações, fundamentadas em opções políticos pedagógicas (...)”.
Assim, podemos afirmar 
que o planejamento da prática pedagógica representa uma necessidade inerente a um tipo de intervenção que nos leva à explicitação da nossa intencionalidade, ou seja, no ato de planejar já manifestamos nossas opções, compromissos, princípios, enfim, nossas posições 
político-pedagógicas.
Essa intencionalidade também emerge 
a partir de situações concretas: nossas angústias, dificuldades, insatisfações, enfim, desafios da nossa prática. Nesse sentido, um bom diagnóstico torna-se algo precioso, assim como uma análise rigorosa das brechas existentes para uma possível intervenção.
Neste momento, vamos mais uma vez recorrer a Gandin (1994) quando cita Rubem Alves com o “Escoteiro Inteligente”, a ação de um escoteiro perdido na floresta. É preciso organizar a ação, sempre tendo em mente seu caráter científico e, dessa forma, é preciso:
===============================================================================================

Outros materiais