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Aula 6 - Tributos e seus efeitos sobre o preço

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FORMAÇÃO DE PREÇOS 
Aula 6 - Tributos e seus efeitos sobre o preço
CTN - Lei nº 5.172 de 25 de Outubro de 1966
Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:
I - a denominação e demais características formais adotadas pela lei;
II - a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Classificação dos impostos quanto à base econômica, prevista no CTN
Tributos federais
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
É um imposto que tem como fato gerador a saída de produtos de empresas industriais ou equiparadas à indústria, bem como determinadas situações de importação de produtos.
Trata-se de imposto não cumulativo (gera créditos fiscais ou não, dependendo do uso do produto). É calculado sobre o valor do produto com ICMS incluso e destacado à parte. 
Alíquotas: variáveis em função da classificação dos produtos.
Incidência: indústria ou equiparados.
Norma: Decreto nº 4.544, de 26/12/2002.
Programa de Integração Social (PIS)
É um programa que tem o intuito de fazer uma distribuição melhor da renda por meio de benefícios como o abono salarial e o seguro desemprego. Ele é destinado às pessoas que trabalham no setor privado. 
As pessoas cadastradas no programa que atendem aos requisitos recebem um valor em dinheiro.
Passou a ser um imposto calculado sobre o valor agregado (nos moldes do ICMS). 
Há também algumas situações específicas em serviços em modalidades de Imposto de Renda sobre Lucro Presumido, em que a alíquota permanece 0,65%.
Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)
É uma contribuição cobrada sobre o faturamento, sem o IPI da venda.
Alíquota: 3% para empresas com regime de Imposto de Renda (pessoa jurídica), com base no lucro presumido ou arbitrado, microempresas, empresas de pequeno porte optantes pelo sistema simples.
Nesses casos, o imposto é cumulativo, ou seja, não se constitui crédito fiscal passível de compensação.
Para as demais entidades tributadas por lucro real, a alíquota é de 7,6%, porém de natureza não cumulativa, ou seja, gera créditos fiscais para compensação.
Incidência: indústria, comércio e serviços.
Norma: Lei nº 10.833, de 29/12/2003.
Imposto de Renda (IR)
É um imposto calculado sobre o lucro real, ou seja, sobre o lucro contábil, ajustado por parâmetros fiscais, adições e exclusões.
Alíquota: básica de 15% com adicionais, dependendo da faixa de lucro real atingida, estipulada pelo Fisco, desde que optante pelo Lucro Real.
Qualquer empresa, exceto as de natureza essencialmente financeira, entre outras especificadas pela lei, que não atinja uma receita bruta de $ 48 milhões/ano, pode optar pela modalidade de lucro presumido, representando simplificação em relação ao regime de lucro real. Nessa modalidade, o fisco determina o percentual de lucro presumido sobre o qual incidirá a alíquota do IR.
Existe uma tabela de lucro presumido para determinadas atividades, sendo, por exemplo, comércio 8% e prestação de serviços 32%. Dessa forma, para um prestador de serviços, o IR representará 4,8% sobre a receita (32% x 15%). 
Norma: decreto nº 3.000, de 26/03/1999.
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
É calculada sobre o lucro antes do Imposto de renda e considerada despesa indedutível do IRPJ para efeito de tributação, no regime de lucro real.
Alíquota: 9% do lucro real.
Norma: Lei nº 9.430, de 27/12/1996.
Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
Algumas atividades prestadoras de serviços, definidas pela legislação, devem a cada fatura descontar um percentual de Imposto de Renda para ser retido na fonte. 
Os percentuais variam conforme determinação da Receita Federal, em listagem de serviços específicos, e são compensáveis com o IR devido sobre os resultados.
Sistema Simples
É um sistema integrado de pagamentos de impostos e contribuições das microempresas e Empresas de Pequeno Porte (EPP) na esfera federal. Pode ser ou não integrado aos Estados e Municípios, desde que haja convênio.
Alíquota: de 3% a 18,9% do faturamento.
Aplicabilidade gradativa: de R$ 60.000 a $ 2.400.000/período de faturamento.
Norma: Lei 9.317/96.
Tributos estaduais
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
É um imposto cobrado sobre a circulação de mercadorias e alguns serviços classificados (fretes). 
Aqui, serão utilizadas bases usuais de São Paulo, uma vez que cada Estado tem sua legislação própria, embora na concepção do tributo não devam ser encontradas muitas variações.
 Genericamente, o ICMS utiliza as seguintes alíquotas:
18% para as vendas no Estado.
12% para aas vendas a outros Estados nas regiões Sul e Sudeste, exceto Espírito Santo.
7% para as regiões Norte, nordeste, Centro–Oeste e Espírito Santo.
 0% para exportações.
Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
Embora existam particularidades e alíquotas diferenciadas a situações e a produtos específicos, serão utilizadas neste material didático as básicas.
A título de exemplo, perfumes, cosméticos, bebidas, armas etc. têm 25% de incidência; determinados veículos, 12%; gêneros alimentícios, 7%; se a venda for para pessoa física para qualquer região, aplicam-se 18%.
Enfim, cada empresa necessita compreender suas incidências para desenvolver seus mark-ups.
É um imposto não cumulativo.
Incidência: indústria, comércio e alguns serviços específicos. 
Norma: Decreto nº 45.490, de 30.01.2000.
Substituição tributária
Com a finalidade de simplificação, na fiscalização do ICMS por toda a cadeia produtiva, os governos estaduais vêm sistematicamente implementando e ampliando o regime de substituição tributária.
Dessa forma, o primeiro elo da cadeia produtiva fica responsável pelo cálculo, retenção, recebimento e recolhimento do ICMS para os elos seguintes da cadeia de suprimento.
1º - O governo estadual define com as categorias e ramos de atividade o multiplicador que será aplicado ao produto.
2º - O multiplicador representa o valor final ao consumidor.
3º - Sobre o multiplicador, o responsável calcula o imposto da substituição tributária.
A diferença entre o valor da venda pelo agente definido e o valor a ser aplicado pela definição do multiplicador é a base de cálculo.
Há diversos multiplicadores definidos e adequados aos vários ramos de atividade, inclusive acordos e protocolos entre os estados para compensações mútuas, em função de alíquotas diferenciadas, conforme já vimos.
Como exemplo, suponha num determinado ramo um multiplicador definido de 1,27:
Valor de venda da indústria: $ 20,00
Valor estimado de venda do próximo elo: $ 25,40 ($ 20,00 x 1,27)
ICMS da operação normal: $ 20,00 x 18% = $ 3,60 
VICMS: $ 25,40 x 18% = $ 4,57
ICMS Substituição tributária: $ 0,97 (retido)
Valor da Nota Fiscal: $ 20,00 + ICMS substituição $ 0,97 = $ 20,97
Se o comprador, o elo seguinte, por exemplo, vender por valor superior aos $ 25,40, deverá recolher a nova diferença.
Finalizando, a indústria receberá $ 0,97 do seu cliente e recolherá o ICMS da substituição tributária.
Há entendimentos errôneos de que esse ICMS é custo do comprador, o que não é verdadeiro, havendo um impacto financeiro em capital de giro pela antecipação do imposto.
Para eliminar esse problema, na prática, ocorrem prazos separados e diferenciados de cobrança do valor do produto e do imposto.
Norma: Decreto nº 45.490, de 30/01/2000 (SP). 
Tributos municipais
Imposto Sobre Serviços (ISS)
É um imposto cumulativo cobrado sobre os serviços prestados, conforme determinam as Prefeituras Municipais.
Alíquotas: variáveis conforme classificação de atividades. A mais usual é de 5%, no caso de São Paulo.
Incidência: prestadores de serviços.
Norma: Lei Complementar nº 116, de 31.07.2003.
Ultimamente, devido às guerras fiscais entre municípios para a atração de empresas, notam-se iniciativas, como em São Paulo, de criação de sistemas de retenção de ISS no local da prestação de serviços.
Concluindo, os tributos foram estudados de forma genérica e nas formas mais usuais,havendo particularidades regionais, de ramo de atividades, isenções e até de algumas características das atividades.
Cada empresa, para formar seus preços, deve avaliar sua situação específica e a cadeia de incidências, no que diz respeito aos tributos sobre as vendas e lucros, para então, estruturá-los corretamente no cálculo do mark-up.
Uma breve visão sobre os tributos no Brasil
Nos termos do artigo 145 da nossa Constituição Federal e do artigo 5 do CTN, tributos são: 
* Taxas: cobradas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis prestados ao contribuinte ou postos à sua disposição.
** Contribuição de melhoria: decorrente de obras públicas.
Juridicamente, no Brasil, hoje, entende-se que as contribuições parafiscais ou especiais integram o sistema tributário nacional, já que a nossa Constituição Federal ressalva quanto à exigibilidade da contribuição sindical (art. 80, inciso IV, CF), das contribuições previdenciárias (artigo 201 CF), sociais (artigo 149 CF), para a seguridade social (artigo 195 CF) e para o PIS — Programa de Integração Social — e o PASEP — Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (artigo 239 CF).
Como contribuições especiais, temos ainda as exigidas a favor da OAB, do CREA, do CRC, do CRM e de outros órgãos reguladores do exercício de atividades profissionais.
Os empréstimos compulsórios são regulados como tributos, conforme artigo 148 da CF, o qual se insere no Capítulo I – Do Sistema Tributário Nacional.

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