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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DE BRASÍLIA CURSO: DIREITO 3º SEMESTRE Processual Civil I Estudo de Casos Gamaliel Silva Oliveira Erika Lucena Gracinete Barbosa Brasília 2014 CASO 1: Um dos pressupostos processuais de validade é a chamada capacidade processual (capacidade de ser parte, de estar em juízo e postulatória). A regra geral, em nosso direito, é que o cidadão não possui capacidade para postular diretamente em juízo. Contudo, o art. 9º da Lei 9.099/95 permite que o cidadão ingresse em juízo, sem assistência de advogado, para pleitear direito de valor econômico igual ou maior a 20 salários mínimos, quando a causa for de competência dos Juizados. Em 2003, o Supremo Tribunal Federal julgou improcedente ação direta de in— constitucionalidade ajuizada pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Na referida ação, argumentava-se que o art. 9º da Lei 9.099/95 ofendia o art. 133 da CRFB/88. A decisão de STF foi a seguinte: “EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ACESSO À JUSTIÇA. JUIZADO ESPECIAL. PRESENÇA DO ADVOGADO. IMPRESCINDIBILIDADE RELATIVA. PRECEDENTES. LEI 9099/95. OBSERVÂNCIA DOS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS. RAZOABILIDADE DA NORMA. AUSÊNCIA DE ADVOGADO. FACULDADE DA PARTE. CAUSA DE PEQUENO VALOR. DISPENSA DO ADVOGADO. POSSIBILIDADE. 1. Juizado Especial. Lei 9099/95, artigo 9º. Faculdade conferida à parte para demandar ou defender-se pessoalmente em juízo, sem assistência de advogado. Ofensa à Constituição Federal. Inexistência. Não é absoluta a assistência do profissional da advocacia em juízo, podendo a lei prever situações em que é prescindível a indicação de advogado, dados os princípios da oralidade e da informalidade adotados pela norma para tornar mais célere e menos oneroso o acesso à justiça. Precedentes. 2. Lei 9099/95. Fixação da competência dos juízos especiais civis tendo como parâmetro o valor dado à causa. Razoabilidade da lei, que possibilita o acesso do cidadão ao judiciário de forma simples, rápida e efetiva, sem maiores despesas e entraves burocráticos. Ação julgada improcedente.” (ADI 1.539/UF, rel. Min. Maurício Corrêa, j. 24.4.2003, Tribunal Pleno, DJ 05.12.2003, p. 17, Reqte: Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Advdo. (a/s): Marcelo Mello Martins, Reqdo.: Presidente da República e Congresso Nacional) Problema: É legítimo permitir que o cidadão vá a juízo, sem advogado, em situações em que estamos diante de causa de grande complexidade jurídica (como, por exemplo, discussões sobre direito intertemporal e planos de saúde), embora de pequeno valor econômico. R- A constituição Federal, garante a todos o direito de acesso à justiça (art. 5o, XXXV, C.F.) e aos menos favorecidos economicamente o direito à assistência jurídica gratuita (art. 5o, LXXIV, C.F.), logo no art. 2º da Lei dos Juizados Especiais (Lei n. 9099/95), afirma-se que o procedimento dos Juizados orienta-se pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade. Ainda referindo-se a lei do Juizado Especial Afirma o art. 55, que a sentença de primeiro grau não condenará o vencido em custas e honorários de advogado. Em segundo grau, o recorrente, vencido, pagará as custas e honorários de advogado, que serão fixados entre dez por cento e vinte por cento do valor de condenação ou, não havendo condenação, do valor corrigido da causa. Menciona o art. 9o da Lei dos Juizados Especiais que, nas causas de valor até vinte salários mínimos, é facultativo o acompanhamento das partes por advogado; nas de valor superior, a assistência é obrigatória. Por ser facultativa, nas causas de valor até vinte salários mínimos, a presença de advogado, deixa-se claro que se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o réu for pessoa jurídica ou firma individual, terá a outra parte, se quiser assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial. Além desta disposição do § 1o do art. 9o da Lei dos Juizados Especiais, estabeleceu-se, no § 2o, que o juiz deve alertar as partes da conveniência do patrocínio por advogado, quando a causa o recomendar. b) Como ter um processo justo e équo quando o cidadão está demandando sem a presença de advogado e, por outro lado, na tutela de interesses ligados a grandes corporações, temos advogados associados a renomados escritórios de advocacia? R- Respeitando todo o processo o juiz agirá de forma imparcial. Grandes corporações não podem infringir o direito de ampla defesa e do contraditório para a parte que não possui a capacidade de ser representado. c) De que modo o magistrado deve conduzir a instrução processual em hipóteses como essas? Há risco de comprometimento da imparcialidade do juiz que tenderá a “auxiliar” o hipossuficiente? R- De modo equânime e sua imparcialidade. Não, pois devemos confiar na capacidade do juiz e em sua imparcialidade. CASO 2: A “Associação dos Moradores e Amigos da Praia de Itaguaçu” ajuizou ação civil pública, em face da Petrobrás, objetivando a reparação de graves danos ao meio ambiente causados por essa empresa. Ao receber a petição inicial, o magistrado determinou, ex officio e antes mesmo do prazo previsto para apresentação de defesa pela ré, que fosse realizada prova pericial para determinar a extensão dos prejuízos causados ao meio ambiente. A empresa ré recorreu da decisão do magistrado alegando violação da cláusula due process of law, em especial dos princípios da ampla defesa: contraditório, isonomia e imparcialidade, haja vista que tal medida, que sequer foi requerida pela autora, deveria ser cumprida antes mesmo da apresentação de sua contestação. Indaga-se: Agiu corretamente o Magistrado? Providência semelhante poderia ter sido tomada por ele em demanda que tratasse de interesse individual disponível? R- Sim, pois o magistrado pode adotar providência não aquecida e que ele pareça inidônea para o conservação do Estado de fato e de direito envolvido na lide. CASO 3: Conhecida emissora de televisão adquiriu, de terceiro, uma gravação telefônica que fora supostamente obtida por meios ilícitos. Um dos interlocutores da gravação era o então Governador do Estado que, vislumbrando ameaça ao seu direito à intimidade, decide interpor medida cautelar inominada em face daquela emissora para impedir a veiculação e divulgação do teor de suas conversas telefônicas mantidas com terceiros. Deferida a liminar pleiteada pelo Governador do Estado, a ré (emissora de TV) insurge-se contra aquela decisão e recorre ao Tribunal de Justiça. Em suas razões, a recorrente alega que a liberdade de imprensa é assegurada pelo artigo 220 da Constituição e que o artigo 5°, IX e XIV da CRFB/88, assegura a livre expressão e acesso à informação. Aduz ainda que o Judiciário, ao impedir a divulgação de informações de relevância social está, na verdade, atuando de forma arbitrária, censurando previamente, sobretudo por ser o recorrido figura pública de projeção nacional, sujeitando-se publicidade de seus atos. Por fim, alega que o fato das gravações terem sido obtidas de forma clandestina não é relevante, já que não foram produzidas pela recorrente e nem a seu mando. Considerando a colisão de princípios constitucionais, como decidir a presente hipótese? Aponte, na sua fundamentação, quais princípios foram, eventualmente violados. R – usará a jurisprudência do Supremo. Os princípios são, o direito processual legal, inafastabilidade do controle judicial. Inadmissibilidade das prova obtidas por meio ilícito.
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