Profº Joel Filho Estrutura como caminho das forças ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo A estrutura é um conjunto de elementos, o qual torna-se o caminho pelo qual as forças que atuam sobre ela devem transitar até chegar ao seu destino final. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Para transferir um conjunto de forças até o solo podemos usar poucos ou muitos caminhos. Uma estrutura com muitos caminhos tende a tê-los mais estreitos, a com poucos caminhos sofre um maior acúmulo de forças em cada um, obrigando-os a serem mais largos. ESTRUTURA COMO CAMINHO DAS FORÇAS: ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo A mais econômica? Na verdade a melhor solução estrutural não existe. Existe, sim, uma boa solução que resolve bem alguns pré-requisitos. Qual a melhor solução estrutural? ( com poucos ou muitos caminhos?) A mais fácil de construir? A mais bonita? Perguntas que nos fazemos: Estruturas como a treliça espacial de cobertura do Parque Anhembi, em SP, é um exemplo de estrutura com muitos caminhos. As barras que constituem a treliça são bastante esbeltas, produzindo uma leveza tanto física como visual. Já o mesmo não ocorre com a estrutura do MASP, também em SP, na qual apenas quatro pilares transmitem a maior parte da carga no solo. É fácil perceber, neste edifício, o peso físico e visual dessas vigas e pilares. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Para responder a essas questões, é interessante socorrer-se de uma outra analogia. Suponha-se que, em uma praça, qualquer, se queira apoiar uma estátua sobre uma estrutura adequada. Fig. A – Proposta simples e direta Uma primeira proposta poderia ser a criação de um único pedestal sob a estátua. Essa solução resolve o problema de maneira simples e direta. Mas, supondo-se que, além de apoiar a estátua, a estrutura devesse permitir a passagem de pessoas sob elas, a solução do pedestal único torna-se inviável, exigindo uma solução como a proposta ao lado. Fig. B – Permite a passagem de pessoas por baixo ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Se o espaço sob a estátua devesse ser o mais amplo possível, a solução mais adequada seria a apresentada na figura ao lado. Para orientar a escolha é necessário estabelecer uma hierarquia de quesitos aos quais a solução deverá atender, de maneira que se estabeleçam categorias de importância, de forma que a solução encontrada atenda muito bem os mais importantes e bem os menos importantes. É função de quem concebe a estrutura fazer com que, apesar de hierarquizados, os requisitos sejam atendidos da forma mais eficiente possível. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Uma questão que preocupa a quem concebe um novo projeto é o de ser o mais criativo e original possível. Na realidade, uma obra, para ser criativa, não precisa ser necessariamente inédita. A criação do novo passa pela releitura do existente, vendo-o com novos olhos. Portanto, o conhecimento profundo de soluções já utilizadas em projetos semelhantes é de capital importância. “Original é o que volta às origens” (Gaudí). “Nenhuma solução é tão original que não tenha um precedente parecido” (Torroja). QUEM CONCEBE A ESTRUTURA? ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Conceber é compreender, entender e ser capaz de explicar. A concepção da estrutura é anterior ao seu dimensionamento, ou seja, à sua quantificação. É quase um dogma a ideia de que quem concebe a estrutura é o profissional engenheiro, que estudou profundamente fórmula complexas capazes de resolver os mais difíceis sistemas estruturais. Isto é um grande engano. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo - perceber o sistema ou sistemas de forças capazes de transmitir as cargas ao solo, da forma mais natural, - identificar os materiais que, de maneira mais adequada, se adaptam a esses sistemas. Conceber uma estrutura é ter consciência da possibilidade de sua existência, é: - perceber a sua relação com o espaço gerado, É muito comum ver-se a arquitetura como a criadora de formas que aparentemente possam existir independentes de sua estrutura, dos materiais de que são feitas e do processo de sua construção. A estrutura e a forma são um só objeto, e, assim sendo, conceber uma implica em conceber outra e vice-versa. A forma e a estrutura nascem juntas, logo, quem cria a forma cria a estrutura. O cálculo é uma ferramenta com a qual se manipula um modelo físico, e por mais precisos que sejam os cálculos, nem sempre conseguem descrever com precisão a realidade. O PAPEL DO CÁLCULO ESTRUTURAL ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo O cálculo estrutural existe para comprovar e corrigir o que se intuiu. Não é o cálculo que concebe uma forma, mas sim o esforço idealizador da mente humana. “Antes e acima de todo o cálculo está a ideia, modeladora do material em forma resistente, para cumprir sua missão” (Torroja). ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo A GEOMETRIA DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS: Fio de aço: Quando colocado de pé não é capaz de suportar a si próprio, nem capaz de manter-se reto quando suspenso por seus extremos, mas bastante eficiente para suportar cargas aplicadas na direção do seu eixo. Folha de papel: Quando projetada fora da mão não é capaz de suportar a si mesma, mas quando submetida à pequena curvatura passa a ter rigidez maior e ser capaz de suportar forças perpendiculares a seu plano. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Não é só a resistência do material que garante a um elemento estrutural a capacidade de suportar cargas, na maioria das vezes sua forma é que é a determinante da capacidade de suporte. Materiais em principio frágeis podem ser bem aproveitados estruturalmente quando sua forma for adequadamente projetada para o vão proposto e para o carregamento ao qual estará submetido. Quando a forma de uma peça estrutural é bem elaborada, ela se traduz em ganho na sua capacidade resistente; entenda-se que isto significa ganho para a própria arquitetura; em muitas ocasiões, a forma do elemento estrutural é determinante da arquitetura. Os elementos estruturais podem ser usados isoladamente ou agrupados. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo O sistema estrutural denominado arco pode ter o bloco como elemento básico. Quando esses blocos de pedra são adequadamente agrupados, formam um sistema capaz de vencer vãos e suportar cargas grandes. No entanto, esses mesmos blocos, quando agrupados de outra forma, são incapazes de vencer vãos significativos ou de suportar qualquer carga. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo Um tronco de árvore pode, sozinho, vencer um vão e suportar cargas, quando, por exemplo, utilizado como ponte para a travessia de pessoas. A lona de circo, por outro lado, só consegue cobrir um espaço, ou seja, vencer vão e suportar cargas, quando apoiada em mastros e convenientemente esticada com cabos. ESTACIO – FIC Curso de Arquitetura e Urbanismo A diferença das relações geométricas, nas três dimensões de um bloco de pedra, de um tronco de uma árvore e de uma lona permitem ou não a construção de determinados sistemas estruturais. 1. O BLOCO: suas dimensões apresentam a mesma ordem de grandeza. Quanto às relações geométricas, os elementos estruturais podem ser classificados em três tipos básicos: o bloco, a barra e a lâmina. ESTACIO – FIC