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DINIZ, Débora. O que é deficiência? São Paulo: Brasiliense, 2007. Pp.7-40 e 58-75
João Paulo Cardoso dos Santos[1: Estudante do Curso de Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alagoas;Resenha da Obra de Débora Diniz.]
Em sua introdução, a autora, apresenta uma perspectiva diferente na maneira de interpretar deficiência, não como a ausência ou defeito de algo, mas como modo de vida, isso tendo como referência o escritor Jorge Luis Borges, que é cego.
A implicação de tratar deficiência como um modo de vida, desafia uma ideia de isolamento ou sofrimento, reconfigurando a “tragédia” que seria em ter alguma deficiência. Pois é apenas mais uma forma corporal de estar na sociedade, assim como atletas, por exemplo, que é um modo de vida. É especificamente, mostrar que os contextos sociais não conseguem perceber essa diversidade do corpo – deficiente – como também um estilo de vida de indivíduos.
Fato que ajuda rever a literatura sobre a concepção de deficiência que foi difundida pelo discurso biomédico como uma variação do que seria normal, ou seja, ao invés de mostrar que é um corpo fora da norma, apresentar que cada corpo tem sua própria norma.
Deficiência como opressão, é possível perceber como as instituições e centros de apoio a pessoas com deficiências exercem funções políticas antagônicas, pois a maneira como atuam pode contribuir para um distanciamento destas pessoas da sociedade. É interessante, refletir sobre o papel das Upias, destacado por Diniz, ao analisar estudo de Paul Hunt. 
Primeiro porque a Upias não era uma instituição voltada a um tipo de deficiência especifica, pois segregava e podia fortalecer justamente esse processo de distanciamento. A postura política da Upias em buscar redefinir deficiência em virtude da exclusão social retira de um cenário “privativo” do indivíduo, para um particular de responsabilidade social, dessa maneira, deficiência ganha mesmo status da enquanto categoria minoritária como “mulheres ou negros”(p.17), mas isso não significa um retrocesso, mas abre um meio de reconhecimento para suas demandas.
Logo, a deficiência não é apenas fruto do acaso da natureza. Não deve ser vista como problema individual, fruto de tragédia pessoal ou de uma limitação corporal. Uma prova disso são os efeitos do tempo no ser humano, que conhecem a deficiência pelo desgaste gradual do corpo, com implicações também em visão, audição, locomoção entre outras funções do corpo.
 	Instiga o debate sobre as experiências de opressão e exclusão como decorrente das limitações dos corpos, defendido pelo discurso biomédico, ou seria devido as “organizações sociais e políticas pouco sensíveis à diversidade corporal”(p.17).
A resposta para o problema está inovação do modelo social de deficiência estava na concepção de que a experiência da opressão não é uma consequência natural de um corpo com lesões, mas uma imposição social. No entanto a luta travada até o momento é ao fim uma ideia de busca por uma justiça social para o deficiente.
Por outro lado, segundo Harlan Hahn, citado pela autora, “deficiência é aquilo que a política diz”(p.23). Não se deve explicar a deficiência pela esfera natural ou individual, mas pelo contexto socioeconômico, é preciso estender o conceito de deficiência a outros grupos sociais, como idosos. A ideia é mostrar que o que mais causa lesões era o sistema ideológico que oprimia os deficientes, que seria o capitalismo, para autora. 
Diniz, também abre espaço para discussão da constituição da temática da deficiência no ambiente acadêmico, para trazer até um contraponto do produzido nas áreas de conhecimentos a partir da necessidade local. 
Ao olhar os espaços da própria Universidade Federal de Alagoas, projetos arquitetônicos que não atendem a necessidade de um deficiente, acompanhado pela ausência de assistência – pelo menos nas experiências que tive, especialmente que um amigo com baixa visão, que mesmo com todos os pedidos por um ledor, chegou ao último período do curso sem o tê-lo.
No entanto, ao analisar a ideia supracitada, a partir de Abberley, Diniz, nos mostrar que deficiência não se é produto apenas de origens genéticas, mas que nossa sociedade provoca lesões também nos corpos que a sustenta.
 Diniz mostra como a produção cientifica é importante para os avanços no que se refere a essa questão social, que existem diversas limitações e lesões no âmbito físico, e a primeira leitura, o modelo social de deficiência se adapta melhor às situações menos limitadoras. A falta de menção aos estados de saúde, incluindo doenças e enfermidades, induz a crença que a deficiência não estaria relacionada aos processos de adoecimento	ou à falta de condições de trabalho, o que muitas vezes não é verdade.
Temos que refletir que por não considerar a relação entre saúde e deficiência, esse modelo social de deficiência define como independente a lesão da deficiência, criando um aparentemente contrassenso num quadro em que a deficiência independe da lesão física, mesmo sendo essa condição necessária para a manifestação da deficiência. Pode-se perceber que as críticas relatadas por Oliver, citado por Diniz, sobre o modelo social se fundamentam em grande parte na simplicidade de	sua elaboração conceitual. 
A crítica feminista causou uma revolução nos estudos sobre o tema da deficiência, a perspectiva feminista tinha o desafio de demonstrar a possibilidade de haver um algo que considerasse o cuidado em situações de extrema desigualdade de poder, sem que isso implicasse devolver os deficientes ao espaço de subalternidade e de exclusão social. A estratégia sutil por detrás dela, numa sociedade pouco sensível aos interesses dos deficientes, seria mais fácil garantir o cuidado que modificar a ordem social e política que os oprimia, isso faz os trabalhos feministas implicar inicialmente uma ameaça política. 
 A figura da cuidadora foi colocada no centro do debate sobre deficiência, denunciando as relações de gênero no liberalismo político e servindo como alerta para o fato de que há desigualdades de poder no campo da deficiência que jamais serão superadas por ajustes feitos por meio do estado, pois, sua configuração política é hetoronormativa. Por outro lado, a atuação das feministas foi importantíssimo para relevar novos protagonistas no universo da deficiência.
Por fim, quero considerar que o desafio em relação a deficiência reside especialmente no universo social, pois é neste que o discurso biomédico se incorpora. Ao mesmo tempo, é importante aumentar o alcance político da categoria deficiente, na medida que não se trata de uma excepcionalidade em uma sociedade, como exemplo, estima-se que no Brasil existe cerca de 14 milhões de deficientes, ou seja, é quase 7% de uma população de mais ou menos 200 milhões de pessoas, fato que não pode ser ignorado.

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