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APOSTILA FUNDAMENTOS DE HEMATOLOGIA

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1
FUNDAMENTOS DE HEMATOLOGIA 
 
Composição do sangue 
O sangue é um tecido formado por três tipos de células: os glóbulos 
vermelhos, também conhecidos como hemácias ou eritrócitos; os 
glóbulos brancos ou leucócitos e ainda as plaquetas, que são 
fragmentos de citoplasma dos megacariócitos e por um meio 
intercelular, denominado plasma, que por sua vez é composto de 
91,5% de água, 7,5% de sólidos orgânicos. Proteínas, tais como 
albumina, globulinas e o fibrinogênio e demais fatores de coagulação 
respondem por 7% dos sólidos orgânicos do plasma, os 0,5% restantes 
são um conjunto de substâncias nitrogenadas, gorduras neutras, 
colesterol, fosfolipídeos, glicose, enzimas e hormônios. A parte restante 
compõe-se de sólidos inorgânicos, os minerais como Na, K, Mg, Cu, e 
HCO3. 
Volume sangüíneo 
O sangue é responsável por cerca de 7,5% do peso de um animal. Esse 
valor mantém-se estável, pela passagem de líquidos intersticiais para o 
meio vascular e vice e versa. Mas alguns fatores, como a ingestão de 
líquidos, a produção de água metabólica e perda de água corporal 
podem determinar variações neste percentual. 
Sistema hematopoiético/lítico 
Sabemos que as células do sangue possuem natureza temporária, ou 
seja, apresentam um período de vida curto e limitado. Portanto, para 
que se mantenha uma quantidade estável destas células na circulação é 
necessária a existência de um conjunto de órgãos e tecidos chamados 
de sistema hematopoiético/lítico, que tem a função de produzir e 
destruir glóbulos do sangue e plaquetas, de modo a manter a população 
sempre constante. 
Medula óssea 
É o tecido existente no interior das cavidades ósseas, podendo ser 
divido em dois meios, o intravascular e o extravascular, sendo que 
neste último são produzidos os glóbulos brancos, vermelhos e 
plaquetas. 
 2
Sistema monocítico fagocitário (S.M.F.) 
É um conjunto de células com poder fagocitário que destrói os 
eritrócitos velhos ou anormais, desmembra a hemoglobina em globina e 
bilirrubina livre e armazena o ferro. O S.M.F. encontra-se espalhado por 
todo o organismo, mas sua maior concentração é nos órgãos linfáticos, 
principalmente o baço. 
Baço e linfonodos 
Produzem linfócitos T e B, além de serem os locais de maior 
concentração do S.M.F. Mantém a sua capacidade hematopoiética 
embrionária por toda a vida adulta, que pode ser acionada nos casos de 
anemias regenerativas. O baço é ainda um importante local de reserva 
de eritrócitos. 
Fígado 
É o local de reserva de vitamina B12, ácido fólico e ferro, elementos 
necessários à hematopoiese e à síntese de hemoglobina. É o local 
predominante de produção de eritropoietina no feto. Nos animais 
adultos, produz ainda uma pequena quantidade desta glicoproteína, 
exceto no cão. Também mantém sua capacidade embrionária de 
hematopoiese. 
Mucosa estomacal 
Produz ácido clorídrico, que libera o ferro das moléculas complexas e o 
fator intrínseco, que facilita a absorção da vitamina B12. 
Mucosa intestinal 
Absorve vitamina B12, folatos e ferro e ainda elimina boa parte da 
bilirrubina. 
Rim 
Produz eritropoietina e trombopoietina e elimina uma parte da 
bilirrubina. 
Hematopoiese 
Pode ser definida como a produção de células do sangue, 
compreendendo então a eritropoiese, a leucopoiese e a 
 3
trombocitopoiese. Pode ser dividida em duas fases, a hematopoiese 
pré-natal e a hematopoiese pós natal. 
Os primeiros indícios da hematopoiese são extra-embrionários. Esta 
fase se inicia em torno do décimo dia de gestação. São observados, no 
saco vitelínico, as primeiras ilhas de células eritropoiéticas, juntamente 
com os primeiros precursores dos leucócitos. Logo a seguir vem a 
hematopoiese embrionária, que começa no final do primeiro terço de 
gestação e é composta por três fases. A primeira é hepática, quando a 
eritropoiese predomina no fígado e a leucopoiese se torna mais 
evidente. Em seguida vem a fase esplênica/linfática, quando estes 
acontecimentos têm lugar também no baço e linfonodos. A última fase, 
que é a medular começa aproximadamente na metade da gestação e 
perdura por toda a vida. 
A hematopoiese pós-natal limita-se exclusivamente a medula óssea e 
pode ser dividida em duas fases: a infantil, que envolve a medula óssea 
de todos os ossos e a adulta, quando a atividade a hematopoiética se 
limita aos ossos chatos a às extremidades dos ossos longos. Nesta fase, 
as demais medulas ósseas são tomadas por tecido adiposo e se tornam 
amarelas. Porém, em casos de necessidade a medula amarela volta a 
ser vermelha, ou seja, recupera sua atividade hematopoiética, o que 
pode ocorrer com os demais órgãos que desempenharam funções a 
hematopoiéticas na vida pré-natal. 
Formação das células do sangue 
Atualmente, a teoria mais aceita é que exista na medula óssea uma 
célula pluripotencial indiferenciada. Ao se dividir, esta célula dá origem 
a duas células: uma igual a si própria, destinada a manter a população 
constante e a uma outra célula chamada Unidade Formadora de 
Colônias (UFC). A UFC pode ser uma UFCe, formadora de linhagem 
eritrocítica; uma UFCmg, formadora de linhagem megacariocítica ou 
uma UFCmm, formadora de linhagem mielomonocítica, que por sua vez 
da origem a duas linhagens, a mielocítica ou granulocítica e a 
monocítica. A célula tronco provavelmente dá também origem a célula 
que originará os linfócitos. Após formadas, as UFCs seguem um 
processo de amadurecimento, com várias divisões, dando origem a um 
clone de células de seu grupo. 
 
Eritropoiese 
 4
Fator estimulante 
O fator estimulante para a produção de eritrócitos é a eritropoietina. 
Este hormônio atua sobre a célula tronco da medula óssea, 
determinando a sua divisão e a produção da UFCe. O amadurecimento 
da células tronco e precursora ocorrem sob o estímulo de grandes 
concentrações de eritropoietina. As quatro divisões que ocorrem (de 
rubroblasto até metarubrócito) são mitóticas, e acontecem 
paralelamente com a maturação das células. Estes dois processos são 
caracterizados pelos seguintes eventos: perda dos nucléolos, diminuição 
do tamanho da célula e do núcleo, aumento na condensação da 
cromatina nuclear, diminuição da basofilia nuclear e aumento na 
policromasia, seguida então de normocromasia e síntese de 
hemoglobina. Ocorre, por fim, perda da capacidade mitótica. Tanto as 
divisões como a maturação dos eritrócitos ocorrem sob o estímulo de 
concentrações basais de eritropoietina. 
Em situações normais, o nível basal de eritropoietina fornece estímulos 
necessários para a reposição de eritrócitos perdidos, mantendo a massa 
normal destas células. Quando há transporte insuficiente de O2 para os 
tecidos, sensores renais localizados no aparelho justaglomerular dos 
rins sinalizam para que haja aumento na secreção de eritropoietina. A 
eritropoietina possui duas origens: é produzida na medula renal tanto 
na forma de eritropoietina ativa como de pró-eritropoietina, que é 
ativada por um fator sérico no momento da liberação e nas células de 
Kupfer, as produzem uma molécula precursora, que é ativada por uma 
fator renal para produzir eritropoietina ativa. O rim é a única fonte de 
eritropoietina no cão, ao contrário das outras espécies. 
UFCe 
Como foi visto anteriormente, a célula tronco se divide em duas, uma 
igual a si e outra que dará origem à Unidade Formadora de Colônias da 
linha eritrocítica ou UFCe. 
Rubroblasto 
É a célula que vem em seguida a UFCe, também chamado de 
proeritoblasto. É uma célula três vezes maior que o eritrócito maduro, 
tem núcleo geralmente central, que ocupa quase toda a área da célula e 
é formado por cromatina de aspecto delicado, onde pode-se ver dois ou 
até três nucléolos. Apresenta DNA e RNA em atividade, além da síntese 
proteíca, mas não sintetiza hemoglobina. 
 5
Pró-rubrócito 
O rubroblastose divide em duas células chamadas de pró-rubrócito ou 
eritroblasto. É um pouco menor que o rubroblasto, a cromatina é um 
pouco mais grosseira e os nucléolos menos evidentes. Nesta fase inicia-
se a síntese de hemoglobina, que persiste até a fase de reticulócitos. 
Rubrócito basófilo 
O pró-rubrócito divide-se em dois rubrócitos basófilos ou eritroblasto 
basófilo. Nesta fase, o citoplasma já se torna um pouco acidófilo, devido 
ao acúmulo de hemoglobina já nele produzida. Ocorre diminuição da 
síntese de ácidos. É uma célula bem menor que a anterior, o núcleo já 
não apresenta nucléolos e a cromatina é bem mais compacta. 
Rubrócito policromático 
O rubrócito basófilo se divide em dois rubrócitos policromáticos ou 
eritroblastos policromatófilos. Nesta fase, ocorre a finalização da síntese 
de DNA, que por sua vez é controlada pelo aumento da síntese de 
hemoglobina. 
Metarubrócito 
O rubrócito policromático se divide em dois metarubrócitos. É a menor 
célula dos precursores nucleados dos eritrócitos e neste estágio o 
núcleo é apenas uma mancha de cromatina compacta. Neste estágio 
está o auge da produção de hemoglobina. 
Reticulócito 
O metarubrócito não se divide mais, apenas amadurece, perde o núcleo 
e passa a se chamar reticulócito. A substância basófila dessas células é 
o RNA, pode se apresentar em formas de grânulos. Quando corados 
pelo novo azul de metileno ou outro corante vital, esta substância 
basófila precipita-se em forma de retículos, daí o nome reticulócito. 
Quando corados pelos métodos usuais, os reticulócitos são vistos como 
células não nucleadas, um pouco maiores que os eritrócitos adultos, 
apresentando certa policromatofilia. Essas células não são achadas 
normalmente na circulação de cavalos e ruminantes sadios, pois toda a 
maturação eritrocitária nestas espécies ocorre dentro da medula óssea. 
Em suínos sadios são observados cerca de 2% de reticulócitos na 
circulação. Já em cães e gatos normais podem ser encontrados em 
percentuais que variam de 0,5-1,5; sendo que nestes últimos animais 
 6
se apresentam em duas formas: os reticulócitos agregados e ponteados 
e refletem diferenças significativas no estádio de maturação e tempo de 
vida no sangue. Os reticulócitos agregados apresentam a substância 
basófila de forma linear e se maturam em ponteados, que apresentam 
apenas pequenos pontos de retículo, sem formações lineares. A 
contagem de reticulócitos pode ser usada na avaliação da resposta 
individual a uma anemia em todos os animais e avaliação da terapia 
usada, com exceção dos eqüinos, pois nestes animais os reticulócitos só 
são liberados da medula após sua total maturação. Cerca de 20% da 
hemoglobina contida nos eritrócitos é ainda sintetizada nos 
reticulócitos. 
Eritrócitos 
Os reticulócitos se maturam em eritrócitos ou hemácias, células 
anucleadas e sem inclusões de retículo. Os eritrócitos são as células 
mais numerosas no sangue, seu citoplasma é formado por 1/3 de 
hemoglobina e 2/3 de água. Sua função é carrear hemoglobina, que por 
sua vez, transporta O2 dos pulmões para os tecidos e CO2 dos tecidos 
para os pulmões. A membrana eritrocitária é formada por duas 
camadas protéicas, envolvendo uma camada de lipídios; é flexível 
permitindo a deformação e passagem da célula pelos estreitos 
sinusóides do baço e dos tecidos. A medida que a célula envelhece e 
flexibilidade vai diminuindo, não consegue mais atravessar os 
sinusóides do baço e é então fagocitada pelo S.M.F. 
Exigências Nutricionais da Hematopoiese 
Proteínas 
São extremamente necessárias na formação da globina 
Vitaminas 
Em especial, a riboflavina ou vitamina B2, a piridoxina ou vitamina B6, 
a niacina, o ácido fólico, a tiamina e a vitamina B12, sendo esta última 
extremamente necessária à divisão das fases nucleadas das células. 
Minerais 
O mais importante é o ferro, utilizado na síntese do heme. Outros 
minerais importantes na eritropoiese são o cobalto, necessário à síntese 
da vitamina B12 e o cobre, co-fator da enzima ALA-dehidrase, 
necessária à síntese do heme. 
 7
Lipídios 
Os lipídios são integrantes da membrana do eritrócito. Além disto, o 
colesterol funciona como regulador da resistência osmótica da célula. 
Eritropoiese ineficaz 
Este termo designa a quantidade de eritrócitos que morrem ainda no 
interior da medula, sem chegar a circulação. A taxa de eritropoiese 
ineficaz é cerca de 10% na maioria das espécies, mas pode estar 
aumentada em algumas doenças. 
Eritropoiese anormal 
Na ausência dos fatores apropriados a eritropoiese, como por exemplo 
os fatores nutricionais, este processo pode ocorrer de forma anormal, 
sendo lançadas na circulação eritrócitos com teor de hemoglobina 
incompleto ou células atípicas, deficientes em número ou com 
anormalidades fisiológicas. Na eritropoiese anormal, em alguns casos, 
pode ser produzido número excessivo de eritrócitos. 
Anticoagulantes 
EDTA 
É o ácido etilenodiaminotetracético. Este anticoagulante é o mais 
utilizado na rotina dos laboratórios pois possuem um excelente poder 
preservador da morfologia e características de coloração das células 
vermelhas e brancas. Atuam como quelantes, evitando a coagulação do 
sangue ao se combinar com o cálcio. Não se deve exceder o nível 
recomendado de EDTA, pois o excesso prejudica a determinação do 
hematócrito, provocando uma falsa diminuição deste devido ao 
"encarquilhamento" celular". As quantidades recomendadas são: 1 gota 
de uma solução a 10% para 5 ml de sangue ou 1 mg de pó por ml de 
sangue. Na rotina laboratorial o tubo que o contém é identificado por 
uma tampa de borracha de cor roxa. 
Heparina 
Evita a coagulação do sangue ao interferir na conversão de pró-
trombina em trombina. Afeta de forma intensa e prejudicial as 
qualidades de coloração dos leucócitos, por isto é usado em provas 
bioquímicas, como por exemplo a dosagem de Ca++ no sangue. Tem 
um custo bastante elevado. Por estes motivos, é utilizado na rotina 
 8
como anticoagulante, sem apresentar propriedades preservativas. Na 
rotina laboratorial o tubo que o contém é identificado por uma tampa de 
borracha de cor verde. 
Fluoreto de sódio 
Atua como anticoagulante e conservador de glicose, por isto é usado 
quando se deseja a determinação da glicemia. Na rotina laboratorial o 
tubo que o contém é identificado por uma tampa de borracha de cor 
cinza. 
Colheita de sangue 
Local de punção 
O local de punção varia de acordo com a espécie, quantidade de sangue 
a ser colhido e a finalidade laboratorial da amostra. 
Eqüinos: Principalmente na veia jugular, quando se deseja maiores 
quantidades. Para pequenas quantidades e pesquisa de hemoparasitas 
pode-se realizar uma pequena incisão na borda das orelhas, realizando-
se o esfregaço do sangue obtido logo em seguida. 
Bovinos: Para obtenção de maiores quantidades, utiliza-se a veia 
jugular, a veia mamária e a veia coccígea. Para pesquisa de 
hemoparasitas utiliza-se também a borda das orelhas, realizando-se o 
esfregaço do sangue obtido logo em seguida 
Cães: Quando se deseja realizar pesquisas de hemoparasitas ou alguns 
testes sorológicos, como por exemplo para a Leishmaniose Visceral, 
realiza-se um pequeno corte na ponta da orelha, recolhendo o sangue 
em um papel de filtro no segundo caso e realizando um esfregaço 
sangüíneo normal no primeiro. Para obtenção de maiores quantidades 
de sangue utiliza-se as veias jugular, cefálica ou safena. 
Gatos: Para maiores quantidades, utiliza-se a veia jugular e cefálica 
Para pesquisas de hemoparasitas, faz-se o mesmo procedimento que os 
outros animais. 
Suínos: Veia cava anterior ou seio venoso orbital. Para pesquisas de 
hemoparasitas, faz-se o mesmo procedimento que os outros animais. 
 9
Técnica de punção 
A realização de anti-sepsia no local antes que a agulhaseja introduzida 
na veia é de suma importância na colheita do sangue. Seria desejável 
que a área a ser puncionada fosse depilada antes da anti-sepsia com 
álcool ou álcool iodado, mas na rotina hospitalar, este procedimento 
nem sempre é feito; sendo resguardado para momentos em que se 
necessite melhor visualização do vaso a ser puncionado. 
Após a escolha do local adequado e realização da ant-sepsia, faz-se 
então o garrote, isto é, a compressão da veia escolhida cranialmente ao 
local desejado. Se for necessário, pode-se distender a pele sobre a veia, 
para que esse fique mais firme. Em seguida, introduzir a agulha na pele 
com o bisel posicionado para cima, puncionando a veia. Soltar o 
garrote, recolher o sangue, retirar a agulha e comprimir a região, para 
evitar a formação de hematomas. 
Cuidados a serem observados durante a colheita visando evitar a 
hemólise e danos aos leucócitos 
• Observar se a agulha possui diâmetro adequado à quantidade de 
sangue que se deseja e ao calibre da veia escolhida; 
• Aderir bem a seringa ao canhão da agulha; 
• Deixar o sangue fluir com o mínimo de vácuo; 
• Evitar o bombeamento do sangue; 
• Evitar o excesso de pressão na seringa, pois isto poderá provocar 
o colabamento da parede da veia contra o bisel da agulha; 
• Se o sangue parar de fluir, rotacionar cuidadosamente a seringa e 
a agulha, procurando posicionamento mais adequado; 
• Em suínos, pode ocorrer entupimento da agulha por tecido 
adiposo e coágulos de sangue quando se tente puncionar mais 
que uma vez. Este último fato pode acontecer também nos outros 
animais, especialmente os pequenos; 
• Retirar a agulha da seringa antes de colocar o sangue no 
recipiente. 
Colheita de material e exame da medula óssea 
O exame da medula óssea fornece informações a respeito do estado 
hematopoiético dos animais. Existem várias ocasiões em que este 
estudo se faz necessário: anemias não regenerativas, neutropenias e 
trombocitopenias persistentes, quando são observadas células atípicas 
no sangue, sugerindo uma alteração neoplásica, intoxicação por drogas, 
radiação. É o único meio de avaliar a resposta a anemias em cavalos. 
 10
Colorações especiais fornecem informações sobre os estoques de ferro e 
ajuda na diferenciação entre anemias ferroprivas e por inflamação 
crônica. 
A medula óssea ativa é vermelha, enquanto que aquela não produtiva é 
amarela. Nos animais adultos a maioria das cavidades ósseas dos ossos 
longos são preenchidas por medula amarela, estando a atividade 
hematopoiética reservada aos ossos chatos, tais como costelas, pélvis e 
ossos da cabeça, a ossos menores como as vértebras e as extremidades 
dos ossos longos. Portanto, para obtenção de amostras para estudo, é 
necessária a escolha de algum destes sítios. O esterno pode ser 
escolhido para este procedimento em grandes animais, bem como a 
porção dorsal da oitava a décima primeira costelas. A crista ilíaca é um 
local adequado para colheita tanto em grandes animais como nos 
pequenos, sendo que nestes utiliza-se também a porção proximal do 
úmero e do fêmur. 
A aspiração da material medular é na maioria das vezes adequada para 
a avaliação desejada. Mas em alguns casos é necessária a biópsia, 
especialmente quando se desejam informações sobre a topografia e 
arquitetura medulares, quando não de obtém material após diversas 
aspirações ou há suspeita de mielofibrose. Existem agulhas adequadas 
tanto para obtenção de material por aspiração ou para biópsia. No casa 
de obtenção do material por aspiração deve-se ter o cuidado de não 
aspirar mais que 0,5 ml de material, pois pode haver contaminação com 
sangue, o que pode dificultar ou mesmo impedir o estudo do esfregaço 
do material obtido. Pela mesma razão não se deve aspirar material 
medular com muita força. 
 
 
 
 
 
 
ESTUDO DO ERITRON 
 
Introdução 
O termo eritron define a massa total de eritrócitos circulantes associado 
ao tecido eritropoiético da medula óssea. Os métodos para a avaliação 
do estado funcional do eritron são a contagem total de hemácias; a 
avaliação do teor de hemoglobina e a determinação do hematócrito. 
 11
Estes três valores, por sua vez, são utilizados para o cálculo dos Índices 
Hematimétricos ou seja, o Volume Globular Médio (VGM), a 
Hemoglobina Globular Média (HGM) e a Concentração da Hemoglobina 
Globular Média (CHGM). Tais índices são utilizados para a elucidação 
das alterações do eritron, especialmente na avaliação dos tipos de 
anemia. 
Eritrograma 
É a avaliação dos eritrócitos, do hematócrito e da hemoglobina, assim 
como a contagem e avaliação dos reticulócitos, nos casos necessários. 
Contagem total de eritrócitos 
Para a realização da contagem total de eritrócitos podem ser utilizados 
vários métodos, que são divididos em manuais e automáticos. O 
método manual utilizado é o método do hemocitômetro ou seja, a 
Câmara de Neubauer. As contagens automáticas são realizadas através 
de aparelhos fotoelétricos, eletrônicos ou a lazer. 
Hemocitômetro: Utilizado quando em pequenos laboratórios, onde o 
volume de serviços não justifica a compra de um aparelho para a 
contagem por métodos automáticos. Este método apresenta erros de 
até 20%. 
Automáticos: Utilizados em grandes laboratórios, onde o volume de 
exames justifica a compra de um aparelho destes. Podem ser 
fotoelétricos, que medem a quantidade de luz que é transmitida através 
de uma suspensão de hemácias; eletrônicos, quando as hemácias são 
diluídas em uma solução eletrolítica e passadas por uma abertura, que 
apresenta certa resistência elétrica. A alteração na freqüência elétrica é 
igual ao número de células. Nos aparelhos a laser a difração da luz 
incidida sobre as células faz a contagem, baseada no tamanho e 
complexidade interna de cada uma. Estes métodos apresentam erros de 
até 5%. 
Dosagem total de hemoglobina 
A hemoglobina é uma proteína conjugada, composta por uma proteína 
simples, a globina e por um núcleo prostético do tipo porfirina, chamado 
heme, cujo principal componente químico é o ferro. A hemoglobina é 
responsável por até 90% do peso seco de um eritrócito adulto e por 
 12
aproximadamente 1/3 de seu conteúdo celular e sua síntese se faz no 
citoplasma dos precursores nucleados dos eritrócitos. 
A molécula de hemoglobina tem peso molecular que varia entre 66.000 
e 69.0000 daltons. 
É formada por um conjunto de quatro moléculas de heme, ligadas a 
uma cadeia peptídica, formando um conjunto de duas cadeias alfa e 
duas beta. O grupamento heme é um composto metálico, com um 
átomo de ferro em seu interior e uma estrutura porfirínica, formada por 
quatro anéis pirrólicos. Os grupamentos heme e polipepitídicos ligam-se 
através de pontes que se abrem facilmente para fazer a ligação com o 
O2 ou com o CO2. Estas ligações obedecem ao grau local de tensão 
destes gases. Nos capilares pulmonares, a tensão de O2 é elevada e de 
CO2 é baixa. Desta forma, a ligação de da hemoglobina com o O2 
acontece juntamente com a liberação de CO2. Nos capilares dos tecidos 
ocorre o contrário. 
Dentro de uma mesma espécie existem várias formas de hemoglobina, 
sendo as principais, além da hemoglobina, a oxi hemoglobina, meta 
hemoglobina e hemoglobina reduzida. Essa variedade é determinada 
por alterações na seqüência de aminoácidos da molécula, havendo 
ainda diferenças entre as hemoglobinas fetais e adultas. 
O eritrócito, no fim de sua vida útil, perde a sua elasticidade, não 
conseguindo mais passar pelos sinusóides do baço, onde é fagocitado 
por um macrófago. No interior desta célula ocorre o desmembramento 
da hemoglobina, com liberação do ferro do heme e da globina, 
formando-se então a bilirrubina, que abandona o macrófago e passa a 
circular no plasma. 
A dosagem total da hemoglobina reflete diretamente a capacidade do 
eritroncomo carreador de oxigênio. A determinação exata do teor de 
hemoglobina não é fácil de ser obtida, pois algumas técnicas, 
especialmente as de comparação visual com algum padrão, não são 
suficientemente precisas. Na prática atual são utilizados métodos 
químicos, em que a leitura é feita por espectofotometria, que possuem 
precisão suficiente para uma interpretação correta. Tais métodos 
convertem todas as formas de hemoglobina presentes no interior do 
eritrócito em cianometahemoglobina, cuja dosagem então é 
determinada pelo espectofotômetro. A dosagem de hemoglobina é dada 
em g/% ou g/dl. 
Hematócrito (Hc) ou volume globular (VG) 
 13
Literalmente, a palavra hematócrito significa separação do sangue e 
essa separação é obtida facilmente no laboratório através da 
centrifugação. Após este processo, o sangue fica separado em três 
partes: a massa vermelha de eritrócitos ao fundo, uma camada 
bastante fina, branca ou acinzentada, formada de leucócitos e plaquetas 
logo acima da camada vermelha que é chamada de botão leucocitário e 
por fim, o plasma. Define-se como hematócrito o volume do sangue 
total que é ocupado pelas hemácias sendo os resultados expressos em 
porcentagem. 
Para a determinação do hematócrito deve ser usado sangue com 
anticoagulante. O método do microhematócrito é atualmente o de 
eleição para a determinação do volume globular, por requerer menor 
quantidade de sangue e possuir maior rapidez, sendo realizado em 5 
minutos e a leitura é feita comparando-se o tubo do microhematócrito 
com gráfico especial. 
Existem ocasiões em que o hematócrito pode estar falsamente 
aumentado. A principal destas são os casos de desidratação, pela perda 
de líquidos do organismo. Neste caso, as proteínas plasmáticas totais 
estarão também aumentadas, diferenciando a desidratação de outra 
situação na qual haverá um aumento real do hematócrito. Quando 
sangue é colhido em situações de excitação ou estresse, principalmente 
em eqüinos, pois nestes animais o baço reserva cerca de 1/3 do 
potencial de eritrócitos circulantes, além de possuir musculatura muito 
enervada. Portanto, sob estímulos adrenérgicos, ocorre a contração 
deste órgão e liberação de grande quantidade de eritrócitos na corrente 
circulatória, e isto causar alterações de 10-15% na determinação do 
hematócrito. Em menor grau, este fato é também observado em certas 
raças de cães de difícil manuseio. 
Por outro lado, existem situações em que o hematócrito pode estar 
falsamente diminuído. Em amostras colhidas com excesso de EDTA, uso 
de amostras velhas e ainda o uso de anestésicos ou contenção química 
pode ocorrer o "encarquilhamento celular", isto é uma diminuição do 
tamanho dos glóbulos. 
Além da determinação da massa eritrocítica em si, outras avaliações 
podem ser feitas a partir do hematócrito. Por exemplo, uma avaliação 
do botão leucocitário pode sugerir um excesso de leucócitos, se esse 
estiver muito largo; o teor de proteínas plasmáticas totais, se o tubo é 
quebrado e o plasma colocado em um proteinômetro para leitura. O 
aspecto do plasma pode ainda oferecer informações sobre o estado da 
amostra colhida, pois normalmente ele se apresenta claro, mas em 
 14
outras situações pode ter aspecto avermelhado se há hemólise, 
esbranquiçado se há uma lipemia ou ainda amarelado, se há icterícia. 
Alguns protozoários pode ser observados no plasma, dentro do tubo do 
hematócrito, logo acima do botão leucocitário. São eles Tripanossoma 
eqinun e T. equiperdum vistos no plasma de equídeos e T. Cruzi, em 
cães e tatus. Larvas de helmintos são também observados, 
especialmente as microfilárias dos gêneros Dirofilaria e Diptalonema, no 
plasma de cães habitantes de regiões litorâneas, onde existam insetos 
transmissores. 
Índices hematimétricos ou valores globulares médios 
Utilizando a contagem total de eritrócitos, o teor de hemoglobina e o 
hematócrito é possível calcular o volume de um eritrócito médio e sua 
concentração de hemoglobina. Estes valores são de importância 
particular na determinação do tipo morfológico das anemias, servindo 
de guia para a determinação do tratamento e monitoração do paciente. 
Em alguns contadores automáticos, estes índices são calculados 
automaticamente. 
Volume Globular Médio (VGM) 
Este índice determina o tamanho médio dos eritrócitos ou seja o volume 
de um eritrócito médio. Se estiver aumentado, normal ou diminuído, 
indica se as células estão macrocíticas, normocíticas ou microcíticas. O 
VGM é determinado pela divisão do hematócrito em 1.000 ml de sangue 
(porcentagem x 10) pelo número de hemácias em milhões. Os 
resultados são expressos em fentolitros (fl). A fórmula portanto é: 
VGM: Hc x 10 /no He (106) 
Observação: 1 fl = 1015l 
Concentração hemoglobínica globular média (CHGM) 
É uma medida da concentração de hemoglobina nas hemácias. Expressa 
a taxa de peso da hemoglobina em relação a um dl de eritrócitos, e não 
a um dl de sangue total. Se está normal ou diminuído, define 
morfologicamente se o eritrócito é normocrômico ou hipocrômico. 
O CHGM é calculado pela divisão do teor de hemoglobina em 1.000 ml 
de sangue (g/dl x 100) pelo Hc. Os resultados são expressos em g/dl ou 
g/%. Portanto, a fórmula é: 
 15
CHGM: Hb x 100 / Hc 
Hemoglobina Globular Média (HGM) 
Indica o conteúdo hemoglobínico de cada hemácia, sendo porém o peso 
da hemoglobina em uma célula média. É menos preciso que o CHGM, 
pois é calculado por dois índices menos sensíveis, que são a dosagem 
de hemoglobina e contagem total de hemácias. É de pouco valor prático 
direto. 
O HGM é calculado pela divisão do teor de hemoglobina em 1.000 ml de 
sangue (g/dl x 10) pelo número de hemácias em milhões. Os resultados 
expressos em picogramas (pg). Portanto, a fórmula é: 
HGM: Hb x 10 / no He (106) 
 
AVALIAÇÃO DAS ANEMIAS 
 
Introdução 
Pode-se caracterizar anemia quando a contagem de eritrócitos, a 
dosagem de hemoglobina e a determinação do hematócrito 
demonstrarem valores abaixo dos normais. Estes valores normais ou de 
referência são caracterizados de acordo com a espécie, raça, sexo e 
idade. No pedido enviado ao laboratório ou na realização do exame a 
anotação da espécie é imprescindível, pois a variação dos valores entre 
os animais é muito grande. Estes valores estão relacionados com o 
tamanho dos eritrócitos e conseqüentemente, com o conteúdo de 
hemoglobina. Por exemplo, quando compararmos os eritrócitos de cães 
e dos caprinos veremos que, os eritrócitos dos caprinos por serem 
menores, em um mesmo volume serão em maior número. Por outro 
lado, o conteúdo de hemoglobina está relacionado com a atividade 
animal isto é, animais mais lépidos como os cães e os cavalos tendem a 
ter conteúdo maior de hemoglobina que os bovinos. Animais de mesma 
espécie também apresentam variações; os cavalos utilizados para 
corrida apresentam os eritrócitos maiores que os animais de trabalho ou 
tração; os cães da raça Akita apresentam eritrócitos menores, enquanto 
que os da raça Poodle apresentam eritrócitos maiores em relação ao 
tamanho médio para a espécie. A idade é outro parâmetro importante a 
ser observado; os animais recém nascidos possuem eritrócitos maiores, 
ainda de origem fetal que são substituídos gradativamente durante as 
primeiras semanas de vida. A variação entre sexos é discreta podendo 
 16
haver variações durante a gestação devido a hemodiluição inerente a 
gestação. 
Sintomatologia clínica 
O animal anêmico apresenta mucosas pálidas e, dependendo da 
intensidade, pode-se observar também fraqueza, aumento da 
freqüência e sopros cardíacos, depressão mental e sede. Tais sintomas 
são relacionados com a reduzida capacidade de oxigenação sangüínea 
devido aos valores reduzidos da taxa de hemoglobina e dependerão da 
intensidade da mesma. Pela resistência individual de alguns animais, de 
mesma espécieou não, o quadro de anemia pode ser assintomático. 
Colheita 
Para avaliação adequada das anemias é importante que a amostra seja 
colhida e manuseada corretamente, pois caso contrário os resultados 
podem ser alterados total ou parcialmente. Primeiramente, não 
estressar muito os animais, em especial os cavalos e os gatos, a 
contração esplênica resultante lançará eritrócitos na corrente sangüínea 
alterando o valor do eritrograma. 
A relação sangue-anticoagulante deve ser correta, pois volumes 
maiores do anticoagulante podem diluir a amostra e alterar a 
característica das células, como por exemplo, o excesso de EDTA pode 
causar encolhimento dos eritrócitos. 
Estase prolongada provoca hemoconcentração, pressão exagerada no 
êmbolo da seringa causará hemólise diminuindo o valor do volume 
globular e aumentando o valor da hemoglobina além de aumentar a 
densidade ótica da amostra. A observação de jejum é muito importante, 
pois a lipemia pós prandial pode aumentar a fragilidade osmótica dos 
eritrócitos tornando-os facilmente lisáveis. 
Classificação das anemias 
As anemias podem ser divididas em relativas e absolutas. As anemias 
relativas são aquelas nas quais não há redução da massa celular, ocorre 
apenas expansão do volume plasmático. Situam-se nestes casos, as 
fêmeas gestantes, os neonatos e os animais submetidos a fluidoterapia. 
Por outro lado as absolutas são também chamadas de anemias 
verdadeiras onde verifica-se redução da massa celular e são 
 17
classificadas baseando-se na resposta medular, na morfologia e 
coloração dos eritrócitos e na patofisiologia. 
Classificação baseada na resposta medular 
Está relacionada totalmente com a resposta reticulocitária, que está na 
dependência da produção e liberação da eritropoetina renal e ou 
hepática, variando de acordo com a espécie. Baseado na resposta as 
anemias são consideradas regenerativas, pouco regenerativas e 
arregenerativas. As anemias regenerativas são aquelas onde se verifica 
resposta satisfatória da medula óssea, com produção e liberação de 
células jovens, como no caso das anemias hemolíticas e perdas 
sangüíneas por parasitas ou traumas. As pouco regenerativas são 
aquelas nas quais se verifica diminuição dos precursores eritróides 
havendo pouca resposta a estímulos. Ocorre nas deficiências de 
vitamina B12 e acido fólico, vitamina B6 e deficiência de ferro. Já nas 
anemias arregenerativas não se observam precursores eritróides 
medulares, não há resposta a estímulos como nas anemias aplásticas. 
No caso particular dos cães, a deficiência de eritropoetina na 
insuficiência renal crônica grave não gera estímulos para o 
desenvolvimento e divisões da célula tronco e linhagens, causando 
depressão medular, pois nesta espécie a produção de eritropoetina é 
somente renal. Podem ser também causadas por eritropoiese ineficaz 
isto é, ocorre aumento dos precursores eritróides, mas os eritrócitos 
formados não são liberados na circulação, devido a sua destruição 
intramedular pelo sistema fagocitário mononuclear ou por algum defeito 
de maturação. Podem ter origem em alguma doença primária medular 
como neoplasias, aplasia eritróide, anemia aplástica; ser de origem 
nutricional ou causadas por algum dano medular, seja químico e uso de 
drogas. As doenças nutricionais, tais como deficiências de vitaminas 
B12 e B6, de ferro, cobalto e cobre geralmente são reversíveis bastando 
para isso corrigir a causa. Por outro lado as outras causas podem 
provocar lesões irreversíveis nas células tronco eritropoiéticas. Essas 
causas podem ser doenças hepáticas, renais, radiação, tóxicos 
(samambaia, estrógenos, chumbo), doenças mieloproliferativas, 
medicamentos (quimioterápicos, fenilbutazona, sulfa-trimetropina). 
A avaliação do sangue periférico de cada animal oferece indícios da 
resposta medular: nos cães e gatos encontra-se policromatofilia 
(indicando reticulocitose); nos cavalos observa-se macrocitose e 
anisocitose mas não se observa policromatofilia (por não haver 
liberação de reticulócitos na corrente sanguínea); nos ruminantes 
observa-se ponteado basófilo e, nos suínos, policromatofilia. 
 18
A avaliação reticulocitária deve ser relacionada com a espécie em 
questão, já que são encontrados normalmente no sangue periférico de 
cães, raramente em ruminantes e não são encontrados em cavalos. A 
resposta reticulocitária em cães é bastante acentuada permitindo 
avaliar bem a resposta medular; em ruminantes poucos reticulócitos já 
são patognomônicos de resposta medular. A avaliação nos eqüinos é 
feito pelo exame da medula óssea e ainda, existem atributos 
bioquímicos celulares nas células destes animais que podem ser 
medidas. 
Classificação morfológica. 
É baseada na morfologia do eritrócito e sua concentração de 
hemoglobina, utilizando-se os índices hematimétricos VGM e CHGM. 
Normocítica e normocrômica 
Neste tipo de anemia verifica-se pouca ou nenhuma resposta medular, 
sendo consideradas arregenerativas, ou pouco regenerativas. 
Geralmente ocorre em doenças crônicas: 
• doenças inflamatórias: doenças renais com uremia, doenças 
endócrinas, neoplasias, doenças hepáticas, enfim doenças que 
podem afetar o funcionamento medular ou o estímulo para 
produção de hemácias; 
• doenças parasitárias que são depressoras de medula como 
erliquiose e leishmaniose; 
• doenças mieloproliferativas; 
• viroses imunodepressoras e depressoras da medula óssea como 
cinomose, parvovirose; 
Macrocítica e normocrômica 
Relacionada com deficiência de vitamina B12 e ácido fólico. Com a 
deficiência vitamínica não há síntese normal de DNA, as células não 
apresentarão divisões normais, encontrando-se células maiores na 
corrente sanguínea. Como a produção de hemoglobina é normal, o 
núcleo com crescimento contínuo é por fim estrusado, dando origem a 
células maiores. Pode ocorrer em doenças hepáticas, 
mieloproliferativas, com o uso de algumas drogas e por distúrbios 
nutricionais. Ocorre na deficiência de cobalto em ruminantes; pois este 
mineral é essencial na síntese de vitamina B12 no rumem. A 
macrocitose e normocromia pode ser ocorrência normal em cães da 
raça Poodle. 
 19
Macrocítica e hipocrômica 
Geralmente são regenerativas quando ocorre aumento da produção de 
reticulócitos. A reticulocitose contribui para o aumento do VCM e 
diminuição do CHCM. 
Microcítica e normocrômica 
Inicio da deficiência de ferro. Microcitose e normocromia é característica 
dos eritrócitos de cães da raça Akita. 
Microcítica e hipocrômica 
Ocorre nas deficiências de ferro, cobre e piridoxina (vitamina B6). Nas 
deficiências de ferro ou falhas na sua utilização não haverá produção 
normal de hemoglobina e havendo demora na hemoglobinização não 
haverá parada na síntese de DNA, ocorrendo mitoses extras, 
aparecendo células menores com pouca hemoglobina na corrente 
sangüínea. O ferro faz parte da molécula de hemoglobina e o cobre é 
co-fator da enzima ácido d aminolevilínico (ALA) requerida para síntese 
do heme, além de componente principal da ceruloplasmina, enzima 
responsável pela transferência do ferro das células da mucosa intestinal 
para a transferrina, proteína de transporte plasmático. A deficiência de 
ceruloplasmina dificulta também a transferência do ferro dos 
macrófagos e do fígado para o plasma. A piridoxina é necessária para a 
eritropoiese , principalmente porque serve de co-fator para a síntese do 
ácido d aminolevilínico que faz parte da biogênese do heme. Ocorre em 
perdas de sangue crônicas como nas lesões gastrointestinais, 
neoplasias, desordens de coagulação, infestação de ecto e endo 
parasitas hematófagos tais como carrapatos, piolhos, pulgas e vermes. 
Classificação patofisiológica 
Perdas sangüíneas (hemorragias) podem agudas ou crônicas e esta 
diferenciação depende da rapidez da instalação do processo. Um animal 
pode perderaté 25% do seu conteúdo sangüíneo rapidamente ou cerca 
de 50% se esta perda for lenta (cerca de 24 horas) sem 
comprometimento fisiológico. São exemplos de perdas por 
hemorragias: 
• traumas e procedimentos cirúrgicos; 
• defeitos de coagulação: envenenamento por samambaia, trevo 
doce, veneno de rato (dicumarol), trombocitopenias; 
• parasitas, neoplasias, ulcerações intestinais; 
 20
• hemoparasitas: babesiose, ehrlichiose, anaplasmose, 
hemobartonelose. 
Anemias hemolíticas também tem caráter agudo e crônico e geralmente 
tem caráter regenerativo. Causas: 
• hemoparasitas; 
• anemias hemolíticas imunomediadas; 
• intoxicações: ingestão de cebola por cães e gatos, drogas como 
acetominofen em gatos, azul de metileno em cães e gatos; 
• anemias hemolíticas idiopáticas. 
Anemias depressivas: relacionadas com o tipo de resposta medular. 
• nutricionais: deficiência de ácido fólico e vitamina B12, cobre, 
cobalto, ferro, vitamina B6; 
• inflamações: as bactérias e os macrófagos utilizam ferro levando 
a deplessão orgânica; 
• parasitas. Ehrlichia sp, Babesia sp., parasitoses intestinais 
crônicas; 
• aplasias idiopáticas ou adquiridas; 
• doenças mieloproliferativas. 
Anormalidades na forma (Poiquilocitose) 
A forma normal dos eritrócitos depende do perfeito equilíbrio entre as 
propriedades estruturais da membrana celular e hemoglobina e a 
influência dos meios intra e extracelulares. Os eritrócitos possuem 
forma definida por espécie e a mudança nesta forma pode auxiliar no 
diagnóstico da causa e tipo de anemia. A forma mais comum é do disco 
biconcavo, que pode ser alterado pela passagem através da 
microcirculação. 
• Codócitos: também chamado de célula em alvo; condensação 
central e periférica da hemoglobina resultante da redistribuição da 
hemoglobina celular provavelmente devido ao excesso de 
membrana (aumento do colesterol da membrana pode variar de 
25% a 75%) ou ao pequeno conteúdo hemoglobínico. São 
encontradas nas anemias crônicas e em situações de estase 
sangüínea; 
• Excentrócitos: condensação da hemoglobina na periferia da 
hemácia que aparecem como projeções em brotamento na borda 
destas células. São encontradas em quadros hemolíticos como na 
ingestão de cebola em cães e ocorrem em casos de animais que 
 21
receberam drogas oxidantes, como por exemplo a fenotiazina em 
cavalos ou paracetamol em gatos. Podem surgir em casos de 
hemoglobinúria pós-parto na vaca; 
• Equinócitos: são eritrócitos crenalados. Podem ser artefatos de 
esfregaço, ou excesso de EDTA, como animais em exercício, em 
linfomas, glomerulonefrites, como são comuns em suínos. São 
encontrados em sangue estocado por depleção de ATP; 
• Eliptócitos ou Ovalócitos: são hemácias com forma oval ou 
elipsoidal. Ocorrem nas leucemias, sendo comum nas espécies de 
camelídeos; 
• Esferócitos: são eritrócitos pequenos sem o halo central 
intensamente corados que aparecem como resultado de 
deformação de membrana citoplasmática, geralmente produzidas 
por anticorpos anti-eritrócitos. Somente observadas em cães. 
Ocorrem em anemias hemolíticas imunomediadas. Como estas 
células possuem menor capacidade de deformação, são 
prematuramente retirados da circulação pelo baço; 
• Acantócitos: são eritrócitos de contorno irregular, assumindo 
forma estrelar, podendo também ser resultado de alteração de 
membrana atribuido ao aumento do colesterol na mesma. Vistos 
em doenças renais e esplênicas, no hemangiossarcoma e cirrose 
hepática, estas células são removidas prematuramente pelo baço 
tendo mais facilidade a lise. Não devem ser confundidos com 
artefatos de técnica; 
• Esquisócitos ou fragmentos eritrocitários: são células deformadas 
ou pedaços de células ( do grego, schistos, fragmentar), entre os 
quais se destacam a célula em capacete e a célula em gota. A 
fragmentação e portanto os esquistócitos ocorrem como resultado 
de um defeito na produção ou de uma destruição acelerada de 
eritrócitos. Podem ser vistos em casos de vasculite e na 
coagulação intravascular disseminada (CID), sendo que nesta 
última as células em capacete são características. Também podem 
aparecer em doenças renais ou esplênicas crônicas e ainda nas 
anemias ferroprivas; 
• Fusócitos: São hemácias em forma de fuso, nas quais a 
hemoglobina se polimeriza em forma de túbulos. São encontrados 
normalmente em cabras de raça angorá. 
Inclusões dos eritrócitos 
Ponteado basófilo 
São restos de ribossomos e polirribossomos que apresentam tom 
azulado formando agregados finos e irregulares no eritrócito. A enzima 
 22
pirimidina 5'nucleotidase que está presente nos reticulócitos cataboliza 
estes ribossomas e polirribossomas. Aparecem nas anemias 
regenerativas em bovinos, ocorre nas intoxicações por chumbo devido a 
enibição da enzima pelo chumbo. 
Corpúsculos de Howell-Jolly 
São restos nucleares observados em forma de pequenos pontos na 
superfície do eritrócito apresentando-se como pontos espessos de cor 
violeta, azul ou quase negros, geralmente na periferia da célula,. 
Aparecem em casos de anemia severa e são rapidamente retirados de 
circulação pelo baço e também nas anemias regenerativas de cães e 
gatos, podendo ainda significar inefetividade esplênica. Não devem ser 
confundidos com parasitas do gênero Anaplasma, especialmente 
Anaplasma marginale pois estes estarão sempre em uma posição fixa e 
terão o tamanho uniforme, enquanto que os corpúsculos apresentam 
localização variada e dimensões não uniformes. Em sangue de gatos e 
cavalos sadios pode ser vistos em até 1%. 
 
Hemoparasitas 
Ricketsias 
Gênero Haemobartonela 
Aparecem na forma de pequenos cocos ou bacilos escuros na periferia 
da hemácia. São parasitas do cão (H. canis) e do gato (H. felis). 
Gênero Anaplasma 
Parasitas dos bovinos, que aparecem como pequenos pontos escuros no 
citoplasma da célula, sendo que A. marginale possui sempre localização 
periférica e é mais numeroso e A. centrale, de localização central. 
Protozoários 
Gênero Babesia 
Também chamados de piroplasmas, pois possuem forma de chama de 
fogo. Estes hematozoários são vistos no interior dos eritrócitos como 
gotas únicas ou duplas, unidas pelo vértice. Podem ser observados no 
sangue de bovinos (B. bovis ou B. bigemina); eqüinos (B. cabali, 
 23
Nutalia equi); e cães (B. canis). Em eqüinos podem parecer em número 
de quatro no mesmo eritrócito, em uma formação chamada de Cruz de 
Malta. 
Gênero Plasmodium 
Tais protozoários podem ser vistos no interior de hemácias de répteis, 
aves, cães, gatos e seres humanos. 
Intensidade da anemia 
A avaliação da intensidade da anemia é baseada no valor do 
hematócrito em relação as varias espécies. Esta intensidade nos 
direciona na avaliação da necessidade de reposição sangüínea. 
Nos pequenos animais, usa-se os seguintes parâmetros de reposição 
sanguínea: hematócrito abaixo de 15% para os cães, abaixo de 10% 
para os gatos, e para os grandes animais abaixo de 12% mas a melhor 
avaliação da necessidade de reposição sanguínea está na avaliação 
clínica. 
 
AVALIAÇÃO DAS POLICITEMIAS 
 
Introdução 
As policitemias são caracterizadas pelo aumento do número de 
eritrócitos, da concentração da hemoglobina e do volume globular 
acima do normal avaliado para cada espécie, raça, sexo, idade. Volume 
globular acima de 50% torna o sangue mais viscoso dificultando o 
transporte de oxigênio e quando este valor supera 60% é considerado 
policitemia. 
Sintomatologia Clínica 
A viscosidade sangüínea aumentada diminue o fluxo sangüíneo 
promovendo distensão de capilares e pequenos vasos, que, além de 
causar ruptura vascular e mucosas hiprêmicas, consequentemente 
ocorre hipóxia, trombose, resultando em poliúria, polidipsia, distúrbios 
do SNC, hematemêse, epistaxe, hematoquezia, hematúria. 
Classificaçãodas policitemias 
 24
Relativa 
A característica principal da policitemia relativa é que os valores podem 
voltar ao normal após a correção do evento. 
Pode ser devida a dois mecanismos distintos: 
• Diminuição do volume plasmático causado principalmente por 
desidratação, ocasionando aumento do volume globular, mas a 
massa total de eritrócitos circulantes permanece inalterada. 
• Contração esplênica após stress ou dor, com injeção temporária 
de grande massa de eritrócitos na corrente sangüínea. 
Absoluta 
Quando ha aumento da massa celular circulante permanente sem 
diminuição do volume plasmático. 
Policitemia primaria 
Também chamada de policitemia vera, doença mieloproliferativa 
caracterizada por excessiva proliferação das células tronco 
hematopoieticas da série eritróide. Esta mieloproliferação é 
independente da produção de eritropoetina. 
Policitemia secundária 
Resultado do aumento da eritropoiese resultante de fatores que 
estimulam a produção de eritropoetina. 
Causando hipóxia renal 
Neste caso, chamado também de policitemia fisiologicamente 
apropriada, a concentração de oxigênio nos tecidos renais diminui, 
aumentando a secreção de eritropoetina. São causas: 
• "Shunt" átrio-ventricular 
• Doenças pulmonares crônicas 
• Altitudes elevadas 
• Obesidade acentuada 
• Hemoglobinopatias 
• Depressão do centro respiratório 
Neoplasias produzindo substancia eritropoiéticas 
 25
Nestes casos, a produção de eritropoetina ou outras substancias 
eritropoiéticas tais como corticóides, andrógenos e prostaglandinas 
ocorre sem estímulo da hipóxia. 
• Carcinoma renal 
• Linfossarcoma renal 
• Hepatoma 
• Tumores uterinos 
• Tumores da supra renal 
Avaliação laboratorial 
Algumas técnicas inerentes ao laboratório e a colheita de material 
podem causar policitemias transitórias. É importante a homogeneização 
bem feita quando da medida do volume globular pois corre-se o risco de 
medir a amostra concentrada. Este fato torna-se muito importante no 
caso dos eqüinos que apresentam sedimentação mais rápida. O 
preenchimento correto do tubo capilar do microhematócrito é também 
importante pois quando se preenche mais de 2\3 do tubo dificulta a 
concentração da amostra. 
O exame mais importante é o volume globular que deve estar acima de 
60%. 
A medida dos gases arteriais é útil para se verificar a oxigenação do 
sangue assim como a dosagem de eritropoetina. Normalmente nas 
policitemias relativas a saturação de oxigênio e os valores da dosagem 
de eritropoetina são normais enquanto na policitemia primária a 
saturação de oxigênio é normal e a dosagem de eritropoetina é 
ligeiramente abaixo do normal; por outro lado, nas policitemias 
secundarias fisiologicamente apropriadas a saturação de oxigênio é 
baixa e a dosagem de eritropoetina é alta e nas fisiologicamente 
inapropriadas, a saturação de oxigênio é normal mas a dosagem de 
eritropoetina é alta. 
A análise clínica e laboratorial das policitemias pode ser feita através do 
fluxograma que se segue: 
 
OS LEUCÓTICOS 
 
Leucopoiese / compartimentos 
 26
As células brancas do sangue, os leucócitos podem ser divididas em 
duas categorias: os granulócitos, células que contém grânulos em seu 
citoplasma e núcleo segmentado quando adultas (neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos) e os agranulócitos, que são os linfócitos e os 
monócitos. Mas esta classificação é puramente morfológica, atualmente, 
os leucócitos são classificados de acordo com sua origem. Desta forma 
temos os leucócitos originários da medula óssea, mais especificamente 
de uma célula tronco comum, a unidade formadora de colônia (UFC) 
mielomonocítica, que se divide em UFC mielocítica e que dará origem 
aos neutrófilos e basófilos; e em UFC monocítica, que dará origem aos 
monócitos. Não se tem certeza quanto a origem dos eosinófilos; 
especula-se que tenham origem também da UFC monocítica ou ainda, 
da própria UFC mielomonocítica. Ainda dentro desta mesma 
classificação encontramos as células advindas dos órgãos linfóides, ou 
seja baço e linfonodos, que são os linfócitos. 
Para melhor entendimento da leucopoiese e da forma de atuação dos 
leucócitos é necessária a compreensão do conceito de compartimentos, 
isto é, onde os leucócitos são encontrados em todo o organismo. 
Tomando como exemplo os granulócitos, quando nos referimos aos 
leucócitos que ainda estão na medula óssea estamos nos referindo ao 
compartimento medular. O compartimento medular é dividido em três 
populações distintas : a mitótica, onde estão os mieloblastos, pró-
mielócitos e mielócitos; a de maturação onde estão os metamielócitos e 
os bastonetes e por fim, a de armazenamento onde ficam as células 
segmentadas para imediata utilização pelo organismo. Já na circulação 
temos o compartimento circulante, que são as células que estão fluindo 
com o sangue e o compartimento marginal, onde as células ficam 
aderidas as paredes do vasos para suprir a necessidade do terceiro 
compartimento, ou seja, os tecidos. As células do compartimento 
circulante suprem aquelas do compartimento marginal, quando estas 
são desviadas para os tecidos. 
De maneira particular a UFC monocítica dará origem ao monoblasto, 
que divide-se originando o pró-monócito. O pró-monócito perde sua 
capacidade mitótica, apenas amadurece, transformando-se em 
monócito. Em relação aos linfócitos, supõe-se que a célula tronco dará 
origem a duas células que irão povoar o tecido línfático. As células 
produzidas na medula óssea podem dar origem a dois tipos de células 
filhas. Uma dessas células migra até o timo, sofre uma diferenciação 
nesse órgão e depois dirige-se aos órgãos linfáticos, onde origina uma 
população de linfócitos T, ou timo dependentes. A outra célula deixa a 
medula óssea, migra até a bolsa de Fabrício (nas aves), sofre uma 
diferenciação nesse órgão e depois vai instalar-se nos órgãos linfáticos, 
 27
onde dá origem à população de linfócitos B ou bolsa dependentes. O 
equivalente da bolsa nos mamíferos ainda não está perfeitamente 
definido, e é mesmo provável que ele não exista e que essas células 
sejam diferenciadas na própria medula óssea. 
O conceito de compartimentos se aplica de forma mais adequada aos 
neutrófilos, que na maioria das espécies domésticas são os leucócitos 
em maior número. Exceto nos gatos, em que o compartimento 
neutrofílico marginal é o dobro ou talvez o triplo do circulante, ambos 
os compartimentos contém aproximadamente o mesmo número de 
células. Acredita-se que os linfócitos possuam também um 
compartimento de reserva semelhante ao compartimento marginal dos 
neutrófilos. Em bezerros, ovelhas e cães esse compartimento é 
estimado em sete a dez vezes mais que o circulante. Tais células podem 
ser mobilizadas facilmente, mas a localização do compartimento é 
desconhecida. 
Portanto, o leucograma representa o equilíbrio momentâneo entre os 
três compartimentos, isto é, a produção pela medula óssea, a demanda 
tissular e a distribuição dos leucócitos na rede vascular. 
Características dos leucócitos 
Neutrófilos 
Os neutrófilos circulantes são células com um núcleo formado por dois a 
cinco segmentos, unidos por filamentos de cromatina e grânulos no 
citoplasma, que tomam uma coloração neutra. A segmentação do 
núcleo acompanha o envelhecimento da célula. Assim, os neutrófilos 
jovens têm o núcleo ainda em forma de bastão não segmentado e são 
chamados de bastonetes. Os adultos têm o núcleo formado por vários 
segmentos unidos por filamentos de cromatina e são chamados 
segmentados. Normalmente, menos de 6% dos neutrófilos totais 
circulantes são bastonetes. 
Eosinófilos 
Os eosinófilos são também células com núcleo segmentado e grânulos 
no citoplasma, mas esses grânulos, no entanto, têm afinidade pelos 
corantes ácidos, como a eosina, e assumem coloraçãoamarela, laranja 
ou castanha, quando corados pelos corantes como o Wright ou o 
Giemsa. 
 28
Basófilos 
Também são células de núcleo segmentado e grânulos citoplasmáticos. 
Esses grânulos são basófilos, tomando uma coloração azul escuro, 
quando corados pelos corantes utilizados em hematologia. 
Monócitos 
São células maiores que os granulócitos, com núcleo que, embora não 
segmentado, pode apresentar considerável pleomorfismo. 
Linfócitos 
São células geralmente redondas ou ovaladas, com um citoplasma 
basófilos e um núcleo que acompanha a forma da célula e cujo diâmetro 
têm entre 60% e quase 100% do diâmetro do citoplasma. O tamanho 
dos linfócitos é variável. Os menores são um pouco maiores que os 
eritrócitos e os maiores chegam a se igualar aos monócitos, com os 
quais são freqüentemente confundidos. Alguns linfócitos podem ainda 
ter uma forma irregular poliédrica. Isso ocorre, acredita-se, pela ação 
da pressão das células ao seu redor. Existem duas populações de 
linfócitos: os T e os B. A diferenciação, feita por meios 
imunocitoquímicos, é impossível de ser vista no esfregaço de sangue, já 
que ambas as células, morfologicamente são indistingüíveis. 
Formas de atuação dos leucócitos 
Os leucócitos atuam como células de defesa do organismo, são os 
elementos celulares da inflamação, atuando também nos processos 
imunológicos. 
Fagocitose 
É a ingestão de uma partícula sólida por uma célula. Fazem fagocitose 
os neutrófilos, os eosinófilos e os monócitos. Os neutrófilos são as 
primeiras células a chegar ao foco de inflamação, iniciando o processo 
de fagocitose, e dirigindo sua ação principalmente contra as bactérias. 
Os monócitos vêm a seguir e sua função é a de fagocitar partículas 
maiores, inclusive os próprios neutrófilos que morreram vítimas das 
toxinas bacterianas e das suas próprias enzimas citolíticas. Eles 
fagocitam ainda fibrina, moléculas de complexos antígeno-anticorpos e 
detritos celulares. Os eosinófilos também fazem fagocitose, mas de uma 
maneira mais lenta e seletiva que os neutrófilos e monócitos, sua ação 
 29
é voltada para inflamações mediadas por anticorpos IgE, alergias e 
parasitoses. 
Destruição de células 
Os linfócitos T atuam na chamada imunidade celular. Eles migram até o 
local da inflamação e secretam substâncias citotóxicas chamadas 
linfocinas, cuja finalidade é a de destruir células patogênicas, como 
certos tipos de bactérias, muitos fungos, células neoplásicas, 
protozoários e células parasitadas por vírus. 
Produção de anticorpos 
Os linfócitos B, quando estimulados por certos antígenos, transformam-
se em plasmócitos e passam a secretar imunoglobulinas, que 
desempenham a função de imunidade humoral. 
Os leucócitos e a inflamação 
A inflamação é o processo pelo qual o organismo se protege contra 
agressões, sejam elas de natureza física (variações bruscas de 
temperatura, traumatismos), química (toxinas, complexos antígeno-
anticorpo) ou biológicas (microrganismos). De modo geral, o 
mecanismo da inflamação é sempre constante, bem como a 
participação dos leucócitos. 
Após a agressão ao tecido pelo agente inflamatório, ocorre a 
vasoconstrição inicial, de curta duração e periférica ao local da lesão, 
seguida de vasodilatação desta mesma região e abertura de pequenos 
vasos locais , que normalmente permanecem colabados. Neste 
momento inicia-se a exudação local, isto é, a passagem de plasma do 
interior dos vasos para os tecidos agredidos. Estes acontecimentos são 
responsáveis pelo surgimento de três dos sintomas clássicos da 
inflamação: vermelhidão, aumento de volume e dor, sendo esta última 
devido a compressão de terminações nervosas locais. Juntamente com 
a exudação tem início a migração dos leucócitos para o local da lesão, 
que é feita por diapedese através de fenestrações existentes no 
endotélio dos vasos. Os mediadores da migração são substâncias 
produzidas no foco inflamatório, entre elas componentes do sistema do 
complemento (em especial C5), produtos de deterioração bacteriana, 
complexos antígeno-anticorpo e posteriormente, detritos de leucócitos 
que já foram utilizados. Os primeiros leucócitos a chegarem ao foco 
inflamatório são os neutrófilos, oriundos inicialmente do compartimento 
marginal, depois desviados do compartimento circulante e do 
 30
compartimento de armazenamento da medula. Em certas ocasiões pode 
haver mobilização de formas jovens de neutrófilos do compartimento de 
maturação e até mesmo do compartimento mitótico da medula, sendo 
este último acontecimento de mais difícil ocorrência que o primeiro. 
Nesta fase inicial aguda, ocorre a liberação de hormônios 
adrenocorticosteróides, que são depressores dos linfócitos e eosinófilos. 
Após a utilização dos neutrófilos a formação dos debris destes ou do 
tecido agredido determinam a migração dos linfócitos. Tal migração é 
mediada pelo tipo de agente agressor ou seja, o antígeno. Se o 
antígeno for indutor da imunogênese do tipo T, linfócitos desse tipo irão 
migrar em grande número para o local da inflamação. Antígenos 
indutores da imunogênese do tipo B também atrairão linfócitos desse 
tipo, mas em menor número, já que a sua ação é mais sistêmica do que 
local. 
Juntamente com os linfócitos, os monócitos migram para o foco 
inflamatório, com a função de fagocitar partículas maiores, tais como 
células necrosadas e neutrófilos destruídos. A presença desta célula 
determina o fim da fase aguda do processo inflamatório. Os eosinófilos, 
em geral, estão ausentes na fase aguda, reaparecendo com a evolução 
do processo. Esta célula está presente em maior número nos processos 
inflamatórios em que há hipersensibilização mediada por IgE e nas 
parasitoses, especialmente se há lesão de tecidos. Já os basófilos, como 
são células pouco numerosas no sangue circulante, permanecem 
ausentes durante todo o processo inflamatório, podendo ocorrer 
discreto aumento em seu número nos casos em que há aumento no 
número dos eosinófilos. 
 
 
Interpretação clínica das alterações no número dos 
leucócitos 
 
Alterações no número de leucócitos na circulação 
Variações no número de leucócitos podem ocorrer em situações 
fisiológicas ou de doença. Os sufixos "ose" ou "filia" são usados para 
denotar um aumento acima da contagem máxima, enquanto que o 
sufixo "penia" denota diminuição abaixo dos níveis mínimos. A 
leucocitose pode ser fisiológica, patológica em resposta a doença ou vir 
como resultado de uma alteração neoplásica. De forma especial, a 
leucocitose fisiológica deve ser compreendida, para que haja 
discernimento entre esta e a patológica. Pode-se observar elevação na 
 31
contagem total de leucócitos como resultado de exercício muscular 
intenso, excitação, apreensão ou alterações emocionais. Esta elevação é 
considerada leucocitose fisiológica. Grandes variações são observadas 
na contagem total e na contagem diferencial de leucócitos, talvez 
refletindo a intensidade do estresse envolvido. A contagem total pode 
aumentar muito, as vezes 100 ou 200%, inicialmente como resultado 
de elevação dos neutrófilos maduros; portanto esta condição pode ser 
chamada de "pseudo' neutrofilia. A leucocitose pode também ser 
observada como resultado de linfocitose, especialmente em animais 
jovens ou em crescimento e em particular no gato e no cavalo. 
Entretanto, em alguns casos pode haver aumento em todos os tipos de 
leucócitos. Leucocitose por neutrofilia e linfocitose é geralmente 
considerada como efeito da adrenalina. 
Aumentos nos níveis de corticóides, sejam eles endógenos ou exógenos 
estão associadas com alterações previsíveis nas contagens total e 
diferencial de leucócitos. A resposta típica consiste em neutrofilia, 
linfopenia e eosinopenia. A neutrofilia é devido as células maduras, 
embora bastonetes possam ser observados em algumas ocasiões. Para 
este estímulo,monocitose é uma resposta característica do cão 
enquanto que nas outras espécies a resposta é variável. 
A leucopenia é quase sempre devido a um processo patológico e na 
maioria das vezes representa prognóstico desfavorável. As leucopenias 
acontecem quando a contagem total de leucócitos fica abaixo do nível 
mínimo considerado para aquela espécie. Leucopenia pode resultar de 
um ou mais dos seguintes fatores: diminuição da produção em casos de 
danos a medula óssea ou necrose do tecido linfóide, granulopoiese 
inefectiva ou diminuição da liberação na circulação, aumento na 
utilização ou destruição, como nos casos de sepsias. 
Alguns dos motivos mais comuns de leucopenia são algumas doenças a 
vírus, septicemia ou toxemia bacteriana, alguns casos de leucemia, 
anafilaxia, substâncias tóxicas, drogas ou outros compostos químicos, 
que competem na utilização do ácido fólico pelas células e ainda 
deficiências nutricionais. 
Alterações quantitativas e qualitativas em um tipo particular de 
leucócito pode refletir a natureza do processo e a resposta do 
organismo a ele. Existem variações particulares de acordo com a 
espécie em questão. O cão responde de forma dramática as infecções 
microbianas, doenças ou situações de estresse. Contagens totais de 
leucócitos de 30.000/ml-50.000/ml são comuns e contagens acima 
destas marcas também não são raras. Pode-se entender isto pelo fato 
 32
que estes animais liberam tanto neutrófilos quanto monócitos em 
respostas a hormônios adrenocorticais em situações de estresse. De 
modo geral, em resposta a doenças os gatos não respondem de forma 
tão significativa como o cão, apresentando contagens máximas de 
75.000/ml. Por outro lado, leucocitose fisiológica, na qual os linfócitos 
se igualam ou até mesmo superam o número de neutrófilos, é bastante 
comum em filhotes amedrontados. Esta resposta dos gatos ao medo a 
excitação devem ser levados em conta na interpretação do leucograma. 
A leucopenia é também um achado comum. Em gatos jovens, ela se dá 
principalmente por infecções ao vírus da pancitopenia, mas em gatos 
mais velhos esta variação é observada em situações de toxemia, que 
podem causar depressão de medula. Nos eqüinos, o nível de resposta 
leucocitária fica entre 15.000-25.000/ml. A leucocitose acentuada 
nestes animais são consideradas aquelas entre 25.000-35.000/ml e 
respostas extremas são consideradas na faixa de 35.000/ml. 
Os ruminantes são ainda menos responsivos que os equídeos. Muito 
freqüentemente, a faixa normal de resposta fica entre 4.0100-
12.000/ml. A leucocitose acentuada seria representada por contagens 
de 20.000-30.000/ml e extremas por valores discretamente superiores 
a 30.000/ml. 
Neutrofilia/Neutropenia (Leucocitose/Leucopenia) 
Os neutrófilos são as células presentes em maior porcentagem no 
sangue dos animais. Assim sendo, a maioria das leucocitoses, vistas 
principalmente em cães e gatos, são devido a neutrofilia e da mesma 
forma, a maioria das leucopenias advindas de neutropenias. 
Como os neutrófilos são as células de primeira linha de defesa contra 
infecções e nas reações inflamatórias, é natural que as alterações neste 
tipo de leucócito sejam melhor percebidas. Assim sendo, os termos 
desvio para a esquerda e desvio para a direita foram propostos para 
descrever as alterações no sangue na contagem diferencial destas 
células. Estes desvios são baseados na contagem total de leucócitos, na 
contagem diferencial de neutrófilos e no grau de maturação destes. 
Desvio dos neutrófilos à direita 
Neste tipo de alteração o número total de leucócitos é variável, mas há 
elevação no número de neutrófilos muito maduros ou seja, 
hipersegmentados. As formas jovens estarão ausentes ou em números 
muito reduzidos. É observado em doenças caquetizantes ou em 
situações de deficiência de vitamina B12. A elevação nos níveis de 
 33
corticóides na circulação, sejam endógenos ou exógenos, faz com que 
os neutrófilos permaneçam mais tempo no compartimento marginal, 
amadurecendo mais, ficando assim com o núcleo hipersegmentado. 
 
Desvio dos neutrófilos à esquerda 
É o aumento, na circulação, do número de neutrófilos jovens acima do 
normal da espécie. Ocorre na fase aguda dos processos inflamatórios, 
por uma liberação mais acelerada dessas células pela medula. Existem 
dois tipos de desvio à esquerda, o regenerativo e o degenerativo. 
Desvio à esquerda regenerativo 
Neste tipo de desvio observa-se leucocitose e neutrofilia, mas há 
manutenção da distribuição piramidal dos neutrófilos, isto é, os mais 
jovens em número inferior aos mais maduros. É considerado pequeno 
quando são vistos apenas neutrófilos bastonetes, moderado quando são 
observados metamielócitos e bastonetes e ainda, acentuado quando são 
vistos mielócitos, metamielócitos e bastonetes. Representa prognóstico 
bom, pois indica funcionamento normal do processo inflamatório. 
Desvio à esquerda degenerativo 
Neste caso o número total de neutrófilos é normal ou há até mesmo 
neutropenia, mas há aumento do número de formas jovens. Há duas 
explicações para o desvio à esquerda degenerativo. No primeiro caso, o 
número de neutrófilos deveria estar aumentado, mas a destruição 
dessas células processa-se a uma velocidade maior que a sua 
reposição. No segundo caso há uma interferência no processo de 
maturação das células, causada por agressões em nível medular. O 
prognóstico para o desvio a esquerda degenerativo é reservado, exceto 
nos ruminantes em fase inicial de resposta inflamatória. 
Ocasiões em que há neutrofilia 
A neutrofilia fisiológica não tem relação com alterações patológicas; é 
causada por uma liberação súbita dos neutrófilos do compartimento 
marginal. Isto ocorre após as refeições, na gestação, após exercícios 
violentos ou prolongados, após vômitos ou convulsões e no estresse. 
Lembrar que o compartimento marginal na maioria das espécies 
domésticas é igual ao compartimento circulante, nas no gato o tal 
 34
compartimento chega a ser 2-3 vezes maior que o compartimento 
circulante. 
Existem situações em que a neutrofilia é patológica, como por exemplo 
na fase aguda das inflamações e infecções, especialmente aquelas 
causadas por bactérias piogênicas, como a maioria dos cocos. Ocorre 
também na agudização de processos crônicos anteriormente em 
equilíbrio; intoxicações metabólicas, (uremia, acidose diabética, e 
hipocalcemia puerperal) ou não metabólicas (chumbo, mercúrio, 
digitálicos, adrenalina, veneno de artrópodes peçonhentos); lesões com 
necrose abrangente de órgãos e tecidos como miocárdio, pâncreas e 
rins e nas leucemias mielocíticas. Observa-se neutrofilia também em 
fase inicial e de regeneração das hemorragias, quando a liberação 
aumentada de eritrócitos jovens pode vir acompanhada de um maior 
número de neutrófilos. Algumas afecções são caracterizadas por 
extrema neutrofilia, como por exemplo a piometra na cadela e na gata 
e a pericardite traumática nos bovinos. 
Ocasiões em que há neutropenia 
A neutropenia ocorre basicamente por dois mecanismos, ou seja, 
quando há diminuição da produção de neutrófilos por uma hipoplasia 
granulocítica da medula óssea, seja ela de origem infecciosa 
(parvovirose, erlichiose), uso de drogas como estrógeno e sulfas nos 
cães e fenilbutazona em eqüinos e ainda intoxicações por plantas, como 
a samambaia no caso dos bovinos. O segundo mecanismo é o excesso 
de consumo dos neutrófilos, em processos infecciosos graves e 
demorados. 
Linfocitose/Linfopenia 
Em filhotes e animais em crescimento observa-se linfocitose fisiológica, 
pois neles a atividade imunogênica é mais intensa. O mesmo ocorre 
após vacinações ou imunizações, independentes da natureza do 
antígeno. A linfocitose patológica ocorre quando o agente agressor é 
antigênico, como por exemplo nas erlichioses e de modo especial nas 
viroses; infecções crônicas;linfoadenopatias inespecíficas, locais ou 
generalizadas. Algumas protozoonoses são caracterizadas por 
linfocitose persistente, ainda que moderada, podem ser citadas como 
exemplo a doença de Chagas e a toxoplasmose. 
A linfopenia ou linfocitopenia ocorre na fase aguda das inflamações, em 
viroses imunodepressoras e em processos infecciosos graves. A 
administração de antagonistas do ácido fólico e de drogas 
 35
antineoplásicas também levam a linfopenia, bem como em algumas 
doenças mieloproliferativas como a doença de Hodgkin descrita no cão, 
certos linfossarcomas nesta e em outras espécies e em neoplasias de 
outros tecidos, quando em estado avançado. O aumento no nível de 
corticosteróides circulantes, seja endógeno como no 
hiperadrenocorticismo ou iatrogênico é um fator determinante de 
linfopenia. 
Eosinofilia/Eosinopenia. 
O aumento no número de eosinófilos circulantes acima do normal da 
espécie ocorre em doenças alérgicas, onde há processos inflamatórios 
com hipersensibilização; infecções parasitárias, principalmente naqueles 
em que há lesão profunda de tecido e nas parasitoses intestinais, 
embora nestas com menor intensidade. Observa-se eosinofilia intensa 
no granuloma eosinofílico do gato. O reaparecimento dos eosinófilos no 
término da fase aguda da inflamação marca geralmente o início da 
recuperação do organismo. 
Já a eosinopenia ocorre na fase aguda das inflamações, após intenso 
estresse emocional ou físico, nas endotoxemias e nas situações em que 
há excesso de hormônios corticosteróides circulantes, sejam de origem 
endógena ou exógena. 
Monocitose/Monocitopenia 
A monocitose é observada principalmente na fase de recuperação das 
inflamações, quando os monócitos iniciam o trabalho de "limpeza" da 
região inflamada. Outras situações em que há monocitose são: 
desnutrição e caquexia, inflamações inespecíficas ou doenças crônicas e 
leucemia monocítica. 
A monocitopenia não é alteração significante, pois pequenos números 
destas células são normalmente observados. 
Basofilia 
Não é observada normalmente, pois estas células estão presentes em 
número bastante reduzido na circulação dos animais domésticos. Em 
alguns casos, porem, pode ser observada: nas mesmas ocasiões em 
que há eosinofilia, quando há lipemia nos cães ou ainda em casos de 
tuberculose. 
Respostas leucocitárias nos ruminantes 
 36
Nestes animais, os linfócitos são as células presentes em maior número 
na circulação e o compartimento medular de reserva de neutrófilos 
segmentados é bastante pequeno. Nos estágios iniciais das inflamações 
os neutrófilos segmentados dos compartimentos marginal e circulante 
migram para o local atingido, tendo seu número diminuído na 
circulação. A medula óssea libera então neutrófilos imaturos que então 
superam os maduros. Há uma diminuição acentuada dos linfócitos e 
eosinófilos devido a presença de hormônios corticosteróides endógenos, 
observando-se então uma leucopenia. Este quadro é condizente com 
desvio para a esquerda degenerativo, não significando prognóstico 
desfavorável como para as outras espécies. Esta situação pode se 
manter por 6-24 horas, quando há então progressiva liberação de 
neutrófilos maduros pela medula, sendo que a o quadro leucocitário 
deve retornar ao normal em 3-4 dias. 
Contagens leucocitárias absolutas e relativas 
A contagem diferencial de leucócitos feita manualmente deve ser 
baseada na identificação de 100 células. A partir da contagem 
diferencial de leucócitos, expressa em porcentagem (contagem relativa) 
e o número total da contagem de leucócitos por ml de sangue, obtêm-
se o número total de cada leucócito por ml de sangue (contagem 
absoluta), determinando-se assim se houve um aumento ou decréscimo 
no número total daquele leucócito em particular. Os erros de 
interpretação são menos prováveis de ocorrer quando os valores 
absolutos são usados, pois eles permitem a avaliação mais precisa que 
os valores relativos. Por exemplo, 65% de neutrófilos segmentados, 
para um cão adulto com uma contagem total de leucócitos de 
10.000/ml é normal? Sim, pois 6500 neutrófilos segmentados/ml é uma 
contagem normal para esta espécie, nesta faixa etária. Por outro lado, 
65% de neutrófilos segmentados é sempre normal? Não. Se o animal 
apresentar uma contagem total de 1000 leucócitos/ml, serão 650 
neutrófilos segmentados, significando uma neutropenia. Se a contagem 
total for 50.000/ml, serão 32.500 neutrófilos segmentados, o que 
significa uma neutrofilia. Outro exemplo, se a contagem total de 
leucócitos for 1.000/ml, 20% neutrófilos segmentados irão 
corresponder a 200 células. Este mesmo valor, isto é, 200 células 
significam apenas 2% se a contagem total é 10.000 leucócitos/ml e 2% 
de neutrófilos segmentados representam 1.200 células se a contagem 
total de leucócitos for de 60.000/µl. 
Interpretação do leucograma 
 37
Qualquer interpretação do leucograma deve levar em consideração os 
valores normais para a espécie em questão, idade do animal e 
respostas espécie-específicas. Sabemos que animais mais jovens 
possuem mais linfócitos que os adultos. Por exemplo, linfocitopenia 
deve ser considerada se encontramos < 2.000/ml em um cão com 
menos de 6 meses de idade; < 1.500/ml em um cão com menos de 1 
ano e < 1.000/ml em um cão adulto. A raça do animal deve ser levada 
em consideração especialmente em cavalos e ruminantes. 
A diferenciação entre leucocitose fisiológica e leucocitose reativa requer 
muitas vezes consideração de outros fatores do hemograma e é difícil 
em algumas ocasiões. Hemogramas seqüenciais podem ser feitos 
diariamente em tais pacientes, pois a leucocitose fisiológica é 
transitória. 
As alterações nas contagens dos leucócitos podem envolver alterações 
na produção, liberação, distribuição intravascular e consumo pelos 
tecidos. Por exemplo, os neutrófilos circulantes estão em equilíbrio com 
os neutrófilos do compartimento marginal e do compartimento de 
reserva da medula. Uma demanda inicial de neutrófilos é atendida pela 
mobilização das células do compartimento marginal e do compartimento 
circulante, depois pelo compartimento de reserva da medula e 
finalmente por aumento na granulopoiese e liberação acelerada. 
Portanto, o tamanho do compartimento circulante, compartimento 
marginal e do compartimento de reserva e a capacidade proliferativa da 
medula são importantes na resposta neutrofílica do organismo. 
 
HEMOSTASIA 
Introdução 
Entende-se por hemostasia processos naturais e ou artificiais, 
fisiológicos e bioquímicos envolvendo tanto estimulantes como 
inibidores da coagulação, necessários para impedir que o sangue escape 
dos vasos lesados. Esses processos englobam vasos, plaquetas, fatores 
de coagulação e mecanismo fibrinolítico tendo as funções de limitar a 
perda sangüínea, preservar a perfusão tecidual e reparar a lesão local. 
Quando envolve apenas substancia intravasculares é chamado sistema 
intrínseco e quando envolve também fatores teciduais é denominado 
sistema extrínseco. O histórico do animal constando a idade, sexo e 
raça é muito importante pois as coagulopatias hereditárias são muito 
comuns em animais jovens; as adquiridas são mais comuns em animais 
idosos; aquelas envolvendo os fatores VIII e IX são ligados ao 
 38
cromossoma X ocorrendo primariamente em machos e algumas raças 
são mais propícias a apresentarem deficiências de fatores de 
coagulação, tais como Doberman, Pastor Alemão e outros. Estes 
processos hemostáticos envolvem sistema intrínseco e extrínseco. O 
primeiro envolve apenas as substâncias intravasculares e o segundo 
envolve também fatores teciduais. 
Sintomatologia clínica 
Os sinais e sintomas das alterações hemostáticas podem ser brandos ou 
emergenciais, observando-se hemorragias puntiformes (petequias), 
epistaxe, sangramentos gastrointestinais (hematoquezia e melena),

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