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Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 1 DIREITO PENAL I INTRODUÇÃO - PARTE GERAL Produção Docente: Rudgen Rodrigues Caldas Discente: Yasmim Covo Ementa 1-Estudos sobre os principais institutos da parte geral de direito penal. Fontes do direito penal. Princípio da legalidade. Vigência da lei penal. Do crime. Tipicidade. Da antijuridicidade. Da culpabilidade. Das causas excludentes da imputabilidade. Do concurso de pessoas. Da comunicabilidade. Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 2 INTRODUÇÃO DIREITO PENAL É o complexo de preceitos legais que definem os crimes, determinam as penas e as medidas de segurança aplicáveis aos infratores. Ramo do direito garantista e punitivo; Subdivide em DP objetivo e subjetivo; DP objetivo – o conjunto de leis vigentes no país, isto é, fonte onde o titular do direito de punir irá buscar fundamento para consecução dos seus fins; DP subjetivo – ius puniendi (direito de punir) cujo titular é o Estado. Conjunto de normas e regras jurídicas que regulam o poder punitivo do Estado, em face de atos humanos considerados infrações penais. INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL (hermenêutica jurídica – exegese) Quanto à origem Legislativa (autêntica). Ex.: conceito de funcionário público, no art. 327 CP. Doutrinária (científica). Ex.: Exposição de motivos do CP. Jurisprudencial. Ex.: situação concreta e súmula vinculante (força obrigatória) Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 3 Quanto ao modo Gramatical (literal) Teleológica Histórica (Direito comparado) Sistemática Quanto ao resultado/alcance Declarativa Extensiva Restritiva Interpretação extensiva – ampliar o alcance da palavra da lei para que corresponda à sua vontade. Ex.: art. 157, §2°, I. “se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma.” Interpretação analógica–quando a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. Ex.: art. 121, §2°, I. “mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;” Analogia – ampliação de disposição relativa a caso semelhante para uma hipótese não regulada pelo legislador. Somente é admissível in bonam partem Ex.: aborto sentimental (art. 128, II, CP) x estupro de vulnerável (art. 217-A, caput, CP). Interpretação progressiva/adaptativa/evolutiva – amoldar a lei à realidade atual. Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 4 FONTES DO DIREITO PENAL Local de onde as coisas provêm. Fonte material ou formal!!! Fonte material – órgão de criação: União. Estados-Membros podem legislar, desde que haja autorização mediante LC (art. 22, §, CF). “Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho; ... Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.” Fonte formal – modo pelo qual é dado conhecimento ao povo sobre a criação de uma norma. FF Imediata = lei FF mediata = analogia, costumes e os princípios Costumes (práticas reiteradas e uniforme de determinado comportamento) não revogam lei penal!!! Contra legem – jogo do bixo Secundum legem – pagar o aluguel Praeter legem – cheque, LINDB PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL Integram a hermenêutica jurídica, ajudam a formar o raciocínio jurídico, fornecendo as técnicas segundo as quais o operador do Direito poderá apreender o sentido social e jurídico da norma em exame. Outrossim, são garantias que limitam o exercício do poder punitivo do Estado. Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos – o DP tem como função tutelar os bens jurídicos mais importantes para a vida em sociedade, e não valores esclusivamente morais e ideológicos. Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 5 Princípio da dignidade da pessoa humana – epicentro da ordem jurídica, conferindo unidade teleológica e axiológica a todas as normas jurídicas; o Estado e o direito não são fins, e sem meios para a realização da dignidade do homem. Princípio da Legalidade – pode-se fazer tudo desde que não haja lei proibindo. Fundamento no art. 1° do CP. “art. 1° - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” MP, costumes não podem tratar do assunto!!! Não se admite incriminações vagas e indeterminadas. Princípio da anterioridade –decorre da anterior. Via de regra a lei penal só é aplicada a fatos posteriores a sua vigência. Princípio da irretroatividade – decorre das anteriores, ou seja, em regra a lei não atinge fatos pretéritos. Princípio da extra-atividade da lei penal revogada – continua regulando atos cometidos durante sua vigência ou retroage para alcançar acontecimentos anteriores à sua entrada em vigor, se benéfico ao réu. Princípio da intervenção mínima – (ultima ratio) o DP só deve intervir na medida do que for estritamente necessário. Princípio da fragmentaridade – decorre da anterior, o DP protege apenas um fragmento dos interesses jurídicos, apenas aqueles cujas lesões são de maior gravidade. Princípio da insignificância ou bagatela (delitos de lesão mínima) - ligado ao princípio anterior, só pode ser punido o ato que causar lesão efetiva e relevante ao bem jurídico. Segundo o STF, o referido princípio se configura: Nenhuma periculosidade social da ação; Mínima ofensividade da conduta; Reduzidíssimo grau de reprovabilidade; inexpressividade da lesão jurídica. Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 6 Princípio da ofensividade/lesividade – não há crime sem ofensa a bens jurídicos. Assim, um bem jurídico deve ser lesionado ou ameaça (perigo). Perigo concreto – resta vestígios. Perigo abstrato – presunção absoluta. Título VIII - Crimes contra a incolumidade pública, Capitulo I – Dos crimes de perigo comum. Princípio da alteridade – não é possível punir a autolesão. Princípio da adequação social – condutas que são historicamente aceitas, tidas como adequadas, não mereciam a intervenção penal punitiva. Princípio da culpabilidade – para ser penalmente responsabilizado o autor da conduta deve ter atuado com dolo ou culpa, afastando a responsabilidade penal objetiva. Princípio da individualização da pena – imposição da pena para cada agente deve ser analisada e graduada individualmente. Princípio da responsabilidade pessoal /intranscendência / personalidade da pena – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, ou seja, atinge apenas o condenado. ESPÉCIES DE NORMAS PENAIS As normas penais podem ser incriminadoras1 e não incriminadoras2. 1-As normas penais incriminadoras definem as infrações penais proibindo a prática de condutas (crimes comissivos) ou impondo a prática de condutas (crimes omissivos), sob a ameaça expressae específica de uma pena. As normas incriminadoras compõem-se de dois preceitos: um preceito primário; um preceito secundário. O preceito primário descreve com objetividade, clareza e precisão, a infração penal. Já o preceito secundário representa a cominação abstrata e individualizada da respectiva sanção penal. Ex.: “Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.” Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 7 2-As normas penais não incriminadoras estabelecem regras gerais de interpretação e de aplicação das normas penais em sentido estrito, incidindo tanto na delimitação da infração penal como na determinação da sanção penal correspondente. São normas que delimitam o exercício do ius puniendi estatal. A função da norma penal não incriminadora é interpretar e delimitar o alcance da norma penal incriminadora. As normas penais não incriminadoras classificam-se em: permissivasa, complementaresb e explicativasc. a-As normas penais não incriminadoras permissivas opõem-se ao preceito primário da norma penal incriminadora autorizando a realização de uma conduta. Divide-se em Justificante ou Exculpante. “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.” “Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” Já as normas penais não incriminadoras explicativas (b) e complementares (c) esclarecem, limitam ou complementam as normas penais incriminadoras dispostas na Parte Especial, dessa forma, podem determinar a infração penal, esclarecendo ou complementando o preceito primário, bem como determinar a consequência jurídica esclarecendo, limitando ou complementando o preceito secundário. “Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.” “Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.” Norma penal em branco / cega – cujo preceito primário é incompleto e o secundário completo (conteúdo indeterminado). Ex.: Lei de drogas complementada pela portaria da Anvisa SVS/MS 344. justificante exculpante complementar explicativa Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 8 Homogênea – mesma dispositivo normativo; Homovitelínea – mesmo ramo Heterovitelínea – ramo diferente Heterogênea – outro dispositivo normativo; Norma penal incompleta ou imperfeita – inverso do conceito anterior. Ex.: “Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.” Ausência de norma (auto-integração da lei penal) – requisitos: Art. 4° da LINDB: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.” LEI PENAL NO TEMPO (tempus regit actum) Praticado o fato delituoso, aplica-se a lei vigente ao tempo do fato. Ver: Princípio da anterioridade Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. Quando a lei entra em vigor? R.: art. 1° da LINDB. “Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.” Vacatio legis Período compreendido entre a publicação de uma lei e a sua vigência. Em regra: 45 dias em todo o país. Exceção: expressa na própria lei. Ex.: lei 12.737/12 – lei de invasão de dispositivo informático (vacatio legis de 120 dias) + Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 9 Revogação Perda da vigência. Pode ser Alcance manifestação Total ab-rogação Expressa Parcia derrogação tácita Repristinação Recuperação da vigência de uma norma anteriormente revogada mediante a revogação da norma revogadora. Deve haver determinação expressa Difere do efeito repristinatório (controle de constitucionalidade) CONFLITO INTERTEMPORAL (CONFLITO DE LEIS PENAIS NO TEMPO) Duas ou mais leis penais tratam do mesmo assunto, de modo diverso, sucedendo-se no tempo, havendo necessidade de se decidir qual a aplicável. Hipóteses: Abolitio criminis – lei posterior discriminaliza conduta anterior considerada crime. Ex.: crimes de sedução e de adultério - Lei nº 11.106, de 2005). Novatio legis incriminadora (inverso da abolicio criminis) – lei posterior tipifica conduta como crime. Ex.: lei 12.737/12 – lei de invasão de dispositivo informático (vacatio legis de 120 dias) Novatio legis in mellius–nova lei editada que mantenha o fato delituoso, tratando-a mais benéfica. Ex.: art. 28 da lei 11.343/06 – Lei de drogas “Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. ...” Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 10 Novatio legis in pejus – nova lei editada que mantenha o fato delituoso, tratando-a com mais rigor. Ex.: lei 11.340/06 § 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 11.340, de 2006) § 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei nº 11.340, de 2006) Combinação de leis A Súmula 501 traz que: É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis. Efeito nos crimes permanentes e crimes continuados A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. Leis intermitentes Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstânciasque a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. Leis cuja vigência é por tempo pré-determinado, isto é, regulam situações transitórias. Leis temporárias – prazo de vigência vem determinado no próprio texto; leis excepcionais – vigência é enquanto durar a situação excepcional que a determinou. Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 11 TEMPO DO CRIME Teorias atividade-considera praticado o crime no momento da prática da conduta, não importando o resultado; resultado- considera praticado o crime no momento da prática da produção do resultado; mista ou ubiqüidade-momento do crime é tanto o da prática da conduta quanto o da produção do resultado. *vigora no Brasil a teoria da atividade (art. 4° do CP) Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. Regra: atividade da “Lex gravior” (só deve ser aplicada durante sua vigência) a)irretroatividade – visto que a lei severa jamais se aplica a crimes praticados antes de sua vigência; b)não ultra-atividade - visto que a lei severa não será aplicada aos fatos praticados em sua vigência depois de revogada Exceção: Extra-atividade da “Lex mitior” (lei mais benéfica se aplica a fatos praticados antes de sua vigência, mesmo que transitado em julgado) a)retroatividade – visto que a lei benéfica atinge fatos anteriores a sua vigência; b)ultra-atividade - visto que a lei benéfica protege os fatos ocorridos durante sua vigência E as leis intermitentes? Sendo lei severa ocorrerá ultra-atividade Sendo lei benéfica não retroatividade Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 12 Conflito aparente de normas Quando duas ou mais normas parecem regular o mesmo fato, sendo necessária a aplicação de determinados princípios para indicação da norma a ser realmente aplicável. Análise dos elementos existência de infração; pluralidade de normas; aparente aplicação dessas normas; necessidade de aplicar um princípio para aplicação da norma aplicável. Princípios S – E – C - A S-subsidiariedade norma mais ampla absorve norma menos ampla Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. E-especialidade Norma especial afasta norma geral Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: § 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. Art. 121. Matar alguem: V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: C-consunção – fato mais grave absorve outro fato menos grave – Ex.: invadir casa para furtar. A-alternatividade – (peculato x apropriação indébita) Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 13 Modalidades da consunção Crime progressivo – agente deseja um resultado mais grave, que para ocorrer, deve-se necessariamente lesionar bem jurídico “menor”; Progressão criminosa – agente deseja resultado menos grave, porém, dado início, almeja o pior: antefactum não-punível – falso e estelionato (súmula 17 STJ); postfactum não-punível – furtar para danificar LUGAR DO CRIME Teorias atividade- onde ocorreu a conduta, sendo irrelevante o local da produção do resultado; resultado- onde ocorreu a produção do resultado, sendo irrelevante o local da conduta; mista ou ubiqüidade-tanto onde ocorreu a conduta como onde ocorreu o resultado. *vigora no Brasil a teoria da ubiquidade (art. 6° do CP) Lugar do crime Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. Tempo do crime x competência CP CPP Crime Local de julgamento JEC; AAI; JURI; delitos à distância (espaço máximo); delitos plurilocais Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 14 Lei penal no espaço Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Elementos: Regra: TERRITORIALIDADE MITIGADA Exceção: sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional FENÔMENO DA INTRATERRITORIALIADADE princípio da reciprocidade IMUNIDADE DIPLOMÁTICA IMUNIDADE PARLAMENTAR IMUNIDADE DO CHEFE DO EXECUTIVO Caráter funcional e não pessoal Material/real STF=Relacionado com a função, mesmo fora do recinto Formal/legal/Processual NÃO SE SUBMETE À PRISÃO CAUTELAR ! ! ! -autorizado pela Câmara (2/3) *processado pelo STF *processado pelo Senado É irrenunciável – STF Formal/legal/processual SUBMETE À PRISÃO CAUTELAR, SE INAFIANÇAVEL ! ! ! *após a diplomação Crime comum x Crime função Todos os crimes Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 15 território nacional – Brasil exerce sua soberania §§ 1° e 2° (territorialidade por extensão) Extraterritorialidade Ex.: diplomata Brasileiro Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I - os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil seobrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições; a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. + Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 16 Extraterritorialidade incondicionada (art. 7°, I, §1° CP) mnemônico princípio norma P- PRESIDENTE da defesa ou real ou proteção art. 7°, I, a, b ,c A- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA G- GENOCÍDIO da justiça universal ou cosmopolita art. 7°, I, d Extraterritorialidade condicionada (art. 7°, II, §2° CP) mnemônico princípio norma T- TRATADOS e CONVENÇÕES da justiça universal ou cosmopolita art. 7°, II, a A- AERONAVES e EMBARCAÇÕES da representação ou bandeira ou pavilhão art. 7°, II, c B- BRASILEIRO AUTOR Personalidade ativa art. 7°, I, d Condições: entrar o agente no território nacional; ser o fato punível também no país em que foi praticado; estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 17 Extraterritorialidade hipercondicionada (art. 7°, §3° CP) mnemônico princípio norma XXX BRASILEIRO VÍTIMA da defesa ou real ou proteção art. 7°, § 3° Condições: JÁ MENCIONADAS NO ITEM ANTEIOR + não foi pedida ou foi negada a extradição; houve requisição do Ministro da Justiça. Princípio non bis in idem Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 1° caso (mesmo crime, penas diversas): atenuação 2° caso (mesmo crime, penas idênticas): abatimento Homologação de lei estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. Competência: STJ Finalidade: indenização ou outros efeitos civis Sujeitar ao réu à medida de segurança Curso: Bacharel em Direito DIREITO PENAL I – Prof. Rudgen Rodrigues Caldas Síntese de aulas 1° semestre/2018 18 Contagem de prazo Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Frações não computáveis da pena Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.
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