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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO 8° JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL - RJ. Em atenção aos princípios de cooperação entre as partes, previstos no novo Código de Processo Civil, a Siqueira Castro Advogados disponibiliza um canal para possível negociação: negocieaquiconsumidor@siqueiracastro.com.br Processo: 0009342-07.2017.8.19.0205 TIM CELULAR S.A., sociedade com filial nesta cidade à Rua Fonseca Teles, 18-30, São Cristóvão, inscrita no CNPJ sob o nº 04.206.050/0044-10, nos autos NED BRASIL DA SILVA, vem, respeitosamente, por seus advogados, interpor o presente RECURSO INOMINADO Oferecendo, para tanto, as anexas razões para oportuna apreciação pela E. Turma Recursal, após o cumprimento das formalidades legais. Preliminarmente, requer que o presente recurso seja recebido em seu duplo efeito, em consonância ao disposto no art. 43 da Lei 9.099/95. Termos em que, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 27ª de outubro de 2017. PALOMA VALUZUELA XAVIER OAB/RJ 178.506 ANA PAULA DA SILVA OAB/RJ 202.065 GRERJ: 01728171349-73 RECORRENTE: TIM CELULAR S/A. RECORRIDO: NED BRASIL DA SILVA EGRÉGIA TURMA RECURSAL DA TEMPESTIVIDADE Indiscutível, destarte, a tempestividade da resposta que ora se apresenta, eis que interposto dentro do prazo de 10 (dez) dias estabelecido pelo artigo 42 da Lei 9.099/95. DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO Demonstrada a tempestividade do recurso, mister se faz a análise da concessão do efeito suspensivo, tendo em vista a possibilidade de ocorrência de dano irreparável para a Recorrente, caso tal concessão não ocorra. Imperioso ressaltar que enquanto não for julgada a peça de resistência, a Recorrente poderá ter seu patrimônio invadido de forma injusta, uma vez que o cerne da questão diz respeito justamente acerca da importância devida à Recorrida. Vislumbra-se, pois, que a adoção irrestrita de suspensividade ao processo, com o recebimento do Recurso Inominado, não traria perdas processuais e nem materiais à Recorrida. Destaque-se que a lei nº 9.099/95, em seu Artigo 43, prevê a possibilidade da concessão de efeito suspensivo ao recurso interposto, caso existe a possibilidade de dano irreparável a parte. Vejamos: “Art.43 - O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparável para parte”. – (g. n.). 3 Nesse sentido, resta claro que a não concessão do efeito suspensivo ao presente recurso ocasionará dano irreparável ao Réu, ora recorrente, já que existe a possibilidade de ser modificada a ilustre sentença monocrática, pela Egrégia Turma Recursal. Desta forma, requer a Recorrente que seja concedido efeito suspensivo ao presente Recurso Inominado. DA AÇÃO PROPOSTA PELO RECORRIDO DA SENTENÇA RECORRIDA Cuida-se de demanda na qual alega a parte autora que o réu procedeu à inclusão indevida de seu nome nos cadastros desabonadores do crédito. Contudo, inobstante as exposições realizadas pela recorrente em sua peça de bloqueio, entendeu o Ilustre Magistrado pela condenação da parte ré nos seguintes termos, ipsis litteris: “ (...) Isso posto, JULGO PROCEDENTES EM PARTE os pedidos, com fulcro no art.487, inciso I, do NCPC para: 1) declarar a inexistência de débitos em nome da parte autora, posteriores a 07/08/2014, condenando a ré a cancelá-lo no prazo de 10 dias, abstendo-se de efetuar novas cobranças a ele relativas, sob pena de multa de pagamento referente ao dobro do valor cobrado em desconformidade enviada ao autor; 2) Condenar a ré a proceder a exclusão do nome da parte autora dos cadastros restritivos de crédito do SCPC, descrito às fls. 21, no prazo de 15 dias a contar da leitura da sentença, sob pena de multa diária de R$ 100,00 limitada em R$ 5.000,00, quando a obrigação de fazer ficará automaticamente convertida em perdas e danos em caso de descumprimento; 3) Condenar o réu a pagar quantia de R$ 8.000,00 a título de danos morais, corrigida desde a leitura da sentença e acrescida de juros de mora a contar da citação. Sem condenação em custas processuais e honorários advocatícios, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/95. (...)” Então, tendo em vista a manifesta necessidade de invalidação e/ou reforma da r. sentença supramencionada, a parte ré interpôs o presente recurso inominado, que fatalmente será PROVIDO por esta Douta Turma recursal, haja vista a patente desproporcionalidade e NÃO razoabilidade na fixação do Dano Moral arbitrado. 4 Nesse sentido, se faz necessária a observação de relevantes considerações tecidas pelo I. Magistrado na prolação da v. sentença que, por ora, se vem questionar, devendo o presente recurso ser conhecido e provido pela Turma Recursal deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – TJ/RJ. DAS RAZÕES PARA REFORMA DA R. DECISUM REALIDADE DOS FATOS Inicialmente, cumpre esclarecer que dúvidas não podem existir quanto à inexistência de qualquer conduta ilícita praticada pela Ré que tenha acarretado em qualquer dano à autora, fornecendo assim, a obrigação desta em indenizá-la. Cumpre esclarecer que a cobrança é perfeitamente devida, não tendo a Ré realizado qualquer tipo de cobrança que não corresponda com realidade. Assim, as atitudes e alegações da parte Autora são passíveis de má interpretação. Aprofundando nas alegações das supostas cobranças indevidas, percebemos novamente uma leve indução deste Juízo a erro; isto porque, conforme vislumbramos as cobranças são devidas. Insta-se salientar que a prestação de serviços de telefonia móvel não é uma prestação gratuita, sendo certo que a cobrança da questionada fatura encontra respaldo contratual, ao qual a parte Autora anuiu ao passar a se utilizar dos serviços telefônicos oferecidos pela Ré. Não obstante todo o exposto, a parte Autora optou em quedar-se inerte, e não efetuar o pagamento do débito gerado única e exclusivamente por utilização dos serviços. Ora, não pode a autora sob qualquer circunstância deixar de cumprir com sua contraprestação, ainda mais porque os serviços vinham sendo plenamente prestados e usufruídos, ou seja, se houve qualquer tipo de atitude coercitiva por parte da Ré, esta se deu única e exclusivamente em EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO! Observando os fatos narrados verifica-se não terem eles o condão de causar qualquer tipo de ofensa, vexame ou sofrimento exacerbado à Autora, razão pela qual não há que se falar em indenização de qualquer tipo. Desta forma, resta incontroverso nos autos qualquer tipo de atitude em desconformidade com a moral ou ainda com o ordenamento jurídico pátrio. Com efeito, é ônus da Autora comprovar nos autos suas alegações. Mister ressaltar que tal ônus 5 em hipótese alguma poderá ser invertido, diante da necessária distribuição da carga probatória, visto ser impossível para a empresa Ré comprovar tais supostas condutas. Neste contexto, verifica-se que a Empresa Ré não praticou qualquer ato ilícito, haja vista que a mesma somente efetuou a cobrança por um serviço efetivamente prestado e utilizado pela parte Autora. Assim, deve-se evitar que esta febre indenizatória funcione como uma “verdadeira loteria esportiva”. É certo que existe um piso de inconvenientes a ser tolerado pelo ser humano, sem caracterizar dano moral. Na questão em debate não houve lesão a atingir a pessoa, mas, no máximo, um mero desconforto. DA LEGITIMIDADE DAS COBRANÇAS Inicialmente, o que se admite apenas por amor ao debate, melhor sorte não socorre o recorridoem suas pretensões de se esquivar do pagamento das faturas impugnadas na presente demanda, tendo em vista a legitimidade dos valores cobrados pela empresa Ré. Senão vejamos! Conforme relatado, o recorrido afirma em sua inicial que os valores cobrados pela empresa Ré são indevidos. Contudo, não há que se falar em qualquer ilegalidade na cobrança realizada, tendo em vista a efetiva prestação dos serviços de telefonia pela empresa Ré. Ainda que assim não se entenda, é totalmente descabido o pleito autoral, tendo em vista que, o recorrido utilizou os serviços prestados pela TIM, sendo, portanto, plenamente legítima as cobranças efetuadas pela Ré. A esse respeito, oportuno esclarecer, ainda, que aos credores é lícita a persecução dos valores que lhe são devidos, podendo, inclusive, enviar o nome do devedor aos cadastros de restrição de crédito. Diante do exposto, tendo em vista que o recorrido efetivamente usufruiu os serviços de telefonia prestados pela TIM, a Ré espera e confia que essa Egrégia Turma Recursal haverá por bem julgar totalmente improcedente a presente demanda. 6 MEROS ABORRECIMENTOS E/OU INADIMPLEMENTO CONTRATUAL NÃO SÃO HÁBEIS A PROVOCAR DANOS MORAIS Observando os fatos narrados na peça vestibular, verifica-se uma tentativa clara da parte Autora em alterar a veracidade dos fatos, visando uma condenação por danos morais que sequer existiram. Por dano moral entende-se a lesão de um bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a integridade física e psicológica, causando a vítima transtornos e tormentas capazes de gerar abalos em sua esfera íntima e proporcionar situações vexaminosas perante a outrem. Importante acentuar que o dano moral não contempla hipóteses de aborrecimento ou perturbação, sob pena de sua inteira banalização. É indispensável que estejam presentes elementos como sofrimento exacerbado, angústia incontida ou humilhação, não se indenizando o mero dissabor ou vexame. Bem assim, faz-se necessário, ainda, que seja comprovada, ou ao menos demonstrada, a ocorrência de situações vexaminosas e penosas, até mesmo para que se possa ter um parâmetro para a fixação do dano moral. Na esteira desse entendimento, cumpre assinalar a lição de SÉRGIO CAVALIERI FILHO1 sobre o assunto, em que demonstra a impossibilidade de meros aborrecimentos serem caracterizados como dano moral: "Os direitos à honra, ao nome, à intimidade, à privacidade e à liberdade estão englobados no direito à dignidade, verdadeiro fundamento e essência de cada preceito constitucional relativo aos direitos da pessoa humana. À luz da Constituição vigente, podemos conceituar o dano moral por dois aspectos distintos. Em sentido estrito, dano moral é violação do direito à dignidade. E foi justamente por considerar a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem corolário do direito à dignidade que a Constituição inseriu em seu art. 5.º, V e X, a plena reparação do dano moral. Este é, pois, o novo enfoque constitucional pelo qual deve ser examinado o dano moral, que já começou a ser assimilado pelo Judiciário, conforme se constata do aresto a seguir transcrito: "Qualquer agressão à dignidade pessoal lesiona a honra, constitui o dano moral e é por isso indenizável. Valores como a liberdade, a inteligência, o trabalho, a honestidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade exiológica a que todos estamos sujeitos. Ofensa a 1 in “Programa de Responsabilidade Civil”, ed. Malheiros, ano 1998, p. 98 7 tais postulados exige compensação indenizatória" (Ap. cível 40.541, rel. Des. Xavier Vieira, in ADCOAS 144.719) Nessa perspectiva, o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade. Dor, vexame, sofrimento e humilhação podem ser conseqüências, não causas. Assim como a febre é o efeito de uma agressão orgânica, a reação psíquica da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver causa uma agressão à sua dignidade". (in Programa de Responsabilidade, ed. Atlas, 2007, p. 76/77). Ora, o dano moral somente ingressará no mundo jurídico, desde que demonstre cabal grandeza no ato ofensivo a direito personalíssimo, sendo flagrante a inexistência, in casu, de danos morais a serem indenizados. A propósito do tema, é preciso atentar para o fato de que o número de ações buscando indenização por dano moral tem se multiplicado numa impressionante velocidade. Se, por um lado, isso significa maior exercício da cidadania, do outro revela uma busca desesperada de se ganhar dinheiro a qualquer custo. O primeiro aspecto é digno de aplauso; mas o segundo deve ser reprimido, pois vedar o enriquecimento sem causa é um princípio fundamental de direito. Forma segura de se estimular o lado positivo e reprimir a “indústria do dano moral” é separar o que é realmente dano moral do que é mero dissabor, mágoa ou irritação, sentimentos irrelevantes para o Direito. Desse modo, a Ré requer a V.Exa. se digne julgar totalmente improcedente o pedido autoral, ante à flagrante inexistência de danos morais a serem indenizados DA INEXISTÊNCIA DOS ALEGADOS DANOS MORAIS Observando os fatos narrados na peça vestibular, verifica-se que o pedido de dano moral deve ser julgado improcedente, posto que a Ré não foi quem deu causa direta ao suposto dano experimentado pela Recorrida. Por dano moral entende-se a lesão de um bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade, a integridade física e psicológica, causando a vítima transtornos e tormentas capazes de gerar abalos em sua esfera íntima e proporcionar situações vexaminosas perante a outrem. 8 A bem da verdade, as situações narradas pela parte Recorrida na petição inicial não merecem ser elevadas ao patamar de danos morais, eis que representam nada mais do que aborrecimentos cotidianos, ou, no máximo, configurariam mero inadimplemento contratual, incapazes, portanto, de permitir que seja concedido o pedido de condenação ao pagamento de indenização ora impugnado. De fato, não se entende de que forma poderia uma suposta alegação de cobrança indevida provocar danos à esfera extrapatrimonial da parte Recorrida a ponto de ensejar a condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais. Importante acentuar que o dano moral não contempla hipóteses de aborrecimento ou perturbação, sob pena de sua inteira banalização. É indispensável que estejam presentes elementos como sofrimento exacerbado, angústia incontida ou humilhação, não se indenizando o mero dissabor. Na esteira desse entendimento, cumpre assinalar a lição de SÉRGIO CAVALIERI FILHO2[1] sobre o assunto, em que demonstra a impossibilidade de meros aborrecimentos serem caracterizados como dano moral: "Os direitos à honra, ao nome, à intimidade, à privacidade e à liberdade estão englobados no direito à dignidade, verdadeiro fundamento e essência de cada preceito constitucional relativo aos direitos da pessoa humana. À luz da Constituição vigente, podemos conceituar o dano moral por dois aspectos distintos. Em sentido estrito, dano moral é violação do direito à dignidade. E foi justamente por considerar a inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da imagem corolário do direito à dignidade que a Constituição inseriu em seu art. 5.º, V e X, a plena reparação do dano moral. Este é, pois, o novo enfoque constitucional pelo qual deve ser examinado o dano moral, que já começou a ser assimilado peloJudiciário, conforme se constata do aresto a seguir transcrito: "Qualquer agressão à dignidade pessoal lesiona a honra, constitui o dano moral e é por isso indenizável. Valores como a liberdade, a inteligência, o trabalho, a honestidade, aceitos pelo homem comum, formam a realidade exiológica a que todos estamos sujeitos. Ofensa a tais postulados exige compensação indenizatória" (Ap. cível 40.541, rel. Des. Xavier Vieira, in ADCOAS 144.719) 9 Nessa perspectiva, o dano moral não está necessariamente vinculado a alguma reação psíquica da vítima. Pode haver ofensa à dignidade da pessoa humana sem dor, vexame, sofrimento, assim como pode haver dor, vexame e sofrimento sem violação da dignidade. Dor, vexame, sofrimento e humilhação podem ser conseqüências, não causas. Assim como a febre é o efeito de uma agressão orgânica, a reação psíquica da vítima só pode ser considerada dano moral quando tiver causa uma agressão à sua dignidade". (in Programa de Responsabilidade, ed. Atlas, 2007, p. 76/77). Como se percebe, a doutrina consagra o entendimento de que o dano moral deve ser demonstrado, o que não ocorreu no caso em tela. Em não havendo tal demonstração, o pedido formulado na inicial caracteriza-se como indisfarçável meio de enriquecimento sem causa. Afinal de contas, como asseveram Gabriel Stiglitz e Carlo Echevesti (Responsabilidade Civil, página 243): “um mal estar trivial, de escassa importância, próprio do risco cotidiano da convivência ou da atividade que o individuo desenvolva, nunca o configurarão”. Ora, o dano moral somente ingressará no mundo jurídico, desde que demonstre cabal grandeza no ato ofensivo a direito personalíssimo, sendo flagrante a inexistência, in casu, de danos morais a serem indenizados. Desse modo, a Ré requer a V.Exa. se digne julgar totalmente improcedente o pedido Recorridal, ante à flagrante inexistência de danos. ALTERNATIVAMENTE QUANTIFICAÇÃO DOS SUPOSTOS DANOS MORAIS NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE De todo modo, na remota hipótese desse E. Tribunal considerar existente o dever de indenizar - o que se admite apenas em respeito ao princípio da eventualidade - a Recorrente está confiante de que a verba indenizatória será reduzida, em observância ao princípio da razoabilidade. 10 Como se sabe, a indenização por dano moral tem por escopo propiciar ao ofendido condições de mitigar o sofrimento suportado e nada mais, ao contrário do que se depreende do valor fixado pelo juízo a quo. A fixação do quantum indenizatório por danos morais deve se pautar no binômio reparação do dano/sanção da conduta culposa. Quanto ao aspecto reparador, O SUPOSTO GRAU DE SOFRIMENTO NÃO JUSTIFICA O VALOR EXORBITANTE DA VERBA CONDENATÓRIA. É assinalável, nesse sentido, que ao julgador cabe apreciar e ponderar as provas constantes dos autos, com a finalidade de encontrar a justa medida do valor da indenização. Data maxima venia, não foi o que fez o MM. Juízo a quo, uma vez que fixou o quantum indenizatório em R$ 8.000,00 (oito mil reais), quantia esta, absolutamente exagerada. Em se tratando da reparação do dano moral, a verba indenizatória deve ser arbitrada moderadamente, uma vez que a sua finalidade não é por certo a de enriquecer indevidamente a pessoa do ofendido. Essa é a lição irretocável do eminente Ministro RAPHAEL DE BARROS MONTEIRO FILHO, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça, lastreado no ensinamento de nossos melhores jurisconsultos, o qual deita luzes sobre o tema: “A III Conferência Nacional de Desembargadores do Brasil, efetivada na Guanabara em dezembro de 1965, firmou entre as suas conclusões: ‘que o arbitramento do dano moral fosse apreciado ao inteiro arbítrio do Juiz, que, não obstante, em cada caso, deveria atender à repercussão econômica dele, à prova da dor e ao grau de dolo ou culpa do ofensor’ (cf. WILSON MELO DA SILVA, em ‘O dano moral e sua reparação’, 2ª edição, p. 365.) IRINEU ANTÔNIO PEDROTTI, acima citado, lembra que – ‘O Juiz, ao apreciar o caso concreto submetido a exame fará a entrega da prestação jurisdicional de forma livre e consciente, à luz das provas que forem produzidas. Verificará as condições das partes, o nível social, o grau de escolaridade, o prejuízo sofrido pela vítima, a intencionalidade da culpa e os demais fatores concorrentes para a fixação do dano, haja vista que costumeiramente a regra do direito pode se revestir de flexibilidade para dar a cada um o que é seu’ (p. 982). Ainda é de ter-se presente que o Anteprojeto de Código de Obrigações de 1941 (OROZIMBO NONATO, 11 HAHNAMANN GUIMARÃES e PHILADELPHO AZEVEDO) recomendava que a reparação por dano moral deveria ser moderadamente arbitrada. Essa moderação tem por finalidade evitar a perspectiva de lucro fácil e generoso, enfim, do locupletamento indevido. Há o Juiz de recorrer aos princípios da equidade, ao bom senso, ao “arbitrium boni viri”. A soma, como ressalta o Prof. CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA (em “Responsabilidade Civil, 4ª edição, p. 60), não deve ser tão grande que se converta em fonte de enriquecimento.” (no artigo intitulado “Indenização do Dano Moral: Evolução, Jurisprudência”, publicado no Informativo Jurídico do Superior Tribunal de Justiça – Biblioteca Ministro Oscar Saraiva, vol. 7, n.º 02, ano 1995, p. 94/95). Na égide pretoriana, são incontáveis os arestos que apregoam que a indenização por dano moral deve atender a ponderáveis critérios de eqüidade e moderação, de forma a evitar que se converta em captação de vantagem financeira excessiva e que expresse enriquecimento sem causa. Desse modo, conclui-se que o Julgador, apesar de ter o poder de arbitrar o “quantum” indenizatório, não deve se distanciar do razoável, como o fez a Ilustre prolatora da r. sentença recorrida. Sendo assim, a indenização por dano moral, ainda que mantida por essa Egrégia Turma, o que certamente não é o que se irá decidir ao final, não deve extrapolar os limites do bom senso e da moderação, sob pena de gerar para a Recorrida um ganho desproporcional e atentatório à ordem jurídica. Deste modo, caso essa Egrégia Turma considere existente o dever de indenizar, a Recorrente espera, ao menos, que seja reduzido o valor da condenação. CONCLUSÃO Pelo exposto, pede e espera que esta E. Turma acolha o presente recurso, dando-lhe integral provimento para reformar a r. sentença a quo, julgando os pedidos formulados na exordial, improcedentes. Caso não seja esse o entendimento de V. Exas., alternativamente pugna, ante ao princípio da eventualidade e proporcionalidade, que a indenização arbitrada a título de dano moral, seja consubstancialmente reduzida, por ser medida de justiça e de direito. 12 A parte Ré, em atenção ao procedimento adotado por esse MM. Juízo, vem, respeitosamente perante V. Exa, indicar a Dra. ANDRESSA BARROS FIGUEREDO DE PAIVA, OAB/RJ 108.935, com endereço eletrônico intimacoeseletronicas.ccrc.rj@siqueiracastro.com.br, habilitada nestes autos como sua representante, para receber exclusivamente em seu nome todas as intimações eletrônicas expedidas por esse MM. Juízo no curso deste processo, excluindo qualquer outro patrono indicado anteriormente com esta finalidade. Requer ainda, que, sem prejuízo das intimações eletrônicas expedidas por este juízo, as decisões também sejam publicadas em órgão oficial de imprensa em nome do DR. HUGO FILARDI PEREIRA, OAB/RJ 120.550 e do DR. CARLOS ROBERTO SIQUEIRA CASTRO, OAB/RJ 20.283, em conjunto e exclusivamente, tudo para os fins previstos no artigo 106, I, do Novo Código de Processo Civil,esclarecendo também que receberá intimações à Praça Pio X, nº 15, 3º andar, Centro, Rio de Janeiro/RJ, sob pena de nulidade. Termos em que, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 27º de outubro de 2017. PALOMA VALUZUELA XAVIER OAB/RJ 178.506 ANA PAULA DA SILVA OAB/RJ 202.065
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