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UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PSICOLOGIA LUIZ ALEXANDRE PIAGENTE DA SILVA – B7306G-5 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA OBSERVAÇÃO DE SITUAÇÃO PROBLEMA BAURU 2018 UNIP – UNIVERSIDADE PAULISTA INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PSICOLOGIA LUIZ ALEXANDRE PIAGENTE DA SILVA – B7306G-5 ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA OBSERVAÇÃO DE SITUAÇÃO PROBLEMA Trabalho de observação com situação problema apresentado junto à disciplina Psicologia do Desenvolvimento: Ciclo Vital, sob a orientação da Profª. Drª. Rafaela A. Schiavo. BAURU 2018 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO…………………………….....................………..…….………….… 1 2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO……........................……..…..………...……….. 2 2.1. PRIMEIRA INFÂNCIA………………......................………………………….. 2 2.2. SEGUNDA INFÂNCIA……………….....................…………………………... 6 2.3. TERCEIRA INFÂNCIA……………….......................…………………………. 9 3. SITUAÇÃO PROBLEMA………….....................………….…..….…………...….. 10 4. REFLEXÃO…………………….…………………........................…..……………. 11 5. CONCLUSÃO………………...……………………….....................………………. 13 6. BIBLIOGRAFIA……….……………………........................……………………… 14 1 1. INTRODUÇÃO O estudo do desenvolvimento humano e dos ciclos vitais consiste na análise de forma científica dos processos de mudanças sistemáticas que ocorrem nos indivíduos e também os períodos de estabilidade que se da desde a concepção até a maturidade. Objetivando descrever os processos pelos quais os seres passam e prever processos futuros, intervindo quando necessário, já que o desenvolvimento biológico ocorre durante toda a vida dos seres humanos. Vale ressaltar que este estudo está em constante evolução e abrange várias disciplinas como a Psicologia, Psiquiatria, Sociologia, Antropologia, Biologia, Genética, Ciência da Família, Educação, História, Medicina, etc., buscando compreender o desenvolvimento humano da forma mais completa e levando em consideração suas relações e influências sociais (PAPALIA e FELDMAN, 2013). Ainda segundo os autores citados acima, existem três principais aspectos do eu físico que são estudados no âmbito do desenvolvimento humano, sendo eles: desenvolvimento físico, que abrange o crescimento corporal e cerebral, capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde; desenvolvimento cognitivo: aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade; e, por fim, o desenvolvimento psicossocial, que engloba emoções, personalidade e relações sociais. A divisão em períodos do ciclo de vida é uma construção social, ou seja, não existe um momento que determine a passagem da criança para a adolescência e desta para a vida adulta por exemplo. Porém esses períodos são importantes, pois em cada um, determinados processos específicos ocorrem. Este estudo busca analisar um período em especifico, o da infância, que no dicionário Aurélio (2016) tem como definição “período de vida humana desde o nascimento até à puberdade”. Segundo Frota (2007) a compreensão de infância mudou com o passar do tempo, inicialmente eram considerados pequenos adultos e tratados como tal, sem levar em consideração o período de desenvolvimento em que essas se encontravam, recebendo cuidados diferenciados apenas nos primeiros anos de vida. Caso pertencessem a famílias com maior poder aquisitivo, a partir dos 3 ou 4 anos de idade estas já participavam de atividades consideradas de adultos. Dessa forma, com o passar do tempo, esse conceito foi se modificando de acordo com a modernidade e conceitos sociais, devendo ser encarada como um modo particular de cada cultura e não um estado universal vivido por todos da mesma forma. 2 Segundo Mota (2005) a Psicologia se destaca fazendo a análise do histórico de desenvolvimento do individuo, buscando sempre levar em consideração os diversos contextos que afetam e são afetados pelo desenvolvimento da pessoa. Além disso, o desenvolvimento que engloba o ciclo vital apresenta importantes mudanças na produção e evolução do conhecimento científico da área e explicitando a necessidade de uma discussão mais ampla a respeito destas questões. Portanto, se utilizando destes conhecimentos, o presente trabalho trará uma análise de situação problema para exemplificação e elucidação do olhar da Psicologia sobre o desenvolvimento humano. 2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO Segundo o livro Desenvolvimento Humano de Papalia e Feldman (2013), a infância é dividida em 3 estágios, sendo eles: a primeira infância (do nascimento aos 3 anos de idade aproximadamente), a segunda infância (dos 3 aos 6 anos de idade aproximadamente) e a terceira infância (dos 6 aos 11 anos de idade aproximadamente). Essas idades aproximadas não são iguais para todos, já que o desenvolvimento é diretamente influenciado pela cultura a qual a pessoa está inserida e por outros aspectos, assim, estes estágios nada mais são que uma forma de demarcar os períodos no processo de desenvolvimento humano, sendo estes determinados pelo desenvolvimento físico (que abrange o crescimento corporal e cerebral, capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde), desenvolvimento cognitivo (que abrange a aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade) e o desenvolvimento psicossocial (que engloba emoções, personalidade e relações sociais). 2.1. Primeira Infância Este período, em termos de crescimento, é considerado o de maior evolução, pois a criança se desenvolve de forma rápida e contínua até os três anos de vida aproximadamente. Sendo a alimentação, inicialmente somente do leite materno e posteriormente outros alimentos sólidos e líquidos, de grande importância para que esse desenvolvimento se dê de forma saudável. Do ponto de vista dos aspectos físicos até os três anos de idade, é o período em que a criança cresce mais rapidamente, principalmente nos primeiros meses até o primeiro ano. 3 Após, o crescimento diminui gradativamente até os três anos. As meninas comumente são menores em todas as fases que os meninos. A dentição começa a ocorrer por volta dos três ou quatro meses e se torna completa por volta dos dois aos cinco anos de idade. O crescimento e desenvolvimento físico seguem os seguintes padrões: Princípio Cefalocaudal: o crescimento se dá de cima para baixo, a cabeça do recém- nascido é maior que o corpo porque o cérebro cresce mais rapidamente antes do nascimento, mas com o desenvolvimento do corpo a cabeça vai se tornando proporcional. Esse princípio aplica-se também ao desenvolvimento sensorial e motor, visto que as crianças aprendem a usar os membros superiores primeiro. Princípio Próximo-distal: ou seja, de dentro para fora, o crescimento e desenvolvimento acontece do centro do corpo para as extremidades. Neste período e durante a segunda infância os membros superiores e inferiores crescem mais rápido que as mãos e pés. O desenvolvimento motor não precisa ser ensinado para acontecer, quando o sistema nervoso central, os ossos e músculos estão preparados eles precisam apenas de espaço para começar a se movimentar e reagir a estímulos. Inicialmente os bebês aprendem habilidades simples e depois os combinam em sistemasde ação, sendo possível destacar os seguintes pontos: Controle de cabeça: por volta dos quatro meses de idade, a maioria dos bebês já consegue controlar a cabeça mantendo-a ereta quando segurados ou sentados. Controle de mão: os bebês nascem com um reflexo de preensão, o que significa que se a palma da mão é estimulada a mão se fecha. Por volta do três meses e meio a maioria deles consegue agarrar objetos de tamanho médio e após podem passar de uma mão para outra. Logo, entre os sete e onze meses podem segurar objetos pequenos com o movimento de pinça e aos quinze meses, aproximadamente, conseguem montar torres de cubos. Locomoção: após os três meses o bebê tem controle do movimento de rolamento. Por volta dos seis consegue se sentar sem apoio e com aproximadamente oito podem sentar-se sem auxílio. Entre os seis e os dez meses a maioria consegue se arrastar ou engatinhar. Depois dos sete meses, consegue ficar em pé com ajuda e aos onze ficam em pé sozinho, após isso, até o primeiro ano, ele pode começar a andar. No segundo ano a criança consegue correr, pular, subir e descer degraus. Com aproximadamente três anos e meio é possível se equilibrar em um pé só e saltar. 4 A criança já nasce dotada de capacidades sensoriais ou perceptuais, o que a possibilita de conhecer e explorar o mundo que a rodeia, sendo elas: Tato e dor: o tato é o primeiro sentido a se desenvolver e também o que amadurece mais rápido. Em relação à dor, há evidências de que a criança desenvolve a capacidade de senti-la por volta do terceiro trimestre de gestação. Olfato e Paladar: ambos começam a se desenvolver no útero. É nele, durante os primeiros dias após o nascimento e através do leite materno que a preferência por odores agradáveis é aprendida. A influência do leite materno também é refletida no paladar, já que a exposição a sabores de alimentos saudáveis através da amamentação pode refletir na melhor aceitação a estes alimentos posteriormente. As preferências de paladar desenvolvidas nesse período podem durar toda a segunda infância. Audição: também é desenvolvida dentro do útero, onde a criança já consegue identificar e reagir à voz da mãe e outros estímulos externos, após o nascimento a discriminação auditiva se desenvolve rapidamente. Visão: é o sentido menos desenvolvido quando o bebê nasce, já que os nervos óticos e retinas não estão totalmente formados. O desenvolvimento cognitivo pode ser explicado através da teoria de estágios de Jean Piaget. Durante a primeira infância, até aproximadamente os 2 anos de idade, a criança se encontra no estágio sensório-motor, onde ela aprende sobre si e o mundo, além de buscar controlar suas habilidades motoras. Esse estágio se divide em 6 subestágios que fluem de um para o outro de acordo com os esquemas (padrões de comportamento e pensamento do bebê) se desenvolvem e tornam mais elaborados. Em resumo, as principais características desse estágio são: a centralização em si mesmo; exploração do ambiente; ações de sugar, empurrar, apertar, segurar e encaixar; a imitação é uma forma de aprendizado e é através da organização dessas ações que se desenvolve o pensamento. O desenvolvimento da linguagem começa a partir do choro logo após o nascimento, nesse período ele também consegue perceber a fala. Seguidos de arrulho e sorrisos, depois de brincadeiras com os sons da fala que passam para balbucios. Por volta dos nove meses, os gestos também são utilizados como forma de comunicação através da imitação destes e de sons. Entre os dez e quatorze meses a criança pode falar a primeira palavra, seguida de palavras simples e do desenvolvimento do vocabulário, neste período também é capaz de realizar gesticulação simbólica. Dos dezesseis meses aos dois anos, aprende muitas palavras novas e passa a formar sentenças simples, se utilizando menos dos gestos para comunicação. 5 E até os dois anos e meio pode dizer até mil palavras, formar sentenças maiores e aprende palavras novas todos os dias, passando a conversar mais e balbuciar menos. Quanto ao desenvolvimento psicossocial, os bebês já apresentam seus traços de personalidade, que são a combinação relativamente coerente de emoções, temperamento pensamento e comportamento que torna cada pessoa única. As emoções, que são reações associadas a mudanças fisiológicas e comportamentais, começam a se manifestar nesse período e são de fácil percepção através gritos agudos, agitação dos braços, pernas e enrijecimento do corpo. No primeiro mês prestam atenção ao som da voz humana, sorrindo quando em contato com adultos e chorando quando precisam de algo. É através do contato com o ambiente que ocorrerá o desenvolvimento psicossocial e desenvolvimento de características subjetivas. Do nascimento aos três meses a criança está aberta a estimulação demonstrando interesse e curiosidade. Dos três aos seis meses, podem antecipar ou criar expectativas com o que pode acontecer e se decepcionar ficando zangados. Podem sorrir e vivenciar a fase do despertar social realizando trocas com o cuidador. Dos seis aos nove meses, elas demonstram emoções diferenciadas e realizam “jogos sociais” em busca de respostas. Dos nove aos doze meses há uma preocupação com o cuidador principal e podem desenvolver medo de estranhos além de comunicar suas emoções demonstrando variações de humor, ambivalência e gradação de sentimentos. De um ano a um ano e meio, exploram o ambiente através das pessoas que são mais próximas e vão se tornando mais confiantes e ansiosas para se auto- afirmar. Com dezoito meses, até três anos podem ficar ansiosas quando percebem que estão se afastando do cuidador, elaboram consciência de suas limitações na fantasia, brincadeiras e se identificam como adultos. As primeiras experiências sociais da criança acontecerão dentro da família, mas quando se trata dessas interações é preciso considerar que essas experiências e padrões comportamentais são realizados de acordo com a cultura. De modo geral, a mãe precisa suprir as necessidades de alimentação, proteção e cuidado da criança prontamente e de forma afetuosa, pois é nesse período que o apego mútuo entre mãe e bebê é construído e reflete no desenvolvimento psicossocial e cognitivo durante todos os períodos de desenvolvimento. Já o pai exerce um papel definido socialmente, pois em cada cultura apresenta um significado e uma forma de acontecer, porém o contato frequente e positivo com o pai a partir desse período está diretamente relacionado ao melhor desenvolvimento físico, cognitivo e social da criança. 6 Conforme a criança se desenvolve e amadurece física, cognitiva e emocionalmente, ela começa a buscar sua independência em relação aos adultos com os quais está apegada e passa a tentar fazer tudo sozinha. Entre os dezoito meses e três anos, a criança entra no segundo estágio do desenvolvimento da personalidade identificado por Erikson, caracterizado pela autonomia versus vergonha e dúvida, onde há uma passagem do controle externo para o controle interno. É nesse momento que a criança passa a colocar em prática sua vontade em todos os aspectos e conforme ela vai se tornando mais apta a se expressar, passa a ter mais poder. A partir de então, a vergonha e a dúvida desempenha um papel de controle de limite, juntamente com os adultos com quem esta convive. É pela socialização que a criança desenvolve hábitos, habilidades, valores e motivações de forma a se tornar um membro de uma sociedade, isto ocorre de forma produtiva se os pais estabelecem um relacionamento de qualidade com os filhos. 2.2. Segunda Infância Neste período a criança tem um crescimento mais lento em relação ao períodoanterior, porém ocorrem grandes evoluções na coordenação muscular, fala, cognição, locomoção, criatividade e etc. Em relação ao desenvolvimento físico é notado um emagrecimento, a criança começa a se tornar mais esguia, deixando a forma de bebê, tronco, braços e pernas começam a se desenvolver e se moldar de forma que o tamanho da cabeça começa a ser proporcional ao corpo. Os músculos esqueléticos crescem tornando a criança mais forte. As cartilagens se transformam em ossos e estes se tornam mais rígidos proporcionando maior proteção aos órgãos internos, tudo isso ocorre através do cérebro ainda em desenvolvimento e pelo sistema nervoso, que possibilitam o desenvolvimento de várias habilidades motoras. Além disso, há um aumento na capacidade respiratória e circulatória proporcionando maior vigor juntamente com o desenvolvimento do sistema imunológico. Como neste período as crianças precisam dormir menos (por volta dos 5 anos de idade elas precisam dormir em média 11 horas por noite) é onde começam as surgir os distúrbios do sono, como despertar frequentemente durante a noite; falar durante o sono; terror do sono ou noturno (despertar abruptamente no início do sono em estado de agitação, porém sem estar completamente acordada e logo volta a dormir); caminhar ou falar durante o sono; pesadelos e enurese (urinação involuntária durante a noite por crianças que já podem controlar a bexiga, que podem ser causados por ativação acidental do sistema de controle motor do cérebro, pelo 7 despertar incompleto de um sono profundo, pela respiração desordenada ou agitação das pernas). Na maioria dos casos esses distúrbios desaparecem com o tempo. Com o desenvolvimento das áreas sensoriais e motoras do córtex cerebral há um desenvolvimento das habilidades motoras grossas, onde com três anos ela ainda não sabe girar ou parar de repente ou rapidamente. Consegue saltar uma distância de 30 a 60 centímetros, sabe subir escadas alternando os pés, sem ajuda e pode saltitar com saltos irregulares. Aos quatro anos tem maior controle dos atos de parar, arrancar e girar. Podem saltar uma distância de 60 a 84 centímetros, consegue descer uma escadaria alternando os pés com apoio e pode saltitar de 4 a 6 passos com um único pé. Com cinco anos podem arrancar, girar e parar efetivamente durante jogos. Podem correr e dar saltos de 71 a 91 centímetros de distância, descer uma longa escada alternando os pés sem apoio e saltitar uma distância de 5 metros. Ocorre também um desenvolvimento das habilidades motoras finas, que envolvem a coordenação entre olhos-mãos e pequenos músculos, como abotoar uma camisa ou desenhar. Quando em idade pré-escolar, as crianças mesclam esse desenvolvimento que já possuem com os que vão adquirindo e produzem capacidades mais complexas, as habilidades de sistema de ação. O desenvolvimento cognitivo é compreendido através da teoria de Jean Piaget, que nomeava esse período de estágio pré-operatório do desenvolvimento cognitivo, caracterizado por um grande avanço no uso do pensamento simbólico ou capacidade representacional, porém a criança ainda não está preparada para realizar operações mentais lógicas. Além disso, a criança já consegue usar símbolos, sendo capaz de pensar sobre algo ou alguém sem estar na presença do mesmo. Compreende identidades ao ter consciência que mudanças superficiais não alteram a natureza de algo. Entende causa e efeito. Classifica objetos, pessoas e eventos em categorias significativas. Compreende números. Desenvolvem empatia imaginando como o outro se sente. Tornam-se conscientes da atividade mental e funcionamento da mente. Concentram-se em apenas um aspecto, negligenciando outros. Entendem que algumas ações podem ser revertidas. Focam mais nos estados do que nas transformações. Não se utilizam de raciocínio dedutivo ou indutivo, mas sim transdutivo, vendo causa e efeito onde não existe. Acreditam que todos pensam e sentem da mesma forma que ela. Atribuem vida a objetos inanimados e confundem o que é real com a sua aparência externa. Nesse período começam a ocorrer avanços significativos no desenvolvimento da linguagem verbal ou não. Com três anos, através da associação rápida, a criança consegue 8 captar o significado aproximado de uma palavra depois de ouvi-la poucas vezes em uma conversa o que possibilita a expansão do seu vocabulário. Elas passam a organizar as sílabas em palavras e palavras em sentenças de forma mais sofisticada. Entre os quatro e cinco anos, as frases têm em média 4 a 5 palavras e podem ser declarativas, negativas, interrogativas e imperativas. Podem formar frases complexas com várias regras gramaticais e também são influenciadas quando em contato com crianças com habilidades de linguagem forte. Dos cinco aos sete anos, as falas se assemelham com as de um adulto, porém com algumas dificuldades em aspectos gramaticais. Conforme as crianças aprendem vocabulário, gramática e sintaxe elas se mostram mais desenvolvidas em pragmática, que é o conhecimento prático de como usar a linguagem para se comunicar socialmente. É neste período que ocorrem umas das fases mais importantes do desenvolvimento psicossocial: o desenvolvimento da identidade. A criança começa a se questionar quem ela é no mundo, desenvolvendo seu autoconceito, que é uma construção cognitiva que determina como a criança se sente sobre ela mesma e pauta suas ações. Além disso, há o seu aspecto social, onde a criança acrescenta a sua autoimagem, compreensão de como os outros a veem. A autodefinição passa por um período de mudança entre os cinco e sete anos de idade, onde passa a não reconhecer sua identidade real da sua identidade ideal e conseguem realizar associações lógicas de aspectos de si, porém ainda expressa sua imagem de forma positiva. A identidade de gênero também é outro aspecto que se desenvolve junto com o autoconceito, onde a criança passa a ter consciência de si como menino ou menina e das implicações sociais que isso acarretará. A criança nesse período, já possui autoestima, porém tende a expressá-la em forma de tudo ou nada (“eu sou bom” ou “eu sou mau”), assim, se a autoestima fica em alta e a criança se sente motivada a fazer coisas. Quando esta é contingente (baixa) ela se vê incapaz por entender o fracasso ou críticas como provas disso. Outro avanço importante nesse aspecto é a capacidade de entender e regular seus sentimentos e emoções. Podemos considerar o brincar como a principal atividade da segunda infância, é através das brincadeiras que a criança estimulam os sentidos, exercitam os músculos, coordenam a visão com o movimento, obtêm domínio de seus corpos, tomam decisões, adquirem novas habilidades e desenvolvem as interações sociais, principalmente com outras crianças, já que nesse período o jogo de faz de conta é o que se faz mais presente e envolve a cognição, emoção, linguagem e comportamento sensório-motor o que favorece o desenvolvimento de conexões do cérebro e capacidade de pensamento abstrato. 9 Nesse período o papel educacional dos pais se torna mais complicado, pois as crianças já são pequenas pessoas com suas próprias vontades, de forma que a disciplina se mostra uma poderosa ferramenta para a socialização da criança, porém é necessário ensinar autodisciplina, autocontrole e comportamento aceitável. 2.3. Terceira Infância Nos aspectos do desenvolvimento físico o crescimento neste período se dá de forma bem mais lenta e difícil de perceber no dia-a-dia. A necessidade de sono diminui para 9 horas. Aos treze anos, ocorre resistência para ir se deitar, insônia e sonolência diurna. Ocorre um amadurecimento da massa cinzenta do cérebroo que leva a um aumento da velocidade e eficiência dos processos cerebrais e da capacidade de filtrar informações relevantes. As habilidades motoras continuam a evoluir, porém há uma diminuição na realização de atividades físicas ou brincadeiras, que acabam sendo substituídas por mais tempo em que a criança passa na escola. Para compreender o desenvolvimento cognitivo nos utilizamos da abordagem de Jean Piaget de estágio operatório-concreto, onde a criança a partir dos 7 anos já pode realizar operações mentais para resolver problemas reais, pensar logicamente analisando vários aspectos da situação, porém ainda pensam de maneira limitada em situações do aqui e agora. É possível perceber avanços nas capacidades de pensamento espacial como ir e voltar de lugares específicos, avaliar quanto tempo é necessário para isso e calcular distâncias. Causa e efeito em contextos mais complexos. Organização de objetos em categorias mais complexas. Seriação e inferência transitiva, ou seja, organizar objetos em ordem crescente. Raciocínio indutivo e dedutivo. Conservação, podendo compreender que a aparência não altera a natureza real do objeto. Capacidade de realizar contas de cabeça e compreender números de forma mais complexa. Ainda de acordo com essa teoria, para que ocorra a mudança para o pensamento flexível e lógico é necessário que ocorra o desenvolvimento neurológico acompanhado das experiências de adaptação ao ambiente quando em contato com o mundo físico e cultura. O desenvolvimento da linguagem continua durante a terceira infância de forma que crianças que frequentam a escola se mostram capazes de compreender e interpretar comunicações verbais e escritas, pois geralmente passam pelo período de alfabetização. O vocabulário aumenta assim como a compreensão da gramática e sintaxe, de forma que são 10 capazes de formar frases cada vez mais elaboradas. A pragmática (uso da linguagem para comunicação) é a área que mais se desenvolve no período escolar. No que diz respeito ao desenvolvimento psicossocial, nesse período a criança passa a adquirir conceitos de identidade mais complexos e maior compreensão e controle emocional. É neste momento que ela alcança o terceiro estágio do desenvolvimento do autoconceito, de forma que os julgamentos sobre si se tornam mais conscientes, realistas, equilibrados e abrangentes conforme os sistemas representativos se formam. Ela pode agora compreender suas “qualidades” e “defeitos”, abandonando o “tudo ou nada” anterior. Consegue verbalizar melhor seu autoconceito e avaliar seus diferentes aspectos, separar sua identidade real da identidade ideal e compreender seu lugar em alguns padrões sociais. Tudo isso leva ao desenvolvimento da autoestima e sua avaliação de si no geral, aspectos estes que sofrem também grande influência pela forma como os pais lidam com as crenças de competências das crianças. Neste período as crianças já têm conhecimento a respeito das regras de sua cultura para expressão emocional aceitável e como também já tem maior conhecimento a respeito de seus próprios sentimentos e dos outros elas já sabem como lidar em diversas situações. Elas tendem a se tornar mais empáticas e mais propensas ao comportamento pró-social, de forma a agir adequadamente em situações sociais e lidar melhor com os problemas, porém crianças com autoestima alta tendem a ser mais dispostas a oferecer ajuda às pessoas necessitadas, o que desenvolve o altruísmo, que, por sua vez, ajuda a elevar a autoestima. Pais que reconhecem os sentimentos dos filhos, principalmente a dor e os ajudam a lidar com isso e focar na resolução do problema. Estimulam o desenvolvimento pró-social, as habilidades sociais e a empatia, isso demonstra que, mesmo a criança permanecendo mais tempo na escola, os pais e a família ainda exerce um papel de grande importância na vida dela. A família também se organiza e se molda de acordo com seu contexto social e cultural. Neste momento que surge mais uma transição, onde a criança e os pais passam a vivenciar a co-regulação, ou seja, os filhos possuem a auto regulação de cada momento com a supervisão dos pais. 3. SITUAÇÃO PROBLEMA 11 Salomão e Romana vão à sua procura para tentar resolver um problema prático com seu filho Salim que tem atualmente 8 anos. O casal resolveu se separar e busca uma orientação sobre o filho, pois têm dúvidas se ele conseguirá aceitar esse momento. Para poder orientá-los, você necessita saber algumas informações sobre como foi o desenvolvimento da criança até aquele momento, para conhecê-lo melhor. Os pais contam que aos três anos Salim, sempre que possível buscava dormir na cama com eles. Para isso ele insistia muito, com suplícios e soluços. Após 3 ou 4 noites, os pais cediam, pois acabavam com pena da criança. Quando não cediam, ele dormia no próprio quarto, mas ao longo da madrugada, Salim mudava-se para a cama dos pais, entre os dois e os mesmos, muito sonolentos, nada faziam. Aos 5 anos ele começou a frequentar a escola. Todos os dias selecionava quem ia buscá-lo: ora a mãe, ora o pai. E se caso os pais trocavam na hora de pega-lo, ele armava uma gritaria na porta da escola e não queria ir embora para casa enquanto a pessoa desejada não chegasse. As professoras e a direção da escola achavam tudo muito estranho, pois no dia-a- dia das atividades ele se saia muito bem. O casal sempre deu todos os presentes que o filho solicitava. Agora com a separação sabem que o padrão econômico de vida de ambos irá ser reduzido pela metade e com isso estão preocupados em não poder atender todas as necessidades do filho. E há uma grande probabilidade de Salomão ser transferido de cidade, sendo essa uma das principais razões da separação, pois Romana não quer abandonar os pais a quem dedica boa parte do seu tempo, mesmo estes não tendo nenhum problema. Atualmente, Salim está no 3º ano do ensino fundamental, mas a coordenação da escola já comunicou que se ele não se dedicar mais, provavelmente será retido, já que no ano anterior foi aprovado pelo conselho de classe que considerou as dificuldades dos pais na sua educação. Vem apresentando problemas em matemática (não consegue compreender multiplicação e divisão) e em português troca letras e na escrita troca “p com q” e “b com d”. Quando vai ler algo em sala, gagueja e troca também algumas letras. Possui alguns amigos, mas nas brincadeiras é ele quem sempre determina as regras. Quando alguma criança propõe algo diferente, ele afirma que essa não é a forma correta, que deve ser outro jogo e ele não quer. 4. REFLEXÃO 12 Baseado no estudo apresentado é possível verificar que Salim é uma criança de oito anos de idade, que se encontra na terceira infância e por estar cursando o 3º ano do ensino fundamental, está em período escolar, o que é esperado. No entanto, os pais de Salim tiveram algumas atitudes que resultaram em atitudes inapropriadas para a idade dele. Utilizando-se do pensamento que filhos únicos tendem a serem tratados de maneira diferenciada, aparentemente, os pais não mediram esforços para dar à criança tudo que ela quer e muitas vezes coisas que não precisava. Isso resulta em acomodação da criança fazendo com que ela tenha plena consciência que mesmo aos gritos e birras, os pais estarão sempre dispostos a prover o que quer. Vemos que Salim sempre conseguia o que queria através de sua insistência. Nunca dormia sozinho, sempre fazendo com que os pais deixassem escolher onde iria dormir. O mesmo pensamento foi válido ao considerar que era ele quem escolhia quem o iria buscar na escola. Em contrapartida os pais de Salim nada faziam, muitasvezes por receio e por falta de instrumentos e conhecimentos, deixaram com que este tipo de comportamento se estendesse de forma recorrente dos 3 aos 8 anos de idade do garoto. Isso torna o fator divorcio mais complicado, pois vemos que os pais também não saberiam lidar com a resposta do filho sobre o assunto. Uma criança aos oito anos, como ele, pode apresentar uma grande tristeza com a separação dos pais, pela dificuldade de compreensão e pela perda dos referenciais, e como essa separação pode piorar seu rendimento, principalmente escolar (como ele já vem apresentando), seu temperamento e relações sociais. Ao nos aprofundarmos no caso do divórcio, vimos que os efeitos negativos podem estar relacionados anteriormente a outros fatores como o conflito conjugal dos pais. É necessário que se tenha uma atenção maior aos motivos do divórcio e como os pais lidam com isso individualmente, evitando assim que a criança passe na mesma intensidade por este momento delicado na vida de um casal. Atualmente Salim vem apresentando dificuldades escolares segundo as professoras, como não conseguir compreender multiplicação e divisão, trocar letras “p por q” e “b por d” na escrita, quando é necessário ler algo em sala gagueja e troca algumas letras, correndo o risco de ser retido. De fato este tipo de comportamento não é esperado para o estágio em que ele se apresenta, já que neste período ocorrem avanços cognitivos importantes, sendo um deles a capacidade de compreender números e matemática, realizando contas de cabeça. 13 Com base nas teorias analisadas e na situação do problema, Salim demonstra ser uma criança superativa e pode estar passando pelo transtorno de conduta, que na infância pode causar vulnerabilidade, resultando em um temperamento difícil, explosivo e o fazendo uma criança impulsiva. O seu baixo rendimento escolar também pode estar associado a esse transtorno, que são dificuldades na aprendizagem e também em relacionamentos com os pais, os colegas, ou pessoas próximas, trazendo limitações. Para uma melhora da situação citada, os pais têm um papel importante e ativo na vida de Salim, reconhecendo seus erros e sempre buscando estratégias claras que beneficiem não somente a eles, mas no desenvolvimento da criança, nessa fase tão importante, que é a infância de seu filho. 5. CONCLUSÃO Neste trabalho abordamos o caso de Salim, um menino de oito anos com problemas comportamentais e concluímos que Salim pode vir a ter um transtorno de conduta, que pode se prolongar por toda a sua vida. A família e a escola possuem papéis de extrema importância na identificação e diferenciação destes comportamentos, além do apoio ao longo do tratamento. Agora, passando pelo período da terceira infância, Salim vem apresentando dificuldades escolares que não são esperadas para o momento. O que pode se justificar pelas dificuldades que os pais estão encontrando em sua educação e em lidar com os problemas familiares envolvendo a separação, mudança e alteração no padrão de vida da família. Por outro lado, ele apresenta comportamento esperado na forma de se relacionar com seus amigos e brincar. O estudo é importante para o aprofundamento da área de desenvolvimento humano visto pela Psicologia, o que leva a compressão e desenvolvimento de competências de investigação, organização e habilidade. 14 6. BIBLIOGRAFIA PAPALIA, E. D.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. Porto Alegre: ArtMed, 12ª.ed., 2013. Dicionário Aurélio online. Disponível em: <https://dicionariodoaurelio.com/infancia> Acesso em 06/05/ 2018. FROTA, A. M. M. C. Diferentes concepções da infância e adolescência: a importância da historicidade para sua construção. Estudos e Pesquisas em Psicologia, UERJ, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 147-160, abr. 2007. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/4518/451844613015/ > acesso em 07/05/2018. MOTA, M. E. Psicologia do desenvolvimento: uma perspectiva histórica. Temas em Psicologia. Ribeirão Preto, v. 13, n. 2, dez. 2005. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2005000200003> acesso em 07/05/2018.
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