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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA MINISTRA PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARTIDO POLÍTICO, com representação no Congresso Nacional, na pessoa de seu Presidente, CNPJ n. XXX, com sede na ..., bairro ..., cidade ..., por seu advogado infra-assinado, com endereço profissional na ..., bairro ..., cidade ..., endereço que indica para fins do artigo 106 do Código de Processo Civil, devidamente constituído, conforme procuração com poderes especiais em anexo, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 102, inciso I, alínea “a”; artigo 103, inciso VIII; artigo 5º, inciso L; artigo 60, §4º, inciso IV, todos da Constituição Federal e artigo 2º, inciso VIII da Lei 9.868/99, propor AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR Pelo rito especial da Lei n. 9.868/99, em face do ARTIGO 22 DA CONVENÇÃO SOBRE DIREITOS HUMANOS DAS VÍTIMAS DE ATIVIDADES TERRORISTAS, incorporado à ordem jurídica na forma do artigo 49, inciso I da Constituição Federal, tendo como responsáveis pela aprovação e promulgação do ato impugnado o CONGRESSO NACIONAL e o PRESIDENTE DA REPÚBLICA, esperando que seja recebida e, seguindo as formalidades de estilo do Regimento Interno do STF, seja distribuído em conformidade com seu artigo 66, e ao final declarada a inconstitucionalidade do referido dispositivo, por ofender clausula pétrea, pelos fatos e fundamentos a seguir: I. DA LEGITIMIDADE A legitimidade ativa do partido político para a propositura da presente encontra assento no artigo 103, inciso VIII da Constituição Federal, e conforma Competência Art. 102, I, “a” CF Legitimidade Ativa De acordo com o art. 103, VIII da CF/88 c/c art. 2º, VIII da Lei 9.868/99 Legitimidade Passiva Lei ou ato normativo incompatível com a ordem constitucional pacificado por esta corte, segundo o Ministro Celso de Mello, independe de pertinência temática: “... os partidos políticos têm legitimidade para ajuizamento de ação direta de inconstitucionalidade, independentemente da matéria versada na norma atacada” [....] “O reconhecimento da legitimidade ativa das agremiações partidárias para a instauração de controle normativo abstrato, sem as restrições decorrentes do vínculo de pertinência, constitui natural derivação da própria natureza e dos fins institucionais, que justificam a existência em nosso sistema normativo, dos partidos políticos.” (STF – ADI 1396) – (Grifo nosso) No que se refere à legitimidade passiva para prestar informações na prestar informações na presente ação, recai sobre os órgãos ou autoridades responsáveis pela lei ou ato normativo objeto da ação, in casu o Congresso Nacional e o Excelentíssimo Senhor Presidente da República, pois na forma do artigo 49, inciso I c/c artigo 84, inciso VII da Constituição Federal, ambos participam do processo de incorporação dos tratados ao ordenamento jurídico interno. II. DA COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL De acordo com o artigo 102, inciso I, alínea “a” da Constituição Federal é de competência originária do STF o processamento e julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual. Ressalta-se que o tratado internacional de direitos humanos, uma vez aprovado pelo Congresso Nacional na forma do §3º do artigo 5º da Constituição Federal, equipara-se às Emendas Constitucionais. Todavia, caso não aprovado na forma do citado parágrafo, mas sim por maioria simples, de acordo com a doutrina e jurisprudência majoritária, fica equiparado às leis ordinárias federais, sendo este o caso em análise, razão pela qual, dúvida não há quanto à competência originária do STF na presente ação. III. DOS FATOS E FUNDAMENTOS Primeiramente, há que se esclarecer que a contestação judicial na inconstitucionalidade do Tratado sobre Direitos Humanos das Vítimas de Atividade Terroristas, somente é possível, tendo em vista a incorporação do mesmo ao ordenamento jurídico interno, quando passou a ser, além de norma internacional, norma de direito interno, devendo, portanto, obediência à Constituição Federal, estando a esta subordinada. A norma impugnada tem o seguinte teor: Artigo 22 – As presas condenadas por crimes resultantes de atividades terroristas, logo após darem à luz, deverão deixar seus filhos sob a responsabilidade de entidade pública de assistência social até que cumpram integralmente a pena. Na forma do artigo 5º, inciso L da CF/88: As presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação. Assim, resta cristalino o direito das presidiárias em flagrante contraposição à adoção do dispositivo que ora se ataca, pois não há como negar o que o artigo 22 viola diretamente a norma constitucional, a qual, na forma do §1º do artigo 5º da Constituição Federal, tem aplicação imediata, por ser uma norma em que se consagra Direito Fundamental, não podendo ser abolido sequer por Emenda Constitucional, na forma do artigo 60, §4º, inciso IV da Constituição Federal, muito menos por norma infraconstitucional, já que esta, conforme ressaltado, está subordinada à Carga Magna. Registra-se que a Convenção Internacional in casu adentrou no ordenamento pátrio seguindo o procedimento do artigo 49, inciso I da Constituição Federal, não recebendo na forma do artigo 5º, §3º, do mesmo diploma, o status de Emenda Constitucional, uma vez que foi aprovada por maioria simples, sendo então recepcionada como lei ordinária, podendo ser objeto de controle abstrato de constitucionalidade, conforme se depreende da análise do artigo 59, inciso III e artigo 67 da CF/88. Ressalte-se que, ainda que o referido dispositivo tivesse sido recepcionado como Emenda seria possível o controle, já que a norma atacada viola, por obra do constituinte derivado reformador, limitação imposta no artigo 60, §4º, inciso IV da CF/88. O direito assegurado no artigo 5º, inciso L da CF/88, garante ao nascituro a amamentação e a alimentação adequada, corroborando com o principio da Dignidade da Pessoa Humana, que na forma do artigo 1°, inciso III da CF/88 é fundamento da República, e que nos termos do artigo 34, VII, b CF/88 é capaz de ensejar intervenção federal. Neste sentido, a recepção do artigo 22 da Convenção atenta contra a Ordem Constitucional, abalando os alicerces que apoiam o Estado Democrático de Direito. O artigo 22 da citada Convenção, viola claramente o Principio da Proporcionalidade, não havendo nenhum sentido entregar um recém-nascido a entidade pública social apenas pelo fato de sua mãe estar presa, tendo este pai ou avós, ou seja, uma família ligada à mãe. Por fim, há que se manifestar que a jurisprudência desta Corte reconheceu em recente Acórdão a supremacia da Constituição sobre todos os Tratados Internacionais, merecendo destaque o voto do Excelentíssimo Ministro Celso Mello, no RE 466343/SP, em 12/03/08, informativo 498 STF, vejamos: “Reconheceu por fim a supremacia da Constituição sobre todos os tratados internacionais, inclusive os que versam o tema dos direitos humanos, desde que, neste último caso, as convenções internacionais que o Brasil tenha celebrado (ou a tenha aderido) impliquem supressão, modificação gravosa De acordo com Alexandre de Moraes em sua obra de Direito Constitucional (2017): O STF fica condicionado ao pedido, porém não a causa de pedir, ou seja, analisará a constitucionalidade dos dispositivos legais apontados peloautor, porém poderá declará-los inconstitucionais por fundamentação jurídica diferenciada. (MORAES, 2017, p. 543) ou restrição a prerrogativas essenciais ou a liberdades fundamentais reconhecidas e asseguradas pela própria Constituição.” Portanto, deve ser declarada a inconstitucionalidade da norma, com efeitos ex tunc, sendo consequência lógica do Estado Democrático do Direito, alicerçado na Supremacia da Constituição, não merecendo, portanto, por todos os motivos expostos a modulação dos efeitos da decisão que se deseja. IV. DA CONCESSÃO DA MEDIDA CAUTELAR Assim, após os fatos expostos resta claro que os tratados sobre Direitos Humanos podem ampliar direitos, mas nunca restringi-los. Enfim, exsurge a necessidade de aplicação do artigo 10 da Lei 9.868/99 c/c artigo 102, I, b da CF/88 c/c artigo 8º, I do RI/STF, para que este Plenário do Tribunal suspenda com eficácia retroativa o artigo 22 da Convenção Internacional sobre Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas, uma vez que as presas de todo o território brasileiro estão sendo impedidas de amamentar seus filhos com fundamento em uma norma flagrantemente inconstitucional, violando, com isso, o artigo 5º, L e LIV da CF/88, considerando-se, neste caso, presente o requisito de fumu boni iuris. O periculum in mora encontra-se na medida em que a norma do artigo 22 está sendo aplicada por vários Magistrados, conforme se depreende das cópias de decisões em anexo, ensejando dano irreparável ao retirar um recém-nascido do seio de sua família e, principalmente, do direito de ser amamentado nos primeiros meses de vida, sendo o leite materno fonte de vida, amor e relacionamento. Torna-se imprescindível, in casu, a concessão de medida cautelar inaudita altera pars, com fulcro no artigo 1, §3º da Lei 9.868/99, evitando a produção de lesão grave ou de difícil reparação. V. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer à Vossa Excelência: Moraes também ressalta: “A jurisprudência do STF entende que o ajuizamento da ação direta de inconstitucionalidade, após o transcurso de significativo lapso de tempo, demonstra a ausência do requisito do periculum in mora.” p. 539. 1. A concessão da medida cautelar para sustas os efeitos do artigo 22 da Convenção Internacional sobre Direitos Humanos das Vítimas de Atividades Terroristas, cuja cópia segue anexa, mantendo-se o direito das presas de amamentar seus filhos, na forma do artigo 5º, inciso L da Constituição Federal, até o julgamento em definitivo da presente ação; 2. A notificação do Congresso Nacional, na pessoa de seu representante e do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, para que prestem informações na forma do artigo 6º e parágrafo único da Lei 9.868/99; 3. A oitiva do Advogado-Geral da União para a defesa da norma; 4. A oitiva do Procurador-Geral da República; 5. A procedência do pedido com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 22 da Convenção Internacional, com efeitos ex tunc, erga omnes e vinculante. VI. DAS PROVAS Requer a produção de todas as provas admitidas em direito na forma do artigo 3°, parágrafo único da Lei 9.868/99, em especial documental (em anexo: cópia das decisões judiciais e do Tratado Internacional). VII. DO VALOR DA CAUSA Dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para efeitos fiscais. Nestes termos, Pede deferimento. Loca, data e ano. Advogado ... OAB/UF n.º ...
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