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Nascimento, Crescimento e Desenvolvimento - Módulo VIII Lorena Fagundes Lorena Fagundes 1. Nascimento 1.1 Adaptação à Vida Extra-Uterina A mudança de habitat de um local calmo, quente e úmido a um inverso e com muitos estímulos sensoriais causam mudanças fisiológicas no neonato, assim como a autonomia da nutrição, respiração e excreção. Sistema Respiratório – Entre 18ª e 20ª semana gestacional, pneumócitos I surgem, possibilitando trocas gasosas, e na 35ª, aparecem os pneumócitos II, secretores de surfactante (substância tensoativa formada por lecitina, fosfatidilglicerol, fosfatidilserina, fosfatidiletanolamina, esfingomielina). Os primeiros movimentos respiratórios na 20ª semana de gestação auxiliam no desenvolvimento da caixa torácica, de músculos respiratórios e pulmões. Além disso, a ultrafiltração capilar permite expansão de alvéolos e ocorre de modo que a circulação pulmonar tem alta pressão e baixo fluxo, na medida em que há resistência vascular pulmonar (RVP) maior que a sistêmica, pois não há funcionamento de pulmões e sim de placenta. A RVP acontece porque há falta de aeração, compressão de capilares pulmonares por liquido pulmonar fetal, vasoconstrição gerada por baixa pressão de O² e ação de prostaglandinas. Ciclo de Vida Funcional do Surfactante: proteínas surfactantes (PS-A, PS-B, PS-C) secretam os corpos lamelares com carboidratos e lipídios, que seguem à mielina tubular da hipófase e depois, para a interface fosfolipídica, onde existe interação de arginina e lisina de PS-B para redução de tensão superficial. Ao passar pelo canal vaginal no trabalho de parto, o tórax é comprimido, variando a pressão de 60 a 100 cmH2O e acarreta em ejeção de 30 a 100ml de fluido presente em vias aéreas menores e em prol da formação de pressão distensora, a qual promove insuflação. Quando o tronco passa, o RN faz respiração passiva pela retração da caixa torácica, seguida de forçamento glossofaríngeo, há redução de hipóxia e inibição de expiração. Também, a entrada de ar cria a interface ar-líquido que colabaria vias aéreas se não existisse o surfactante e o reflexo Hering-Breuer (quando o pulmão é distendido pela inspiração, impulsos nervosos chegam ao pulmão e são transmitidos ao cérebro pelo nervo vago, causando a expiração). Deste modo, a primeira respiração tem como estímulo a asfixia (hipóxia, hipercapnia e acidose repiratória), luz, frio, ruídos, dor e gravidade. Ao ar entrar, há aumento de PO² alveolar, redução de RVP, de pressão alveolar, elevação de fluxo linfático. Desta forma, pressão hidrostática alveolar se reduz, causando eclusas nos vasos; oxigenação reduz tônus de arteríolas, logo, a pressão hidrostática capilar se eleva, enquanto a alveolar pericapilar reduz, promovendo transferência de ar dos capilares ao interstício. Sistema Cardiovascular – Na gestação, o sangue com O² retorna pela veia cava inferior, sendo ele proveniente dos segmentos inferiores do feto e da placenta, chegando ao feto com 67% de saturação de Hb. Ao átrio esquerdo, 66% do sangue chega pelo forame oval, que fica próximo à veia cava inferior, se misturando com sangue venoso e Lorena Fagundes seguindo ao ventrículo esquerdo, de onde vai para circulação sistêmica pela aorta, que se conecta com artérias braquiocefálicas antes dos demais, favorecendo irrigação cefálica. Ao átrio direito, o terço restante se mistura ao proveniente da veia cava superior, segue ao ventrículo direito e saindo para tronco pulmonar com 58% de saturação. Contudo, como há a RVP, boa parte vai para aorta pelo canal arterial. No neonato, com a primeira respiração, a RVP cai e a resistência sistêmica aumenta, portanto, retorno venoso ao átrio direito diminui e o fluxo esquerdo aumenta. Deste modo, a pressão do lado esquerdo supera o direito, ocluindo o forame oval. Além disso, a pressão sistêmica excede a pulmonar, fazendo com que canal arterial tenha seu fluxo invertido da esquerda à direita, aumentando fluxo pulmonar, o que resulta em contração pela oclusão de canal arterial por aumento de O2 e liberação de prostaglandinas. A entrada da placenta leva à constrição de veia e artéria umbilicais e de canal umbilical. Só haverá dominância de ventrículo esquerdo após 3-6 meses, visto que ele vai se remodelando. Anastomoses broncopulmonares permitem desvio de sangue para a aurícula esquerda e as diferenças fásicas de pressão no canal arterial o desviam a este e forame oval. 1.2 Sala de Parto Os RN’s de baixo risco devem ser posicionados de cabeça para baixo imediatamente após o parto, para limpar a boca, faringe e nariz dos restos de sangue, muco e líquido amniótico por ação da gravidade. Também, é realizada uma sucção delicada com uma seringa ou cateter de borracha. O estômago de crianças nascidas por parto cesáreo pode conter mais líquido que nas nascidas de parto por via vaginal, portanto, podem precisar de esvaziamento com sonda naso ou orogástrica para evitar a aspiração. Contudo, deve ser feito com cuidado, na medida em que é potencialmente nocivo. A maioria dos RNs saudáveis pode ser colocada diretamente com suas mães para os cuidados imediatos e a formação de vínculo sem passar por aspiração orofaríngea ou gástrica. Não se deve esfregar o palato e a faringe com gaze, pois pode levar a abrasões, aftas, úlceras pterigóides ou a infecção de broto dentário. Se houver preocupação com desconforto respiratório, o RN deve ser colocado sob uma fonte de calor, de cabeça para baixo. 1.2.1 Escore de Apgar É um método prático para avaliar o RN de modo sistemático após o parto, auxilia na identificação dos que necessitam de ressuscitação e prevê a sobrevida no período neonatal. Lorena Fagundes A nota de Apgar de primeiro minuto pode assinalar a necessidade de ressuscitação e a de 5°10°, 15° e 20° minutos pode prever o sucesso da ressuscitação. Além disso, um Apgar baixo pode estar relacionado a medicamentos utilizados pela mãe ou a imaturidade. Contudo, essa avaliação não prediz a evolução neurológica, de modo que na maioria dos RN’s com paralisia cerebral, ele se mostra normal. Assim, nos primeiros 60 segundos do RN, são avaliados: frequência cardíaca, respiração, tônus muscular, cor do RN e resposta à introdução de cateter em narinas. Um escore de 10 indica uma criança saudável, enquanto de 0 a 3 infere ressuscitação imediata. Alguns fatores podem dar falso-positivo no Escore de Apgar: imaturidade, analgésicos, narcóticos, tranquilizantes, sulfato de magnésio, trauma cerebral agudo, parto induzido, miopatia e neuropatia congênitas, trauma medular, anomalia em SNC e pulmonar, obstrução de vias aéreas, pneumonia, sepse, estado prévio de asfixia fetal, hemorragia- hipovolemia. Outros dão falso-negativo, como acidose materna e níveis altos de catecolaminas fetais. Ph de Artéria Umbilical: visto em conjunto ao Apgar, de forma que Ph < 7 é preocupante, servindo como aviso, mas não como confirmação de dano, em comparação ao Apgar. 1.2.2 Manutenção do Calor Corporal Como nos RN’s a quantidade de superfície corporal é três vezes maior que do adulto em relação ao seu peso, logo, a perda de calor é maior também. Em salas de parto com 20- 25ºC, há perda de 2º a 3ºC na temperatura corporal profunda. Esse calor é transmitido para os materiais usados, para o ar local e objetos. Portanto, pela facilidade de a criança perder calor, se ela for exposta muito tempo a um ambiente frio, é provável que fique com acidose metabólica (compensada por hiperventilação), hipoxêmica, hipoglicêmica e excrete mais solutos e água, visto que a noraepinefrina entra em ação. Portanto, para reduzira perda de calor é desejável assegurar que os RNs estejam seco e envoltos por cobertores ou sob um aquecedor. O contato com a pele da mãe ou uso de fonte radiante podem promover, também, essa redução. 1.2.3 Antissepsia da Pele e de Cordão Umbilical Uma vez que a temperatura do RN esteja estabilizada, toda a pele e cordão umbilical devem ser limpos com água morna ou solução suave de sabão não medicamentoso e enxaguado com água para reduzir a incidência de colonização cutânea e paraumbilical com bactérias patogênicas. Ademais, podem ser usados agentes bactericidas e antimicrobianos, como o corante triplo (e álcool 2x/dia), clorexidina, bacitracina. Lorena Fagundes 1.2.4 Outros Devem ser protegidos contra infecção por gonococos com a instilação de gotas de nitrato de prata a 131, soluções oftalmológicas estéreis de critomicina e tetraciclina para a clamídia, iodo providina. Injeção intramuscular de 1mg de vitamina K, visto a que a sua deficiência é muito frequente. 1.3 Reanimação Neonatal Durante a anamnese materna é possível saber se será necessária a reanimação neonatal, pois há fatores de risco, como assistência pré-natal ausente, idade materna < 19 anos ou > 35 anos, HAS, DM, uso de medicações como lítio e bloqueadores adrenérgicos, uso materno de drogas, isoimunização Rh, HAS gravídica, sangramentos no segundo/terceiro trimestre, infecções maternas, Polidrâmnio/oligoâmnio, gestação múltipla, RCIU, malformações fetais, pós-maturidade. Os equipamentos para a manutenção da temperatura, para a aspiração e a ventilação do neonato, além das medicações para a reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível em local de fácil acesso, antes do nascimento de qualquer recém-nascido. Para saber se ela deve ou não ser feita, são realizados 4 questionamentos: a gestação é a termo? Há ausência de mecônio? Respirando ou chorando? Tônus muscular está bom? Se a resposta 1 for sim, logo, as outras são: não, tanto faz e sim, portanto, o neonato segue os cuidados normais. Caso a resposta 1 seja não, então, esse RN deve ser avaliado mais de perto, pois é provável que as outras respostas sejam distintas daquelas de um RN saudável. Quando o bebê é prematuro, não está respirando e/ou apresenta-se hipotônico, logo após o nascimento, em tempo máximo de 30 segundos, deve-se prover calor através de campo aquecido, fonte de calor radiante ou, em RN com peso < 1.000 g e/ou IG < 29 semanas, saco plástico poroso e transparente sobre o corpo (exceto cabeça). Após isso, para manter as vias aéreas permeáveis, posicionar a cabeça com leve extensão do pescoço (podendo ser utilizado um coxim sob os ombros). Logo, a boca e depois as narinas são aspiradas com sonda traqueal no 8/10 conectada ao aspirador a vácuo, sob pressão máxima de 100 mmHg (procedimento deve ser delicado em evitando a faringe posterior para evitar apnéia e bradicardia através de estímulo vagal). Com isso, o RN pode ter cianose central, respiração espontânea e FC > 100bpm, os quais são mandatórios de oxigenação suplementar inalatória, de modo que o O² é umidificado, aquecido e oferecido por cateter de látex conectado à fonte de oxigênio a 5 L/min, com a extremidade distal do material envolvida com a mão e mantida sobre a face da criança. Se a cianose for revertida, este último instrumento é retirado. Importante destacar que SatO2 80/90% é fisiológica em RN, logo, o uso indiscriminado da oxigenação pode causar lesão oxidativa. Os RN’s saudáveis demoram 3,2s para alcançar SatO2 > 75% e 5,7% para > 90%. Lorena Fagundes O escore de Apgar deve ser utilizado para observar a eficácia das manobras de reanimação e não a necessidade de ela ser feita. ABC da Reanimação A (airways): manter as vias aéreas pérvias por meio do posicionamento adequado da cabeça e pescoço, da aspiração da boca, do nariz e, se necessário, da traquéia. É o foco desse procedimento e deve-se evitar a cianose central. B (breathing): iniciar a respiração por meio da estimulação tátil e da ventilação com pressão positiva com balão e máscara ou balão e cânula traqueal. Avaliado pela FC, que deve ficar > 100 bpm e é vista no precórdio com o estetoscópio ou por meio da pulsação na base do cordão umbilical, sendo esta última preferível pela não interrupção da ventilação. C (circulation): manter a circulação por meio de massagem cardíaca e medicações ou fluidos. Observado pela cor do paciente, que deve estar rósea ou com cianose periférica, visto que palidez pode indicar anemia, hipovolemia, acidose e hipotermia. À presença de mecônio no líquido amniótico em RN’s saudáveis é contra-indicada a aspiração de vias aéreas pelo obstetra, mas é importante a aspiração de mecônio em traquéia pelo pediatra e através de cânula traqueal conectada a um dispositivo para aspiração de mecônio e ao aspirador a vácuo, com uma pressão negativa máxima de 100 a 150 mmHg. Contudo, em neonatos de baixa vitalidade, ambas as aspirações são necessárias. Ainda que todos esses procedimentos sejam feitos nos primeiros 30s e o RN esteja apnéico, com FC < 100bpm e cianótico, é feita a ventilação com pressão positiva. Se após 30s de VPP, há FC < 60bpm, é feita a massagem cardíaca (monitorada em pulso femoral ou braquial) junto com a VPP. Se mesmo assim a FC < 60bpm, faz-se a inserção de adrenalina via traqueal ou expansor de volume (naloxona/bicarbonato) via veia umbilical. Acima de 60bpm a massagem para e >100bpm, a VPP é retirada. 1.4 Alojamento Conjunto É um sistema hospitalar no qual mãe e seu RN permanecem juntos, logo após a liberação de ambos do centro obstétrico, em uma mesma área física durante mínimo de 48 horas. O bebê permanece ao lado de sua mãe, acomodado em berço preferencialmente de acrílico. A posição indicada é a horizontal durante as 24 horas do dia, independentemente do tipo de parto O AC estabelece vínculo familiar, reduz infecção hospitalar e permite ensinamento aos pais nos cuidados da criança. Esse procedimento não é feito em situação de: índice de Apgar < 7 no 5º minuto de vida; prematuro; necessidade de suporte respiratório; depressão respiratória pelo uso de opióide pela mãe; malformações graves; icterícias precoces; recusa materna; peso < 2000g. Lorena Fagundes O RN deve ter sinais vitais controlados; banho realizado em cubas/bacias individuais, com água morna e sabão neutro, preferencialmente líquido e de uso individual; coto umbilical higienizado a álcool 70. O primeiro banho é feito pelo profissional e com luvas. O primeiro exame clínico é feito em sala de parto ou AC, onde o RN é classificado, e durante as primeiras horas de vida. Na anamnese são colhidas informações a respeito de história materna, de gestações e nascimentos anteriores e da atual, uso de drogas lícitas e ilícitas e do parto devem ser realizados. Dados do parto, como tempo de ruptura de membranas, apresentação fetal, evolução e indução do parto, uso de fórceps, analgesia, características do líquido amniótico, sofrimento fetal, tempo de laqueadura do cordão, manobras de reanimação e índice de Apgar. No exame físico são vistos idade gestacional, dados de antropometria e sinais vitais, observação da cor de pele, presença de tocotraumatismo, edemas e presença de vérnix caseoso, além de dados do exame segmentar. Neste primeiro momento, já há a vacinação para hepatite B e BCG. 1.4.1 Classificações do RN Os critérios usados para definir a morbimortalidade neonatal são peso ao nascer, idade gestacional, relação peso/idade gestacional e estado nutricional. É importante salientar que as categorias são complementares e não excludentes Quanto ao Peso: a) Recém-Nascido deBaixo Peso (RNBP): PN inferior a 2.500 g, independentemente da IG. Sendo que o RN pode ter peso extremamente baixo ao nascer (< 1.000 g) ou baixo peso ao nascer (entre 1.000 g e 2.499 g). b) Recém-Nascido de Tamanho Excessivamente Grande: RN de PN igual ou superior a 4.500 g. Quanto à Idade Gestacional: I) RN pré-termo/prematuro: IG < 37 semanas. Sendo que IG < 28 semanas o classifica em imaturidade extrema. II) Recém-nascido a termo: IG entre 37 e 41 semanas. III) Recém-nascido pós-termo: IG igual ou superior a 42 semanas. A IG pode ser avaliada por USG precoce, DUM e com método de New Ballard. Quanto à relação Peso/IG: 1) Grande para a Idade Gestacional (GIG): se acima do percentil 90. Pode ser consequência de DM materna ou gestacional. Lorena Fagundes 2) Apropriado para a Idade Gestacional (AIG): se entre o percentil 10 e 90. 3) Pequeno para a Idade Gestacional (PIG): se abaixo do percentil 10. Além disso, esses RN’s podem ter apenas PN abaixo do percentil 10, com estatura acima de 10 para IG. Pode ser causado por constituição genética, infecções crônicas durante a gravidez, hipertensão materna, disfunções placentárias, malformações congênitas, síndromes cromossômicas. Quanto ao Estado Nutricional: 1) Eutrófico: sem sinais de má-nutrição fetal. 2) Mal Nutrido Fetal grau I (MNF I): pele seca, aspecto levemente apergaminhado, apresentando fissuras e leve descamação, subcutâneo levemente diminuído nos membros. 3) MNF II: pele seca, apergaminhada, com descamação mais evidente do que no grau I. Subcutâneo moderadamente diminuído em membros e tronco; pele, unhas e cordão umbilical impregnados por mecônio verde-amarelado. 4) MNF III: pele muito ressecada com descamação lamelar intensa, subcutâneo muito diminuído em todo o corpo; pele, unhas e cordão umbilical impregnados com mecônio amarelo-acastanhado. 1.5 Triagem Neonatal Teste do Pezinho Realizado entre 5 e 7 dias de vida e tem o objetivo de identificar doenças metabólicas, genéticas e infecciosas. É feito com a coleta de sangue do calcanhar de RN, o qual é colocado em cartão de papel filtro, sobre onde é colocada fenilalanina. Não pode ser realizado < 48hrs de amamentação e não superior a 30 dias. Os estados brasileiros possuem distintas fases de implantação e, portanto, de detecção de doenças: 1) hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria; 2) fase 1 + hemoglobinopatias; 3) fase 2 + fibrose cística; 4) fase 3 + hiperplasia adrenalcongênita. Teste da Orelhinha É feita uma emissão otoacústica evocada para avaliação comportamental. Não devem ser introduzidos cotonetes nos canais auditivos do RN, pois pode cuasar trauma timpânico. O exame é realizaaao por fonoaudiólogo e dura de 3 a 5 mins. Caso dê negativo, a criança deve iniciar tratamento até 3 meses com uso de aparelho auditivo, aprendizado de libras e terapia. Teste do Coraçãozinho Através de um oxímetro de pulso observa-se a pulsação de MMII e MMSS para verificar SatO2, logo, possíveis problemas cardíacos em RN. A criança deve estar Lorena Fagundes aquecida e o monitor deve ter traçado homogêneo, sendo que a avaliação deve ser feita entre as primeiras24/48hrs de vida. No resultado normal, há SatO2 periférica > 95% em ambos os membros e diferença de até 3% entre eles. Caso isso não ocorra, deve ser feito mais uma vez e ser realizado o ECG. Teste da Linguinha O profissional de saúde levanta a língua do bebê para verificar se ela está presa e observar o RN sugando ou chorando. Se houver alteração, os atos de mastigar, falar, engolir e sugar ficarão comprometidos. Teste do Olhinho Em ambiente escuro, dirige-se a luz do oftalmoscópio na pupila do RN, que deve aparentar brilho homogêneo e tem anel vermelho-alaranjado ao redor dela, visto que há uma reflexão da vasculatura coroidal e da pigmentação retniana normal. Caso isso não seja identificado, o RN pode ter catarata, glaucoma, coriorretinite e retinoblastoma. É realizado nas primeiras 24 horas. 1.6 Icterícia Neonatal Cerca de 50% dos RN’s têm icterícia entre 2º e 5º dia em sentido craniocaudal. A cor amarelada é visualizada em nariz, orelhas e na região do manúbrio esternal. A icterícia que surge em 24/36hrs é patológica (isoimunização/infecção) e após 36hrs, é fisiológica por conta do leite materno, apesar de também poder ser causada pelo sofrimento fetal. Causas: eritroblastose fetal, anemia hemolítica, coleções extravasculares de sangue, policitemia, aumento de circulação enterro-hepática, desnutrição, redução de excreção. O RN ictérico com a doença neurológica evoluem inicialmente com hipotonia, debilidade de sucção, recusa alimentar e convulsões, progredindo em 3 a 4 dias para hipertonia, opistótono, hipertermia e choro com tonalidade aguda. Os que sobrevivem adquirem paralisia cerebral espástica, movimentos atetóides, distúrbios de deglutição e fonação, deficiência auditiva grave e mental leve a moderada. Progressão cefalocaudal de Kramer: zona 1 – cabeça e pescoço; zona 2 – até cicatriz umbilical; zona 3 - até joelhos e cotovelos; zona 4 – até tornozelos e punhos; zona 5 – plantas dos pés e palmas das mãos. A destruição habitual de eritrócitos produz 75% da quantidade de bilirrubina e o restante provem de hemácias produzidas pela eritropoese ineficaz ou pelo grupo heme extramedular. Porém, as necessidades energéticas dependem do fígado para neoglicogênese, ou seja, aminoácidos são usados para aporte de glicose, pois o RN está com hipoxia. Assim, o fígado excreta metabolitos, como amônia e bilirrubina, na medida em que são produtos do catabolismo de aminoácidos e hemeproteínas. Assim, uma vez que a maturidade hepática está comprometida, há acúmulo de bilirrubina, sendo que se for 10% a mais da bilirrubina total, denomina-se de icterícia. Lorena Fagundes A meia-vida das hemácias fetais é menor que as adultas, deste modo a produção e secreção de bilirrubina são maiores, portanto, o fígado fica sobrecarregado. Além disso, existe aumento dela na circulação êntero-hepática elevada de bilirrubina decorrente da escassa flora intestinal e da maior atividade da enzima betaglicuronidase (faz a hidrolise dessa bilirrubina conjugada, que chega pela bile) na mucosa intestinal. Também, O RN apresenta captação hepática limitada da bilirrubina nos primeiros 3 a 4 dias devido à deficiência de ligandina, principal proteína carreadora da bilirrubina dentro do hepatócito, bem como há atividade reduzida da glicuronil-transferase. Metabolismo da Bilirrubina Fototerapia Os mecanismos de ação da fototerapia compreendem principalmente a fotoisomerização configuracional e a estrutural da molécula de bilirrubina com a formação de fotoisômeros, que são excretados por via biliar e urinária sem a necessidade da conjugação hepática. 1.7 Sofrimento Fetal/Hipóxia Neonatal Causada por interrupção do fluxo sanguíneo umbilical, insuficiente troca de gases pela placenta, perfusão placentária inadequada do lado materno, feto comprometido que não tolera o estresse do trabalho de parto, falha de inflar o pulmão logo após o nascimento. A resistência na circulação fetoplacentária pode ser afetada por diversas doenças, tais como pré-eclâmpsia, anemia, HAS, DM, restrição de crescimento fetal, doenças autoimunes e trombofilias. O sofrimento fetal agudo é desencadeado durante o trabalho de parto e caracterizado por hipóxia, hipercapnia e acidose. Decorre de uma redução aguda nas trocas materno- fetais, com diminuição transitória/permanente, do aporte de oxigênio necessário ao concepto. Entretanto, o crônico consiste na privação crônica de nutrientes e de oxigênio, alterando o crescimentoe desenvolvimento normal do feto. A evolução do sofrimento fetal se dá com, inicialmente, um período de aumento da FR seguido de apnéia com duração de 30-60 segundos (apnéia primária). A FC mantém-se normal e a PA aumenta levemente. Com a oxigenação, se a hipoxemia se mantiver, os movimentos respiratórios do RN serão assincrônicos e não efetivos (gasping), que sçao semelhantes a soluços. Persistindo, há o segundo momento apnéico (apnéia secundária/terminal), com a diminuição progressiva de FC, de PA e de PaO2, além de Lorena Fagundes isquemia. Assim, o RN não responde ao estímulo tátil nem a oxigenação, necessitando de ventilação positiva intermitente. Importante salientar que o organismo realiza procedimentos compensatórios através de uma redistribuição do débito cardíaco em prol do SNC, do coração e das glândulas suprarrenais. Também, os tecidos periféricos, as vísceras abdominais e os pulmões tornam-se hipoperfundidos em detrimento dos órgãos mais nobres. Porém, quando a hipoxemia se torna muito grave, até os sistemas mais importantes são acometidos. Diagnóstico: pH < 7 em sangue arterial de cordão umbilical; escore de Apgar de 0 a 3 por mais de 5 min; manifestações neurológicas neonatais (p.ex., convulsões, coma ou hipotonia); disfunção orgânica multissistêmica. No tratamento, além da reanimação neonatal, é feita a manutenção da oxigenação, da perfusão e da temperatura corpórea; equilíbrio metabólico (glicose), hidroeletrolítico (especialmente os íons cálcio, sódio e potássio) e acidobásico; além de medidas para evitar e minimizar edema cerebral e tratamento das convulsões. 1.8 Dermatites A pele do neonato é sensível e frágil, sendo que perde agua facilmente e absorve substâncias na mesma intensidade, tornando-o propenso às infecções e intoxicações e dificilmente, realiza homeostase de fluidos. Também, seu Ph é neutro, reduzindo barreira contra proliferação microbiana, e os lipídios epidérmicos estão em menor quantidade pela ação baixa de glândulas sebáceas. Assim, a pele dos RN’s é muito reagente ao suor, sebo, ácaros, bactérias, impurezas da fralda e ar atmosférico. Podem haver lesões decorrentes da sucção intra-utero (unha encravada em polegar e hálux, bolhas e exulcerações) e causadas por traumas durante o parto (equimoses, petéquias, ulcerações, erosões e etc). Também, é possível que haja: a) fenômenos postulares transitórios: acrocianose – mãos e pés azulados; cútis marmorata – cianose em todo o corpo; coloração tipo arlequim – metade do corpo de cor eritematosa. b) dermatoses postulares benignas: eritema tóxico – máculas e pápulas que se tornam pústulas estéreis sobre uma base eritematosa; melanose pustulosa – lesões micropustulosas localizadas em pescoço, tórax, abdome, região sacral e coxas, que se transformam em crostas, descamam e deixam máculas cicatriciais; acropustulose – é uma erupção papulopustulosa nas palmas e plantas; miliária – microvesículas claras (miliária cristalina) ou vermelhas (miliária rubra), localizadas em áreas com maior concentração de glândulas sudoríparas (pois elas estão obstruídas e o suor não consegue sair); milia - são lesões micropapulares de cor amarelo-perolado que gera cistos e inclusão de restos epidérmicos do aparelho pilossebáceo, podendo ocasionar espinhas no neonato; hiperplasia sebácea – pequenas lesões papulares, gordurosas de cor amarela localizadas em nariz e lábio superior; pérolas de Epstein – micropápulas Lorena Fagundes brancas/amarelas na mucosa oral ou nas gengivas; crosta láctea – pequenas placas gordurosas de cor amarela lem couro cabeludo e sobrancelhas. Ademais, há a mancha mongólica, que é uma lesão macular arredondada de cor cinza- escuro/azul-escuro em região lombossacral e nádegas, porém podem ser encontradas em todo corpo. 1.8.1 Piodermites São infecções purulentas da pele e normalmente causadas por cocos gram-positivos. A mais comum é o Impetigo, que pode ser bolhoso – ocorre entre crianças de 2 a 5 anos de idade; pequenas vesículas bolhas flácidas estouram eritemas brilhantes e úmidos. Ou crostoso – ocorre em crianças < 2 anos; vesícula sobre uma base eritematosa rompimento de vesícula/ulceração superficial secreção purulenta ressecamento crosta aderente e amarelada. No Ectima, o ínicio é da mesma forma que o impetigo, porém a bactéria afeta também a derme, produzindo uma lesão mais profunda. Ele pode ser gangrenoso, ou seja, ter úlceras únicas/múltiplas ou membranas mucosas, de modo que começa como vesículas agrupadas em base eritematosa, que se tornam hemorrágicas e violáceas e posteriormente enegrecidas, formando úlceras necróticas. Já a Foliculite é uma piodermite estafilocócica que se originam a partir do folículo piloso, podendo ser superficiais/ostiofoliculite ou profundas. Ademais, a Erisipela é uma infecção que envolve as camadas mais superficiais da pele e vasos linfáticos cutâneos, enquanto a Celulite se estende mais profundamente em direção ao tecido subcutâneo. Além disso, a primeira causa lesão em placa, eritematosa, com bordas bem definidas e que frequentemente evolui com vesículas e/ou bolhas de conteúdo seroso; e a segunda apresenta edema e eritema difusos não definidos e dor à palpação. 1.8.2 Dermatites As dermatites são um grupo de dermatoses inflamatórias que são sero-exsudativas, acometendo derme e epiderme capilar. Cursam com eritema, edema, vesículas, crostas, descamação e eczema. O sintoma guia é prurido e linhas da pele evidenciadas. Dermatite Atópica Infecção inflamatória crônica com prevalência pediátrica, associada à asma e rinite alérgica com lesões eczematosas e pruriginosas. Estimulada por fatores ambientais, como pólen, ácaros, alimentos (ovo, trigo, leite), predisposição genética e processos inflamatórios, acarretando xerodermia e eczema em função de hiperprodução de IgE. As infecções geralmente são por staphylococcus aureus e malassezia. Ademais, estresse pode ser uma das causas. Lorena Fagundes Como resultado, há: eczema (até 3 meses de idade, acomete couro cabeludo e região bucinadora; em crianças com mais de 2 anos de idade, acomete joelhos, cotovelos, pescoço, pulsos e tornozelos com descamação), prurido (afeta sono), eritema, pápulas, vesículas, escamas, crostas e liquenificação com exsudato. Tratamento é feito com hidratação da pele com emolientes; evitar banho quente e roupas sintéticas; antibióticos. Dermatite de Fralda Causa desconforto no períneo, nádegas, abdome inferior e coxas. Consequente de rara troca de fraldas, contato com irritantes químicos, diarreia, antibióticos e mudança de dieta. As bactérias promovem produção de amônia a partir de ureia, aumentando Ph da pele e a irritando com ação de proteases e lipases. Dermatite de Contato Também chamada de hipersensibilidade de contato, é uma reação inflamatória cutânea recorrente mediada por células T, que foram estimuladas pelo contato de haptenos na pele muitas vezes. Na pediatria, ela é causada por alimentos ou fatores ambientais. A DC pode ser aguda (<12 meses) ou crônica (>12 meses), bem como alérgica (forma subaguda pruriginosa e eritematosa leve, sem vesículas e fica em pálpebras, orelhas e genitália) ou irritativa (demarcação das lesões com eritema, edema, bolhas, necrose e dor). Tratamento com uso tópico de corticoesteroides, fototerapia, antibiótico. Dermatite Seborreica A produção elevada de sebo por conta da Malessezia/fungos, visto que aumentam secreção de andrógenos em lactentes e crianças. As erupções se iniciam com escamas amareladas no couro cabeludo de 2 a 6 meses e que seguem para face, pescoço, axilas e área de fralda. Com o calor e aumidade, as lesões podem aumentar. Some antes dos 6 meses de idade. Tratamento pode ser feito com azeite, óleo mineral e limpeza com agua boricada. 1.9 Cólica Acarretada por incoordenação de sistema nervoso autônomo ou constituição neurohepática/hipertônica, bem como a origem mais frequente é emocional (desajuste entre mãe e bebê). Basicamente, é uma dor abdominal aguda espasmódica com choro súbito e inconsolável, de modo que o RN se estica, fica vermelho, vira a cabeça para os lados, mãos crispadas e coxas fletidas sobre o abdome. Há eliminação de gases que alivia temporariamente a dor. Ocorre entre 19 e 23hrs. Critério de Wessel/Regra dos 3: duração de 3hrs em 3 dias em 3 semanas seguidas e que passa após 3 meses. Lorena Fagundes Conflito emocional: temperamento, ansiedade dos pais, depressão materna, personalidade da mãe, problemas familiares. A cólica pode ser originada por: motilidade intestinal alterada (hiperperistaltismo colônico e aumento de pressão retal), hormônios intestinais (motilina aumentada em lactentes), excesso de ar gastrointestinal (aerofagia como consequência do choro prolongado), tipo de aleitamento (uso precoce de mamadeiras). 2. CRESCIMENTO O crescimento está relacionado ao peso, à altura e ao perímetro cefálico, logo, observa- se aqui o lactente, o pré-escolar e escolar. 2.1 Aleitamento Materno Definido como ato em que a criança recebe leite da mãe com ou sem alimentação de outras fontes. Classificação de AM 1. Exclusivo – quando criança recebe apenas leite da mãe direto da mama ou ordenhado ou leite humano de outra fonte em outros líquidos/sólidos; 2. Predominante – quando RN também recebe água, suco, chá; 3. Complementado – além de leite materno, a criança recebe alimentos sólidos ou semissólidos complementares; 4. Misto/Parcial – recebe outros tipos de leite. A OMS/SBP recomendam até 2 anos de, sendo exclusiva até os 6 meses, visto que não há vantagens e sim, prejuízos, como a maior probabilidade de infecção intestinal e IVAS em crianças. Também, outros alimentos afetam a absorção de Fe e Zn e a prevenção de lactação em outras gestações. Entre as vantagens: redução de morbimortalidade materno-infantil, redução de alergias, melhor nutrição infantil, desenvolvimento cognitivo e de cavidade bucal, proteção da lactante, promoção afetiva. Fatores associados à menor duração de AME/AM: mães adolescentes, primigesta, gemelaridade, menor escolaridade materna, falta de informação, prematuridade, baixo peso, uso de chupeta. Composição O leite materno é composto por proteínas (lactoalbumina), lipídios (auxiliam no desenvolvimento auditivo, visual e cognitivo), IgA, lisoenzima, leucócitos, lactoferrina e fator bífido. Começa a ser secretado no 10º dia após o parto, sendo antes denominado de colostro, o qual é mais calórico. O leite tem muita água e a concentração de gordura Lorena Fagundes aumenta ao decorrer da mamada, logo, o leite posterior é o mias rico e o dá maior saciedade. Também, esse leite tem baixo teor de Fe e de vitaminas K e D, assim, faz-se necessária a suplementação de vit. D diariamente até os 18 meses, vit. K no nascimento e Fe na alimentação complementar até os 2 anos de idade. Coloração: amarelado – indica aumento de betacaroteno; verde – aumento de riboflavinas; transparente – muita água e substâncias hidrossolúveis (inicio da mamada); amarelo claro – lipídios e lipossolúveis (fim da mamada). Leite de Vaca: mais proteínas (caseína em especial, que sobrecarrega os rins), causa alergias, menos aguado e usado por mães que têm pouco leite. Leite Artificial: mais gorduroso. Técnica de AM A posição da mãe modifica a capacidade de sucção/pega do bebê, de modo que o esvaziamento da mama pode ser prejudicado, portanto, podendo causar redução de ganho de peso e de produção de leite, bem como traumas mamilares. Quando há a pega correta, o mamilo fica na parte posterior do palato, protegido de fricção e compressão, prevenindo traumas. O RN deve estar confortável e sem obstáculos para a sucção, fazendo a pega e respirando, enquanto a mãe deve estar relaxada e segurar o RN com firmeza, de modo que ela não sinta dor. Pega: aréola visível acima da boca, que deve estar aberta com lábio inferior para fora e queixo tocando a mama. Sinais de Inadequação: bochechas encovadas na sucção, ruídos de língua, mama esticada ou deformada, mamilos com estrias vermelhas o áreas esbranquiçadas ou achatadas quando bebê solta o peito e dor. Banco de Leite Humano: quando as mães são inaptas ao AM, usa-se o leite humano ordenhado e pasteurizado, que conserva 75% das propriedades imunológicas do cru e deve ser baixo calórico, exceto se RN pré-termo tiver nutrição entérica. O RN tem períodos de aceleração de crescimento, aumentando a demanda das mamadas. Há 3 episódios antes de 4º mês: entre 10º-14º dias de vida, entre 4ª-6ª semanas e ao 3º mês. Posições Laid-Back Breast Feeding: mãe fica semideitada com a criança amamentando sem apoio nas costas e em posição obliqua/longitudinal. Assim, o bebê usa mais seus reflexos primitivos e se torna mais autônomo. Também, há a tradicional, cavalinho e invertida (futebol americano). Ingurgitamento Mamário Lorena Fagundes Ou peito cheio, é comum na decida do leite entre 3º-5º dias pós-parto, resultando em aumento de volume de leite e de circulação linfática. A doença ocorre no 7º dia e envolve a remoção ineficaz de leite e aumento de fluxo sanguíneo nas mamas. Elas ficam edemaciadas, firmes, dolorosas e o leite não sai facilmente. Assim, o ato de amamentar deve aumentar. Desmame Deve ser natural ao invés de abrupto/forçado para que a criança não se sinta rejeitada pela mãe, despertando rebeldia e insegurança. No normal, a mãe lidera e vai retirando aos poucos o AM a partir do 1º ano de idade, quando a criança aceita outras formas de consolo, dorme sem amamentar prefere outra atividade no lugar de AM. Contudo, pode ser confundido com “greve de amamentação”, que dura até 4 dias e é gerada por doença, dentição, redução de volume de leite, estresse e excesso de chupeta/mamadeira. 2.1.1 Anatomia de Mamas As mamas são formadas por glândulas (têm prolongamento: superior, axilar medial e lateral, epigástrico, ínfero-externo) produtoras de leite, que se originam no intervalo de 2ª a 6ª costelas e na região anterior do tórax, assim como estão acima de músculo grande peitoral, músculo pequeno peitoral e músculo subclávio. Possui 15-20 lobos mamários com 20 ductos lactíferos (ficam nos seios lactíferos; migram para a papila mamária e convergem à área crivosa/orifícios). Têm formato cônico/pendular. Compostas por gordura (região posterior denomina-se de bolsa serosa), tecido conjuntivo, vasos linfáticos (interlobares se ramificam em plexo superficial, subareaolar, subdérmico) e sanguíneos e fibras nerosas. Supridas 60% por artérias mamárias internas e restante de externas/torácicas laterais, intercostais, torcadorsais, subescapulares e toracoacromiais. A drenagem linfática segue para axila e 3% para cadeia interna e supraclavicular. Também, há a aréola circundando o mamilo. Lorena Fagundes 2.2 Vacinação Vacinas Inativadas: são aquelas feitas com germes mortos ou apenas partes do germe. São as mais seguras, porém costumam apresentar uma capacidade de imunização mais baixa, sendo necessárias mais de uma dose para criar uma proteção prolongada. Vacina Atenuada: microrganismo/vírus está atenuado, ou seja, parcialmente inativado. Assim, há a possibilidade de sintomas se desenvolverem a partir dessa vacinação, logo, há contra-indicaçãopara grávidas, imunodeficientes, lactantes. Vacina Conjugada: polissacarídeo da cápsula bacteriana com proteína que estimula resposta de linfócitos T. Ex.: pneumocócica, meningocócica C. Vacina Combinada: múltiplos antígenos para proteger contra várias cepas. Ex: DTPa/w. A vacinação ativa os linfócitos B, que produzem anticorpos para proximo contato com antigenos. Assim, na infecção,ativam-se os T-CD4, que secretam citocinas e recrutam os CD8, capazes de destruir os patogenos. Também, as celulas B são diferenciados em celulas de memoria, de modo que toda vez que são expostas a um mesmo patogeno, conseguem o identificar e atacar rapidamente. Lorena Fagundes Ao nascer I) BCG – contra tuberculose; deixa cicatriz (sinal de que houve resposta imunológica, deve aparecer dentro de 6 meses), contra-indicada para imunodeficientes, crianças, 1 ano que tiveram contato com intradomiciliares com hanseníase devem ser revacinadas. II) Hepatite B – indicada a um grupo de risco e crianças de mães com HbsAg+, pode causar hipertermia, cefaleia, edema, eritema, dor, enduração local, mal-estar e fadiga. Aos 2 meses I) Tríplice Bacteriana/DTPw/a – contra difteria, coqueluche e tétanos, na rede pública está disponível em formato DTPw (células inteiras) e na particular DTPa (acelular; causa menos efeitos colaterais). Pode causar febre, sonolência, irritabilidade, vômito, vermelhidão local, edema e dor local. É contra-indicada às crianças que tiveram hipersensibilidade/febre/convulsões/hipotonia na 1ª dose. II) Haemophilus Influenzae B – contra bactéria causadora de pneumonia, dor de ouvido, inflamação de epiglote, meningite e etc. Na rede privada, é dada uma dose a mais (4 doses), visto que mesmo com redução de doença, ela segue padrão inicial, o que na rede pública é considerado reforço aos 15/18 meses. É contra-indicada para pessoas com hipersensibilidade. III) Vacina Poliomielite Inativada (VIP) – contra paralisia infantil, é injetada, o vírus é inativado, são 3 doses com reforços em 15 meses/18 meses/4 anos. IV) Rota Vírus – na rede publica é monovalente (contra um sorotipo do vírus) e é dada em 2 doses e na rede privada é pentavalente e é dada em 3 doses, crianças que vomitaram/reurgutaram após vacina não devem tomar a próxima dose. V) Pneumocócica Conjugada – contra streptococcus pneumoniae, logo, previne a pneumonia, meningite e otite média. Na rede publica, há a VPC10 contra os 10 sorotipos e na privada, é dada a VPC13. Crianças com reação anafilática não devem tomar doses seguintes. Aos 3 meses I) Meningocócica Conjugada – na rede publica, há MenC e na privada, tem a MenACWY. II) Meningocócica B – Não está disponível na rede publica. Aos 9 meses I) Febre Amarela – contra-indicada para imunodeprimidos, pessoas com reação anafilática após ingestão de ovo, não administra-la com a tríplice viral, mulheres que amamentam são contra-indicadas. Aos 12 meses Lorena Fagundes I) Hepatite A – na rede privada são administrados vírus inativos, ao contrario da rede publica; contra-indicado para crianças hipersensíveis e que já tiveram reação anafilática; efeitos colaterais como vermelhidão, dor e em duração são comuns; crianças não vacinadas com 1 ano podem toma-la com a de hepatite B na fase adulta. II) Triplice Viral – contra sarampo, rubéola e caxumba; pode ser aplicada com a de varicela, assim, denominando-se de Quádrupla Viral; contra indicação para crianças alérgicas ao ovo e leite de vaca; pessoas que já tiveram reação anafilática devem toma- la dentro de um hospital que ofereça suporte. Aos 9 anos I) HPV – para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Na rede privada, há a HPV2, que é exclusiva ao publico feminino e na publica, há a HPV4, que é para ambos os sexos, prevenindo contra condilomas, câncer vaginal, de colo de útero e no ânus. II) Dengue – não há na rede publica; contra-indicada para menores de 9 anos, imunodeprimidos, gestantes, mulheres que amamentam. Pode causar cefaleia, mialgia, dor, mal-estar, fraqueza e febre. 2.3 Alimentação Segundo os Dez Passos Para a Alimentação Saudável do MS, se a criança mama no peito, ao completar 6 meses ofereça: 2 papas de frutas e 1 papa salgada. Ao completar 7 meses, ofereça: 2 papas de frutas e 2 papas salgadas. Ao completar 8 meses, a criança já pode receber a alimentação básica da família desde que não sejam utilizados temperos industrializados, excesso de sal, pimenta, alimentos gordurosos como bacon, banha, linguiça, entre outros. A papa salgada deve conter um alimento de cada grupo: legumes e/ou verduras, cereal ou tubérculo, feijões e carne ou vísceras ou ovo. Deve-se oferecer os alimentos de maneira regular, mas sem rigidez de horários e os intervalos entre as refeições devem ser fixos. Não oferecer comida ou insistir para a criança comer quando ela não está com fome. Caso a criança não tenha sido amamentada, segue o quadro abaixo: Lorena Fagundes Alergia x Intolerância Alimentar A alergia é definida como uma reação clínica adversa reproduzível após a ingestão de alérgenos presentes nas proteínas dos alimentos, mediada por uma resposta imunológica anormal. É uma resposta imunológica anormal ou exagerada a determinadas proteínas alimentares que podem ser mediadas por IgE (quadro clínico agudo) ou por células T (qc subagudo ou crônico). Pode ser desencadeada por predisposição genética ou pelo contato com o alérgeno antes dos 3 anos de idade, visto que até essa época o TGI ainda não está maduro. Sintomas quando for por IgE: diarréia, cólicas, vômitos e náuseas. Já por células T: proctite, colite alérgica, hematoquezia com ou sem diarréia; vômito, baixo, ganho ponderal, irritabilidade. Fatores causadores de alergia alimentar: leite de vaca, farinha de trigo, ovo e amendoim. Já a intolerância sugere uma resposta fisiológica anormal a um agente que não é imunomediado, normalmente, é decorrente da ausência ou excesso de enzimas digestivas. O diagnóstico de AA normalmente é feito com teste cutâneo ou a detecção de anticorpos IgE alérgeno-específicos na corrente sanguínea é um instrumento diagnóstico preciso. Tratamento: eliminar e evitar alérgenos específicos, tratamentos medicamentosos e medidas preventivas. Hipocalcemia x Hipovitaminose D A função do cálcio é promover a mineralização óssea, sua formação, manutenção e rigidez. Os requerimentos do Ca foram baseados em risco de fratura, de massa muscular e retenção media de calcio. A recomen dação em crianças de 0-6 meses é de 210 mg/dia, em 7-12 meses é 270mg/dia, em 1-3 anos é 500 e 4-8 anos é 800 mg/dia. O calcio não tem origem endogena, assim, é necessaria uma dieta com leite e derivados com baixo teor de gordura. Contudo, a biodisponibilidade de calcio se relaciona com a quantidade de vitamina D, lipossoluvel, bem como de citraato, lactose e caseinato. A vitamina D mantém niveis adequados de calcio e fosforo, de modo que seu deficit causa retardo de crescimento, anormalidades osseas e maior probabilidade de fraturas. A pouca exposição à luz UVB, diminuição de capacidade de produção de vit. D, doenças que alteram o metabolismo e obesidade causam hipovitaminose D. Assim, diariamente, o correto para crianças é 12-20ng/ml. Lorena Fagundes Hipovitaminose A: predispõe sarampo, cegueira, diarréia e IVAS. Hipovitaminose K: fezes com sangue, hemorragia. Obesidade Infantil Consiste em acúmulo excessivo de gordura devido a desequilibrio energetico, visto que a quantidade de calorias ingeridas é maior que a gasta. Índices adequados utilizados emcrianças de 0 a 2,5 anos e de 2 a 10 anos são: peso/idade, altura/idade, peso/altura, IMC americano (sobrepeso >/= 85 percentil; obesidade >/= 97 e < 99.9; obesidade grave > 99,9). Os fatores mais importantes são: inatividade fisica, televisão, computador, videogame, má alimentação, comercias de TV. As recomendaçõoes são: comer 5-6 vezes ao dia, horarios fixos de alimentação, evitar alimentos caloricos, aumentar ingestao hidrica, de frutas, verduras e hortaliças. Programa Bolsa Família Realiza transferência direta de renda à familia em situação de pobreza (renda de 70-140 reais por pessoa ao mês) ou de extrema pobreza (< 70 reais ao mês por pessoa), com a finalidade de promover acesso aos direitos sociais básicos e romper com o ciclo intergeracional de pobreza. Mulheres com 14-44 anos e crianças < 7 anos deverão ser assistidos pela USF, ACS e eSF. As famílias são identificadas pelo técnico municipal desse programa e pelo Sistema de Gestão do PBF. Benefício Variável à Gestante: as gestantes são beneficiadas com 39 reais, portanto, promove-se a proteção da mãe e da criança, elevando a renda durante a gestação e na 1ª infância. Logo, fomenta-se a captação precoce das mães para o pré-natal. Fome Zero: facilita o acesso à comida, expansão de produção dela e consumo de alimentos saudáveis, além de melhorias em saúde. 2.4 Doença do Refluxo Gastroesofágico É a passagem de conteúdo gástrico ao esôfago com ou sem regurgitação e/ou vômito. Contudo, normalmente é fisiológico, o qual é dificilmente distinguível de patológico, complicando o tratamento. Fatores fisiopatológicos que propiciam o RGE: a) competência do esfíncter inferior do esôfago (EIE); b) pinçamento diafragmático (enlaça o esôfago quando se contrai, comprimindo o esôfago e diminuindo a sua luz, dificultando o RGE); c) incisura cardíaca (projeção intraluminar da mucosa no nível da transição esofagogástrica que funciona como uma prega); Lorena Fagundes d) roseta mucosa (pregas formadas por fibras elásticas que fecham a cárdia); e) ligamento frenoesofágico (ancora a transição esofagogástrica ao diafragma e traciona EIE). f) pressão intra-abdominal elevada sem consequente aumento da do EIE; g) relaxamento de EIE que ocorre por conta da distensão gástrica ocasionada pelo estímulo vagal em suas paredes (ou seja, é independente da deglutição/peristaltismo esofágico e dura >/= 5s, diferentemente do relaxamento induzido pela deglutição); h) esvaziamento gástrico; i) esfíncter superior do esôfago (ESE) com baixa pressão basal, relaxamento transitório inadequado e resposta inadequada em situações de esforço. Eles são ditos como quesitos impulsionantes ao RGE por conta de o RN ainda ter seus tecidos em desenvolvimento, logo, a musculatura/fibras estão pouco efetivas, além de menor resposta ao estímulo neuro-hormonal. Também, a criança tem ângulo cardioesofágico obtuso, quase ausência do esôfago abdominal, menor comprimento de EIE, efeito gravitacional perdido devido ao decúbito predominantemente horizontal, peristaltismo imaturo, baixa salivação. O material do RGE é agressivo, pois a partir dos 3 meses de idade, p Ph encontra-se muito ácido e há aumento de sais biliares e tripsina, extremamente erosivos ao esôfago. Assim, a DRGE é caracterizada por RGE associado a complicações extremamente graves, como estenose esofágica, desnutrição e pneumonia. Entre os sinais e sintomas há RGE constante e duradoura; ou vômito líquido, incolor/esbranquiçado ou; por vômito alimentar, durante as refeições ou logo após. Pode haver infecção em tratos superiores por retorno gástrico. Também, é possível haver azia, queimação, dor retroesternal, manifestações respiratórias à noite, e disfagia. Entre as complicações: esofagite de refluxo, úlceras, hemorragias, estenose, aspiração pulmonar, esôfago de Barret (substituição do epitélio escamoso específico do esôfago por epitélio colunar do estômago). O diagnóstico é diferencial quando a criança tem alergia à proteína do leite de vaca ou anomalia anatômica. Lorena Fagundes Nos lactentes, a RGE é na maioria das vezes fisiológica, se tornando evidente no 2º/4º mês de nascimento, de modo que desaparece com ½ anos. Se o RN tem o ganho de peso normal e ausência dos sinais de alarme – diarreia, letargia, vômitos persistentes até 1 ano ou a partir de 6 meses, abaulamento de fontanela e disúria –, deve-se esclarecer que não há gravidade. Naquele que tiverem DRGE, a irritabilidade com recusa alimentar são sinais claros, mas que se confundem com os de cólica ou de alergia alimentar. Assim, antes de afirmar a DRGE em RN, são realizados testes com fórmulas hidrolisadas ou aminoácidos. Em crianças maiores, a probabilidade de evolução para a DRGE crônica é maior, bem como aquelas que têm doenças subjacentes têm maior propensão de terem DRGE. O diagnostico é feito com radiografia contrastada de estômago, esôfago e duodeno; cintilografia gastroesofagica; USG esofágica; Phmetria esofágica; impedanciômetro esofágico intraluminal. A DRGE não pode ser diagnosticada apenas com os sinais de alarme e a detecção de RGE. O tratamento é feito com a orientação aos pais para não colocarem roupas apertadas, trocar fraldas antes da amamentação, evitar remédios que agravem RGE, evitar fumar, refeições menos calóricas/gordurosas/volumosas, negligenciar chás/refrigerantes/café. Além disso, preconiza-se a posição supina para que eles durmam, a prona e lateral esquerda, bem como elevação de tronco a 30º. 2.5 Anemia Ferropriva O quadro clínico é caracterizado por anorexia, palidez, geofagia, apatia, irritabilidade, cansaço, fraqueza muscular. Existem dois tipos importantes de Fe: não heme, ou seja, presente em vegetais e que é facilmente absorvido com auxilio de aminoácidos da carne, citrato, frutose, ácido ascórbico e carotenoides, e é inibido por fibras, cafeína, cálcio, fosforo, zinco e fitatos (contido em achocolatados e corantes). Já o ferro heme deriva da Hb, mioglobina e proteínas de origem animal, além de não ter fatores de inibição. No corpo, boa parte do Fe está ligada a proteínas, formando compostos funcionais (80% do ferro sérico), que são Hb, mioglobina e enzimas, e os de depósito (20%), que são ferritina e a hemodisserina na medula óssea ou em fígado. Crianças a termo têm Fe armazenado durante 4 a 6 meses e o leite materno é composto por 50% desse micronutriente, enquanto o leite de vaca tem 10% e as fórmulas 4-14%. No metabolismo férrico, maior quantidade vem de Hb reciclada, sendo 30% restante de origem exógeno, ou seja, por absorção intestinal. Ele pode ser encontrado em forma férrica (Fe³+) ou ferrosa (Fe²+), de modo que ele é absorvido em forma de Fe³+ e por conta do suco gástrico, se transforma em Fe²+. Lorena Fagundes A deficiência de ferro pode ser visualizada através de 3 fases: depleção de ferro – oferta é incapaz de suprir necessidades, os depósitos diminuem, ferritina está baixa, não há alteração funcional; eritropoiese de ferro-deficiente – redução de ferro sérico, saturação de transferrina e elevação de protoporfirina eritrocitária (precursor de heme); anemia por deficiência de ferro – Hb abaixo dos padrões. O diagnóstico é feito por analise qualitativa e quantitativa de glóbulos vermelhos, hipocromia e microcitose, além de deficiência de ferro transportado e armazenado. As baixas concentrações de ferritina indicam depleção. Importante citar que a capacidade total de ligação do ferro aumenta, exceto se também há inflamação. Já o tratamento é com administração diária de ferro com vitamina C. 2.6 Desnutrição Energético-Proteica (DEP)É uma doença multifatorial de alta letalidade, capaz de promover diversas alterações fisiológicas na tentativa de adaptar o organismo a escassez de nutrientes. Pode começar na vida intra-uterina e na 1ª infância com interrupção precoce do AME. A pobreza é o principal fator de DEP, na medida em que mães dessa classe social tem pouco conhecimento dos cuidados, da importância do vinculo com o RN e a falta de recursos financeiros. A desnutrição remete às doenças decorrentes do aporte alimentar insuficiente em energia e nutrientes ou inadequado aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos. Kwashiokor Identificada pelo retardo no crescimento, perda de gordura subcutânea e de musculo menos intensa que o Marasmo, edema depreciável causado por hipoalbuminemia e localizado em pernas de crianças que caminham, hepatomegalia, esteatose hepática (indicada por fígado gorduroso e aumentado; síntese reduzida de transporte de lipoproteínas), alterações mentais e de humor (apatia), danos em cabelo (perda de cor ou alternação entre claro e escuro), lesões na pele (zonas de hiperpigmentação alternadas com descamação e hipopigmentação), anorexia, diarreia, infecções. Desse modo, a Kwashiokor afeta o compartimento proteico visceral (intestino delgado com mitoses reduzidas e com perda de enzimas e vilos) e ocorre quando a redução de proteínas é maior que a de calorias totais. A retenção de liquido mascara a perda de peso. Marasmo Originado por ingestão inadequada de alimentos, magreza (60% abaixo do peso), perda evidente de massa muscular (extremidade emaciadas e cabeça grande em comparação ao tronco), abdome proeminente, face com aparência de velha, retardo de crescimento, diarreia, infecção respiratória, parasitose, xeroftalmia, déficit de vit. B, anemia ferropriva, apatia, ansiedade, hipotermia. Pode estar associada ao Kwashiokor. O Marasmo é caracterizado pela redução de compartimento proteico somático (músculos Lorena Fagundes esqueléticos) e por baixa produção de leptina, o que estimula eixo hipotalâmico- hipofisário-suprarrenal, logo, aumentando quantidade de cortisol, contribuinte da lipólise. Em ambas as desnutrições, a medula está hiperplásica, favorecendo a anemia. Classificação: moderado – sem edema e peso para altura maior que -3; grave – com edema e peso para altura menor que -3. Tratamento Fase 1 (estabilização): estabilização metabólica, prevenção de desidratação, reversão de hipotermia e hipoglicemia, correção de deficiência nutricional (sem ferro), estimulo de desenvolvimento emocional e sensorial. Fase 2 (reabilitação): recuperação de peso, deficiência de micronutriente é corrigida ( ferro incluso). Fase 3 (acompanhamento): após alta, as crianças são acompanhadas para prevenir recaída e assegurar desenvolvimento físico, mental e emocional. 2.7 Infecções de Vias Aéreas Superiores (IVAS) Rionofaringite Aguda/Resfriado Crianças com < 5 anos têm 5 a 8 episódios/ano. Vírus causadores: rinovírus, cornovírus, vírus sincicial respiratório, parainfluenza, influenza e adenovírus e pode haver infecção bacteriana secundária. A transmissão é via aerossóis, liberados em tosse/espirros ou no contato de mãos contaminadas. O contágio é maior em locais fechados e cheios. O resfriado inicia com dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre baixa. Em lactentes, a evolução gera inquietação, choro, recusa alimentar, vômitos, alteração de sono e dificuldade respiratória (pode indicar oneumonia ou bronquite). O diagnóstico é clínico e o tratamento é realizado com hidratação, repouso, desobstrução nasal, umidificação de ambiente, antitérmicos, analgésicos e antibióticos. Resfriado x Gripe o primeiro causa cefaleia, espirros, calafrios, dor de garganta, coriza, mal-estar e dura até 10 dias. Já a gripe é súbita e cuasada especificamente por influenza, causando febre alta, mialgia, congestão nasal, cansaço, fraqueza, falta de apetite. A relação com o sistema imune consiste na destruição do epitélio, inclusive receptores ICAM-1 de células da nasofaringe, aumentando secreção de bradicinina (causadora de sintomas locais), histaminas, interleucinas 1, 6 e 8, TNF (estes últimos causam sintomas sistêmicos). No geral, o vírus suprime neutrófilos, macrófagos e linfócitos, bem como rompem microtúbulos de células ciliadas. Já o influenza penetra nas células epiteliais de TRI e se replica. Lorena Fagundes Sinusite Aguda É uma infecção bacteriana de seios paranasais com duração menor que 30 dias. Anatomicamente, esses seios possuem cavidades dos seios maxilar, etmoidal, frontal e esfenoidal, ao quais se comunicam com as fossas nasais por óstios. A sinusite maxilar surge após 1 ano de idade e etmoidite a partir de 6 meses. Os agentes mais comuns são: streptococcus pneumoniae, haemophilus influenzae e moraxella catarrhalis. Os seis maxilar e etmoidal estão reduzidos até o 2º ano de vida e os outros dois após 4 anos de vida. O inicio pode ser lento ou súbito, sendo que na leve dura 10 dias com obstrução nasal, halitose, tosse que se agrafva à noite Às vezes, febre. Na sinusite grave, há edema palpebral, cefaleia, dor nos seios. Ela pode ser definida como recorrente, períodos assintomáticos por mais de 10 dias, ou crônica, inflamação dos seios em mais de 90 dias. Amigdalites/Faringotonsilite A aguda é caracterizada por febre, dor de garganta, disfagia, adenomegalia cervical, hiperemia de amígdalas. Na crônica, há dor de garganta agravada, halitose, eliminação de caseum, edema periamigdaliano e adenopatia persistente. Também, há hiperplasia amigdaliana apresentada por roncos, apnéia obstrutiva do sono, disfagia, voz hipernasal. Pode ter origem viral ou bacteriana (streptococcus betahemolítico A), sendo que esta ultima é com ausência de coriza e causa febre, dor abdominal, vômitos, prostração, dor de garganta, calafrios, exantema áspero com sinal de Pastia (flexuras vermelhas) e de Filatov (palidez perioral), exsudato purulento. Laringite Viral Aguda/Crupe É a inflamação da porção subglótica da laringe. Acomete crianças principalmente de 2 anos. O quadro clínico é caracterizado por coriza, febrícula, tosse e depois de 24/48hrs, com obstrução que acarreta dificuldade respiratória, durando de 2 a 3 dias. Os agentes mais comuns são parainfluenza e vírus sincicial respiratório. Se houver evolução, há tosse rouca, disfonia, afonia ou choro e tiragem. Epiglotite x Crupe a primeira é causada por bactéria e gera febre, dispneia e irritabilidade com evolução por obstrução respiratória alta, respiração lenta, estridor inspiratório, cornagem, sialose, dor de garganta. Já a Crupe é viral e tem tosse tipo “latido de cachorro”, febre, estridor, congestão nasal, rinorréia e disfonia. A radiografia é importante na distinção, visto que revela o “sinal de igreja” característico da Crupe e que representa o estreitamento subglótico. Faringoamigdalite Aguda Estreptocócica (FAE) É uma infecção aguda da orofaringe acarretada por streptococcus pyogenes do grupo A e que acomete crianças após 5 anos de vida e em menores de 3 anos. É comum em Lorena Fagundes climas temperados. Pode desencadear reações supurativas tardias, como febre reumática e glomerulonefrite difusa aguda. O seu inicio é súbito, apresenta febre, prostração, cefaleia, vômitos, calafrios e dor abdominal. As amígdalas ficam hipertróficas com exsudato purulento e “pele de galinha”. Rinite Alérgica É uma inflamação eosinofilica da mucosa do nariz e de seios paranasais resultante de reação por IgE. Pode ser intermitente (< 4 x/semana) ou persistente (< 4x/semana) ou ainda, leve ou moderada-severa (distúrbiode sono, alterações de atividades diárias, sintomas incomodam). O antígeno depositado em mucosa nasal é processado pela célula de Langerhans e ligado a receptores MHC-II. Assim, ele é apresentado ao linfócito T auxiliar/helper, que se diferencia em Th2 e libera IL 3,4,5,9,10,13 e fator estimulante de colônias de macrófaogos e granulócitos. Os linfócitos B diferenciam-se em plasmócitos e produzem IgE, que sensibiliza matociotos, os quais se degranulam, liberando histamina, bradicinina, leucotrienos, causadores de pruridos, espirros frequentes, rinorreia e obstrução nasal. 3. DESENvolvIMENTO A criança já não é mais um bebê, observa-se o desenvolvimento infantil e adolescente, que são amparados por programas assistenciais do governo. A adolescência é o período entre 10 e 19 anos, segundo a OMS, em que há transformações físicas, psicológicas e sociais alarmantes decorrentes da reativação do hipotalâmico-hipofisário-gonadal. 3.1 Estágiamento de Tanner Telarca M1 – mama infantil. M2 (8-13 anos) – fase de broto mamário, com elevação da mama e aréola como pequeno montículo. M3 (10-14 anos) – maior aumento da mama, sem separação dos contornos. M4 (11-15 anos) – projeção da aréola e das papilas para formar montículo secundário por cima da mama. M5 (13-18 anos) – fase adulta, com saliência somente nas papilas. Pubarca Feminina P1 – fase de pré-adolescência (não há pelugem). Lorena Fagundes P2 (9-14 anos) – presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmentados ao longo dos grandes lábios. P3 (10-14,5 anos) – pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis. P4 (11-15 anos) – pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é consideravelmente menor que a do adulto. P5 (12-16,5 anos) – pelugem do tipo adulto, cobrindo todo o púbis e a virilha. Pubarca Masculina P1 – fase de pré-adolescência (não há pelugem). P2 (11-15,5 anos) – presença de pêlos longos, macios e ligeiramente pigmentados na base do pênis. P3 (11,5-16 anos) – pêlos mais escuros e ásperos sobre o púbis. P4 (12-16, 5 anos) – pelugem do tipo adulto, mas a área coberta é consideravelmente menor que a do adulto. P5 (15-17 anos) – pelugem do tipo adulto, estendendo-se até a face interna das coxas. P6 – desenvolvimento de pelos em linha alba. Genitália Masculina G1 (9,5-13,5 anos) – pré-adolescência (infantil). G2 (10-13,5 anos) – crescimento da bolsa escrotal e dos testículos, sem aumento do pênis. G3 (10,5-15 anos) – ocorre também aumento do pênis, inicialmente em toda a sua extensão. G4 (11,5-16 anos) – aumento do diâmetro do pênis e da glande, crescimento dos testículos e do escroto, cuja pele escurece. G5 (12,5-17 anos) – tipo adulto. Lorena Fagundes 3.2 Estirão Adolescente ganha 50% de seu peso adulto e 20% de sua estatura final. Esse crescimento é não linear, com velocidade variável e é influenciado por alimentos, aspectos ambientais e psicossociais, além de ação hormonal predominante. Momentos de crescimento esquelético: lactância/fase 1 – rápida mas desacelerada, 25cm/ano e dura até o 1º ano de vida; infância propriamente dita/fase 2 – crescimento lento mas estável com velocidade de 4cm/ano; puberdade/fase 3 – crescimento rápido até atingir valor de pico, 10-12cm/ano em meninos e 8-10cm/ano em meninas. O estirão começa por MMSS e MMII, ou seja, em direção distal-proximal, tornando o jovem desproporcional até o fim desta fase. Ocorre em G3 nos meninos com pico em G4, e em M2 nas meninas com pico em M3. 3.3 Alteração de Forma e de Composição Corporal Resultante do desenvolvimento esquelético, muscular e adiposo. Nas meninas, há acúmulo de gordura nas mamas e quadris e em meninos, há crescimento de diâmetro biacromial (entre ombros). Essas alterações na menina têm pico na menarca/M4 e em meninos, na fase mais adiantada do desenvolvimento genital e da pubarca. 3.4 Desenvolvimento de Órgãos e Sistemas Principalmente os sistemas respiratório e cardiovascular se desenvolvem, aumentando a capacidade física, principalmente em meninos. Contudo, o tecido linfóide é exceção, sendo ele o único a iniciar involução.
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