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Daniela
Ferreira
January 8, 2015
Metabolismo Urbano – As Cidades Também Comem
pme.pt/metabolismo-urbano-cidades-comem/
Estamos habituados a pensar numa cidade como uma unidade de urbanismo. Uma unidade
física que nos abriga e acolhe no dia-a-dia corriqueiro das nossas vidas. Todavia, em 1965,
Abel Wolman olhou a cidade de uma forma diferente.
No seu trabalho designado “O metabolismo das cidades” desenvolveu o conceito de
metabolismo urbano que viria a mudar toda uma forma de pensar sobre elas.
O metabolismo urbano é definido como a quantificação das necessidades de materiais e
bens necessárias ao suporte das tarefas humanas nas cidades, incluindo a remoção e
deposição dos resíduos.
De uma forma mais simples, Wolman olhou para a cidade de uma perspetiva orgânica e
biológica e viu que, à semelhança de todos os organismos vivos, também a cidade precisava
de uma fonte de energia e de alimento para que pudesse crescer e desenvolver-se da forma
como a conhecemos.
Depois da primeira definição de Wolman, mais de quarentena anos depois, Kennedy e os
seus colegas aprimoraram o conceito, definindo-o como a soma total dos processos
técnicos e socioeconómicos que ocorrem nas cidades, e que resultam no seu
crescimento, produção de energia, e eliminação de desperdícios sob a forma de
resíduos.
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Desta forma, o conceito de Metabolismo Urbano é baseado na metáfora ecossistémica
onde as cidades são consideradas sistemas complexos, que para crescerem necessitam de
consumir matérias-primas, água e ar (que são extraídos do ambiente e que são
posteriormente transformadas parcialmente em produtos). Dado que os processos de
transformação das matérias-primas têm grandes ineficiências deles resultam resíduos e
emissões que são devolvidos à natureza, fechando-se assim o ciclo de materiais.
Os problemas ambientais surgem não só na fase de deposição dos desperdícios mas também
durante todo o processo de crescimento da cidade.
Para que se possa compreender quais as ações a desenvolver, com o intuito de minimizar as
consequências ambientais nefastas resultantes do metabolismo das cidades, é
necessário proceder à contabilização e monitorização dos fluxos de materiais bem como das
quantidades envolvidas, para que se possa mais facilmente ter uma ideia dos possíveis
impactes.
De acordo com a primeira lei da termodinâmica (a lei da conservação da massa), tudo o que
entra num sistema é igual ao que sai mais o que nele fica acumulado. Este princípio básico
referente ao balanço da matéria é verdadeiro em qualquer sistema, pelo que também é válido
para as cidades.
A metodologia prática que permite uma análise do metabolismo urbano de uma cidade é
designada por Análise de Fluxo de Materiais (AFM).
A AFM permite contabilizar os materiais que fluem dentro do sistema (cidade), os seus
stocks e fluxos que a atravessam, e ainda contabilizar o resultado dos seus outputs que são
descarregados no ambiente sob a forma de poluição, resíduos ou exportações.
A AFM usa como ferramenta a técnica de contabilização de fluxos de materiais (CFM) que
consiste num modelo simplificado das inter-relações da economia da cidade com o ambiente,
no qual a economia da cidade funciona como um subsistema do ambiente dependente de um
constante fluxo de materiais e energia.
Para a elaboração de uma contabilização de fluxos materiais é necessário definir o sistema
que vai ser analisado (normalmente uma cidade ou área metropolitana), bem como o
horizonte temporal durante o qual este vai estar a ser analisado (p. ex. um ano ou um intervalo
de anos) e ainda possuir dados estatísticos que permitam a contabilização de todas as
produções, extrações, importações, exportações, resíduos, e emissões de materiais na cidade
em análise.
Estando reunidos todos os parâmetros acima descritos passamos a dispor de tudo o que é
necessário para se elaborar o balanço entre as entradas (extração de recursos naturais e
importação de bens) e as saídas (resíduos, emissões atmosféricas, para o solo e para a água,
e exportações) que irá resultar no cálculo da acumulação de stock de materiais (ver ilustração
1).
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Importa notar ainda que esse stock se manifesta sob a forma das infraestruturas, parque
imobiliário e bens de investimento duráveis no sistema económico em análise.
Em resumo, através desta abordagem, uma cidade é conceptualizada sob a forma de um sistema
que está interligado ao sistema ambiente, que extrai e transforma materiais deste último, mantem-
nos acumulados durante um período de tempo e deposita-os de novo no ambiente no fim da sua
utilização.
Atendendo a que mais da metade da população do mundo vive hoje em cidades, e as maiores
áreas urbanas do mundo estão a crescer a um ritmo alucinante, tendo como exemplo as
megacidades – regiões metropolitanas com população superior a 10 milhões – que de 1975
passaram de apenas 3 para 20 atualmente, torna-se cada vez mais relevante pensar sobre as
cidades do ponto de vista metabólico, daí a importância do conceito de metabolismo urbano.
Através da análise e compreensão exaustiva de todos os fluxos inerentes às cidades,
poderemos compreender quais as políticas e metas a adoptar a fim de se conseguir obter um
efetivo controlo do crescimento urbano, e minimizar as consequências ao nível ambiental que
esse crescimento acarreta.
O conceito de metabolismo urbano constitui-se assim, como uma ferramenta fulcral de
conhecimento que permite às entidades responsáveis, identificar, analisar e planear de forma
mais consciente todas as acções a desenvolver, que permitirão mitigar os efeitos do
crescimento urbano desmesurado, que se tem vindo a fazer sentir nas últimas décadas e suas
respetivas consequências que em tanto se têm demonstrado nefastas ao meio ambiente.
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	Metabolismo Urbano – As Cidades Também Comem

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