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Demonstração do Fluxo de Caixa Rio de Janeiro - abril de 2012 Curso online ContabilBR Treinamentos Conteúdo programático Apresentação Principais demonstrativos utilizados pela Contabilidade Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Demonstração do resultado abrangente Demonstração das mutações no patrimônio líquido Demonstração do Valor Adicionado Regime de competência versus regime de caixa Caixa e equivalentes-caixa Demonstração do fluxo de caixa Estrutura da demonstração do fluxo de caixa Atividades operacionais Atividades de investimento Atividades de financiamento Modelo de apresentação da DFC Métodos de elaboração O método direto O método indireto Apresentando os demonstrativos Metodologia O curso oferecido é desenvolvido no site ContabilBR.com (www.contabilbr.com), com aulas ministradas online. Como material de apoio serão enviados alguns textos avulsos sobre o tema, e abertas salas de discussão no site. Ao final do curso, será aplicado um teste para verificar o nível de aprendizado do aluno. Para um aprendizado mais eficaz, recomenda-se que esta apostila seja lida com antecedência. Bibliografia recomendada IUDÍCIBUS, Sérgio de et al. Manual de contabilidade societária. São Paulo: Atlas, 2010. SILVA, José Pereira. Análise financeira de empresas. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. Diário Oficial [da União], Brasília, 17 de dezembro de 1976, p. 1 (Suplemento). ______. Pronunciamento CPC 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis. Comitê de Pronunciamentos Contábeis. Currículo resumido do instrutor Everton Santos Vasconcelos é pós-graduando em Gestão Financeira pela FGV, formado em Ciências Contábeis pela Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFRJ. Participou de palestras e consultorias pelo SEBRAE-RJ. Participou da XXII Semana de Iniciação Científica da UFRJ apresentando um trabalho sobre cultura organizacional da prefeitura da cidade de São João de Meriti. Entre 1996 e 2002 foi professor de Geografia no pré-vestibular comunitário GRUCON, na Baixada Fluminense. É proprietário site ContabilBR.com (www.contabilbr.com) dedicado ao estudo de diversos temas contábeis. Atualmente é contador na Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Estado do Rio de Janeiro (Cedae). E-mail para contato: evertonvasconcelos@contabilbr.com Página | 3 Sumário 1. APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................ 4 2. PRINCIPAIS DEMONSTRATIVOS UTILIZADOS PELA CONTABILIDADE ...................................... 5 2.1 BALANÇO PATRIMONIAL ..................................................................................................... 5 2.1.1 ATIVO ............................................................................................................... 6 2.1.2 PASSIVO ............................................................................................................ 7 2.1.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO ......................................................................................... 7 2.1.4 ORIGEM E APLICAÇÃO.......................................................................................... 8 2.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE ........................................................... 8 2.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE - DRA ......................................................... 10 2.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) ................................... 12 2.4.1 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS E PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) .......................... 12 2.4.2 ESTRUTURA DA DMPL ...................................................................................... 12 2.5 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA ................................................................ 13 3. REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS REGIME DE CAIXA.......................................................... 15 4. CAIXA E EQUIVALENTES-CAIXA ............................................................................................... 19 5. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA .................................................................................. 21 6. ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ........................................................ 22 6.1 ATIVIDADES OPERACIONAIS ............................................................................................... 22 6.2 ATIVIDADES DE INVESTIMENTO .......................................................................................... 23 6.3 ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO ........................................................................................ 23 7. O MODELO DE APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 25 8. MÉTODOS DE ELABORAÇÃO ................................................................................................... 27 8.1 MÉTODO DIRETO ............................................................................................................. 27 8.2 MÉTODO INDIRETO........................................................................................................... 29 8.2.1 TÉCNICA DE ELABORAÇÃO .................................................................................. 29 8.3 APRESENTANDO AS DFCS .................................................................................................. 34 Página | 4 1. APRESENTAÇÃO Administrar uma empresa não é uma tarefa das mais fáceis, são inúmeros detalhes que precisam ser considerados para que a atividade empresarial dure por muito tempo. Os fatores que evidenciam o sucesso de uma empresa são muitos, mas podemos destacar a administração financeira como a principal delas. Uma empresa pode operar com prejuízos por algum tempo, mas não resistirá por muito tempo se não houver dinheiro em caixa para garantir suas atividades. Portanto, lucro e dinheiro, necessariamente, não são a mesma coisa. Este é um conceito fundamental que deve ter quem deseja administrar uma empresa e entender a importância da Demonstração do Fluxo de Caixa. Num mundo empresarial cada vez mais competitivo, quem tiver acesso rápido e fácil à informação terá uma vantagem enorme sobre os concorrentes. Saber usar esta informação pode significar a diferença entre sucesso e fracasso de um projeto. Neste sentido, a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) é um tipo de relatório que suprirá os tomadores de decisões com informações financeiras atuais. Não somente os administradores podem se valer das informações da DFC, investidores, bancos, fornecedores podem analisar o que é demonstrado, o que lhes permitirá tirar suas próprias conclusões sobre a organização. O objetivo deste curso é oferecer aos participantes subsídios suficientes para elaboração e interpretação das informações divulgadas numa DFC. O objetivo deste relatório é condensar toda a movimentação de recursos financeiros de uma empresa independente de seu tamanho, complexidade ou em qual ramo econômico esteja inserido. Através da DFC pode se identificar a política de administração financeira empregada em uma organização, permitindo até medir a eficácia de seus diretores. Ao final deste curso, espera-se que o participante tenha a capacidade de identificar as relações da DFC com outros relatórios contábeis, bem como possa identificar a política de administração de recursos financeiros de uma empresa.Página | 5 2. PRINCIPAIS DEMONSTRATIVOS UTILIZADOS PELA CONTABILIDADE A Contabilidade não é uma ciência nova, ela nasce junto com a necessidade que o homem tem de cuidar do seu patrimônio. Atribui-se a Lucca Paccioli a criação do método das partidas dobradas, a base da Contabilidade que conhecemos, mas se pudermos fazer uma pequena digressão, podemos imaginar que a Contabilidade surge quando o homem deixa de ser nômade e passa a plantar e a criar animais para o seu sustento. Deveria haver alguma forma deste, se assim podemos dizer, novo homem camponês controlar a quantidade de cabras existente em seu rebanho, que poderia ser – imaginando – assumir que cada pedrinha, ou pedaço de madeira ou seja lá o que for, corresponda a uma cabra de sua propriedade. Isso não poderia marcar o início da Contabilidade? Retornando aos tempos atuais, veremos os principais demonstrativos usados pela Contabilidade no cumprimento de uma de suas principais missões, que é controlar e oferecer subsídios para análise das variações ocorridas no patrimônio de uma empresa. Abordaremos neste tópico os seguintes demonstrativos, todos com divulgação obrigatória para empresas brasileiras: • Balanço Patrimonial; • Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração do Resultado Abrangente (DRA); • Demonstração de Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL); • Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC); • Demonstração do Valor Adicionado (DVA). Como o objetivo deste curso é uma abordagem mais detalhada na DFC, não a abordaremos neste tópico de apresentação dos demais demonstrativos. A Demonstração do Fluxo de Caixa será abordada mais à frente de maneira pormenorizada. Por enquanto, vamos começar pelo Balanço Patrimonial. 2.1 BALANÇO PATRIMONIAL Vamos nos valer da definição encontrada na belíssima obra Manual de Contabilidade Societária (Iudícibus, 2010): “o balanço tem por finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data, apresentando, portanto, uma posição estática”. Certamente, o balanço patrimonial é o demonstrativo contábil mais conhecido juntamente com a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). A Lei 6.404/76 estabelece em seus artigos 176 e 178 a obrigatoriedade e forma de organização do balanço patrimonial, que é dividido em dois grupos de contas, a saber: Página | 6 • Ativo; • Passivo mais Patrimônio Líquido; No Ativo estarão classificadas as contas que representam bens e direitos da empresa. No Passivo, teremos as obrigações para com terceiros. Por fim, encontramos no Patrimônio Líquido os valores que os sócios investiram na constituição do negócio. Basicamente, um balanço patrimonial pode ser representado desta forma: ATIVO PASSIVO Contas têm seus saldos aumentados com lançamentos a crédito e diminuídos com lançamentos a débito. PATRIMÔNIO LÍQUIDO Contas têm seus saldos aumentados com lançamentos a débito e diminuídos com lançamentos a crédito. Contas têm seus saldos aumentados com lançamentos a crédito e diminuídos com lançamentos a débito. Tabela 1 – modelo básico de um balanço patrimonial 2.1.1 ATIVO Dentro do Ativo as contas são classificadas em ordem decrescente de liquidez, isto é, serão classificadas das mais rapidamente conversíveis em dinheiro para as menos conversíveis. Para facilitar o entendimento, a Lei 6.404/76 estabelece que as contas contábeis sejam classificadas segundo critérios que facilitem a análise da situação financeira da companhia. Em outras palavras, as contas contábeis serão classificadas em subgrupos. Com as mudanças implementadas pela Lei 11.638/2007 e a Medida Provisória n.º 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, o Ativo se subdivide da seguinte forma: • Ativo circulante; • Ativo não-circulante; o Ativo realizável a longo prazo; o Investimentos; o Imobilizado; o Intangível. Página | 7 No Ativo Circulante encontramos as disponibilidades, os direitos realizáveis até o final do exercício subsequente, bem como as despesas pagas antecipadamente, que serão apropriadas também até o final do exercício subsequente (art. 179, da Lei 6.404/76). No Ativo Não-circulante temos os bens e os direitos realizáveis após o final do exercício subsequente classificados no Ativo Realizável a Longo Prazo. Entendemos como Investimentos os valores que a empresa aplica em outras sociedades, em aplicações financeiras que não se enquadram no Ativo Circulante1 O Ativo representa onde a empresa aplicou seus recursos de origem de terceiros ou dos próprios sócios. . Dando continuidade, encontramos os grupos Imobilizado e Intangível. Enquanto este se destina a classificar os valores de bens incorpóreos destinados à manutenção das atividades empresariais – marcas a patentes são exemplos de bens que podem figurar neste grupo, aquele tem a mesma finalidade, classificando apenas os bens corpóreos. Estas mudanças foram implementadas recentemente como parte das primeiras ações para adequar a Contabilidade brasileira ao padrão internacional. 2.1.2 PASSIVO O Passivo se subdivide semelhantemente ao Ativo, isto é, em Passivos Circulantes e Não-circulantes. No Circulante classificamos em ordem descrente de exibilidade as obrigações que vencerem até o final do exercício subseqüente. No Passivo Não-circulante, as obrigações exigíveis após o final do exercício subseqüente (Cf. art. 180, Lei 6.404/76). 2.1.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO O Patrimônio Líquido é a diferença entre o Ativo e o Passivo, representando o valor investido pelos sócios no empreendimento. Este grupo também sofreu alterações recentes. Desde então passou a ser subdividido em: • Capital Social; • Reservas de Capital; • Ajustes de Avaliação Patrimonial; • Reservas de Lucros; • Ações em Tesouraria, e; • Prejuízos Acumulados. 1 Na maioria dos casos, as aplicações financeiras classificadas no Ativo Não-circulante são aplicações em títulos públicos, ações, fundos de investimento ou quaisquer outros valores que a empresa decida manter por algum tempo sem utilizá-lo em suas atividades operacionais. Página | 8 Como o objetivo deste curso não é entendermos em pormenores a estrutura do balanço patrimonial, não detalharemos as características do Patrimônio Líquido. 2.1.4 ORIGEM E APLICAÇÃO O Balanço Patrimonial também pode ser empregado para representar a origem dos recursos e suas aplicações. É importante não confundir este conceito com o da DOAR. As contas do lado do Ativo representam onde os recursos foram aplicados, se em investimentos, se em compra de imobilizado entre outros. Já no Passivo temos a origem, que pode ser de capital de terceiros (passivo circulante ou não-circulante) ou de capital de próprio (recursos pertencentes aos sócios, classificados no Patrimônio Líquido). Abaixo o balanço patrimonial do Sport Club Corinthians Paulista, divulgado em 2011. Figura 1 – balanço patrimonial do Sport Club Corinthians Paulista 2.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO - DRE A DRE é um demonstrativo contábil onde encontramos informações pertinentes às operações realizadas pela empresa num dado período. Sua principal função é destacar o resultado Página | 9 líquido do período em destaque, quer seja ele prejuízo ou lucro. A forma de apresentação da DRE está tipificada no artigo 187 da Lei 6.404/76, como podemos ver abaixo: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I - a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas,os abatimentos e os impostos; II - a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; III - as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV - o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; V - o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI - as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; VII - o lucro ou prejuízo líquido o exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos. (BRASIL. Lei n.° 6.404/76, 15 de dezembro de 1976). O Pronunciamento Técnico CPC 26 (Apresentação das Demonstrações Contábeis) sugere como as informações devem ser apresentadas na Demonstração do Resultado do Exercício, que será usado em nosso País: Receitas XXXXXXXXXXXX Custo dos produtos e serviços vendidos (XXXXXXXXXXXX) Lucro bruto XXXXXXXXXXXX Outras receitas XXXXXXXXXXXX Despesas de vendas (XXXXXXXXXXXX) Despesas administrativas (XXXXXXXXXXXX) Outras despesas (XXXXXXXXXXXX) Resultados antes dos tributos XXXXXXXXXXXX Tabela 2 – modelo de apresentação da DRE Tanto receitas quanto despesas devem ser classificadas na DRE respeitando o regime de competência, que obriga sempre a contabilização das receitas mesmo que não recebidas e das despesas sem que tenham sido incorridas. Podemos concluir, então, que a Demonstração do Página | 10 Resultado do Exercício é destinada a informações econômicas do que financeiras propriamente. Na próxima página, uma DRE da Companhia Brasileira de Distribuição, mais conhecida como Grupo Pão de Açúcar. Companhia Brasileira de Distribuição - CBD Demonstração de Resultado do Exercício – Consolidado Em R$ mil Descrição 01/07/2011 a 30/09/2011 01/01/2011 a 30/09/2011 01/07/2010 a 30/09/2010 01/01/2010 a 30/09/2010 Receita de Venda de Bens e/ou Serviços 11.085.070 33.223.643 7.108.206 21.057.893 Custo dos Bens e/ou Serviços Vendidos -8.000.370 -24.303.047 -5.356.121 -16.000.397 Resultado Bruto 3.084.700 8.920.596 1.752.085 5.057.496 Despesas/Receitas Operacionais -2.578.690 -7.560.676 -1.364.811 -4.069.392 Despesas com Vendas -1.939.253 -5.741.922 -1.071.888 -3.180.363 Despesas Gerais e Administrativas -423.484 -1.232.681 -187.267 -572.412 Perdas pela Não Recuperabilidade de Ativos 0 0 0 0 Outras Receitas Operacionais -1.936 -43.332 -9.841 27.990 Outras Despesas Operacionais -225.293 -567.248 -107.070 -396.370 Resultado de Equivalência Patrimonial 11.276 24.507 11.255 51.763 Res. Antes do Res. Fina e dos Tributos 506.010 1.359.920 387.274 988.104 Resultado Financeiro -327.929 -989.666 -187.727 -465.501 Receitas Financeiras 171.447 443.620 85.283 227.540 Despesas Financeiras -499.376 -1.433.286 -273.010 -693.041 Resultado Antes dos Tributos sobre o Lucro 178.081 370.254 199.547 522.603 Imp. Renda e Contr. Social sobre o Lucro -50.570 -45.762 -64.233 -161.197 Corrente -31.790 -67.728 -23.574 -28.610 Diferido -18.780 21.966 -40.659 -132.587 Resultado Líquido das Operações Continuadas 127.511 324.492 135.314 361.406 Resultado Líquido de Operações Descontinuadas 0 0 0 0 Lucro/Prejuízo Líquido das Operações Descontinuadas 0 0 0 0 Ganhos/Perdas Líquidas sobre Ativos de Operações Descontinuadas 0 0 0 0 Lucro/Prejuízo Consolidado do Período 127.511 324.492 135.314 361.406 Atribuído a Sócios da Empresa Controladora 133.454 356.894 135.537 365.916 Atribuído a Sócios Não Controladores -5.943 -32.402 -223 -4.510 Lucro por Ação - (Reais / Ação) 0 0 0 0 Lucro Básico por Ação 0 0 0 0 Lucro Diluído por Ação 0 0 0 0 Tabela 3 – Demonstração do Resultado do Exercício 2.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE - DRA Seguindo tendências contábeis internacionais, no Brasil, desde a publicação do Pronunciamento n.° 26, as empresas estão obrigadas a elaborar a Demonstração do Resultado Abrangente – DRA. Trata-se de um demonstrativo que apresenta receitas, despesas e outras Página | 11 mutações que afetam o patrimônio líquido, sem terem sido reconhecidas ainda (Iudícibus, 2010) na DRE. De acordo com o Pronunciamento Técnico n.º 26, a DRA deverá conter os seguintes itens: • Variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente; • Ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme o item 93-A do Pronunciamento Técnico CPC 33 – Benefícios a empregados; • Ganhos e perdas derivadas de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior; • Ajustes de avaliação patrimonial relativo aos ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda; e • Ajuste de avaliação patrimonial relativo à efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em hedge de fluxo de caixa. Figura 2 – Demonstração de Resultado Abrangente da OGX Petróleo e Gás Participações S.A. Apesar de as regras internacionais permitirem a divulgação deste demonstrativo como continuidade da DRE, o Pronunciamento Técnico CPC 26 – apresentação das demonstrações contábeis determina que no Brasil a DRA seja um relatório à parte, podendo ser publicado em separado como outros demonstrativos ou, seguindo o que sugere o próprio Pronunciamento, como Página | 12 parte integrante das Demonstrações de Mutações no Patrimônio Líquido (DMPL), nosso próximo assunto. 2.4 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES NO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL) A elaboração e conseqüente publicação deste demonstrativo não constam como obrigatórias na Lei 6.404/76. No entanto, o Pronunciamento Técnico CPC 26 estabelece que a DMPL faz parte do conjunto completo de demonstrações contábeis2 A DMPL é de grande importância para a análise das inter-relações entre as contas que compõem o Patrimônio Líquido. A estrutura deste demonstrativo permite observar com clareza aumentos ou diminuições nos saldos das contas, auxiliando aos usuários da informação a entender melhor a postura dos gestores da empresa com relação aos lucros auferidos num determinado período. . 2.4.1 DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS E PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA) O artigo 186, da Lei 6.404/76 obriga as sociedades a elaborarem a DLPA, sobretudo para que os interessados possam analisar as variações ocorridas pela reversão de reservas, ajustes de exercícios anteriores, cálculo de dividendos etc. A divulgação desta demonstração pode ser feita dentro da DMPL, como mostra o § 2.º do artigo já citado: “a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada pela companhia”. A empresa pode optar por não divulgar a DLPA, desde que na DMPL exista uma coluna denominada lucros e prejuízos acumulados. 2.4.2 ESTRUTURA DA DMPL Basicamente a DMPL é uma tabela onde as colunas representam as contas (ou grupos de contas) que compõem o Patrimônio Líquido. Nas linhas encontramos os eventos e os valores que alteraram os saldos iniciais registrados. As colunas, então, terão as seguintes nomenclaturas:• Capital; • Reservas de capital; • Reservas de lucro; • Reservas de reavaliação (quando a legislação permitir); 2 O item de n.º 10 do Pronunciamento Técnico CPC 26 informa que o conjunto completo de demonstrações contábeis é composto por: balanço patrimonial; demonstração do resultado do período; demonstração do resultado abrangente do período; demonstração das mutações no patrimônio líquido; demonstração do fluxo de caixa; demonstração do valor adicionado e notas explicativas. Página | 13 • Ajustes de avaliação patrimonial; • Lucros ou prejuízos acumulados. Visando a enriquecer ainda mais a análise deste demonstrativo, o CPC 26 estabelece a utilização de mais três colunas: resultados abrangentes, patrimônio líquido dos sócios e participação dos não controladores no Patrimônio Líquido da controlada. As empresas que optarem por divulgar a Demonstração do Resultado Abrangente dentro da DMPL deverão incluir mais uma coluna evidenciando o resultado abrangente da companhia. O exposto será melhor compreendido quando analisado o exemplo abaixo. Capital Social Integralizado Reservas de capital, opções outorgadas e ações em tesouraria Reservas de lucros Lucros ou prejuízos acumulados Outros resultados abrangentes Patrimônio Líquido dos sócios da Controladora Participação dos não controladores no Pat. Líq. Das Controladas Patrimônio Líquido Consolidado Demonstração do resultado abrangente total da companhia 1.000.000 80.000 300.000 - 270.000 1.650.000 158.000 1.808.000 - 50.000 (50.000) (100.000) - - 350.000 32.000 382.000 - - (7.000) - - - (7.000) - (7.000) - - 30.000 - - - 30.000 - 30.000 - - (20.000) - - - (20.000) - (20.000) - - 60.000 - - - 60.000 - 60.000 - - - - (162.000) (162.000) (13.200) (175.000) - 251.000 18.800 269.800 - - - - - (60.000) (60.000) - (60.000) (60.000) 20.000 20.000 - 20.000 20.000 - - - - 24.000 24.000 6.000 30.000 30.000 - - - - 260.000 260.000 - 260.000 260.000 (90.000) (90.000) - (90.000) (90.000) 154.000 154.000 6.000 160.000 160.000 - - - - 10.600 10.600 - 10.600 10.600 - - - 78.800 (78.800) - - - - (26.800) 26.800 - - - - 10.600 - 10.600 10.600 - - - 250.000 - 250.000 22.000 272.000 272.000 - - 140.000 (140.000) - - - - - 1.500.000 93.000 340.000 - 382.600 2.315.600 204.800 2.520.400 442.600 28.000 414.600 Ajustes de conversão do período Saldos iniciais Aumento de capital Gastos com emissão de ações Opções outorgadas reconhecidas Ações em tesouraria adquiridas Ações em tesouraria vendidas Divindendos Transações de capital com os sócios Ajustes Instrumentos financeiros Tributos s/ ajustes instr. Financeiros Equiv. Patrim. S/ ganhos abrang. De coligadas Tributos s/ ajustes de conversão do período Ajustes de Instrum. Financ. Reclassificado p/ Resultado Realização da Reserva de Reavaliação Tributos sobre a Realização da Reserva de Reavaliação Lucro líquido do período Constituição de reserva Saldos finais Resultado Abrangente dos Não Controladores Resultado Abrangente dos Sócios da Controladora Outros resultados abrangentes Reclassificação de Resultados Abrangentes Figura 3 – Padrão de DMPL adotado pelo CPC n.° 26 2.5 DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA A DVA só teve sua elaboração e publicação obrigatórias após a alteração da Lei 6.404/76. Antes, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) apenas incentivava as empresas a divulgarem este demonstrativo. O item II, do art. 188, da Lei 6.404/76, nos diz o que deve compor a DVA: “o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração desta riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela de riqueza não distribuída”. Para Iudícibus , a DVA “é um relatório voltado para prestar informações macroeconômicas, que podem ser usadas por diversos setores econômicos das sociedade” - (Iudícibus, 2010, p. 881). Trocando em miúdos, a função da DVA é nos mostrar a diferença entre o total das receitas obtidas e os insumos adquiridos somados à depreciação do período. O resultado encontrado é o que o foi agregado pela empresa ao produto ou serviço prestado. Esta demonstração é publicada no Brasil da seguinte forma, subdividida em 8 grupos de informações: Página | 14 Tabela 4 – Demonstração do Valor Adicionado A DVA tem uma estrita relação com a DRE como é facilmente observado no quadro acima. Sempre as informações devem contemplar dois períodos seguidos. Página | 15 3. REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS REGIME DE CAIXA Um dos valores que mais interessam a quem analisa uma empresa é aquele que representa o lucro, facilmente encontrado na DRE. Este valor pode ser chamado de resultado do período. Este resultado pode dizer ao analista muito sobre a forma de como a empresa é dirigida, espera-se que ele seja sempre positivo (lucro). Se assim for, a empresa realizará suas atividades por muito tempo? É ruim dizer isso, mas está totalmente enganado quem pensa que somente o lucro pode indicar o sucesso e longevidade de um negócio. Mesmo o resultado sendo positivo, a empresa pode estar mal financeiramente. Este pequeno exemplo ilustrará bem o assunto: Em 2011, a empresa Copacabana inicia suas atividades. Supondo não haver gastos pré-operacionais nem impostos, o balanço da empresa em 31/12/2011 seria o que se segue: As atividades operacionais transcorrem durante todo o mês de janeiro/2012. No dia 31, temos a seguinte DRE: Copacabana Comercial de Frios Ltda Balanço Patrimonial em 31/12/2011 ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Disponível 1.000 Fornecedores 5.000 Mercadorias 5.000 Ativo não Circulante Imobilizado 1.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 2.000 Total 7.000 Total 7.000 Tabela 5 – Balanço Patrimonial fictício Copacabana Comercial de Frios Ltda Demonstração do Resultado do Exercício em 31/01/2012 Receita Operacional Bruta 10.000 Custo das mercadorias vendidas - CMV (5.000) Resultado Operacional Bruto 5.000 Salários (3.000) Resultado Líquido do Exercício 2.000 Tabela 6 –DRE fictícia Página | 16 Com o lucro de $ 2.000 apurado, o balanço patrimonial seria assim atualizado: Tabela 7 - Balanço Patrimonial fictício atualizado Observe que novas contas surgiram no balanço. No lado do Ativo, temos a contas a receber, no valor de $ 10 mil. No Passivo, temos a conta de salários a pagar, no valor de $ 3.000, e no Patrimônio Líquido, a conta reserva de lucros a realizar, totalizando $ 2.000. As novas contas representam as transações ocorridas no mês de janeiro. A conta contas a receber mostra que toda a receita das vendas não foi paga a vista, sendo financiada pela empresa. Já a conta salários a pagar representa uma obrigação a ser cumprida no curto prazo. No Patrimônio Líquido, a conta Reservas de lucros indica que lucros ainda não realizados. Todas as novas contas possuem a mesma peculiaridade, isto é, ou totalizam valores ainda não recebidos ou não pagos pela Copacabana Ltda. Temos agora subsídios suficientes para compreender as diferenças entre o resultado financeiro e oeconômico. Pela simples DRE apresentada, o resultado econômico foi de $ 2.000 – não vamos discutir aqui se o resultado foi bom ou ruim – que nos leva a analisarmos um conceito muito importante na Contabilidade: o regime de competência. Neste regime, os fatos contábeis devem ser registrados no momento em que acontecem independentemente de ter havido desembolso ou ingresso de dinheiro na conta de disponibilidades. Copacabana Comercial de Frios Ltda Balanço Patrimonial em 31/01/2012 ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Passivo Circulante Disponível 1.000 Fornecedores 5.000 Cta. Receber 10.000 Salários a pagar 3.000 Ativo não Circulante Imobilizado 1.000 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital 2.000 Reservas de lucros 2.000 Total 12.000 Total 12.000 Página | 17 A contabilidade praticada no Brasil, recomendada pela legislação do Imposto de Renda, é estruturada segundo o regime de competência. Assim, receitas de vendas são registradas no sistema contábil mesmo sem terem sido recebidas. De modo semelhante, as despesas também são registradas mesmo sem o desembolso de caixa. Vamos a dois exemplos sobre este regime: Receita de vendas No ato das vendas, se o comprador optar pelo pagamento a prazo, o registro na contabilidade seria: D Contas a receber C Receita de vendas. A venda não implicará em ingresso de recursos na conta de disponibilidades, mas sim em contas a receber. Só haverá a entrada de recursos no caixa conforme os clientes forem quitando suas dívidas. Neste caso, o saldo de contas a receber diminuirá enquanto o de disponibilidades aumentará. Pagamento de contas de serviços delegados D Despesas com eletricidade C Contas a pagar Normalmente, serviços delegados tais como telefonia, fornecimento de água ou eletricidade são prestados dentro do mês, sendo o pagamento programado para o mês seguinte. A Contabilidade registrará a despesa numa conta apropriada, tendo como contrapartida outra conta que represente uma obrigação para quitação futura. Somente na data oportuna ocorrerá o desembolso de dinheiro e a diminuição do saldo de contas a pagar. Caso um pouco diferente é o do pagamento de seguros contratados. O pagamento ocorre no ato da contratação do serviço, oportunidade em que é efetuado o registro da transação na contabilidade. Contratos de seguros costumam cobrir o período de um ano, ou seja, o pagamento é feito sem que todo o período tenha transcorrido. Assim, ocorre uma antecipação de despesas. O lançamento contábil pode ser desta forma: D Despesas a apropriar – seguros contratados C Disponibilidades Página | 18 No decorrer do período de cobertura do seguro, as despesas já pagas antecipadamente serão incorridas, diminuindo o saldo da conta despesas a apropriar. A contrapartida pode ser vista no lançamento abaixo: D Despesas com seguro C Despesas a apropriar O segundo conceito que abordaremos agora é o regime de caixa, em que tanto as receitas quanto as despesas são registradas no momento do desembolso financeiro. Desta forma, retornando ao exemplo da Copacabana, não teríamos demonstração do resultado no mês de janeiro/2012, pois as despesas só serão pagas no mês seguinte. O mesmo aconteceria com as receitas, pois sua totalidade foi contabilizada em contas a receber – nem mesmo o custo das mercadorias vendidas (CMV) como conhecemos seria apurado no ato da venda. O regime de caixa tem uma sistemática mais simples que o de competência, sua utilização é mais recomendada na criação de relatórios gerenciais e na própria elaboração da DFC. Como se pôde observar os dois regimes contábeis geram resultados bem diferentes. Qual dos dois é o correto? Ambos! A diferença é que enquanto no regime de competência receitas e despesas são contabilizadas no momento da tradição, isto é, quando da entrega ou recebimento do bem ou serviço, no regime de caixa os registros só ocorrerão quando houver a movimentação de dinheiro. Mesmo assim, fiscalmente falando, o regime de competência deve ser utilizado. Página | 19 4. CAIXA E EQUIVALENTES-CAIXA Caixa, disponível ou disponibilidades? Qual é a forma mais correta de nomear os recursos financeiros à disposição de uma empresa? A princípio os três termos podem ser utilizados normalmente, mas a partir de agora usaremos com maior frequência o termo caixa, nos valendo da definição encontrada no item n.º 6, do Pronunciamento Técnico n.º 03 – Demonstração do Fluxo de Caixa: “caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis”. Não só numerário em espécie pode ser considerado como caixa. Cheques ainda não depositados, pagáveis imediata e irrestritamente, são também considerados caixa. Caso seja detectada alguma diferença entre os valores das contas bancárias registradas na Contabilidade e o efetivo valor encontrado no extrato bancário, recomenda-se a execução de uma conciliação bancária. Antes de falarmos mais sobre equivalentes-caixa, saibamos como o Pronunciamento Técnico n.° 03 classifica este termo: “equivalentes-caixa são aplicações financeiras de curto prazo3 Durante as atividades normais, uma empresa poderá possuir sobras de dinheiro em seu caixa, uma boa gestão financeira recomenda que estas sobras sejam aplicadas em algum investimento que as proteja dos efeitos da inflação, mantendo seu poder de compra. Estes valores quando investidos são chamados de equivalentes-caixa se cumprirem o que foi escrito no parágrafo anterior. Um tipo de investimento que pode ser enquadrado como equivalente-caixa é a bem conhecida caderneta de poupança , alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor”. 4 Os valores a descoberto registrados em contas correntes da empresa, sobretudo após a utilização de cheques especiais ou contas correntes garantidas são considerados como equivalentes-caixa. Apesar de serem considerados como empréstimos concedidos por bancos, estes . Qualquer outro título que seja pré-fixado e tenha seu vencimento em até 90 dias pode ser uma alternativa a investir na caderneta de poupança. Títulos pós-fixados, mesmo com prazo de vencimento semelhante, podem não ser classificados como equivalentes-caixa, pois poderemos não possuir meios precisos para mensurar as perdas com segurança, caso estas vierem a ocorrer. Lembremos que o investimento não deve ter perda significativa de valor. 3 Curto prazo deve ser entendido como um período de até 90 dias. 4 Os valores depositados numa caderneta de poupança só são valorizados ao final de 30 dias. Se uma caderneta for aberta com o valor de R$ 100 no dia 1.º de um dado mês e tiver seu encerramento feito no dia 27, o valor final do investimento serão os mesmos R$ 100, sem nenhuma remuneração. Página | 20 saldos a descoberto se relacionam com a administração do caixa da empresa, muito pelo fato de os valores oferecidos pelos bancos flutuarem muito rapidamente entre os saldos devedor e credor. Para a interpretação e confecção da DFC não importam as inter-relações entre os itens de caixa e seus equivalentes. O item de n.º 09 do CPC 03 nos diz que as movimentações entre caixa e seus equivalentes não são relativas às atividades operacionais da empresa, são, na verdade, atividades de gestão de caixa, que têm como o principalobjetivo investir os excessos de recursos financeiros. Portanto, valores que transitarem entre o caixa e seus equivalentes não causam mudança no total de recursos. Ou seja, caixa e seus equivalentes podem ser chamados somente de caixa. Página | 21 5. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) tem como objetivo principal auxiliar interessados na compreensão dos fluxos de entrada e saída de dinheiro à disposição de uma organização. A DFC é subdividida em três partes: • Atividades operacionais; • Atividades de investimentos; • Atividades de financiamento. Antes da publicação da Lei 11.638/2007, a elaboração e divulgação da DFC não eram obrigatórias para a maioria das empresas brasileiras5 A destinação principal da DFC é fornecer aos usuários de informações financeiras, subsídios suficientes para avaliar a gestão de caixa, avaliar se a empresa possui capacidade para honrar seus compromissos e, o que é mais importante, a possibilidade de geração futura de fluxos positivos de caixa. Este é um relatório com características totalmente gerenciais. . As companhias eram obrigadas a publicar a DOAR (Demonstração de Origem e Aplicações de Recursos). Enquanto este relatório preocupa-se com as variações do capital circulante líquido (CCL), aquele tem como ponto de partida o fluxo de entrada e saída de dinheiro. Apesar de ser bem abrangente, o Pronunciamento CPC n.º 03 não estabelece um modelo de apresentação da DFC. No texto deste documento, são dedicados três tópicos à forma de apresentação das informações sem, no entanto, descrever em pormenores como é o modelo do relatório. Convencionou-se utilizar o modelo FAS 95, que conheceremos oportunamente. 5 A elaboração da DFC era obrigatória para empresas do setor elétrico e para empresas participantes do Novo Mercado, da Bovespa. Página | 22 6. ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 6.1 ATIVIDADES OPERACIONAIS Este é o primeiro grupo da DFC, aqui serão classificadas todas as entradas e saídas de caixa e de equivalentes-caixa relacionadas às atividades operacionais. Os valores aqui encontrados são um excelente termômetro para medir a capacidade de gerar fluxos de caixa que serão utilizados na quitação de empréstimos, pagamento de dividendos, além de poder realizar investimentos sem recorrer a financiamentos de terceiros, o que pode ser extremamente vantajoso. O grupo atividades operacionais tem uma forte relação com a demonstração do resultado do exercício, mais tarde entenderemos melhor. São tipos de entradas operacionais: • Recebimento de vendas de mercadorias ou prestação de serviços; • Recebimento de royalties, honorários, comissões ou outras receitas; • Recebimento de juros sobre empréstimos concedidos; • Recebimento de juros sobre aplicações financeiras em outras entidades – neste caso, equivalentes-caixa; • Recebimento de dividendos e juros sobre o capital próprio ou pela participação no patrimônio de outras empresas; • Qualquer outro recebimento não enquadrado em atividades de financiamento nem de investimento. São tipos de saídas operacionais: • Pagamento a fornecedores referente a compra de mercadorias ou matérias- primas; • Pagamento a fornecedores por insumos utilizados na prestação de serviços; • Pagamento de tributos (federais, estaduais ou municipais) desde que relacionados às atividades operacionais; • Pagamentos de salários e encargos de funcionários; • Pagamentos de juros de financiamentos obtidos. Antes de prosseguirmos é preciso fazer duas observações mencionadas no Pronunciamento n.º 03. O item n.º 14 faz referência a receitas obtidas com venda de imobilizado, que devem ser propriamente Página | 23 classificadas em atividades de investimentos. Isso não ocorre, porém, no caso tipificado no item 68- A da NBC TG 27 Ativo Imobilizado. As receitas provindas da venda de imobilizado, que antes eram destinados a aluguel para terceiros, são classificadas como atividades operacionais. Como exemplo, temos a venda de carros destinados a aluguel6 . 6.2 ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Classificam-se neste grupo os dispêndios de recursos realizados pela entidade visando à geração de lucros e fluxos de caixa no futuro. São exemplos de entradas: • Recebimentos advindos da venda de imobilizado, intangível e de outros ativos não circulantes utilizados na produção; • Recebimento pela venda de participações em outras empresas; • Resgates de aplicações financeiras com prazo maior que 90 dias; • Recebimento de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros. São consideradas saídas: • Compra de imobilizado, intangível e outros ativos de longo prazo; • Empréstimos feitos a terceiros, excetuando-se aqueles feitos junto a instituições financeiras; • Pagamentos para a quitação de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint venture. 6.3 ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Durante o curso normal de suas atividades, uma empresa pode necessitar de capital para suprir suas necessidades. Este capital pode ter origem própria ou de terceiros. São exemplos de entradas de financiamento: • Recebimento de empréstimos provindos de instituições financeiras; 6 68-A. Entretanto, a entidade que, durante as suas atividades operacionais, normalmente vende itens do ativo imobilizado que eram mantidos para aluguel a terceiros deve transferir tais ativos para o estoque pelo seu valor contábil quando os ativos deixam de ser alugados e passam a ser mantidos para venda. Passam a ser considerados, daí para frente, como estoques e se sujeitam aos requisitos da NBC TG 16 – Estoques. As receitas advindas da venda de tais ativos devem ser reconhecidas como receita de acordo com a NBC TG 30 - Receitas. A NBC TG 31 - Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada não se aplica quando os ativos que são mantidos para venda durante as atividades operacionais são transferidos para os estoques. (CFC. Resolução n.° 1.177/69, 24 de julho de 2009). Página | 24 • Recebimento de valores referentes à venda de ações, debêntures ou outros instrumentos patrimoniais; • Recebimento de valores referentes à entrada de sócios na empresa. São exemplos de saídas: • Pagamentos a investidores para resgate de ações; • Amortização de empréstimos e financiamentos; • Pagamento de dividendos e juros sobre o capital próprio. Página | 25 7. O MODELO DE APRESENTAÇÃO Chegou o momento de conhecermos o modelo de apresentação da DFC. Seguiremos aqui o que está estabelecido na norma IAS 77 , que em muito se assemelha ao Financial Accounting Standard – FAS 95. Este modelo tem recebido algumas críticas de estudiosos brasileiros da Contabilidade, o que não levaremos em consideração neste momento. Este é o modelo usado no Brasil: Em cada grupo em que se subdivide a DFC serão informados os respectivos movimentos de caixa. Os valores positivos representam geração (entrada) de caixa. Já os valoresnegativos representam saída de recursos. Nos grupos encontraremos um totalizador das transações 7 International Accounting Standards 7 – Cash Flow Statement Nome da empresa DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA, em 31/12/20XX ATIVIDADES OPERACIONAIS Caixa líquido gerado (consumido) nas Atividades Operacionais XXXXXXXX ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Caixa líquido gerado (consumido) nas Atividades de Investimento XXXXXXXX ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Caixa líquido gerado (consumido) nas Atividades de Financiamento XXXXXXXX CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO XXXXXXXX SALDO INICIAL DE DISPONIBILIDADES XXXXXXXX SALDO FINAL DE DISPONIBILIDADES XXXXXXXX Tabela 8 - Modelo FAS 95 Página | 26 informadas, tendo a mesma interpretação dada anteriormente: se positivo, geração de caixa; se negativo, saída de dinheiro. Nas linhas finais (coloridas em cinza) encontramos um resumo da movimentação financeira do período. O caixa líquido do período é obtido pela soma de todos os totalizadores dos grupos. O saldo inicial de disponibilidades (caixa) será adicionado, ou subtraído, do caixa líquido do período. O resultado é o saldo final de disponibilidades. Mesmo com as informações contidas na DFC, o Pronunciamento Técnico CPC 03 nos diz que, para facilitar ainda o entendimento dos usuários, devem ser atendidos os critérios de classificação de informações adicionais em notas explicativas, acompanhemos o item n.º 50, do mesmo Pronunciamento: “Informações adicionais podem ser relevantes para que os usuários entendam a posição financeira e a liquidez da entidade. A divulgação de tais informações, acompanhada de comentário da administração, é encorajada e pode incluir: (a) o montante de linhas de crédito obtidas, mas não utilizadas, que podem estar disponíveis para futuras atividades operacionais e para satisfazer compromissos de capital, indicando restrições, se houver, sobre o uso de tais linhas de crédito; (b) o montante agregado dos fluxos de caixa de cada uma das atividades operacionais, de investimento e de financiamento, referentes às participações societárias em empreendimentos controlados em conjunto apresentados mediante o uso da consolidação proporcional; (c) o montante agregado dos fluxos de caixa que representam aumentos na capacidade operacional, separadamente dos fluxos de caixa que são necessários apenas para manter a capacidade operacional; (d) o montante dos fluxos de caixa advindos das atividades operacionais, de investimento e de financiamento de cada segmento de negócios passível de reporte (ver NBC TG 22 – Informações por Segmento); (e) os montantes totais dos juros e dividendos e juros sobre o capital próprio, pagos e recebidos, separadamente, bem como o montante total do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido pagos, neste caso destacando os montantes relativos à tributação da entidade (item 20).” (CFC. Resolução n.º 1296/10, 17 de setembro de 2010) Página | 27 8. MÉTODOS DE ELABORAÇÃO Existem dois métodos para elaboração de uma demonstração do fluxo de caixa, a saber: • Método direto; e • Método indireto. Em ambos os casos o resultado será sempre o mesmo, o que muda é a maneira de obter as informações que comporão a DFC. O CPC 03 faculta a utilização de qualquer um dos métodos apresentados8 . No entanto, exige que as empresas que optarem pelo método direto, da mesma forma feita no indireto, façam uma conciliação entre o lucro líquido apurado na DRE e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais. Esta conciliação deve ser feita em separado. 8.1 MÉTODO DIRETO Neste método, basicamente, são analisados os lançamentos realizados, tanto a crédito quanto a débito, nas contas contábeis que representam o caixa da empresa. Se a contabilidade não estiver informatizada – o que é muito difícil atualmente – elaborar a DFC por este processo será um pouco demorado e trabalhoso. Os sistemas contábeis atuais são facilmente configuráveis, permitindo um trabalho de análise mais rápido. Existem outras fontes que podem ser utilizadas para auxiliar este método, conforme podemos ver no item 19, do Pronunciamento n.º 03: Pelo método direto, as informações sobre as principais classes de recebimentos brutos e de pagamentos brutos podem ser obtidas alternativamente: (a) Dos registros contábeis da entidade; ou (b) Pelo ajuste das vendas, dos custos dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (no caso de instituições financeiras, pela receita de juros e similares e despesa de juros e encargos e similares) e outros itens da demonstração do resultado ou do resultado abrangente referentes a: i. Variações ocorridas no período nos estoques e nas 8 O Pronunciamento CPC 03, mesmo facultando a utilização de qualquer um dos dois métodos, encoraja as empresas a elaborarem a DFC pelo método direto. Página | 28 contas operacionais a receber e a pagar; ii. Outros itens que não envolvem caixa; e iii. Outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de investimento e de financiamento. (CFC. Resolução n.º 1296/10, 17 de setembro de 2010) A análise poderá ser feita através de um estudo no razão das contas que representam as disponibilidades. Para facilitar a didática, tomemos o razonete como um espelho do livro razão. Colheremos os dados do razonete de 31/01/2012 e preencheremos um papel de trabalho específico. 20.000 1 Receita de vendas 7 Pagamento de contas diversas 1 81.000 42.500 3 2 Receb. venda imobilizado 8 Pagamento de IR e CSLL 2 8000 18.000 4 3 Pagamento a fornecedores 9 Entrada de novo sócio 5 4910 2.900 6 4 Pagamento de salários 10 Contratação de seguro 9 15000 3.300 7 5 Empréstimo obtido 11 Aquisição de imobilizado 12 7500 3.910 8 6 Pagamento desp. Financeira 12 Recebimento de clientes 5.000 10 15.800 11 45.000 Disponível Movimentos As informações contidas no papel de trabalho auxiliarão bastante a elaboração de nossa DFC, o que faremos mais tarde. Por enquanto, veremos o método indireto de elaboração. Papel de trabalho Débito Crédito Grupo da DFC Saldo inicial (SI) 20.000 Movimentos contábeis 01-Recebimento de vendas 81.000 Atividade operacional 02-Recebimento de venda de imobilizado 8.000 Atividade de investimento 03-Pagamento de fornecedores 42.500 Atividade operacional 04-Pagamento de salários dos funcionários 18.000 Atividade operacional 05-Empréstimos líquido obtido 4.910 Atividade de financiamento 06-Pagamento de despesa financeira 2.900 Atividade operacional 07-Pagamento de diversas contas 3.300 Atividade operacional 08-Pagamento de IR e CSLL 3.910 Atividade operacional 09-Entrada de novo sócio 15.000 Atividade de financiamento 10-Contratação de novo seguro 5.000 Atividade operacional 11-Compra de imobilizado 15.800 Atividade de investimento 12-Recebimento de clientes 7.500 Atividade operacional TOTAIS 136.410 91.410 Página | 29 8.2 MÉTODO INDIRETO Este método também é conhecido como método da conciliação, pois faz uma conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas atividades operacionais. Assim, o primeiro passo para elaboração da DFC neste método é remover do lucro líquido doperíodo os efeitos causados pelos valores que representam os seguintes itens: • Diferimentos de transações já pagas no passado, como parcelas incorridas de seguros; • Transações que podem ser classificadas em outros grupos como atividades de investimento ou de financiamento. Como exemplos, temos a depreciação, ganho ou perda na venda de imobilizado, resultado de equivalência patrimonial etc.; • Transações que possam alterar o disponível no futuro, como alterações no contas a pagar ou a receber. Com estas alterações o lucro líquido somente refletirá as atividades operacionais do período. Para facilitar a aprendizagem, é importante guardar esta afirmação: no método indireto, ao lucro líquido devemos somar ou subtrair valores que afetam o caixa, mas não o lucro; e os que afetam o lucro, mas não o caixa. Isto nos ajudará a encontrar o quanto do lucro líquido foi convertido em dinheiro. Só como ilustração, a depreciação afeta o lucro, diminuindo-o. Como não houve saída de dinheiro, o valor dela deverá ser somado ao lucro líquido. Por outro lado, como desejamos obter o caixa gerado pelas atividades operacionais, por exemplo, devemos subtrair ou somar o resultado de venda de imobilizado. 8.2.1 TÉCNICA DE ELABORAÇÃO Elaborar a DFC pelo método indireto é bem menos trabalhoso do que pelo método direto, oferecendo uma melhor possibilidade de análise da informação. Começaremos a elaboração usando o balanço patrimonial e demonstração do resultado, ambos fictícios, abaixo. Zé Buscapé Comércio de Armas Ltda. Balanço Patrimonial Em R$ 31/12/2011 31/1/2012 Variação Disponível 20.000 45.000 25.000 Duplicatas a receber 43.000 35.000 (8.000) Perdas de créditos Liq. Duvidosa (1.000) (1.500) (500) Estoques 23.000 35.500 12.500 Despesas pagas antecipadamente 12.000 15.000 3.000 Imobilizado 12.000 23.000 11.000 Depreciação acumulada (6.000) (4.500) 1.500 TOTAL DO ATIVO 103.000 147.500 44.500 Fornecedores 15.000 25.000 10.000 Imposto de renda e CS a pagar 3.000 4.690 1.690 Contas a pagar 15.000 15.500 500 Salários a pagar 18.000 20.000 2.000 Página | 30 Antes de tudo, observemos a coluna variação no balanço patrimonial. É desta coluna que encontramos os valores que comporão a Demonstração do fluxo de caixa. O segundo passo é usarmos razonetes que representam as contas patrimoniais bem como os movimentos ocorridos no período: Zé Buscapé Comércio de Armas Ltda. DRE - em R$ 31/1/2012 Vendas 81.000 CMV (40.000) Lucro bruto 41.000 Salários (20.000) Depreciação (3.100) Despesa financeira (2.900) Desp. Prov. Perdas Cred. Liq. Duvidosa (1.000) Despesas diversas (3.800) Despesas incorridas (2.000) Lucro na venda de imobilizado 7.800 Lucro antes do IR/CS 16.000 Imposto de renda e CS (5.600) Lucro líquido 10.400 Tabela 11 – DRE Zé Buscapé Comércio de Armas Página | 31 81.000 1 43.000 88.500 2 2.1 500 1.000 23.000 40.000 CMV 1 81.000 500 2.1 1.000 3 52.500 35.000 1.500 35.500 12.000 4.800 A.1 A 4.600 6.000 4 42.500 15.000 9 3.910 3.000 11 15.800 3.100 52.500 3 5.600 23.000 4.500 25.000 4.690 5 18.000 18.000 15.000 25.000 12.000 20.000 5.1 4910 12 15000 13 10.400 20.000 19.910 40.000 22.400 12.000 2.000 A.1 4.800 8000 6 8 3.300 15.000 7 2.900 2.900 10 5.000 4600 A 3.800 15.000 7.800 15.500 0 Despesa financeira Dupl. A receber PCLD Estoques Desp. Pg. Antecip. Salários a pagar Empréstimos CP Capital Res. Lucros Acum. Receita de vendas Imobilizado Depreciação acum. Fornecedores IR e CS apagar Contas a pagarResult. Venda imob. Vamos à lógica de cada lançamento 1. O primeiro lançamento representa a entrada das receitas de vendas do período. No método indireto entendemos que toda a receita não foi paga, sendo sua quantia totalmente carregada para a conta de duplicatas a receber, que nos levará ao segundo lançamento de ajuste; 2. Observamos que o saldo da conta de duplicatas a receber inicia o período com $ 43.000, terminando o período com 35.000, acabando de receber o valor das receitas, na ordem de $ 81.000. Para que o saldo inicial possa ser alcançado, é preciso realizar um lançamento a crédito neste razonete, sem antes observarmos a conta PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa). No mês de janeiro, a Zé Buscapé aumentou sua PCLD em $ 1.000, o que deixaria o saldo desta conta em $ 2.000, mas observamos que o mesmo terminou em $ 1.500. Concluímos, então, que houve uma baixa em duplicatas correspondente a valores incobráveis de $ 500 (2.1). Desta forma, há uma diminuição de $ 88.500 no saldo de duplicatas a receber que teve como contrapartida um débito de mesmo valor no disponível. 3. Durante o mês, o saldo da conta estoques variou de $ 23.000 até $ 35.500, tendo um lançamento a crédito de $ 40.000, referente ao CMV (Custo das Mercadorias Vendidas). Para que este valor total de CMV tenha sido possível, a empresa teve que aumentar seus estoques, comprando $ 52.500 em mercadorias. Página | 32 4. De uma forma muito parecida com o tratamento dado às receitas do período, quaisquer compras de mercadorias não são pagas a vista, mas seus saldos são transportados para a conta de fornecedores. Para que o saldo desta conta termine em $ 25.000 houve o pagamento de $ 42.500, impactando diretamente o caixa. 5. A despesa com salários de janeiro/2012 totaliza $ 20.000 (5.1). Como o saldo final da conta salários a pagar terminou no mesmo valor, podemos concluir que houve o pagamento do valor inicial de $ 18.000. 6. Este lançamento tem algumas peculiaridades, vamos discuti-las em pormenores, pois serão utilizadas três contas diferentes: resultado de venda de imobilizado, depreciação acumulada e imobilizado. Para calcularmos o resultado da venda, precisamos incluir ao valor recebido o custo da depreciação acumulada para o imobilizado (A), neste caso $ 4.600 – valor creditado na conta resultado de venda de imobilizado. O passo seguinte é debitarmos nesta conta o valor contábil do bem vendido (A.1), no caso, $ 4.800. Não existe segredo na hora de apurar o resultado, que neste caso foi um lucro de $ 7.800. Mais tarde voltaremos a falar sobre o lançamento A.1. 7. No período a Zé Buscapé incorreu em despesas financeiras da ordem de $ 2.900. Como não é feita nenhuma referência à conta de despesas financeiras a pagar no balanço patrimonial, concluímos que elas foram pagas no mesmo período. 8. Durante o mês de janeiro/2012 a Zé Buscapé teve $ 3.800 referentes a despesas diversas (água, energia, conservação etc). A conta contas a pagar começou o período com $ 15.000, terminando com $ 15.500. Como tivemos um crédito de $ 3.800, há então um pagamento de $ 3.300. 9. No período a empresa obteve um lucro de $ 16.000, que foi taxado a uma alíquota de IR/CSLL total de 35%9 10. A conta despesas pagas antecipadamente recebeu um crédito de $ 2.000 como podemos ver na DRE. Para que o saldo desta conta alcance os $ 15.000, é preciso um débito de $ 5.000, que pode representar a contratação de um novo seguro ou o pagamento de IPTU, ativos pagos uma única vez, mas que cobrirão um período maior, na maioria das vezes de um ano. , o que gerou um valor a pagar de $ 5.600. O saldo final da conta IR e CS a pagar foi de $ 4.690, já um pouco abaixo do apurado no mês. Para que este valor seja alcançado, a Zé Buscapé pagou $ 3.910. 11. Este lançamento é influenciado pelo lançamento A.1 já visto dentro do lançamentode n.° 6. O imobilizado sofreu uma baixa de $ 4.800, mas seu saldo final foi de $ 23.000. Numa rápida análise, trabalhando com as informações contidas no razonete correspondente e usando a 9 Para facilitar os cálculos optou-se por esta alíquota de 35% em vez de da de 34% que é a mais conhecida. Página | 33 aritmética, temos 23.000 + 4.800 - 12.000 = 15.800. Portanto, há a compra de imobilizado que neste caso foi pago a vista. 12. A conta empréstimos de curto prazo (CP) encerrou o período com um saldo de $ 19.910, tendo iniciado com uma dívida de $ 15.000. Podemos concluir que a Zé Buscapé contraiu um novo empréstimo de $ 4.910. 13. O último lançamento é um aumento na conta capital, crédito de $ 15.000. Trata-se de uma entrada de novo sócio que integralizou o valor já citado. Esta integralização poderia ocorrer com a cessão de um veículo, por exemplo, o que deveria ser informado de alguma forma. Para visualizar melhor os lançamentos, veremos como ficaria razonete do disponível: SI 20.000 2 88.500 42.500 4 6 8000 18.000 5 12 4910 2900 7 13 15000 3.300 8 3.910 9 5.000 10 15.800 11 SF 45.000 Disponível Observe que o saldo final da conta disponível foi exatamente o mesmo visto no balanço patrimonial de 31/12/2012. A diferença entre o saldo inicial (SI) e o saldo final (SF) é de $ 25.000. Ou seja, houve durante o período um aumento no caixa da empresa. Convém fazer algumas observações neste momento que facilitarão ainda mais a elaboração de outras DFCs: Ativos Circulante e Realizável a Longo Prazo: diminuições observadas nestes grupos podem resultar em aumento na conta caixa. Como exemplo, podemos citar a conta de duplicatas a receber, que nos Página | 34 lançamentos acima teve que ser creditada em $ 89.000, sendo $ 88.500 referentes a recebimento de clientes e o restante, baixa de títulos incobráveis. Ou seja, podemos concluir que toda a receita de $ 81.000 foi recebida mais uma pequena parte das duplicatas. Se o inverso acontecesse, isto é, o saldo da conta tivesse aumentado entre dois períodos, a conclusão seria que somente parte da receita de vendas foi recebida, o restante será recebido no futuro. Ativos Circulante e Exigível a Longo Prazo: o raciocínio neste caso é bem parecido com o anterior. Se os saldos das contas diminuírem significa que houve pagamento maior do que as despesas registradas no período. Se o inverso acontecer, constata-se que os pagamentos no período foram menores que as despesas incorridas, parte delas serão pagas no futuro. acréscimo redução (-) (+) (+) (-) (-) reduzir do resultado do exercício (+) somar ao resultado do exercício Grupo de contas Ativo circulante e Realizável a longo prazo Passivo circulante e Exigível a longo prazo 8.3 APRESENTANDO AS DFCS Agora veremos como ficaram as DFCs feitas pelos dois métodos. Página | 35 Método direto Método indireto Zé Buscapé Comércio de Armas Ltda. Zé Buscapé Comércio de Armas Ltda. FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS Recebimento de vendas a vista 81.000 Lucro líquido do período 10.400 Recebimento de clientes 7.500 Ajustes Pagamento a fornecedores (42.500) + Depreciação 3.100 Pagamento salários dos funcionários (18.000) - Lucro na venda de imobilizado (7.800) Contratação de novo seguro (5.000) Lucro ajustado 5.700 Pagamento de IR e CSLL (3.910) Redução de duplicatas a receber 8.000 Pagamento de contas de consumo (3.300) Aumento em PCLD 500 Pagamento de despesas financeiras (2.900) Aumento em estoques (12.500) 12.890 Aumento em desp. pagas antecipad. (3.000) Aumento em fornecedores 10.000 FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Aumento em IR e CSLL a pagar 1.690 Receita de venda de imobilizado 8.000 Aumento em salários a pagar 2.000 Compra de imobilizado (15.800) Aumento em contas - serv. delegados 500 (7.800) 12.890 FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Aumento de capital por entrada de sócio 15.000 Recebimento pela venda imobilizado 8.000 Obtenção de empréstimo de curto prazo 4.910 Pagamento pela compra de imobilizado (15.800) 19.910 (7.800) CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO 25.000 FLUXO DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO SALDO INICIAL DE DISPONIBILIDADES 20.000 Obteção de empréstimo de curto prazo 4.910 SALDO FINAL DE DISPONIBILIDADES 45.000 Aumento de capital 15.000 19.910 CAIXA LÍQUIDO DO PERÍODO 25.000 SALDO INICIAL DE DISPONIBILIDADES 20.000 SALDO FINAL DE DISPONIBILIDADES 45.000 Demonstração do Fluxo de Caixa, em 31/12/2012 Caixa líquido gerado nas atividades operacionais Caixa líquido consumido nas atividades de investimento Caixa líquido gerado nas atividades de financiamento Demonstração do Fluxo de Caixa, em 31/12/2012 Caixa líquido gerado nas atividades operacionais Caixa consumido nas atividades de investimento Caixa líquido gerado nas atividades de financiamento Obviamente, o resultado apresentado em ambas as demonstrações é o mesmo, o que difere somente é a maneira de como chegamos a ele. Agora podemos interpretar as informações apresentadas, fazendo alguns comentários. Enquanto o lucro líquido do período totalizou $ 10.400, somente $ 5.700 foram originados das atividades operacionais. No mês de janeiro/2012, a empresa conseguiu receber de clientes $ 7.500 – aqui já com o valor de PCLD descontado – o que totalizaria $ 13.200 de entrada no período. A empresa aumentou seu estoque com compras no valor de $ 12.500, o que deixaria o caixa somente com $ 700, o que não aconteceu, pois a Zé Buscapé deixou de pagar $ 14.190 referentes a aumentos nas contas de fornecedores, IR e CSLL a pagar, salários a pagar e contas a pagar – serviços delegados. Nas atividades de investimento encontramos um déficit de $ 7.800, era para ter sido um pouco maior, sendo amenizado pela venda de imobilizado que teve uma receita de $ 8.000. O que parece é que a empresa em estudo está em expansão de negócio, deduz-se isso pela grande quantia destinada à aquisição de imobilizado. A expansão fica mais clara quando observamos as atividades de financiamento, pois a empresa contrai empréstimos de curto prazo – o que não é recomendável – além de aumentar seu capital em $ 15.000, provavelmente com a entrada de um novo sócio. Página | 36 Anotações Capa da apostila Conteúdo programático Apostila DFC 1. APRESENTAÇÃO 2. PRINCIPAIS DEMONSTRATIVOS UTILIZADOS PELA CONTABILIDADE 2.1 Balanço Patrimonial 2.1.1 Ativo 2.1.2 Passivo 2.1.3 Patrimônio Líquido 2.1.4 Origem e aplicação 2.2 Demonstração do Resultado do Exercício - DRE 2.3 Demonstração do Resultado Abrangente - DRA 2.4 Demonstração das Mutações No Patrimônio Líquido (DMPL) 2.4.1 Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados (DLPA) 2.4.2 Estrutura da DMPL 2.5 Demonstração do Valor Adicionado – DVA 3. REGIME DE COMPETÊNCIA VERSUS REGIME DE CAIXA 4. CAIXA E EQUIVALENTES-CAIXA 5. DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 6. ESTRUTURA DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 6.1 Atividades operacionais 6.2 Atividades de investimento 6.3 Atividades de financiamento 7. O MODELO DE APRESENTAÇÃO 8. MÉTODOS DE ELABORAÇÃO 8.1 Método direto 8.2 Método indireto 8.2.1 Técnica de elaboração 8.3 Apresentando as DFCs
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