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Teorias da 
Arquitetura 
e Urbanismo
Mariana Rial
Mariana Rial
Belo Horizonte
Janeiro de 2017
TEORIAS DA ARQUITETURA E URBANISMO
COPYRIGHT © 2017
GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO
Todos os direitos reservados ao:
Grupo Ănima Educação
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização 
por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios 
empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros.
Edição
Grupo Ănima Educação
Diretor
Rogério Salles Loureiro
Gerentes de Operações
Denise Elisabeth Himpel
Gislene Garcia Nora de Oliveira
Coordenadora de Produção
Carolina Alcântara de Araújo Lopes
Parecerista
Paula Belfort
Ilustração e Capa
Delinea Tecnologia Educacional
Equipe EaD
Conheça 
a Autora
Mariana Fontes Pérez Rial é arquiteta e 
urbanista, doutora em Arquitetura e Urbanismo 
pela Universidade de São Paulo e mestre 
pela mesma instituição. Atua como docente 
em ensino superior nas áreas de Projeto 
Urbano e Projeto da Edificação desde 2011 
e é atualmente pesquisadora do Núcleo de 
Tecnologia em Arquitetura e Urbanismo da 
Universidade de São Paulo – NUTAU USP.
Apresentação 
da disciplina
VÍDEO
NÍVEL DE ENSINO 
Graduação
CARGA HORÁRIA 
80h
sobre o estudo das cidades. 
Tomamos como ponto de partida o início do que se chama 
comumente de “modernidade”, ou seja, o momento em que o modo 
de vida moderno, como vivemos até os dias atuais, surge com suas 
características mais marcantes. Esse ponto de partida pode ser 
localizado na História no século XVIII, com a Revolução Industrial e 
as primeiras transformações que configuram o que hoje chamamos 
de “a cidade moderna”. 
Vamos estudar as teorias da arquitetura ao longo dos séculos XIX 
e XX até o pensamento dos dias atuais. Nesse percurso, vamos ver 
juntos como se construiu a teoria do Movimento Moderno, que foi o 
mais importante do século XX. 
O Movimento Moderno “deu a cara” de grande parte das construções 
e das cidades do mundo atual; suas teorias, sintetizadas em uma série 
de postulados, foram colocadas em prática pela arquitetura e pelo 
urbanismo, resultando em inúmeros edifícios, principalmente residenciais 
e também em incontáveis planos urbanos e legislações urbanísticas em 
todo o mundo, tanto na esfera pública quanto na privada.
No Brasil, foi a base teórica dos grandes nomes da arquitetura, 
como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Paulo Mendes da Rocha. O 
Movimento Moderno será estudado em detalhes, dos primeiros 
textos do início do século XX até sua disseminação em construções 
e em planos, depois da Segunda Guerra Mundial. 
Também veremos como foi, anos mais tarde, a crítica a esse 
movimento e aos seus resultados. Essa crítica teve início justamente 
com a profusão de iniciativas baseadas direta ou indiretamente nos 
postulados modernos. A partir delas, foi possível avaliar na prática 
o que funcionava e o que não funcionava desses postulados, que 
eram muito específicos e distintos do que se fazia anteriormente. Na 
arquitetura, esses eram principalmente a planta livre, dissociada da 
estrutura, o térreo dos edifícios sobre pilotis, a tipologia habitacional 
em prédios laminares, o uso de lajes de cobertura, entre outros. No 
urbanismo, destacam-se a separação das funções na cidade entre 
habitar, circular, trabalhar e recrear-se, a verticalização dos edifícios 
e a negação da rua tradicional. A cidade de Brasília é um excelente 
exemplo do urbanismo e da arquitetura do Movimento Moderno. 
Exaltados durante décadas, a crítica a esses princípios teve início na 
década de 1960 e aconteceu das mais diversas formas. O resultado 
dessa crítica é atualmente agrupado como “pós-modernismo”, mas 
abrange linhas teóricas bem diversas, que se sucederam desde 
então. O “pós-modernismo” também será abordado na disciplina.
Como uma disciplina teórica, o conteúdo será voltado à reflexão 
para que você, aluno, consiga depois, sozinho, prosseguir no 
entendimento da arquitetura, situando projetos dentro das linhas 
teóricas de cada período, assim como sua inserção em um contexto 
social específico. Essa compreensão é fundamental para a leitura 
de projetos, obras e cidades. A aplicação prática do conhecimento 
adquirido com a disciplina de Teorias aparece na hora em que você 
é solicitado a projetar, já que, a partir dessa postura crítica e com 
o conhecimento do que se pensou até então, pode ser capaz de 
produzir projetos contemporâneos, inseridos no momento atual, 
coerentes com seu tempo e espaço.
Esperamos, então, que você consiga compreender a partir da 
disciplina esse período tão importante para a arquitetura de hoje 
que foi o século XX, em sua plenitude. Esperamos que consiga 
também entender como são importantes o conhecimento da teoria 
e a reflexão crítica para o exercício da arquitetura e do urbanismo. 
Bons estudos! 
UNIDADE 1 003
Antecedentes à Modernidade 004
O pensamento crítico sobre a arquitetura até a Revolução Industrial 006
Século XIX: mudanças no processo de urbanização e seu 
rebatimento teórico 020
Primeiras transformações no pensamento sobre a arquitetura e a cidade 031
Respostas das Atividades de Fixação 042
UNIDADE 2 045
A descoberta da Modernidade: origens da Arquitetura Moderna 046
Alguns precedentes – um breve contexto histórico 048
A crença na racionalidade 051
Movimento moderno: primeira geração 055
Novos papéis da Arquitetura: o surgimento da habitação social 
como questão 067
Bauhaus 070
O Brasil e a Arquitetura nas primeiras décadas do século XX: 
teoria e prática 073
Respostas das Atividades de Fixação 083
UNIDADE 3 085
A Cidade Moderna: Urbanismo e Planejamento Urbano na Era Industrial 086
O socialismo utópico e o urbanismo 088
Os modelos de cidade ideal 096
De Ebenezer Howard a Le Corbusier: visões da cidade moderna 100
A escola de Chicag 111
O planejamento urbano 115
Respostas das Atividades de Fixaçã 121
UNIDADE 4 123
A Consolidação de um Modelo – Arquitetura e Urbanismo 
do Movimento Moderno 124
Os primeiros CIAMs 126
A carta de Atenas 132
O segundo pós-guerra e a necessidade da reconstrução na 
Europa. Produção em larga escala e consolidação do modelo 140
Teorização no planejamento urbano: a questão metropolitana, 
a descentralização e o planejamento regional 153
Respostas das Atividades de Fixação 167
UNIDADE 5 170
O Movimento Moderno no Brasil 171
O movimento moderno no Brasil 172
Lúcio Costa: teoria e prática 178
O planejamento tecnicista 196
Respostas das Atividades de Fixação 203
UNIDADE 6 205
A crítica ao modelo 206
Consequências teóricas da disseminação da arquitetura e do 
urbanismo modernos 207
Questionando os postulados: o team x 214
Aldo Rossi e o estudo do tipo na arquitetura 218
A questão do patrimônio 226
Respostas das Atividades de Fixação 237
UNIDADE 7 240
O Pós-Modernismo em arquitetura 241
Vertentes teóricas decorrente da crise do moderno: o pós-moderno 242
Novas abordagens teóricas do urbanismo 250
O planejamento estratégico urbano 257
Respostas das Atividades de Fixação 270
UNIDADE 8 272
Caminhos contemporâneos 273
O pensamento arquitetônico no final do século XX 274
O novo paradigma tecnológico e suas consequências 283
Urbanismo e contemporaneidade: as cidades do futuro e 
a questão ambiental 293
Respostas das Atividades de Fixação 301
REFERÊNCIAS 305
Antecedentes à 
Modernidade 
• O pensamento 
crítico sobre a 
arquitetura até 
a Revolução 
Industrial
• Século XIX: 
mudanças no 
processo de 
urbanização e 
seu rebatimento 
teórico
• Primeiras 
transformações 
no pensamentosobre a 
arquitetura e a 
cidade
• Respostas das 
Atividades de 
Fixação
Introdução
Nesta unidade, veremos quais são as teorias existentes até 
o momento em que se dá a principal ruptura no pensamento 
arquitetônico desde o Renascimento: o Movimento Moderno. 
Vamos entender como as transformações na sociedade ocidental, 
decorrentes da Revolução Industrial, já no século XVIII, levaram 
progressivamente a uma transformação do modo de ver e de pensar 
a cidade e a maneira como se vivia nela. Também vamos conhecer 
como essas mudanças afetaram a maneira tradicional de construir, 
como levaram a novos valores estéticos da sociedade e como 
foram responsáveis por diferenciar progressivamente a arquitetura 
das demais artes.
Com este estudo, vamos compreender o contexto amplo de 
transformações que se dão nesse período, intensificando-se na 
segunda metade do século XIX, para em seguida olhar em detalhe 
as novas teorias emergentes, seja no campo da arquitetura, seja no 
do urbanismo moderno.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
005
Podemos dizer que a arquitetura, entendida como a prática 
humana de edificar para o abrigo das diversas atividades, é tão 
antiga quanto a própria sociedade, desde suas organizações mais 
rudimentares, certo? Poucos discordariam dessa afirmação, afinal 
é possível identificar e estudar técnicas construtivas em registros 
arqueológicos dos mais remotos. Assim, entender a história da 
arquitetura poderia ser o mesmo que entender a história das 
edificações, ou da construção. Isso seria verdade, não fosse uma 
diferença fundamental: a arquitetura é também aquela que está 
no plano das ideias, aquela que está explícita só no registro do 
pensamento e que aparece implicitamente na arquitetura construída. 
 
Para entender de fato a arquitetura, mesmo a do presente, é preciso entender 
também o conjunto de ideias, de princípios que a orientam; é importante 
compreender como essas ideias, em cada momento histórico, foram 
construídas, como surgiram e se firmaram, como se transformaram em 
postulados e passaram a ser empregadas nas mais diversas construções. 
Esse conjunto (ou podemos dizer essas teorias) é o que dá sentido às 
construções e o que nos permite situá-las no tempo e no espaço. 
Diferentemente da prática construtiva, esse pensamento e essa 
reflexão sistematizada, contínua e registrada sobre o fazer 
arquitetônico não nos remetem às formações sociais mais antigas 
e rudimentares. 
Antecedentes à 
Modernidade
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
006
O pensamento 
crítico sobre a 
arquitetura até a 
Revolução Industrial
O pensamento crítico, a reflexão sobre arquitetura na Idade Moderna, 
só pode ser situado a partir do Renascimento, com a chamada 
tratadística renascentista. 
A própria concepção do ofício de arquiteto, como entendido hoje, 
a partir da distinção pensar/fazer, começa com os humanistas do 
século XV. Ligados a uma tradição clássica recuperada das civilizações 
ocidentais antigas, grega e romana, os tratados como os de Leon 
Battista Alberti, “De re aedificatoria” (1452) (versão reescrita dos textos 
de Vitrúvio, arquiteto romano de aprox. 27 a.C., encontrados em 1416), e 
de Andrea Palladio, “Os Quatro Livros da Arquitetura” (1570), nortearam 
por séculos a produção arquitetônica ocidental. 
A revolução na pintura, na escultura e na arquitetura 
se deve à nova visão de mundo humanista do 
Renascimento (bem como à secularização associada 
a ela), que celebrava a racionalidade, a individualidade e 
a capacidade humana de fazer observações empíricas 
do mundo físico e agir com base nelas. Os estudiosos e 
artistas humanistas redescobriram os textos clássicos 
gregos e romanos – incluindo o De Architectura, escrito 
por Vitrúvio – e aspiraram a criar um mundo moderno 
que rivalizasse com o antigo (FAZIO; MOFFET; 
WODEHOUSE, 2011, pg. 303).
Desse momento em diante, as diversas linhas teóricas que se 
seguiram retrataram uma relação constante na arquitetura, em geral 
representando a contratação de artistas/arquitetos para o projeto de 
edifícios marcantes, emblemáticos: igrejas, templos, castelos, palácios. 
Essa arquitetura tinha uma teoria correspondente centrada na 
forma, na busca por proporções ideais e na ornamentação. Sua 
relação com a história das artes plásticas é direta e indissociável. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
007
As construções vernaculares não entravam no campo da teoria. 
O mesmo é válido para as teorias do urbanismo, sempre ligadas a 
modelos de cidade ideal. 
 
Construções vernaculares são aquelas produzidas sem projeto, pelo 
saber popular. Estudos sobre a arquitetura vernacular no Brasil foram 
fundamentais para o panorama da arquitetura brasileira no século XX.
Pensando assim, a história e a teoria da arquitetura podem ser 
periodizadas como uma sequência de movimentos estilísticos: 
Barroco/Rococó, Neoclassicismo, Romantismo, Historicismo.
A Revolução Industrial vai transformar radicalmente essa relação 
da arquitetura com a sociedade. Daí em diante, não será mais 
possível identificar somente novos estilos, pois a questão central 
não será somente formal. Em seu lugar, surgirão discussões sobre 
a função dos edifícios, a adequação das estruturas e dos materiais 
empregados na construção e mesmo sobre o papel da arquitetura 
na construção da sociedade. São as transformações advindas dessa 
Revolução que dão origem ao que chamamos de modernidade. Nas 
palavras do arquiteto e historiador Leonardo Benevolo:
Até a segunda metade do século XVIII, é fácil 
compreender os fatos da arquitetura dento de um 
quadro unitário: as formas, os métodos de projetar, o 
comportamento dos projetistas, dos que contratam 
as obras e dos que as executam [...] se desenvolvem 
no âmbito de um relacionamento substancialmente 
fixo e certo entre arquitetura e sociedade. [...]. Até aqui, 
portanto, aplica-se comodamente o procedimento 
usual da história da arte, que coloca em primeiro 
plano o estudo dos valores formais. Depois da metade 
do século XVIII [...] as relações entre arquitetura 
e sociedade começam a mudar radicalmente 
(BENEVOLO, 1976, p. 11).
A Revolução 
Industrial vai 
transformar 
radicalmente 
a relação da 
arquitetura com 
a sociedade.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
008
 
Modernidade, modernização e modernismo: compreendendo os termos 
O termo “moderno” está ligado a vários outros termos: modernidade, 
modernização, modernismo. Compreender a diferença entre eles não 
é muito fácil, mas é importante para entender com maior precisão os 
diferentes momentos do Movimento Moderno, entender como ele não 
começou junto com a modernidade e também por que hoje não se pode 
dizer que a produção atual é arquitetura moderna, mas que o correto é 
falarmos em arquitetura contemporânea, por exemplo. Então, vamos lá! 
 
A palavra “moderno” significa, em termos gerais, tudo aquilo que é novo, 
que se opõe ao antigo. Essa definição não nos diz muito, e não é à toa 
que muitos autores se aprofundaram na discussão do que é realmente ser 
moderno. A conclusão que parece ser mais precisa associa o conceito de 
moderno ao chamado “progresso” (LOWY apud BRUNA, 2010).
Com essa referência, é mais fácil entender que aquilo que é 
“moderno” tem associação direta com as transformações sociais 
que, como vimos até agora, têm origem na Revolução Industrial. 
A Idade Moderna, por exemplo, é para a história geral o período 
posterior à Idade Média, que começa já no século XV, mas a 
modernização da sociedade, ou seja, a transformação da sociedade 
derivada de novos métodos e técnicas, resultante do progresso 
científicoe tecnológico, essa é mais aparente só no século XVIII e 
com maior ênfase no XIX. 
No sentido mais restrito, a modernização implica uma transformação 
mais radical da sociedade e dos modos de vida, que não acontece 
nos séculos anteriores. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
009
Com base no exposto e de acordo, principalmente, com a síntese 
apresentada por BRUNA (2010), podemos resumir tais conceitos da 
seguinte maneira:
• Modernização: é o processo econômico e social 
decorrente das transformações, “caracterizado pelo 
progresso tecnológico, pela industrialização, urbanização 
e explosão demográfica, pelo reforço do Estado central, da 
burocracia e pelo enorme crescimento das possibilidades 
de comunicação, das democracias e dos mercados 
(capitalistas) mundiais” (BRUNA, 2010, p. 22). Como 
processo, a modernização deve ser entendida então como 
algo que acontece de forma diferente em cada lugar, e 
também em tempos diferentes. Alguns autores afirmam, 
por exemplo, que a modernização é um processo ainda 
inacabado em várias sociedades.
• Modernidade: é o modo de vida associado ao processo de 
modernização, ou como as pessoas vivem o processo de 
modernização. 
• Modernismo: o modernismo é como foi denominado 
o conjunto de movimentos artísticos associados à 
modernidade, que se opôs à tradição artística anterior. 
Para BRUNA (2010, p. 23), “A experiência da modernidade 
provoca reações na forma de manifestos culturais e 
movimentos artísticos de vanguarda. Estes são designados 
como modernismos”.
As definições que acabamos de conhecer são importantes, pois 
nos ajudam a situar o aparecimento, na arquitetura, do chamado 
Movimento Moderno. Veremos ao longo de toda a disciplina a 
conceituação e os desdobramentos teóricos e práticos desse 
movimento, suas diversas etapas e também o esgotamento de seus 
princípios que dão origem ao que se chama pós-modernismo. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
010
 
Ainda que a história e a teoria arquitetônica, com algumas variações, situe 
o início do Movimento Moderno nas primeiras décadas do século XX, suas 
origens estão profundamente ligadas à modernização iniciada um século e 
meio antes, à modernidade que esse processo provoca e aos mais diversos 
movimentos artísticos, cuja linha condutora é a ruptura com a tradição 
anterior e que, exatamente por isso, se reúnem sob o título de modernismos. 
O século das luzes: Iluminismo e 
Racionalismo na teoria da arquitetura
Leonardo Benevolo, em sua “História da Arquitetura Moderna” 
(1976), aceita como o início da Revolução Industrial o ano de 1750. 
Os processos de mecanização começaram a aparecer na Inglaterra 
e logo se expandiram por todo o continente europeu. As Revoluções 
Burguesas já tinham, nesse momento, estabelecido os princípios 
políticos da sociedade emergente com o parlamentarismo, 
substituindo o poder monárquico absolutista.
Em 1789, na França, a Revolução Francesa faria o mesmo, 
radicalmente. Estabeleciam-se as bases de uma sociedade nova, laica 
e cuja crença na racionalidade se colocava acima de todas as outras. 
O conjunto do pensamento desse período é chamado de Iluminismo. 
O século XVIII testemunhou o nascimento do Iluminismo, 
movimento no qual cientistas e matemáticos lançaram 
as fundações para as conquistas modernas em seus 
campos; filósofos propuseram formas racionais de 
governo que foram colocadas em prática depois das 
Revoluções Norte-Americana e Francesa; arqueólogos 
e exploradores investigaram civilizações antigas 
e distantes para melhor entender outras culturas; 
e a mecânica tradicional, seguida pela engenharia 
moderna, inventou aparelhos e máquinas que viriam a 
transformar a indústria, o comércio e o transporte. Os 
historiadores iluministas também iniciaram a primeira 
cronologia escrita de eventos mundiais e, com ela, veio 
a compreensão das conquistas da arquitetura das várias 
civilizações ocidentais (FAZIO; MOFFET; WODEHOUSE, 
2011, p. 397).
Os 
processos de 
mecanização 
começaram 
a aparecer 
na Inglaterra 
e logo se 
expandiram 
por todo o 
continente 
europeu.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
011
Durante o século XVIII, do ponto de vista formal, a tradição clássica, 
que já se consolidara desde o Renascimento, permanece como guia 
tanto da produção arquitetônica como do ensino da arquitetura. 
A Escola de Belas Artes de Paris é a primeira a ser fundada em 
1743, pelo arquiteto Jacques-François Blondel. Essa se torna ainda 
no século XVIII a principal referência para todo o mundo ocidental. O 
formato dos cursos de Arquitetura até hoje tem heranças do curso 
da Escola de Belas Artes, com base em aprendizados na forma de 
ateliers em que se fazem projetos, aulas teóricas e aulas técnicas. 
A Escola, desde o princípio, reúne um profundo conhecimento 
sobre a arquitetura clássica. As regras clássicas, que tinham se 
mantido inalteradas por toda a tratadística renascentista e também 
tinham norteado os projetos grandiosos do Barroco e do Rococó 
nas construções do Antigo Regime e da Igreja Católica por toda a 
Europa e pelo Novo Mundo (são exemplos grandiosos do Barroco 
do século XVI a Piazza San Marco, em Roma, de Gian Lorenzo 
Bernini, e o Palácio de Versailles, na França, em que trabalharam 
diversos arquitetos), também foram exaltadas pela arquitetura 
do século XVIII. Os alunos da Escola de Belas Artes, na década de 
1750, passaram longos períodos em Roma.
Algumas mudanças fundamentais, entretanto, prenunciam a 
ruptura que viria quase um século e meio depois, com o Movimento 
Moderno. A primeira e mais notável delas é o rigor na utilização 
das regras ainda tidas como universais da arquitetura clássica, 
aproximando a arquitetura do saber científico, do método. A 
pesquisa e a teorização se tornam sistemáticas no período iluminista 
e o que era verdade absoluta passa a ser posto à prova por meio 
da investigação, da arqueologia, dos estudos em geral. A facilidade 
nos deslocamentos com a melhoria dos transportes e das estradas 
permite um aumento significativo de intercâmbios culturais. Muitos 
arquitetos ingleses, franceses e, logo, norte-americanos passam 
longos períodos estudando as ruínas clássicas. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
012
O estudo da arquitetura inclui reproduções das obras clássicas, 
como as gravuras de Giovanni Battista Piranesi (1720-1778), que 
influenciam diversas obras do período. Esse rigor que se opunha às 
liberdades decorativas do Barroco dá origem ao Neoclassicismo, 
dominante por quase todo o século XVIII e característico da Escola 
de Belas Artes de Paris. 
 
São autores e obras literárias importantes do Neoclassicismo: Cours 
d’architecture (1771-77), do professor da Escola de Belas Artes de Paris, 
J. F. Blondel, Essai sur l’architecture (1755), de Marc-Antoine Laugier, Storia 
dell’arte antica (1764), de Johann Joachim Winckelmann. 
Os arquitetos do Iluminismo francês estavam 
interessados nas figuras geométricas primárias, isto é, 
o cubo, a esfera e a pirâmide como base lógica para 
a expressão da arquitetura – uma abordagem paralela 
à obra dos filósofos franceses contemporâneos, 
que exploravam a racionalidade como base para as 
questões humanas [...]. Os neoclássicos franceses 
mais criativos foram Etienne-Louis Boullée (1728-
1799) e Claude-Nicolas Ledoux (1736-1806). (FAZIO; 
MOFFET; WODEHOUSE, 2011, p. 405)
Saiba Mais: A respeito das discussões sobre arte e arquitetura que 
marcaram o século XVIII, veja a obra “Antigos Modernos: estudos 
das doutrinas arquitetônicas nos séculos XVII e XVIII”, de Ricardo 
Marques de Azevedo. No link, a resenha do livro, por Pedro PauloA. 
Funari. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/
resenhasonline/10.117/4021>.
Os novos programas
Acompanhando as investigações teóricas iluministas, novos 
programas associados a uma vida e a uma cultura burguesas 
começaram a surgir no século XVIII, como os museus públicos, as 
bibliotecas e, na esfera urbana, os boulevards, passeios e jardins 
públicos, prenunciando as profundas transformações da cidade 
do século XIX. As novas maneiras de produzir também exigiam 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
013
instalações próprias, principalmente com o aumento da produção, 
como as instalações fabris, áreas para armazenamento com 
grandes vãos, etc. 
 
Essas mudanças nos programas precisam ser entendidas como 
associadas às transformações econômico-sociais: 
• As mudanças nas relações de trabalho, com o advento das 
máquinas (o aumento da produção e a substituição do trabalho 
artesanal; o fim das corporações de ofício; o trabalho assalariado; 
a formação de uma classe trabalhadora);
• A ascensão de uma nova classe social dominante, a burguesia, e 
da ideologia liberal ligada a essa classe;
• O surgimento dos estados laicos e a diminuição do poder 
religioso.
Essas premissas estão associadas ao conjunto de transformações 
que dá origem ao que já caracterizamos como a sociedade moderna 
no ocidente. 
Do ponto de vista das ideias, os novos programas também estão 
ligados às ideias iluministas de racionalidade e ao conceito de liberdade, 
que é novo, derivado da razão. A ampliação da esfera pública é um 
aspecto de destaque que reforça a sociedade liberal. A democratização 
do acesso às artes e ao saber é também um fato novo, muito ligado aos 
ideais da Revolução Francesa. Lembremos que os ideais aclamados 
da Revolução eram: liberdade, igualdade e fraternidade.
Museus 
públicos, 
bibliotecas, 
boulevards, 
passeios e 
jardins públicos 
prenunciavam 
as profundas 
transformações 
da cidade do 
século XIX.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
014
FIGURA 1 – Neoclássico francês 
Fonte: SCHINKEL, Karl Friedrich. Schauspielhaus. 1818. In.: FAZIO, Michael; 
MOFFETT, Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial. 3. 
ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.
Audiodescrição: foto em branco e preto mostra uma fachada de composição rígida, aos moldes dos 
edifícios da Antiguidade. É a entrada de um edifício com escadaria central que chega a um pórtico 
constituído por frontão triangular com figuras clássicas em alto relevo, apoiado em seis colunas, simétrico 
a partir de um eixo central. No segundo pavimento, recuado, aparece um novo frontão triangular, a 
exemplo do inferior, também com ornamentação em alto relevo. 
QUESTÃO 1 - Leonardo Benevolo, em sua “História da Arquitetura 
Moderna” (1976), aceita como o início da Revolução Industrial o ano de 
1750. Os processos de mecanização começaram a aparecer na Inglaterra 
e logo se expandiram por todo o continente europeu. As Revoluções 
Burguesas já tinham, nesse momento, estabelecido os princípios políticos 
da sociedade emergente, com o parlamentarismo substituindo o poder 
monárquico absolutista. Em 1789, na França com a Revolução Francesa, 
estabeleciam-se as bases de uma nova sociedade. A linha de pensamento 
teórico associada a esse período é conhecida como Iluminismo. A teoria 
da arquitetura, no século XVIII, também se identifica com o Iluminismo, 
cuja principal característica é:
a. A crença na razão e na ciência humana. 
b. A fé no poder divino.
c. A submissão ao poder do monarca.
d. A supremacia da aristocracia e da nobreza.
e. O retorno ao modo de vida medieval.
O gabarito se encontra no final da unidade.
ATIVIDADE 
DE FIXAÇÃO
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
015
As transformações sociais não param. Ao contrário, acentuam-
se com a passagem ao século XIX. O crescimento demográfico 
acompanha o avanço tecnológico, sobretudo da população urbana. 
As principais cidades europeias se tornam grandes centros de 
concentração não apenas da produção industrial incipiente, mas 
também do saber e das artes. As capitais europeias são totalmente 
transformadas ao longo do século XIX, a partir de planos urbanos 
orientados a abrir os espaços da cidade para a crescente circulação 
de mercadorias e também para a movimentação de um número 
grande de pessoas. 
Os novos programas são explorados ao máximo, outros surgem 
como os conjuntos de escritórios. Porém, antes de entrar no estudo 
do próximo século, o XX, vamos ver a segunda questão mais 
marcante e transformadora para a arquitetura e seus teóricos, ainda 
no século XVIII: as mudanças na técnica.
As técnicas construtivas da Revolução 
Industrial 
Mudanças ainda mais marcantes se devem ao início 
da Revolução Industrial [...]. É difícil encontrar algum 
aspecto da sociedade moderna que não tenha sido 
tocado – seja positiva ou negativamente – por essa 
mudança espetacular no modo pelo qual a sociedade 
ocidental tentou controlar o mundo. Quanto à 
arquitetura, novos materiais, novas tecnologias e 
novos sistemas de construção alteraram radicalmente 
as formas das edificações tradicionais e possibilitaram 
tipos inteiramente novos de prédios (FAZIO; MOFFET; 
WODEHOUSE, 2011, p. 397).
É difícil elencar as inovações mais marcantes que, ao longo dos 
séculos XVIII e XIX, mais influenciaram a arquitetura, dada a 
profusão de ideias e técnicas do período. Pode-se dizer, sem grandes 
chances de equívoco, que a maneira com que se projeta atualmente 
foi moldada em sua essência nesse período. Bastaria dizer que a 
geometria descritiva, produto do século XVIII, permitiu pela primeira 
vez que os projetos fossem elaborados totalmente à distância do 
canteiro, assim como separou sua execução da presença do autor. 
Com o 
século XIX, 
as principais 
cidades 
europeias 
se tornam 
grandes 
centros de 
concentração 
não apenas 
da produção 
industrial 
incipiente, mas 
também do 
saber e das 
artes.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
016
 
A partir de então, foi possível separar, à maneira que fazemos hoje, o 
pensar do fazer. 
Outra mudança sem precedentes foi o estabelecimento, desde o fim 
do XVIII em alguns países e a partir da primeira década do XIX em 
quase todo o ocidente, do sistema métrico decimal. A padronização 
de medidas colaborou para a revolução em curso no comércio 
internacional, da mesma forma que foi crucial para que a atividade 
de projeto se disseminasse. 
O ensino da Arquitetura foi incorporando tais mudanças, enquanto 
novas escolas surgiam, autônomas ou inseridas em outros cursos. 
 
O primeiro curso de Arquitetura dos EUA foi fundado em 1861, no 
Massachusets Institute of Technology, MIT, em Chicago. No Brasil, a Escola 
Politécnica, em São Paulo, fundava em 1891 seu curso de engenheiros-
arquitetos, e em 1917 era inaugurado o curso de Arquitetura do Mackenzie.
As inovações aconteciam também de forma assoladora nas 
técnicas construtivas e no estudo dos materiais. Para diversos 
autores, o período entre os séculos XVIII e XIX ficou conhecido como 
a era do aço. Novas ligas e combinações permitiram o uso extensivo 
do aço nas construções de todo tipo, de máquinas a edifícios, de 
pontes a estradas de ferro; a produção aumentava no mesmo ritmo 
que a demanda. 
Desde o fim 
do XVIII, em 
alguns países 
e a partir 
da primeira 
década 
do XIX em 
quase todo o 
ocidente, ficou 
estabelecido 
o sistema 
métrico 
decimal.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
017
 
Com o avanço em materiais como o aço e o vidro, e com novos programas, 
surgiu um fato novo: astécnicas construtivas passavam cada vez 
mais a ditar as regras no canteiro de obras. Ainda que não de imediato, 
progressivamente os estilos perdiam o sentido, pois a questão formal 
passava a ser derivada das decisões técnicas: das escolhas estruturais, da 
função do edifício. 
O primeiro momento é o do distanciamento entre arquitetura e 
técnica construtiva, que fica a cargo dos engenheiros. O novo regime 
na França, após a Revolução Francesa, deu ênfase à razão, o que 
se traduz em desprestígio das artes em favor dos ensinos técnicos. 
A Escola de Belas Artes perdeu prestígio, assim como o ofício de 
arquiteto. Ganhou espaço a Escola Politécnica, que reuniu em 1795 os 
diversos cursos de Engenharia (BENEVOLO, 1976). Essa distinção é 
patente e ganha força à medida que as técnicas recebem elaboração 
e complexidade. Ao arquiteto fica delegado o “vestir” as construções, 
no estilo que queira. É uma questão de tempo até que a teoria passe a 
questionar a validade do disfarce das novas técnicas, em favor de um 
estilismo desprovido de sentido construtivo. 
A produção de arquitetura tem que ser compreendida, então, como 
um conjunto que reúne a produção dos arquitetos e aquela realizada 
pela engenharia. Os avanços na técnica e na pesquisa garantem 
que, em certo momento, as realizações da engenharia sejam mais 
destacáveis que as dos arquitetos, sobretudo na França. Na Inglaterra 
e na Alemanha, em que eram atividades mais próximas, essas duas 
se misturam livremente, como no exemplo primoroso do Palácio de 
Cristal (1851), obra do paisagista Joseph Paxton, em Londres.
Os engenheiros civis ficaram encarregados do número 
cada vez maior de obras utilitárias – estradas, pontes, 
minas, fábricas, galpões, faróis e canais – enquanto os 
arquitetos trabalhavam nas edificações em que a estética e 
o simbolismo eram mais importantes que o pragmatismo. 
(FAZIO; MOFFET; WODEHOUSE, 2011, p.413).
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
018
FIGURA 2 – A Ponte de Edimburgo.
Fonte: Ponte FORTH, Benjamin Baker e John Fowler, Edimburgo, Reino Unido, 
1880-1890. Disponível em: <http://whc.unesco.org/en/list/1485>. Acesso em: 
21/02/2017. Forth Bridge © Historic Scotland. 
Audiodescrição: foto colorida, fim de tarde. Vista em perspectiva da ponte sobre o rio, cuja estrutura 
metálica robusta é composta por arcos e tirantes rígidos, formando três conjuntos em formato de losango 
que se repetem. Vê-se que a ponte permite passagem somente de linha férrea.
É com restrições iniciais, mas com progressiva consciência, que 
a teoria da arquitetura vai incorporando, ao longo do século XIX, 
as questões da técnica. O ensino também a incorpora. Logo, os 
arquitetos voltarão a se inserir nas discussões da construção como 
um todo, através de uma recusa intensa aos postulados do ensino 
na Escola de Belas Artes. Vejamos como foi a passagem ao novo 
século nas teorias da arquitetura.
Passagem ao século XIX: romantismo 
e historicismo, os prenúncios dos 
novos tempos
Ao fim do século XVIII, ganhava força dentro das artes o movimento 
conhecido como Romantismo. Esse movimento foi uma reação 
não apenas à rigidez do Neoclassicismo, mas às transformações 
rápidas e radicais da cidade industrial. Os males da cidade industrial 
eram o alvo do ataque romântico à sociedade moderna. 
É fundamental compreender o romantismo no contexto de 
mudanças pelo qual passa a Europa nas primeiras décadas do século 
XIX. O aumento populacional, as precárias condições de trabalho 
da Primeira Revolução Industrial e o crescimento acelerado das 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
019
cidades provocam, na prática, uma enorme quantidade de novos 
problemas, como veremos a seguir. 
 
A Primeira Revolução Industrial aconteceu no período compreendido entre 
1750 e 1850, aproximadamente.
No campo das ideias, aparece um sentimento de descrença na 
capacidade emancipadora da razão, tão exaltada pelos iluministas. 
A sociedade da máquina começou a ser contestada e culpada 
pelos males da modernidade. Os românticos, em todas as áreas, 
exaltaram os valores da sociedade pré-industrial e da proximidade 
com a natureza. Ganha muito destaque o desenho de jardins e 
parques, tornando famoso o paisagismo romântico. 
 
Apesar de sua natureza essencialmente burguesa, o Romantismo 
contesta a racionalidade iluminista e exalta, em todas as artes, a emoção 
e o sentimento, sobretudo na literatura. Na arquitetura, seu referencial 
absoluto, em oposição à racionalidade clássica, passa a ser a arquitetura 
religiosa medieval. O Neogótico é o estilo preferido dos românticos. 
O Neogótico teve sua força inicial na Inglaterra, local onde ao 
mesmo tempo a indústria se desenvolvia com maior velocidade e 
a presença do Neoclassicismo era menos determinante do que na 
França napoleônica. Sua expansão, porém, tomou toda a Europa nas 
primeiras décadas do século XIX, lado a lado com o Neoclassicismo. 
São expoentes do Neogótico Augustus W. N. Pugin (1812-1852) e 
Eugène Viollet-le-Duc (1814-1879). 
O romantismo nas artes e na arquitetura pode ser entendido como 
uma resposta às hostilidades do novo mundo urbano e industrial 
em expansão: a proximidade com a natureza, as imagens bucólicas, 
O Romantismo 
foi uma reação 
não apenas 
à rigidez do 
Neoclassicismo, 
mas às 
transformações 
rápidas e 
radicais da 
cidade industrial.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
020
as artes manuais e o enaltecimento do artesanato, em oposição aos 
novos produtos manufaturados. 
O neoclassicismo é associado a uma tradição a ser superada. O 
embate entre os dois estilos levará, a partir da segunda metade do 
século, ao questionamento dos estilos de maneira geral.
Século XIX: 
mudanças no 
processo de 
urbanização e seu 
rebatimento teórico
Tudo aquilo que vimos até agora, os novos programas, os novos 
materiais, a formação de uma sociedade e de um estilo de vida 
urbanos, mudanças que se iniciam timidamente na segunda metade 
do século XVIII, tudo ganha proporções inéditas no século XIX. 
Inúmeros novos edifícios são necessários para abrigar as atividades 
que se intensificam: edifícios públicos e administrativos, hospitais, 
prisões, escolas, universidades, teatros, museus, escritórios, uma 
enorme quantidade de construções redesenha as cidades europeias 
e do novo mundo no século XIX.
 
As pesquisas, as viagens, a troca de referências e linguagens proporcionada 
pelo avanço nas comunicações e nos transportes se traduzem em uma 
grande liberdade na arquitetura. 
Benevolo (1976) mostra como tanto a teoria quanto a prática 
da arquitetura fazem uso do conhecimento produzido para criar 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
021
um repertório imenso, “baseado na arquitetura clássica, mas 
que incorpora variações derivadas de todo tipo de descobertas e 
pesquisas” (BENEVOLO, 1976, p. 29). 
 
Ao conjunto de estilos surgidos chamou-se historicismo, movimento 
que inclui o neogótico, o neoárabe, o neobizantino e assim por diante. 
“O historicismo pode ser considerado como uma espécie de redução ao 
absurdo da cultura renascentista e surge como um epílogo, que encerra o 
ciclo três vezes secular do classicismo europeu”. (BENEVOLO, 1976, p. 29). 
Ecletismo: estilos variados e a 
fragilização da tradição clássica
Ao longo do século XIX, esses inúmeros estilos passaram a se 
misturar, dando origem ao Ecletismo. As técnicas e os materiais 
novos têm papel importante na diversidade de estilos, sobretudo o 
ferro. Utilizado amplamente nas estruturas por permitir realizações 
impressionantes, como grandes vãos e construções em altura, o 
ferro aparece como um problemaa ser equacionado pelos estilos, 
para a arquitetura do século XIX. 
 
Essa técnica permite desde a construção dos novos edifícios de Chicago 
até as impressionantes gares, ferroviárias da segunda metade do século, em 
todo o mundo, ou mesmo no Brasil, como a Estação da Luz, em São Paulo.
Recobrir as estruturas e dar aspecto clássico, gótico, vitoriano 
ou qualquer outro, era uma questão de dar dignidade às novas 
estruturas, consideradas o esqueleto inevitável da nova época, mas 
despido de quaisquer valores estéticos. Essa visão era a orientadora 
da Escola de Belas Artes de Paris, e ainda foi por todo o século XIX a 
grande referência para a arquitetura mundial. 
Ao longo do 
século XIX, 
inúmeros 
estilos 
passaram a 
se misturar, 
dando 
origem ao 
Ecletismo.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
022
 
As exposições internacionais, a partir da metade do século, são os eventos 
em que se exibe a produção de destaque da arquitetura e é nelas em que fica 
mais patente a necessidade de disfarçar os novos processos construtivos. 
Vejamos, na videoaula a seguir, o que foi produzido de mais 
significativo nessas exposições.
Videoaula
“As exposições universais”
Autora: Mariana Fontes Pérez Rial
QUESTÃO 2 - O Romantismo, apesar de sua natureza essencialmente 
burguesa, contesta a racionalidade iluminista e exalta a emoção e o sentimento, 
sobretudo na literatura. Na arquitetura seu referencial absoluto, em oposição à 
racionalidade clássica, passa a ser a arquitetura religiosa medieval. 
Com base na afirmação, assinale a alternativa que aponta o estilo preferido 
dos arquitetos românticos do século XIX:
a. Neoclássico.
b. Moderno.
c. Barroco.
d. Neogótico.
e. Renascentista.
O gabarito se encontra no final da unidade.
ATIVIDADE 
DE FIXAÇÃO
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
023
A polêmica entre o Neoclássico e o 
Neogótico
Dentre todos os estilos disponíveis à livre escolha dos arquitetos, 
ainda prevalecem o Neoclássico, defendido pelo ensino tradicional da 
Escola de Belas Artes e, opondo-se a ele, o Neogótico dos românticos. 
A partir de 1830, ano em que mudanças profundas na política 
europeia como um todo reafirmam de uma vez por todas o poder da 
burguesia liberal, o estilo Neogótico também se consolida como um 
verdadeiro movimento. 
 
Destacam-se na teorização em defesa dos estilos medievais o inglês Pugin 
(autor de The true principles of pointed or christian architecture, 1841) e o 
francês Viollet-le-Duc (autor de Entretiens sur l’architecture (Discursos sobre 
Arquitetura), 1863), este último um dos responsáveis pela restauração da 
Catedral de Notre-Dame, Paris, e precursor da preservação do patrimônio. Outro 
personagem fundamental para a teoria e a valorização dos estilos medievais é 
John Ruskin, crítico inglês precursor do movimento Arts and Crafts. 
 
Ruskin é defensor da produção manual e crítico dos processos industriais, 
coloca na segunda edição de sua obra As Sete Lâmpadas da Arquitetura 
(1849) que “o único estilo adequado às obras modernas nos Países do 
Norte seja o gótico setentrional do século XIII” (BENEVOLO, 1976, p. 86).
A polêmica entre os dois estilos, Neoclássico e Neogótico, 
aconteceu principalmente no meio acadêmico da Escola de Belas 
Artes de Paris, na segunda metade do século XIX. A crise do ensino 
instaurada por essa polêmica representa o rompimento com o 
tradicionalismo clássico no ensino da arquitetura. O principal 
representante do neogótico à época, Viollet-le-Duc, professor na 
escola, defende a flexibilização do classicismo e o estudo também 
O estilo 
Neogótico 
também se 
consolida 
como um 
verdadeiro 
movimento 
a partir de 
1830.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
024
da arquitetura medieval, que não constava no currículo. Há uma 
forte recusa a essa mudança por parte dos professores ligados 
ao neoclássico, com idas e vindas na mudança dos programas 
das disciplinas. Ainda que a implantação do ensino medieval não 
aconteça nas primeiras tentativas, a transformação na cultura 
da escola é sem volta e os escritos de Viollet-le-Duc impactam 
profundamente os estudantes.
A discussão entre os defensores de um e de outro estilo serve para 
expor a fraqueza teórica dos fundamentos que estabeleciam a 
arquitetura clássica como ideal e inquestionável, trazendo à tona 
seu caráter estilístico. Ao mesmo tempo, o estilo proposto como 
alternativa tampouco oferece soluções que deem respostas aos 
novos materiais e técnicas. 
O resultado, por um lado, é um afastamento progressivo entre 
arquitetura e construção, ou entre arquitetura e engenharia. Por outro, 
causa um abalo nas certezas do neoclassicismo e gera buscas 
incessantes, que darão as bases para a superação dos estilos e para o 
surgimento de algo novo com o Movimento Moderno. A reivindicação 
por uma reaproximação com a técnica, com o fazer, com os materiais 
e com uma “verdade estrutural” despida de estilismos é o próximo 
passo e, já presentes na retórica de Viollet-le-Duc, será um dos 
argumentos, dentre outras questões, na ruptura com a tradição das 
Belas Artes, que dá origem à arquitetura moderna.
Já no contexto da segunda metade do século XIX, a figura central do 
neogótico, Violet-le-Duc, tem destaque, sobretudo por sua oposição 
ao classicismo e ao ecletismo da academia. 
Viollet-le-Duc é o sustentador da direção neogótica, mas 
elimina em sua polêmica toda referência romântica ou 
sentimental; aos seus olhos de cientista, o gótico não 
tem nada de confuso ou misterioso. [...] A reviravolta 
que Viollet-le-Duc imprime ao movimento neogótico, 
associando-o com o racionalismo, é importantíssima. 
[...] os livros de Viollet-le-Duc, que circulam por todo o 
mundo, têm grande importância para a formação da 
geração subsequente, da qual saem os mestres da art 
nouveau. (BENEVOLO, 1976, p. 127). 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
025
O avanço das novas técnicas: o 
concreto armado
Já vimos como os processos construtivos e a teoria da arquitetura 
se afastaram progressivamente ao longo do século XIX, com o 
descolamento das grandes obras que exploram ao máximo o aço 
e o vidro e da discussão estilística centrada nos revestimentos que 
dominam a teoria. O surgimento de um novo material, cuja aplicação 
será rápida e em larga escala, aprofunda ainda mais essa questão e 
ajuda a precipitar a crise dos estilismos, já anunciada. Referimo-nos 
ao aparecimento do concreto armado. 
 
Quem desenvolveu o cimento Portland foi Joseph Aspdin, em 1824 
(FAZIO, 2011). 
Considerado pelo historiador Sigfried Giedion como um “material 
de laboratório” (COHEN, 2012), por sua precisão química, fruto de 
extensos testes científicos, o uso do concreto se difundiu nas duas 
últimas décadas do XIX, principalmente na construção comum. 
Seu grande expoente foi o arquiteto Anatole de Baudot, discípulo de 
Viollet-le-Duc, cujo livro L’Architecture, le passé, présent (1916), exalta 
o concreto como o material sucessor do ferro. 
 
Projetistas dos Estados Unidos e da Europa usavam concreto armado, 
com destaque para Ernest Ransome (1844-1917) e François Hennebique 
(1842-1921) (FAZIO, 2011). 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
026
A crise do ecletismo e o aparecimento 
do art nouveau: o princípio da ruptura 
definitiva com a tradição
Os avanços contínuos da segunda metade do século foram fatais 
para expor a fragilidade dos estilismos frente à nova realidade 
construtiva. A expansão da ferrovia como meio de transporte 
revolucionou a circulação de pessoas e de mercadorias; as cidades 
apresentavam população jamaisvista na história da urbanização, 
com poucas exceções. As técnicas construtivas que possibilitavam 
a nova vida urbana eram dominadas à excelência pelos engenheiros 
e exibidas nas exposições universais e nos espantosos arranha-
céus da vibrante Chicago; os avanços deixavam a arquitetura cada 
vez mais em segundo plano. Da mesma forma, parecia mais e 
mais sem sentido aos arquitetos encobrir as estruturas com seus 
estilismos. O ensino da arquitetura clássica estava descompassado 
do que acontecia no exterior das academias e a crise era inevitável. 
O ecletismo, então, a princípio uma afirmação da individualidade 
criativa do arquiteto, que o aproximava do caráter de artista, já não 
era suficiente para garantir o papel social da arquitetura. Professores 
de Teoria da Arquitetura da Escola de Belas Artes exprimiam o 
sentimento de indefinição da arquitetura, flexibilizavam currículos, 
abriam o curso para novas perspectivas. Benevolo (1976) transcreve 
passagem marcante do professor Julien Guadet (1834-1908):
O que é o curso de Teoria da Arquitetura? A pergunta 
pode parecer supérflua, uma vez que este curso 
existe por longos anos [...]. Parece, portanto, que sua 
tradição se encontra estabelecida, contudo... não vos 
esconderei que sinto em torno de mim algo como uma 
impressão de que este curso ainda está por ser criado 
(BENEVOLO, 1976, p. 151). 
Em 1894, os alunos de Julien Guadet que escutaram essas palavras 
seriam os grandes expoentes nas primeiras décadas do século XX: 
Auguste Perret, Tony Garnier. 
Os avanços 
contínuos 
da segunda 
metade 
do século 
foram 
fatais para 
expor a 
fragilidade 
dos 
estilismos 
frente 
à nova 
realidade 
construtiva.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
027
Na Inglaterra, seguindo os passos do movimento neogótico e 
os protestos de John Ruskin em relação à sociedade industrial 
e seus processos, surge o movimento Arts and Crafts, em defesa 
da qualidade nas artes aplicadas (em oposição às chamadas 
artes puras). Seu defensor, arquiteto e artista atuante também 
na política foi Wiliam Morris. A fundação de sua primeira firma, 
Morris, Marshall, Faulkner and Company, em 1862, é considerada 
pelo historiador Leonardo Benevolo como o início do Movimento 
Moderno. Morris é uma figura bastante representativa de sua época; 
além da arquitetura, seu engajamento político retratava as questões 
sociais emergentes com muita força na segunda metade do século 
XIX. Demonstrava preocupação com as condições da classe 
trabalhadora inglesa, levando-o à defesa ativa do Socialismo. Fazio 
(2011) lembra como esse fato leva “o historiador de arquitetura 
Nikolaus Pevsner a afirmar que a consciência social de Morris 
representa um dos pontos de origem do desenvolvimento do 
Modernismo europeu, que via a arquitetura como modeladora da 
sociedade.” (FAZIO; MOFFET; WODEHOUSE, 2011, p. 445). 
Com o Arts and Crafts e as polêmicas em torno do ecletismo, 
nas duas últimas décadas do século XIX inevitavelmente as artes 
tomam novos rumos, dando início à ruptura do século seguinte. Se 
na pintura alguns movimentos já compreendiam os novos tempos 
e deixavam para trás a recusa romântica na nova sociedade, 
com o impressionismo, o neoimpressionismo, o expressionismo, 
na arquitetura essa nova ordem terá sua expressão a partir do 
movimento autodenominado Art Nouveau.
 
Não é sem motivo que o ponto de ruptura que acontece no campo teórico 
da arquitetura, como nas demais artes plásticas, denominou-se Arte Nova. 
Na próxima videoaula, vamos ver, a partir de diversas imagens, 
a expressão plástica desse movimento e suas características, 
precursoras em vários aspectos da Arquitetura Moderna.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
028
QUESTÃO 3 - Na passagem do século XVIII ao XIX o estilo Neoclássico 
predominante até então perde espaço para os demais estilos emergentes 
já ao longo do século anterior. Entre todos os estilos disponíveis à livre 
escolha dos arquitetos, passam então a prevalecer tanto o Neoclássico, 
defendido pelo ensino tradicional da Escola de Belas Artes, quanto o 
Neogótico, preferido dos românticos. A partir de 1830 o Neogótico se 
consolida como um verdadeiro movimento. Com base nessa afirmação, 
descreva o que foi a polêmica entre os estilos neoclássico e neogótico, 
e como esse fato influenciou a superação do ecletismo na passagem do 
século XIX ao XX.
O gabarito se encontra no final da unidade.
ATIVIDADE 
DE FIXAÇÃO
Videoaula
“Art Noveau”
Autora: Mariana Fontes Pérez Rial
Como vimos, o estilo art nouveau foi precursor em muitos aspectos 
da Arquitetura Moderna e pode ser encontrada nele toda a reação 
à tradição que dá origem à ruptura que o moderno significa. A 
profusão de construções e os elementos decorativos ligadas ao Art 
Nouveau constituem a sua riqueza.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
029
QUESTÃO 4 - A linha que unifica arquitetos e artistas englobados sob 
o movimento Art Nouveau é a ideia de produzir uma estética nova, seja 
nas artes aplicadas, seja na arquitetura. Com base no estudado sobre esse 
movimento, assinale a alternativa que contém os artistas consagrados do 
Art Nouveau: 
a. Louis Sullivan e William Morris.
b. Victor Horta e Henry Van de Velde.
c. Antoni Gaudí e J. F. Blondel.
d. Victor Horta e Mies Van der Rohe.
e. Viollet-le-Duc e Van de Velde.
O gabarito se encontra no final da unidade.
ATIVIDADE 
DE FIXAÇÃO
Como vimos até aqui, a teoria arquitetônica teve suas bases 
tradicionais abaladas ao longo do século XIX, passando de um 
momento de flexibilização e maior liberdade imaginativa até o 
descrédito quase total, por seu descolamento da prática, que 
passava por uma transformação técnica e programática que exigia 
novas respostas. Esse panorama, de que tratamos com ênfase 
na produção europeia e seu repertório teórico, tinha paralelo nas 
antigas colônias do continente americano que, após os diversos 
processos de independência entre o fim do século XVIII e o começo 
do XIX, se firmavam como nações independentes e ganhavam, cada 
uma à sua maneira, um papel na ordem internacional do comércio. 
As questões relativas ao Brasil, até as últimas décadas do XIX, estão 
bastante vinculadas à cultura europeia, sobretudo à francesa. O 
percurso, porém, do pensamento arquitetônico norte-americano, 
ganha destaque já em meados do século XIX, e sua produção merece 
uma análise particular. Esse é o tema da nossa próxima videoaula.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
030
Videoaula
“O século XIX nos EUA”
Autora: Mariana Fontes Pérez Rial
QUESTÃO 5 - O estilo Neogótico teve sua força inicial na Inglaterra, 
local onde ao mesmo tempo a indústria se desenvolvia com maior 
velocidade e a presença do Neoclassicismo era menos determinante do 
que na França napoleônica. Sua expansão, porém, tomou toda a Europa 
nas primeiras décadas do século XIX, lado a lado com o Neoclassicismo. 
O principal defensor do Neogótico francês, professor da Escola de Belas 
Artes de Paris, foi: 
a. Jacques-François Blondel.
b. Henry Van de Velde. 
c. William Morris.
d. Eugène Viollet-le-Duc.
e. Barão de Haussmann.
O gabarito se encontra no final da unidade.
ATIVIDADE 
DE FIXAÇÃO
Uma vez compreendida a teoria em relação à arquitetura que estava 
em discussão desde o século XVIII e ao fim do século XIX, devemos 
agora passar às questões específicas da teoria urbana. 
Podemos afirmar que, se a arquitetura viu, no século XIX, as bases 
para o desenvolvimento de algo totalmente novo, no século XX, 
como são o pensamento e o repertório do Movimento Moderno, 
o urbanismo passou por uma transformaçãoainda mais radical, 
já que a cidade moderna é a síntese de tudo o que foi tratado até 
agora. Urbanismo e planejamento urbano, em seu significado 
O urbanismo 
passou 
por uma 
transformação 
muito radical 
no século XX.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
031
moderno, foram de fato criados nesse momento histórico, diferente 
de tudo que acontecera anteriormente. 
Veremos brevemente como foi o panorama até as primeiras 
transformações, por volta da década de 1850. A revolução no 
pensamento sobre a cidade, na passagem dos séculos XIX ao XX, 
será tratada em profundidade no tema “a cidade moderna”. 
Primeiras 
transformações 
no pensamento 
sobre a arquitetura 
e a cidade
Até o século XIX, não existia propriamente uma teoria urbana. 
Está claro que a história conta com diversos projetos de cidades 
anteriores, assim como conta com diversos exemplos de cidades 
construídas e modelos de cidade ideal, como as desenvolvidas 
durante o Renascimento, interessantes concepções de cidades 
amuralhadas com plantas geométricas elaboradas em detalhes. 
Projetos de cidade eram elaborados no âmbito das artes, ou 
soluções práticas eram dadas por meio de planos, como a ampliação 
de caminhos e a abertura de vias, como nos planos barrocos. 
 
O que difere então o pensamento urbano do século XIX e início do XX 
dos escritos anteriores? A diferença marcante, que caracteriza o início da 
urbanística moderna (BENEVOLO, 1976), é a visão do urbanismo como 
disciplina, como um novo campo científico. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
032
Entendido assim, o estudo das cidades passa a ser feito de forma 
sistemática. O principal motivo para essa mudança reside também 
na Revolução Industrial e suas consequências, já aparentes nas 
cidades inglesas em 1800. 
 
Vimos como o surgimento do Romantismo está ligado aos males da 
cidade moderna do fim do século XVIII.
De fato, esses males não eram poucos: a pobreza, a violência 
urbana, as epidemias decorrentes da falta de higiene urbana. Tudo 
isso apareceu com o crescimento das cidades na Europa e, com 
alguma defasagem, nas principais cidades de todo o mundo. 
 
Londres é o exemplo máximo do período; sua população no fim do século 
XVIII ultrapassou um milhão de habitantes (BENEVOLO, 1976). 
É a primeira vez, desde o Império Romano, que uma cidade 
atinge esse número de habitantes. Esse dado é surpreendente, 
se pensarmos que quase dois mil anos se passaram para que as 
cidades se deparassem com problemas urbanos nessa escala! 
Drenagem, captação de esgotos, provisão de água corrente, 
iluminação pública. Todas essas questões que passaram séculos 
sem ter relevância em razão da pequena escala das aglomerações 
urbanas, eram urgentes em 1850. Resolvê-las era crucial para a 
sobrevivência tanto da economia quanto das próprias instituições 
da sociedade moderna. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
033
O pensamento sobre a cidade 
industrial
O século XIX é o período em que o pensamento burguês, elaborado 
pelos Iluministas, tem de enfrentar questões mais complexas 
ligadas ao surgimento de uma nova classe, o proletariado. 
O pensamento sobre a sociedade capitalista, que produzirá 
movimentos como o anarquismo e o socialismo, não pode deixar 
de lado a compreensão da cidade e a superação de seus problemas. 
Os teóricos questionadores do liberalismo burguês, assim como os 
críticos do capitalismo, eram acompanhados por teorias específicas 
sobre a cidade. Surgem modelos de cidade diversos, desde os 
ligados à negação da cidade industrial até aqueles que veem a 
solução de todos os problemas sociais na própria indústria. 
 
As primeiras iniciativas atreladas a um pensamento crítico sobre as 
cidades estão ligadas ao chamado Socialismo Utópico. 
Assim como Morris, seus representantes estavam preocupados 
com as condições de vida da classe trabalhadora. Modelos foram 
desenvolvidos tanto para cidades associadas à produção de uma 
indústria, as chamadas cidades operárias, quanto para cidades 
indistintas, não necessariamente ligadas a uma única fábrica, cujo 
objetivo era aproximar a vida urbana da vida rural, mais bucólica e 
saudável, associando-a às novas imposições da produção industrial, 
em um convívio saudável, para esses teóricos. 
Os modelos de cidade produzidos pelos socialistas utópicos 
também têm sua explicação no fato de que esses autores não viam 
solução possível para as cidades existentes. Suas origens têm 
proximidade teórica com o Iluminismo na crença, na ciência e na 
educação, e com o romantismo no que se refere à constatação dos 
males modernos. Essas iniciativas não partem propriamente dos 
No século 
XIX, 
surgem 
modelos 
de cidade 
diversos, 
desde os 
ligados à 
negação 
da cidade 
industrial 
até aqueles 
que veem 
a solução 
de todos os 
problemas 
sociais na 
própria 
indústria.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
034
arquitetos. Em geral, são iniciativas de pessoas ligadas à indústria, 
distantes das teorias das artes. 
As cidades utópicas são definidas por um número máximo de 
habitantes e por características formais rígidas, dificilmente 
transportáveis para a prática. Seus principais representantes foram 
Robert Owen (1771-1858), industrial inglês que procurou implantar 
seu modelo através de seus negócios, na Inglaterra e na França; 
Charles Fourier (1772-1837), francês cujo modelo, o “falanstério”, 
ficou conhecido internacionalmente e serviu de referência para 
iniciativas posteriores, e Etienne Cabet (1788-1856). Algumas 
tentativas foram levadas a cabo por essas três figuras, porém 
com pouco sucesso. A reviravolta de 1848 e o retorno conservador 
puseram um fim às esperanças ligadas aos modelos urbanísticos 
do socialismo utópico. 
 
O termo “utópico” lhes foi dado depois, em oposição ao “socialismo 
científico”, referente àquele teorizado por Marx e Engels. Os socialistas 
científicos julgavam os ideais de “bom para todos” como uma 
incompreensão do modo de produção e da luta de classes, foi então que 
surgiu o termo “utópico”. 
 
Ainda assim, essas iniciativas foram resgatadas no fim do século, como no 
caso das “cidades-jardim” (esse modelo, amplamente utilizado, aparece com 
a obra “As cidades-jardim do amanhã”, de Ebenezer Howard, publicado em 
1902), e também se tornaram referências anos mais tarde, já que aspectos 
pioneiros no estudo das cidades pelo socialismo utópico aparecem como 
determinantes no urbanismo do Movimento Moderno, como o conceito de 
densidade demográfica, a “unidade habitacional”, entre outros. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
035
Também podemos dizer que está no socialismo utópico a origem da 
premissa mais importante do Movimento Moderno, a capacidade 
de transformação social inerente à arquitetura e ao urbanismo, 
algo totalmente novo. 
As reformas urbanísticas do século XIX
À parte as ideias e modelos ligados ao socialismo utópico, que 
ficarão em sua quase totalidade no campo teórico, a modernização 
das cidades foi uma necessidade do próprio modo de produção 
capitalista. Era necessário transformar as cidades, com seus traçados 
ainda medievais, em locais que favorecessem a circulação livre das 
mercadorias e também a passagem das tropas militares sem grandes 
barreiras, em uma época marcada por guerras e revoltas populares 
urbanas por todo o continente europeu. Se os edifícios se tornaram 
múltiplos e variados com os novos programas, como vimos, também 
os espaços públicos ganharam novas funções. Praças, passeios, 
boulevards e belvederes respondiam, na escala urbana, às mesmas 
demandasde uma burguesia crescente e rica, e contrastavam com 
bairros em que se concentrava extrema pobreza.
Em meados do século XIX, as condições de vida de grande parte da 
população, agora inserida em um contexto de produção industrial 
e aglomeração urbana (não é um exagero romântico), são de fato 
péssimas. A quantidade enorme de população pobre nas cidades, 
as péssimas condições de moradia e de trabalho da classe 
trabalhadora, frutos de décadas de um liberalismo predominante, 
levaram a um ambiente urbano terrível e cheio de contrastes entre 
os espaços da burguesia e aqueles da população pobre. Lembremos 
que, diferentemente da nobreza e da aristocracia dominantes no 
Antigo Regime, a burguesia é uma classe social essencialmente 
urbana, ligada ao comércio e à indústria, própria da cidade moderna. 
Os conflitos são patentes e explícitos quando transportados para o 
contexto urbano. 
Em 
meados 
do século 
XIX, as 
condições 
de vida 
de grande 
parte da 
população 
eram 
péssimas.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
036
 
A descrição de toda a teoria marxista da luta de classes é, sem dúvida, 
fruto da observação não apenas da economia pura, mas de sua tradução 
espacial, que é a cidade moderna. 
A crise política, que já se instaurava desde a década de 1830, provocava 
em meados do século ainda mais conflitos na Europa. Nos 50 anos 
que se seguiram, as transformações foram de toda ordem: políticas, 
econômicas, técnicas e artísticas. O movimento revolucionário de 1848 
e sua repressão dão lugar, logo em seguida, a um retorno conservador 
em diversos países europeus. Enquanto a teoria econômica abre 
caminho para alternativas ao capitalismo e o crescimento das teorias 
socialistas, os Estados conservadores se apropriam também da nova 
ciência, urbanística, para moldar as cidades também como uma forma 
de controle social, em seu sentido amplo. 
Foi nesse contexto que se implantaram os marcantes planos 
urbanos, que desenharam as principais capitais como as 
conhecemos hoje, iniciados com o precursor plano do então 
prefeito Barão de Haussman (cujos trabalhos duraram de 1853 a 
1869) para Paris. Em seguida, com a transformadora chegada da 
ferrovia, redesenhavam-se através de grandes avenidas e eixos 
monumentais quase todas as cidades ocidentais, com planos 
históricos como o do Ring de Viena, ou o de Barcelona, projeto do 
engenheiro Ildefons Cerdà. Vamos conferir alguns detalhes dessas 
reformas na notícia apresentada a seguir.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
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O HOMEM QUE CONSTRUIU A PARIS QUE CONHECEMOS HOJE
Jonathan Glancey Da BBC Culture 
12 fevereiro 2016
Paris ainda é uma das cidades mais visitadas do mundo, e o distrito 
do Marais é um dos mais populares entre os milhões de pessoas que 
frequentam a cidade a cada ano. Popular entre aristocratas antes de 
Luís XIV (o “Rei Sol”) transferir a corte para Versailles, essa animada 
região de ruas estreitas e casas históricas caiu no abandono nos séculos 
seguintes, antes de renascer nas últimas décadas como um charmoso 
labirinto de lojas fashion, cafés, restaurantes, museus e galerias.
Ao andar por essas agitadas ruas medievais, é difícil acreditar que 
elas já foram consideradas “o inimigo”, algo que deveria ser demolido 
imediatamente. E quem queria fazer isso era ninguém menos que o 
imperador francês Napoleão III e seu chefe de departamento de Paris, 
George-Eugène Haussmann. Como grande parte de Paris, Marais 
fedia horrivelmente em 1853, quando o imperador deu instruções a 
Haussmann para reconstruir a cidade com grandes e salubres avenidas. 
Regiões inteiras da cidade seriam demolidas e substituídas por avenidas.
“Era a reconstrução de Paris”, escreveu Haussmann, orgulhoso, em 
seu livro de memórias.
O homem demolição
Administrador público, sem nenhum treinamento em arquitetura ou 
planejamento urbano, Haussmann transformou Paris em um enorme 
canteiro de obras por 20 anos. Apesar de ter sido forçado a deixar o 
cargo em 1870, quando o imperador enfrentava críticas por excesso 
de gastos públicos, seus projetos continuaram sendo seguidos até o 
final dos anos 1920. Concebido e executado em três fases, o plano 
incluía a demolição de 19.730 prédios históricos e a construção de 
34 mil novos. Antigas ruas foram substituídas por grandes e amplas 
avenidas, caracterizadas por fileiras de prédios neoclássicos em tons 
de creme, alinhados e proporcionais.
Além das grandes avenidas, Haussmann construiu grandes quarteirões, 
parques inspirados no Hyde Park, de Londres, um sistema de esgoto 
abrangente, um novo aqueduto que dava acesso amplo à água doce, 
uma rede de canos de gás subterrâneos para iluminar ruas e prédios, 
fontes complexas, banheiros públicos grandiosos e fileiras de árvores.
Essa infraestrutura urbana foi combinada com novas e ousadas 
estações de trem – Gare du Nord e Gare de L’Est – a opulenta Ópera 
de Paris, novas escolas, igrejas, mais de 20 praças, ambiciosos 
teatros na Place du Châtelet, o gigante mercado de comida de Les 
Halles (do livro O Ventre de Paris, de Èmile Zola) e uma sensacional 
rede de avenidas radiais saindo do Arco do Triunfo, no centro da 
Place de l’Étoile, de Haussmann.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
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038
Rebatizada de Place Charles de Gaulle, l’Étoile é um pesadelo para 
motoristas estrangeiros: você tenta dirigir entre carros velozes vindo 
de várias direções diferentes enquanto tenta negociar – ou lutar – 
para abrir caminho no entorno do arco, monumento de celebração da 
vitória de Napoleão.
Haussmann criou grandes quarteirões, sistema de esgoto e parques 
como o Bois de Boulogne. 
Transformação radical
Nenhuma outra grande cidade, antes ou desde então, sofreu uma 
transformação tão radical quanto Paris em tempos de paz. Foram 
necessários inúmeros trabalhadores – qualificados e não qualificados 
– assim como arquitetos, engenheiros e paisagistas.
Ele devolveu a saúde à cidade após anos de cólera e tifo. Deu aos 
parisienses de todas as classes parques onde brincar e relaxar.
Teoricamente, suas largas avenidas permitiam que tropas do governo 
se movimentassem livremente para manter a ordem em um tempo 
de barricadas, protestos e outros distúrbios. E, em uma época em 
que a cidade dobrou seu tamanho e a população triplicou, ela deu 
a Paris um senso de unidade com um ar de prosperidade burguesa.
O que ainda surpreende é que tantas partes da cidade tenham sido 
destruídas e refeitas no que parece uma extravagância do imperador 
Haussmann. Mas Napoleão III estava seguindo os passos de seu tio, 
Napoleão Bonaparte, que também tinha grandes projetos para Paris. “Se 
ao menos os céus tivessem me dado mais 20 anos de poder e um pouco 
de lazer”, escreveu ele no exílio após a batalha de Waterloo, “uma pessoa 
procuraria em vão pela antiga Paris; não sobraria nada a não ser vestígios”.
Em 1925, o visionário arquiteto franco-suíço Le Corbusier publicou 
seu Plan Voisin para Paris, um projeto patrocinado por Gabriel Voisin, 
pioneiro da aviação francesa e fabricante de carros de luxo. O plano 
iconoclasta planejava demolir grande parte do centro da cidade ao 
norte do Sena. No lugar entrariam parques, de onde sairiam prédios 
residenciais altos. Os carros andariam pela cidade em elevados de 
concreto livres de pedestres.
O plano de Le Corbusier foi considerado radical demais e não foi 
para a frente. Mas, antes dele, Haussmann também foi criticado. O 
renomado estadista Jules Ferry (1832-93) escreveu: “Choramos com 
os olhos cheios d’água pela velha Paris, a Paris de Voltaire... a Paris de 
1830 e 1848, quando vemos os grandes e intoleráveis novos prédios, 
a custosa confusão, a vulgaridade triunfante, o terrível materialismo 
que vamos transmitir para os nossos descendentes.”Ou, como o historiador do século XX Réné Héron de Villefosse coloca, 
pensando particularmente na transformação de Haussmann na Île de
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
039
la Cité, “O velho barco de Paris foi torpedeado pelo Barão Haussmann 
e afundou durante seu reinado. Foi talvez o maior crime do 
megalomaníaco governador e também seu maior erro. Seu trabalho 
causou mais danos que centenas de bombardeios.”
Sempre teremos Paris
Quando, em 1944, as forças aliadas marcharam para liberar a cidade e 
Adolf Hitler ordenou que Paris fosse destruída, o comandante alemão 
Major General Dietrich von Choltitz se recusou a obedecer. Paris era 
bonita demais para ser arrasada. Os planos de Haussmann foram 
impressionantes pelo fato de ele ter conseguido resultados com 
padrões tão altos e uniformes em tão pouco tempo. Administrador 
público, Haussmann era um homem que se impunha e, apesar de 
ser um músico talentoso, não era sentimentalista. Ele demoliu até a 
própria casa em que nasceu – 55 rue Faubourg-du-Roule –, apesar 
de ter boas memórias da infância.
Sobre sua primeira reunião com Haussmann, em 1853, Napoleão III 
escreveu: “Eu tinha diante de mim um dos homens mais extraordinários 
de nosso tempo, grande, forte, vigoroso, com energia, e ao mesmo 
tempo esperto e malandro, com a alma cheia de recursos”.
A parceria entre o ambicioso imperador francês e seu governante 
foi notória. Um ano após a demissão de Haussmann por excesso 
de gastos, porém Napoleão III caiu após a derrota da França na 
Guerra Franco-Prussiana. Ele foi para o exílio em Chislelhurst, Kent, 
onde morreu em 1873. Após sua demissão, Haussmann foi eleito 
deputado em Ajaccio, Córsega, onde Napoleão Bonaparte nascera. 
Ele encontrou tempo para escrever três volumes de memórias. Elas 
não são muito lidas atualmente, mas sua memória ainda vive na nova 
Paris que ele moldou – e em cidades como Barcelona, que seguiram 
seu exemplo –, mas não nas estreitas, mas amadas ruas do Marais.
BBC Culture. Disponível em: <http://www.bbc.com/portuguese/
noticias/2016/02/160203_vert_cul_criador_paris_lab>. Acesso em: 
16 jan. 2017.
O planejamento urbano – uma 
introdução
Reformas em cidades não eram inexistentes até esse momento; ao 
contrário, urbanismo barroco é conhecido por suas intervenções 
monumentais. Entretanto, há algo de muito novo na implantação 
das ideias do Barão de Haussmann. 
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
040
Se bem que de tendências autoritárias, Haussmann 
não pode se comportar como os urbanistas barrocos, 
que executam um plano predisposto com absoluta 
regularidade, aproveitando o poder absoluto de quem 
o encomenda; age sob o controle do Parlamento e do 
Conselho Municipal, manipula dinheiro público do qual 
deve prestar contas aos corpos administrativos centrais. 
[...] deve em suma levar em conta a separação de poderes 
de um Estado moderno (BENEVOLO, 1976, p. 110).
Assim, temos aqui o fator determinante para a transformação do 
que antes era uma prática eventual de urbanismo em uma ciência 
totalmente nova: o planejamento urbano. Esse fator é, sem dúvida, o 
Estado Moderno. Logo, em grande parte dos países, o planejamento 
será alavancado também pela democracia liberal. O planejamento 
urbano é, além de uma necessidade econômica da cidade, uma 
prática associada às respostas do Estado a uma nova demanda, 
um Estado que responde agora a uma sociedade organizada e 
que será, muito em breve, eleito através do voto. Isso significa, 
de maneira mais clara, que há agora uma sociedade constituída 
por pessoas com voz, através das eleições diretas, capazes de 
interferir nas forças produtivas e a quem os representantes do 
poder devem se reportar. Essa é uma diferença crítica em relação 
ao momento anterior, já que dar resposta a demandas sociais não 
era determinante para a manutenção do poder do rei, do imperador 
ou da igreja, instituições dominantes até o século XVIII. As novas 
bases políticas estabelecidas com a sociedade burguesa tinham 
mudado essa situação para sempre. As consequências desse fato 
serão aprendidas ao longo desta disciplina.
QUESTÃO 5 - Discorra sobre quem foi o Barão de Haussmann, qual 
sua importância para a história do urbanismo e em quais exemplos pode 
ser encontrada sua influência.
O gabarito se encontra no final da unidade.
ATIVIDADE 
DE FIXAÇÃO
O planejamento 
urbano é, 
além de uma 
necessidade 
econômica 
da cidade, 
uma prática 
associada às 
respostas do 
Estado a uma 
nova demanda.
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
041
Resumo 
Nesta unidade, vimos quais as linhas teóricas principais 
do pensamento em arquitetura e urbanismo, a partir das 
transformações iniciais da Revolução Industrial em meados do 
século XVIII. Vimos também como essas origens se desdobraram 
em correntes até antagônicas ao longo do século XIX, mostrando 
por fim, nas últimas décadas deste, o esgotamento da tradição 
clássica para a compreensão da produção arquitetônica que surgia 
e daquela que viria a seguir. Com nosso estudo, constatamos que 
o pensamento arquitetônico até o momento estudado tem como 
objeto os edifícios singulares, deixando de lado a produção da 
cidade em suas construções cotidianas. A questão da moradia, 
assim, não entra na discussão. A habitação como tema somente 
aparecerá no contexto da passagem ao século XX e será uma das 
mais peculiares e transformadoras. Essa será a linha condutora 
das principais transformações atreladas à Arquitetura Moderna. A 
mudança de premissas, colocando a arquitetura não mais como 
arte, mas como disciplina e prática a serviço da sociedade, esse é o 
divisor de águas dessa nova fase. 
Videoaula
“Título do vídeo”
Autor: Fulano
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
042
QUESTÃO 1 - Gabarito da questão 1: A) A crença na razão e na ciência 
humana. 
Justificativas:
Justificativa da alternativa a: O principal tema do Iluminismo é a crença na 
razão humana.
Justificativa da alternativa b: O principal tema do Iluminismo é a crença na 
razão humana.
Justificativa da alternativa c: O principal tema do Iluminismo é a crença na 
razão humana.
Justificativa da alternativa d: O principal tema do Iluminismo é a crença na 
razão humana.
Justificativa da alternativa e: O principal tema do Iluminismo é a crença na 
razão humana.
QUESTÃO 2 - Gabarito da questão 2 (objetiva): D) Neogótico.
Justificativas:
Justificativa da alternativa a
Os românticos do século XIX se aproximavam do culto à arquitetura 
medieval, distanciando-se do neoclássico e do racionalismo. 
Justificativa da alternativa b
Os românticos do século XIX se aproximavam do culto à arquitetura 
medieval, distanciando-se do neoclássico e do racionalismo. 
Justificativa da alternativa c
Os românticos do século XIX se aproximavam do culto à arquitetura 
medieval, distanciando-se do neoclássico e do racionalismo. 
ATIVIDADES 
DE FIXAÇÃO
RESPOSTAS
TEORIAS DA ARQUITETURA E DO URBANISMO
unidade 1
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Justificativa da alternativa d
Os românticos do século XIX se aproximavam do culto à arquitetura 
medieval, distanciando-se do neoclássico e do racionalismo. 
Justificativa da alternativa e
Os românticos do século XIX se aproximavam do culto à arquitetura 
medieval, distanciando-se do neoclássico e do racionalismo. 
QUESTÃO 3 - Padrão de resposta da questão 3
A polêmica entre os dois estilos, Neoclássico e Neogótico, aconteceu 
principalmente no meio acadêmico da Escola de Belas Artes de Paris, 
na segunda metade do século XIX, e representa o rompimento com o 
tradicionalismo clássico no ensino da arquitetura. O principal representante 
do neogótico à época, Viollet-le-Duc, defende a

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