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A origem do sistema penitenciário

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A origem do sistema penitenciário
A partir da pesquisa em artigos, livros, revistas, monografias, dentre outros recursos, foi observado que a questão do adulto sentenciado sempre foi muito polêmica na sociedade, desde os tempos mais remotos ao atual. Antigamente, as pessoas sentenciadas não recebiam tratamento que lhe dessem condições de melhorar seus comportamentos para a vida em sociedade. E não existia um trabalho sócio-educativo que visasse atingir sua autonomia para depois se reintegrar a sociedade. 
Entretanto, atualmente o adulto sentenciado passa por um processo de ressocialização, para dar-lhe condições futuras de reintegrar-se a sociedade depois de cumprida sua pena. E, apesar do sistema penitenciário ter evoluído nas últimas décadas, encontram-se vários dilemas sobre a forma como funciona este sistema. Sendo a aplicação da pena realizada de diferentes formas nos mais variados países do mundo. 
Afinal, para que se tenha uma sociedade baseada realmente na justiça, igualdade, eqüidade, precisa-se de um trabalho de ressocialização ao adulto sentenciado que realmente o reintegre a sociedade. E que esta possa dar suporte a este indivíduo que após cumprir a pena cometida voltará ao núcleo que lhe pertence. 
A Por isso é de extrema importância que tanto o sentenciado quanto a sociedade em que vive sejam trabalhados, para que o trabalho sócio-educativo de reintegração possa acontecer plenamente. E as atividades laborativas são de fundamental importância no processo de ressocialização, pois evita os efeitos corruptores do ócio e contribui na manutenção da ordem, sendo também importante no equilíbrio orgânico e psíquico do preso, e no desenvolvimento da formação de sua personalidade, dando-lhe condição psíquica, física e moral para poderem conviver socialmente não afastando o condenado da sociedade, e sim criando perspectivas nele que o possibilitem reintegrar-se na vida social.
1. CONTEXTO HISTÓRICO DO SISTEMA PRISIONAL O sistema prisional, ao longo dos séculos, passou por várias transformações que acarretaram na sua progressiva evolução. Uma vez que, anterior ao inicio do século XVII, os indivíduos eram abandonados à sorte e a regra da prisão não era considerada como pena. E, em meados do século XVIII, o individuo passa de fato a cumprir sua pena. Contudo, é no século XIX que se dá o apogeu da pena privativa de liberdade e, no século XX, surgem as propostas de concepções modernas de ressocialização para os homens criminosos. Atualmente, século XXI, as perspectivas de ressocialização em que se encontra o sistema prisional é melhor do que em relação aos séculos anteriores. Conforme Nascimento (2003), durante a Idade Média, os castelos, as fortalezas, os conventos e os mosteiros, eram tidos como prisões, onde os criminosos se recolhiam cumprindo a pena privativa de liberdade, a qual foi autorizada pela igreja, na finalidade de que ao se retirarem os criminosos pudessem meditar, conseguindo arrepender-se da falta cometida, e reconciliar-se com Deus. Entretanto, até o início do século XVII a prisão não era vista como pena. Na verdade, o que existiu foi o encarceramento do ser humano em: cavernas, subterrâneos, túmulo, fossas, torres, calabouços; sendo reconhecidos pelos bárbaros como prisões, na maioria das vezes, piores do que a pena de morte, pois os prisioneiros encontravam-se em situação de abandono total. E a pena aplicada não era reconhecida como retributiva, de caráter preventivo e com finalidade de ressocializar, e sim, como pena-prisão. No entanto, é no final do século XVIII que ocorre o aprisionamento do criminoso para que cumpra a sua pena. Por isso, a reclusão passa a substituir a pena de morte, e a instituição prisão começa a ter caráter de sanção disciplinar. Desta forma, as novas prisões que surgiam não possuíam quaisquer princípios de normas penitenciárias; em que a promiscuidade e a falta de higiene eram componentes do sistema punitivo, e também não havia preocupação com as medidas reeducativo-penais. A maioria dos estabelecimentos prisionais eram subterrâneos, o que causava sofrimentos cruéis ao indivíduo condenado à prisão. Contudo, é no decorrer do século XIX, que ocorre o apogeu da pena privativa de liberdade, com o objetivo de melhorar as condições de vida dos prisioneiros. No século XX, há a proposta das concepções modernas de ressocialização dos homens criminosos, em que o sistema prisional passa a ter uma visão mais crítica em relação aos mesmos, apesar de ainda existirem muitas falhas na aplicação do sistema prisional. E, durante todo o período da evolução do sistema prisional, surgiram vários modelos de sistemas prisionais, adotados nos mais variados paises. 1
Durante o século XVIII, o Direito Penal era marcado por penas cruéis e desumanas, não existindo até então a privação de liberdade como forma de pena, mas sim como custódia, isto é, uma forma de não permitir que o acusado fugisse. O acusado aguardava preso em cárcere privado o julgamento e a pena subseqüente. O encarceramento era um meio, não a punição em si.
Foi no século XVIII que a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de punições do Direito Penal. Com o gradual banimento das penas cruéis e desumanas, a pena de privativa de liberdade (prisão) passou a ser punição de fato. Segundo o filósofo e historiador francês Michel Foucault (1926-1984), a mudança nas formas de punição acompanha transformações políticas do século XVIII, isto é, a queda do antigo regime e a ascensão da burguesia. A partir daí a punição deixa de ser um espetáculo público, por que isso passou a ser visto como um incentivo à violência, e adota-se a punição fechada, que segue regras rígidas. Portanto, ao invés de punir o corpo do condenado, pune-se a sua “alma”. Essa mudança, segundo o autor, é um modo de acabar com as punições imprevisíveis do soberano sobre o condenado, gerando proporcionalidade entre o crime e a punição.
É no fim do século XVIII que começam a surgir os primeiros projetos do que se tornariam as penitenciárias que conhecemos hoje. Primeiramente com o inglês John Howard (1726-1790) que, em 1777, publica o livro The State of Prisons in England and Wales (As condições das prisões da Inglaterra e Gales), onde faz uma dura crítica à realidade prisional da Inglaterra e propõe uma série de mudanças para melhorar a condição dos presos. Considerado por muitos o pai da ciência da penitenciária, Howard propõe a criação de estabelecimentos específicos para a nova visão do cárcere que tem a restrição da liberdade como punição em si.
Outro inglês, Jeremy Bentham (1748-1832), defendia a punição proporcional. Para ele, “a disciplina dentro dos presídios deve ser severa, a alimentação grosseira e a vestimenta humilhante”, mas todo esse rigor serviria para mudar o caráter e os hábitos do delinquente. Em 1787, ele escreveu “Panóptico”, onde descrevia uma penitenciária modelo – com uma estrutura circular, uma torre no centro e as celas nas bordas – onde apenas um homem vigiaria todos os prisioneiros ao mesmo tempo, sem que estes o vissem.
Em sua análise sobre a disciplina e o controle nas sociedades modernas, Foucault usa o panóptico como uma metáfora. Segundo ele, esse sistema dispensa as grades, correntes ou barras para a dominação. A visibilidade permanente é uma forma de poder. Além das prisões, todas as estruturas hierárquicas como escolas, hospitais, fábricas e os quartéis seguiram esse padrão de organização.
No final do século XVIII e início do século XIX, surgem na Filadélfia os primeiros presídios que seguiam o sistema celular, ou sistema da Filadélfia. O preso ficava isolado em sua cela, em reclusão total, sem contato com o mundo externo e com os outros presos. Em 1820 surge nos Estados Unidos o Sistema Auburn ou Sistema de Nova Iorque, que adotava a reclusão e o isolamento apenas no período noturno. Durante o dia, as refeições e o trabalho eram coletivos, mas impunha-se regra de silêncio, os presos não podiam se comunicar ou mesmo trocar olhares, a vigilância era absoluta.
Foi também na Inglaterra,em Norfolk, que surgiu a progressão de pena, no qual o preso passava por estágios, começando com a reclusão total, depois somente no período noturno, até entrar no terceiro estágio, um regime semelhante ao da liberdade condicional e, finalmente, a liberdade.
Após essa experiência em Norfolk, esse sistema é adotado e aperfeiçoado em outros lugares. Na Irlanda, por exemplo, havia uma quarta fase antes da liberdade condicional, na qual o preso trabalhava em um ambiente aberto sem as restrições que um regime fechado compreende. No sistema de Montesinos, na Espanha, o preso poderia ter um trabalho remunerado para ajudar a regenerar o indivíduo. A Suíça cria um novo tipo de estabelecimento penitenciário em que os presos ficavam na zona rural, trabalhavam ao ar livre, eram remunerados e a vigilância era menor.

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