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Analise a regra de inversão do ônus da prova no Código de Defesa do Consumidor e estabeleça as semelhanças e distinções em relação à chamada distribuição dinâmica do ônus da prova previsto no art

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Analise a regra de inversão do ônus da prova no Código de Defesa do Consumidor e estabeleça as semelhanças e distinções em relação à chamada distribuição dinâmica do ônus da prova previsto no art. 373, § 1º do CPC e que deve ser analisada em meio à decisão saneadora e de organização do processo – art. 357 do CPC.
Dentro das ferramentas necessárias para efetivação do direito do consumidor, vieram normas de direito processual, as quais propiciaram ao consumidor o acesso à justiça. E dentre elas, o art. 6º, VIII, inovou, trazendo a possibilidade do magistrado inverter o ônus da prova.
E a prova, no desenvolvimento do processo civil, tem por finalidade convencer ao juiz quanto a existência ou inexistência dos fatos sobre que versa a lide, ou seja, vigora como ponto chave para a formação do convencimento do magistrado no seu anseio de prolatar uma decisão justa, e a chamada inversão do ônus da prova reconhece a vulnerabilidade do consumidor e o considera como polo fragilizado das relações de consumo, visto que se subordina ao fornecedor por critérios diversificados, como, por exemplo, o econômico, o científico e o tecnológico.
Assim, a regra prevista no art. 6º, VIII, do Código de Defesa do Consumidor, significa uma verdadeira facilitação do acesso ao poder judiciário para o consumidor, aumentando consideravelmente suas chances, que antes se achava não rara vezes impotente a exercer sua cidadania com maior plenitude.
Entretanto, o CPC/2015 inovou quanto ao sistema de distribuição do ônus da prova, onde o legislador complementou e reflexibilizou as regras estáticas, permitindo que o juiz flexibilize e dinamize o ônus da prova para dizer quem tem mais facilidade de provar o fato.
Essas regras foram baseadas na doutrina argentina, sobretudo através da obra dos ilustres processualistas Jorge Peyrano e Augusto Morello, que desenvolveram a teoria das cargas probatórias dinâmicas, a luz desta teoria, decidiu-se que não se concebe distribuir o ônus da prova de modo a retirar tal incumbência de quem poderia fazê-lo mais facilmente ou atribuí-la a quem por impossibilidade natural, não o conseguiria. Nesse sentido:
Convém destacar, que o caput do artigo 373 do CPC/2015 ainda assegura a regra clássica de atribuição do ônus da prova: ao autor cabe ônus da prova do fato constitutivo de seu direito; ao réu o ônus da prova da existência de ato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
Contudo o seu parágrafo § 1.º estabelece regras dinâmicas onde caberá ao juiz dizer em cada caso concreto como é distribuído o ônus da prova, e estas foram definidas como regras de instrução, pois, dependem do comportamento do juiz em uma decisão judicial fundamentada.
“§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.”
Assim, o parágrafo primeiro do referido dispositivo legal, dinamiza o ônus da prova, isto significa que este ônus não é mais estático, o legislador complementou as regras, criando a conduta dinâmica do juiz que vai movimentar o ônus da prova,
Desta forma o legislador consagrou a ideia de que a parte que apresentar maior facilidade em produzir a prova e se livrar deste encargo, deverá ter esse ônus para si, embora não tenha obrigação. Tudo isso, por força da cooperação, da lealdade processual e da busca da verdade real no processo.
Como essa maior facilidade dependerá do caso concreto, cabe ao juiz fazer a análise e determinar qual o ônus de cada parte no processo em decisão fundamentada.
mportante destacar a vedação a inversão do ônus da prova contida no § 2.º do artigo 373 do CPC/2015. “§ 2º A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.”
Desta forma, fica proibida a inversão nos casos que possa gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil, o que é conhecida como prova diabólica, pois o objetivo da lei não é tornar umas das partes vitoriosa por onerar a parte contrária com encargo do qual ela não terá como se desincumbir, e sim, facilitar a produção de prova.
        Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
        VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
Art. 373.  O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.

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