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Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta FUNDACENTRO - FUNDAÇÃO JORGE DUPRAT FIGUEIREDO DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO - CENTRO REGIONAL DA BAHIA (CRBA) - Laboratório Químico de Higiene Ocupacional RELATÓRIO FINAL DO PROJETO AVALIAÇÃO DE AGENTES CARCINOGÊNICOS/MUTAGÊNICOS EM AMBIENTES DE TRABALHO - Exposição de Trabalhadores a Agentes Cancerígenos e Irritantes em Carvoarias não Mecanizadas na Bahia. Classificação de segurança: sem restrições. EQUIPE TÉCNICA Albertinho Barreto de Carvalho – Doutor em Química, Tecnologista Sênior – FUNDACENTRO/CRBA (coordenação). Mina Kato – Farmacêutica Bioquímica, Mestre em Toxicologia, Doutora em Epidemiologia - Tecnologista Sênior – FUNDACENTRO/CRBA (coordenação). Anaide Vilasboas de Andrade – Enga. Civil e de Segurança do Trabalho, Tecnologista Sênior – FUNDACENTRO/CRBA. Ana Soraya Vilasboas Bomfim – Mestre em Ciências Sociais - Analista de Ciência e Tecnologia – FUNDACENTRO/CRBA. Mariângela Rezende Mascarenhas Santos – Farmacêutica. Convênio FUNDACENTRO/FUNDUNESP. Marco Antônio Vasconcelos Rego – Médico, Doutor em Epidemiologia – CESAT/SESAB. COOPERAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA/COLABORAÇÃO/PARCERIA Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia, Gerência Regional do Trabalho e Emprego de Camaçari - Parceria. Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador (CESAT) da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) - Cooperação técnico-científica. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta Laboratório de Pesquisa Química (LPQ), Departamento de Química Geral e Inorgânica, Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia (UFBA) - Cooperação técnico- científica. Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da UNIVERSIDADE DA CAROLINA DO NORTE, Chapel Hill (EUA) - Cooperação técnico-científica, por meio de Bahia - Carolina Fellowship (Fogarty International). Divisão de Carcinogênese Ambiental da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (US EPA), em Durham (NC) - Cooperação técnico-científica. Departamento de Medicina Legal, Ética Médica, Medicina Social e do Trabalho, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - Cooperação técnico-científica. APOIO ADMINISTRATIVO Equipe de motoristas da FUNDACENTRO/CRBA e do CESAT. João Luiz M. Silva – FUNDACENTRO/CRBA – Assistente em Ciência e Tecnologia - trabalhos de campo. Josildo Marcelo Murici Silva – Assistente em Ciência e Tecnologia - FUNDACENTRO/CRBA - trabalhos de campo. Daniel Martins da Silva - FUNDACENTRO/CRBA – Assistente em Ciência e Tecnologia - trabalhos de campo. AGRADECIMENTOS Aos profissionais das áreas de produção e de Segurança e Saúde no Trabalho, bem como, os trabalhadores das carvoarias pertencentes às empresas FERBASA e SIBRA. A Jaílson Bittencourt de Andrade e Pedro Afonso de P. Pereira, professores - doutores do Laboratório de Pesquisa Química (LPQ) do Departamento de Química Geral e Inorgânica, Instituto de Química – UFBA. A David DeMarini e seus colaboradores, da Divisão de Carcinogênese Ambiental da Agencia de Proteção Ambiental dos EUA (US EPA). A Leticia Nobre, coordenadora do CESAT, SESAB. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta A Gilka J. F. Gattás e Leni Gomes da Silva, do Departamento de Medicina Legal Ética Médica Medicina Social e do Trabalho, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. A Gisela de Aragão Umbuzeiro, professora e pesquisadora da Faculdade de Tecnologia da UNICAMP. A Dana Loomis no Departamento de Epidemiologia da Escola de Saúde Pública da Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, EUA. À equipe de estudantes de Medicina, internos do CESAT/SESAB, que participaram da coleta de dados. A Lúcia Maria Rocha Lima Nunes e Maria Lúcia Pizzolato de Lucena, auditoras fiscais do trabalho da Gerência Regional do Trabalho e Emprego/Camaçari/Bahia. Salvador, Bahia Março, 2016 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta Qualquer parte deste relatório pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Projeto vinculado ao Programa de Segurança Química da FUNDACENTRO. Projeto atualmente identificado pelo código 87.08.172 Identificações anteriores: 87.08.003 e 87.08.107. Para a realização da presente pesquisa foram utilizados os recursos materiais do Laboratório Químico de Higiene Ocupacional do Centro Regional da Bahia (Lab-CRBA) e do Laboratório de Pesquisas Químicas (LPQ) do Departamento de Química Geral e Inorgânica, Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Os recursos financeiros foram oriundos da FUNDACENTRO e do Bahia - Carolina Fellowship (Fogarty International). Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta APRESENTAÇÃO Este relatório final apresenta os resultados do estudo realizado pela FUNDACENTRO – Centro Regional da Bahia (FUNDACENTRO/CRBA) durante o período de 2001 a 2013, sobre a exposição de trabalhadores a produtos químicos irritantes e cancerígenos emitidos durante o processo de produção de carvão vegetal, em carvoarias não mecanizadas, na Bahia. O estudo foi realizado em atendimento a uma demanda da ex-Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Subdelegacia de Camaçari/Bahia, atualmente, Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA) e Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE) de Camaçari, que vinha realizando uma ação fiscal nas carvoarias de sua jurisdição. A ação fiscal fazia parte do Projeto Inspeção dos Ambientes e Condições do Trabalho, subprojeto Diagnóstico e Melhoria das Condições de Trabalho na Área do Reflorestamento e das Carvoarias Pertencentes à Jurisdição da Subdelegacia de Camaçari, coordenados pelas Auditoras Fiscais Lúcia Maria Rocha Lima Nunes e Maria Lúcia Pizzolato de Lucena. O estudo proposto foi então inserido no Projeto Avaliação de Agentes Carcinogênicos/Mutagênicos no Ar, da FUNDACENTRO-CRBA, que fazia parte do Programa Trabalho Seguro e Saudável, do Ministério do Trabalho e Emprego, coordenado pela FUNDACENTRO. As carvoarias nas quais os trabalhos de campo foram realizados estavam localizadas na região de jurisdição da GRTE-Camaçari, distantes até 200 km, ao norte de Salvador. Albertinho Barreto de Carvalho Coordenação Mina Kato Coordenação Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta RESUMO A FUNDACENTRO/CRBA concebeu e executou a investigação dascondições de trabalho e consequências à saúde dos trabalhadores em várias carvoarias não mecanizadas localizadas na região de jurisdição da GRTE-Camaçari, ao Norte de Salvador, de 2001 a 2013, como parte do projeto “Avaliação de agentes carcinogênicos/mutagênicos em ambientes de trabalho”. Foram identificadas várias situações de risco de acidentes e à saúde do trabalhador nessas plantas como quedas de altura, mordida por animias peçonhentos, acidentes com tratores e caminhões, execução de várias atividades em posturas inadequadas, excesso de peso, proximidade com fonte de calor, entre outros. A fumaça da queima de madeira, foco de nosso estudo, pode causar problemas nos olhos e no aparelho respiratorio, intoxicação por monóxido de carbono etc. Dentre os seus inúmeros componentes irritantes e carcinogenicos, alguns (compostos carbonílicos, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, benzeno) e material particulado foram avaliados nos ambientes de trabalho de carvoarias. Os metabólitos dos hidrocarbonetos policíclicos aromáticos 1-hidroxipireno e 2-naftol foram determinados na urina dos trabalhadores. O último se mostrou um indicador mais sensível para avaliar a exposição à fumaça de madeira. As concentrações dos agentes químicos emitidos na fumaça dos fornos, determinados no presente estudo, não superaram os limites de tolerância existentes na legislação brasileira. No entanto, os níveis de formaldeído, tanto nas amostras pessoais (12,3 a 139,1 µg/m 3 ) quanto nas estacionárias (23,6 a 159,5 µg/m 3 ), foram predominantemente superiores ao limite de exposição recomendado pelo NIOSH/EUA. Concentrações de benzeno determinadas há 2 metros de distância de fornos em carbonização e há 1,6 m do solo, estiveram na faixa de 0,014 a 0,38 ppm. Duas amostras coletadas há um metro da chaminé apresentaram concentrações de 0,65 e 1,05 ppm. Concentrações de naftaleno e pireno determinadas em todas as amostras pessoais coletadas nos carbonizadores estiveram, respectivamente, nas faixas de 10,68 a 422,86 µg/m 3 e 0,17 a 1,28 µg/m 3 . Nos barreladores, estas concentrações estiveram nas faixas de 2,29 a 18,54 µg/m 3 e 0,11 a 0,45 µg/m 3 . Nas amostras estacionárias, as concentrações de naftaleno e pireno estiveram, respectivamente, nas faixas de 9,60 a 569,7 µg/m 3 e 0,05 a 11,24 µg/m 3 . A maioria dos resultados obtidos na avaliação da exposição de trabalhadores forneiros à poeira total e respirável de carvão vegetal superaram os limites propostos pela OSHA/EUA Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta (PEL-TWA de 15 mg/m 3 para poeira total, e de 5 mg/m 3 para poeira respirável). Muitas amostras apresentaram saturação do filtro devido aos elevados níveis de poeira em suspensão no ar inalado pelos forneiros. A discussão sobre as situações de risco encontradas são ilustradas com fotos tiradas nas carvoarias durante o periodo do estudo, muitas delas acompanhadas de recomendações para modificações no processo. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE SÍMBOLOS, UNIDADES E ABREVIATURAS 1. ACGIH® = American Conference of Governmental Industrial Hygienist (EUA) 2. CLAE = Cromatografia Líquida de Alta Eficiência 3. CC = Compostos Carbonílicos 4. CESAT = Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador 5. CG = Cromatografia em fase Gasosa 6. CG/DCE = Cromatógrafo a Gás com Detector de Captura de Elétrons 7. CG/DIC = Cromatógrafo a Gás com Detector de Ionização em Chama 8. CG/DFI = Cromatógrafo a Gás com Detector de Fotoionização 9. CG/DNP = Cromatógrafo a Gás com Detector de Nitrogênio e Fósforo 10. CG/EM = Cromatografia em fase gasosa acoplada à Espectrometria de Massas 11. CIPATR = Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural 12. CMPT = Concentração Média Ponderada no Tempo 13. CONAMA = Conselho Nacional de Meio Ambiente 14. COVs = Compostos Orgânicos Voláteis 15. CRBA = Centro Regional Bahia, da FUNDACENTRO (FUNDACENTRO/CRBA) 16. CTN = Centro Técnico Nacional, da FUNDACENTRO (FUNDACENTRO/CTN) 17. DFG = Deutsche Forschungsgemeinschaft (Alemanha) 18. DMF = Dimetilformamida 19. 2,4-DNPH = 2,4- Dinitrofenilhidrazina 20. 2,4-DNPHo = 2,4-Dinitrofenilhidrazona 21. DSST = Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho 22. EM = Espectrometria de Massas 23. EPA = Environmental Protection Agency (Irlanda) 24. EPI = Equipamento de Proteção Individual 25. EPR = Equipamento de Proteção Respiratória 26. FSB = Fração Solúvel em Benzeno 27. FSC = Fração Solúvel em Cicloexano 28. HPA = Hidrocarboneto Policíclico Aromático 29. HPAs = Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos 30. HSE = Health and Safety Executive (Reino Unido) Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 31. IARC = International Agency for Research on Cancer 32. IBE = Indicador Biológico de Exposição 33. IBE-Bz = Indicador Biológico de Exposição ao Benzeno 34. IBMP = Índice Biológico Máximo Permitido (NR 7) 35. INSHT = Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (Espanha) 36. L = litro 37. L/min = litro por minuto 38. LT = Limite de Tolerância (NR 15) 39. m3 = metro cúbico ( = 1000 litros) 40. mg = miligrama 41. mL = mililitro 42. mm = milímetro 43. mg/m3 = miligrama por metro cúbico 44. MAK = “maximale Arbeitsplatz-Konzentration” = Concentração Máxima no Local de Trabalho (DFG/Alemanha) 45. MEC = Metil Etil Cetona 46. MIBC = Metil Isobutil Cetona 47. MPT = Média Ponderada no Tempo 48. µm = micrômetro (0,000001 m); 49. µg/m3 = micrograma por metro cúbico 50. ng = nanograma 51. nm = nanômetro 52. NIOSH = National Institute for Occupational Safety and Health (EUA) 53. OSHA = Occupational Safety and Health Administration (EUA) 54. ppb = partes por bilhão, em volume 55. ppm = partes por milhão, em volume. 56. PCMSO = Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional 57. PEL = Permissible Exposure Limits (OSHA/EUA) 58. PNOR = Particulates Not Otherwise Regulated (PNOR) (OSHA/EUA) 59. PNOS = Particles (insoluble or poorly soluble) Not Otherwise Specified (ACGIH/EUA) 60. PPRA = Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 61. PTFE = Politetrafluoretileno Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 62. REL = Recommended Exposure Limit (NIOSH/EUA) 63. STEL = Short Time Exposure Limit 64. TLVs® = Threshold Limit Values 65. TWA = Time Weighted Average 66. UFBA = Universidade Federal da Bahia 67. UNC = University of North Carolina (EUA) 68. US EPA = United States Environmental Protection Agency (EUA) 69. UV = Ultra Violeta 70. V = Volume 71. VLA = Valor Limite Ambiental 72. WEL = Workplace Exposure Limit (HSE) Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE TABELAS Tabela 1- Produtos da carbonização de madeira anidra. 33Tabela 2 - Constituintes principais dos gases não condensáveis e do líquido pirolenhoso. 33 Tabela 3 - Composição química da fumaça da queima de madeira. 35 Tabela 4 - Emissões atmosféricas de compostos orgânicos presentes na fumaça de madeira. 36 Tabela 5 - Substâncias identificadas na fumaça da queima de eucalipto para produção de carvão vegetal em estudo piloto na UFMS. 40 Tabela 6 - Propriedades físico-químicas de alguns HPAs. 47 Tabela 7 - Classificação de carcinogenicidade para humanos de alguns HPAs, misturas complexas, processos produtivos e atividades. 50 Tabela 8 - Limites de exposição ocupacional, em mg/m 3 , para alguns HPAs e misturas complexas que os contém. 52 Tabela 9 - Propriedades físico-químicas de alguns compostos carbonílicos (CC) presentes na fumaça da queima da madeira. 59 Tabela 10 - Propostas de valores limites para qualidade do ar, em mg/m 3 , para ambientes internos e ambiente geral. 63 Tabela 11 - Limites de exposição ocupacional, em mg/m 3 , de alguns CC presentes na fumaça da queima da madeira. 65 Tabela 12 - IBEs para alguns CC propostos pela ACGIH e DFG. 66 Tabela 13 - Algumas características sócio-demográficas dos trabalhadores de fornos de carvão e corte da região nordeste da Bahia, 2001-2002. 117 Tabela 14 - Número de trabalhadores (N) e odds-ratios bruto de prevalência (ORP) para genótipo e para efeitos ou sintomas da exposição à fumaça, segundo a exposição. 118 Tabela 15 - Odds-ratio bruto de prevalência para a associação entre altos níveis de danos de DNA no epitélio nasal e potenciais fatores causais, estratificados por habito de fumar. 120 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE TABELAS (continuação) Tabela 16 - Concentrações urinárias de 2-NAP e 1-OHP (MG e DPG em µmol/mol creatinina) em trabalhadores carvoeiros e do corte de madeira, em função da categoria de exposição à fumaça de madeira e do hábito de fumar cigarro (Período, 2001-2002). 122 Tabela 17- Odds-ratio de prevalência (ORP e IC95%) de níveis altos de 2-NAP e 1-OHP urinários em trabalhadores carvoeiros e do corte de madeira, em função da categoria de exposição e genótipo GSTM1 (Período, 2001-2002). 123 Tabela 18 - Concentrações de CC (µg/m 3 ) a , média pondera no tempo (CMPT), e breakthrough (Bt) em amostras pessoais (forneiro) e estacionárias coletadas na carvoaria C1 (1º semestre/2004). 131 Tabela 19 - Concentrações de CC (µg/m 3 ) a , média pondera no tempo (CMPT), em amostras pessoais coletadas no carbonizador, na carvoaria C2 (1º semestre/2004). 133 Tabela 20 - Concentrações de CC (µg/m 3 ) a , média pondera no tempo (CMPT), em amostras estacionárias coletadas na carvoaria C2 (1º semestre/2004). 133 Tabela 21 - Concentrações de HPAs, MPT, em µg/m 3 , de todas as amostras coletadas nos carbonizadores entre 2004 e 2007 (faixa, média aritmética (MA), desvio padrão (DP) e número de resultados (n) considerados nos cálculos). 138 Tabela 22 - Concentrações de HPAs, em µg/m 3 , MPT, em amostras coletadas nos carbonizadores entre 2004 e 2007 (faixa, média aritmética (MA), desvio padrão (DP) e número de resultados (n)), considerando as concentrações MPT das amostras coletadas consecutivamente. 139 Tabela 23 - Concentrações de HPAs, em µg/m 3 , MPT, de todas as amostras coletadas nos barreladores entre 2004 e 2007 (faixa, média aritmética (MA), desvio padrão (DP) e número de resultados (n)). 139 Tabela 24 - Concentrações de HPAs, em µg/m 3 , MPT, em amostras coletadas nos barreladores entre 2004 e 2007 (faixa, média aritmética (MA), desvio padrão (DP) e número de resultados (n)), considerando as concentrações MPT das amostras coletadas consecutivamente. 140 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE TABELAS (continuação) Tabela 25 - Concentrações de HPAs, em µg/m 3 , MPT, nas amostras estacionárias coletadas entre 2003 e 2007 (faixa, média aritmética (MA), desvio padrão (DP) e número de resultados (n)). 140 Tabela 26 - Concentrações de PT e PR de carvão, em mg/m 3 , MPT, das amostras pessoais válidas, coletadas em 5 carvoarias entre 2008 e 2012, acompanhadas da faixa, média, desvio padrão e número de resultados (n). 145 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Fórmulas estruturais de alguns CC presentes na fumaça da queima da madeira. 58 Quadro 2 - Efeitos à saúde e classificação de carcinogenicidade de alguns CC. 61 Quadro 3 - Situações ou condições de risco para os trabalhadores das carvoarias (forneiro, carbonizador, barrelador), encontradas na região nordeste da Bahia no inicio da década de 2000. 94 Quadro 4 - Situações ou condições de riscos para os trabalhadores do corte e do transporte de madeira para as carvoarias (operador de motosserra, ajudante de operador, cambiteiro, carregador e motorista de caminhão/carreta) na região nordeste da Bahia no inicio da década de 2000. 95 Quadro 5 – Parâmetros de coleta das amostras utilizadas para a determinação de %Bt. 136 Quadro 6 - Eficiências de dessorção dos HPAs para os tubos XAD-2 de 150 e 600 mg. 137 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE FIGURAS Figura 1- Fluxograma simplificado do processo de produção do carvão vegetal. 28 Figura 2 - Forno de alvenaria, cilíndrico, apresentando os orifícios e chaminés por onde sai a fumaça e realiza-se o controle da carbonização (Foto de 2002). 30 Figura 3 - Forno de alvenaria, semicircular, apresentando os orifícios e chaminés por onde sai a fumaça e realiza-se o controle da carbonização (Foto de 2002). 31 Figura 4 - Forno emitindo fumaça nas tonalidades branca, parda e azul, após estar carbonizando por um ou dois dias (Foto de 2002). 32 Figura 5 - Forno carbonizando há mais de dois dias (Foto de 2002). 32 Figura 6 - Estrutura dos HPAs mais conhecidos (NIOSH, 1998). 48 Figura 7 - Fórmula geral dos compostos carbonílicos. 56 Figura 8 - Fórmula estrutural do formaldeído (CH2O). 57 Figura 9 - Distinção entre aldeídos e cetonas. 57 Figura 10 - Fórmula estrutural da acetona. 57 Figura 11 - Coleta de amostra pessoal de ar em um trabalhador (Foto de 2003). 78 Figura 12 - Trabalhadores removendo carvão do forno utilizando camisetas e cintos fornecidos pela FUNDACENTRO para possibilitar a coleta de amostras pessoais (Foto de 2002). 79 Figura 13 - Coleta de amostra estacionária (ponto fixo) em zona de circulação. 79 Figura 14 - Bombas de amostragem (a) e suportes de baixa vazão para um ou mais tubos (b). 80 Figura 15 - Sistema de coleta de compostos carbonílicos com armadilha para ozônio. 83 Figura 16 - Sistema de coleta para HPAs: a) tubo XAD-2 + cassete com filtro de teflon, 37 mm x 2 µm de poro; b) tubos XAD-2 de 400/200 mg, antes e após a coleta. 86 Figura 17 - Sistemas de coleta de poeira total (a) e respirável (b) e (c). 92 Figura 18 -Trabalhador “cambiteiro” realizando o descarregamento das toras de madeira (Foto de 2002). 97 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE FIGURAS (continuação) Figura 19 - Trabalhadores realizando o descarregamento de madeira em área de fornos (Foto de 2002). 98 Figura 20 - Carregamento de madeira para caminhão realizado por grua (Foto de 2012). 98 Figura 21 - Descarregamento da madeira em área dos fornos, realizado por grua adaptada ao próprio caminhão de transporte (Foto de 2012). 99 Figura 22 - (a) Operador de motosserra realizando o corte da árvore; (b) Operador realizando a transferência de gasolina entre vasilhames com auxílio da boca (Foto de 2002). 99 Figura 23 - Trabalhador transportando madeira para o interior de um forno baixo (Foto de 2002). 100 Figura 24 - (a) Forneiro colocando o fogo inicial no topo do forno; (b) trabalhador caminhando pelo teto do forno (Fotos de 2002 (a) e 2003 (b)). 101 Figura 25 - Forno com ignição por baixo, na lateral (Foto de 2003). 102 Figura 26 - Forneiro exposto à fumaça enquanto realizava o carregamento de madeira para o interior do forno (Foto de 2002). 102 Figura 27 - Temperatura medida na entrada de um forno aberto para retirar carvão (Foto de 2012). 103 Figura 28 - Forneiro retirando carvão do forno utilizando carrinho de mão (Foto de 2013). 104 Figura 29 - Forneiro que realizava a retirada de carvão do forno apresentando região dos olhos totalmente suja pela impossibilidade de utilizar óculos de proteção (Foto de 2012). 105 Figura 30 - Forneiro coçando os olhos com as mãos suadas e sujas de pó de carvão (Foto de 2012). 105 Figura 31 - Forneiro apresentando sintomas da presença de partículas nos olhos (Foto de 2012). 106 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE FIGURAS (continuação) Figura 32 - Trabalhadores realizando o carregamento de caminhões com carvão utilizando escadas, sem qualquer proteção, para o acesso às gaiolas dos caminhões (Fotos de 2002). 107 Figura 33 - Sistemas de silos das Fazendas Juruaba e Araticum (a e b) sob os quais as carretas recebiam o carvão armazenado entre os anos 2002 e 2013, e de rampa (c), da Fazenda Triunfo, por onde um trator levava o carvão para as carretas, em 2002. 108 Figura 34 - Trator realizando a transferência do carvão para a carreta (Foto de 2012). 109 Figura 35 - Trabalhadores sem uniforme adequado e calçado de segurança (Fotos de 2002). 110 Figura 36 - Forneiro utilizando EPR totalmente impregnado de poeira de carvão. Foto de 2012. 111 Figura 37 - Filtro utilizado pelos trabalhadores apresentando saturação após 3 dias de uso (Foto de 2012). 111 Figura 38 - Máscara de proteção deixada pendurada em carrinho de mão (Foto de 2012). 112 Figura 39 - Filtro mecânico de alta eficiência, classe P3, para poeiras, fumos e particulados, apresentando início de saturação após dois dias de uso durante coletas de amostras de ar (Foto de 2013). 113 Figura 40 - Barrelador exposto à fumaça, mas utilizando máscara descartável para poeira (Foto de 2012). 113 Figura 41 - Dormitórios encontrados no início do projeto e das ações da GRTE/Camaçari (Foto de 2002). 114 Figura 42 - Alojamentos improvisados com lonas plásticas. Situação encontrada no início do projeto e das ações da GRTE/Camaçari (Foto de 2002). 115 Figura 43 - Garrafa térmica contendo água potável para o trabalhador forneiro. Ao lado, a garrafa de água que é utilizada em substituição ao copo (Foto de 2012). 115 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta LISTA DE FIGURAS (continuação) Figura 44 - Trabalhador terceirizado de uma carvoaria tomando banho em riacho local (Foto de 2002). 116 Figura 45 - Média geométrica dos valores de mutagenicidade urinária, testadas com Salmonella TG1041 + S9, segundo níveis de exposição à fumaça de carvoaria, estratificada por hábito de fumar. Somente a diferença entre os níveis de exposição entre não fumantes foi significante (P<0,05). 126 Figura 46 - Cromatograma de uma amostra real obtido pelo Método “1”. Em ordem de eluição: D1, D2, formaldeído (1), acetaldeído (2), furfural (3), propanona (4), D3, isômeros C4 (5), D4, D5, D6, D7, D8, D9. 130 Figura 47 - Trator realizando o enchimento com madeira de um dos novos fornos retangulares da carvoaria Fazenda Limoeiro (Foto de 2012). 148 Figura 48 - Trator retirando carvão de um dos novos fornos construídos na carvoaria Fazenda Limoeiro (Foto de 2012). 149 Figura 49 - Zona de circulação entre os novos fornos da Fazenda Limoeiro apresentando contaminação por fumaça proveniente da chaminé de um forno (Foto de 2012). 149 Figura 50 - Barrelador realizando sua atividade nos novos fornos da Fazenda Limoeiro, exposto à fumaça que atinge a zona de circulação (Foto de 2012). 150 Figura 51 - Trabalhadores expostos à poeira de carvão durante a atividade de auxílio no enchimento da pá carregadeira do trator, na Fazenda Limoeiro (Foto de 2012). 150 Figura 52 - Trabalhadores expostos à poeira de carvão durante a atividade de retirada dos “tiços” das pilhas de carvão, na Fazenda Limoeiro (Foto de 2012). 151 Figura 53 - Contaminação das zonas de circulação da nova bateria de fornos da Fazenda Limoeiro, pela poeira de carvão emitida durante o enchimento dos caminhões pelo trator (Foto de 2012). 151 Figura 54 - Plataforma móvel para acesso do carbonizado ao topo das portas dos novos fornos da Fazenda Limoeiro (Foto de 2012). 152 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 23 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 27 2.1. Processo de produção do carvão vegetal 27 2.1.1. Os fornos 29 2.1.2. Processo de carbonização e composição química da fumaça da queima da madeira 29 2.2. Emissões para a atmosfera e contaminação do ambiente de trabalho 34 2.3. Riscos à saúde por exposição à fumaça da madeira 44 2.4. HPAs e compostos carbonílicos 46 2.4.1. HPAs 46 2.4.1.1. Efeitos à saúde - carcinogenicidade 49 2.4.1.2. Limites de exposição ocupacional e padrões de qualidade do ar 51 2.4.1.3. Monitoramento biológico da exposição 53 2.4.1.4. Métodos de determinação no ar 54 2.4.2. Compostos carbonílicos 56 2.4.2.1. Efeitos à saúde – carcinogenicidade 60 2.4.2.2. Limites de exposição ocupacional e padrões de qualidade do ar 63 2.4.2.3. Monitoramento biológico da exposição 64 2.4.2.4. Métodos de determinação no ar 66 3. METODOLOGIA 67 3.1. Fase I: Reconhecimento do ambiente e das condições de trabalho nas carvoarias da região nordeste do Estado da Bahia: avaliação qualitativa do ponto de vista da higiene ocupacional 70 3.2. Fase II: Reconhecimento dos riscos à saúde dos trabalhadores, com ênfase no aparelho respiratório, por meio de entrevistas estruturadas 71 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano deSalvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 3.3. Fase III: Avaliação da exposição de trabalhadores a fumaça, na produção de carvão vegetal por meio de determinação de indicadores biológicos de HPAs 72 3.4. Fase IV: Avaliação da susceptibilidade individual em relação à exposição à fumaça, por meio do polimorfismo genético da glutationa-transferase 73 3.5. Fase V: Avaliação dos efeitos genotóxicos e mutagênicos da exposição à fumaça da queima da madeira em trabalhadores de carvoarias, por meio de investigação de danos no DNA do epitélio nasal e mutagenicidade urinária 73 3.6. Análise estatística das fases II a V 75 3.7. Fases VI a VIII: Avaliações das concentrações de compostos carbonílicos, HPAs, benzeno e poeira (total e respirável) no ar das carvoarias 76 3.7.1. Locais e períodos das coletas de amostras 76 3.7.2. Métodos analíticos adotados como referência 77 3.7.3. Amostras pessoais e estacionárias 77 3.7.4. Bombas de amostragem de ar: vazão e calibração 80 3.7.5. Duração das coletas e cálculo de concentração. 81 3.7.6. Eficiência de coleta – ocorrência de breakthrough 82 3.7.7. Compostos carbonílicos 82 3.7.7.1. Método de coleta 83 3.7.7.2. Método de análise 84 3.7.8. HPAs 85 3.7.8.1. Método de coleta 85 3.7.8.2. Método de análise 87 3.7.9. Benzeno 89 3.7.9.1. Método de coleta 89 3.7.9.2. Método de análise 89 3.7.10. Coleta e análise de poeira total e poeira respirável de carvão vegetal 91 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 93 4.1. Condições de trabalho e do ambiente nas carvoarias da região: avaliação qualitativa do ponto de vista da Higiene Ocupacional (Fase I) 93 4.1.1. Corte e transporte de madeira 96 4.1.2. O trabalho nos fornos 100 4.1.3. Transporte do carvão 106 4.1.4. EPIs 109 4.1.5. Condições das instalações, dormitórios e áreas de vivências nas carvoarias 114 4.2. Exposição a fumaça e sua relação com efeitos respiratórios, danos ao DNA no epitélio nasal e mutagenicidade urinária (Fases II a V) 117 4.2.1. Sintomas e efeitos respiratórios, danos ao DNA no epitélio nasal e exposição à fumaça da queima de madeira 118 4.2.2. Avaliação da exposição ocupacional à fumaça na produção de carvão vegetal por meio de indicadores biológicos de HPAs 121 4.2.3. Mutagenicidade urinária e exposição à fumaça da queima da madeira 124 4.2.4. Limitações e atualidade do estudo 126 4.3. Avaliação das concentrações de compostos carbonílicos e HPAs, em amostras pessoais, coletadas na zona respiratória de trabalhadores, e estacionárias, coletadas em zonas de circulação entre fornos em processo de carbonização (Fase VI) 128 4.3.1. Compostos carbonílicos 128 4.3.1.1. Ajustes nas metodologias de coleta e de análise 128 4.3.1.2. Concentrações de CC nas amostras pessoais e estacionárias 130 4.3.2. HPAs 135 4.3.2.1. Ajustes na metodologia de coleta 135 4.3.2.2. Eficiência de dessorção (ED) dos HPAs 137 4.3.2.3. Concentrações de HPAs nas amostras pessoais e estacionárias 138 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 4.4. Avaliação das concentrações de benzeno no ar em amostras estacionárias coletadas na zona de circulação entre fornos em processo de carbonização (Fase VII) 142 4.5. Avaliação das concentrações de poeira de carvão vegetal no ar, nas frações total e respirável, em amostras pessoais coletadas na zona respiratória de trabalhadores que retiravam o carvão dos fornos (Fase VIII) 144 4.6. Limitações e atualidade do estudo, no tocante às avaliações ambientais 147 4.7. Alterações tecnológicas recentes em algumas plantas de produção de carvão vegetal na região onde foi realizado o estudo 148 4.8. Publicações e apresentações de trabalhos em eventos científicos 153 5. CONCLUSÕES 157 5.1. Condições de trabalho, efeitos à saúde e monitoramento biológico da exposição 157 5.2. Avaliação ambiental dos agentes químicos 159 5.3. Equipamentos de proteção coletiva e individual 162 6. RECOMENDAÇÕES 163 APÊNDICES 166 APÊNDICE A – Termo de Consentimento Informado 166 APÊNDICE B – Questionário respondido pelos trabalhadores das carvoarias 168 APÊNDICE C – Resultados de concentrações de HPAs no ar, de todas as amostras pessoais e estacionárias coletadas 183 APÊNDICE D – Resultados de concentração de benzeno de todas as amostras estacionárias coletadas 189 APÊNDICE E – Resultados de concentração de poeira de carvão de todas as amostras pessoais coletadas (poeira total e poeira respirável) 192 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 196 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 23 1. INTRODUÇÃO De acordo com a FAO - Food and Agriculture Organization (FAO, 2014), cerca de 52 milhões de toneladas de carvão vegetal são produzidas anualmente no mundo a partir da queima de madeira. Os principais produtores são países em desenvolvimento, localizados principalmente na África, América Latina e Caribe. O Brasil, mesmo apresentando uma queda de produção de 12,5 milhões de toneladas no ano de 2002 para 7,6 milhões de toneladas em 2013, ainda aparece como o maior produtor de carvão vegetal, sendo responsável por 73% da produção da América do Sul e 14,7% da produção mundial. Em 2012, segunda dados da Agência Brasil (Agência Brasil, 2012), oito estados responderam por mais de 95% da produção de carvão vegetal do país, sendo o Estado do Mato Grosso do Sul o principal produtor, seguido pelo Maranhão, Minas Gerais e Piauí. O Estado da Bahia apareceu como o quinto maior produtor, seguido pelo Pará, Goiás e o Mato Grosso. O carvão vegetal produzido destina-se, principalmente, às indústrias siderúrgicas de ferro-gusa, de ferro-ligas e de aço, que o utiliza como combustível redutor. Estas indústrias, juntas, respondem por 88,2% do consumo do carvão vegetal do país. O maior consumidor do Brasil é o Estado de Minas Gerais, responsável por mais de 60% do consumo, enquanto que o Estado da Bahia responde por um consume entre 1 e 2% (Medeiros, 1999; Zuchi, 2002; SBS, 2008). Associadas à produção de carvão vegetal estão as atividades de reflorestamento (plantio, manutenção e corte das árvores) e de transporte (da madeira e do próprio carvão), geralmente realizadas por empresas terceirizadas. Em 2001, a mão-de-obra total envolvida, desde o corte da madeira até o transporte do carvão para as siderurgias, era de aproximadamente 65.000 trabalhadores diretos e 280.000 indiretos (ABRACAVE, 2001 apud SBS, 2001). Dados mais recentes (ABRAF, 2013) mostram que em 2012 o número de empregos no segmento da Siderurgia a Carvão Vegetal associado às florestas plantadas foi de cerca de 15.000 diretos e 157.000 indiretos. Vale ressaltar que as metodologias adotadas pelas instituições citadas (ABRACAVE e ABRAF) nas estimativas da mão de obra empregada foram diferentes, podendo dificultar a comparação desses números. Os números da ABRAF não contemplam, por exemplo, a mão de obra envolvida na produção de carvão a partir de florestas nativas. A madeira utilizadapara a produção de carvão é proveniente de áreas de reflorestamento (florestas plantadas com eucalipto ou pinho) e de florestas nativas, neste último caso, Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 24 contribuindo para um aumento no desequilíbrio ecológico e na produção de gases do efeito estufa, haja vista que a maioria das áreas desmatadas é convertida em pasto para a criação de gado e não são reflorestadas. Em 1980, 85,9% do carvão vegetal produzido eram provenientes de florestas nativas. Este número caiu para 25% em 1997, mas voltou a subir vertiginosamente chegando a quase 50% entre 2004 e 2008. Em 2005 o Estado da Bahia foi o maior produtor de carvão vegetal proveniente de florestas nativas (26,9%), seguido do Mato Grosso do Sul (18,8%), Maranhão (16,9%), Goiás (10,8%) e Minas Gerais (10,4%) (ABRAF, 2013; Uhlig et al. 2008; AMS, 2009). Em 1999, dando continuidade a um trabalho realizado em 1993, a então Subdelegacia Regional do Trabalho de Camaçari, Bahia, atual Gerência Regional do Trabalho e Emprego (GRTE) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), retomou a ação fiscal nas carvoarias de sua jurisdição como parte do projeto Inspeção dos Ambientes e Condições do Trabalho e sub- projeto Diagnóstico e Melhoria das Condições de Trabalho na Área do Reflorestamento e das Carvoarias Pertencentes à Jurisdição da Subdelegacia de Camaçari, ambos coordenados pelas Auditoras Fiscais Lúcia Maria Rocha Lima Nunes e Maria Lúcia Pizzolato de Lucena. A ação fiscal foi realizada nos Municípios de Água Fria, Alagoinhas, Conde, Entre Rios, Esplanada, Inhambupe e Ouriçangas, situados na região nordeste do Estado. Nesta região, há uma extensa área plantada, predominantemente com eucalipto, que vai desde a linha verde até o recôncavo baiano, e cuja produção de madeira era dirigida para as indústrias de celulose e para as carvoarias de duas grandes indústrias siderúrgicas, que produziam ferro-ligas e aço, localizadas nos Municípios de Pojuca e de Simões Filho: a FERBASA Cia de Ferro Ligas da Bahia e a SIBRA Eletrosiderúrgica, atual Vale Manganês SA. As duas siderúrgicas eram, em geral, as proprietárias das baterias de fornos, mas a produção do carvão, desde o corte da madeira até o transporte, era feita com mão de obra terceirizada. No ano 2001, 17 empresas subcontratadas que foram fiscalizadas eram responsáveis pela atividade de plantio, corte e transporte da madeira e da produção de carvão, e empregavam cerca de 1.473 trabalhadores, divididos em pequenos grupos que cobriam todas as áreas (DRT-BA, 2002?). Apesar da maior parte do carvão produzido ser destinada aos fornos das indústrias siderúrgicas, as condições de trabalho nas carvoarias eram bastante precárias. Faltavam energia, água potável, alojamento, instalações sanitárias e refeitórios. Na maioria das áreas de corte de madeira e das carvoarias os trabalhadores dormiam em alojamentos, alguns improvisados com madeiras cortadas no próprio local, cobertos com lonas plásticas e só retornavam para as suas Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 25 casas nos finais de semana, de 15 em 15 dias, ou até mesmo mensalmente. Os empregadores, sejam eles contratantes ou subcontratados, não forneciam os equipamentos de proteção individual básicos, como luvas, botas, capacetes, máscaras contra pó, filtros contra gases, e não realizavam os exames médicos e biológicos periódicos nos trabalhadores, conforme previsto em lei. Também não haviam implantado as CIPATR – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural e nem possuíam Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e nem Programa de Proteção Respiratória (PPR). Até 1993 ainda existia nesta região o trabalho infantil e o trabalho escravo. Nas auditorias realizadas a partir de 1999, o trabalho infantil não foi mais encontrado nesta região (DRT-BA, 2002?). O processo de produção envolve, entre outras etapas, o enchimento dos fornos, a queima ou carbonização da madeira em ambiente com pouca presença de ar e a retirada do carvão produzido. Todo o processo era realizado de forma manual, demandando muito esforço físico por parte dos trabalhadores e o controle da carbonização era realizado de forma totalmente empírica, baseando-se na observação visual da coloração da fumaça. Nesta fase, várias substâncias químicas são emitidas para a atmosfera na forma de gases, vapores e de material particulado, provocando a contaminação do ar e a consequente exposição dos trabalhadores. Já durante a retirada do carvão ocorre muita geração de poeira em suspensão no ar, a qual, em razão do grande esforço físico requerido pela atividade, é inevitavelmente inalada pelos trabalhadores envolvidos na atividade. As partículas de poeira podem conter, adsorvidas em sua superfície e em seus poros, substâncias orgânicas voláteis e semi-voláteis, tóxicas para os seres humanos, tornando ainda mais complexa a caracterização da verdadeira exposição dos trabalhadores. A exposição dos trabalhadores carvoeiros aos agentes químicos, associada à precariedade das condições de trabalho e à ausência dos programas de prevenção dos riscos e de vigilância da saúde (PPRA, PCMSO, PPR), chamou a atenção dos auditores fiscais do trabalho. Os auditores também não encontraram na legislação brasileira e nem na literatura mundial, informações sobre a exposição ocupacional de trabalhadores carvoeiros a agentes químicos, os efeitos sobre a saúde e parâmetros de vigilância (exames clínicos, indicadores biológicos de exposição e efeito). Diante deste cenário, a GRTE/MTE - Camaçari solicitou à FUNDACENTRO/CRBA a realização de uma investigação sobre o tema. Ficou logo claro que mesmo na literatura internacional havia uma lacuna de conhecimento cientifico e falta de divulgação de informações Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 26 técnicas em relação ao processo de produção do carvão ligada à indústria siderúrgica e a saúde de trabalhador. A FUNDACNETRO, então, propõe um estudo, inserido no Projeto Avaliação de Agentes Carcinogênicos/Mutagênicos em Ambientes de Trabalho, pertencente ao Programa de Segurança Química da FUNDACENTRO, cujos objetivos foram: 1) Conhecer o ambiente, as condições de trabalho e os fatores de riscos para a saúde dos trabalhadores, nas carvoarias da região. 2) Avaliar os efeitos genotóxicos e mutagênicos da exposição à fumaça da queima da madeira em trabalhadores das carvoarias da região. 3) Avaliar a exposição de trabalhadores a agentes químicos carcinogênicos e irritantes, em carvoarias da região. Este relatório apresenta o conhecimento acumulado e os resultados do estudo realizado pela FUNDACENTRO/CRBA durante o período de 2001 a 2013 em carvoarias não mecanizadas localizadas na região de jurisdição da GRTE/MTE – Camaçari, Bahia. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta27 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Processo de produção do carvão vegetal Apesar do fato da produção de carvão vegetal ser um processo antigo, praticado desde a Era do Ferro, a falta de literatura técnico-cientifica disponível na época especifica sobre ambiente de trabalho na produção de carvão vegetal no Brasil e no mundo foi um dos grandes incentivos para se iniciar o projeto. A produção pode ter uma escala bem pequena para consumo do carvão na cozinha ou no aquecimento de residências (GIRARD, 2002; SMITH et al, 1999), ou ter uma escala mais industrial e fazer parte da produção do ferro-gusa (ROSILLO-CALLE et al., 1996). Esta revisão tem como foco esta última forma de produção do carvão vegetal, no Brasil. As principais fontes bibliográficas que versam sobre as condições de trabalho nesse processo são posteriores à data do início do projeto. Dentre eles, tratam especificamente das carvoarias brasileiras, a tese de mestrado “A evolução na produção de carvão vegetal e suas repercussões na produtividade e qualidade do carvão, nas condições de trabalho e no meio ambiente: estudo comparativo” (ZUCHI, 2001) e os artigos “Das carvoarias às plantas de carbonização: O que mudou na Segurança e Saúde dos Trabalhadores” (ZUCHI, 2002) e “Processo de trabalho e saúde dos trabalhadores na produção artesanal de carvão vegetal em Minas Gerais, Brasil” (DIAS et al., 2002) que tratam das carvoarias no estado de Minas Gerais e, o artigo, fruto já do projeto, “Charcoal producing industries in northeastern Brazil” (indústrias produtoras de carvão do nordeste brasileiro) (KATO et al., 2005). As árvores, sejam elas provenientes de florestas nativas ou de áreas plantadas, são cortadas, desgalhadas (retirada dos galhos) e retalhadas em troncos de tamanhos apropriados para os fornos, após o que são transportados para as carvoarias. Os troncos são inicialmente empilhados nas proximidades dos fornos para, em seguida, serem transportados e arrumados, manualmente e com grande esforço físico, dentro dos mesmos. As portas dos fornos são fechadas com tijolos e com barro (argila), após o que é realizada a ignição, colocando-se fogo em uma abertura localizada no topo ou na lateral dos mesmos, a depender do tipo de forno adotado. A combustão incompleta da madeira é a condição básica para a produção do carvão e é chamada de carbonização (SMITH et al., 1999; DIAS et al., 2002; ZUCHI, 2001; ZUCHI, 2002; KATO et al.,2003). Finda a combustão, após o resfriamento do forno, o carvão é removido Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 28 manualmente e empilhado na parte externa, onde ficará aguardando ser carregado para os caminhões que farão o transporte para o seu destino final. O fluxograma simplificado do processo de produção de carvão vegetal está representado na Figura 1. 4.1.1.a.1.1.1 Figura 1 - Fluxograma simplificado do processo de produção do carvão vegetal Corte da Madeira Transporte e Empilhamento na Porta dos Fornos Abastecimento dos Fornos Carbonização e Resfriamento Retirada do Carvão de dentro dos Fornos Transporte do Carvão para as Siderúrgicas Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 2.1.1. Os Fornos No passado, os fornos eram predominantemente construídos no solo, em covas retangulares, próximas à área que estava sendo explorada. Estes processos ainda podem ser encontrados em algumas regiões carentes do Brasil, África e Ásia. Têm baixo rendimento e agridem severamente as raízes das árvores, matando-as por aquecimento do solo. Também eram muito comuns os modelos de fornos construídos de barro, conhecidos como “rabo quente” (GIRARD, 2002). Atualmente, a maioria dos fornos é de alvenaria, construídos com tijolos e com barro (argila do próprio local) e pode ter formato cilíndrico ou semicircular (Figuras 2 e 3). O diâmetro interno varia de 3 a 8 metros, sendo os de 5 metros os mais comuns. A altura no centro do forno é variável, dependendo da capacidade de produção e da tecnologia adotada, sendo os de 2,15 metros os mais comuns. Todos os fornos de alvenaria são dotados de orifícios, chamados de tatus e baianas, distribuídos ao longo das paredes e no topo dos fornos, por onde sai a fumaça oriunda da queima da madeira. Também possuem chaminés localizadas nas laterais e esta é uma opção que garante a produção de um carvão de melhor qualidade. Os fornos do tipo “rabo quente” não possuem chaminés. No Estado de Minas Gerais existem carvoarias onde os fornos são retangulares e comportam a entrada de gruas ou caminhões, para a colocação da madeira e descarga do carvão. Esses fornos contam com câmara de combustão externa e/ou sistemas recuperadores de alcatrão (ZUCHI, 2001; ZUCHI, 2002; FERREIRA, 2000; SMITH et al., 1999). Esta condição, no entanto, ainda não existia nas carvoarias do Estado da Bahia no início do estudo. 2.1.2. Processo de carbonização e composição química da fumaça da queima da madeira A composição química da fumaça proveniente da queima da madeira já tem sido alvo de alguns estudos e publicações, a maioria deles realizado em escala piloto, em laboratório e relacionado com o uso da madeira em lareiras e fogões à lenha residenciais (LARSON & KOENIG, 1994; LEMIEUX, et al., 1999; SCHAUER et al., 2001). Alguns autores brasileiros, como Rezende e colaboradores (1994), Ferreira (2000) e Pimenta e colaboradores (2000), realizaram estudos laboratoriais utilizando condições similares às adotadas em carvoarias. Todos os estudos aqui referidos revelaram que a fumaça é constituída por uma mistura bastante complexa de centenas de substâncias químicas, incluindo muitos hidrocarbonetos oxigenados, e policíclicos aromáticos, conforme será visto adiante. Exceto o trabalho de Zuchi (2001), não Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 30 foram encontrados na literatura outros estudos que tenham sido realizados em ambientes de trabalho reais de carvoarias. O processo de carbonização pode ser dividido em quatro fases (FERREIRA, 2000): a) secagem da madeira, com vaporização da água; b) pré-carbonização, fase ainda endotérmica em que se obtém uma fração do líquido pirolenhoso e pequena quantidade de gases não condensáveis; c) carbonização, reação rápida e exotérmica, na qual parte da madeira é carbonizada e a maioria do alcatrão solúvel e do ácido pirolenhoso são liberados; d) carbonização final, com a formação da maior parte do carvão. Figura 2 - Forno de alvenaria, cilíndrico, apresentando os orifícios e chaminés por onde sai a fumaça e realiza-se o controle da carbonização (Foto de 2002). Orifício superior; onde se coloca o fogo inicial. Orifícios (tatús e baianas). Chaminé Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 31 Figura 3 - Forno de alvenaria, semicircular,apresentando os orifícios e chaminés por onde sai a fumaça e realiza-se o controle da carbonização (Foto de 2002). O controle do processo de carbonização é feito visualmente por um trabalhador (denominado de carbonizador) que vai fechando gradativamente os orifícios com barro, à medida que a fumaça emitida, que inicialmente era esbranquiçada, se torna azulada (Figuras 4 e 5). Quando todos os orifícios estão fechados, inclusive as chaminés, o forno já está em processo de resfriamento. Um trabalhador, denominado de “barrelador”, realiza o processo de revestimento (“barrelamento”) das paredes, portas e frestas do forno, com uma mistura de barro (argila) e água, para facilitar o processo de resfriamento de todos os fornos nesta condição. Todo o processo da queima até o resfriamento e descarga dura de cinco a nove dias, a depender se a madeira está seca ou úmida e do tamanho do forno. Os fornos de 5 m de diâmetro produzem até 25 m 3 de carvão por fornada, dependendo da eficiência da carbonização. A eficiência real é bastante inferior à teórica, principalmente por não haver recuperação do alcatrão e não serem usados os gases não condensáveis na maioria das instalações (REZENDE et al., 1994; FERREIRA, 2000; DIAS et al., 2002). Orifício superior; onde se coloca o fogo inicial. Orifícios (tatús e baianas). Chaminé Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 32 Figura 4 - Forno emitindo fumaça nas tonalidades branca, parda e azul, após estar carbonizando por um ou dois dias (Foto de 2002). Figura 5 - Forno carbonizando há mais de dois dias (Foto de 2002). Na Tabela 1 encontram-se os produtos de carbonização, obtidos em laboratório, do Eucalyptus grandis, uma das espécies mais utilizadas na produção de carvão vegetal. A Tabela 2 apresenta as composições do líquido pirolenhoso, dos gases não condensáveis e do alcatrão vegetal. Fumaça Branca Fumaça Azul Fumaça Parda Fumaça Branca Fumaça Parda Fumaça Azul Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 33 Tabela 1 - Produtos da carbonização de madeira anidra. Produto (% massa) Carvão com 86% de carbono fixo 33,0 - 35,0 Líquido pirolenhoso (ou Ácido pirolenhoso) 33 - 35,5 Alcatrão vegetal insolúvel 6,5 - 7 Gases não condensáveis 25,0 Fonte: REZENDE et al., 1994; FERREIRA, 2000. Tabela 2 - Constituintes principais dos gases não condensáveis e do líquido pirolenhoso. Produto Composição (% massa) Hidrogênio 0,63 Monóxido de Carbono (CO) 33 - 34 Gases não condensáveis Dióxido de Carbono (CO2) 57- 62 Metano 2,4 - 8 Etano 0,13 Água 80 Ácido Acético 9,3 Ácido Fórmico 0,3 Ácidos Superiores 0,4 Ácido pirolenhoso Metanol 3,3 Acetona 0,8 Acetato de Metila 0,5 Alcatrão Dissolvido 5,0 Outros 0,5 Água 20 Piche 50 Ácido acético 2,0 Alcatrão vegetal Fenóis 0,6 Guaiacóis 5,5 Cresóis 1,5 Siringóis 14,5 Outros 5,9 Fonte: REZENDE et al., 1994; FERREIRA, 2000. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 34 A composição da matéria volátil gerada nos fornos depende fortemente da temperatura de carbonização, da espécie da madeira e da idade da árvore. As classes de compostos químicos presentes no alcatrão vegetal são típicas de estruturas moleculares dos vegetais. Apesar de possuírem alguns constituintes em comum, como os fenóis e cresóis, o alcatrão vegetal apresenta composição e características totalmente diversas do alcatrão mineral, gerado no processo de produção de coque de carvão mineral. Como exemplo, a presença de estruturas de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos (HPAs) no alcatrão vegetal é menor do que no alcatrão mineral, predominando no primeiro as estruturas do guaiacol e siringol, interligadas por estruturas alifáticas (REZENDE et al., 1994; FERREIRA, 2000). Vários HPAs já foram identificados diretamente no alcatrão vegetal gerado na combustão de eucalipto em estudos laboratoriais (PIMENTA et al., 2000). Larson e Koenig (1994) relatam a presença de guaiacol (e derivados), siringol (e derivados), metoxi fenóis, metoxi benzenos, fenóis, catecóis, benzeno e alquil benzenos, como produto da combustão da madeira e apresentam uma extensa revisão da literatura sobre os constituintes da fumaça gerada na queima. A Tabela 3 apresenta alguns dos principais compostos relatados. Além do naftaleno, outros 19 HPAs foram descritos, incluindo o benzo[a]pireno, o benzo[a]antraceno e o benzo[b]fluoranteno, mas em quantidades bem menores. 2.2. Emissões para a atmosfera e contaminação do ambiente de trabalho Emissões com altas concentrações de benzeno, metanol e particulados totais foram encontradas durante a queima de uma variedade de carvalho em um forno experimental. As emissões de benzeno estavam na ordem de 2 g/kg de madeira inicial. Tolueno e estireno estavam presentes no fumo na ordem de décimos de g/kg. Entre as substâncias orgânicas semi-voláteis o fenol e o naftaleno, estavam entre os componentes mais abundantes, seguidos do acenaftileno, do 2-metil naftaleno e do fenantreno. A quantidade de particulados total emitida foi da ordem de 10g/Kg de madeira convertida a carvão e 60 a 75% das partículas tinham um diâmetro aerodinâmico inferior a 2,5 m. O autor conclui que, na prática, é possível que a quantidade de material particulado emitida seja bem maior, devido ao fato de que as temperaturas atingidas nos testes foram mais elevadas do que as condições típicas de um ambiente real (LEMIEUX et al., 1999). Larson e Koenig (1994), contudo, relataram que os estudos conduzidos por vários pesquisadores sobre a distribuição de tamanho das partículas na fumaça da madeira não Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 35 encontraram partículas maiores do que 1m, justificado pelo fato de a maior parte desse material particulado ser gerada por condensação. Tabela 3 - Composição química da fumaça da queima de madeira. Produto (g/kg de madeira) Monóxido de carbono 80 - 370 Metano 14 - 25 C2 – C7 7 - 27 Formaldeído 0,1 - 0,7 Acroleína 0,02 - 0,1 Propionaldeído 0,1 - 0,3 Butiraldeído 0,01 - 1,7 Acetaldeído 0,03 - 0,6 Furfural 0,2 - 1,6 Benzeno 0,6 – 4,0 Tolueno 0,15 – 1,0 Ácido acético 1,8 – 2,4 Naftaleno 0,24 – 1,6 Fenol (e derivados) 0,2 – 0,8 Fonte: LARSON; KOENIG, 1994. Schauer e colaboradores (2001) mediram as emissões para a atmosfera, na fase gasosa e no material particulado, de cerca de 175 compostos orgânicos contendo de um a 29 carbonos (C1 a C29), provenientes da combustão de três tipos de madeiras utilizadas em lareiras residenciais: carvalho, pinho e eucalipto. As principais substâncias identificadas na fase gasosa e no material particulado estão apresentadas na Tabela 4. Dentre as substâncias identificadas estão compostos carbonílicos, como o acetaldeído, oformaldeído, hidrocarbonetos aromáticos, como o benzeno e o tolueno, hidrocarbonetos alifáticos, como o 1,3-butadieno, e HPAs, como o naftaleno, todos de relevante interesse nos estudos envolvendo a saúde dos trabalhadores. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 36 Tabela 4 - Emissões atmosféricas de compostos orgânicos presentes na fumaça de madeira. Produto (mg/kg de madeira) Pinho Eucalipto Carvalho FG* MP** FG MP FG MP Aldeídos e Cetonas (Compostos carbonílicos) Acetaldeído 1704 - 1021 - 823 - Acetona 749 - 79 - 462 - Acroleína 63 - 56 - 44 - Benzaldeído 49 - 21 - 16 - Biacetil 89 - 73 - 73 - Butanal/Isobutanal 96 - 31 - 62 - Butanona 215 - 77 - 115 - Coniferil aldeído - 230 - 19,3 - 15,1 Crotonaldeído 276 - 198 - 177 - 2,5-Dimetilbenzaldeído 12 - 50 - 20 - Formaldeído 1165 - 599 - 759 - Furfural 111 - 161 - 200 - Glioxal 670 - 616 - 439 - Guaiacil acetona 88,6 118 143 29,0 123 33,7 Heptanal 419 - 626 - 77 - Hexanal 418 - 189 - 90 - Hidroxibenzaldeídos 12,1 7,91 11,4 0,32 14,1 0,53 Hidroximetilfurfural 142 62,3 439 30,8 145 64,5 Metilglioxal 943 - 520 - 321 - 2-Oxobutanal 241 - 337 - 194 - Pentanal 32 - 28 - 88 - Propanal 255 - 155 - 153 - Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 37 Tabela 4 - Emissões atmosféricas de compostos orgânicos presentes na fumaça de madeira (continuação). Produto (mg/kg de madeira) Pinho Eucalipto Carvalho FG* MP** FG MP FG MP Hidrocarbonetos Alifáticos Acetileno 702 - Nd *** Nd Nd Nd 1,3 – Butadieno 117 - Nd Nd Nd Nd Etano 428 Nd Nd Nd Nd Eteno 1120 Nd Nd Nd Nd Metano 4120 - Nd Nd Nd Nd Propeno 429 - Nd Nd Nd Nd Outros 627 4,2 1,0 0,47 1,5 0,83 Hidrocarbonetos Aromáticos Benzeno 383 - Nd Nd Nd Nd Etilbenzeno 22,9 - Nd Nd Nd Nd Tolueno 158 - Nd Nd Nd Nd Xilenos (o+p+m) 78,1 - Nd Nd Nd Nd HPAs Acenafteno 2,0 - 0,9 - 1,2 - Acenaftileno 18,6 - 10 - 10,8 - Antraceno 3,4 0,22 1,76 0,006 2,13 0,02 Benzo[a]antraceno - 1,22 0,03 0,53 - 0,63 Benzo[a]pireno - 0,71 - 0,30 - 0,24 Benzo[b]fluoranteno - 0,79 - 0,33 - 0,40 Benzo[k]fluoranteno - 0,67 - 0,29 - 0,30 Benzo[g,h,i]perileno - 0,44 - 0,17 - - Fenantreno 15,7 0,67 8,1 0,07 9,2 0,07 Fluoranteno 3,0 3,95 3,75 0,51 3,61 1,2 Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 38 Tabela 4 - Emissões atmosféricas de compostos orgânicos presentes na fumaça de madeira (continuação). Produto (mg/kg de madeira) Pinho Eucalipto Carvalho FG* MP** FG MP FG MP Fluoreno 4,4 - 2,6 - 3,8 - Indeno[1,2,3-cd]pireno - 0,52 - 0,17 - - Metilantraceno 1,1 0,30 0,52 - 0,68 0,04 Metilfenantrenos (soma) 6,8 1,8 3,4 - 4,6 0,26 Metilnaftalenos (soma) 39,4 - 17,2 - 27,5 - Naftaleno 227 - Nd - Nd - Pireno 1,9 3,8 1,4 0,3 2,4 1,2 Outros HPAs 6,8 23,2 2,6 3,6 5,2 7,0 Outros compostos Ácidos n-alcanóicos 2,4 68,5 - 49,3 - 52,9 Ácidos n-alcenóicos - 77,9 - 35,3 - 23,4 Fenóis e fenóis substituídos 1447 123 785 61 805 260 Guaiacóis 1243 168 480 2,8 536 4,1 HPAs Cetonas 24,5 7,2 12,3 1,8 19,8 1,5 Levoglucosan - 1375 - 1940 - 706 Outros açúcares - 403 - 77 - 75 Outros ácidos - 309 - 0,42 - 7,3 Siringóis 0,79 - 555 448 837 352 * FG = Fase Gasosa ** MP = Material Particulado ***Nd = não determinado Fonte: SCHAUER et al., 2001. No início do projeto foram encontradas três publicações brasileiras relacionadas com a composição química da fumaça da queima de madeira (eucalipto) em fornos de carvoarias. Essas publicações foram produzidas a partir de um estudo, também realizado em escala piloto, em um único forno construído no próprio campus da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Foram identificadas mais de 130 substâncias químicas na fumaça produzida na carbonização de eucalipto, conforme mostrado na Tabela 5. Os autores destacaram a presença de HPAs, alquil- Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 39 HPAs, oxi-HPAs, metoxifenois e fenóis e alertaram para o risco para a saúde dos trabalhadores de carvoarias, enfatizando a necessidade de se estender os estudos para outros tipos de madeira, no sentido de avaliar o risco de câncer e determinar as concentrações de HPAs e de outras substâncias às quais os trabalhadores carvoeiros estejam expostos (RÉ-POPPI; SANTIAGO- SILVA, 2001; RÉ-POPPI; SANTIAGO-SILVA, 2002; BARBOSA, 2002). Utilizando o mesmo forno de alvenaria da UFMS, Barbosa e colaboradores (2006) determinaram as concentrações de 16 HPAs, nas fases gasosa e de material particulado, emitidos durante a queima da mesma espécie de eucalipto (Eucalyptus sp). Os 16 HPAs determinados foram: naftaleno, acenaftileno, acenafteno, fluoreno, fenantreno, antraceno, fluoranteno, pireno, benzo[a]antraceno, criseno, benzo[b]fluoranteno, benzo[k]fluoranteno, benzo[a]pireno, indeno[1,2,3-cd]pireno, benzo[g,h,i]perileno e dibenzo[a,h]antraceno. Apesar de não ter sido conduzido em um ambiente de trabalho real, o estudo determinou as concentrações atmosféricas dos 16 HPAs em amostras estacionárias coletadas a uma altura de 1,6 m do solo, ou seja, na altura média da zona respiratória, e a uma distância de 1,5 m do forno, que corresponde a uma zona de circulação de pessoas, no sentido da pluma da fumaça. As amostras foram coletadas em períodos de 8h, período idêntico ao da jornada típica de trabalho no Brasil e durante 30h de carbonização de 6 m 3 de madeira. Os autores afirmam que detectaram todos os 16 HPAs emitidos na fumaça. Os mais abundantes foram os oito primeiros (de naftaleno a pireno), sendo que o naftaleno representou cerca de 50% da quantidade total dos HPAs. O naftaleno só foi detectado na fase gasosa, em concentrações variando entre 0,8 e 34 µg/m 3 (microgramas por metro cúbico), com média de 11 µg/m 3 . As maiores concentrações de naftaleno ocorreram nas primeiras 8h de carbonização. As concentrações médias totais dos 16 HPAs estiveram em torno de 24 µg/m 3 na fase gasosa e 3 µg/m 3 no material particulado, respectivamente. Esta foi a primeira publicação relatando as concentrações atmosféricas de 16 HPAs emitidos durante a carbonização de eucalipto para a produção de carvão vegetal, determinadas na altura média da zona respiratória. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 40 Tabela 5 - Substâncias identificadas na fumaça da queima de eucalipto para produção de carvão vegetal em estudo piloto na UFMS. Pico N° Substância Provável Pico N° Substância Provável 1 o-cresol 78 4-etilfenantreno 2 m,p-cresol 79 3-etilfenantreno ou isômero 3 2-metoxifenol (o-guaiacol) 809-etilfenantreno ou 3,6-dimetilfenantreno, ou isômero 4 3- ou 2-etilfenol ou dimetilfenol 81 não identificado 5 dimetilfenol (2,5-,ou 2,6-, ou 2,4- xilenol) 82 1-etilfenantreno ou isômero 6 dimetilfenol (?) 83 3,5-dimetilfenatreno ou isômero 7 dimetilfenol (?) 84 não identificado 8 dimetilfenol (?) 85 dihidropireno ou isômero 9 4-metilguaiacol 86 fluoranteno 10 1,2-benzenodiol (o-catecol) ou isômero 87 4,9-/4,10-/1,9- dimetilfenantreno 11 naftaleno 88 não identificado 12 2,4,6-trimetilfenol ou isômero 89 acefenantrileno 13 2-ethyl-5-methylphenol or isômero 90 pireno 14 trimetilfenol ou metil-etil-fenol 91 benzonaftofurano (?) 15 -metil-1,2-benzenodiol 92 benzonaftofurano (?) 16 3-metoxipirocatecol 93 metilpireno ou isômero 17 trimetilfenol ou isômero 94 metilfluoranteno ou metilacefenantrileno 18 2,3,5-trimetilfenol ou isômero 95 não identificado 19 p-etilguaiacol 96 metilfluoranteno ou metilpireno 20 1-indanona 97 benzo[a]fluoreno Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 41 Tabela 5 - Substâncias identificadas na fumaça da queima de eucalipto para produção de carvão vegetal em estudo piloto na UFMS (continuação). Pico N° Substância Provável Pico N° Substância Provável 21 4-metilcatecol 98 não identificado 22 -metil-1,2-bezenodiol 99 benzo[b]fluoreno 23 2-metilnaftaleno 100 2-metilpireno ou isômero 24 2,6-dimetoxifenol (siringol) 101 não isômero 25 4-alilguaiacol (p-eugenol) 102 metilpireno ou isômero 26 2-metoxy-4-propilfenol (p-propilguaiacol) 103 1-metilpireno 27 -dimetil-1,2-benzenodiol (C2-catecol) 104 não identificado 28 1,1’bifenil ou isômero 105 dihidrocriseno ou isômero 29 4-hidroxi-3-metoxibenzaldeído 106 dimetilpireno ou dimetilfluoranteno 30 cis-4-propenilguaiacol (isoeugenol) 107 2,7-dimetilpireno 31 1,2,3-trimetoxibenzeno (metilsiringol) 108 7H-benzo[c]fluoreno-7-one ou isômero 32 4-propenilguaiacol (trans-isoeugenol) 109 benzo[c]fenantreno 33 acenaftileno 110 benzo[g,h,i]fluoranteno 34 4-acetil-2-metoxifenol (acetovanilona) 111 11H-benzo[b]fluoreno-11- one 35 difenilmetano or metilbifenil 112 ciclopenta[cd]pireno 36 acenafteno 113 benzo[a]antraceno 37 naftalenocarboxaldeído 114 criseno + trifenileno 38 etilsiringol 115 7H-benzo[de]antraceno-7- one 39 acetonilguaiacol 116 metilbenzo[a]antraceno ou isômero Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 42 Tabela 5 - Substâncias identificadas na fumaça da queima de eucalipto para produção de carvão vegetal em estudo piloto na UFMS (continuação). Pico N° Substância Provável Pico N° Substância Provável 40 trimetilnaftaleno 117 metilcriseno ou isômero 41 fenaleno 118 11-metilbenzo[a]antraceno 42 dibenzofurano 119 2-metilbenz[a]antraceno 43 fluoreno 120 metilbenzo[a]antraceno ou isômero 44 4-allylsyringol 121 dimetilbenzo[a]antraceno ou isômero 45 metilfluoreno 122 4H-ciclopenta[def]criseno ou isômero 46 metilnaftol 123 binaftaleno ou isômero 47 metilacenaftileno 124 4H-ciclopenta[def]trifenileno ou isômero 48 metilnaftol 125 4-metilcriseno 49 dimetilbifenil 126 binaftaleno ou isômero 50 cis-propenilsiringol 127 1-metilcriseno 51 metildibenzofurano 128 2,2’-binaftaleno ou isômero 52 siringaldeído 129 benzo[b]fluoranteno 53 metildibenzofurano 130 benzo[k]fluoranteno 54 metildibenzofurano 131 benzo[a]fluoranteno 55 trans-propenilsiringol 132 dibenzonaftofurano ou isômero 56 m-,or p-hidroxibifenil 133 não identificado 57 metilfluoreno (?) 134 benzo[e]pireno 58 metilfluoreno (?) 135 dibenzonaftofurano ou isômero Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta Tabela 5 - Substâncias identificadas na fumaça da queima de eucalipto para produção de carvão vegetal em estudo piloto na UFMS (continuação). Pico N° Substância Provável Pico N° Substância Provável 59 metilfluoreno ou dihidroantraceno 136 benzo[a]pireno 60 4-acetilsiringol 137 dibenzonaftofurano 61 9,10-dihidrofenantreno 138 perileno 62 9-fluorenona 139 benzo[g]criseno ou isômero 63 2-hidroxidibenzofurano 140 dibenzo[a,j]antraceno 64 fenantreno 141 indenopireno ou isômero 65 antraceno 142 indeno[1,2,3-cd]pireno 66 1-fenilnaftaleno 143 dibenzo[a,h]antraceno 67 metilfenantreno ou metilantraceno (?) 144 benzo[b]criseno 68 metilfenantreno ou metilantraceno (?) 145 Benzo[g,h,i]perileno 69 1H-fenaleno-1-ona 146 Dibenzo[def,mmo]criseno 70 3-metilfenantreno ou isômero 71 4H-ciclopenta[def]fenantreno 72 2-metilfenantreno ou isômero 73 2-metilantraceno ou isômero 74 ácido n-hexadecanóico 75 metilfenantreno ou metilantraceno (?) 76 2-fenilnaftaleno 77 4,5,9,10-tetrahidropirene Fonte: RÉ-POPPI; SANTIAGO-SILVA, 2002. Av. Tancredo Neves, S/Nº - Rua Alceu Amoroso Lima, Nº 142 - Centro Metropolitano de Salvador-Ba - CEP: 41820-770 Telefone: (071) 3272-8850 - Fax: (071) 3272-8877 -CGC: 62.428.073/0017-01 - Inscrição Estadual: Isenta 44 No estudo conduzido por Zuchi (2001), concentrações de poeira respirável foram determinadas na zona respiratória dos trabalhadores durante o ciclo completo de descarregamento de carvão dos fornos de superfície e retangulares. Seu objetivo foi avaliar o potencial silicótico da poeira de carvão a partir da determinação dos teores de sílica livre cristalizada na fração respirável da poeira coletada. Segundo o autor, a sílica livre poderia ser originária do solo pela movimentação das máquinas fora do forno, quando ocorre a poeira em suspensão. As concentrações de poeira respirável medidas estiveram entre 0,9 e 7,2 mg/m 3 (miligramas por metro cúbico de ar), mas apenas uma das 5 amostras coletadas apresentou teor de sílica livre de 1,1%. O mesmo autor também determinou as concentrações de monóxido de carbono (CO) em diferentes situações durante a carbonização em fornos de superfície sem câmara de combustão e encontrou concentrações variando entre 10 e 120 ppm (partes por milhão, em volume). O autor alerta para a possibilidade de as concentrações de CO ultrapassarem o Valor Máximo Permitido (58,5 ppm) pela legislação brasileira vigente, para picos de concentração, caracterizando-se uma situação de Risco Grave e Iminente (BRASIL, 1978). Ellegard (1994) determinou concentrações médias ponderadas no tempo de poeira respirável e concentrações instantâneas de monóxido de carbono (CO) em produtores de carvão vegetal da Zâmbia que utilizavam fornos com capacidade em torno de 15 m 3 de madeira, ou seja, menores do que os existentes na região abrangida pelo nosso estudo. As concentrações de poeira respirável estiveram na faixa de 0 a 6,7 mg/m 3 , enquanto que as de CO estiveram entre 0 e 82 ppm. Contudo, não foi possível concluir quais atividades foram contempladas durante as coletas de amostras de poeira e medições das concentrações de CO. 2.3. Riscos à saúde por exposição à fumaça da madeira Vários compostos emitidos na queima da madeira são agentes mutagênicos ou carcinogênicos para seres
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