Buscar

ARTIGO 6

Prévia do material em texto

1. Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil.
Trabalho realizado no Serviço de Cirurgia de Coluna do Hospital Pequeno Príncipe, Curitiba, PR, Brasil. 
Correspondência:Rua Desembargador Motta, 1070, Curitiba, PR, Brasil. (41) 3310-1010. queruz.spine@gmail.com
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO DA ESCOLIOSE IDIOPÁTICA POR 
ARTRODESE POR VIA ANTERIOR E POSTERIOR
EVALUATION OF IDIOPATHIC SCOLIOSIS BY ANTERIOR AND POSTERIOR ARTHRODESIS
EVALUACIÓN DEL TRATAMIENTO DE LA ESCOLIOSIS IDIOPÁTICA POR ARTRODESIS 
ANTERIOR Y POSTERIOR
Artigo originAl/originAl Article/Artículo originAl
RESUMO
Objetivo: Avaliar comparativamente o tratamento cirúrgico da escoliose idiopática do adolescente tipo 5CN por abordagem anterior e 
posterior. Métodos: A pesquisa consta de um estudo retrospectivo comparativo entre dois grupos de pacientes operados pela técnica de 
artrodese de coluna toracolombar por abordagem anterior e posterior. Foram selecionados sequencialmente 22 pacientes, 11 operados por 
via anterior – denominado Grupo I – e 11 por via posterior – Grupo II. Realizou-se anamnese e exame físico, assim como foram coletados 
dados de tempo de permanência hospitalar e em UTI, o grau de correção, as comorbidades e as imagens radiográficas do pré e pós-
-operatório. Resultados: A média de idade foi de 13,7 anos no Grupo I e de 14 anos no Grupo II. O tempo médio de internação hospitalar 
foi 5,81 dias para o Grupo I e 5 para o Grupo II. A média de internação em UTI foi de 2,81 e 2 dias, respectivamente. Considerando-se os 
níveis operados, o Grupo I apresentou média de 4,81 vértebras (4 a 6 níveis), sendo que o Grupo II apresentou média de 6,36 vértebras 
(5 a 11 níveis). As complicações não apresentaram diferença estatisticamente significativa. Conclusão: Apesar do número limitado de 
pacientes nos grupos, demonstrou-se que a abordagem posterior diminui o número de dias necessários, tanto em hospitalização, quanto 
em UTI. Entretanto, constatou-se um aumento dos níveis incluídos na artrodese.
Descritores: Escoliose; Fusão vertebral; Vértebras torácicas; Procedimentos cirúrgicos operatórios; Adolescente. 
ABSTRACT
Objective: To evaluate comparatively surgical treatment of adolescent idiopathic scoliosis type 5CN by anterior and posterior approach. 
Methods: The study consists of a comparative retrospective study of two groups of patients with the thoracolumbar spine arthrodesis tech-
nique by anterior and posterior approach. Twenty and two patients were sequentially selected, 11 operated by anterior approach - called
Group I - and 11 by posterior approach - Group II. Anamnesis and physical examination were performed, as well as length of hospital stay 
and ICU stay, degree of correction, comorbidities and pre and postoperative radiographic images data were gathered. Results: The mean 
age was 13.7 years in Group I and 14 years in Group II. The average hospital stay was 5.81 days for Group I and 5 for Group II. The average 
ICU stay was 2.81 and 2 days, respectively. Considering the operated levels, Group I presented an average of 4.81 vertebrae (4-6 levels), 
and Group II presented an average of 6.36 vertebrae (5-11 levels). Complications did not show statistically significant difference. Conclusion: 
Despite the limited number of patients in groups, it was demonstrated that the posterior approach reduces the number of days of hospita-
lization and ICU stay. However, it was found increased levels included in the arthrodesis.
Keywords: Scoliosis; Spinal fusion; Thoracic vertebrae; Surgical procedures, operative; Adolescent.
RESUMEN
Objetivo: Evaluar comparativamente el tratamiento quirúrgico de la escoliosis idiopática del adolescente del tipo 5CN por abordaje anterior 
y posterior. Métodos: Consiste en un estudio retrospectivo comparativo de dos grupos de pacientes operados por la técnica de artrodesis 
toracolumbar, de la columna vertebral por abordaje anterior y posterior. De manera secuencial se seleccionaron 22 pacientes, 11 operados por 
abordaje anterior – denominado Grupo I – y 11 por abordaje posterior – Grupo II. Se realizaron anamnesis y examen físico, y se recogieron datos 
de estancia hospitalaria y en la UCI, el grado de corrección, comorbilidades y las imágenes radiográficas pre y postoperatorias. Resultados: La 
edad media fue 13,7 años en el Grupo I y 14 años en el Grupo II. La estancia hospitalaria para el Grupo I fue de 5,81 días y 5 días para el Grupo 
II. La estancia media en la UCI fue 2,81 días y 2 respectivamente. Teniendo en cuenta los niveles operados, el Grupo I tenía un promedio de 4,81 
vértebras (4-6 niveles), y el Grupo II tuvo un promedio de 6,36 vértebras (5-11 niveles).. No hubo diferencia estadística significativa en las compli-
caciones. Conclusión: A pesar del número limitado de pacientes en ambos grupos, se demostró que el abordaje posterior disminuye el número 
de días requeridos tanto en la hospitalización como en la UCI. Sin embargo, se encontró un aumento de los niveles involucrados en la artrodesis.
Descriptores: Escoliosis; Fusión vertebral; Vértebras torácicas; Procedimientos quirúrgicos operativos; Adolescente.
JeAn cArlo Frigotto Queruz¹, AllAn KAto1, cArlos Abreu de AguiAr1, luiz Muller AvilA1, luis eduArdo Munhoz dA rochA1
Recebido em 23/02/2015, aceito em 22/04/2015. http://dx.doi.org/10.1590/S1808-185120151402145201
INTRODUÇÃO
A escoliose idiopática do adolescente é definida como uma 
curva lateral e rotacional da coluna vertebral, medindo pelo menos 
10 graus, determinados pelo método de Cobb.1,2
A Sociedade de Pesquisa em Escoliose (SRS) recomenda que 
a escoliose idiopática seja classificada de acordo com a idade do 
paciente quando o diagnóstico e feito. A escoliose infantil ocorre do 
nascimento aos 3 anos de idade; a escoliose idiopática juvenil entre 
as idades de 4 e 10 anos; e a escoliose idiopática do adolescente 
entre 10 anos de idade e a maturidade esquelética.3
Coluna/Columna. 2015;14(2):88-92
89
Como o próprio nome indica, a etiologia da escoliose idiopática 
da adolescência é desconhecida e descrita como multifatorial, e 
diversos estudos têm mostrado que sua prevalência é maior no 
sexo feminino.2,4-7 Em geral, seu diagnóstico é feito por exclusão.2
As curvas escolióticas progridem durante o estirão de cresci-
mento, podendo também progredir na vida adulta, resultando em 
graves deformidades.8 No período de 1998-2003, Wajchenberg
et al.9 examinaram e acompanharam 100 pacientes com escoliose 
idiopática do adolescente, e elaboraram heredograma de cada 
um deles, através de dados obtidos com entrevistas. Encontraram 
prevalência familiar de 5,21% entre parentes de primeiro grau, e 
4,29% entre os de segundo grau. As prevalências de curvas iguais 
ou maiores que 10 graus, descritas na literatura, variam entre 1,2 
e 4,8%.8 A pesquisa atual sobre a etiologia da escoliose idiopática 
identificou vários fatores causadores possíveis, tais como: genética, 
forças biomecânicas anormais, anormalidade do tecido conjunti-
vo.10 No Brasil, a prevalência varia entre 1,03 e 15,8%.7,11
Estima-se que curvas escolióticas idiopáticas superiores a 10° 
ocorram em 2% a 3% das pessoas com menos de 16 anos de 
idade, sendo que menos de 10% das crianças com curvas de 10 
ou mais necessitam tratamento.10
O primeiro passo para entender a escoliose idiopática do ado-
lescente é saber classificá-la, possibilitando assim avaliar um caso 
clínico, estimar um prognóstico12 e orientar e comparar os diferentes 
métodos de tratamento.13
A primeira classificação para escoliose foi proposta por Schul-
thess14 em 1905-1907, seguida por várias outras classificações ao 
longo do Século XX15 até que, em 1983, King et al.12 propuseram 
uma classificação que se tornou mundialmente aceita e passou a 
orientar o tratamento para escoliose. Esta classificação é baseada 
no plano coronal e divide as curvas torácicas em cinco tipos, reco-
mendando o nível vertebralpara ser artrodesado. Na década de 90, 
surgiram diversos trabalhos criticando a classificação de King por 
demonstrar: 1) Pouca reprodutibilidade16 2) Avaliar curvas somente 
no plano coronal;17 3) Apresentar erros na indicação do nível artro-
dese;18 4) Ser elaborada para artrodese com hastes de Harrington; 
5) Não quantificar deformidade lombar19 e 6) Não englobar todos 
os tipos de curva. Visando corrigir esses erros, Lenke propôs uma 
nova classificação baseada em radiografias nos planos coronal e 
sagital com um quantificador da deformidade lombar.20
A classificação de Lenke é composta por três componentes: 
tipo da curva (1 a 6), modificador da coluna lombar (A, B, ou C) 
e modificador torácico sagital (-, N, +). Lenke estabeleceu que 
todo paciente com escoliose possui três curvas (torácica proximal, 
torácica principal e toracolombar/lombar), sendo a de maior men-
suração, chamada curva maior, obrigatoriamente rígida. As outras 
duas curvas, chamadas menores, podem ser flexíveis, caso as 
radiografias de inclinação lateral corrijam para valor inferior a 25º, 
ou rígidas, caso não corrijam para menos de 25º e/ou apresentem 
uma cifose maior que 20°.21
O segundo componente da classificação refere-se ao modifi-
cador lombar. Para estabelecê-lo, primeiro se corrige a obliquidade 
pélvica, em seguida traça-se uma linha vertical a partir do centro 
do sacro (LVCS) na radiografia coronal; caso essa linha não toque 
os pedículos das vértebras lombares a curva recebe o modificador 
lombar A, caso a LVCS encontre os pedículos das vértebras lom-
bares receberá o modificador lombar B, e se ultrapassar os limites 
ósseos da vértebra receberá o modificador lombar C.21
O último componente da classificação refere-se ao modificador torá-
cico sagital. Para quantificá-lo, faz-se a mensuração da cifose entre a 5ª 
e 12ª vértebra, caso seja inferior a 10º, receberá o sinal -, se estiver entre 
10º e 40º receberá sinal N, e quando maior que 40º receberá sinal +.21
A classificação de Lenke foi avaliada, com índices variando de 
0.89 a 0.73, média 0.78, para reprodutibilidade intraobservador, o 
que demonstra boa reprodutibilidade (Kappa >0.75)22 e índices 
entre 0.74 e 0.62, média 0.63, para interobservador, demonstrando 
uma reprodutibilidade razoável (0.5< Kappa <0.75).23
Em crianças e adolescentes, a cirurgia é considerada se a curva 
atingir uma magnitude que pode se tornar perturbadora na idade adulta.4
Embora a maioria dos autores recomende cirurgia quando a curva 
atinge 50°, outros fatores necessitam ser considerados. Curvas lomba-
res e toracolombares menores podem causar importante desvio do tron-
co, descompensação coronal e deformidade cosmética. Curvas duplas 
de 50° não são tão inaceitáveis cosmeticamente quanto curvas simples, 
e se ocorrer progressão em paciente esqueléticamente maduros, é 
provável que seja gradual. Em um paciente imaturo, por outro lado, a 
cirurgia pode ser considerada para curvas entre 40° e 50°, dependendo 
do aspecto clínico. A cirurgia é mais provavelmente necessária em um 
paciente com uma curva que progride apesar de tratamento com órtese 
eu em um paciente que não recebeu tratamento com órtese.4
A presente pesquisa avalia comparativamente o tratamento 
cirúrgico da escoliose idiopática do adolescente por via cirúrgica 
anterior e via cirúrgica posterior. 
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa em questão foi aprovada pelo Comitê de Ética sob 
o número CAAE 15878113.1.0000.0097, tratando-se de um estudo 
retrospectivo comparativo entre dois grupos de pacientes operados 
pela técnica de artrodese de coluna toracolombar via anterior e via 
posterior no Serviço de Cirurgia da Coluna do Hospital Pequeno 
Príncipe de Curitiba,PR, Brasil. Foram selecionados consecutiva-
mente 22 pacientes operados pelas técnicas e acometidos por es-
coliose idiopática do adolescente Lenke tipo 5CN. Foram avaliados 
11 pacientes em que foi utilizado como método de artrodese por via 
anterior – denominado de Grupo I – e 11 pacientes em que se utilizou 
artrodese por via posterior – Grupo II. (Figuras 1 e 2) Considerou-se 
um seguimento mínimo de 2 anos. Entretanto, a imensa maioria dos 
pacientes selecionados, mesmo de forma aleatória, apresenta um 
seguimento superior a dois anos.
Todos os pacientes foram operados com a mesma técnica 
cirúrgica e pelo mesmo cirurgião, conforme o grupo escolhido, 
consecutivamente e sequencialmente.
Os dados dos pacientes foram coletados via prontuário médico 
no que se refere à anamnese, exame físico do pré e pós-operatórios. 
Da mesma maneira, foram avaliadas as radiografias (anteroposterior, 
perfil e dinâmicos) nos diversos momentos desde o pré-operatório 
até o seguimento mínimo considerado neste estudo. Foram ava-
liados listese estática e dinâmica, fusão, lise, alinhamento, quebra 
Figura 1. Radiografias sequenciais nas incidências em perfil, anteroposterio-
res e dinâmicas. Paciente submetido a tratamento cirúrgico por via anterior.
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO DA ESCOLIOSE IDIOPÁTICA PELA ARTRODESE VIA ANTERIOR E POSTERIOR
Coluna/Columna. 2015;14(2):88-92
90
ou soltura do material. Quanto às complicações clínicas no pós-
-operatório, foram consideradas infecção superficial e profunda na 
ferida operatória, comorbidades sistêmicas secundárias ao processo 
cirúrgico, óbito.
Os critérios de inclusão foram os pacientes portadores de es-
coliose idiopática do adolescente Lenke tipo 5CN com seguimento 
mínimo de 2 anos. Os critérios de exclusão foram os pacientes com 
patologias associadas, doenças sistêmicas que comprometessem 
a região cirúrgica ou o seu resultado cirúrgico (artrite reumatoide, 
lúpus eritematoso sistêmico e diabetes).
A análise estatística dos dados foi feita com o Teste Exato de Fischer.
RESULTADOS
Entre os 11 pacientes selecionados do Grupo I (Via Anterior), 
foram observados 10 pacientes (90,1%) do sexo feminino e 1 (0,9%) 
do sexo masculino, com um seguimento médio de 24 meses. A média 
de idade foi de 13,7 anos, variando de 12 a 15 anos. O tempo médio 
de internação hospitalar foi 5,81 dias com 2,81 dias de média de in-
ternação em UTI. No Grupo II (Via Posterior), com 11 pacientes, foram 
avaliados 10 pacientes (90,1%) do sexo feminino e um (0,9%) do sexo 
masculino, com seguimento médio de 24 meses. A média de idade foi 
de 14 anos, variando de 12 a 17 anos. O tempo médio de internação 
hospitalar foi de 5 dias, com permanência de 2 dias em UTI.
Considerando-se os níveis operados, no Grupo I apresentou-
-se com uma média de 4,81 vértebras artrodesadas (4–6 níveis de 
artrodese), sendo que o Grupo II apresentou-se com uma média de 
6,36 vértebras artrodesadas (5–11 níveis de artrodese).
Como complicações no Grupo I, observou-se em um caso que-
bra de material (haste), com boa evolução clínica e radiográfica, 
não precisando de reintervenção. Tendo outro caso evoluindo com 
pseudoartrose L2-L3, o qual foi submetido a novo procedimento 
cirúrgico por artrodese via posterior. No Grupo II, não se observaram 
complicações no período de seguimento.
DISCUSSÃO
O tratamento de curvas simples, estruturadas, lombares e tora-
colombares em pacientes com escoliose idiopática do adolescente 
tem sido objeto de debate. A técnica de abordagem anterior foi 
inicialmente advogada por Dwyer,24 em 1968 com parafusos inse-
ridos nos corpos vertebrais e um cabo de compressão, com boa 
correção coronal documentada em vários artigos.22-26 Entretanto, 
o efeito cifotizante, pobre derrotação e uma taxa inaceitável de 
pseudoartrose foi documentada em seguimento posterior.22
Para remediar a pobre derrotação, Zielke27 adicionou outra haste 
de 3.2mm por via anterior. Melhor correção coronal foi notada, com 
melhor aspecto de derrotação sobre o cabo original de Dwyer.28-31 
Análises subsequentes destes relatos mostraram a uniformidade 
do efeito cifotizante da compressão anterior no lado convexocom 
esses dispositivos e novamente, uma relativa elevada incidência 
de pseudoartrose.32 
O advento de hastes solidas foram a nova geração da instru-
mentação anterior para escoliose lombar e toracolombar. A combi-
nação de hastes solidas anteriormente com enxertos estruturados 
intervertebrais (anéis femorais ou cages de titânio) permitiram criar 
ou manter a lordose na coluna lombar e toracolombar em combina-
ção com correção satisfatória coronal e axial. Entretanto, resquícios 
de pseudoartrose se mantiveram.33,34 A adição de instrumentação 
com dupla haste parecia resolver esta questão.35
O conceito de Hall36 – uma construção muito curta (3 ou 4 
segmentos) com hipercorreção do ápice – produziu excelentes 
resultados coronais. Uma grande flexibilidade é requisito para o 
sucesso da implementação dessa abordagem. O efeito cifotizante 
sobre esses segmentos ainda é uma questão, não sendo reporta-
dos casos de peseudoartrose.32 
Instrumentação e fusão por via anterior para a escoliose idiopá-
tica tornou-se popular com a introdução da instrumentação de Har-
rington.37 Mas novos sistemas de instrumentação surgiram, como o 
de Cotrel-Dubousset, oferecendo as vantagens de melhor correção 
frontal e sagital, promovendo estabilidade primária.38 
A substituição posterior de ganchos para parafusos pediculares 
como âncoras vertebrais, deu mais força para a instrumentação 
posterior, possibilitando correções maiores a serem feitas.39
A comparação entre a instrumentação posterior usando para-
fusos pediculares e anterior usando sistemas de correção por via 
anterior toracolombar e lombar vem sendo discutido há anos.40-42
Defensores do acesso posterior afirmam que a liberação poste-
rior com parafusos pediculares mantêm a lordose lombar com uma 
abordagem simples, similar correção e fusão vertebral.32,43
Da mesma forma, defensores da abordagem anterior afirmam 
que menos níveis de fusão são necessários, obtendo uma melhor 
correção no plano frontal.43
Nesta pesquisa, foram analisados prontuários de 22 pacientes, 
os quais foram alocados em dois grupos distintos, de acordo com o 
tipo de procedimento cirúrgico realizado para a correção de curvas 
escolióticas da coluna vertebral idiopáticas do adolescente, Lenke 
tipo 5CN - Grupo I (Técnica de artrodese de coluna toracolombar 
por via anterior) e o Grupo II (Técnica de artrodese de coluna tora-
colombar por via posterior).
O número de indivíduos foi o mesmo para os dois grupos
(11 pacientes em cada grupo); a idade média da data cirúrgica 
no Grupo I foi de 13,72 anos (12 a 15 anos) e no Grupo II foi de 
14 anos (11 a 17 anos).
Quanto a redução dos graus na curva escoliótica, houve uma 
redução média de 11º no Grupo I e 50º no Grupo II; apresentando 
uma média da redução em percentual no Grupo I de 63% e no 
Grupo II de 77%. (Tabela 1)
Tabela 1. Análises descritivas entre o Grupo I e Grupo II.
Análises descritivas: Grupo I Grupo II
Idade Média no momento da cirurgia 13,72 14
Intervalo da idade no momento da cirurgia (15-12) (17-11)
Média de redução do ângulo em graus 11° 50°
Intervalo de redução do ângulo em graus (27%-84%) (67%-88%)
Média do percentual de redução 63% 77%
Média de vértebras artrodesadas 4,81 6,3
Intervalo de vértebras artrodesadas (4-6) (5-11)
Figura 2. Radiografias sequenciais nas incidências em anteroposterior, perfil e 
dinâmicas de um paciente submetido a tratamento cirúrgico por via posterior.
Coluna/Columna. 2015;14(2):88-92
91
A partir da análise descritiva dos grupos, observa-se que a 
redução média de ângulo em graus e o percentual médio de re-
dução são superiores no Grupo II. Essas informações sugerem 
que os grupos podem ter desempenhos diferentes e, caso seja 
estatisticamente comprovada esta hipótese, pode-se verificar se 
realmente o Grupo II é superior ao grupo I. (Figura 3)
Verificando a frequência dos percentuais de correção:
Pode-se perceber que o Grupo I tem apenas quatro de seus 
indivíduos com percentuais de Correção da Curva Escoliótica acima 
de 70%, enquanto que no Grupo II essa número passa a ser de nove.
Diante disso, formaliza-se a hipótese nula, onde os grupos I e 
II não apresentam diferença significativa no percentual de correção 
da curva escoliótica, e a hipótese alternativa que declara diferença 
significativa entre os grupos neste quesito.
Para a verificação das hipóteses elencadas, optou-se pela utiliza-
ção de técnica estatística não paramétrica, denominada Teste Exato 
de Fisher. Para as análises, foi utilizado o software estatístico livre R.
Verificou-se que, com um p-valor de 0,0805, ao nível de 95% 
d confiança não houve diferença significativa entre os dois tipos 
de intervenção cirúrgica sob a redução percentual da correção de 
curvatura escoliótica.
Avaliando possíveis diferenças entre os grupos pelo número 
de vertebras artrodesadas, tem-se as representações gráficas dos 
grupos na Figura 4.
Pode-se verificar que o Grupo I tem a maior parte dos procedi-
mentos com a indicação entre quatro e cinco vértebras artrodesa-
das, em detrimento ao Grupo II com a maioria de indicações entre 
cinco e oito vértebras artrodesadas. Novamente pode-se verificar 
indícios de diferenças entre os grupos I e II.
Na verificação de vertebras artrodesadas pelo teste exato de 
Fisher, obteve-se um p-valor 0,02374, fornecendo indícios de dife-
rença significativa entre os grupos a partir do número de vértebras 
artrodesadas.
Figura 3. Percentual de correção da curva escoliótica nos grupos I e II.
Figura 4. Frequência do número de vertebras artrodesadas nos Grupos I e II.
Foram comparadas entre os grupos as demais variáveis: per-
centual de correção da curva escoliótica (com referencial de corte 
em 70%); dias em UTI, dias de internação e comorbidades.
Entre dias em UTI e dias de internação, obteve-se os mesmos 
resultados. Em ambos os testes, há evidências estatísticas sufi-
ciente, ao nível de 95% de confiança, podendo-se assumir que o 
procedimento de intervenção cirúrgica pelo método de artrodese 
de coluna por via anterior difere significativamente do método de 
artrodese de coluna por via posterior tanto para dias em UTI quanto 
para dias de internação. Verificando as médias das variáveis em 
testes, pode-se assumir que o método de artrodese de coluna 
por via posterior tem menor tempo de internação e estadia em 
UTI, consequentemente seria o procedimento mais indicado por 
estas óticas.
Quanto a comorbidade, o teste exato de Fisher produziu um 
p-valor de 0,4762, muito acima do p-valor crítico de 0,05. Assim, o 
teste descartou a presença de diferença significativa entre os proce-
dimentos cirúrgicos, comparados pela presença de comorbidade.
CONCLUSÃO
O estudo comparativo dos tratamentos cirúrgicos de escoliose 
idiopática do adolescente Lenke 5CN por via cirúrgica anterior e 
via cirúrgica posterior, apesar de possuir um número limitado de 
pacientes, não apresentou resultados significativos na redução de 
ângulo de curvatura para algum dos procedimentos. Avaliando as 
demais variáveis disponíveis, pode-se identificar melhor desempe-
nho para o método de artrodese de coluna por via posterior quanto 
aos dias em UTI e dias de internação. Sendo que, observou-se 
que, apesar do maior número de vértebras artrodesadas, os pa-
cientes tendem a se recuperar em menor tempo no grupo de 
artrodese por via posterior.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de 
interesses referente a este artigo.
Grupo I
Grupo II
Vértebras Artrodesadas
Vértebras Artrodesadas
Fr
eq
uê
nc
ia
s
Fr
eq
uê
nc
ia
s
 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0
 5 6 7 8 9 10 11
 0
 
2 
 4
 
6
 0
 
2 
 4
 6
 8
Grupo I
Grupo II
Percentual de correção
Percentual decorreção
Fr
eq
uê
nc
ia
s
Fr
eq
uê
nc
ia
s
 20 30 40 50 60 70 80 90
 65 70 75 80 85 90
 0
.0
 
1.
5 
 3
.0
 0
.0
 
1.
5 
 3
.0
AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO DA ESCOLIOSE IDIOPÁTICA PELA ARTRODESE VIA ANTERIOR E POSTERIOR
Coluna/Columna. 2015;14(2):88-92
92
REFERÊNCIAS
1. Bunnell WP. Selective screening for scoliosis. Clin Orthop Relat Res. 
2005;(434):40-5. 
2. Lonstein JE. Adolescent idiopathic scoliosis. Lancet. 1994;344(8934):1407-12.
3. Freeman III BL. Escoliose e cifose. In: Canale, ST. Cirurgia Ortopédica de Campbell Vol. II. 
Décima Edição. Editora Manole; 2006; 1757-1759.
4. Justice CM, Miller NH, Marosy B, Zhang J, Wilson AF. Familial idiopathic 
scoliosis: evidence of an X-linked susceptibility locus. Spine (Phila Pa 1976). 
2003;28(6):589-94. 
5. Alden KJ, Marosy B, Nzegwu N, Justice CM, Wilson AF, Miller NH. Idiopathic 
scoliosis: identification of candidate regions on chromosome 19p13. Spine (Phila 
Pa 1976). 2006;31(16):1815-9.
6. Wong HK, Hui JH, Rajan U, Chia HP. Idiopathic scoliosis in Singapore schoolchil-
dren: a prevalence study 15 years into the screening program. Spine (Phila Pa 1976). 
2005;30(10):1188-96. 
7. Bunge EM, Juttmann RE, de Koning HJ. Screening for scoliosis: do we have indications 
for effectiveness? J Med Screen. 2006;13(1):29-33. 
8. Lonstein JE, Winter RB, Moe JH, Bianco AJ, Campbell RG, Norval MA. School 
screening for the early detection of spine deformities. Progress and pitfalls. 
Minn Med. 1976;59(1):51-7.
9. Wajchenberg M, Puertas EB, Zatz M. Estudo da prevalência da escoliose idiopática do 
adolescente em pacientes brasileiros. Coluna/Columna. 2005;4(3):113-68.
10. Weinstein SL. Adolescent idiopathic scoliosis: prevalence and natural history. In Weinstein SL, 
editor. The pediatric spine: principles and practice. New York: Raven Press; 1994. p. 463–78.
11. Elias N, Teixeira JCM. Escoliose idiopática do adolescente; diagnóstico precoce através 
de exame ortopédico rotineiro. Rev Bras Ortop. 1992; 27(4):275-7.
12. King HA, Moe JH, Bradford DS, Winter RB. The selection of fusion levels in thoracic 
idiopathic scoliosis. J Bone Joint Surg Am. 1983;65(9):1302-13.
13. Burstein AH. Fracture classification systems: do they work and are they useful? J Bone 
Joint Surg Am. 1993;75(12):1743-4.
14. Schulthess W. Die pathologie und therapie der rückgratsverkrümmungen. In: Joachimsthal 
G. Handbuch der orthopädischen chirurgie. Jena: Gustav Fischer Verlag; 1905-1907. 
15. Goldstein LA. The surgical management of scoliosis. Clin Orthop Relat Res. 1964;35:95-115.
16. Lenke LG, Betz RR, Bridwell KH, Clements DH, Harms J, Lowe TG, et al. Intraobserver 
and interobserver reliability of the classification of thoracic adolescent idiopathic scoliosis. 
J Bone Joint Surg Am. 1998;80(8):1097-106. 
17. Bridwell KH, McAllister JW, Betz RR, Huss G, Clancy M, Schoenecker PL. Coronal de-
compensation produced by Cotrel-Dubousset “derotation” maneuver for idiopathic right 
thoracic scoliosis. Spine (Phila Pa 1976). 1991;16(7):769-77. 
18. Lee CK, Denis F, Winter RB, Lonstein JE. Analysis of the upper thoracic curve in surgically 
treated idiopathic scoliosis. A new concept of the double thoracic curve pattern. Spine 
(Phila Pa 1976). 1993;18(12):1599-608. 
19. Lenke LG, Bridwell KH, Baldus C, Blanke K, Schoenecker PL. Cotrel-Dubousset instru-
mentation for adolescent idiopathic scoliosis. J Bone Joint Surg Am. 1992;74(7):1056-67. 
20. Lenke LG, Betz RR, Harms J, Bridwell KH, Clements DH, Lowe TG, et al. Adolescent 
idiopathic scoliosis: a new classification to determine extent of spinal arthrodesis. J Bone 
Joint Surg Am. 2001;83(8):1169-81.
21. Vialle EN, Vialle LR, Martins Filho DE, Jorge RM. Confiabilidade de uma versão em por-
tuguês da classificação de Lenke para escoliose idiopática do adolescente. Coluna/Co-
lumna. 2006;5(2):77-83. 
22. Kaneda K, Shono Y, Satoh S, Abumi K. New anterior instrumentation for the management 
of thoracolumbar and lumbar scoliosis. Application of the Kaneda two-rod system. Spine 
(Phila Pa 1976). 1996;21(10):1250-61.
23. Ogon M, Giesinger K, Behensky H, Wimmer C, Nogler M, Bach CM, et al. Interobserver 
and intraobserver reliability of Lenke’s new scoliosis classification system. Spine (Phila 
Pa 1976). 2002;27(8):858-62. 
24. Dwyer AF. Experience of anterior correction of scoliosis. Clin Orthop Relat Res. 
1973;(93):191-206. 
25. Kohler R, Galland O, Mechin H, Michel CR, Onimus M. The Dwyer procedure in the 
treatment of idiopathic scoliosis. A 10-year follow-up review of 21 patients. Spine (Phila 
Pa 1976). 1990;15(2):75-80. 
26. Giehl JP, Völpel J, Heinrich E, Zielke K. Correction of the sagittal plane in idiopathic scolio-
sis using the Zielke procedure (VDS). Int Orthop. 1992;16(3):213-8. 
27. Kaneda K, Fujiya N, Satoh S. Results with Zielke instrumentation for idiopathic thoraco-
lumbar and lumbar scoliosis. Clin Orthop Relat Res. 1986;(205):195-203. 
28. Ogiela DM, Chan DP. Ventral derotation spondylodesis. A review of 22 cases. Spine (Phila 
Pa 1976). 1986;11(1):18-22. 
29. Bernstein RM, Hall JE. Solid rod short segment anterior fusion in thoracolumbar scoliosis. 
J Pediatr Orthop B. 1998;7(2):124-31. 
30. Hurford RK Jr, Lenke LG, Lee SS, Cheng I, Sides B, Bridwell KH. Prospective radio-
graphic and clinical outcomes of dual-rod instrumented anterior spinal fusion in adoles-
cent idiopathic scoliosis: comparison with single-rod constructs. Spine (Phila Pa 1976). 
2006;31(20):2322-8. 
31. Cochran T, Irstam L, Nachemson A. Long-term anatomic and functional changes in pa-
tients with adolescent idiopathic scoliosis treated by Harrington rod fusion. Spine (Phila 
Pa 1976). 1983;8(6):576-84. 
32. Geck MJ, Rinella A, Hawthorne D, Macagno A, Koester L, Sides B, et al. Comparison of 
surgical treatment in Lenke 5C adolescent idiopathic scoliosis: anterior dual rod versus 
posterior pedicle fixation surgery: a comparison of two practices. Spine (Phila Pa 1976). 
2009;34(18):1942-51. 
33. Hsu LC, Zucherman J, Tang SC, Leong JC. Dwyer instrumentation in the treatment of 
adolescent idiopathic scoliosis. J Bone Joint Surg Br. 1982;64(5):536-41. 
34. Lowe TG, Peters JD. Anterior spinal fusion with Zielke instrumentation for idiopathic 
scoliosis. A frontal and sagittal curve analysis in 36 patients. Spine (Phila Pa 1976). 
1993;18(4):423-6. 
35. Sweet FA, Lenke LG, Bridwell KH, Blanke KM. Maintaining lumbar lordosis with anterior 
single solid-rod instrumentation in thoracolumbar and lumbar adolescent idiopathic sco-
liosis. Spine (Phila Pa 1976). 1999;24(16):1655-62. 
36. Dwyer AF, Schafer MF. Anterior approach to scoliosis. Results of treatment in fifty-one 
cases. J Bone Joint Surg Br. 1974;56(2):218-24.
37. Harrington PR. Treatment of scoliosis. Correction and internal fixation by spine instrumen-
tation. J Bone Joint Surg Am. 1962;44:591-602.
38. Bridwell KH, Betz R, Capelli AM, Huss G, Harvey C. Sagittal plane analysis in idiopathic 
scoliosis patients treated with Cotrel-Dubousset instrumentation. Spine (Phila Pa 1976). 
1990;15(7):644-9. 
39. Li M, Ni J, Fang X, Liu H, Zhu X, He S, et al. Comparison of selective anterior versus 
posterior screw instrumentation in Lenke5C adolescent idiopathic scoliosis. Spine (Phila 
Pa 1976). 2009;34(11):1162-6. 
40. Suk SI, Lee CK, Chung SS. Comparison of Zielke ventral derotation system and Cotrel-
Dubousset instrumentation in the treatment of idiopathic lumbar and thoracolumbar 
scoliosis. Spine (Phila Pa 1976). 1994;19(4):419-29
41. Burton DC, Asher MA, Lai SM. Patient-based outcomes analysis of patients with single 
torsion thoracolumbar-lumbar scoliosis treated with anterior or posterior instrumentation: 
an average 5- to 9-year follow-up study. Spine(Phila Pa 1976). 2002;27(21):2363-7. 
42. Hee HT, Yu ZR, Wong HK. Comparison of segmental pedicle screw instrumentation versus 
anterior instrumentation in adolescent idiopathic thoracolumbar and lumbar scoliosis. Spine 
(Phila Pa 1976). 2007;32(14):1533-42. 
43. Halm H, Niemeyer T, Link T, Liljenqvist U. Segmental pedicle screw instrumentation in 
idiopathic thoracolumbar and lumbar scoliosis. Eur Spine J. 2000;9(3):191-7.
Coluna/Columna. 2015;14(2):88-92

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes