Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A UNIDADE 1 PRESSUPOSTOS DA LEGISLAÇÃO ADUANEIRA ObjETIvOS DE APRENDIzAGEm A partir desta unidade, você será capaz de: ● compreender a proposta da concepção do direito aduaneiro e o papel do Estado nesta percepção é identificar os fatores que caracterizam os textos legais aduaneiros no território brasileiro; ● analisar o papel da aduana, o poder aduaneiro, o conceito de jurisdição aduaneira e de interiorização aduaneira e reconhecer os conceitos do direito internacional público e direito internacional privado; ● identificar o conceito de entrada aduaneira e as espécies reconhecidas, dentre elas as entradas de veículos, mercadorias ou bens e pessoas; ● compreender o exercício do poder discricionários nas entradas aduaneiras; ● reconhecer o conceito de processo contencioso aduaneiro e seus princípios e distinguir o contencioso aduaneiro no Brasil; ● distinguir as situações de fraude e infrações contidas na legislação aduaneira e legislação afim; ● observar e reconhecer os crimes contra a ordem tributária encontradas nas relações comerciais aduaneiras e compreender os conceitos de contrabando e descaminho. PLANO DE ESTUDOS A Unidade 1 está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades propostas. TÓPICO 1 – PERFIL DA LEGISLAÇÃO ADUANEIRA TÓPICO 2 – O CONTROLE DOS PROCEDImENTOS ADUANEIROS TÓPICO 3 – CONTENDAS ADUANEIRAS L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A PERFIL DA LEGISLAÇÃO ADUANEIRA 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 1 UNIDADE 1 Assim como encontramos em outros segmentos das relações de comércio estabelecidas no território brasileiro, temos: normas jurídicas que regulamentam as situações que envolvem as transações comerciais praticadas em território aduaneiro e reconhecidas como DIREITO ADUANEIRO. O Estado edita normas legais com o pressuposto básico de manter a própria ordem jurídica em seu território, buscando a harmonia dos atos praticados em sociedade. Este tópico tem por objetivo demonstrar as situações que determinam a própria existência do direito aduaneiro e sua formatação inicial, especificamente as determinações estabelecidas no território brasileiro. Prezado(a) acadêmico(a), iniciamos agora uma aventura que ultrapassa fronteiras. Vamos a ela. 2 A CONCEPÇÃO DO DIREITO ADUANEIRO As situações que confirmam a organização do direito aduaneiro estão ligadas à existência de fatos constatados em operações que são realizadas por meio do intercâmbio comercial com o exterior. Ou seja, além-fronteiras do território brasileiro. Como exemplifica Carlucci (2001, p. 19), “quando da chegada de uma mercadoria estrangeira no porto, aeroporto ou ponto de fronteira, se aplicam normas sobre transporte, seguros, tributárias, administrativas de controle, cambiais, infracionais (penais e administrativas), UNIDADE 1TÓPICO 14 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A de direito internacional público (tratados internacionais), trabalhistas, de direito financeiro, processuais etc.” O comércio internacional e a relação comercial que ultrapassa fronteiras são situações que ocasionam o próprio surgimento do direito aduaneiro, como forma de regulação das situações estabelecidas a partir destes fatos. Os acordos internacionais são os instrumentos normativos que em grande parte regulam as relações de comércio exterior e são originados de uma política aduaneira estabelecida pelo poder estatal. A intervenção do Estado se faz necessária sob o argumento econômico, pois se busca: a proteção da indústria, o pleno emprego e oferta de melhores salários, a estabilidade da economia nacional, a necessidade de defesa das fronteiras econômicas etc.(CARLUCCI, 2001). Ainda segundo Carlucci (2001, p. 20), “os meios pelos quais o Estado exerce a intervenção são econômicos e fiscais, sendo os econômicos mais eficientes que os fiscais, pois os econômicos decorrem diretamente da política aduaneira”. Como meios econômicos diretos, temos os regimes de contingenciamento na importação e exportação e as proibições e restrições, também na exportação e importação; os meios indiretos se revelam nos incentivos à exportação e os regimes aduaneiros especiais na importação e exportação. Os meios fiscais se destinam à execução e ao controle da política aduaneira traçada pelo país. (CARLUCCI, 2001). FONTE: Adaptado de: <http://www.bc.furb.br/docs/MO/2009/339696_1_1.pdf>. Acesso em: 2 out. 2012. Segundo Sosa (1995, p. 49), “o papel do Estado no comércio exterior pode ser visto de duas formas. A primeira delas como negociados no plano internacional, e na segunda forma, como regulador no plano nacional. O papel de negociador está presente quando o Estado estabelece e firma acordos em matérias de tarifas, comércio e transporte, além das questões eminentemente tributárias”. Seguindo o entendimento do autor Sosa (1995), a atividade reguladora do Estado pode estar sendo entendida como normatizadora e controladora. Na função normatizadora, o Estado estabelece a maneira como se realizam as operações externas e de que forma ocorrem as entradas e saídas de mercadorias no território aduaneiro. Esta função está baseada em textos legais aplicáveis ao comércio exterior. A função controladora do Estado é encontrada nos meios de coação legal, dispostos para as relações comerciais estabelecidas pelo comércio aduaneiro. Neste contexto, a aduana está dotada de poder, que é sua capacidade legal de coagir pessoas ao cumprimento de UNIDADE 1 TÓPICO 1 5 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A UNI determinadas obrigações, ou ainda, proceder de maneira específica. A função normativa do Estado é encontrada em três áreas de abrangência, sendo estas: ● Regime administrativo: disciplina que as mercadorias podem ingressar ou sair do país e traça os procedimentos que deverão ser adotados para implementar quaisquer operações de comércio exterior. ● Regime cambial: cuida dos aspectos atinentes à liquidação financeira dos fluxos comerciais de ingresso (por pagamento) ou saída (por recebimento). ● Regime administrativo-fiscal: “atende à política de extrafiscalidade, inserida num contexto de política econômica, pela taxação ou desoneração fiscal aplicadas sobre ingressos e saídas de mercadorias do país, e ainda, na normatização das rotinas de ingresso e saída de veículos e pessoas do país”. (SOSA, 1995, p. 50-51). Caro(a) acadêmico(a), o direito aduaneiro possui alguns conceitos a ele atribuídos. Utilizaremos o proferido por Ildefonso Sánchez González, que afirma: “Direito aduaneiro é o conjunto de normas e princípios que disciplinam juridicamente a política aduaneira, entendida esta como a intervenção pública no intercâmbio internacional de mercadorias que constitui um sistema de controle e de limitações com fins públicos”. (CARLUCCI, 2001, p. 22). A natureza jurídica do direito aduaneiro é de direito público, muito vinculada ao direito internacional público, pois as ações efetuadas são de origem aduaneira, sendo estas ações públicas e normatizadas, em sua maior parte, por acordos internacionais. O objeto do direito aduaneiro está vinculado às relações jurídicas que se constituem a partir das relações de comércio internacional, quando bens, pessoas ou ainda veículos, saem da jurisdição do território aduaneiro. Segundo Carlucci (2001, p.23), a especificidade do direito aduaneiro tem suas origens em alguns fatores, sendo eles: 1. Origem consuetudinária: os usos comerciais, internos ou externos exigi- ram e condicionaram as normas, dando feições próprias ao direito aduaneiro. 2. Técnica específica: a necessidade da classificação alfandegária de mer- cadorias, dos conceitos jurídicos e econômicos precisos, como valor, preço, notas de tarifas etc. 3. Acelerado dinamismo: evolução da técnica de transporte e comunicações, UNIDADE 1TÓPICO 16 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A a incidência dos convênios e outros atos internacionais, o incremento dos blocos econômicos e organismos internacionais etc. 4. Importância do fator econômico e o contencioso aduaneiro: com ritos próprios para processos específicos. 5. Influência preponderante dos tratados: uma grande variedade prepon- derando os acordos e convenções internacionais. 3 A LEI bRASILEIRA E O DIREITO ADUANEIRO Caro(a) acadêmico(a), as normativas legais que estabelecem as regras das relações comerciais internacionais e, a partir deste contexto, do próprio direito aduaneiro, evoluíram e permanecem em constante evolução, acompanhando a realidade construída pela economia e pela própria sociedade de determinado território. Na concepção de Carlucci (2001), o direito aduaneiro brasileiro está caracterizado e influenciado por alguns fatores, sendo estes: a) Diversidade de órgãos intervenientes: ● Ministério da Fazenda (SRF e BACEN) - Operações cambiais. - Fiscalização dirigida ao fim arrecadatório. - Controle do fluxo de mercadorias – importação e exportação. - Expressividade da barreira não tarifária (burocracia, excesso de papéis, excesso de controles formais, laudos técnicos etc.). - Controle de valor aduaneiro das mercadorias. - Repressão ao contrabando e descaminho e repressão ao tráfico ilícito de drogas na zona primária. ● Ministério da Indústria e do Comércio e Ministério do Turismo - Licenciamento de importações e exportações. - Investigação de dumping e subsídios. - Processo de redução de alíquotas do imposto de importação. - Controle do preço de mercadorias importadas e exportadas. UNIDADE 1 TÓPICO 1 7 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A ● Ministério da Justiça - Fiscalização de tripulantes de embarcações e aeronaves. - Fiscalização de passageiros (imigração). - Repressão ao contrabando e descaminho. - Repressão ao tráfico de drogas. ● Ministérios Militares - Fiscalização da importação de armas e munições. - Fiscalização de produtos controlados. ● Ministérios da Agricultura e da Saúde. - Controle da importação de medicamentos, vegetais, sementes, agrotóxicos, animais etc. FONTE: Disponível em: <www.bc.furb.br/docs/MO/2009/337527_1_1.pdf>. Acesso em: 2 out. 2012. b) A existência de uma superposição de serviços, uma normatização abundante, a necessidade de quadro funcional especializado e um regulamento aduaneiro ainda voltado quase que em sua integralidade para a satisfação tributária. Encontramos, hoje, no território brasileiro, o Decreto-lei n◦ 37/66 e o Decreto nº 6.759/09, como alguns textos legais que orientam e determinam a atuação das relações de comércio internacional. Ou seja, representam as normas jurídicas do direito aduaneiro. UNI DUMPING - SAIBA O QUE É “Dumping: normalmente, caracteriza o abuso de caráter internacional. Uma empresa recebe subsídio oficial de seu país de modo a baratear excessivamente o custo do produto. Como o preço é muito inferior ao das empresas que arcam com os próprios custos, ficam estas sem condições de competir com aquelas, propiciando-lhes uma inevitável elevação de lucros”. (CARVALHO FILHO, 2011, p. 843). Lembrando de que os acordos e tratados internacionais igualmente direcionam estas atividades comerciais, e que estes textos legais não abrangem todas as situações, sendo ainda originadas normas complementares, portarias, resoluções, dentre outros. UNIDADE 1TÓPICO 18 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A 4 O PAPEL DA ADUANA NO CONTEXTO NORmATIvO A aduana está reconhecida como órgão ou instituição que executa a política aduaneira. Na percepção de Carlucci (2001, p. 21), “a aduana designa a instituição jurídica, a organização ou entidade na totalidade de seus aspectos e funções e seus múltiplos fins: arrecadação, protecionismo, controle administrativo etc”. O autor prossegue afirmando que as alfândegas são repartições das adunas e que aplicam as normas e controles das aduanas. Sosa (1995, p. 51) afirma que “é incumbência da aduana verificar se foram observados, pelos particulares e pelo próprio Estado, na pessoa dos entes públicos, os procedimentos de admissão aduaneira, o que implica em verificar se foram atendidos todos os preceitos legais vigentes, especialmente os referentes às normas administrativas propriamente ditas e, subsidiariamente, aqueles relativos ao câmbio”. As aduanas, nesta proposta, têm a lógica de estar no uso do poder estatal, executando a atividade reguladora do Estado, na perspectiva de que a função normativa está descrita em três áreas, relembrando: administrativa, cambial e fiscal. 5 O PODER ADUANEIRO COmO mEIO DE COAÇÃO LEGAL A aduana está dotada de um poder legal, que é o de fazer cumprir regramentos legais instituídos como necessários e esperados, quando falamos das operações de comércio exterior ou, ainda, relações comerciais internacionais. Este poder do qual a aduana está instituída não é aplicável somente aos particulares, mas também ao Estado, quando este pratica atividades que envolvem o comércio internacional. Sosa (1995, p. 52) exemplifica este poder aduaneiro na capacidade que a aduana tem de direcionar o fluxo de transporte em um determinado sentido. Não está no livre-arbítrio do comandante de uma embarcação escolher porto para descarregar ou carregar mercadorias, senão onde se localize uma aduana. Tampouco pode uma aeronave em voo internacional escolher, ao bel-prazer do piloto, aeroporto à sua conveniência exclusiva. Salvo casos fortuitos devi- damente regulados em lei, os veículos devem ingressar em território nacional somente em locais onde se situem repartições alfandegárias. UNIDADE 1 TÓPICO 1 9 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A Caro(a) acadêmico(a), a penalidade aplicada quando do descumprimento da regra acima descrita e tida como básica nas relações de comércio internacional é inicialmente a apreensão do veículo e das mercadorias, podendo chegar ao “perdimento das mercadorias” em favor do Estado. 6 O CONCEITO DE jURISDIÇÃO ADUANEIRA “A jurisdição aduaneira é conhecida na concepção de: poder conferido à Alfândega para que, nos limites do território jurisdicional, aplique a lei aduaneira, ou, mais propriamente dito, o direito aduaneiro”. (SOSA, 1995, p. 55). No território brasileiro, a jurisdição aduaneira está compreendida no próprio território nacional. Ou seja, o território brasileiro e o território aduaneiro são geograficamente os mesmos. Parafraseando Sosa (1995), a pretensão de se estender a aduana para o interior do território brasileiro estava inicialmente na proposta de prevenir e reprimir as fraudes, contrabandos e descaminhos de mercadorias, que porventura pudessem acontecer e, por consequência, estarem sendo trazidas ao Brasil mercadorias clandestinas, movimentando equivocadamente a economia nacional. 7 A INTERIORIzAÇÃO ADUANEIRA Os processos empreendidos nas relações comerciais internacionais precisam,necessariamente, acompanhar a evolução das tratativas e da conjuntura econômica estabelecida. Nesta proposição, a interiorização vem ao encontro do atendimento aos interesses estabelecidos. A política de interiorização provém da necessidade de agilidade, buscando reduzir os tempos de desembaraço e de entrada das mercadorias em circulação econômica. Os importadores e exportadores têm todo interesse em contar com aduanas as mais próximas possíveis dos centros produtivos, buscando otimizar e acelerar as saídas dos produtos. UNIDADE 1TÓPICO 110 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A 8 CONCEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚbLICO E PRIvADO O direito internacional público, nas palavras de Varella (2011, p. 21), “é o conjunto de regras e princípios que regulam a sociedade internacional. A sociedade internacional é composta por Estados, organizações internacionais e, mais recentemente, se aceita em diferentes níveis a participação de entes com algumas características estatais, a exemplo de movimentos de libertação, sistemas regionais de integração, além de outros atores, como indivíduos, empresas e organizações não governamentais”. Este ramo do direito nasceu na Idade Média e vem crescendo a partir da interdependência global, fenômeno enfatizado no século XX e que permanece em constante modificação. No direito internacional público, a preocupação está no direito que regula as relações entre os estados ou entre os estados e outros atores internacionais. O direito internacional público também pode ser chamado de direito das gentes, são expressões sinônimas. (VARELLA, 2011). FONTE: Adaptado de: <www.teses.usp.br/teses/.../2/2140/.../publico/Rogerio_Taiar_Tese.pdf>. Acesso em: 2 out. 2012. Lembrando que sujeitos de direito são aqueles capazes de serem titulares de direitos e obrigações no direito internacional. Os estados e as organizações internacionais são denominados de sujeitos do direito internacional. Entretanto, Varella (2011) reafirma que atores internacionais são todos aqueles que participam de alguma forma das relações jurídicas e políticas internacionais, sendo, portanto, uma expressão ampla, quando relacionada aos sujeitos do direito internacional. O direito internacional possui características específicas, elencadas por Varella (2011, p. 25): a) A inexistência de subordinação dos sujeitos de direito a um Estado. b) A inexistência de uma norma constitucional acima das demais normas. c) A inexistência de atos jurídicos unilaterais obrigatórios, oponíveis a toda sociedade internacional. Acadêmico(a), de uma forma simplificada, não existe a possibilidade de um Estado ter poder sobre outro Estado. Nenhum é superior ao outro. Todos estão no mesmo nível. Da mesma forma que não existe uma lei, ou texto legal, que possa ser comparada ou esteja colocada em grau superior ao da Constituição de cada Estado. Da mesma forma que o direito internacional possui características, encontramos princípios gerais que o norteiam, sendo estes, na ótica de Varella (2011, p. 25): UNIDADE 1 TÓPICO 1 11 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A a) Igualdade soberana. b) Autonomia, não ingerência nos assuntos internos dos outros estados. c) Interdição do recurso à força e solução pacífica de controvérsias. d) Respeito aos direitos humanos. e) Cooperação internacional. Estes princípios determinam que todos os estados são iguais perante o direito que lhes cabe. O Estado pode governar a si mesmo, atendendo a seus próprios interesses, não podendo nenhum outro Estado interferir neste processo. Havendo alguma situação ou conflito entre os estados, estes devem procurar solucioná-lo por meio de soluções pacíficas que existem e estão dispostas para todos. Os Estados devem buscar proteger de forma contundente os direitos humanos e, por fim, os estados devem conduzir seus atos conjuntamente, colaborando uns com os outros para que todos busquem e alcancem os objetivos a que se propuseram. O direito internacional privado está voltado para a resolução de eventuais litígios que possam ocorrer entre particulares que ultrapassam as fronteiras nacionais. Esta situação acontece, normalmente, pela mobilidade das pessoas, pelas relações comerciais estabelecidas ou outras situações afins. Podemos citar, como exemplo, o fato de uma brasileira(o) casar com um estrangeiro(a), um brasileiro sofrer um acidente de carro no exterior, uma empresa brasileira que adquire equipamentos de uma empresa estrangeira etc. Segundo Rechsteiner (2011, p. 22-23): São situações nas quais ressalta o fato de possuírem uma conexão interna- cional, sendo este elemento comum. Ou porque as pessoas envolvidas têm nacionalidade estrangeira ou o domicílio ou a sede de uma ou de ambas as partes do negócio jurídico está situado no exterior. Ou ainda um outro fato: um bem está localizado ou um direito é adquirido além-fronteiras, são situações onde o direito internacional privado é aplicável. “O direito internacional privado é representado por normas que definem qual o direito a ser aplicado a uma relação jurídica com conexão internacional”. (RECHSTEINER, 2011, p. 23). Caro(a) acadêmico(a), é importante ressaltar que o direito internacional privado se restringe somente às relações jurídicas de direito privado com conexão internacional, não sendo adaptado para resolver conflitos de leis internacionais de direito público. UNIDADE 1TÓPICO 112 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A UNI O direito é o conjunto de normas obrigatórias que determinam a vida em sociedade. Apesar de ser um todo, único, ele é dividido em ramos específicos, facilitando seus estudos e sua maneira de aplicá-lo. O direito divide-se em privado (regula as relações jurídicas dos particulares) e público (regula e disciplina as relações jurídicas de interesse estatal ou do Estado). As fontes formais do direito internacional são encontradas nos tratados que são identificados como acordos internacionais concluídos entre estados ou estados e organizações internacionais, regidos pelo direito internacional , que constem de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos conexos, qualquer que seja sua denominação específica. (VARELLA, 2011, p. 37). Você pode perceber, caro(a) acadêmico(a), a importância da existência de uma regulamentação em lei de situações que acontecem e envolvem estados ou particulares. Ou ainda ambos, para que, na eventualidade de conflitos, os envolvidos tenham segurança na aplicação de leis que possam resguardar o justo direito e a paz entre os países. UNIDADE 1 TÓPICO 1 13 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A RESUmO DO TÓPICO 1 Neste tópico você: ● Compreendeu a proposta da concepção do direito aduaneiro e o papel do Estado nesta percepção. ● Identificou os fatores que caracterizam os textos legais aduaneiros no território brasileiro. ● Analisou o papel da aduana, o poder aduaneiro, o conceito de jurisdição aduaneira e de interiorização aduaneira. ● Reconheceu os conceitos de direito internacional público e direito internacional privado. UNIDADE 1TÓPICO 114 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A AUT OAT IVID ADE � 1 Identifique os sujeitos do direito internacional público. 2 Explique o poder de coação legal da aduana. 3 O que significa o princípio da igualdade soberana no direito internacional? L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R AD A O CONTROLE DOS PROCEDImENTOS ADUANEIROS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 2 UNIDADE 1 A relação de comércio internacional é estabelecida por regras descritas em leis e aqueles que a fiscalizam a sua execução devem observar exatamente a descrição destas normas. Os regulamentos impostos determinam a forma de circulação e entrada de pessoas e mercadorias em território estrangeiro. As regras de nosso território para as relações aduaneiras, igualmente, compreendem a forma de controle e fiscalização daqueles que entram no território brasileiro, sendo este o papel das aduanas ou das alfândegas. Relembramos que o território alfandegário brasileiro compreende toda extensão territorial brasileira. Portanto, a fiscalização ocorre em todo território nacional por órgãos competentes para a realização destas atividades. Diante desta perspectiva, caro(a) acadêmico(a), estudaremos a partir de agora circunstâncias que envolvem as entradas aduaneiras e situações que podem ocorrer em relação à entrada de pessoas, veículos e mercadorias, estas últimas com a possibilidade de “perdimento”, além de buscarmos a compreensão do termo jurisdição. Vamos aos estudos! 2 CONCEITO DE ENTRADA ADUANEIRA Sosa (1995, p. 109) descreve entrada aduaneira como “ingresso de veículo, mercadorias ou pessoas num dado território sob jurisdição da alfândega, sendo condição implícita de que estas procedam do exterior”. UNIDADE 1TÓPICO 216 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A É importante observar, caro(a) acadêmico(a), mesmo que se possa achar redundante, que a entrada deve ser de mercadorias, veículo ou pessoas que venham do exterior, já que o território brasileiro e o território alfandegário, como já vimos, são geograficamente os mesmos. 2.2 ESPÉCIES DE ENTRADAS ADUANEIRAS A entrada aduaneira é gênero que incorpora algumas espécies, e as mais reconhecidas por autores diversos, estão reconhecidas como entrada aduaneira de mercadorias, a entrada aduaneira de veículos e a entrada aduaneira de pessoas. 2.2.1 Entrada aduaneira de veículos Os veículos estão identificados em razão de sua natureza e de como se locomovem, sendo, portanto, aquaviários, terrestres e aéreos. Os aquaviários ainda podem ser marítimos, lacustres e fluviais. Os terrestres podem ser rodoviários e ferroviários. Vale lembrar que cada veículo pode possuir ainda outras tantas classificações, como os aéreos, que podem ser cargueiros ou comerciais, sendo utilizados para transporte de passageiros ou de cargas. Passaremos a relatar a visita e busca aduaneiras, na descrição feita por Sosa (1995, p. 110-111): 1. Os veículos marítimos, ao aportarem, são recebidos pela autoridade adua- neira. Nesta oportunidade, declaram a natureza de sua viagem, cargas trans- portadas e equipamentos de transporte para aquele e outros portos, número de tripulantes, passageiros etc. É lavrado termo de visita aduaneira. 2. Nos veículos aéreos, o procedimento é semelhante. Nos veículos terrestres, praticamente inexistem formalidades. Entretanto, a verificação ocorre no senti- do de que os transportadores devem estar habilitados para exercer o transporte internacional, na obediência dos convênios de transporte firmados com países limítrofes e terceiros cujas redes viárias permitem tráfego internacional. 3. Podem ocorrer, na ocasião da entrada do veículo, vistorias que são chama- das de busca aduaneira, que estão enquadradas nas atividades preventivo- -repressivas da Alfândega. Estas vistorias têm por objetivo abordar embar- cações dentro dos limites jurisdicionais para vistoriá-las, antes mesmo UNIDADE 1 TÓPICO 2 17 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A que aportem, mas são situações excepcionais. É importante registrar que, de acordo com cada local de entrada de veículos, serão encontradas especificidades na alfândega, principalmente as localizadas nas regiões de fronteira. O Decreto nº 6.759/2009, que regulamente a administração das atividades aduaneiras e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de comércio exterior, prevê em seus arts. 26 e 27: Art. 26. A entrada ou a saída de veículos procedentes do exterior ou a ele desti- nados só poderá ocorrer em porto, aeroporto ou ponto de fronteira alfandegado. § 1o O controle aduaneiro do veículo será exercido desde o seu ingresso no território aduaneiro até a sua efetiva saída, e será estendido a mercadorias e a outros bens existentes a bordo, inclusive a bagagens de viajantes. § 2o O titular da unidade aduaneira jurisdicionante poderá autorizar a entrada ou a saída de veículos por porto, aeroporto ou ponto de fronteira não alfande- gado, em casos justificados, e sem prejuízo do disposto no § 1o. Art. 27. É proibido ao condutor de veículo procedente do exterior ou a ele destinado: I - estacionar ou efetuar operações de carga ou descarga de mercadoria, inclusive transbordo, fora de local habilitado; II - trafegar no território aduaneiro em situação ilegal quanto às normas reguladoras do transporte internacional correspondente à sua espécie; e III - desviá-lo da rota estabelecida pela autoridade aduaneira, sem motivo justificado. (BRASIL, 2012). UNI Acesse o l ink: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/ ant2001/1998/in13798.htm> e conheça a instrução normativa da Receita Federal que dispõe sobre o tratamento tributário e o controle aduaneiro aplicáveis à operação de navio estrangeiro em viagem de cruzeiro pela costa brasileira, possuindo a situação de busca ou visita aduaneira. Segundo Sosa (1995), as mercadorias ingressam no país definitivamente quando são absorvidas pelo aparelho reprodutivo e entram em circulação econômica. Caso das matérias- primas, insumos, produtos intermediários ou produtos acabados. Ou ainda os ingressos podem 2.2.2 Entrada aduaneira de mercadorias UNIDADE 1TÓPICO 218 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A 2.2.3 Entrada aduaneira de pessoas Encontramos neste critério de admissão três níveis: a entrada de pessoas que se dedicam a tripular veículos em viagens internacionais (equipagens), pessoas que utilizam os veículos na qualidade de passageiros e pessoas que têm a condição especial de representantes ser temporários, na condição de retornarem ao exterior. A Receita Federal, em seu site e link, disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov. br/aduana/regadmexporttemp/regadm/regespadmtemp.htm>, define admissão temporária de mercadorias como: Admissão Temporária é o regime aduaneiro que permite a entrada no país de certas mercadorias, com uma finalidade e por um período de tempo determi- nados, com a suspensão total ou parcial do pagamento de tributos aduaneiros incidentes na sua importação, com o compromisso de serem reexportadas. (RECEITA FEDERAL, 2012). Igualmente, a Receita Federal define os bens dentre outros que podem ser submetidos ao regime de admissão temporária, destinados: l A feiras, exposições, congressos e outros eventos científicos, técnicos, comerciais ou industriais. l A eventos de caráter cultural e esportivo. l A promoção comercial, inclusive amostras sem destinação comercial e mostruários de representantes comerciais. l Ao exercício temporário de atividade profissional de não residente. l Ao uso de viajante não residente, quando integrantes de sua bagagem. l Bens trazidos durante visita de dignitários estrangeiros. l Bens reutilizáveis para acondicionamento e manuseio de outros bens importados ou a exportar. l Bens a serem submetidos a ensaios, testes, conserto, reparo ou restauração. l Bens a serem utilizados comfinalidade econômica no Brasil (empregados na prestação de serviços ou na produção de outros bens). FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/regadmexporttemp/regadm/ regespadmtemp.htm>. Acesso em: 3 out. 2012. A mercadoria entra na aduana a partir da declaração do transportador, sendo o documento que assim o identifica o manifesto de cargas. O importador, tendo em mãos o título de propriedade, que é o conhecimento de carga, levará a mercadoria aos procedimentos destinados ao despacho aduaneiro, que terá como processo final o desembaraço fiscal. UNIDADE 1 TÓPICO 2 19 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A UNI Acesse o link: <http://www.receita.fazenda.gov.br/Legislacao/ LegisAssunto/Bagagem.htm> e conheça o ordenamento legal disponível sobre a entrada e saída de bagagens na aduana. A Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil SRF nº 338, de 7 de julho de 2003, traz o conceito de mala diplomática e o tratamento aduaneiro desta: Art. 2◦ Constitui mala diplomática ou consular, nos termos do art. 27 da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas (CVRD) e do art. 35 da Convenção de Viena sobre Relações Consulares (CVRC), promulgadas, respectivamente, pelos Decretos n◦ 56.435, de 11 de junho de 1965, e n◦ 61.078, de 26 de julho de 1967, o volume que contenha: I - documentos diplomáticos ou consulares, apresentados sob qualquer meio físico; ou II - materiais, objetos e equipamentos destinados a uso oficial da representação do Estado acreditante, tais como papel timbrado, envelopes, selos, carimbos, caderneta de passaporte, insígnias de condecorações, equipamentos de informática e de comunicação. diplomáticos ou funções afins. Segundo Sosa (1995), a lei aduaneira diferencia as pessoas com relação ao tratamento fiscal a elas dispensado. No caso das tripulações é permitido o desembaraço de objetos de uso pessoal indispensável à estadia em terra, sendo proibida a descarga de outros pertences. A exceção feita é se o tripulante, naquele momento, estiver se desligando como tripulante efetivo do veículo, quando passará a ser tratado como passageiro comum. Na situação de passageiros comuns, turistas e em viagem de negócios, estes têm tratamento fiscal de isenção tributária, quando relacionamos os bens e pertences de uso pessoal indispensáveis à sua estadia. Exceções serão feitas quando excederem o valor determinado em lei para isenção tributária para as mercadorias trazidas. Da mesma forma que existem mercadorias com isenção especial, além da situação de estrangeiros que tenham a prerrogativa de estabelecer residência definitiva no país, situações estas que necessitam ser devidamente comprovadas. A legislação estabelece pressupostos especiais no tratamento aduaneiro aos diplomatas e com funções afins, onde é deferida isenção especial na obediência aos convênios internacionais e da reciprocidade de tratamento entre estes países. (Convenção de Viena). UNIDADE 1TÓPICO 220 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A Parágrafo único. A mala diplomática ou consular não está sujeita a limite de volume ou de peso. Art. 3◦ A mala diplomática ou consular está dispensada do despacho aduaneiro de importação e de exportação e será liberada pela autoridade aduaneira em procedimento sumário, à vista dos elementos de identificação ostensiva, mediante a apresentação de: I - documento emitido pelo Estado acreditante que indique a condição de correio diplomático ou consular e o número de volumes que a constituem, quando conduzida como bagagem acompanhada; II - documento emitido pelo Estado acreditante que indique o número de volumes que a constituem, quando confiada a comandante da aeronave; ou III - conhecimento de carga ou documento equivalente consignado à missão diplomática ou à repartição consular, quando enviada como carga. § 1◦ Na hipótese dos incisos II ou III, a mala somente será entregue a integrante da missão diplomática ou repartição consular, ou a pessoa autorizada a recebê-la. § 2◦ Quando remetida ao amparo de conhecimento de carga ou documento equivalente, a mala diplomática ou consular deverá receber tratamento de carga que não implique sua destinação para armazenamento, exceto se o interesse do Estado acreditante determinar tratamento diverso. Art. 4◦ A mala diplomática ou consular não poderá ser aberta ou retida. § 1◦ No caso de denúncia ou de suspeita fundada de uso da mala consular para a importação ou a exportação irregular de bens e mercadorias, a fiscalização aduaneira solicitará a abertura dos volumes, em sua presença, por representante autorizado do Estado que a envia. § 2◦ Em caso de recusa da verificação referida no § 1◦ por parte da representação do Estado que envia, a mala consular será devolvida à origem. § 3◦ Na hipótese prevista no § 1◦, a unidade local da SRF que conhecer do fato deverá notificar imediatamente o Ministério das Relações Exteriores (MRE), por intermédio da Coordenação- Geral de Administração Aduaneira (Coana). Art. 5◦ As importações e exportações promovidas por missões diplomáticas ou repartições consulares que não se enquadrem no conceito de mala diplomática ou consular serão regularmente submetidas a despacho aduaneiro, nos termos desta Instrução Normativa. FONTE: Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ins/2003/in3382003.htm>. Acesso em: 3 out. 2012. UNIDADE 1 TÓPICO 2 21 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A 2.3 EXERCÍCIO DO PODER DISCRICIONÁRIO NAS ENTRADAS ADUANEIRAS A Alfândega ou aduana, como vimos anteriormente, pode direcionar o fluxo de transporte, sempre tomando como referência a regra de que os veículos que trazem pessoas ou mercadorias somente entrem no território aduaneiro em pontos ou locais alfandegados. Portanto, fica claro que se torna irregular qualquer entrada fora desses pontos ou locais legalmente habilitados como aduaneiros. O ingresso irregular permite que a aduana atue de forma preventiva e repressiva, possuindo a capacidade de apreender veículos e mercadorias que eventualmente possam ultrapassar o controle fiscal, infringindo a linha aduaneira. Se isto vier a ocorrer, a ação da aduana é ativa, baseada no poder de polícia a ela inerente. Ou também conhecido como poder discricionário. UNI Define o Código Tributário Nacional: CTN. Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. Parágrafo único: Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder. FONTE: Código Tributário Nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172. htm>. Acesso em: 10 set. 2012. Os veículos devem, com antecedência e na forma prevista na lei, informar a sua chegada. A partir deste momento, a autoridade aduaneira emprega os procedimentos destinados ao ingresso de veículos. Observa a entrega dos manifestos de carga, os efeitos das declarações das mercadorias relacionadas para os fins da alfândega. UNIDADE1TÓPICO 222 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A 3 O PROCESSO ADUANEIRO CONTENCIOSO Carlucci (2001, p. 205): Observa que o contencioso aduaneiro tem por objeto a resolução de um con- flito de interesses submetido ao julgamento de um órgão atuando com função jurisdicional, tendo por um lado o Estado, credor de uma obrigação tributário- -aduaneira, cujos crédito e sanção são por ele reclamados e, por outro lado, o suposto infrator, o contribuinte ou demandado, que procura a prestação de uma justiça e a defesa de seus direitos fundamentais. O contencioso aduaneiro nada mais é que um procedimento administrativo instaurado no momento em que se encontra alguma situação que necessite de solução ou verificação em razão das regras determinadas no direito aduaneiro para entradas ou saídas de veículos, pessoas e mercadorias. UNI Finalidade da função jurisdicional A finalidade da função jurisdicional é resolver os conflitos da sociedade, aplicando as normas aos casos concretos, levando à harmonização social (convivência harmônica). A ideia de jurisdição é a de uma decisão definitiva do conflito. O Estado-juiz substitui a vontade particular pela vontade do Estado. Desde que as partes não consigam a chamada autocomposição (solução pacífica e natural do conflito), torna-se necessário que se leve o exame desse conflito ao Poder Judiciário. FONTE: FUNÇÕES DO ESTADO. Disponível em: <http://www. licoesdedireito.kit.net/constitucional/constitucional-judiciario. html>. Acesso em: 10 set. 2012. Na concepção de José Del Cueto (apud CARLUCCI 2001, p. 206-208), existem alguns princípios aplicados ao contencioso aduaneiro, assim determinados: a) Princípio da jurisdicionalidade formal: evita que o mesmo órgão atue como juiz e parte. No Brasil encontramos este princípio representado pela instância judicial que efetua o controle dos atos administrativos. Entretanto, segundo Sosa (1995), se o particular deixar de atender a algum requisito formal ou se abstiver de apresentar declaração à Alfândega, imediatamente entrará em ação, que poderá levar à determinação de abertura de volumes, malas, vistoriar porões etc. UNIDADE 1 TÓPICO 2 23 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A b) Princípio da tutela da ordem pública: está representado pelo direito público, que neste segmento é o próprio direito aduaneiro. c) Princípio da unilateralidade eventual: a identificação deste princípio está nos procedimentos administrativos aduaneiros em que existe apenas uma parte – o Estado – nos casos de apreensão de mercadorias em que não se pode identificar o infrator. Nos casos de mercadorias abandonadas nos recintos alfandegados, nos casos de mercadorias submetidas a regimes aduaneiros especiais. d) Princípio do devido processo legal: é o princípio constitucional que assegura a todos o direito a um processo justo e com todas as regras previstas em lei, bem como todas as garantias constitucionais. e) Princípio da tendência ao equilíbrio de poderes: em razão do princípio da tutela da ordem pública, o demandado é o que possui poderes mais restritos. O Estado tem a seu favor uma gama de presunções cuja destruição está a cargo do demandado. f) Princípio da verdade real: no processo aduaneiro a sentença é independente da vontade das partes (no que se respeita às provas) e o julgador está obrigado a constatar a autenticidade dos fatos. g) Princípio da preclusão: implica na perda, extinção ou consumação de uma faculdade processual. h) Princípio da rapidez: o processo aduaneiro deve ser caracterizado pela rapidez, simplicidade e economia de seus procedimentos. i) Princípio da imediação: pelo qual se autoriza o saneamento das incorreções ou omissões antes da decisão de primeira instância. j) Princípio da estruturação dual: no Brasil se adota o princípio da unidade de jurisdição. 4 O CONTENCIOSO ADUANEIRO NO bRASIL O contencioso aduaneiro brasileiro pode ser dividido em dois segmentos: um a que se aplica o rito processual geral, comum a todos os tributos de competência da União, regido pelo Decreto nº 70.235, de 06/0372, Decreto nº 6.103/2007 e Decreto nº 6.574/2011; e outro a que se aplicam ritos especiais. UNIDADE 1TÓPICO 224 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A O artigo 7º do Decreto nº 70.235/1972 assim descreve: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I - o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientifi- cado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II - a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III - o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. (BRASIL, 2012). Caro(a) acadêmico(a), passaremos a analisar de forma sucinta algumas situações de contencioso aduaneiro que possam servir de parâmetro para suas atividades. A determinação e a exigência de créditos tributários decorrentes de infração às normas aduaneiras são apuradas mediante processo administrativo fiscal, na forma do Decreto nº 70.235/1972. Tais créditos podem ser consequentes: a) Do começo do despacho aduaneiro de mercadorias. b) Da revisão de despacho aduaneiro procedida dentro do prazo decadencial de cinco anos da data do registro da Declaração de Importação. Carluci afirma (2001, p. 208) que: O processo de determinação e exigência de crédito tributário relativo ao Im- posto de Importação ou infração administrativa ao controle de importações, diferentemente dos demais tributos federais, é condicionado à existência de garantia representada pela retenção da mercadoria nos armazéns alfandega- dos ou a sua substituição por fiança bancária, depósito em dinheiro ou caução em títulos da dívida pública. Encontramos também os processos e atos contenciosos administrativos aduaneiros especiais, e dentre eles temos: 1. Processo de Perdimento: as infrações em que se aplique a pena de perdimento são regulamentadas pelo Decreto-Lei nº 1.455/76, de forma mais específica o artigo 27: Art. 27. As infrações mencionadas nos artigos 23, 24 e 26 serão apuradas através de processo fiscal, cuja peça inicial será o auto de infração acompa- nhado de termo de apreensão, e, se for o caso, de termo de guarda. (BRASIL, 2012). Vejamos o que dispõem os arts. 23, 24 e 26 do Decreto nº 1.455/76 com relação às referidas infrações: UNIDADE 1 TÓPICO 2 25 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A Art. 23. Consideram-se dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I - importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da legislação específica em vigor; II - importadas e que forem consideradas abandonadas pelo decurso do prazo de permanência em recintos alfandegados nas seguintes condições: a) 90 (noventa) dias após a descarga, sem que tenha sido iniciado o seu despacho; ou b) 60 (sessenta) dias da data da interrupção do despacho por ação ou omissão do importador ou seu representante; ou c) 60 (sessenta) dias da data da notificação a que se refere o artigo 56 do Decreto-Lei n◦ 37, de 18 de novembro de 1966, nos casos previstos no artigo 55 do mesmo decreto-lei; ou d) 45 (quarenta e cinco) dias após esgotar-se o prazo fixado para permanência em entreposto aduaneiro ou recinto alfandegado situado na zona secundária. III - trazidas do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada e que permanecerem nos recintos alfandegados por prazo superior a 45 (quarenta e cinco) dias, sem que o passageiro inicie a promoção do seu desembaraço; IV - enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas"a" e "b" do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decreto-lei número 37, de 18 de novembro de 1966. V - estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). VI - (Vide Medida Provisória nº 320, 2006). § 1◦ O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. [...] § 2◦ Presume-se interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento UNIDADE 1TÓPICO 226 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A NO TA! � Pena de perdimento, o que é? A Pena de perdimento é, sem sombra de dúvida, a mais severa sanção administrativa existente no direito aduaneiro. Consiste na decretação da perda de mercadorias e veículos quando constatado, na operação de comércio exterior, dano ao erário. FONTE: CIESP. Pena de perdimento convertida em multa. Disponível em: <http://www.ciespsorocaba.com.br/releases-texto. php?id=892>. Acesso em: 12 set. 2012. equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010). § 4◦ O disposto no § 3◦ não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002). Art. 24. Consideram-se igualmente dano ao Erário, punido com a pena prevista no parágrafo único do artigo 23, as infrações definidas nos incisos I a VI do artigo 104 do Decreto-lei número 37, de 18 de novembro de 1966. Art. 26. As mercadorias de importação proibida na forma da legislação específica em vigor serão apreendidas, liminarmente, em nome e ordem do Ministro da Fazenda. Parágrafo único. Independentemente do curso de processo criminal, as mercadorias a que se refere este artigo poderão ser alienadas ou destinadas na forma deste decreto-lei. FONTE: Disponível em: < http://www.portaltributario.com.br/legislacao/dl1455.htm>. Acesso em: 3 out. 2012. Para que ocorra o devido processo legal no processo de perdimento, sendo este um dos princípios do contencioso aduaneiro, é preciso que sejam observadas algumas prerrogativas inerentes ao processo administrativo, entre as quais: UNIDADE 1 TÓPICO 2 27 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A Art. 27. (...) § 1º Feita a intimação, pessoal ou por edital, a não apresentação de impug- nação no prazo de 20 (vinte) dias implica em revelia. § 2º Apresentada a impugnação, a autoridade preparadora terá o prazo de 15 (quinze) dias para remessa do processo a julgamento. § 3º O prazo mencionado no parágrafo anterior poderá ser prorrogado quando houver necessidade de diligências ou perícias, devendo a autoridade prepara- dora fazer comunicação justificada do fato ao Secretário da Receita Federal. § 4º Após o preparo, o processo será encaminhado ao Secretário da Receita Federal que o submeterá a decisão do Ministro da Fazenda, em instância única. (Vide Medida Provisória nº 38, de 13.5.2002). § 5◦ As infrações mencionadas nos incisos II e III do art. 23 deste decreto-lei, quando referentes a mercadorias de valor inferior a US$ 500.00 (quinhentos dólares dos Estados Unidos da América), e no inciso IX do art. 105 do Decreto- -Lei n◦ 37, de 18 de novembro de 1966, serão apuradas em procedimento simplificado, no qual: (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). I - As mercadorias serão relacionadas pela unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o local de depósito, devendo a relação ser afixada em edital na referida unidade por 20 (vinte) dias; e (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). II - Decorrido o prazo a que se refere o inciso I: (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). a) Sem manifestação por parte de qualquer interessado, serão declaradas abandonadas e estarão disponíveis para destinação, dispensada a formalidade a que se refere o caput, observado o disposto nos arts. 28 a 30 deste decreto- -lei. Ou (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). b) Com manifestação contrária de interessado, será adotado o procedimento previsto no caput e nos §§ 1◦ a 4◦ deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). § 6◦ O Ministro de Estado da Fazenda poderá complementar a disciplina do disposto no § 5◦, bem como aumentar em até 2 (duas) vezes o limite nele estabelecido. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). § 7◦ O disposto nos §§ 5◦ e 6◦ não se aplica na hipótese de mercadorias de importação proibida. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 13 de outubro de 2009). (BRASIL, 2012). Decorridos os prazos previstos para a permanência de mercadorias em recintos alfandegados, os depositários devem fazer em cinco dias a comunicação ao órgão local da Secretaria da Receita Federal, relacionando as mercadorias e mencionando todos os elementos necessários à sua identificação dos volumes e do veículo transportador (art. 31, Decreto-Lei nº 1.455/76). Com relação à comunicação da permanência da mercadoria nos recintos alfandegados diante da discussão no processo de perdimento, temos: UNIDADE 1TÓPICO 228 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A Art. 31. [...] Parágrafo 1º: Feita a comunicação de que trata este artigo dentro do prazo previsto, a Secretaria da Receita Federal, com os recursos provenientes do FUNDAF, efetuará o pagamento, ao depositário da tarifa de armazenagem devida até a data em que retirar a mercadoria. Parágrafo 2º: Caso a comunicação estabelecida neste artigo não seja efetuada no prazo estipulado, somente será paga pela Secretaria da Receita Federal a armazenagem devida até o término do referido prazo, ainda que a mercadoria venha a ser posteriormente alienada. (BRASIL, 2012). ● Termos de Responsabilidade e sua execução: Art. 547. O termo de responsabilidade é o documento mediante o qual se constituem obrigações fiscais, cujo adimplemento fica suspenso pela aplicação dos regimes aduaneiros especiais ou pela postergação de cumprimento de formalidades ou de apresentação de documentos, ou ainda, por outros motivos previstos neste regulamento ou em atos normativos destinados a complementá-lo. (Decreto-Lei n◦ 37/66, art. 71 - alterado pelo Decreto-Lei n◦ 1.223/72 - § 1◦). FONTE: Disponível em: <sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?...l...>. Acesso em: 3 out. 2012. O termo de responsabilidade constitui título representativo de direito líquido e certo da Fazenda Nacional com relação à obrigação tributária nele garantida. Não efetuado o pagamento do crédito tributário exigido, será encaminhado à cobrança judicial. FONTE: Disponível em: <sijut.fazenda.gov.br/netacgi/nph-brs?...>. Acesso em: 3 out. 2012. NO TA! � Acadêmico(a)! Acesse os links: <http://www.receita.fazenda.gov.br/legislacao/ ins/ant2001/1998/in08498.htm>, <http://www.receita.fazenda. gov.br/legislacao/ins/ant2001/1999/in15099.htm>. Acessando estes sites,poderá ver as alterações que as sucederam. Leia as Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal que regulamentam os Termos de Responsabilidade. UNIDADE 1 TÓPICO 2 29 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A ● Processo de Vistoria Aduaneira: a formalização da exigência do crédito tributário decorrente de vistoria aduaneira é feita através de notificação de lançamento instruída pelo termo de vistoria. Orienta Carlucci (2001, p. 211-212) que o processo de determinação e exigência de crédito tributário resultante de vistoria obedece a rito sumário descrito a seguir: a. Intimando-se o indicado como responsável a produzir defesa em 5 (cinco) dias. b. Proferindo-se a decisão de primeira instância nos 5 (cinco) dias subse- quentes. c. Proferida a decisão de primeira instância pode a mercadoria ser entregue independentemente de garantia de qualquer natureza. d. A matéria de fato deve exaurir-se na decisão de primeira instância, devendo a autoridade julgadora promover as diligências necessárias para isso. e. Na fase de recursos adota-se o procedimento estabelecido no Decreto nº 70.235, de 06/03/1972. A decisão de primeira instância dos processos de vistoria compete às Delegacias da Receita Federal de Julgamento, onde encontramos a Portaria nº 416 do Ministério da Fazenda de nº 416/2000: Art. 1o As Delegacias da Receita Federal de Julgamento – DRJ da Secretaria da Receita Federal – SRF são competentes para realizar o julgamento, em primeira instância, de processos administrativos de determinação e exigência de créditos tributários, inclusive os decorrentes de vistoria aduaneira e de manifestação de inconformidade contra decisões dos inspeto- res e dos delegados da Receita Federal relativas a restituição, ressarcimento, imunidade, suspensão, isenção ou redução de tributos e contribuições admi- nistrados pela SRF. (grifo nosso). (BRASIL, 2012). DIC AS! Caro(a) acadêmico(a), acessando o link: <http://www.receita. fazenda.gov.br/legislacao/portarias/2001/ministeriodafazenda/anexos/ Anexo5.htm>, Localização e Jurisdição Territorial e por Matérias (redação dada pela Portaria SRF n◦ 3.022, de 29 de novembro de 2001), você conhecerá as Delegacias da Receita Federal de Julgamento. ● Processo de destinação de mercadorias: a destinação dos bens objetos da pena de perdimento é feita sob uma das formas descritas a seguir: a) Por alienação: • a missões diplomáticas, repartições consulares ou órgãos internacionais de que o Brasil faça parte; UNIDADE 1TÓPICO 230 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A • a lojas francas; • a empresas comerciais exportadoras; • a pessoas jurídicas, mediante licitação, na modalidade concorrência, • a pessoas físicas, mediante licitação, na modalidade leilão,concorrência, de lotes constituídos de unidade, ou diminuta quantidade, vedada sua destinação comercial. b) Por incorporação ao patrimônio: • De órgãos da administração pública. • De entidades beneficentes, religiosas, científicas e de instituições educacio- nais, sem fins lucrativos. (CARLUCI, 2001, p. 212- 213). Prevê ainda o Decreto-Lei nº 1.455/76, quanto ao processo de destinação de mercadorias originado da pena de perdimento: Art. 29. A destinação das mercadorias a que se refere o art. 28 será feita das seguintes formas: (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). I – alienação, mediante: (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). a) licitação; ou (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). b) doação a entidades sem fins lucrativos; (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). II – incorporação ao patrimônio de órgão da administração pública; (Re- dação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). III – destruição; ou (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). IV – inutilização. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). § 1o As mercadorias de que trata o caput poderão ser destinadas: (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). I – após decisão administrativa definitiva, ainda que relativas a processos pendentes de apreciação judicial, inclusive as que estiverem à disposição da Justiça como corpo de delito, produto ou objeto de crime, salvo determinação expressa em contrário, em cada caso, emanada de autoridade judiciária; ou (Incluído pela Lei nº 12.350 de 2010). II – imediatamente após a formalização do procedimento administrativo-fiscal pertinente, antes mesmo do término do prazo definido no § 1o do art. 27 deste decreto-lei, quando se tratar de: (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). a) semoventes, perecíveis, inflamáveis, explosivos ou outras mercadorias que exijam condições especiais de armazenamento; ou (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). b) mercadorias deterioradas, danificadas, estragadas, com data de validade vencida, que não atendam exigências sanitárias ou agropecuárias ou que estejam em desacordo com regulamentos ou normas técnicas e que devam ser destruídas. (Incluído pela Lei nº 12.350, de 2010). (BRASIL, 2012). À Secretaria da Receita Federal cabe a administração e alienação das mercadorias UNIDADE 1 TÓPICO 2 31 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A apreendidas (parágrafo 4º, art. 29, Decreto-Lei nº 1.455/76). Provisiona o art. 30 do mesmo texto legal: na hipótese de decisão administrativa ou judicial que determine a restituição de mercadorias que houverem sido destinadas, será devida indenização ao interessado, com recursos do Fundaf, tendo por base o valor declarado para efeito de cálculo do imposto de importação ou de exportação. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010). Este dispositivo de lei tem por objetivo evitar o prejuízo daquele que teve suas mercadorias apreendidas indevidamente, após toda a formatação e conclusão do processo administrativo contencioso aduaneiro. Prezado(a) acadêmico(a), podemos observar que toda situação envolvendo as relações comerciais, ultrapassando fronteiras e que trazem situações de litígio, passam por um devido processo legal, denominado de contencioso aduaneiro, que é de natureza administrativa. Relatamos apenas algumas situações. Outras, obviamente, são encontradas e dispõem de regramento que as conduzem. Esteja atento(a), busque saber deles para que saiba encontrar as soluções necessárias. UNIDADE 1TÓPICO 232 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A RESUmO DO TÓPICO 2 Neste tópico você pôde: ● Identificar o conceito de entrada aduaneira e as espécies reconhecidas, dentre elas as entradas de veículos, mercadorias ou bens e pessoas. ● Compreender o exercício do poder discricionário nas entradas aduaneiras. ● Reconhecer o conceito de processo contencioso aduaneiro e seus princípios. ● Distinguir o contencioso aduaneiro no Brasil, inclusos neste os contenciosos aduaneiros especiais. UNIDADE 1 TÓPICO 2 33 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A AUT OAT IVID ADE � 1 O Estado tem o poder/dever, em razão de atuar em função do interesse público, de agir para que seja determinada a paz social e a obediência às normas jurídicas existentes no território brasileiro. Neste contexto, atribua um conceito para o exercício do poder de polícia ou poder discricionário. 2 O Estado tem definidos poderes e funções determinadas pela lógica da divisão dos poderes instituída constitucionalmente, assim entendidos como: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário. Diante desta perspectiva, descreva a finalidade da função jurisdicional. 3 O processo administrativo contencioso aduaneiro pode resultar, em algumas circunstâncias, noperdimento de bens ou mercadorias. Diante desta realidade, atribua um conceito para pena de perdimento de bens ou mercadorias. UNIDADE 1TÓPICO 234 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A CONTENDAS ADUANEIRAS 1 INTRODUÇÃO TÓPICO 3 UNIDADE 1 Da mesma forma que em outros segmentos da sociedade ou, ainda, das relações em sociedade, as fraudes, os delitos e as infrações também são percebidos nas relações aduaneiras. No início, a aduana apenas fiscalizava, não havia muita preocupação com o volume econômico representado pelas relações comerciais aduaneiras. Após a Segunda Guerra Mundial, esta situação se modificou. As atribuições dos serviços aduaneiros passaram a ser voltadas ao interesse econômico. Os serviços aduaneiros passaram também a atuar em situações de segurança nacional (armas), saúde pública, agricultura, estatísticas comerciais, para dar suporte e informações para a organização da política de comércio exterior. Nesta perspectiva, os serviços aduaneiros, com o crescimento da tecnologia, dos meios de transporte e comunicação, que tornam mais sofisticadas as possibilidades de fraudes, infrações e delitos nas relações comerciais aduaneiras, devem estar preparados para a observação desta realidade no intuito de conter estes abusos. Carlucci (2001, p. 216-218) descreve as frentes de atuação dos serviços aduaneiros que devem reprimir estes ilícitos, devendo estes setores contar com estrutura física adequada e recursos humanos qualificados, sendo: a) Serviço de vigilância e repressão nas fronteiras terrestres, portos, aero- portos e armazéns alfandegados de zona primária e secundária e veículos transportadores. b) Serviço de verificação de mercadorias e análise da documentação relativa UNIDADE 1TÓPICO 336 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A a essas mercadorias, tanto na importação quanto na exportação e no trânsito. c) Serviço de revisão do despacho aduaneiro. d) Serviço de auditoria fiscal aduaneira. e) Serviço de logística aduaneira. f) Serviço de vistoria de bagagem de passageiros e tripulantes. g) Serviço de análise laboratorial de produtos químicos e/ou produtos naturais. h) Serviço de inteligência aduaneira. Entende-se, caro(a) acadêmico(a), que com o funcionamento regular destes setores ou serviços aduaneiros, as possibilidades de ocorrência de infração, fraudes e delitos aduaneiros reduzam ou deixem de acontecer. Vamos compreender um pouco mais sobre o tema, iniciamos o estudo agora! 2 FRAUDES E INFRAÇÕES ADUANEIRAS De acordo com a gravidade dos atos praticados, quando comparados os fatos com a legislação aduaneira, os ilícitos podem ser classificados como: infrações, fraudes e delitos aduaneiros, sendo que esta classificação pode alterar na concepção de alguns autores. A legislação aduaneira do território brasileiro identifica dois grupos de infrações aduaneiras: a) As infrações fiscais (tributárias). b) As infrações administrativas ao controle das importações (de natureza não tributária). De acordo com o Regulamento Aduaneiro, qual seja, o Decreto nº 6.759, de 2009, em vigor, temos como conceito de Infração Aduaneira: Art. 673. Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte de pessoa física ou jurídica, de norma estabelecida ou disciplinada neste decreto ou em ato administrativo de ca- ráter normativo destinado a completá-lo. (Decreto-lei n◦ 37, de 1966, art. 94, caput). (BRASIL, 2012). Da mesma forma, o art. 674 define quem responde pelo ato infracionário: Art. 674. Respondem pela infração (Decreto-Lei n◦ 37, de 1966, art. 95): I - conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; UNIDADE 1 TÓPICO 3 37 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A II - conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto a que decorra do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III - o comandante ou o condutor de veículo, nos casos do inciso II, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignada a pessoa física ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV - a pessoa física ou jurídica, em razão do despacho que promova, de qualquer mercadoria; V - conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora (Decreto-Lei n◦ 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada pela Medida Provisória n◦ 2.158-35, de 2001, art. 78); e VI - conjunta ou isoladamente, o importador e o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora (Decreto-lei n◦ 37, de 1966, art. 95, inciso VI, com a redação dada pela Lei n◦ 11.281, de 2006, art. 12). Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no inciso V, presume-se por conta e ordem de terceiro a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos deste, ou em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma da alínea “b” do inciso I do § 1◦ do art. 106 (Lei n◦ 10.637, de 2002, art. 27; e Lei n◦ 11.281, de 2006, art. 11, § 2◦). FONTE: Disponível em: <www2.camara.gov.br>. Acesso em: 3 out. 2012. E o artigo 675 deste mesmo regulamento apresenta as penalidades previstas para aquele que comete a infração aduaneira: Art. 675. As infrações estão sujeitas às seguintes penalidades, aplicáveis separada ou cumulativamente (Decreto-lei n◦ 37, de 1966, art. 96; Decreto-lei n◦ 1.455, de 1976, arts. 23, § 1◦, com a redação dada pela Lei n◦ 10.637, de 2002, art. 59, e 24; Lei n◦ 9.069, de 1995, art. 65, § 3◦; e Lei n◦ 10.833, de 2003, art. 76): I - perdimento do veículo; II - perdimento da mercadoria; III - perdimento de moeda; IV - multa; e V - sanção administrativa. (BRASIL, 2012). Como conhecemos, a fraude classificada para a legislação aduaneira compreende a fraude fiscal que está conceituada na Lei nº 4.502/64, assim conceitualmente definida: Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, UNIDADE 1TÓPICO 338 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. (BRASIL, 2012). A fraude fiscal é realizada intencionalmente com o objetivo de trazer prejuízo ao fisco. A fraude fiscal impede que o pagamento do tributo devido aconteça, impede que as rendas fiscais integrem as rendas da administração pública. As infrações fiscais, em geral, e as aduaneiras em particular, constituem infrações antieconômicas enquadráveis no conceito de White Collar Crime – Crimes do Colarinho Branco. Caro(a) acadêmico(a), passaremos agora a um breve relato dos crimes contra a ordem tributária. 2.1 CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA Carlucci (2001, p. 222) traz a concepção de três grupos de crimes tributários, sendo estes: a) crimes essencialmente tributários – integrantes principais do direito penal tributário: sonegação fiscal, descaminho, excesso de exação, falsificação de estampilhas e de comprovantes tributários, petrechos de falsificação de papéis tributários, facilitação do descaminhoe fraude contra o fisco; b) crimes tributários por extensão legal – crimes trazidos pelo legislador ordi- nário para o direito tributário: apropriação indébita; c) crimes circunstancialmente tributários – crimes contra a administração pública e que podem ter origem na violação de normas tributárias: peculato, concussão, corrupção ativa e passiva, prevaricação, desacato etc. A lei que rege os crimes de ordem tributária é a Lei n◦ 8.137, de 22/12/90, que determina igualmente que todo delito tributário tem o dolo como elemento principal. UNIDADE 1 TÓPICO 3 39 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A UNI SAIBA MAIS! Dolo: significa intenção ou desejo de praticar um ato condenável, executando-o de forma refletida e deliberada. Pressupõe-se que o indivíduo que pratica o dolo age de má-fé, porque tem consciência de que está violando regras que podem prejudicar terceiros. Dolo é também sinônimo de fraude, engano ou traição. Na análise jurídica, o indivíduo com intenção de burlar a lei, enganando o próximo em proveito próprio, está cometendo dolo. Por exemplo, na elaboração de um contrato ou concretização de um negócio. FONTE: Disponível em:< http://www.significados.com.br/dolo/>. Acesso em: 15 set. 2012. Os artigos 1º a 3º da Lei n◦ 8.137/90 identificam os crimes cometidos contra a ordem tributária nacional, a saber: Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000). I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável; IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato; V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V. Art. 2° Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000). UNIDADE 1TÓPICO 340 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos; III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal; V - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento; V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. Seção II Dos crimes praticados por funcionários públicos Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto- Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal (Título XI, Capítulo I): I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social; II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. FONTE: Disponível em: <www.jusbrasil.com.br/.../fraude-na-documentacao-tributaria-exigivel>. Acesso em: 3 out. 2012. UNIDADE 1 TÓPICO 3 41 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A UNI Acadêmico(a): Para melhor compreensão dos crimes tributários, acesse o link: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8137.htm> e faça uma leitura do texto legal que regulamenta a matéria e acesse todas as alterações correspondentes. As relações de comércio exterior são traduzidas por significativo movimento econômico e envolvem a imposição de tributos. Os crimes tributários são encontrados nestas relações em grande volume. Eis a necessidade dos serviços aduaneiros estarem preparados para a fiscalização e repressão destas práticas. 3 O CONTRAbANDO E O DESCAmINHO O contrabando é explicado por alguns autores em razão das especificidades do litoral brasileiro, que apresenta várias possibilidades de “entradas sorrateiras”, pela ausência de vigilância nas fronteiras, ou ainda, pelo sistema cambial brasileiro. “Desde os primórdios da introdução da cobrança dos direitos aduaneiros nas economias fiscais no mundo, o contrabando e o descaminho, em suas diversas modalidades de ação, representam uma importante forma de sonegação e evasão de divisas e de tributos”. (CARLUCCI, 2011, p. 248). Encontramos o conceito de contrabando e descaminho no Código Penal Brasileiro: Art. 334 Código Penal – Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. UNIDADE 1TÓPICO 342 L E G I S L A Ç Ã O A D U A N E I R A C O M P A R A D A NO TA! � Complementando a informação! ● Contrabando: diz respeito à entrada ou saída do país de mercadorias absoluta ou relativamente proibidas. Já o descaminho diz respeito à fraude utilizada pelo agente no intuito de evitar, total ou parcialmente, o pagamento dos impostos relativos à importação, exportação ou consumo de mercadorias, que no caso são permitidas. ● Consumação Contrabando: há duas situações distintas: Primeira: o sujeito ingressa ou sai do território nacional pelos caminhos normais, transpondo as barreiras da fiscalização alfandegária. Nessa hipótese, o crime se consuma no momento em que é ultrapassada a zona fiscal. Segunda: no caso do sujeito que se serve de meios escusos para entrar e sair do país clandestinamente, a consumação ocorrerá no exato instante em que são transpostas as fronteiras do país. ● Tentativa Contrabando: ocorre quando, por circunstâncias alheias à vontade do agente,
Compartilhar