Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 3 Reitor Prof. Me. Stefano Barra Gazzola Gestão da Educação a Distância Prof. Me. Wanderson Gomes de Souza Design Instrucional e Diagramação Amanda Alves Isabella de Menezes Revisão Ortográfica / Gramatical Olga Tereza Prado Martins 4 Fabiano Farias de Oliveira Mestre em Engenharia de Materiais (CEFET-MG). Engenheiro Mecânico, Especialista em Matemática Aplicada e Engenharia de Qualidade. Atua como professor no Centro Universitário do Sul de Minas, desde o ano de 2006, nos Cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia de Produção e Tecnólogo em Automação Industrial, na modalidade presencial (GEAT) e a distância (GEAD). Atualmente é o responsável técnico pelos Laboratórios: Processos de Soldagem; Processos de Fabricação por Usinagem; Hidráulica e Pneumática; Ensaios de Materiais (destrutivos); Caracterização e Preparação Metalográfica; Tratamentos Térmicos e Analises Micrográficas, dos Cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção do Centro Universitário do Sul de Minas Gerais – UNIS-MG. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4744449Y3 5 OLIVEIRA, Fabiano Farias. Guia de Estudo – Tecnologia de Materiais II. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2016. ???. 1. Processamentos 2. Seleção de Materiais 3. Aplicações I. Título. 6 EMENTA DA DISCIPLINA __________________________________________________________________ 9 ORIENTAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA __________________________________________________ 9 PALAVRAS-CHAVE _________________________________________________________________________ 9 TECNOLOGIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO: OS NOVOS PARADIGMAS EDUCACIONAIS.___________________________________________________________________________ 11 OBJETIVOS DESTA UNIDADE__________________________________________________________________ 11 INTRODUÇÃO ______________________________________________________________________________ 11 1. CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS _____________________________ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.1.1. O EMPIRISMO _____________________________________ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.1.2. O APRIORISMO ____________________________________ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.1.3. O INTERACIONISMO _______________________________ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.1.4. IMPLICAÇÕES DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO E NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM ______________________________________________ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.1.5. OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E O NOSSO CONHECIMENTOERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 1.1.6. A INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE MODERNAERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. ATIVIDADES __________________________________________________ ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. RESUMINDO____________________________________________ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______________________ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO. 7 8 Prezados Alunos, Neste guia (Tecnologia dos Materiais-II) estudaremos os diversos tipos de processamentos térmicos e termoquímicos usados na engenharia e as suas respectivas finalidades, onde destacaremos os principais cuidados, e definição dos parâmetros básicos fundamentais para melhorar as propriedades dos materiais. Também veremos os principais tipos de materiais aplicados na engenharia, onde destacaremos: os aços e suas ligas, os materiais cerâmicos e poliméricos, abordando as suas principais aplicações, limitações, técnicas de processamentos e principalmente aliando o seu custo x benefício. Neste módulo será abordado também os principias mecanismos e controle das corrosões, que podem ocorrer nos mais variados tipos de materiais usados na engenharia. Destacando os principias tipos de corrosão e as suas principais causas e consequências, e as principias técnicas que podem ser utilizadas para amenizar estes mecanismos. Portanto, para que tenhamos um bom aproveitamento, sugiro que leia atentamente cada parte de nosso Guia de Estudo e se possível consulte também livros, artigos sobre o assunto e realize cada uma das atividades propostas durante o semestre. Bons estudos! Abraços, Profº Me. Fabiano Farias de Oliveira 9 Ementa da disciplina Processamentos Térmicos. Processamentos Termoquímicos. Aços e Ligas Especiais. Tecnologia dos Materiais Poliméricos e Cerâmicos. Mecanismos e Controle da Corrosão. Orientações gerais da disciplina Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual. Palavras-chave Processamentos, Seleção de Materiais, Aplicações. 10 11 Processamentos Térmicos. Objetivos desta unidade Conhecer e compreender os principais tipos e técnicas de proces- samentos térmicos e a sua importância na construção dos materiais. Identificar e compreender os mecanismos que ocorrem durante e após os processamentos térmicos. Analisar e compreender as alterações microestruturais e compará-las mediante as relações de temperatura, tempo e transformação. Introdução Antes de entendermos os principais objetivos e consequências dos processamentos térmicos é muito importante saber que os processamentos térmicos são responsáveis por assegurarem as propriedades dos materiais, que são indispensáveis para um trabalho normal das peças, das máquinas ou das ferramentas, além proporcionar segurança e durabilidade das mesmas. Portanto, tanto as ligas de ferro carbono (aços, ferros fundidos) como algumas ligas de metais não ferrosos (alumínio, cobre, etc) devem ser obrigatoriamente submetidas a algum tipo de tratamento térmico. 12 1.1 - Definição Segundo Chiaverini (1986), o tratamento térmico consiste no aquecimento das peças até a uma determinada temperatura, conservando esta temperatura por um determinado tempo, e em seguida resfriar em um meio refrigerante (óleo, água, ar, etc), alterando assim a estrutura dos metais e das ligas metálicas. A sua principal finalidade é fazer com que as propriedades das peças tratadas sejam melhoradas em suas propriedades mecânicas (tenacidade e dureza, resistência ao desgaste e fácil usinagem), propriedades químicas e físicas especiais assim como também eliminar sua tensão. (Callister, 2008). 1.2 - Regime do Tratamento térmico Segundo Yoshida (1973), na fabricação das pecas, a operação de tratamento térmico é geralmente uma das operações finais e por isto, ao efetuá- la, é muito importante consultar os manuais dos fabricantes de aço, e controlar a temperatura e velocidade de aquecimento, duração da temperatura, duração do resfriamento e tipo de refrigerante, conforme representado na figura 1. Figura 1: Representação esquemática do regime de tratamento térmicoFonte: Yoshida, 1973. 13 - Aquecimento das peças tratadas: 1º - O aquecimento deve ser gradual, e não deve ser demasiadamente rápido; 2º - A peça deve ser aquecidas de maneira uniforme em toda a sua dimensão (por todos os lados); 3º - Durante o aquecimento não deve ser permitido o contato direto das peças com a chama; 4º - Deve-se assegurar que os instrumentos de medições de temperatura estejam corretos (confiáveis). 1.3 - Tipos de fornos a) Forno de Câmara a Gás: Neste tipo de forno, as peças são aquecidas por contato direto com a chama e com produtos da queima do combustível. Principais Desvantagens: Dificuldades na regulagem de temperatura e aquecimento direto da chama com a peça (Impurezas danosas). Figura 2: Representação esquemática do regime de tratamento térmico. Fonte: Yoshida, 1973. 14 b) Forno de Mufla: No forno de mufla (caixa) as peças são aquecidas em um compartimento hermeticamente fechado e revestido por ladrilhos refratários, onde a transmissão do calor é realizado pelo aquecimento em torno das paredes do forno que aquece a peça. Principal vantagem: As peças que estão sendo aquecidas não entram em contato direto com a chama. Principais Desvantagens: Limitação ao tamanho e formas geométricas das peças a serem temperadas e o alto consumo de energia elétrica. Figura 3: Representação esquemática - Forno de Mufla Fonte: Yoshida, 1973. c) Forno de banho Aquecido Eletricamente O forno de banho é um cadinho construído de material refratário e revestido de aço inoxidável ao cromo ou aço cromo-níquel. O cadinho é carregado de sais, ou metal fundido, dependendo da temperatura de trabalho do forno. 15 Principal vantagem: As peças são aquecidas de forma mais homogênea e rápida e possibilita o aquecimento localizado. Principais Desvantagens: Geração de Gases tóxicos; Manutenção mais trabalhosa e mais cara; O equipamento requer operador mais qualificado e equipamentos e instalações mais complexas. Figura 4: Representação esquemática - Forno de banho aquecido eletricamente Fonte: Yoshida, 1973. 1.4 - Velocidade de Aquecimento A velocidade do aquecimento do metal durante a operação de tratamento térmico depende diretamente do tipo de material a ser tratado, como por exemplo: a composição química, condutibilidade calorífica, grau de homogeneidade, pureza do material e a forma e dimensões da peça. (Yoshida, 1973). 16 Segundo Chiaverini (1986), o aquecimento deve ser realizado de forma lenta e gradual, principalmente em aços com maior teor de carbono, aços com mais ligas e peças com formato complexo. Objetivo: Evitar o aparecimento de grandes tensões internas que podem originar a torção e, inclusive, a formação de trincas nas peças. 1.5 - Transformações de Fases As transformações de fases em um metal podem ocorrer por meio de difusão (resfriamento mais lento) ou sem a difusão (resfriamento mais rápido), ou seja, a maioria das transformações de fases nos estados sólidos não ocorre instantaneamente, são dependentes do tempo. (Silva e Mei, 2010). - Diagrama Temperatura-Tempo-Transformação (Curvas TTT) As funções das curvas TTT são de estabelecer a temperatura e tempo em que ocorre uma determinada transformação (somente para transformações a temperatura constante). O diagrama abaixo ilustra algumas curvas com vários percentuais de finalização para reação de transformação. Figura 5: Diagrama de transformação TTT (tempo x temperatura x transformação) 17 Fonte: Adaptado Oliveira, 2008 Na Figura 6 ilustra os estágios da transformação martensítica nas linhas horizontais, onde Ms representa o início, e M50 e M90 (50 e 90% da transformação, respectivamente). Figura 6: Curva TTT para aço eutetóide Fonte: Adaptado Oliveira, 2007. 18 Na figura 7, apresenta algumas curvas de resfriamento a tem-peratura constante, para um Aço Eutetóide, e as respectivas Microestruturas formadas para cada um dos casos. Figura 7: Curvas de Resfriamentos e Transformações Fonte: Adaptado Oliveira, 2007. Já na figura 8, apresenta os meios de resfriamento, para um aço eutetóide, e as suas possíveis microestruturas que podem ser formadas. Figura 8: Meios de resfriamento x transformação 19 Fonte: Adaptado Oliveira, 2007. Onde: * Ponto A (Forno) = Perlita Grossa; * Ponto B (Ar) = Perlita mais fina (mais dura que a anterior); * Ponto C (Ar Soprado) = Perlita mais fina e dura ainda que a anterior; * Ponto D (Óleo) = Perlita + Martensita * Ponto E (Água) = Martensita 1.6 - Processamentos Térmicos em Materiais Ferrosos 1.6.1 - Têmpera Segundo Shakelford (2008), chama-se têmpera a operação térmica que visa aumentar a dureza e a resistência das peças construídas. A operação de têmpera consiste em aquecer o aço até uma temperatura acima de linha crítica A3 (temperatura de austenitização), mantendo esta temperatura por um determinado tempo (homogeinização), e em seguida esfria- se (resfriamento brusco) em diferentes meios como (sal, óleo, água, etc). A figura 9 apresenta a curva de transformação da Martensita para um aço eutetóide. Figura 9: Curva de Transformação da Martensita (resfriamento brusco) 20 Fonte: Adaptado, Oliveira, 2007. - Microestrutura Obtida após o resfriamento Ocorre a formação de uma microestrutura chamada de Martensita, que é uma solução sólida supersaturada de carbono (não se forma por difusão) e possui as seguintes características: a) Possui características em formas de agulhas; b) Apresenta elevada dureza e fragilidade, dureza com cerca de 63-67 HRC; c) Adquiri Estrutura Tetragonal Cúbica (fase metaestável); d) Devido ao resfriamento brusco, apresenta elevados níveis de tensões internas, portanto, é preciso aliviar ou eliminar estas tensões (novo tratamento). Como a martensita não envolve difusão, a sua formação ocorre instantaneamente (independente do tempo, por isso na curva TTT a mesma corresponde a uma reta). 21 Figura 10: Martensita (Plaquetas de martensita em um fundo de austenita retida) Fonte: Callister, 2008 Os resultados da operação de têmpera estão diretamente ligados a temperatura de operação, velocidade e duração do aquecimento e velocidade de resfriamento (meio refrigerante). Um fator importante referente à temperatura de aqueci- mento das peças, esta ligado diretamente ao tipo de aço e principalmente do conteúdo de carbono: - Mais Carbono = Menor a velocidade de resfriamento; - Menos Carbono = Maior a velocidade de resfriamento. - Principais cuidados no resfriamento: 22 1º - A quantidade do líquido refrigerante deve ser suficiente para que a temperatura mude pouco durante o resfriamento das peças que são temperadas; 2º - Antes de submergir a peça aquecida no meio refrigerante (óleo ou água), é necessário misturar este último para igualar a temperatura em todas as camadas; 3º - Para eliminar a camada de vapor que se forma ao redor da peça quando começamos a submergir no líquido refrigerante, impedindo o acesso da correntede ar puro, a peça que se tempera deve ser movimentada em diferentes direções; 4º - Todas as peças quando sofrem operação de têmpera, no resfriamento, podem: deformar, trincar e empenar, por isto, deve se ter o cuidado ao submergir as peças na posição correta (geometria e densidade). Você percebeu que a têmpera é um dos tratamentos térmicos mais importantes usados na indústria, e para que o processo tenha êxito é necessário ficar atento a todos os parâmetros: Tipo de material e composição química, temperatura e velocidade de aquecimento, taxa de resfriamento (meio refrigerante). 1.6.2 - Revenimento O Revenimento é um processo de tratamento térmico que se emprega depois da têmpera, que tem como objetivo aliviar ou remover as tensões internas causadas pela têmpera, com o intuito de diminuir a fragilidade e tornar o aço mais dúctil e tenaz. (Callister, 2008). - Processo de Revenimento: 23 O revenimento consiste em aquecer o aço logo após a Têmpera, até uma temperatura determinada (abaixo da linha crítica A1), mantendo esta temperatura por um determinado tempo, em seguida, resfriando ao ar, óleo, água ou outro meio refrigerante. Conforme representado na figura 11. Figura 11: Alívio de Tensão (Revenimento) Fonte: Adaptado, Oliveira, 2007. - Tipos e Aplicações de Revenimento: a)Revenido Baixo: São indicados nos tratamentos de peças que não suportam cargas de percussão (pancadas-impactos). Ferramentas cortantes: brocas, fresas, machos de roscar, cossinetes, etc. - Temperatura entre 150º a 230ºC; - Diminuí as tensões residuais; 24 - Dureza entre 55 a 60 HRC; - Estrutura: Martensita Revenida (escura, preta, os carbonetos começam a precipitar). b) Revenido Médio: São indicados em peças que serão submetidas a cargas de percussão (pancadas). Ferramentas: Talhadeiras, martelos e molas, etc. - Temperatura entre 230º a 400ºC; - Eleva a ductilidade das peças; - Dureza ente 35 a 40 HRC; - Estrutura: Troostita (os carbonetos continuam a precipitar em forma globular, invisível ao microscópio). c)Revenido Alto: São indicados para peças de máquinas que trabalham sob grandes tensões e choques. Elementos de máquina: engrenagens, eixo de árvore, bielas etc. - Temperatura entre 400 º - 500°C; - Eleva mais ainda a ductilidade das peças; - Dureza: 20-45 HRC; - Estrutura: Sorbita; (os carbonetos crescem em glóbulos, visíveis ao microscópio); - Temperatura entre 500º a 650ºC; - Peças com alta ductilidade; 25 - Dureza entre menor que 20 HRC; - Estrutura: Esferoidita (carbonetos formam partículas globulares). Portanto, o revenimento é um tratamento complementar da têmpera (obrigatório) e deve ser sempre realizado imediatamente ao final do processo de têmpera. 1.6.3 - Processos de Recozimento O recozimento é uma operação de tratamento térmico que consiste em aquecer o aço a uma temperatura elevada, mantendo-o a esta temperatura a um determinado tempo, e em seguida resfriando-o lentamente dentro do próprio forno ou em areia. O resultado do recozimento forma-se uma estrutura estável do aço, livre de tensões residuais. (Chiaverini, 1986). - Objetivos do Recozimento: 1- Remoção de tensões internas devido aos tratamentos mecânicos; 2- Diminuir a dureza para melhorar a usinabilidade; 3- Alterar as propriedades mecânicas como a resistência e ductilidade; 4- Ajustar o tamanho de grão; 5- Melhorar as propriedades elétricas e magnéticas; 6- Produzir uma microestrutura definida. Observe que o tratamento térmico de recozimento possue objetivos opostos ao tratamento térmico por têmpera, então, neste caso é importante rever as diferenças e objetivos específicos destes dois tipos de tratamentos. 26 Segundo Callister (2008), o recozimento pode ser efetuado em temperaturas diferentes e pode ser classificados em duas classes: Recozimento incompleto e completo. 1.6.3.1- Recozimento Incompleto: Geralmente a temperatura do recozimento deve ser inferior à linha crítica A1 (723°C). Os tipos de recozimentos incompletos mais comuns são: a) Recozimento para Alívio de Tensão (subcrítico) Pode ser aplicado em qualquer tipo de liga metálica, e a sua temperatura de operação não deve ser superior a linha crítica A1, (600 a 700°C) para que não ocorra nenhuma transformação de fase. O resfriamento deve ser lento, para evitar os riscos de distorções. (Callister, 2008). Figura 12: Recozimento para Alívio de Tensões dos Aços Fonte: Adaptado, Callister, 2008. 27 Objetivo: É remover as de tensões internas originadas de processos (mecânicos, soldagem, corte, etc). Se a microestrutura original possuir perlita, os tempos de recozimento subcríticos serão entre 15 e 25 horas. b) Recozimento para Recristalização Dê acordo com Chiaverini (1986), pode ser aplicado em qualquer tipo de liga metálica, e a recristalização tem como objetivo a formação de um novo conjunto de grãos livres de deformação causados por uma deformação plástica a frio, ou seja, as propriedades mecânicas que foram alteradas pela deformação plástica a frio são restauradas, o metal se torna mais macio, menos resistente, porém mais dúctil. O processo de recristalização depende tanto da temperatura (não deve superior a linha crítica A1, para que não ocorra nenhuma transformação de fase) quanto do tempo. A temperatura média usada no processo de recristalização (recuperação) é de 450 a 800°C, dependendo do tipo de material e deformação plástica realizada a frio, e o resfriamento deve ser lento ao ar ou ao forno. Figura 13: Recozimento para recristalização 28 (a) (b) Fonte: Callister, 2008. * Na figura 13(a), ilustra a microestrutura de um material policristalino antes da deformação plástica (encruamento) e na figura 13(b) a microestrutura de material policristalino encruado, observa-se um alongamento dos grãos na direção da deformação. c) Recozimento para Homogeneização Geralmente são usados em peças metálicas fundidas, tendo como objetivo melhorar a homogeneidade da microestrutura das peças fundidas, e a temperatura usada deve ser abaixo da temperatura da linha crítica A1 (temperatura eutetóide) não podendo haver nenhuma transformação de fase, com resfriamento lento ao ar ou ao forno. 1.6.3.2 - Recozimento Completo Geralmente são usados usados em aços, a uma temperatura de superior de 20ºC a 50ºC a linha crítica A3 (Aços Hipoeutetóides), e entre as linhas ACM e A1 (Aços 29 Hipereutetóides) como é chamado o ponto crítico (temperatura fundamental na estrutura interna do aço). Os tipos de recozimentos completos mais comuns são: a) Recozimento Pleno ou Total O recozimento pleno é usado geralmente em aços com teores baixos e médios de carbono que serão submetidos a usinagem ou que irão experimentar uma extensa deformação plástica durante uma operação de conformação, tendo como objetivo homegeneizar a estrutura, mudando o tamanho de grão. A liga é austenitizada pelo aquecimento de 15 a 40ºC acima das linhas A3 (Aços Hipoeutetóide) e entre as linhas Acm e A1 (Aços Hipereutetóide) até que seja atingida uma condição de equilíbrio (homogeneização). Em seguida a liga é resfriada lentamente dentro do próprio forno (resfriamentolento e constante). Figura 14: Representação esquemática – Recozimento Pleno ou Total. Fonte: Adaptado, Callister, 2008. 30 O produto microestrutural desse recozimento é uma perlita grosseira, relativamente mole e dúctil. b) Recozimento Isotérmico ou Cíclico O recozimento Isotérmico ou Cíclico, também é usado em aços tendo como objetivo homogeneizar a estrutura, mudando o tamanho de grão. A diferença do recozimento Cíclico está no resfriamento que é bem mais demorado, tornando-o mais caro, a grande vantagem e que permite obter uma estrutura final mais homogênea, e o resfriamento é geralmente em banho de sais. A grande desvantagem do deste processo é para peças de grande volume, devido a dificuldade de baixar a temperatura do núcleo da mesma. 1.6.4 - Normalização A operação de normalização é uma das variedades do recozimento e diferencia- se deste em que o esfriamento das peças que são normalizadas efetua-se ao ar livre. Geralmente são empregados na operação de normalização dos produtos estampados, laminados e forjados, tanto de aço ao carbono como de aço liga e também peças cementadas. Os objetivos principais da normalização são: - Melhorar a microestrutura do aço (solda, estamparia e etc.); - Elevar as propriedades mecânicas (operação tratamento térmico). 31 A normalização é conseguida mediante o aquecimento a uma temperatura de aproximadamente 55 a 85ºC acima da linha A3 (Aços Hipoeutetóide) e acima da linha Acm (Aços Hipereutóide) que depende do tipo de composição da liga. Figura 15: Representação esquemática - Normalização. Fonte: Adaptado, Callister, 2008 O resultado final após a normalização é um aço com elevado limite de tenacidade (resistência ao choque). Em alguns casos (tipos de aço) a normalização é uma operação definitiva do tratamento térmico. Neste momento é muito importante fazer uma breve pausa e rever todo o conteúdo já estudado, para fixar todo os conceitos básicos e aplicações dos diversos tipos de processamentos térmicos até aqui já vistos. 32 1.7 - Endurecibilidade Segundo Shackelford (2008), a influência da composição da liga sobre a habilidade de uma liga de aço em se transformar em martensita para um tratamento de têmpera em específico está relacionada a um parâmetro que é conhecido por endurecibilidade. 1.7.1 - Ensaio Jominy da extremidade Temperada Segundo Callister (2008), o ensaio Jominy é o procedimento padrão mais utilizado para determinar a endurecibilidade da extremidade temperada. Com a exceção da composição da liga, todos os demais fatores podem influenciar na profundidade em que uma peça endurece, isto é: - Tamanho e a forma da amostra; - Tratamento por têmpera. O ensaio consiste em um corpo de prova cilíndrico com 25,4 mm de diâmetro e 100 mm de comprimento, que é austenitizado a uma temperatura e um período de tempo de pré-determinado. Em seguida, a peça é removida do forno e rapidamente é montada sobre um suporte, conforme representado abaixo na figura 16. Figura 16: Diagrama esquemático da montagem do Ensaio Jominy 33 Fonte: Callister, 2008. Para maiores detalhes pesquise: Norma ABNT-Aço-Deter- minação da temperabilidade “Jominy” - 01.012 – Norma NBR 6339 – OUT/1982. Na extremidade inferior o corpo de prova é resfriado rapidamente mediante a ação de um jato de água (tubo de ½”) com vazão e temperatura específicas, conforme representado na abaixo na figura 17. Figura 17: Diagrama esquemático para o ensaio Jominy 34 Fonte: Chiaverini, 2004. Dessa forma, a taxa de resfriamento assume um valor máximo na extremidade que está sendo temperada, diminuindo em função da posição desde esse ponto e ao longo do comprimento do corpo de prova. Após o resfriamento (temperatura ambiente) corta-se se a peça com chanfros achatados de 0,4mm de profundidade ao longo do seu comprimento, onde são realizadas as medições de dureza, da seguinte forma: As primeiras medições 12,8 mm as leituras de dureza são tiradas em intervalos de 1,6 mm (8 medições), enquanto as demais 38,4 as leituras são tiradas a cada 3,2 mm (12 medições). Conforme podem ser vistas na figura 18. Figura 18: Diagrama esquemático para o ensaio Jominy 35 Fonte: Callister, 2008. Figura 19: Gráfico típico da endurecibilidade de dureza Rockwell C em função da distância. Fonte: Callister, 2008. Figura 20 - Apresenta os perfis de dureza para as ligas temperadas 36 pelo ensaio Jominy. Fonte: Callister, 2008. Figura 21: Curvas de Endurecibilidade Fonte: Adaptado, Oliveira, 2007. - Influência do meio de resfriamento, do tamanho e da geometria da peça: 37 a) A taxa de resfriamento depende da taxa de extração de energia térmica, a qual, por sua vez, é uma função das características do meio de resfriamento. b) Severidade da têmpera é um termo usado com frequência para indicar a taxa de resfriamento, que quanto mais rápido for, mais severa será a têmpera. c) Meios de resfriamentos: água, óleo, e ar. Figura 22: Perfis radiais de dureza para amostras cilíndricas de aço 1040 e aço 4140 (Temperadas em água moderadamente agitada). (a) Amostras 1040 e 4140 - (b) 4140 diâmetro de 50mm e 75mm Fonte: Callister, 2008. 1.8 - Austêmpera Segundo Chiaverini (1986) a autêmpera é um processo de tratamento isotérmico, utilizado para a obtenção da Bainita, onde o objetivo principal é a obtenção de peças com alta tenacidade e resistência a fadiga, e são aplicados somente aços alta temperabilidade. 38 - Processo de Austêmpera 1º - A peça é aquecida acima da zona crítica, por um determinado tempo (Homogeneização ou encharcamento) - Posição 1. (conforme figura 23). 2º - A peça é resfriada bruscamente em banho de sal fundido entre 260ºC e 440ºC – Posição 2. 3º - A peça permanece nessa temperatura por um tempo (até cortar as duas curvas, onde desta forma a austenita se transforma em bainita) - Posição 3. 4º - Em seguida a peça é resfriada ao ar livre - Posição 4. Figura 23: Diagrama TTT (Tempo, Temperatura, Transformação) Fonte: Adaptado, Oliveira, 2007. - Austenita: acima de 750ºC; - Curva a esquerda (i): início de transformação da Austenita em Perlita ou Bainita; - Curva a Direita (f): fim de transformação; - Mi: início de transformação da Austenita em Martensita; - Mf: Fim de transformação. 39 Após os Tratamentos Térmicos: - Dureza da Bainita é de aproximadamente 50 HRC (Austêmpera) - Dureza da Martensita é de 65 a 67 HRC (Têmpera). Principais Vantagens: - Tensões internas Resultantes no processo são muito menores; - As peças não sofrem empenamentos. A austêmpera não apresenta bons resultados em peças de grandes dimensões (devido ao resfriamento), portanto, não é recomendado austêmperar peças maiores de 5 mm de espessura para aço carbono e maiores que 25,0 mm de espessura para aços ligas. 1.9 - Martêmpera Segundo Chiaverini (1986), a martêmpera é um processo de tratamento isotérmico, utilizado também para a obtenção da Martensita como na têmpera, (obtendo peçascom elevada dureza e resistência), mas tendo como objetivo principal de reduzir risco de empenamento de peças. - Processo de Martêmpera a) A peça é aquecida acima da zona crítica (A1) para obtenção da Austenita - Posição 1 (conforme figura 24). b) Em seguida a peça é resfriada em óleo quente ou sal fundido, passando por 2 etapas: 40 1ª Etapa - A peça é mergulhada um pouco acima da linha Mi – Posição 2 (conforme figura 24). *Mantêm-se a peça nessa temperatura por um determinada tempo, não deixando que ela corte a primeira curva – Posição 3. 2ª Etapa - Finalmente resfriar a peça ao ar até a temperatura ambiente. - Posição 4 (conforme figura 24). Figura 24 - Diagrama TTT ( Tempo, Temperatura, Transformação ) Fonte: Adaptado, Oliveira, 2007. - Características do Processo A estrutura Martensítica obtida após a Martêmpera, apresenta-se mais uniforme e homogênea (diminuí riscos de trincas); Como na Têmpera, é necessário Revenir a peça logo em seguida; A diferença básica entre Têmpera x Martêmpera difere-se no resfriamento. 41 Como na austêmpera a martêmpera também não apresenta bons resultados em peças de grandes dimensões devido ao resfriamento ser mais lento. 1.10 - Endurecimento por Precipitação (Envelhecimento) Dê acordo com Callister (2008), o processo de endurecimento por precipitação tem como objetivo melhorar a resistência e a dureza de algumas ligas metálicas (principalmente as ligas não ferrosas) pela formação de partículas (precipitados) extremamente pequenas e uniformemente dispersas de uma segunda fase no interior da matriz da fase original. (surgindo uma nova fase). Este processo pode ser aplicado em ligas de: - Alumínio-Cobre; Cobre-Berílio; Cobre-Estanho; Magnésio-Alumínio e algumas ligas ferrosas. Para que ocorra o endurecimento por precipitação, duas características obrigatórias devem ser exibidas pelos diagramas de fases dos sistemas da liga: 1º - Deve haver uma solubilidade máxima apreciável de um componente no outro; 2º - Deve haver um limite de solubilidade que diminua rapidamente com a concentração do componente principal em função de uma redução na temperatura. A figura 25 mostra um diagrama de fases hipotético. 42 Figura 25: Diagrama de fases hipotético para uma liga endurecível por precipitação com composição Co. Fonte: Callister, 2008. Onde: - Ponto M: Corresponde a solubilidade máxima; - Os campos das fases α e α + β: Diminui desde essa concentração máxima até um teor muito baixo de B em A Segundo Callsiter, (2008), o endurecimento por precipitação é obtido mediante dois tratamentos térmicos diferentes, divididos em 2 atapas: 1ª Etapa: Tratamento Térmico de Solubilização - O objetivo do tratamento térmico de solubilização é fazer com que todos os átomos de soluto sejam dissolvidos para formar uma solução sólida monofásica. Conforme representado na figura 25. 1º) Considere uma liga com composição Co, onde o tratamento consiste em se tratar a liga até uma temperatura dentro da fase α, a uma temperatura To, em seguida aguardar até que toda a fases β que possa ter estado presente seja dissolvida. Nesse ponto, a liga consiste apenas em uma fase α, cuja composição é Co. 43 2º) Em seguida é realizado um resfriamento rápido (Têmpera), até a temperatura T1 , a qual para muitas ligas é a temperatura ambiente, com o objetivo de prevenir qualquer formação de fração da fase β. Resultado: Haverá uma situação de ausência de equilíbrio, onde somente a solução sólida na fase α, supersaturada com átomos de B, que estará mole e fraca. (permanecendo por longos períodos de tempo, na temperatura T1). 2ª Etapa: Tratamento Térmico de Precipitação - O objetivo principal do tratamento térmico de precipitação é o endurecimento do material. A solução sólida α supersaturada (originada da 1ª etapa) é normalmente é aquecida até uma temperatura intermediária T2 (figura 16), que esta dentro da região bifásica α + β, cuja temperatura as taxas de difusão se tornam apreciáveis. A fase β precipitada começa a se formar na forma de partículas finamente dispersas com composição Cβ. (processo também conhecido por envelhecimento). Após um determinado tempo (envelhecimento) à temperatura T2, a liga é resfriada até a temperatura ambiente (taxa de resfriamento aleatório). Figura 26: Representação esquemática da temperatura em função do tempo para o tratamento térmico de precipitação. 44 Fonte: Callister, 2008. “Portanto a resistência e a dureza da liga dependem tanto da temperatura de precipitação T2 como do tempo de envelhecimento a essa temperatura.” Para reduzirmos esta dureza após o envelhecimento, basta prolongar o período de tempo do envelhecimento, no qual chamamos de Superenvelhecimento. (Conforme figura 27). Figura 27: Diagrama esquemático mostrando a resistência e a dureza como função do logaritmo do tempo de envelhecimento. 45 Fonte: Callister, 2008. Prezados alunos, para enriquecer e aprofundar seus conhecimentos sobre os tratamentos térmicos, sugiro que pesquisem outras fontes de pesquisas (artigos, apostilas, sites específicos, além das referências bibliográficas básicas e complementares que estão no final deste guia). 46 Processamentos Termoquímicos. Objetivos desta unidade Conhecer e compreender as principais técnicas de processamentos termoquímicos e a sua importância na construção dos materiais. Identificar as principais características dos processos e as suas aplicações cotiadianas. Analisar e descrever os princípios dos tratamentos termoquímicos e compreender as suas alterações microestruturais. Introdução Ao contrário dos processamentos térmicos que visam melhorar as propriedades dos materiais como um todo. Os processamentos termoquímicos visam melhorar as propriedades dos materiais apenas a nível superficial, ou seja, tratando apenas a superfície, por meio pinturas, tratamentos anti-corrosivos (cromação, zincagem) ou aumentando as propriedades mecânicas em relação a dureza superficial. Portanto, os tratamentos termoquímicos que serão discutidos neste módulo, serão os tratamentos que visam melhorar apenas dureza superficial não alterando as propriedades internas no material (núcleo), melhorando assim as condições de trabalho de peças que são submetidos ao atrito (desgaste) e que consequentemente reduzem a sua vida útil. 47 2.1 – Definição Segundo Chiaverini (1986), são tratamentos superficiais mais comumente aplicados nos aços, pela modificação parcial de sua composição química e aplicação simultânea de um tratamento térmico, tendo como objetivo principal aumentar a dureza e a resistência do material ao desgaste de sua superfície, ao mesmo tempo manter o núcleo dúctil e tenaz. As aplicações mais comuns são em engrenagens, eixos deslizantes, ferramentas de corte e etc. 2.4 - Tipos de Tratamentos Superficiais 2.4.1 - Processo de Cementação - Sólida Consiste na introdução de carbono na superfície em aços de baixo carbono, (com até 0,25%p de carbono). Podendo atingir até 1% de carbono a uma determinada profundidade. A temperatura de trabalho para cementação deve ser acima dazona crítica entre 900 e 950ºC, para a austenita absorver e dissolver carbono. - Descrição do Processo: 1º - A peça é colocada em uma caixa de aço contendo substâncias ricas em carbono (carvão de lenha, carbonato de cálcio, óleo comum, carbonato de bário e etc). 48 2º - A caixa é elevada ao forno a uma temperatura entre 900 a 950ºC, durante o tempo necessário para a obtenção da camada desejada (entre 0,3mm a 2mm). 3º - Submete-se a peça a Têmpera para que ela adquira dureza. Figura 1 – Representação esquemática - Cementação Sólida (caixa) Fonte: SENAI-SP,1999. NOTA: Antes da cementação o aço deve ser normalizado e usinado. - Reações químicas fundamentais: a) O carbono reage e combina com o oxigênio do ar: C + O2 Co2 b) O Co2 reage com o carbono do Carvão incandescente: Co2 + C 2Co 49 c) O Co reage, por sua vez com o ferro do aço: 3Fe + 2Co Fe3C + Co2 d) O Co2 originado reage novamente com C do carvão incandescente e assim em seguida com os ativadores (carbonato de sódio, carbonato de potássio, carbonato de Bário e etc). Figura 2: Relação Espessura da Camada (mm) x Tempo de permanência (h) Fonte: SENAI-SP,1999. - Principais Vantagens: a) Processo mais simples; b) Custo Reduzido; c) Não existe atmosfera Protetora; d) Não requer um operador muito experiente; e) Reduz Risco de Empenamentos (Misturas Carborizantes Sólidas e etc.) 50 - Principais Desvantagens: a) Processo não é Limpo; b) Não é recomendado para obtenção de camadas muito finas; c) Não permite um controle rigoroso do teor de carbono; d) Não é indicado para Têmpera direta (somente no ar – Simples); e) Processo Tóxico. Devido as suas inúmeras vantagens x desvantagens da cementação em caixa, será que esta técnica pode ser recomendada em aplicações mais rigorosas? 2.4.2 - Processo de Cementação gasosa: Neste processo, a substância carbonácea é uma atmosfera gasosa, como CO, gases derivados de hidrocarbonetos (gás natural, Propano, etano, butano e etc.). Neste tipo de processo o Propano e o gás mais comumente utilizado. - Principais Vantagens: a) Processo mais limpo; b) Mais e eficiente maior controle do teor de carbono e espessura da camada; c) Peças com maior uniformidade (qualidade); d) Economia de energia. - Principais Desvantagens: a) Reações são mais complexas; b) Instalações mais onerosas; c) Aparelhagem mais complexa de controle e segurança. 51 2.4.3 - Processo de Cementação Líquida Ao contrário dos processos de cementação em caixa ou em gás, neste processo o meio carburante é um sal fundido dentro de um forno de banho líquido aquecido, Conforme representado pela figura 3. Figura 3: Representação esquemática da Cementação Líquida Fonte: SENAI-SP,1999. - Descrição do processo: 1° - A temperatura dos sais fundidos deve ser entre 930°C a 950°C; 2° - A peça deve ser pré-aquecida em torno de 400°C (eliminar água e choque Térmico); 3° - Em seguida mergulhadas no banho de sal fundido; 4° - As peças são resfriadas em salmoura com 10 a 15% de cloreto de sódio (ClNa) , ou em óleo de têmpera. 52 Tabela 1: Composição de banhos de sal usados na cementação líquida Constituinte Composição do Banho % Baixa Temperatura (840º a 900º) (Camada: espessura pequena) Alta Temperatura (900º a 955ºC) (Camada: espessura grande) Cianeto de Sódio 10 a 23 6 a 16 Cloreto de Bário 0 a 40 30 a 35 Cloreto de Potássio 0 a 25 0 a 20 Cloreto de Sódio 20 a 40 0 a 20 Carbonato de Sódio 30 máx. 30 máx. Cianato de Sódio 1 máx. 0,5 máx. Outros sais alcalinos 0 a 10 0 a 10 Aceleradores: compostos de metais alcalinos fer- rosos 0 a 5 0 a 2 Fonte: Adaptado, Chiaverini, 1986. - Principais Vantagens: a) A cementação líquida é rápida e limpa; b) Permite maiores profundidades de cementação; c) Protege com mais eficiência as peças contra a corrosão e descarbonetação; d) Elimina a praticamente o empenamento das peças; e) Possibilita melhor controle do teor de carbono; f) Permite Cementação localizada. 53 - Principais Desvantagens: a) Exigem sistemas de exaustão de Gases (cianeto); b) O banho de sal deve ser protegido com uma cobertura (adição de grafita de baixo teor em sílica no banho fundido). Façamos agora uma pequena pausa, para revisarmos os conceitos básicos sobre os processos de cementação, suas aplicações e limitações. - Tratamentos Térmicos da Cementação: Segundo Chiaverini, o tratamento térmico responsável pelo endurecimento superficial do material após a cementação deverá ser a têmpera, que pode ser realizada de três formas, dependo da aplicação. a)Têmpera Direta: Consiste em temperar imediatamente após a cementação. É usada para aços de granulação fina (peças cementadas em banho de sal); b)Têmpera Simples: Após a cementação o aço é resfriado ao ar, e em seguida é aquecido novamente e temperado. É usado para se obter um núcleo mais resistente e tenaz; c) Têmpera Dupla: Consiste em 2 têmperas (indicada para se obter aços com boa tenacidade e dureza Superficial) 1ª - Aquece o material acima de A3 para atingir o núcleo; 2ª - Logo acima de A1 para atingir a camada cementada. 54 Vale ressaltar que o material cementado antes da têmpera apresenta 2 seções distintas: a) Material cementado (camada cementada); b) Material não cementado (núcleo). 2.4.4 - Processo de Nitretação Segundo Chiaverini (1986), neste tratamento termoquímico, o endurecimento superficial é promovido pelo Nitrogênio. Os Aços mais indicados para o tratamento são os “NITRALLOY STELL” (cromo, molibdênio, alumínio e um pouco de níquel). A Nitretação geralmente é realizada após a têmpera e revenimento (Reduz empenamento). São geralmente aplicados em peças que trabalham em atrito constante. Nitretação em Girabrequim, camisas dos cilindros, Rotores e etc. - Principais objetivos: - Obter peças com superfícies de maior dureza, resistente ao desgaste; - Melhorar a Resistência à Fadiga; - Melhorar a Resistência à Corrosão; - Melhorar a Resistência ao calor até a temperatura equivalente à da Nitretação. 55 - Descrição do Processo Qualquer que seja o método de Nitretação, a temperatura de operação do processo é sempre abaixo a temperatura inferior à linha A1, onde a nitretação se difunde e produz 2 camadas características: 1ª Camada: - Camada superficial inicial muito fina (Micrografia - cor branca). - Sua espessura é muito pequena (25 microns = 0,025 mm). - Não possui alta dureza, mas apresenta boa resistência ao engripamento e a corrosão. 2ª Camada: - Camada superficial formada abaixo da 1ª camada (Micrografia de cor escura), constituída de nitreto de ferro, nitretos dos elementos de liga presentes e de compostos de Fe-C-N. (Possuí alta dureza). A figura 4, mostra o efeito da nitretação em relação a espessura da camada nitretada e dureza, que varia em função do tipo de aço e dos elementos de ligas presentes. Figura 4: Efeito da Nitretação em aços diferentes Fonte: Callister, 2008. 56 - Tipos de Processos deNitretação: Os processos de Nitretação promovido pelo nitrogênio para o endurecimento superficial dos aços podem realizados de duas maneiras: a) Nitretação a Gás O meio nitretante nesse processo é Amônia anidra que em sob a uma temperatura de 500ºC a 570ºC, se decompõe originando o Nitrogênio. 2NH3 2N + 3H2 A principal desvantagem da nitretação a gás é que o processo é muito lento (o tempo varia entre 48 a 72 h). Figura 6: Mostra Efeito do tempo de nitretação a gás sobre a espessura da camada nitretada. Fonte: Chiaverini, 1986. 57 - Descrição do Processo: 1º) Estágio a Temperatura ideal para o processo é de 500ºC a 530ºC e o tempo de duração é de 40 a 90 horas; 2º) Estágio a temperatura pode ser a mesma ou pode ser elevada para a faixa de 550ºC a 565ºC (usada para reduzir a 1ª camada). b) Nitretação Líquida ou Nitretação Tenaz: - Neste processo, as peças são mergulhadas em um meio Nitretante com uma mistura de sais Fundido. - A temperatura do processo utilizado (banho de sais fundido) é de 500ºC a 580ºC, e o tempo é de 2 a 3 horas. - Possibilita Nitretação de qualquer aço (inclusive o aço carbono de baixo teor e aço Rápido). - Também obtém camadas de boa resistência à Fadiga e com menores tendências ao engripamento. - Exemplos de alguns banhos comerciais para nitretação líquida: a) Sais de Sódio (na proporção de 60% a 75% em peso da mistura): 95,6% NaCN - 2,5% Na2CO3 e 0,5% NaCNO. b) Sais de Potássio (na proporção de 30% a 40% em peso de Mistura): 96,0%KCN - 0,6% K2CO3 - 0,75% KCNO e 0,5% KCL. 58 Figura 7: Profundidade de Nitretação líquida x Horas (570ºC) Fonte: Chiaverini, 1986. Figura 8: Efeito da Nitretação líquida na resistência ao desgaste com aço de 0,15%C nitretado x com o aço não nitretado. Fonte: Chiaverini, 1986 59 Figura 9: Efeito da Nitretação líquida x Nitretação a gás em relação a resistência a flexão alternada Fonte: Chiaverini, 1986. Prezados alunos, para saber mais detalhes sobre tratamentos termoquímicos, procure outras fontes de pesquisas, principalmente nas referências básicas e complementares que se encontram no final do guia. 60 Aços e ligas especiais Objetivos desta unidade Conhecer e identificar os diversos tipos de ligas ferrosas em função de sua composição de carbono. Compreender as funções de cada liga e os seus benefícios sobre as características mecânicas dos materiais Analisar e selecionar o tipo de liga adequada em função de sua aplicação tecnológica (custo x benefício). Introdução Segundo Shackelford (2008), cerca de 90% de peso de materiais metálicos usados nos dias de hoje em projetos de engenharia, são de origem ferrosa (aços e ferros fundidos), estas ligas apresentam excelentes propriedades mecânicas, e por isto são muito utilizadas em aplicações onde a exigência é suportar as cargas estruturais ou de transmissão de energia. Estas ligas ferrosas são divididas em duas categorias baseadas na quantidade de carbono apresentada pela liga, ou seja, cerca 0,05 a 2,1%p de carbono, nas quais são chamadas de aço e entre 2,1 a 4,5%p carbono, chamadas de ferros fundidos. 61 3.1 - Classificação dos Aços Segundo Silva e Mei (2010), os aços podem ser definidos como ligas compostas de Fe-C, onde o carbono pode variar entre 0,008 a 2,1% p, e em alguns casos também podem conter outros tipos de ligas adicionadas em sua composição. Basicamente os aços podem ser classificados em: 3.1.1 - Aços-Carbono São aços que possuem apenas ligas de ferro e carbono, não podendo conter mais de 1,65% de Mn, 0,30% de Si, 0,040% P e 0,050% S e impurezas (residuais) decorrentes dos processos de fabricação. Chiaverini, (1986). Estes tipos de aços são de custos mais acessíveis (baratos) e geralmente são aplicados em uso geral, principalmente em situações onde os riscos são menores, ou seja, onde os mesmos não serão exigidos mecânica. A tabela 1 apresenta alguns tipos de aços carbonos e suas composições químicas, conforme normas SAE e AISI. Tabela 1: Composição química de alguns aços carbono em % peso SAE-AISI C Mn SAE-ISI C Mn 1005 0,06 máx. 0,35 máx. 1050 0,48 – 0,55 0,60 – 0,90 1010 0,08 – 0,13 0,30 – 0,60 1055 0,50 – 0,60 0,60 – 0,90 1015 0,13 – 0,18 0,30 – 0,60 1060 0,55 - 065 0,60 – 0,90 1020 0,18 – 0,23 0,30 – 0,60 1065 0,60 - 070 0,60 – 0,90 1025 0,22 – 0,28 0,30 – 0,60 1070 0,65 – 0,75 0,60 – 0,90 1030 0,28 – 0,34 0,60 – 0,90 1075 0,70 – 0,80 0,40 – 0,70 1035 0,32 – 0,38 0,60 – 0,90 1080 0,75 – 0,88 0,60 – 0,90 62 1040 0,37 – 0,44 0,60 – 0,90 1085 0,80 – 0,93 0,70 – 100 1045 0,43 – 0,50 0,60 – 0,90 1090 0,85 – 0,98 0,60 – 0,90 Fonte: O autor Mais detalhes sobre de especificação dos aços, consulte as normas: SAE = Society of Automotive Engineers - EUA AISI = American Iron and Steel Institute - EUA Os aços carbono também podem ser classificados em função da sua porcentagem de carbono e dureza, conforme tabela 2. Tabela 2: Classificação dos aços em função do teor de carbono e dureza Tipo de Aço: %p de Carbono: Quantidade carbono: Aço Extra-doce >0,15% Baixo Aço-doce 0,15 a 0,30% Baixo Aço Meio duro 0,30 a 050% Médio Aço duro 0,50 a 1,40% Médio-Alto Aço Extra duro < 1,40% Muito alto Fonte: O Autor Geralmente, aços acima de 1,5% C, não são fabricados usualmente ou comercialmente, com algumas exceções. 63 3.1.2 - Aços-Ligas ou aços especiais Segundo Silva e Mei (2010), os aços-ligas ou também conhecidos por aços especiais, são aqueles que possuem além das ligas de ferro e carbono, outras ligas capazes de alterar as propriedades de um aço-carbono comum. Estas adições podem variar de milésimos a décimos % (baixas adições) ou até mesmo 20% ou mais (altas adições), e geralmente são subdivididos em duas categorias. Estas adições podem influenciar diretamente nos Aços: a) Altera as fases ou constituintes presentes em equilíbrio; b) Altera a maneira e velocidade com que estas fases se formam; c) Pode alterar as próprias características das fases presentes (complexo). Tabela 3 - Classificação dos Aços-Carbono e Aços-Liga Tipo SAE Aços Carbono 1 XXX Simples (Mn = 1,00% máx. 10XX Ressulfurado 11XX Ressulfurado e Refosforado 12XX Com Adição de Nb 14XX Simples (Mn > 1,00%) 15XX Aços-Manganês 13XX Aços-Níquel 2XXX Aços-Níquel-Cromo 3XXX Aços com Molibdênio 4XXX Aços-Cromo 5XXX 64 Aços-Cromo-Vanádio 6XXX Aços-Tungstênio-Cromo 7XXX Aços-Níquel-Cromo-Molibdênio 8XXX Aços-Níquel-Cromo-Molibdênio 93XX - 94XX - 97XX - 98 XX Aços-Silício-Manganês 92XX Aços com boro XXBXX Aços com Chumbo XXLXX Fonte: O Autor Em relação a quantidade de ligas presente nos aços especiais, eles podem ser classificados: - Aços de baixa liga = até 10% de elementos de liga. - Aços de alta liga = mais de 10% de elementos de liga. 3.1.2.1 - Elementos estabilizadores da Austenita e Ferrita a) Os elementos estabilizadores da austenita, como o manganês e o níquel, diminuem a temperatura eutetóide. b) já os elementos estabilizadores da ferrita como o molibdênio, o cromo ou silício, elevam a temperatura eutetóide. 3.1.2.2 - Descrição do Efeito de cada elemento de Liga a)Elementos Formadoresde Carbonetos: Quando em presença de teores não muito baixos de carbonos, formam elementos compostos com o Carbono. Ex: Ti, Nb, V, Ta, W, Mo, Cr e Mn 65 b)Elementos não Formadores de Carbonetos: Os seguintes elementos exibem uma tendência bem menor de formação de carbonetos: Ex: Si, Al, Cu, Ni, Co, P e Zr c)Elementos Formadores de Nitreto: Alumínio, Silício e boro d)Elementos Formadores de Carbonitretos: Cromo, Vanádio, Nióbio e Titânio. Propriedade da Ferrita: Os elementos de liga adicionados ao aço podem aumentar a dureza da ferrita por solução sólida ou pela precipitação de carbonetos, nitretos, carbonitretos etc. Propriedades da Perlita: Os elementos de liga dissolvidos na austenita podem atrasar a nucleação como o crescimento da Perlita. O atraso tanto na formação da Ferrita como da perlita, aumenta a temperabilidade dos aços. 3.1.2.3 - Efeitos de alguns elementos de Liga: - Carbono: Acima 0,8%p eleva a transição dúctil-frágil (diminui a tenacidade); - Manganês: Até 1.5%, abaixa transição dúctil-frágil (aumenta a tenacidade); - Enxofre: Até 0,040%, não tem efeito na tenacidade de aços trabalhados, mas acima deste valor fragiliza o aço, também fornece um aumento ligeiro da resistência à corrosão dos aços em ambientes ácidos. - Fósforo: Atè 0,05% não tem efeito sobre a tenacidade dos aços, mas acima deste limite diminui a tenacidade do aço (agindo com elemento altamente endurecedor da ferrita) fragilizando o material; - Silício: De 0,15% a 0,30%, (aumenta a tenacidade), acima de 0,30%, ocorre o inverso (diminui a tenacidade); 66 - Cromo: Tem pouco efeito sobre a tenacidade, aumenta a temperabilidade do aço a resistência mecânica e a resistência à corrosão; - Níquel: Aumenta a tenacidade. Aumenta a resistência à tração sem apreciável decréscimo do alongamento e da estricção. Favorece um meio de resfriamento de têmpera mais brando; - Molibdênio: Até 0.40% (diminui a tenacidade), intensifica as propriedades melhoradas pelos outros elementos (manganês, cromo e níquel) aumenta a ductilidade e a tenacidade; dá maior temperabilidade, especialmente quando o cromo está presente; dá maior usinabilidade com maior dureza; - Vanádio e Titânio: Tem efeito análogo ao molibdênio. (Titânio <0,03% é desoxidante) (Vanádio ajuda a refinar os grãos devido a formação de carboneto e nitreto de vanádio, assim como o nióbio que ainda mais eficiente); - Boro: Diminui a tenacidade, aumenta a temperabilidade; - Cobre: Quando não causa endurecimento por precipitação, é útil para o aumento da tenacidade; - Alumínio: Como desoxidante ou não, é benéfico para a tenacidade dos aços de médio carbono; - Hidrogênio: É o elemento mais prejudicial à tenacidade. Para combater a fragilização por hidrogênio, usam-se combinações de Cr-V, Cr-Al-Mo, Ti-Cr-Mo ou elementos formadores de carboneto, como tungstênio, molibdênio, vanádio, titânio, nióbio, tântalo, zircônio ou tório; Portanto, como se pode observar acima, os elementos de ligas são adicionados propositalmente para que os materiais possam adquirir propriedades específicas. 3.3 - Principais Vantagens e Desvantagens de uma Aço-Liga x Aço-Carbono. 67 a) Principais Vantagens: 1ª - Maior Temperabilidade; 2ª - Menor distorção e trincas após tratamento térmico de Têmpera; 3ª - Maior alívio de tensão para se atingir uma determinada dureza do material; 4ª - Menor crescimento do grão (na maioria dos casos); 5ª - Maior elasticidade (escoamento mais alto); 6ª - Maior Resistência à Fadiga; 7ª - Maior Resistência Mecânica em alta temperatura; 8ª – Maior Resistência a Corrosão; 9ª - Maior usinabilidade com maior dureza (na maioria dos casos); 10ª - Maior ductilidade com maior resistência Mecânica. b) Principais Desvantagens: 1ª - Custos são mais altos; 2ª - Tratamentos Térmicos mais complexos; 3ª - Tendência à formação de austenita retida; 4ª - Fragilidade ao revenimento em certos aços-ligas. 3.4 - Aplicação do Aço Liga De uma maneira geral, o desenvolvimento e a fabricação dos aços ligas dependem: 1º - Onde o aço vai ser utilizado; 2º - Quais esforços Mecânicos que ele vai ser submetido; 3º - Qual ambiente ela vai ser utilizado. Portanto, segundo Villares (1998), em relação a aplicação dos aços ligas, eles são desenvolvidos e comercializados de acordo com a sua a Utilização: 68 a) Aços para Beneficiamento: Os aços para beneficiamento também são usados para construção mecânica e se caracterizam por teor de carbono geralmente situado acima de 0,25% , podendo ser ligados ou não. EX:VM-40 (0,38-0,40%C - Máx. 0,035%P - 0,15-0,35%Si - 0,70-0,90%Cr - 1,65- 2,0%Ni - 0,20-0,30%Mo. São empregados na fabricação de peças que requerem uma boa combinação de resistência e tenacidade, com valores relativamente uniformes em toda seção ou até a certa profundidade (Têmpera e Revenimento). b) Aços para Cementação: Os aços para cementação incluem-se entre os aços para construção mecânica, por um baixo teor de carbono, geralmente até 0,25% e podem conter ou não elementos de liga. EX: VM-20 (0,17-0,22%C - 0,20-0,35%Si - 0,40-0,60%Cr - 1,65-2,0% Ni - 0,20-0,30%Mo) São usados em situações onde é necessário uma elevada dureza externa e uma boa ductilidade na parte interna. c) Aços para Trabalho a Quente: Os aços para trabalho a quente são aços que se destinam à fabricação de ferramentas utilizadas no processamento à quente do aço. EX: VCM (0,32%C - 2,90%Cr - 0,50%Mo) São usados na fabricação de Matrizes, punções refrigera- das a água, punções para forjamento de parafusos, por- cas, rebites, ferramentas para fundição, etc. 69 Características principais: Alta resistência ao revenimento, elevada resistên- cia Mecânica a quente, boa Tenacidade, grande resistência a abrasão em temperaturas elevadas, boa Condutividade Térmica, elevada resistência a fadiga e boa resistência a formação de trincas térmicas. * Estas características são obtidas pela adição das ligas: Cromo, Molibdênio, Vanádio, Tungstênio, Níquel, e por tratamentos térmicos adequados. d)Aços para Trabalho a Frio: São aços destinados à fabricação de ferramentas utilizadas no processamento a frio de aço. Para utilização como: Corte, dobramento, estamparia, cunhagem, extrusão, trefilação de aços e etc. Ex: VC-131 - (2,1%C - 11,5%Cr - 0,7%W - 0,2%V) VND - (0,95%C - 0,50%Cr - 0,50%W - 0,12%V - 1,25%MN) São usados na fabricação de peças e ferramentas para: Corte, dobramento, estamparia, cunhagem, extrusão, trefilação de aços, etc. Características principais: Alta resistência a abrasão (atrito), elevada retenção de corte (qualidade de corte), alta Tenacidade, alta resistência ao choque (impacto) e grande estabilidade dimensional (deformação na têmpera). e) Aços inoxidáveis: Os aços inoxidáveis são caracterizados pela resistência à corrosão superior aos outros aços, basicamente devido a altas concentrações de ligas como principalmente o cromo e níquel (aços de alta liga). Embora sua denominação não seja totalmente correta, porque na realidade estes tipos de aços são passíveis de oxidação em determinadas circunstâncias. (Callister, 2008). 70 - Classificação dos Aços Inoxidáveis: a) Aços Inoxidáveis Martensíticos: São aços temperáveis (cromo de 4 a 18% de cromo com níquel entre 0,50 a 2,5%) e são Ferromagnéticos. Cutelaria; instrumentos cirúrgicos como bisturi e pinças; facas de corte; discos de freio especiais, moldes paraplásticos e vidro, etc. - Alguns tipos de Aços Inoxidáveis Martensiticos: *VC-140 (0,10%C - 12%Cr) Similares: ABNT NBR 5601 Tipo 410 - AISI 410. *VC-150 (0,35%C - 13%Cr) Similares: ABNT NBR 5601 Tipo 420 - AISI 420 *V-416 (0,15%C Máx - 1,10%Mn - 13%Cr - 0,15%S) Similares: ABNT NBR 5601 Tipo 416 - AISI 420 b) Aços Inoxidáveis Ferríticos: São aços de resistência mecânica mais baixa (principalmente em altas temperaturas) e não são temperáveis (podem conter de 11,5 até 27% de cromo). Não pode ser endurecido termicamente, são resistentes à corrosão, e também mais barato por não conter níquel. Eletrodomésticos (fogões, micro-ondas, geladeiras, etc) balcões frigoríficos, moedas, indústria automobilítica, talheres, sinalização visual (placas de sinalização). - Alguns tipos de Aços Inoxidáveis Ferríticos: * Tipo 405 (0,08%C Máx – 11,5-14,5%Cr – 1,0%Mn e Si Máx) Similar: AISI-ABNT 560. 71 * Tipo-405 430 (0,12%C Máx - 16-18%Cr - 1,0%Mn e Si Máx) Similar: AISI-ABNT 5601. c) Aços Inoxidáveis Austeníticos: Possuem alto teor de níquel dificultando a formação da martensita (lenta), ou seja, não se forma a martensita. (cromo de 16 a 26% e níquel de 3,5 a 38%). São aplicados em equipamentos para indústria química e petroquímica; equipamentos para indústria alimentícia e farmacêutica; Construção civil; baixelas, utensílios domésticos e peças para fornos industriais. - Alguns Aços Inoxidáveis Austeníticos: *V-302 (0,15%C Máx – 17,5%Cr – 8,3%Ni) Similares: ABNT NBR 5601 Tipo 302 AISI 302(não magnético-pouca ferrita). *V-303 (0,15%C Máx – 17,5%Cr – 8,5%Ni - 0,15%S Min) Similares: ABNT NBR 5601 Tipo 303 AISI 303 (não magnético-pouca ferrita; fácil usinabilidade). *V-304L (0,03%C Máx – 19%Cr – 10%Ni) Similares: ABNT NBR 5601 Tipo 304L AISI 304L (não magnético-pouca ferrita) - Principais propriedades dos aços inoxidáveis: a) Alta resistência à corrosão, b) Resistência mecânica adequada, c) Facilidade de limpeza/Baixa rugosidade superficial, d) Aparência higiênica, e) Facilidade de conformação, f) Facilidade de união, 72 g)Resistência a altas temperaturas, resistência a temperaturas criogênicas (abaixo de 0°C), h) Resistência às variações bruscas de temperatura, i) Acabamentos superficiais e formas variadas, j) Forte apelo visual (modernidade, leveza e prestígio), k) Relação custo/benefício favorável, l) Baixo custo de manutenção, m) Material reciclável. 3.5 - Ligas de Ferro Fundido Segundo Callister (2008), o ferro fundido é uma liga Fe-C, que possui teores de carbono que variam de 2,1 a 6,7%p de carbono, embora na prática a maioria dos ferros fundidos se encontram entre 3 a 4,5%p de Carbono. Basicamente os ferros fundidos são formados pela formação da grafita que ocorrem devido a composição de silício (geralmente maior que 1%) e taxa de resfriamento. Portanto, tanto a microestrutura como os comportamentos mecânicos dos ferros fundidos estão diretamente ligados a composição química e tratamento térmico. (Callister, 2008). 3.5.1 - Tipos de Ferros Fundidos 3.5.1.1 - Ferro Fundido Cinzento Segundo Silva e Mei (2010), o ferro fundido cinzento é aquele onde o seu teor de carbono varia entre 2,5 a 4,0%p, contendo cerca de 1 a 3,0%p de silício. Neste tipo de material a microestrutura é formada por grafita, que possui um formato parecido ao formato dos flocos de milho. 73 Figura 1: Fotomicrografia ótica de um ferro fundido cinzento Fonte: O Autor A figura 1 ilustra a formação da grafita (em forma de flocos-cor cinza) que estão geralmente circundados por uma matriz de ferrita (cor clara). - Propriedades mecânicas: a) São fracos e frágeis, comparados aos outros tipos de ferros fundidos quando expostos a tração; b) São mais resistentes e mais dúcteis, quando expostos a compressão; c) São mais dúcteis; d) São eficientes no amortecimento de cargas vibracionais (base máquinas); e) Elevada resistência ao desgaste; f) Possuem elevada fluidez na temperatura de fundição; g) São mais baratos. 3.5.1.2 - Ferro Fundido Nodular Segundo Callister (2008), o ferro fundido nodular possui praticamente as mesmas composições químicas do ferro fundido cinzento (Carbono e Silício), 74 com a adição de pequenas quantidades de magnésio ou cério, antes da fundição, e taxas de resfriamentos específicos, formando assim uma grafita em forma de nódulos (forma de esferas). Conforme ilustrado na figura 2. Figura 2: Fotomicrografia ótica de um Ferro Fundido Nodular Fonte: O Autor Na figura 2, ilustra a formação da grafita (em forma de nódulos, cor escuro) que estão geralmente circundados por uma matriz de ferrita (cor clara). - Propriedades mecânicas: a) São mais resistentes; b) Mais dúcteis que os cinzentos; c) Possuem características mecânicas parecidas aos do aço d) Possuem alongamentos percentuais entre 10 a 20% 3.5.1.3 - Ferro Fundido Branco 75 São formados devido ao baixo teor de Silício (abaixo de 1%) e taxas de resfriamentos bruscos, onde neste caso a maioria do carbono é formado na forma de cementita e não da grafita. (Chiaverini, 1986). Figura 3: Fotomicrografia ótica de um Ferro fundido branco Fonte: Callister, 2008. Formação do ferro fundido branco: regiões claras são caracterizadas pela cementita e as regiões escuras formas pela ferrita-cementita. (figura 3) - Propriedades mecânicas: a) São extremamente duros e frágeis; b) Difícil usinagem; c) Baixa ductilidade; d) Seu uso é limitado apenas a superfícies muito dura e a resistência à abrasão. 76 3.5.1.4 - Ferro Fundido Maleável Basicamente, um ferro fundido maleável é obtido por meio do aquecimento do ferro fundido branco em temperaturas entre 800 a 900ºC, por um período de tempo prolongado e um uma atmosfera neutra, (para evitar a sua corrosão) fazendo que com que a cementita (ferro fundido branco) se decomponha formando a grafita, que neste caso tem o formato de aglomerados ou rosetas que são circundados pela ferrita ou perlita, dependendo da taxa de resfriamento. (Silva e Mei, 2010). Figura 4: Fotomicrografia ótica de um Ferro fundido branco Fonte: Callister, 2008. A figura 4 ilustra este tipo de material. (onde as regiões escuras em forma de rosetas caracterizadas pela grafita e regiões claras (matriz) caracterizadas como ferrita). - Propriedades mecânicas: a) Resistência relativamente alta; b) Boa ductibilidade e maleabilidade; 77 Introdução aos Materiais Cerâmicos. Objetivos desta unidade Conhecer e compreender a importância dos materiais cerâmicos nos seus diversos campos de aplicação. Identificar e classificar os diversos tipos de materiais cerâmicos e as suas propriedades fundamentais. Analisar e compreender as principais técnicas de processamentos para fabricação dos materiais cerâmicos, como por exemplo: vidros, louças, refratários, cerâmicas avançadas, etc. Introdução Segundo Shackelford (2008), os materiais cerâmicos juntamente com os vidros (que também fazem parte da classe dos materiais cerâmicos), são considerados um dos materiais mais antigos e importantes na engenharia, além de ser umdos materiais mais duráveis ambientalmente. Atualmente, com a compreensão da natureza fundamental desses materiais e controle desses fenômenos, possibilitaram assim a criação de materiais mais avançados, com propriedades únicas, surgindo-se assim novos materiais que proporcionaram um grande avanço principalmente nas indústrias de componentes eletrônicos, de computadores, de comunicação, na indústria aeroespacial e de vários outros ramos. 78 4.1 - Definição A palavra “cerâmica” é de origem grega (Keramikos), que significa “matéria prima-queimada”. Portanto, as propriedades desejáveis desses materiais estão diretamente relacionadas aos processos de tratamentos térmicos, que geralmente são realizados em temperaturas elevadas, de acordo com necessidade. (Callister, 2008). Basicamente, os materiais cerâmicos podem ser definidos por compostos formados entre elementos metálicos e não metálicos (óxidos, nitretos e carbetos), sendo que a grande maioria desses materiais se enquadra em cerâmicos compostos por minerais argilosos, cimento e vidro. (Shackelford, 2008) Sendo: - Elementos metálicos: Alumínio, silício, magnésio, berílio e boro; - Elementos não metálicos: Oxigênio, carbono e nitrogênio. 4.3 - Características dos Materiais Cerâmicos De um modo geral, as principais características dos materiais cerâmicos são: - São de natureza cristalina, mas possui poucos elétrons livres (condutividade elétrica muito pequena ou nula); - Seu ponto de fusão é elevado (refratários: estabilidade de temperatura elevada); - Possuem grande resistência ao ataque químico; - São muito duros (frágeis). 79 Tabela 1: Temperatura de Fusão de alguns materiais cerâmicos Composto Cerâmico Temperatura de Fusão (ºC) Carboneto de Háfnio (HfC) 4.150 Carboneto de Titânio (TiC) 3.120 Carboneto de Tungstênio (WC) 2.850 Óxido de Magnésio (MgO) 2.798 Carboneto de Silício (SiC) 2.500 Carboneto de Boro (B4C) 2.450 Alumina (Al2O3) 2.050 Dióxido de Silício (SiO2) 1.715 Nitreto de Silício (Si3N4) 1.900 Fonte: O Autor 4.4 - Estruturas cristalinas Segundo Callister (2008), basicamente para os cerâmicos formados por estruturas cristalinas, são formados por ligações iônicas carregadas eletricamente, ou seja, os íons metálicos (cátion, carregados positivamente) doam seus elétrons de valência para os íons não metálicos (ânions, carregados negativamente). Já em relação ao tipo de estrutura do cristal, este diretamente ligado ao tipo de íons e os seus tamanhos relativos. Diversos tipos de compósitos cerâmicos são formados por estruturas cristalinas, uma vez que, a grande maioria destes materiais são compostos pelo Si e O (Silicatos a base de SiO2), que juntos representam cerca de 75% dos elementos contidos na crosta terrestre, o que justifica o seu baixo custo. 80 O magnésio (MgO) que é um dos tipos de refratários bastante utilizado na indústria do aço, e a cerâmica nuclear (UO2) usada como combustível nuclear. 4.5 - Propriedades Mecânicas das Cerâmicas Segundo Callister (2008), o processamento e a aplicação dos materiais cerâmicos são limitados por suas propriedades mecânicas. A sua principal desvantagem em relação aos metais é a disposição à fratura catastrófica (fratura frágil), pouco ou nenhuma absorção de energia na forma de deformação plástica. 4.6 - Fabricação dos Materiais Cerâmicos As técnicas usadas na fabricação dos materiais cerâmicos são muito parecidas às técnicas da metalurgia do pó, as principais etapas de fabricação são as seguintes: (Chiaverini, 1986). 1ª Etapa - Preparação dos Ingredientes par conformação: Esses ingredientes estão geralmente na forma de partículas ou pó. E a mistura pode ser feita a seco ou sólido, úmida ou semi-líquida ou líquida. 2ª Etapa - Conformação: Podem ser feita no estado líquido, semi-líquido ou úmido ou sólido, nas condições frias ou quentes. 3ª Etapa - Secagem e Cozimento: O objetivo da secagem e cozimento é a remoção da água, que assim eleva a resistência final do material. 81 4.7 - Classificação dos Materiais Cerâmicos De acordo com Callister (2008), o número de materiais cerâmicos utilizados na indústria é muito grande, mas a maioria dos materiais cerâmicos se enquadra em um esquema de aplicação-classificação que inclui os seguintes grupos: 4.7.1 - Produtos estruturados à base de argila e Louça Branca A argila é uma das matérias-primas cerâmicas mais amplamente utilizada, por apresentar características interessantes, como: - É encontrado naturalmente e em grande abundância; - Facilidade de fabricação (conformação); - Baixo Custo. A maioria dos produtos à base de argila se enquadra dentro de duas classificações: a) Produtos estruturais à base de argila: Incluem os tijolos de construção, os azulejos e as tubulações de esgoto. b) Louças Brancas: são obtidas (tornam-se brancos) a partir de um recozimento a uma temperatura elevada. Neste grupo incluem-se as porcelanas, louças sanitárias, louças de barro, louças para mesa, louças vitrificadas e acessórios. Os produtos estruturados a base de argila foram os materiais mais utilizados no passado, e embora sejam bem rudimentares, continuam sendo uma das matérias primas mais utilizadas e importante nos dias de hoje? 82 4.8.2 - Refratários São obtidos a partir de argilas e os tipos mais comuns são alumina-sílica (óxidos de alumínio e dióxido de silício). As composições variam desde quase sílica pura até quase alumina pura. Podem conter algumas impurezas como óxidos de ferro e magnésio e pequenas quantidades de óxidos metálicos alcalinos. (Shackelford, 2008) São empregados como revestimentos de fornos para refinos de materiais, fabricação de vidro, tratamento térmico metalúrgico e geração de energia, etc. São utilizados em grande escala na indústria, e suas principais propriedades, são: - Capacidade de resistir a temperaturas elevadas sem fundir ou decompor; - Capacidade de permanecer não reativo e inerte quando são expostos a ambientes severos; - Proporcionar isolamento térmico. 4.8.3 - Abrasivos São substâncias naturais (diamante) ou sintéticas (carborundum ou carbeto de silício) com as mais variadas propriedades físicas e químicas. Os cerâmicos abrasivos são empregados para desgastar por abrasão, esmerilhar ou cortar outros materiais que sejam necessariamente mais mole. O objetivo principal para este tipo de material é a dureza ou resistência ao desgaste e tenacidade. Os materiais abrasivos são aplicados, de diversas formas: - Colados a rodas de esmerilhamento (resina cerâmica vítrea); - Na forma de abrasivos revestidos (lixas de papel ou tecido) 83 - E como grãos soltos (polimento) 4.8.4 - Cimentos Segundo Shackelford (2008), a característica especial dos cimentos é que quando eles são misturados com água formam uma pasta que, subsequentemente, pega e endurece. Vários materiais cerâmicos familiares são classificados como cimentos inorgânicos, como por exemplo: Cimento, gesso e cal, e são produzidos em quantidades extremamente grandes. Deste grupo de materiais, o cimento portland é aquele que é consumido em maiores quantidades, e é produzido da seguinte forma: 1ª - Moagem e mistura íntima
Compartilhar