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EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO __TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DA CAPITAL DO ESTADO XXXXX Processo nº xxx TÍCIO, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado que esta subscreve, com procuração em anexo, com endereço profissional completo, vem à presença de Vossa Excelência apresentar: ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS Com fulcro nos artigos 411, §9º c/c 403, §3º, ambos do Código de Processo Penal brasileiro, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas: I – DOS FATOS O Requerido, solidário a gravidez de sua amiga Maria, ofereceu carona a mesma após mais um dia de trabalho na empresa em que trabalham juntos. Ao fazer uma curva fechada, Ticio perdeu o controle do veículo automotor que capotou. Os bombeiros que prestaram socorro ao acidente encaminharam Maria para o Hospital mais próximo onde ficou constatado que ela não havia sofrido qualquer lesão. Contudo, constatou-se que a gravidez de Maria havia sido interrompida em razão da violência do acidente automobilístico, conforme comprovou o laudo do Instituto Médico Legal, às fls. 14 dos autos. Com base nessas informações, o Ministério Público da Comarca da Capital do Estado XXXXX ofereceu denúncia em face do Requerido e imputou ao mesmo a conduta descrita no delito de aborto provocado por terceiro e, assim, incurso nas penas do art. 125 do Código Penal brasileiro. II - DO DIREITO Como se comprova, o entendimento do “Parquet”, não encontra respaldo legal, não sendo possível a pronuncia do acusado nos termos da denúncia. A conduta do acusado é atípica, pela ausência de previsão legal do crime de aborto na modalidade dolosa, uma vez que conforme narrado nos fatos, a conduta se enquadra na modalidade culposa por excesso de velocidade configurando imprudência, desta feita cabe pugnar pela desclassificação do crime do Artigo 125 do Código Penal brasileiro, uma vez que a previsão de aborto causado por terceiro existe somente na modalidade dolosa. Sendo cabível a absolvição sumaria do acusado nos termos do artigo 415, III, do Código de Processo Penal brasileiro, por atipicidade da conduta como medida de justiça. III - DA DOUTRINA É de boa cepa trazer as palavras do Doutrinador NUCCI (2012, p. 242) asseverando que culpa “é o comportamento desatencioso do agente, voltado a determinado objetivo, lícito ou ilícito, produzindo um resultado ilícito, embora não desejado, porém previsível, que podia ter sido evitado”. O agente se volta volitivamente a uma conduta produzindo resultado lesivo a terceiro ao desrespeitar regras genéricas, agindo sem observância ao dever de cuidado e ultrapassando o risco tolerável juridicamente. IV - DA JURISPRUDÊNCIA Processo 105720601151830021 MG 1.0572.06.011518-3/002(1) Publicação 10/07/2009 Julgamento 16 de Junho de 2009 Relator MÁRCIA MILANEZ Ementa APELAÇÃO CRIMINAL - TRIBUNAL DO JÚRI - PRELIMINAR - AUSÊNCIA DE INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL NO TERMO DE INTERPOSIÇÃO DO RECURSO - MERA IRREGULARIDADE - PRELIMINAR DE NÃO-CONHECIMENTO REJEITADA. MÉRITO - TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO E ABORTO - NEGATIVA DE AUTORIA ACATADA PELO CONSELHO DE SENTENÇA - ABSOLVIÇÃO - INCONFOMISMO DO ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO - DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS - INOCORRÊNCIA - VERSÃO DO ACUSADO EM CONTRAPOSIÇÃO À PALAVRA DA VÍTIMA - CASSAÇÃO DO VEREDICTO - IMPOSSIBILIDADE - SÚMULA Nº 28 DO GRUPO DE CÂMARAS CRIMINAIS DESTA EGRÉGIA CORTE - DECISÃO MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. 'A cassação do veredicto por notoriamente contrário à prova dos autos somente é possível quando a versão acatada não pode ser extraída dos elementos de prova constantes dos autos, sob pena de ofensa à soberania dos jurados, constitucionalmente assegurada. Não se avalia a prova, em toda a sua amplitude, para se chegar à melhor, mais justa ou mais técnica decisão. A cassação somente se legitima quando a decisão dos Jurados se mostrar manifestamente arbitrária e afrontosa à evidência dos autos, de tal modo que a sua existência se afigure uma verdadeira ofensa aos valores do ordenamento V – DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: 1 – Ante o exposto, requer que seja reconhecida a atipicidade da conduta do Réu, com a consequente absolvição Sumária, com base no Art. 415, III do código de Processo Penal brasileiro Nos termos em que aguarda deferimento. Capital, 14 de fevereiro de 2017 Advogado OAB/UF Nº
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