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Resumo empreendedorismo(13)

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COMPORTAMENTO 
EMPREENDEDOR 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Elton Schneider 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
“Empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, 
dedicando tempo e esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, 
psicológicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes 
recompensas da satisfação econômica e pessoal” (Hisrich, 2014). 
Tal definição não passa a sensação de que o empreendedor é uma 
espécie de Super-Homem ou, ao menos, alguém muito especial? Daí surge o 
mito de que o empreendedor é alguém raro, altamente qualificado e além do 
alcance de nós, simples mortais. O mito é algo criado pelo imaginário popular e 
que se torna verdade sem que ninguém o questione. Felizmente, ser um 
empreendedor não é missão para escolhidos ou pessoas “fora da curva de 
normalidade”. Todos nós podemos e devemos ser empreendedores. 
A partir desta aula, derrubaremos esse mito e mostraremos que é, sim, 
possível agirmos em nossa vida, no campo pessoal, social ou profissional, como 
verdadeiros e eficazes empreendedores. Conheceremos, portanto, mais sobre 
essa figura cada vez mais importante à sociedade e, com isso, aprenderemos a 
exercitar mais nosso espírito empreendedor. 
Vamos à nossa aula! 
CONTEXTUALIZANDO 
O ato de empreender é antigo, e com o tempo passou por transformações 
em termos do que fazer, como fazer, onde fazer e até mesmo por que fazer, 
porém sua essência não mudou. 
De forma simples, podemos dizer que empreender é transformar, seja a 
si mesmo, seu entorno, seu negócio, sua sociedade, seu mundo; enfim, 
empreender é agir pela mudança, mas não de forma impensada e desastrada. 
Empreender é a arte de transformar uma ideia em realidade, com o máximo de 
impacto positivo possível. 
A figura do empreendedor é a de uma pessoa que tem certo perfil e que 
segue algumas crenças e características. Ela tem um conjunto de competências 
e age com determinação, não temendo o fracasso ou o erro, aprendendo 
sempre. 
A presente rota apresenta inicialmente os conceitos e as características 
da ação empreendedora, mostrando que ela tem atributos próprios que podem 
 
 
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ser analogamente considerados uma caminhada, na qual se percebem um 
começo, um caminho e um destino, havendo em seu caminhar diferentes 
desafios, riscos e decisões. 
A seguir, serão apresentados os diferentes focos e tipos de ações 
empreendedoras, de modo que o ato de empreender assuma diferentes feições, 
dependendo como, onde e por que se empreende. 
Posteriormente, discutiremos a relação entre a sorte, a criatividade e a 
ação empreendedora, buscando entender melhor como se processa o desafio 
de obter resultados mediante o esforço empreendedor. Isso nos remeterá ao 
CHA empreendedor; não à bebida quente e saborosa, mas às Capacidades, às 
Habilidades e às Atitudes (CHA) do empreendedor. 
Para finalizar, descreveremos quais elementos podem ser considerados 
as bases do empreendedor; ou seja, se o empreendedor tem um perfil, é preciso 
que se entenda quais são as características desse perfil, pois serão essas 
características que descreverão quem é esse tipo de pessoa que comumente é 
chamada de empreendedor. Também há muito mais: são indicados exercícios 
que propiciam melhor fixação do conteúdo aqui descrito. Bom estudo! 
TEMA 1 – CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO EMPREENDEDORA 
Ao analisarmos a evolução dos conceitos de empreendedorismo, 
notamos que se trata de um tema com diferentes facetas, conectando-se de 
modo amplo a pontos de vista bastante variados. No quadro a seguir, no qual se 
vê a definição de diferentes autores, essa realidade fica bastante perceptível: 
 
 
 
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Figura 1 – Conceitos de empreendedorismo 
 
Fonte: Farah, 2008. 
Essa diversidade de definições é útil, pois nos faz analisar esse fenômeno 
da ação humana de modo mais amplo. No entanto, mesmo com todas essas 
vertentes, há elementos presentes nas diferentes definições que se repetem. 
Podemos dizer que empreender é todo esforço que se refere a uma 
pessoa que busca uma mudança, ao desejo de se querer sair de uma situação 
para outra. Empreender, portanto, tem forte relação com as palavras decidir e 
agir. 
Decidir, porque empreender depende do momento e do contexto em que 
o empreendedor percebe um caminho o qual deseja percorrer, vê que se trata 
de uma ação que vale a pena, e acredita que ela não só é possível como 
desejada. Daí a decisão de ir em busca de sua realização. Por tal razão, os 
dicionários colocam decidir fazer algo ou cismar como sinônimos de 
empreender, além de relacionar essa palavra com tentar, experimentar, 
resolver executar. Conclui-se que o começo da caminhada empreendedora 
está na decisão de percorrer certo caminho em busca do alvo percebido, e isso 
só acontece quando a pessoa se mostra efetivamente disposta a participar desse 
processo de mudança. 
É importante considerar que a decisão de empreender está altamente 
relacionada à situação política, econômica, cultural e social do meio em que o 
empreendedor pretende interferir. Mesmo considerando que o 
empreendedorismo tem suas raízes na própria origem do homem – já que foi 
mediante sua ação que todas as transformações da humanidade aconteceram –
, o empreendedor ganhou relevância no final do feudalismo, ampliando seu papel 
 
 
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e sua importância a contar da Revolução Industrial, e depois com todas as 
transformações dos séculos XX e XXI. 
Cabe aqui analisar o empreendedorismo na realidade brasileira, e, para 
isso, analisaremos o quadro que se segue: 
Figura 2 - Análise histórica da relação entre o empreendedor e seu contexto de 
atuação 
ÉPOCA LOCAL CONTEXTO CONSTATAÇÕES 
Século 
XIV 
Europa 
Ocidental 
Fim feudalismo e início 
transformações como renascimento, 
reforma protestante, burguesia e 
cidades/nações. 
Surgimento do capitalismo comercial 
como um novo modo de produção, 
impulsionando, por sua vez, 
a expansão marítima europeia. 
1500 a 
2000 
Brasil 
A colonização atendeu a objetivos bem 
claros: o fornecimento de matéria 
prima para a Europa 
Sociedade alicerçada sobre o 
latifúndio, o trabalho escravo e a 
monocultura voltada à exportação. 
Sociedade em que as classes e grupos 
sociais fossem extremamente 
desiguais. 
Contexto adverso ao 
desenvolvimento do “espírito 
empreendedor”. 
A economia foi, quase sempre, 
negócios de poucos (os grandes 
proprietários), pois os escravos e, 
depois, os trabalhadores livres e 
assalariados pouco participaram como 
empreendedores. 
O burguês, nosso efetivo 
empreendedor, só aparecerá 
tardiamente no Brasil e, ainda por 
cima, ligado aos proprietários rurais 
(os cafeicultores). 
Nossa história, em seus cerca de 500 
anos, não privilegiou a liberdade seja 
econômica, 
social ou política. 
Tal situação dificultou muito a ação 
do empreendedor já que para ele a 
liberdade é de suma importância. 
A família patriarcal junto ao 
catolicismo, por sua vez, foram fatores 
de inibição do ethos empreendedor. 
 
A sociedade tinha duas castas: 
escravos negros e homens livres. 
Nestas, o trabalho sempre foi 
entendido como algo negativo, 
pejorativo, desvalorizado. O trabalho 
– no universo simbólico do 
catolicismo – é um fardo que se 
deve carregar por conta do pecado 
original. 
Foi em meados da década de 1930, 
que o Brasil e sua sociedade assumem 
um caráter urbano e, portanto, de face 
capitalista. 
A sucessão de presidentes que saiam 
dos estados mais poderosos (Política 
do café com leite), fez com que o 
desenvolvimento econômico 
padecesse de agentes individuais 
empreendedores. 
Por fim,no regime militar, 
com supressão das liberdades 
democráticas, que se terá o maior 
Essa modernização gerou, em seu 
bojo, uma enorme dificuldade nas 
esferas sociais, tornando a 
 
 
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volume de geração de capital, por 
conta da indústria. 
sociedade brasileira uma das mais 
industrializadas do mundo, mas com 
uma das piores distribuições de 
renda entre todos os países do 
globo. 
Fonte: Adaptado de Prando, 2010, p. 98-100. 
Essa abordagem é muito rica, pois nos mostra que temos uma herança 
empreendedora nem sempre favorável, na qual influências históricas de ordem 
cultural, política, religiosa e social fizeram com que nosso espírito 
empreendedor sofresse muito em seu crescimento e sua evolução. O 
importante é ver que, mesmo com todas essas limitações, o empreendedor 
brasileiro tem atuado de forma dinâmica e transformadora. 
Podemos perceber que a verdadeira ação empreendedora é formada pela 
percepção e pelo desejo de ação, seguida de um trabalho de mobilização de 
recursos e de cálculo de riscos que orienta e viabiliza a realização da mudança 
desejada. Esse trabalho é permeado por desafios de ordem pessoal, 
interpessoal, técnica e gerencial, sendo realizado mediante recursos de ordem 
física, humana, material, financeira e tecnológica, trabalhados de forma 
planejada, ordenada, negociada e voltada para a minimização dos riscos e erros. 
TEMA 2 – PRINCIPAIS FOCOS E TIPOS DE AÇÕES EMPREENDEDORAS 
O querer é o grande elemento motivador e direcionador da ação humana. 
É a contar da hora que a pessoa define o que ela quer que todo o processo de 
caminhar em direção à conquista desse alvo desejado começa. Contudo, em 
muitas vezes, as pessoas manifestam seu querer por aquisições de bens, 
realização de viagens, casamentos, constituição de família, etc. No fundo, tudo 
isso é apenas parte do efetivo querer de todas elas, que é a felicidade. Gikovate 
(1981) referenda essa visão ao dizer que “a meta do homem livre é a felicidade 
em vida; ou seja, aquilo que a religião prometeu para depois da morte e a ciência 
sugeriu que é impossível”. 
Toda e qualquer ação, de forma direta ou indireta, tem relação com o fato 
de as pessoas quererem a felicidade. Em busca disso, as pessoas se abastecem 
para enfrentar as lutas e desafios da vida. Portanto, todo empreendedor é um 
excelente caçador de felicidade, ainda mais porque ele sabe que a felicidade, na 
verdade, não é um alvo, mas, sim, um caminho; ou seja, ser feliz tem relação 
com o que somos e fazemos a cada dia. Se nos dedicamos a algo que nos 
 
 
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remete a boas sensações e nos motiva a seguir, significa que vivemos a 
felicidade. Sabendo disso, torna-se muito mais coerente pensar em enfrentar 
caminhadas empreendedoras, pois percebemos que esse caminhar é o que nos 
dá a saúde pessoal que nos faz levantar todo dia em busca de novas realizações. 
Nessa percepção, podemos inferir que empreender é o combustível para nossa 
felicidade. 
2.1 Então, só é feliz quem monta o próprio negócio? 
Aí reside um dos grandes enganos relacionados ao empreendedorismo. 
Empreender é fazer acontecer e, portanto, criar a própria empresa 
empreendendo é apenas uma das maneiras possíveis de empreender. Há várias 
outras maneiras de empreender. Tudo que possa acontecer dentro do caminhar 
em busca de realizações são formas de se empreender. 
Dentre essas formas, destacam-se: 
 O empreendedorismo de negócios: Aqui está o empreender mais 
clássico em termos do reconhecimento da palavra empreender. É o 
sujeito que deseja fazer acontecer de modo próprio, gerando retornos 
para si, sendo o grande senhor e o responsável por tudo que se relaciona 
com suas ações empreendedoras. Em outras palavras, o empreendedor 
aqui é o dono do negócio. Aquele que empreende em busca da montagem 
de um negócio próprio. 
 O intraempreendedor: Esse especial tipo de empreendedor é cada dia 
mais importante no mundo. São aquelas pessoas que agem e batalham 
para que tudo aconteça conforme planejado e desejado pelo dono do 
negócio, porém o empreendedor não é o dono. Ele age e trabalha como 
se fosse o dono, atuando dentro de seu espaço e nível de poder, e busca 
a transformação com o mesmo grau de motivação e fé do verdadeiro 
dono. Aqui se descreve o perfil de colaborador que o mercado mais quer, 
ou seja, aquela pessoa que se empodera pela energia de realização e 
parte para a ação com a máxima dedicação, usando o limite de suas 
capacidades e habilidades. 
 O empreendedor público: Aqui fazemos essa distinção em virtude do 
alvo do empreendedor. O empreendedor público é um intraempreendedor 
clássico, porém sua motivação não está na captação de lucros financeiros 
como o empreendedor tradicional. Sua ação, como um agente público, é 
a obtenção da maior efetividade por parte do cidadão. Toda a energia do 
 
 
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servidor é direcionada para o atendimento das demandas públicas, 
trabalhando para que os resultados sejam os melhores possíveis com o 
máximo de amplitude. 
 O empreendedor social: O empreendedor dessa natureza pode ser o 
dono de uma organização não governamental (ONG) ou mesmo um 
funcionário ou voluntário que age com determinação em busca de 
resultados socioambientais. Sua meta, mesmo não sendo financeira, 
demanda uma atuação firme e dedicada, competente e equilibrada para 
que as metas não econômicas se tornem reais, conforme planejado. 
No fundo, os diferentes tipos são apenas fotografias diferentes de um 
mesmo elemento: aquela pessoa que compra a briga em termos de fazer 
acontecer as metas que foram estabelecidas sejam delas próprias, de terceiros, 
econômicas, sociais ou ambientais. Esse agente transformador responde pelo 
nome de empreendedor, independentemente do contexto e da natureza de sua 
ação. É importante salientar que se tratam também de pessoas com senso 
crítico, determinadas a fazer do melhor modo possível, aliadas às mudanças e 
conscientes de seu papel na sociedade e no planeta. Esses são aspectos 
importantes a serem considerados, sem considerar o tipo de ação que será alvo 
do agir do empreendedor. 
2.2 Elementos que despertam as pessoas para a ação empreendedora 
Esses elementos são muito interessantes, pois, segundo estudos 
relacionados ao empreendedorismo, há dois grandes fatores que levam as 
pessoas a empreender: a necessidade e a oportunidade. O quadro a seguir 
resume o perfil desses dois tipos: 
 
 
 
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Figura 3 – Perfil das pessoas que empreendem por necessidade e/ou 
oportunidade 
 
Fonte: Schneider, 2011. 
É característica de sociedades com maior escassez de recursos e preparo 
a grande incidência de empreendedores por necessidade, já que se trata de um 
tipo de ação que busca essencialmente a sobrevivência, algo ainda mais 
desafiante em lugares onde o volume de pessoas com esse nível de exigência 
básico é elevado. 
O Brasil, nos primeiros estudos a respeito, adquiriu um perfil de país 
possuidor de mais empreendedores por necessidade do que por oportunidade. 
Entretanto, no decorrer do tempo, essa realidade se alterou a ponto de estudos 
mais recentes apontarem que o percentual de empreendedores por 
oportunidade superou os por necessidade. É interessante ver que esse fato nos 
remete à importância dos governos incentivarem seus empreendedores a agir, 
dando a eles condições e apoio, pois as economias nunca foram tão 
dependentes de seus empreendedores como hoje. Desse contexto, surge o 
conceito do empreendedor de impacto, ou seja, aquele tipo de empreendedor 
cuja ação gera uma repercussão extremamente alta e de grande importância 
para o país em que atua. Esses empreendedores de impacto são, na verdade, 
os empreendedores degrandes oportunidades, aqueles que conseguem 
perceber oportunidades de maior magnitude e se organizam para poder 
aproveitá-las da melhor maneira possível. 
TEMA 3 – A LIGAÇÃO ENTRE SORTE, CRIATIVIDADE E AÇÃO 
EMPREENDEDORA 
Seria muito superficial pensar que as ações empreendedoras de sucesso 
foram fruto da simples sorte. O sucesso hoje, em meio a tantas transformações 
 
 
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e complexidades, demanda uma boa dose de competência, arrojo, liderança, 
capacidade decisória e gestão, enfim, fatores como planejamento (capacidade 
técnica), gestão (capacidade gerencial), visão sistêmica (capacidade analítica) e 
criatividade (capacidade inovadora) são muito mais relevantes e decisivas do 
que a sorte. 
Se pensarmos que sorte é aquilo que acontece com a pessoa certa e 
preparada, na hora e no local certos, podemos concluir que o empreendedor se 
torna um excelente candidato à sorte. Afinal, é uma pessoa em constante 
processo de evolução (preparado), que consegue ter uma percepção acima da 
média do mercado e tendências, o que lhe coloca no lugar certo, e um timing dos 
acontecimentos que o habilita a chegar à frente dos outros (hora certa). 
Podemos até dizer que quando alguém diz que certo empreendedor de 
sucesso teve sorte, talvez ele esteja apenas dizendo que se trata de uma pessoa 
que se habilitou à maior colheita possível da sorte. No entanto, se pensarmos 
um pouco mais, concluiremos que a sorte é sempre bem recebida, e caso ela 
resolva aprontar no caminho do empreendedor, ele com certeza ficará muito feliz 
com sua ajuda, mesmo que já tenha se preparado para fazer acontecer sem 
contar com essa dose de sorte. 
3.1 Criatividade: será que isso é importante para o empreendedor? 
A seguir, há uma definição. Leia-a e tente descobrir se é a definição de 
empreendedor ou de criatividade: 
É uma qualidade adquirida por pessoas curiosas que buscam inspiração em 
informações e têm a sensibilidade de percebê-las de forma diferente. Pessoas 
criativas possuem comportamentos diferentes: são curiosas ao extremo, são 
persistentes, são bem-humoradas, são independentes em seus atos e responsáveis 
por tais, possui rápida desenvoltura em atividades, fácil percepção, habilidade no 
aprendizado e ainda são grandes visionárias, já que conseguem prever as 
consequências possíveis de ocorrer em suas criações por erros ou imprevistos. 
(Cabral, 2016) 
Tudo bem! Você viu a fonte e descobriu que é a definição de criatividade, 
mas será que não poderia ser também a descrição do perfil de um 
empreendedor? São dois elementos tão próximos que é possível confundi-los. 
O empreendedor é essencialmente uma pessoa criativa. Ele utiliza essa 
qualidade em toda sua caminhada e, muitas vezes, é ela a grande arma para 
obter o sucesso. 
O empreendedor usa a criatividade desde o momento de buscar uma ideia 
que tenha o potencial de ser uma oportunidade, passando pela montagem – 
 
 
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estruturação conceitual ou modelagem – dessa ideia, seu aprimoramento, seu 
planejamento e sua execução. Criar é uma das atividades mais úteis e 
frequentes de um empreendedor. 
A aliança da sorte com a criatividade pode ser um importante elemento de 
conquista do sucesso por parte do empreendedor. Contudo, ele conta com a 
criatividade e torce para que a sorte apareça, e não o contrário. É importante, 
então, que o empreendedor se esforce para obter o maior potencial criativo 
possível, pois se essa qualidade estiver presente em suas ações, com certeza 
ela servirá como um trevo de quatro folhas para atrair a sorte ou, pelo menos, 
para afastar o azar. 
TEMA 4 – O CHA EMPREENDEDOR 
Fica nítida a necessidade de o empreendedor desenvolver todo um 
conjunto de habilidades e competências para poder fazer sua caminhada em 
busca da realização de seus sonhos/objetivos. Isso não significa, no entanto, 
que sua ação somente poderá começar quando ele estiver pronto; pelo contrário, 
boa parte desses requisitos é adquirida no caminhar. 
Considerando os desafios das mudanças pretendidas, o empreendedor 
precisa: 
Figura 4 – Necessidades do empreendedor 
 
Também é preciso ter a consciência de que a decisão de empreender tem 
implícita a questão de que se vai agir ou estruturar algo novo, diferente do que 
está apresentado e com um bom grau de inovação em seu conteúdo, forma e/ou 
estrutura. 
 
 
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Importante notar que não comparamos o inteligente com o não inteligente 
ou o mais provido com o menos provido. Destacam-se a postura do 
empreendedor perante o mundo, sua complexidade, seus desafios e suas 
demandas. A maneira de ser e de agir do aquele um é a mais coerente com a 
realidade do século XXI, pois, em um mundo competitivo, globalizado, 
tecnológico e altamente dinâmico, pessoas acomodadas, medrosas e pouco 
ativas tendem a colher menores frutos, já que o contexto complexo premia quem 
melhor o percebe, age sobre ele e se orienta pela criatividade e inovação em 
busca da superação. 
Ser um empreendedor, portanto, é agir a cada dia com a confiança e a 
determinação de que se aprende sempre, de que cada passo é uma forma de 
evolução, mesmo que seja um passo mal dado. Mesmo sem estar pronto, 
começa-se a caminhar e se torna melhor a cada dia, tal qual fazemos quando 
aprendemos a andar de bicicleta: perdemos o equilíbrio a cada segundo em 
busca da obtenção do próprio equilíbrio, e cada movimento de compensação do 
desequilíbrio traz o novo equilíbrio, que gera novo desequilíbrio e nova ação de 
equilíbrio; assim se segue pedalando, aprendendo a se equilibrar, mesmo em 
estradas não pavimentadas, desconhecidas, perigosas ou fora de nosso 
caminho desejado. 
4.1 Existe um CHA para o empreendedor? 
Veja bem: não estamos falando dos deliciosos líquidos que tomamos 
quentes ou gelados, mas, sim, da sigla que, em administração, significa a soma 
das capacidades (saber), habilidades (saber fazer) e atitudes (saber fazer 
acontecer) de uma pessoa. 
Há, com certeza, uma formação sistêmica desses elementos na 
identificação e formato do empreendedor. Como é que um empreendedor pode 
querer agir sobre um mercado sem o saber a respeito desse mercado? A partir 
desse saber, ele agrega análises, reflexões e metodologias que lhe permitiram 
identificar como agir sobre aquele mercado; ou seja, ele lançará mão de 
habilidades que lhe darão a condição de saber o que fazer nesse mercado. Por 
fim, sabendo o que fazer e planejando isso, ele precisa agir tornando esse plano 
de interferência no mercado algo real e dentro do esperado. Aqui se fala de saber 
fazer acontecer o que havia se estabelecido em seu planejamento. 
 
 
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Desse modo, podemos seguir em várias frentes nas quais se percebe 
essa relação das capacidades com as habilidades e atitudes. Um empreendedor 
precisa ter determinação e energia, mas não pode perder o controle ou se deixar 
levar pelo sentimento, comprometendo sua visão e sua necessidade de ação 
sobre os problemas. Esse controle dos sentimentos demanda um 
autoconhecimento (saber), que o remete à reflexão (saber fazer) em momentos 
de crise, evitando que reações intempestivas e inadequadas minem a efetividade 
de suas ações (saber fazer acontecer). Observando desafios como o de 
implantar processos sinérgicos, definir e colocar em condições de uso uma 
estrutura tecnológica ou desenvolver ações na qual dissemina valores, ética e 
moral, podemos ver que há essa estreita e importante relação entre 
capacidades, habilidades e atitudes. Falhas nessa rede podem representar 
fracassos, más decisões ou mesmo ações desastrosas. 
TEMA 5 – O PERFIL DO EMPREENDEDOR 
5.1 Teria como apresentar o perfil do empreendedor? Existe um perfil que 
o represente? 
Sim, é possívelse falar de perfil empreendedor. Observando a prática 
empreendedora, é possível identificar elementos que se destacam na ação do 
empreendedor. De imediato, a importância de ele ser um bom gerente, já que a 
todo o momento é desafiado a gerenciar pessoas, tempo, processos, planos, 
finanças, materiais, logística, tecnologias etc. Ele não pode se eximir de tais 
questões, afinal, o negócio precisa que tudo isso funcione a contento para que 
se possa chegar aonde se deseja. É preciso gerenciar tudo ao mesmo tempo e 
de forma equilibrada, coerente e eficaz. 
Aquele perfil do empreendedor, no início da ação empreendedora, 
extremamente criativo, sonhador, corajoso e perceptivo, precisa, na ação 
gerencial, receber boas doses de razão, de controle emocional, de gestão de 
informação, de boa tomada de decisão e, ainda, de gerenciamento claro, 
objetivo, que sabe pedir, controlar e rever rumos. Portanto, gerir uma ação 
empreendedora é uma missão que não é simples e nem rotineira. Demanda 
constante atenção e determinação para não se perder o norte e, ao mesmo 
tempo, manter o barco na direção e na velocidade corretas. Isso demonstra que, 
 
 
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na verdade, o desafio passa pelo exercício de um triplo e dinâmico papel a ser 
desenvolvido: 
 Por um lado, o empreendedor deve ter boas ideias, ser visionário, 
determinado, criativo e sonhador. Deve manter sua essência 
empreendedora. 
 Deve também saber planejar, organizar os planos, ações, recursos e 
metas. Deve fazer uso de sua essência gerencial. 
 Por fim, deve ser capaz de executar o que foi planejado. Fazer uso de sua 
essência técnica. 
5.2 Características essenciais ao empreendedor 
Na verdade, as características mudam dependendo do local por ele 
ocupado em sua caminhada empreendedora. Algumas características são 
essenciais no começo da ação, outras lhe apoiam no meio do trajeto, e há ainda 
as que o suportam nos locais mais avançados da trilha empreendedora. De um 
modo sintético, pode se dizer que existe um mix de características que dão ao 
empreendedor o perfil e as condições necessárias para sua ação: 
Figura 5 – Características do empreendedor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com base na frase ir a campo, pode se resumir as características 
essenciais de um empreendedor, já que não se pode falar em empreender sem 
uma certa dose de inovação; muito menos, sem o exercício da gestão das 
diferentes frentes do negócio que demandam um reger bem afinado. A 
necessidade de agir e contribuir para que a mudança desejada saia do mundo 
dos sonhos para a realidade é crucial. Em vários momentos, a ação criativa será 
aliada e decisiva para o sucesso do empreendedor, ao se ter fé e acreditar que 
 
 
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dará conta dos desafios, mantendo sua autoestima em bom grau. Como nada é 
feito sozinho em termos de empreendedorismo, é extremamente importante que 
o empreendedor saiba motivar, não somente a si mesmo, mas também todos os 
demais envolvidos nas ações empreendedoras. Ele precisa não esmorecer 
perante os problemas e surpresas desagradáveis, pois sabe que nem tudo 
acontece conforme planejado e que o inesperado está sempre à espreita nas 
ações empreendedoras, desejando achar uma brecha para se manifestar. Deve 
se organizar no sentido de saber planejar e também de manter suas informações 
e ações bem claras, feitas da melhor forma possível e dentro dos custos e 
qualidades esperadas. 
Com a especificidade, a complexidade e os desafios das ações 
empreendedoras, outras características ganham magnitude e passam a ser 
relevantes em termos de estarem presentes no empreendedor. Questões como 
bom relacionamento interpessoal, empatia, liderança, competência técnica, ética 
e outras sempre são úteis e desejadas, porém muitas delas estão embutidas nas 
características listadas anteriormente. O importante é perceber quais as 
demandas advindas da realização do sonho e se preparar o máximo possível 
para dar conta delas com o melhor nível possível de efetividade. Novamente, o 
lema de eterno aprendiz se realça na vida do empreendedor. 
Essa lista de características, contudo, não deve nos levar a crer que 
somente depois de se atingir um certo grau de competência nessas 
características é que se poderá partir para a ação empreendedora. Não se trata 
disso. Aqui é importante saber quais elementos circulam nas veias dos 
empreendedores e, a partir disso, tratar da cobertura das lacunas, ou seja, 
buscar o aperfeiçoamento nessas direções, dando maior prioridade às que se 
apresentam mais limitadas, para depois seguir para as demais, não de modo 
sequêncial, mas sim sistêmico. A cada dia, deve se olhar essas características 
e buscar degraus a serem subidos na busca da obtenção do patamar adequado 
para se tornar um empreendedor de alto impacto e realização. 
FINALIZANDO 
A presente aula teve o desafiante objetivo de apresentar o empreendedor, 
seu perfil, seus requisitos, suas características e ainda uma evolução histórica, 
conceitual e contextual. Importantes elementos desse sujeito cada dia mais 
importante na economia, na sociedade e nos negócios foram trabalhos, 
 
 
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apontando não somente para sua relevância, mas também para os desafios a 
que nos submetemos quando resolvemos empreender em busca da obtenção 
de certos objetivos ou sonhos. 
Aprendemos que elementos como sorte, criatividade, capacidades, 
habilidades e atitudes permeiam as ações empreendedoras, fazendo com que 
os agentes dessas ações sejam pessoas preparadas, dinâmicas, persistentes e 
capazes de solucionar problemas, contornar obstáculos, superar resistências ou 
mesmo inovar quando o contexto assim o exigir. 
Esse conhecimento sobre o empreendedor e a ação empreendedora é de 
grande valia na formação do gestor na medida em que certas características 
presentes na essência do empreendedor precisam também estar presentes no 
gestor, possibilitando que alie a sua capacidade técnica e gerencial, uma 
personalidade empreendedora, criativa e inovadora, que incrementa muito sua 
atuação e a obtenção de resultados. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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Alves, 14 maio 2014. Disponível em: 
<http://www.altairalves.com.br/blog/empreendedorismo-brasil-e-seus-principais-
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CABRAL, G. Criatividade. Mundo Educação. Disponível em: 
<http://www.mundoeducacao.com/psicologia/criatividade.htm>. Acesso em: 19 
dez. 2017. 
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jul. 2014. Disponível em: 
<http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/560899/empreendedorismo-no-setor-
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