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Atualidades 2012

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1 
APOSTILA DE ATUALIDADES – 2012 – PROF. MARCIO DELGADO 
Atualizações da apostila e listas de exercícios >> http://atualidadesconcursos.blogspot.com/ 
 
O BRASIL E O MUNDO GLOBALIZADO 
 
O que é Globalização – Definição 
Podemos dizer que é um processo econômico e social que 
estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo 
todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as 
empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e 
comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do 
planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois 
está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que 
deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações 
culturais e econômicas de forma rápida e eficiente. O que a 
globalização apresenta para uma sociedade não são somente 
produtos, mas sim idéias quanto ao mercado, à democracia, à 
educação, à família, à sexualidade, ao trabalho, lazer, etc. 
 
Esferas da Globalização Econômica 
 
Globalização Comercial 
A globalização comercial consiste na integração dos mercados 
nacionais por meio da diminuição das barreiras comerciais e, 
conseqüentemente, do aumento do comércio internacional. Se o 
crescimento do comércio mundial der-se a uma taxa de crescimento 
média anual mais elevada do que a do PIB mundial podemos afirmar 
que há globalização comercial: maior internacionalização da 
produção via comércio de bens e serviços e maior grau de abertura 
das economias 
 
Globalização Financeira 
Modificou o papel do Estado na medida em que alterou radicalmente 
a ação governamental, que agora é dirigida quase exclusivamente 
para tornar possível às economias nacionais desenvolverem e 
sustentarem condições estruturais de competitividade em escala 
global. Faz-se através da intercomunicação dos mercados de 
capitais acelerando a velocidade na alocação do capital (smart 
money). Se por um lado, a mobilidade dos fluxos financeiros através 
das fronteiras nacionais pode ser vista como uma forma eficiente de 
destinar recursos internacionais e para países emergentes, por 
outro, a possibilidade de usar os capitais de curto prazo para 
ataques especulativos contra moedas são considerados como uma 
nova forma de ameaça à estabilidade econômica dos países. 
 
Globalização Produtiva 
Fenômeno mundial associado a uma revolução nos métodos de 
produção que resultou numa mudança significativa nas vantagens 
comparativas das nações. As fases de produção de uma 
determinada mercadoria podem ser realizadas em qualquer país, 
pois busca-se aquele que oferecer maiores vantagens econômicas. 
Isto tem levado a uma acirrada competição entre países - em 
particular aqueles em desenvolvimento - por investimentos externos. 
Multinacionais – são empresas que mantêm filiais em 
vários países do mundo, comandadas a partir de uma sede situada 
no país de origem. 
Transnacionais – são empresas cujas filiais não seguem 
as diretrizes da matriz, pois possuem interesses próprios e às vezes 
conflitantes com os do país no qual se originaram. 
 
Globalização Tecnológica 
A revolução tecnológica levou à chamada economia digital e à idéia 
de que o saber é o principal recurso de uma nação – teríamos 
entrado na chamada “era da informação”. O surgimento da Internet 
leva a uma mudança radical na produção e na comercialização de 
bens e serviços, tendo efeitos tanto sobre a relação de uma 
empresa com seus fornecedores quanto com seus consumidores. 
As empresas transnacionais se aproveitam desse contexto e se 
fortalecem, planejando suas ações com o objetivo de vender para o 
mercado global. A globalização tecnológica não atinge toda a 
superfície terrestre, embora altere a dinâmica econômica e social da 
maior parte dos países. Se a produção de chips e de computadores, 
o controle dos serviços e equipamentos de telecomunicações e a 
fabricação de remédios estão nas mãos de algumas poucas grandes 
empresas multinacionais, também o consumo desses produtos e 
serviços encontra-se concentrado nos países desenvolvidos. 
Origens da Globalização e suas características 
A segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX 
podem ser consideradas uma etapa da história da humanidade de 
uma dinâmica de transformações significativas: o término das 
revoluções burguesas, início das revoluções socialistas (Rússia em 
1917); o surgimento das potências emergentes como os EUA, o 
Japão e a Rússia, em concorrência com os impérios europeus, 
principalmente com o Império britânico; os avanços tecnológicos que 
aumentam a produção, a produtividade e a diversidade industrial, 
acelerando o consumismo com um aumento na exploração dos 
recursos naturais seguido de uma enorme degradação ambiental; 
com a formação de mercados consumidores no Terceiro Mundo; 
expansão e posterior esgotamento da fase neocolonial, modificando 
de forma drástica a forma de produção e, por conseqüência, a 
realidade sociocultural dos povos africanos, americanos e da Ásia. 
 
Pós-Segunda Guerra Mundial 
 
Conferência de Bretton Woods (1944) 
Reunião cujo objetivo principal era restabelecer uma ordem 
monetária internacional de acordo com a nova realidade nas 
relações de poder do pós-Segunda Guerra Mundial. Havia a 
necessidade de se definir as novas regras para regular as relações 
econômicas e comerciais entre os países. Um dos efeitos práticos 
do “sistema Bretton Woods” foi a estipulação do dólar americano 
com moeda internacional. 
 
Pode-se dizer que esta conferência foi o "pontapé inicial" para que 
fossem surgindo novas organizações mundiais para atenderem aos 
interesses da superpotência norte-americana. 
 
Banco Mundial (1944) 
No início, tinha como missão financiar a 
reconstrução dos países devastados na 2º 
Guerra Mundial e fortalecer o capitalismo. 
Hoje, sua missão é o financiamentos e 
empréstimos aos países em desenvolvimento. 
Seu funcionamento é garantido por 
quotizações definidas e reguladas pelos países 
membros. Atualmente é composto por 184 países membros com 
sede em Washington. 
 
O Banco Mundial é dividido em quatro organizações para atuação 
de acordo com objetivos específicos, mas que no fundo se 
complementam. Dentre elas, o BIRD - Banco Internacional para 
Reconstrução e Desenvolvimento é o mais ligado ao Brasil, pois 
atua diretamente com os governos dos países em desenvolvimento 
com bons antecedentes de crédito, facilitando para que adquiram 
credibilidade no Mercado Internacional e fazendo a intermediação 
entre o Mercado Financeiro Internacional. 
 
 
 
Fundo Monetário Internacional (FMI - 1945) 
Assume a responsabilidade de acompanhar, fiscalizar e exigir o 
cumprimento das medidas impostas pelo BIRD. Busca evitar que 
desequilíbrios nos balanços de pagamentos e nos sistemas 
cambiais dos países membros possam prejudicar a expansão do 
comércio e dos fluxos de capitais internacionais. O Fundo favorece a 
progressiva eliminação das restrições cambiais nos países membros 
e concede recursos temporariamente para evitar ou remediar 
 2 
desequilíbrios no balanço de pagamentos. Além disso, planeja e 
monitora programas de ajustes estruturais e oferece consultoria aos 
países membros. 
 
O Consenso de Washington e o Neoliberalismo (1989) 
Conjunto de medidas formulado em novembro de 1989 por 
economistas de instituições financeiras baseadas em Washington, 
como o FMI, o Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos 
Estados Unidos, fundamentadas num texto do economista John 
Williamson, e que se tornou a política oficial do FMI em 1990, 
quando passou a ser "receitado" para promover o "ajustamento 
macroeconômico" dos países em desenvolvimento que passavam 
por dificuldades. 
 
Foi usado ao redor do mundo para consolidar o receituário de 
caráter neoliberal na onda mundial que teve sua origem no Chile de 
Pinochet nos anos 70, sob orientação dos “ChicagoBoys” e 
posteriormente na Inglaterra de Margareth Thatcher e pelos Estados 
Unidos de Ronald Reagan nos anos 80. O FMI passou a 
recomendar essas medidas nos países emergentes, durante a 
década de 90, como sendo uma fórmula infalível, destinada a 
acelerar seu desenvolvimento econômico. 
 
As regras básicas do Neoliberalismo: 
1. Disciplina fiscal 
2. Redução dos gastos públicos 
3. Reforma tributária 
4. Juros de mercado 
5. Câmbio de mercado 
6. Abertura comercial 
7. Investimento estrangeiro direto 
8. Privatização das estatais 
9. Desregulamentação (afrouxamento das leis econômicas e 
trabalhistas e do controle de capital especulativo) 
 
A Organização Mundial do Comércio (OMC/WTO - 1995) 
Entidade internacional, hoje formada por 153 países. Sua missão é 
criar regras para o comércio entre seus aderentes, segundo o 
princípio da liberalização, no qual não devem existir barreiras (como 
impostos de importação) para a compra e a venda de produtos, não 
importa qual seja sua origem. Portanto, busca a redução dos 
obstáculos ao intercâmbio comercial, a elaboração de um código 
de normas comerciais, bem como atuar como um instrumento de 
ação internacional no campo do desenvolvimento do comércio. 
 
Regras - As leis da OMC são negociadas entre seus membros. 
Todos têm poder de voto igual. Os acordos são feitos nas rodadas 
de negociação (as famosas “Rodadas de Doha”). 
 
Protecionismo - Os países ricos gastam 
bilhões de dólares em subsídios e impõem 
taxas de importação, cotas e restrições. As 
demais nações também buscam proteger 
ramos de sua economia sensíveis à 
competição externa. Disputas enquanto não 
se chega a um acordo sobre os subsídios, os 
membros da OMC podem usar as regras já 
acordadas para se proteger. Se não houver 
um acordo, pode-se iniciar um processo. Caso 
perca, o réu deve acatar a sentença da OMC, ou sujeitar-se a 
retaliações econômicas no mesmo valor do prejuízo causado. 
 
Vitórias do Brasil na OMC - Dos 25 principais processos que já 
iniciou, o país teve ganho total ou parcial em todos. As maiores 
vitórias foram na agricultura (açúcar, soja, suco de laranja), pecuária 
(carne bovina), aviação (Embraer) e metalurgia. 
 
As Rodadas de Doha – Negociações da OMC 
As tentativas de reduzir as diferenças no quadro da OMC fazem-se 
nas “rodadas” de negociação, em que os membros debatem o que 
precisa ser feito e tentam acordos — o que pode levar anos. 
 
Desde 2001, estava em curso a Rodada de Doha com previsão para 
terminar em 2006 e cujo objetivo central é reduzir os subsídios 
agrícolas e limitar as tarifas de importação. 
 
Acontece que os países em litígio não conseguiram superar as 
diferenças, e a rodada foi suspensa em meados de julho de 2006 
sem conseguir chegar a nenhum acordo. 
A rodada de Doha começou em Doha (Qatar) em 2001, e 
negociações subseqüentes tiveram lugar em: Cancún (México) 
2003, Genebra (Suíça) 2004, Paris (França) 2005, Hong Kong 
(China) 2005,e Potsdam (Alemanha) 2007. 
 
Para a rodada avançar, exigem-se concessões dos países 
desenvolvidos, como um corte considerável dos subsídios agrícolas 
que os EUA concedem a seus produtores e uma redução 
substancial nas taxas de importação que protegem os europeus da 
concorrência no setor agropecuário. 
 
Na reunião de janeiro de 2007 do Fórum Econômico Mundial, em 
Davos, na Suíça, os principais países envolvidos tentaram acertar as 
bases para a retomada da Rodada de Doha. As divergências, 
porém, ainda se mantinham, e não havia sinal de que as 
negociações pudessem recomeçar. 
 
Fórum Econômico Mundial (FEM) x Fórum Social Mundial (FSM) 
O FEM é uma reunião anual em janeiro entre executivos-chefe das 
corporações mais ricas do mundo, alguns líderes políticos nacionais 
(presidentes, primeiros ministros e outros) e intelectuais e jornalistas 
seletos - em torno de 2.000 pessoas no total - que geralmente 
acontece em Davos, Suíça. O FEM tem status de consultor da ONU 
e é considerado o representante das ideologias dos países 
desenvolvidos (Norte). As últimas reuniões do Fórum Econômico 
Mundial foram marcadas por manifestações antiglobalização, 
aquecimento global e crise de alimentos. 
 
 
 
Em seus dois mandatos, o presidente Lula compareceu três outras 
vezes em Davos - em 2003, 2005 e 2007 -, levando bandeiras como 
o combate à fome e a conclusão da Rodada Doha da Organização 
Mundial do Comércio (OMC). Lula não participará do encontro em 
2010 por motivos de saúde, mas receberá o prêmio de “Estadista do 
Ano” oferecido pelo FEM. 
 
Contrapondo-se a essa posição ideológica e a essa entidade, o FSM 
é organizado por diversas ONGs simultaneamente com o FEM. Nele 
predomina a ideologia de esquerda que prega a luta contra a 
globalização econômica e contra o neoliberalismo. Como consenso 
de parte dos movimentos que compõem majoritariamente o fórum, 
produziu-se durante o fórum de 2005, em Porto Alegre, o “Consenso 
de Porto Alegre” que vai contra o “Consenso de Washington”. O de 
2009 foi realizado em Belém, o de 2010 em Salvador e o de 2011 foi 
realizado em Dacar, capital do Senegal. Em 2012, o fórum voltou a 
Porto Alegre. 
 
Cúpula do G20 
O Grupo dos 20 (ou G20) é um grupo formado pelos ministros de 
finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do 
mundo mais a União Européia. Foi criado em 1999, após as 
sucessivas crises financeiras da década de 1990. 
 
“Quero entrar para história por ter emprestado ao FMI” 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que gostaria de entrar 
para a história como o presidente que emprestou "alguns reais" para 
o Fundo Monetário Internacional (FMI). "Você não acha chique o 
Brasil emprestar dinheiro para o FMI?", disse. "Eu passei parte da 
minha juventude carregando faixa contra o FMI no centro de São 
Paulo." O Brasil já decidiu que vai colocar recursos no fundo, 
tornando-se credor pela primeira vez na história. Falta, agora, definir 
o montante e analisar os detalhes do mecanismo, para não reduzir o 
valor das reservas externas. 
Fim do G-8, a consolidação do G-20 e a disparada do BRICS 
O debate que está sendo lançado pelas declarações do ministro 
brasileiro é sobre: a morte anunciada do G8; sua eventual 
substituição pelo G20 e se o grupo cumpriria melhor funções hoje 
supostamente desempenhadas pelo G8 
 
 3 
Para muitos analistas e governantes, o BRIC (Brasil, Rússia, Índia 
e China) serão as novas potências econômicas já nas próximas 
décadas. O bloco possui, indiscutivelmente, grandes vantagens 
comparativas e competitivas. Ao todo, são aproximadamente três 
bilhões de pessoas que precisam de soluções para os principais 
problemas mundiais, como distribuição de renda, saúde e educação. 
 
Em de 2011, o "S" foi oficialmente adicionado à sigla BRIC para 
formar o BRICS, após a admissão da África do Sul (em inglês: South 
Africa) ao grupo. 
 
G20 substitui G8 nas decisões sobre economia - 25/09/2009 
Decisão dos líderes reunidos em Pittsburgh foi anunciada pelo 
governo norte-americano. O grupo dos 20 maiores países 
desenvolvidos e emergentes vai se tornar o “principal fórum para a 
cooperação econômica internacional”, o que significa que a partir de 
agora o G20 é o principal fórum econômico mundial. 
 
O governo norte-americano não informou, no entanto, qual será o 
destino do G8, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, mais a 
Rússia, que até pouco tempo era a principal instância decisória 
sobre os rumos da economia global. 
 
A China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil 
Gazeta Mercantil - 04/05/2009 
A China passou a ser maior parceiro comercial do Brasil em abril, 
ocupando o lugar dos Estados Unidos. Apesar de o crescimento do 
comércio com a China ser importante para o Brasil, a perda de 
espaço como os americanos é negativa porque são eles que, 
tradicionalmente, são os principais compradores de produtos 
manufaturadosbrasileiros, enquanto a China concentrada suas 
compras em produtos básicos. 
 
 
OS BLOCOS ECONÔMICOS NO MUNDO 
 
Com a economia mundial globalizada, a tendência comercial é a 
formação de blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade 
de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou 
isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções 
em comum para problemas comerciais. 
 
Tipos de Blocos Econômicos 
 
a) Área de Livre Comércio 
Em uma área de livre comércio todas as restrições ao comércio 
dentro da região devem ser eliminadas, tanto as tarifárias quanto as 
não-tarifárias. Porém, cada um dos países membros mantém sua 
política comercial em relação ao resto do mundo. Por isso, para que 
uma área de livre comércio possa funcionar adequadamente, 
precisa incluir um sistema de regras de origem que defina as 
condições que os produtos trocados devem cumprir para desfrutar 
do benefício da tarifa zero. Um artigo produzido num país poderá ser 
vendido noutro sem quaisquer impedimentos fiscais, respeitando-se 
apenas as normas sanitárias ou outras legislações restritivas que 
eventualmente apareçam. 
 
b) União Aduaneira 
Em uma união aduaneira, os países não só liberalizam o comércio 
dentro da região (área de livre comércio), mas adotam também uma 
política comercial comum para o resto do mundo. Adotam uma tarifa 
externa comum e normas alfandegárias e de procedimento comuns, 
de tal forma que os bens são tratados da mesma maneira, 
independentemente do ponto por onde ingressarem na união 
aduaneira. No limite, uma união aduaneira implica desaparecimento 
das alfândegas internas. Numa União Aduaneira, os objetivos são 
mais amplos, abrangendo a criação de regras comuns de comércio 
com países exteriores ao bloco. 
 
c) Mercado Comum 
Um mercado comum é uma união aduaneira com políticas comuns 
de regulamentação de produtos e com liberdade de circulação de 
todos os três fatores de produção (terra, capital e trabalho) e de 
iniciativa. Em tese, a circulação de capital, trabalho, bens e serviços 
entre os membros deve ser tão livre como dentro do território de 
cada participante. 
 
d) União Econômica e Monetária 
Implica numa integração econômica mais profunda, com a adoção 
das mesmas normas de comércio interno e externo, unificando as 
economias e, num estágio mais avançado, as moedas e instituições. 
Principais Blocos Econômicos 
 
1 – UNIÃO EUROPÉIA - UE 
A União Européia é o mais antigo e o melhor estruturado. Sua 
formação resulta da necessidade dos países da Europa Ocidental, 
no pós-Segunda Guerra, e às 
necessidades dos Estados Unidos, que 
através do Plano Marshall deu início ao 
processo de contenção à tendência 
expansionista soviética neste continente. 
 
A base de tudo se deu em 1944 quando 
foi criado o Benelux - União Econômica 
entre a Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Em 1952, foi criada a 
CECA - Comunidade Européia do Carvão e do Aço, incluindo ao 
Benelux, a Alemanha Ocidental (RFA), a França e a Itália. Esta 
união fica mais fortalecida com a formação do Grupo de Roma, em 
1957, formando o MCE – Mercado Comum Europeu ou CCE – 
Comunidade Econômica Européia. 
 
Em 1948 foi criada a Organização Européia de Cooperação 
Econômica (OECE) para administrar os recursos do Plano Marshall 
na reconstrução dos países da Europa ocidental. Em 1961, essa 
organização foi substituída pela Organização de Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico (OCDE - Também chamada de 
"Clube dos Ricos"), que tem objetivos mais amplos e reúne países 
de várias partes do mundo. 
 
Em 1959/60 foi criada e implantada a AELC - Associação Européia 
de Livre Comércio, unindo o Reino Unido com os países 
escandinavos, mas aos poucos esses países entraram no MCE. 
 
Nas décadas de 60 e 70, outros membros são incorporados ao 
MCE, mas a geopolítica mundial, com o acirramento da Guerra Fria 
(EUA x URSS), impede um maior avanço em sua organização. Nas 
décadas de 80/90, as mudanças internacionais, principalmente com 
a redução dos riscos de uma guerra nuclear entre as 
superpotências, abrem espaço para que propostas mais ousadas 
sejam retomadas pelos países europeus. 
 
1986 – O Ato Único Europeu. 
 Proposta de transformação do MCE em CE - Comunidade 
Européia. 
 
1991 – Tratado de Maastricht. 
O tratado assinado na cidade holandesa de Maastricht estabeleceu 
competências supranacionais, como o mercado único e os fundos 
estruturais, além de ampliar a noção de cidadania européia. 
Representou também um grande passo em direção à união 
econômica e monetária do continente, determinando que os países-
membros que cumprissem os critérios econômicos estabelecidos 
adotariam a moeda única — o Euro. Além 
disso, apontou para uma maior cooperação 
entre os governos no que concerne à política 
exterior, à segurança comum, à justiça e aos 
assuntos internos. Tratado de Maastricht 
consagrou oficialmente a denominação “União 
Européia” que, a partir daí, substituiu a de 
“Comunidade Européia”. A ratificação de seus 
termos foi aprovada por referendos nos diversos países-membros, 
entrando em vigor em 2 de novembro de 1993. 
 
1992 – Tratado do Porto 
 Os países mais ricos priorizam seus investimentos na 
recuperação dos países-membros mais pobres, investindo em 
larga escala nos países atlânticos ou mediterrâneos, como 
 4 
Portugal, Espanha, Grécia, centro-sul da Itália e na República da 
Irlanda. 
 Estava avançando o pensamento neoliberal com a proposta de 
reduzir a capacidade de influência do Estado na economia, 
diminuindo o welfare state - isto é, o estado do bem estar social, 
provocando queda na qualidade de vida das populações e 
ressurgindo o etno-xenofobismo, com a criação de grupos radicais 
na Europa e, com riscos da ultradireita reconquistar o poder em 
alguns países membros. 
 
1993 - Início de implantação do Tratado de Maastricht 
 Livre trânsito de pessoas, mercadorias, capital e tecnologia entre 
os países-membros. 
 O melhor exemplo desta situação foi o elevado processo de 
migração das regiões periféricas em direção aos países centrais, 
gerando uma superoferta de mão-de-obra, menos qualificada, ao 
mesmo tempo em que os países centrais estavam entrando para 
a fase pós-urbano/industrial, onde as novas formas de produção, 
com novas máquinas substituindo os trabalhadores. Este foi um 
dos principais fatores que acabaram gerando o recrudescimento 
dos grupos radicais racistas e neonazistas. 
 
1999 - Implantação parcial do EURO - moeda única 
 11 países adotam o Euro como oficial em período de transição. 
 
2002 - Adoção do Euro 
 O Euro passa a circular como dinheiro para todos os países-
membros que aprovaram a troca (atualmente 17) e para os 
países-satélites como Andorra, Vaticano, San Marino e Mônaco. 
 
Alguns países fora da União Européia aderiram ao Euro. Para uma 
adoção formal, que implica a possibilidade de fabricar as suas 
próprias moedas, foi necessário atingir um acordo. Mônaco, São 
Marino e Vaticano chegaram a acordo com a União. 
 
2 – ALCA e o NAFTA 
No final da década de 80 e início de 90, o 
Presidente George Bush passa a defender 
"a iniciativa para as Américas", com a 
proposta de uma área de livre comércio 
para todos os países da América, à 
exceção de Cuba, que permaneceria 
sofrendo o boicote americano; é a proposta 
de criação da ALCA - Acordo de Livre 
Comércio para as Américas. 
 
Este acordo foi delineado na Cúpula das Américas realizada em 
Miami, em 1994. A proposta do ALCA é de criar uma área de livre 
comércio na América, por isso é bom não confundir com a idéia de 
mercado comum, pois zona de livre comércio não permite o livre 
trânsito de pessoas, capital, tecnologia e mercadorias e nem propõe 
a unificação de tarifas e impostos entre os países membros. 
 
Na impossibilidade de implantação rápida do ALCA, os paísesLatino-Americanos mais importantes, principalmente o Brasil, 
contestam o conteúdo da proposta por não incluir questões sociais e 
somente econômicas; os EUA elaboram um projeto alternativo, 
criando o NAFTA - Mercado Livre da América do Norte. 
 
O Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (North American 
Free Trade Agreement) ou NAFTA é um tratado envolvendo 
Canadá, México e Estados Unidos da América numa atmosfera de 
livre comércio, com custo reduzido para troca de mercadorias entre 
os três países. O NAFTA entrou em efeito em 1º de janeiro de 1994 
com um prazo de 15 anos para a total eliminação das barreiras 
alfandegárias entre os três países. Diferentemente da União 
Européia, a NAFTA não cria um conjunto de corpos governamentais 
supranacionais, nem cria um corpo de leis que seja superior à lei 
nacional. 
 
3 – APEC 
A APEC (traduzido, Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) é 
um bloco que engloba economias asiáticas, americanas e da 
Oceania. Sua formação deveu-se à crescente interdependência das 
economias da região da Ásia-Pacífico. Foi criada em 1989, 
inicialmente apenas como um fórum de discussão entre países da 
ASEAN (Association of the SouthEast Asian Nations) e alguns 
parceiros econômicos da região do Pacífico, se tornando um bloco 
econômico apenas em 1993, na Conferência de Seattle, quando os 
países se comprometeram a transformar o Pacífico numa área de 
livre comércio. 
 
A APEC tem vários membros, tais como: Austrália; Canadá; Chile; 
China; Hong Kong; Indonésia; Japão; Coréia do Sul; México; Nova 
Zelândia; Papua New Guinea; Peru; Filipinas; Rússia; Cingapura; 
Taipei; Tailândia; Estados Unidos e Vietnam. 
 
4 – ASEAN 
Criada em 1967, na Tailândia, a 
Associação das Nações do 
Sudeste Asiático tem como 
objetivo principal assegurar a 
estabilidade política como uma 
maneira de acelerar o 
desenvolvimento no Sudeste 
asiático. Têm programas de 
cooperação entre os membros em diversas áreas como transportes, 
educação e energia. Em 1992, os membros assinaram um acordo 
com o objetivo de eliminar as barreiras econômicas e alfandegárias. 
Membros: Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, 
Malásia, Mianmar, Tailândia, Vietnã. 
 
5 – O MERCOSUL – Mercado Comum do Sul 
A América Latina, desde os anos 80, 
assistiu ao esgotamento da industrialização 
por substituição de importações e à 
transição dos regimes autoritários à 
democracia. A abertura das economias 
nacionais, a transformação do aparelho 
estatal, a consolidação dos regimes 
democráticos e o encerramento da maior parte dos conflitos 
armados regionais ou internos não bastaram para solucionar os 
problemas acumulados na década precedente. 
 
Depois da "década perdida" na economia dos anos 80, os custos 
sociais dos ajustes estruturais dos anos 90 provocaram uma 
desintegração generalizada das sociedades do subcontinente. 
 
Criado em março de 1991 pelo Tratado de Assunção entre Brasil, 
Argentina, Paraguai e Uruguai. Tratava-se de uma continuidade e 
aprofundamento do “Acercamento Brasil-Argentina”, iniciado em 
1986, pelos presidentes José Sarney e Raul Alfonsin. 
 
Através da integração com os países vizinhos, além de benefícios 
econômicos mais imediatos, se reforçaria a base regional como 
forma de incrementar a participação do Brasil e de seus parceiros 
platinos no plano mundial. Quando os EUA anunciaram a criação do 
NAFTA, o Brasil reagiu, lançando em 1993, a iniciativa da ALCSA 
(Área de Livre Comércio Sul-Americana) e estabelecendo com os 
países sul-americanos e africanos a Zona de Paz e Cooperação do 
Atlântico Sul (ZoPaCAS), numa estratégia de círculos concêntricos a 
partir do Mercosul. 
 
O Mercosul em negociações com a União Européia culminou com a 
assinatura do primeiro acordo interblocos econômicos, o Acordo 
Marco Inter-regional de Cooperação União Européia-Mercosul, 
assinado em Madrid em dezembro de 1995. 
 
Etapas de criação/implantação do Mercosul 
1986 - Acordo Bilateral Brasil X Argentina 
 Redemocratização na América Latina. 
 Brasil - Plano Cruzado. Primeiro presidente civil, ainda eleito pelo 
colégio eleitoral, José Sarney, substitui o último presidente militar, 
General João Batista de Figueiredo. 
 Argentina - Plano Alfonsin ou Austral. O presidente civil eleito 
substitui o general Galtieri, responsável pela Guerra das Malvinas. 
 
1991 - Tratado de Assunção 
 Criação do Mercosul. 
 Proposta de criar urna área de livre trânsito de pessoas, 
mercadorias, capital e empresas no estilo europeu. Não é (ainda) 
um mercado comum, funcionando primeiro como área de livre 
comércio. 
 Países-membros: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. 
 
 5 
1995 - Reunião de Ouro Preto (MG) 
 O Mercosul passa a funcionar como União Aduaneira. 
 Adota a TEC -Tarifa Externa Comum para as importações. 
 Brasil = Plano Real. Onde um real é igual ou aproximadamente 
igual a um dólar, adotando o sistema de banda cambial ou câmbio 
fixo-flutuante. 
 Argentina = Plano Cavallo (dolarização ou paridade das moedas, 
um peso = um dólar) ou política de câmbio fixo; somente a 
Argentina e Hong-Kong funcionam desta forma tão radical. 
 
1997 - Reunião de Fortaleza 
 A Bolívia formaliza o pedido de entrada como membro, a exemplo 
do Chile, como “associada” ou "parceira preferencial", até tomar 
as medidas econômicas necessárias. Conseguem privilégios 
criando uma área de livre comércio com a União Aduaneira dos 
países-membros do Mercosul. 
 Surge a idéia da moeda única. 
 A integração do Mercosul aumentou em mais de 400% o comércio 
entre os países-membros. 
 
1999 - Crise do Real 
 O Brasil adota o câmbio flutuante, permitindo que o valor da 
moeda nacional oscile de acordo com a lei da oferta e da procura 
em relação ao dólar. 
 A desvalorização da moeda brasileira inverte a balança comercial 
com a Argentina, provocando um significativo déficit para a 
Argentina, com fuga dos investimentos e das empresas para o 
Brasil, aumentando as exportações brasileiras e reduzindo as 
importações dos países vizinhos. 
 O Brasil é obrigado a recorrer ao FMI 
 
O que é o Mercosul do ponto de vista comercial? 
O Mercosul hoje é uma área de livre comércio incompleta, onde 
grande parte totalidade dos bens é comercializada livre de tarifas. 
Em matéria de política comercial externa comum, o Mercosul 
também está na metade do caminho porque, embora exista 
formalmente uma tarifa externa comum (características de uma 
União Aduaneira), ela tem uma série de perfurações que fazem com 
que, na prática, nem todos os países apliquem a mesma tarifa para 
um produto similar e da mesma origem. 
 
Em 1991, o Tratado de Assunção, assinado pelo Brasil, Argentina, 
Uruguai e Paraguai buscava ser um bloco econômico nos moldes de 
uma União Aduaneira, através da eliminação progressiva das 
tarifas alfandegárias entre os países-membros e da adoção de uma 
tarifa externa comum (TEC) para a comercialização com os outros 
países não pertencentes ao bloco. Mas até 1995, o Mercosul 
funcionou apenas como uma Zona de Livre Comércio. A partir 
desse ano foi oficializada a constituição da União Aduaneira, mesmo 
que ainda incompleta. 
 
Venezuela - Ingresso do país no bloco ainda depende de 
aprovação do plenário do Senado e do Paraguai 
BBC Brasil 
 
A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou a 29 de 
novembro de 2009, o protocolo de adesão da Venezuela ao 
Mercosul. A decisão ocorre depois de meses de discussões entre 
parlamentares governistas e de oposição. 
 
O protocolo de adesão da Venezuela ao Mercosul foi assinado em 
2006 e deve ser aprovado por todos os integrantes para que o país 
se torne um membro integral do bloco. Argentina e Uruguai já 
ratificaram o ingresso da Venezuela no Mercosul. O Paraguai espera 
a decisão do Brasil para votar o protocolo. 
 
Que impacto a entradada Venezuela no Mercosul deverá ter no 
bloco e nas relações com outros países? 
Setores contrários à entrada da Venezuela no Mercosul afirmam que 
o governo do presidente Hugo Chávez deixa a desejar em relação 
ao respeito aos princípios democráticos e que a adesão de seu país 
pode ser prejudicial ao bloco. 
 
No entanto, o argumento dos defensores do ingresso da Venezuela 
no Mercosul é o de que não se pode impedir a entrada do povo 
venezuelano no bloco devido à atual circunstância política e que 
deixar o governo Chávez isolado seria pior. 
 
O ingresso da Venezuela no Mercosul pode aumentar o poder de 
influência de Hugo Chávez na região? 
Alguns analistas afirmam que o ingresso da Venezuela no Mercosul 
dará a Chávez mais poder de influência na região. O país, que já 
integra a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) e a Unasul 
(União de Nações Sul-Americanas), ganharia um palco importante. 
 Como os venezuelanos vêem a adesão do país ao bloco? 
Nesta semana, um dos principais opositores de Chávez, o prefeito 
de Caracas, Antonio Ledezma, veio ao Brasil e defendeu a 
aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul. O líder opositor 
afirma que o povo venezuelano não pode ser punido com o 
isolamento por causa do governo Chávez. 
 
Para fazer parte do Mercosul, a Venezuela tem de cumprir critérios, 
entre eles a adoção da Tarifa Externa Comum (TEC), vigente no 
comércio do bloco. Críticos afirmam que a Venezuela ainda não 
cumpriu esses critérios e não aceitou o tratado de tarifas comuns 
com terceiros países. 
 
Israel será parceiro comercial do Mercosul 
15/03/2010 – Valor Econômico 
 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em visita a Israel, 
que foi aprovado o acordo de livre comércio entre o país e o 
Mercosul. Israel é o primeiro país fora da América do Sul a ter um 
acordo de livre comércio com o bloco econômico. 
 
O Brasil é o maior parceiro comercial de Israel na América Latina. O 
intercâmbio comercial do Brasil com Israel saltou de US$ 440 
milhões, em 2002, para US$ 1,6 bilhão, em 2008. 
 
O acordo de livre comércio entre Mercosul e Israel passa a valer a 
partir de 4 de abril. A expectativa, segundo empresários, é que o 
comércio triplique nos próximos cinco anos. Dos 200 empresários 
que participaram de um seminário no qual Lula discursou, 80 eram 
brasileiros. 
 
O seminário reuniu representantes de vários setores, do 
agronegócio à defesa espacial, incluindo mineração, indústria têxtil, 
tecnologia, aviação e medicamentos. O acordo foi comemorado pelo 
governo israelense. 
 
Os Tigres Asiáticos 
O Japão, que saiu da segunda guerra mundial destruído, adquiriu 
capacidade industrial, comercial e financeira e, na década de 70, 
ampliou sua influência para a Coréia do Sul, Taiwan, Cingapura e 
Hong Kong, os chamados Tigres Asiáticos (ou Dragões Asiáticos). 
Mão-de-obra barata e incentivos às indústrias caracterizam os 
Tigres, que ampliaram suas exportações mundialmente. Em 
qualquer loja é possível ver produtos made in Taiwan. 
 
 
 
A CRISE ECONÔMICA GLOBAL – 2007/2011 
 
Origens 
A crise no mercado hipotecário dos EUA é uma decorrência da crise 
imobiliária, e deu origem, por sua vez, a uma crise mais ampla, no 
mercado de crédito de modo geral. O principal segmento afetado foi 
o de hipotecas chamadas de "subprime", que embutem um risco 
maior de inadimplência. 
 
O mercado imobiliário americano passou por uma fase de expansão 
acelerada logo depois da crise das empresas "pontocom", em 2001. 
Os juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) vieram caindo 
para que a economia se recuperasse, e o setor imobiliário se 
aproveitou desse momento de juros baixos. A demanda por imóveis 
 6 
cresceu, devido às taxas baixas de juros nos financiamentos 
imobiliários e nas hipotecas. 
 
Em 2005, o "boom" no mercado imobiliário já estava avançado; 
comprar uma casa (ou mais de uma) tornou-se um bom negócio, na 
expectativa de que a valorização dos imóveis fizesse da nova 
compra um investimento. 
As empresas financeiras especializadas no mercado imobiliário, 
para aproveitar o bom momento do mercado, passaram a atender o 
segmento "subprime". O cliente "subprime" é um cliente de renda 
baixa, por vezes com histórico de inadimplência e com dificuldade 
de comprovar renda. Esse empréstimo tem, assim, uma qualidade 
mais baixa --ou seja, cujo risco de não ser pago é maior, mas 
oferece uma taxa de retorno mais alta, a fim de compensar esse 
risco. 
 
Em busca de rendimentos maiores, gestores de fundos e bancos 
compram esses títulos "subprime" das instituições que fizeram o 
primeiro empréstimo e permitem que uma nova quantia em dinheiro 
seja emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. 
Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o 
título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma 
cadeia de venda de títulos. Porém, se a ponta (o tomador) não 
consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-
recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado: 
todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os 
"subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração 
de crédito). 
 
Após atingir um pico em 2006, os preços dos imóveis, no entanto, 
passaram a cair: os juros do Fed, que vinham subindo desde 2004, 
encareceram o crédito e afastaram compradores; com isso, a oferta 
começa a superar a demanda e desde então o que se viu foi uma 
espiral descendente no valor dos imóveis. Com os juros altos, o que 
se temia veio a acontecer: a inadimplência aumentou e o temor de 
novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no 
país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta - 
com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos 
as empresas lucram e menos pessoas são contratadas. 
 
COMO COMEÇOU A CRISE 
 
1. IMÓVEIS VALORIZADOS 
Com juros baixos e crédito farto, os preços dos imóveis nos EUA 
tiveram forte valorização, encorajando mutuários a refinanciar 
suas hipotecas. Os bancos davam aos mutuários uma diferença 
em dinheiro, utilizada para consumir. 
 
 
 
2. TÍTULOS LASTREADOS 
Para captar dinheiro, os bancos criaram instrumentos financeiros 
complexos chamados títulos lastreados em hipotecas (uma 
espécie de nota promissória garantida pelas hipotecas) e 
venderam para investidores que também emitiram seus próprios 
títulos lastreados nesses títulos e passaram-nos para frente, 
espalhando-os por todo sistema bancário. 
 
 
 
3. JUROS ALTOS E QUEDA DOS PREÇOS 
As taxas de juros começaram a subir para combater a inflação 
enquanto os preços dos imóveis passaram a cair, fazendo com 
que as mensalidades da casa própria ficassem mais caras. A 
inadimplência disparou e, assim, os títulos que eram garantidos 
por essas hipotecas perderam valor. 
 
 
4. PERDA DOS BANCOS 
Além dos prejuízos com a inadimplência, os bancos tiveram fortes 
perdas com os títulos. Os bancos com maiores proble-mas se 
viram à beira da falência e precisaram da ajuda do governo 
americano. 
 
 
 
5. CRISE DE CONFIANÇA 
Instalou-se uma grave crise de confiança e os bancos não querem 
mais emprestar, com medo de calotes. 
 
 
Efeitos 
No mundo da globalização financeira, créditos gerados nos EUA 
podem ser convertidos em ativos que vão render juros para 
investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o 
pessimismo influencia os mercados globais. 
Foi esse o efeito visto em setembro de 2007 quando o BNP Paribas 
francês congelou cerca de 2 bilhões de euros dos fundos de 
investimento citando preocupações sobre o setor de crédito 
"subprime" nos EUA. 
 
Depois dessa medida, o mercado imobiliário passou a reagir em 
pânico e algumas das principais empresas de financiamento 
imobiliário e bancos passaram a sofrer os efeitos da retração e 
faliram. 
 
Bancoscomo Citigroup, UBS e Bear Stearns tiveram prejuízos 
bilionários decorrentes da crise. As duas hipótecárias possuem 
quase a metade dos US$ 12 trilhões em empréstimos para a 
habitação nos EUA; no segundo trimestre, registraram prejuízos de 
US$ 2,3 bilhões (Fannie Mae) e de US$ 821 milhões (Freddie Mac). 
Já o banco Lehman Brs. vinha procurando uma fonte de crédito para 
poder honrar seus compromissos, mas não teve sucesso. Sem 
alternativa, o banco pediu concordata. O Merrill Lynch foi vendido ao 
Bank of America para não ter o mesmo destino. A seguradora 
americana AIG foi outra que quase quebrou, mas foi salva por um 
empréstimo de US$ 85 bilhões do Fed, em troca do controle da 
empresa. 
 
Conseqüências 
O PIB americano caiu 3,8% no 
trimestre do final de 2008. Foi o 
pior desempenho trimestral 
desde o período de janeiro a 
março de 1982, quando a 
economia caiu mais de 6% - á 
época, como agora, o país 
estava em uma recessão. A 
crise, e o risco para o sistema 
bancário que ela representava, 
levou o governo americano a 
propor um pacote de US$ 700 
bilhões - aprovado em outubro de 2008. O pacote iria ajudar os 
bancos com balanços comprometidos pelo peso dos derivativos 
lastreados nas hipotecas "subprime". 
 7 
 
O setor automobilístico vive uma situação problemática que é 
consequência direta da crise de crédito resultante dos problemas 
com hipotecas. A GM e a Chrysler, com quedas nas vendas devido 
às dificuldades dos compradores em obter financiamento, 
precisaram de ajuda do governo para fechar suas contas. 
 
O mercado de trabalho também sofre uma contração, nos EUA e 
além, causada pela crise de crédito originada nos problemas do 
mercado imobiliário. A taxa de desemprego nos EUA fechou 2008 
em 7,2%, pior nível desde 1993. O número de desempregados no 
país no ano passado chegou a 2,6 milhões, maior desde o fim da 
Segunda Guerra Mundial, em 1945. 
 
Crise fortaleceu papel do Brasil no mundo 
Instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevêem 
que o país, ao lado de outros emergentes, se recupere da crise mais 
rapidamente e também amplie a margem de vantagem em relação 
ao crescimento dos países ricos. 
 
Segundo um relatório recente da OCDE sobre o Brasil, a relação 
dívida pública/PIB deve manter-se próxima de 40% do PIB em 2009 
- e depois deve cair gradualmente para 35% no médio prazo. 
 
Os países emergentes são grandes produtores de commodities, 
vistas como investimentos seguros no longo prazo. No começo da 
crise, o preço de muitas commodities caiu drasticamente, afetando 
também grandes exportadores como o Brasil. No entanto, alguns 
preços já voltaram a subir. De dezembro até junho, o preço da soja 
subiu 60%. Segundo a Economist Intelligence Unit (EIU), o preço 
geral das commodities comercializadas pelo Brasil está crescendo 
no segundo semestre deste ano, graças à China, que está 
aumentando suas importações. 
 
O Brasil ainda tem problemas enormes em várias áreas, como 
terrível infra-estrutura, um enrolado sistema tributário que não é 
atraente para investidores, baixos níveis de educação dos 
trabalhadores em geral - apesar de alguns bolsões de excelência - e 
serviços públicos muito pobres. 
 
S&P baixa nota da dívida dos EUA - 05/08/2011 
A agência de avaliação de risco financeiro Standard and Poor's 
reduziu nesta sexta-feira a nota da dívida pública dos Estados 
Unidos, algo inédito na história. 
 
A qualificação do crédito americano passou de "AAA" para "AA+", 
diante da crescente dívida, do pesado déficit no orçamento e da falta 
de planejamento. A S&P também assinalou a "perspectiva negativa" 
da nova classificação, enquanto fontes do governo envolvidas nas 
negociações apontavam falhas "profundas e fundamentais" na 
decisão. 
 
Movimento “Ocupar Wall Street” – outubro/novembro de 2011 
 
A manifestação "Ocupar Wall Street" durou por meses na rebatizada 
"Praça da Liberdade", localizada entre o Ground Zero (antigo local 
do World Trade Center) e o centro financeiro de Nova Iorque. 
Manifestações contra ditadura das finanças começaram em Nova 
York, espalham-se pelos Estados Unidos e ensaiam sinergias 
políticas que talvez sejam úteis em todo o mundo. 
 
 
AS PRINCIPAIS CRISES DO CAPITALISMO NO 
SÉCULO XX E XXI – até 2009 
 
O crash de 1929 
Wall Street vivia uma euforia especulativa, com a ilusão de 
crescimento da economia, sem sustentação em bases reais. Após 
dias de fortes perdas, em 29 de outubro, a chamada “terça-feira 
negra”, a bolsa de Nova York fechou em queda de 12%. Além das 
tragédias pessoais, vieram uma crise bancária e uma onda de 
falências, acompanhadas de queda da produção e desemprego em 
massa. Arrastado pelos EUA, o mundo entrou na Grande 
Depressão. No Brasil, os cafeicultores perderam suas fontes de 
financiamento, levando a uma crise econômica com queda nas 
exportações. A situação mundial só começaria a se recuperar após 
Franklin Roosevelt assumir a presidência dos EUA em 1933, 
instituindo a política do New Deal. 
 
A Segunda Guerra Mundial 
Economias abaladas pela guerra, sobretudo na Europa, a 
experiência da Grande Depressão e a consciência dos efeitos 
devastadores de uma crise levaram ao Acordo de Bretton Woods, 
que daria origem ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco 
Mundial. O objetivo do encontro entre 44 nações era estabelecer 
regras de convivência na economia na mundial. Foi criado um 
padrão cambial atrelado ao dólar, que, por sua vez, teria lastro em 
ouro. Ao FMI, caberia sua manutenção. 
 
O choque do petróleo de 73 
Até então abundante e barato, o petróleo começou a ser alvo de 
especulação. Em outubro de 1973, com a Guerra do Yom Kippur, 
entre Israel e países árabes, o cartel da Opep cortou parte de sua 
produção e interrompeu o fornecimento aos EUA. Com oferta menor, 
os preços do barril pularam de US$3 para cerca de US$12 em 
menos de três meses. 
 
A moratória dos anos 80 na América Latina 
Em agosto de 1982, o México suspendeu o pagamento de sua 
dívida externa, para a surpresa da comunidade financeira 
internacional. Os juros superavam US$20 bilhões, para um principal 
de US$86 bilhões. Essa moratória foi a primeira de uma série de 
países da América Latina ao longo de década de 80, entre os quais 
o Brasil. 
 
O efeito tequila - México 
As reservas internacionais do México caíram de US$ 29 bilhões para 
quase zero em 1994, numa enorme fuga de capitais. Em dezembro, 
o governo desvalorizou o peso em mais de 50%, iniciando uma crise 
com reflexos, principalmente, nos países emergentes. Com socorro 
dos EUA (US$ 50 bilhões) e do FMI, a crise mexicana ficou restrita à 
América Latina. Mas o país pagou caro, como desemprego e 
recessão. 
 
Crise dos Tigres Asiáticos 
As turbulências experimentadas pelos países latinos se repetiram do 
outro lado do mundo em 1997. O pontapé foi a desvalorização do 
bath, moeda da Tailândia, mas os efeitos se espalharam 
rapidamente com a globalização financeira, atingindo vários tigres 
asiáticos. A resposta das autoridades financeiras demorou. Logo, as 
atenções se voltaram para Hong Kong, com apostas de que o país 
também não manteria a paridade de sua moeda frente ao dólar. 
Essa conjuntura provocou a queda de 30% da bolsa local, 
arrastando Nova York. No Brasil, pela primeira vez em 28 de 
outubro, o “circuit breaker” foi acionado, interrompendo os negócios. 
 
A vez da Rússia e do Brasil 
O rublo era a bola da vez em 1998. Como resposta aos ataques 
especulativos, o governo russo declarou a moratória de sua dívida 
externa, e a moeda perdeu até 33%. Em 21 de agosto, a Bovespa 
chegou a cair 10%, voltando a acionar o “circuit breaker”. Com o real 
ainda sobrevalorizado, o Brasil foi bater às portas do FMI e, em 
janeiro de 1999, era forçado a fazer a desvalorização de sua moeda, 
após a eleição de Fernando Henrique Cardoso para um segundo 
mandato. 
 
Oestouro da bolha da Nasdaq 
Em fevereiro de 1999, a Nasdaq 
(bolsa americana que reúne empresas 
do setor de tecnologia) chegou a 
acumular alta de 105% e 12 meses, com o boom da internet. Mas no 
primeiro trimestre de 2000, sem a sustentação dos resultados 
positivos das empresas “pontocom”, o índice começou a despencar, 
com quedas recordes. 
 
Os ataques terroristas 
O 11 de setembro de 2001 levou terror também ao mercado 
financeiro. Vizinha dos escombros do World Trade Center, a Bolsa 
de Nova York ficou quatro dias sem operar. Quando o pregão 
reabriu nos EUA, as perdas foram de US$ 590 bilhões, com o Dow 
Jones perdendo 7,13% no pior desempenho em pontos de sua 
história. Por todo o mundo, houve uma reação na direção de baixar 
os juros, a fim de estimular as economias. Em dezembro, as bolsas 
foram atingidas pelo escândalo da gigante de energia Enron, que 
fazia fraudes contábeis. 
 
 8 
O efeito tango 
Na América Latina, ao longo de 2001 e 2002, a Argentina seria o 
epicentro de uma nova crise dos emergentes. Rumores sobre 
desvalorização do peso, dados econômicos ruins e déficits fiscais 
elevados assustaram os mercados. A crise política sobreveio com 
troca de presidente, pacotes econômicos, moratória, confisco 
bancário (“corralito”) e desvalorização cambial. 
 
EUA: subprime e a recessão global 
A tempestade voltou em fevereiro de 2007, 
com especulações em relação a medidas 
de controle de capital estrangeiro na China. 
No meio do ano, o foco se voltou para as 
operações de crédito imobiliário de alto 
risco nos EUA. Essas hipotecas (subprime) 
são empréstimos para clientes que não 
têm bom histórico de crédito. Como os 
juros estavam muito baixos há alguns anos, os bancos emprestavam 
em busca de retornos maiores. Só que a elevação dos juros 
encareceu os financiamentos, e muitos deixaram de pagar. O 
cenário gerou uma crise de liquidez e crédito, com redução da 
atividade econômica no mundo todo. 
 
2008, o ano que ainda não terminou 
 
Nas últimas semanas de Julho de 2011 o mundo acompanhou com 
os olhos fixos nos noticiários as negociações sobre a dívida pública 
norte-americana como se fossem capítulos finais de uma novela que 
batia recordes de audiência. O presidente Barack Obama falou 
várias vezes ao público norte-americano pedindo que fizessem 
pressão sobre os Congressistas (Democratas e Republicanos) para 
que estes aprovassem uma autorização para que o governo daquele 
país pudesse se endividar ainda mais sob o risco de provocar uma 
moratória de proporções gigantescas e repercussões globais 
impossíveis de serem previstas. 
 
Mas quais os motivos que levaram a maior economia do mundo ficar 
à beira de um calote e porque o mundo está passando por um 
processo de redução da atividade econômica? 
 
A partir de meados de 2007, uma avassaladora crise começou a 
atingir a economia de todo o planeta. Governos, empresas, bancos, 
financeiras, seguradoras, fundos de pensão e pessoas físicas em 
todo o mundo foram duramente atingidos por uma onda de rombos e 
prejuízos que ultrapassou 20 trilhões de dólares até o final de 2010. 
E, diferente das crises que ocorreram nos anos 90 e começo dos 
anos 2000 em países periféricos do capitalismo global como México, 
Argentina e Brasil; esta atingiu o centro do capitalismo financeiro: 
EUA, União Européia e Japão. Alguns países como China, Índia e 
Brasil, que juntos com a Rússia formam o BRIC (grupo dos maiores 
países emergentes da atualidade), sofreram menos com a crise, 
mas não passaram ilesos. Para muitos economistas, essa é a maior 
crise econômica da história do Capitalismo e ainda não acabou. 
 
Duas décadas de desregulamentação financeira neoliberal 
transformou o mercado financeiro num verdadeiro Cassino onde 
banqueiros e especuladores, com apoio dos governos destes 
países, não apenas falsificavam balanços e relatórios como 
apostavam as economias de milhões de famílias sem qualquer 
medo de serem responsabilizados depois. 
 
Essa situação de irresponsabilidade e de fraudes contábeis ficou 
impossível de ser escondida quando uma “bolha especulativa” em 
hipotecas norte-americanas de alto-risco (títulos chamados de 
subprimes) explodiu no segundo semestre de 2007. Tais subprimes 
foram livremente negociadas sem qualquer controle por instituições 
financeiras do todo o mundo, principalmente nos EUA, enquanto as 
agências de riscos classificavam tais operações como “totalmente 
confiáveis”. Como eram títulos de alto-risco e com históricos de 
inadimplência, assim que os primeiros calotes começaram em finais 
de 2006, iniciou-se um verdadeiro “efeito dominó”. Em questão de 
meses, centenas de bilhões de dólares evaporaram e 
transformaram-se em “títulos podres”, ou seja, títulos que nunca 
serão pagos, pois seus valores estavam completamente fora da 
realidade por conta da especulação desenfreada. Essa foi a primeira 
fase da crise. 
 
Em 2008, essa verdadeira avalanche de calotes deixou o mercado 
financeiro global em pânico e em semanas outras centenas de 
bilhões de dólares foram retiradas de negociação nas bolsas de 
valores e os bancos cortaram o crédito. Tal “efeito manada” entre os 
investidores e bancos fez com que os que tinham dinheiro ficassem 
com medo de investir (não confiavam nos balanços das empresas) 
ou emprestar (temiam novos calotes) e aqueles que precisavam de 
dinheiro para saldar suas dívidas ficaram sem opção a não ser arcar 
com o prejuízo. Essa crise de crédito afundou o consumo e o 
investimento e marcou a segunda fase da hecatombe econômica. 
Os resultados imediatos foram dezenas de milhões de 
desempregados; uma brutal queda na produção e nos investimentos 
privados; uma quebradeira generalizada de bancos, empresas, 
seguradoras, fundos de pensões e milhões de famílias norte-
americanas sem suas casas. Um verdadeiro caos financeiro onde 
ninguém sabia exatamente o tamanho do rombo e quem iria pagar a 
conta. 
 
Para tentar debelar o incêndio financeiro, os governos dos principais 
países do mundo passaram a adotar medidas para reativar a 
economia em 2009 e 2010. Os juros foram cortados ao máximo para 
estimular o consumo, os prejuízos foram assumidos pelos Tesouros 
Nacionais e os Bancos Centrais destes paises passaram a derramar 
trilhões de dólares no mercado financeiro na tentativa de dar 
tranqüilidade aos investidores e empresários a fim de forçar uma 
nova onda de crescimento. E esta é a origem da terceira fase da 
crise, que começou em 2010 e se agravou em 2011. 
 
Tal estratégia dos países desenvolvidos foi arriscada. Os governos 
injetaram fábulas de dinheiro no mercado, aumentando de maneira 
descontrolada suas dívidas públicas para fazer com que a roda da 
economia voltasse a girar. A questão é que a economia ainda não 
voltou a crescer de maneira satisfatória e, neste caso, em vez de 
ajudar, o endividamento público irá somar-se aos outros problemas. 
Dentre os mais atingidos por tal tsunami de prejuízos e que 
adotaram essa estratégia, destacam-se os EUA, Japão e União 
Européia (sobretudo um grupo de países da Zona do Euro 
conhecidos como PIIGS - Portugal, Itália, Grécia e Espanha - 
Spain em inglês), pois suas dívidas públicas chegaram a níveis 
alarmantes. 
 
O segundo semestre de 2011 foi dramático. Os EUA ficaram a beira 
de uma moratória histórica. Grécia, berço da democracia, vive 
novamente uma crise marcada por protestos populares e violenta 
repressão. A Espanha bate recordes no nível de desemprego. 
Portugal, além de receber ajuda financeira internacional, aprovou em 
novembro mais um “orçamento de austeridade” duríssimo para 
2012. A Itália, um dos membros do G7, viu seu folclórico e 
verborrágico primeiro ministro Silvio Berlusconi renunciar após o 
aprofundamento da crise econômica. A Inglaterra enfrenta greves 
gerais de funcionários públicos contra medidas recessivas propostas 
pelo governo.O problema é que a cura apontada por boa parte dos especialistas 
pode ser um remédio amargo demais: redução nos salários, reforma 
na previdência social, aumento de impostos, cortes de investimentos 
em áreas sociais e mais demissões. Este remédio pode matar o 
paciente ao invés de curá-lo, além do risco da crise se transformar 
em uma nova epidemia na economia global. 
 
Marcio de Paiva Delgado é graduado e Mestre em História pela UFJF e 
Doutorando em História pela UFMG 
 
http://politicarevisitada.blogspot.com/2011/12/2008-o-ano-que-nao-
terminou.html 
 
 
Crise da União Européia – Segundo semestre de 2011 
 
Berlusconi renuncia após ser vítima da crise e de seus 
demônios – novembro de 2011 
 
Durante 17 anos, Silvio Berlusconi exerceu um fascínio sobre mais 
da metade dos italianos. O terceiro homem mais rico do país foi 
quatro vezes primeiro-ministro. Presidiu o governo mais longevo da 
república italiana. 
 
 9 
Envolvido em mais de 20 processos de corrupção e até de 
prostituição de menores, não foi a Justiça a tirá-lo do poder, nem os 
italianos. Mas a crise econômica e o mercado financeiro. 
 
Segundo a revista americana Time, Berlusconi foi o homem que 
quase arruinou a União Européia. 
 
Conferência da União Européia em Bruxelas termina com 
isolamento do Reino Unido - 12/12/2011 
 
A conferência da UE realizada em Bruxelas foi dominada por um 
grande confronto que terminou com a virtual exclusão do Reino 
Unido no que diz respeito a decidir sobre os assuntos futuros da 
União Europeia. 
 
UE vai ampliar capacidade do FMI e adiantar funcionamento de 
fundo de resgate. Reino Unido rejeita regulação financeira e fica 
isolado. O novo tratado também deverá prever sanções automáticas 
aos países que não conseguirem cumprir suas metas econômicas e 
financeiras. De acordo com a proposta de França e Alemanha, a 
União Europeia não iria interferir nos orçamentos dos países 
membros, exceto em situações em que fique provado que as metas 
de deficit foram violadas pelo país. 
 
A exclusão do Reino Unido das novas estruturas e organismos 
deliberativos marca um ponto nodal na desintegração da própria 
União Européia. Sob os golpes da crise, a integração capitalista da 
Europa que começou mais de 15 anos atrás está em rápida 
decadência. 
 
 
 
Para FMI, acordo entre França e Alemanha é insuficiente 
Para Christine Lagarde, diretora-gerente do Fundo, as medidas 
adotadas pelas principais economias da zona do euro não 
conseguem resolver a crise. 
 
S&P rebaixa nota da França e mais 8 países da EU 
13 de janeiro de 2012 
 
A agência de risco Standard & Poor's (S&P) confirmou os rumores e 
anunciou oficialmente que além da França, outros oito países 
tiveram suas notas rebaixadas: Áustria, Chipre, Itália, Portugal, 
Espanha, Malta, Eslováquia e Eslovênia. 
 
Quase todos os países da zona do euro ficaram com perspectiva 
negativa, ou seja, podem sofrer novos rebaixamentos. Os únicos 
países classificados como "estáveis" foram Alemanha e Eslováquia. 
Segundo a S&P, a justificativa para o rebaixamento é que as 
medidas tomadas pelos líderes europeus são insuficientes para 
enfrentar a crise. Além disso, a agência alertou que se os países 
apenas aplicarem planos de austeridade, correm o risco sabotarem 
a recuperação econômica, porque esses planos "não abordam todo 
o espectro da turbulência financeira". 
 
Grécia pode "declarar falência" – janeiro de 2012 
Além da notícia do rebaixamento das notas, as negociações da 
dívida da Grécia também preocuparam o mercado internacional. A 
reunião entre o primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, e o 
diretor do Instituto Internacional de Finanças (IIF), Charles Dallara, 
terminoua sem um acordo sobre as condições nas quais os bancos 
privados perdoarão 50% da dívida do país. 
 
O perdão de parte da dívida grega é um dos pilares do programa de 
resgate anunciado em outubro pelo Fundo Monetário Internacional 
(FMI) e a União Européia (UE), no valor de 130 bilhões de euros. 
 
 
BRASIL: ESPAÇO E SOCIEDADE 
 
O Brasil é dividido em 3 macrorregiões econômicas 
 
 Centro-Sul - Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São 
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Mato 
Grosso do Sul e Goiás. 
 Nordeste - Bahia, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Rio Grande 
do Norte, Paraíba, Piauí e Maranhão. 
 Amazônia - Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá, Rondônia, 
Amazonas, Acre e Roraima. 
 
Cada macrorregião possui características distintas devido a vários 
fatores, como história, desenvolvimento, população, economia. A 
região Centro-Sul, de todas as macrorregiões, é a mais 
desenvolvida, não só economicamente, mas também em 
indicadores sociais (saúde, educação, renda, mortalidade infantil, 
analfabetismo entre outros). 
 
As migrações internas 
Na história das migrações internas do país, 
a maioria partiu do Nordeste. Na década de 
50 para a construção de Brasília 
(Candangos); entre 1950 e 1985 para as 
grandes cidades do Sudeste, contribuindo 
para a expansão urbano-industrial e a partir 
da década de 1970, para a Amazônia. 
 
Por outro lado, o maior fluxo migratório 
ocorrido na história do Brasil foi o da 
industrialização, que trouxe migrantes de 
várias regiões brasileiras para o eixo Rio-
São Paulo, atraídos pela grande oferta de 
emprego e a falta de condições nas regiões 
de origem dos migrantes. Segundo o IBGE, 
a mobilidade da população brasileira 
aumentou na segunda metade do século 
XX. Entre a década de 1940 e o final dos 
anos 80, aproximadamente 57 milhões de 
brasileiros mudaram de cidade ou região. 
 
Durante todo o processo de povoamento do 
Brasil, elas tiveram um papel de destaque. 
No início foram as áreas marginais da zona 
açucareira nordestina, seguidos pela pecuária no agreste e sertão 
nordestino, O passo seguinte foi o da mineração, em Minas Gerais 
que levou um grande contingente de pessoas para a região. Até 
mesmo a região amazônica também foi um forte pólo de atração 
migratória, com o ciclo da borracha, acompanhado pela expansão 
cafeeira no Sudeste. A região que menos teve migrações até este 
período foi o Sul do país, onde os imigrantes fizeram uma 
colonização diferenciada do restante do país, mas a partir de 1970, 
eles foram incentivados a trabalhar em áreas da região Norte, 
através de vantagens oferecidas pelo governo. 
 
Migração interregional — O Sudeste ainda é um dos principais 
destinos dos migrantes. Hoje em dia, o Centro-Oeste é a região que 
 10 
mais recebe gente. Sul e o Norte apresentam equilíbrio de entrada e 
saída de pessoas. O Nordeste ainda é a região de maior emigração. 
No entanto, de acordo com o último Censo do IBGE, o padrão das 
migrações internas mudou drasticamente e é notado um fluxo de 
retorno à região de origem, devido as limitações do mercado de 
trabalho, devido à crise socioeconômica da década de 80, que 
persiste até hoje, com redução no número de empregos e aumento 
no número de pessoas subempregadas. 
 
Sudeste — heterogeneidade estrutural e perspectivas 
O crescimento industrial ocorrido na fase conhecida como “milagre 
brasileiro”, a partir do final da década de 60 e durante os anos 70, 
baseou-se fundamentalmente no padrão industrial e tecnológico 
anterior, com grande ênfase em indústrias de bens intermediários, 
altamente intensivas em recursos naturais, e de bens duráveis de 
consumo. A existência de variados mecanismos de incentivos 
estaduais e regionais e uma ampla fronteira de recursos naturais, 
apoiada no avanço da infra-estrutura, propiciaram um processo de 
desconcentração para várias regiões e estados brasileiros. 
 
O crescimento agropecuário, ao contrário, se fez com grandes 
transformações estruturais e tecnológicas, especialmente com a 
incorporação produtiva dos cerrados. Assim, ao lado do grande 
crescimento da produção de4grâos nos estados do Sul do Brasilocorreu também o movimento da fronteira em sentido ao Centro-
Oeste. O movimento migratório e os serviços tenderam a 
acompanhar o crescimento industrial e agropecuário. As 
transformações estruturais em curso alterarão, seguramente, o 
sentido regional do desenvolvimento econômico brasileiro. 
 
No Brasil, quase 40% da população mora fora do município no 
qual nasceu 
As persistentes desigualdades entre as regiões do Brasil são há 
décadas motivo para migrações internas. Pelas contas do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 39,8% da população, 
cerca de 72 milhões de brasileiros, vive fora do município de origem. 
A maioria está em idade economicamente ativa, entre 18 e 39 anos. 
 
Comparando-se os dados recentes aos do Censo de 2000, verifica-
se que o volume de migrantes que circulam entre as regiões do país 
caiu de 5,2 milhões para 4,8 milhões, um decréscimo de 7%. O 
Sudeste deixou de ser o principal destino das migrações. Isso ocorre 
em razão do aumento de investimentos no Interior, principalmente 
na Região Centro-Oeste, que passou a atrair a maioria dos 
migrantes brasileiros, tendo 36,3% de população vinda de fora (veja 
a tabela abaixo). 
 
Segundo o IBGE, atualmente Mato Grosso é o estado líder em 
crescimento na participação do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, 
resultado da expansão agrícola e da indústria. Os números também 
evidenciam o avanço de migrantes em direção à Amazônia. No 
entanto, uma tendência histórica se mantém: a região que mais 
“exporta” migrantes ainda é o Nordeste. Nordestinos totalizam 33% 
da população em outras localidades do país. 
 
Mas o Nordeste também vive a “migração de retorno”. Entre 1999 e 
2004, 714 mil nordestinos regressaram à região. Os estados onde 
esse movimento é mais evidente são o Maranhão, com um aumento 
de 79%, e o Rio Grande do Norte, com crescimento de 54%. O fator 
determinante para o retorno é a desconcentração industrial em 
benefício de todas as regiões do país. 
 
Dados do Censo IBGE 2011 – Dados Preliminares 
 
Palmas é a capital com o maior crescimento populacional em 10 
anos 
Segundo o IBGE, migração justifica aumento no número de 
habitantes. São Paulo e Rio de Janeiro apresentam queda na taxa 
de crescimento. 
 
Palmas é a capital brasileira que apresentou, entre 2000 e 2010, a 
maior taxa média de crescimento anual de população, segundo 
dados do Censo Demográfico 2010. A população de Palmas foi a 
que mais cresceu entre as capitais em função do crescimento 
migratório. Como o Tocantins é um estado criado recentemente, há 
muita migração 
 
De acordo com o Censo 2010, na capital do Tocantins, a taxa de 
crescimento foi de 5,2% em dez anos. O segundo lugar, entre as 
capitais, é ocupado por Boa Vista, em Roraima (3,55%), seguido de 
Macapá, no Amapá (3,46%). Já a capital brasileira com a menor 
taxa média de crescimento anual no período foi Porto Alegre 
(0,35%), seguida por Belo Horizonte (0,59%). 
 
Cidades mais populosas 
As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, que lideram, em 2000 e 
2010, o ranking dos municípios mais populosos, vêm apresentando 
queda na taxa de crescimento, apesar do aumento populacional em 
números absolutos. 
 
Essas duas cidades continuam sendo áreas de atração, mas não 
com tanto ímpeto quanto há algumas décadas. Os movimentos 
migratórios vêm diminuindo ao longo do tempo e uma das principais 
causas para isso é a exigência de um nível de escolaridade alto no 
mercado de trabalho das grandes metrópoles. Com isso, o imigrante 
tem dificuldade de se inserir e acaba optando por municípios onde a 
mão de obra é menos qualificada. 
 
 
 
Percentual de idosos na população segue em crescimento 
Nas últimas décadas, o Brasil tem registrado redução significativa na 
participação da população com idades até 25 anos e aumento no 
número de idosos. E a diferença é mais evidente se comparadas as 
populações de até 4 anos de idade e acima dos 65 anos. De acordo 
com o IBGE, o grupo de crianças de 0 a 4 anos do sexo masculino, 
por exemplo, representava 5,7% da população total em 1991, 
enquanto o feminino representava 5,5%. Em 2000, estes 
percentuais caíram para 4,9% e 4,7%, chegando a 3,7% e 3,6% em 
2010. 
 
Enquanto isso, cresce a participação relativa da população com 65 
anos ou mais, que era de 4,8% em 1991, passando a 5,9% em 2000 
e chegando a 7,4% em 2010. A Região Norte, apesar do contínuo 
envelhecimento, ainda apresenta, segundo o IBGE uma estrutura 
bastante jovem. As regiões Sudeste e Sul são as mais envelhecidas 
do país 
 
Distribuição por sexo 
De acordo com o Censo 2010, há 96 homens para cada 100 
mulheres no Brasil. A diferença ocorre, segundo o IBGE, porque a 
taxa de mortalidade, entre homens, é superior. Mas nascem mais 
homens no país: a cada 205 nascimentos, 105 são de homens. Das 
grandes regiões, a única que foge à regra é a Região Norte, onde os 
homens são maioria. Isso se dá por conta da migração dessa 
localidade, onde há atividade de mineração para os homens. 
 
Censo 2010 contabiliza mais de 60 mil casais homossexuais 
O Brasil tem mais de 60 mil casais homossexuais, segundo dados 
preliminares do Censo Demográfico 2010. Essa foi a primeira edição 
do recenseamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE) a contabilizar a população residente com cônjuges do 
mesmo sexo. 
 
 11 
Número de moradores por domicílio cai 13,2% em 10 anos 
Em 2000, a média de moradores em domicílios particulares 
ocupados era de 3,8. Agora está em 3,3. Tendência de declínio está 
relacionada à redução da fecundidade. 
 
(IN)JUSTIÇA SOCIAL NO BRASIL 
 
Racismo, Preconceito e Intolerância no Brasil 
Discriminação - Os negros (pretos e pardos) representam 47,3% da 
população brasileira. Na camada mais pobre da população, eles são 
66%. No topo da pirâmide social, há apenas um negro para cada 
nove brancos. 
 
Raiz histórica - A discriminação racial vem da época da escravidão. 
Sua abolição, porém, não foi acompanhada de políticas para 
melhorar a condição de vida dos ex-escravos. Como resultado, 
perpetuou-se a pobreza dos negros. 
 
Condições de vida - O analfabetismo atinge 12,9% dos negros. Em 
média, eles têm dois anos de estudos a menos que os brancos. 
Apenas 16% chegam à faculdade, e só 2% se formam. Na média 
nacional, a renda dos negros equivale à metade da renda dos 
brancos. A discriminação fica patente quando, mesmo com 
formação idêntica e ocupando cargos equivalentes ao dos brancos, 
os negros recebem salários menores. 
 
Ações afirmativas - O Brasil hoje discute o uso de cotas e políticas 
afirmativas para ampliar as oportunidades aos negros. Entre as 
medidas, está a reserva de cotas nas universidades. As medidas 
são polêmicas: não é possível definir com exatidão quem é negro; 
além disso, essas medidas podem provocar mais discriminação. A 
unanimidade entre os especialistas é a necessidade de investimento 
maciço para ampliar o acesso à educação, desde o ensino básico. 
 
STJ reconhece casamento civil entre pessoas do mesmo sexo 
25 de outubro de 2011 – G1 
 
Reconhecimento na instância superior foi feito por duas mulheres do 
Rio Grande do Sul que tiveram o pedido de casamento civil negado 
no Estado. 
 
O processo partiu de duas cidadãs gaúchas que recorreram ao STJ, 
após terem o pedido de habilitação para o casamento negado na 
primeira e na segunda instância. A decisão do tribunal gaúcho 
afirmou não haver possibilidade jurídica para o pedido. No recurso 
especial, elas sustentaram não existir impedimento jurídico para o 
casamento entre pessoas do mesmo sexo. Afirmaram, também, que 
deveria ser aplicada ao caso a regra de direito privado de que é 
permitido o que não é expressamente proibido. 
 
O pedido aconteceu após Supremo Tribunal Federal (STF) ter 
reconhecido, em maio deste ano, a união estável entre pessoas 
do mesmo sexo. Em sua decisão, o STF nãodeixou clara a 
possibilidade ou não do casamento civil, o que provocou 
decisões diferentes de juízes de primeira instância pelo Brasil. 
 
 
Intolerância no Brasil - Pesquisa Fundação Perseu Abramo 
 
 
 
Governo federal faz balanço do “Bolsa Família” em 2010 
 
O programa Bolsa Família fechou 2010 atendendo 12,8 milhões de 
famílias – cerca de 50 milhões de brasileiros. Mais da metade das 
famílias está no Nordeste. 
 
Em sete anos, o orçamento do programa passou de R$ 3,4 bilhões 
para R$ 14,4 bilhões. Ele atende a famílias com renda de até R$ 
140 por pessoa, consideradas pobres, e de até R$ 70 per capita, em 
extrema pobreza. Os benefícios vão de R$ 32 a R$ 242 dependendo 
da renda e do tamanho da família. 
 
A média do benefício é de R$ 115. Para receber o dinheiro, as 
pessoas precisam cumprir algumas regras: o cartão de vacinação 
das crianças com menos de sete anos deve estar atualizado, os 
filhos são obrigados a frequentar a escola e as gestantes devem 
fazer o pré-natal. De 2008 a 2009, 400 mil famílias foram cortadas 
do programa por estarem em desacordo. 
 
A secretária Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do 
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Lúcia Modesto acredita 
que o principal legado do programa é a redução da pobreza, a 
melhora dos indicadores de educação e saúde das famílias e o 
acesso ao sistema bancário. 
 
O impacto financeiro do reajuste é de R$ 2,1 bilhões e atenderá 12,9 
milhões de famílias, cerca de 50 milhões de pessoas com renda 
mensal per capita de até R$ 140. O investimento no 
Programa Bolsa Família representa cerca de 0,4% do Produto 
Interno Bruto (PIB). 
 
Serão investidos R$ 11 milhões para Restaurantes Populares, R$ 
4,5 milhões para o Banco de Alimentos e R$ 14,6 milhões para as 
Cozinhas Comunitárias. A manutenção e gestão desses 
equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional serão 
de responsabilidades das Prefeituras ou governos estaduais. 
 
Concentração de Renda – Coeficiente Gini 
Desenvolvido pelo matemático italiano Corrado Gini, o Coeficiente 
de Gini é um parâmetro internacional usado para medir a 
desigualdade de distribuição de renda entre os países. 
 
O coeficiente varia entre 0 e 1, sendo que quanto mais próximo do 
zero menor é a desigualdade de renda num país, ou seja, melhor a 
distribuição de renda. Quanto mais próximo do um, maior a 
concentração de renda num país. O índice Gini é apresentado em 
pontos percentuais (coeficiente x 100). 
 
O Índice de Gini do Brasil o terceiro pior do mundo em 2010, o que 
demonstra que nosso país, apesar da melhora dos últimos anos, 
ainda tem uma alta concentração de renda. 
 
 
 
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) 
É uma medida comparativa usada para classificar os países pelo 
seu grau de "desenvolvimento humano" e para separar os países 
desenvolvidos (muito alto desenvolvimento humano), em 
desenvolvimento (desenvolvimento humano médio e alto) e 
subdesenvolvidos (desenvolvimento humano baixo).Todo ano, os 
países membros da ONU são classificados de acordo com essas 
medidas. O IDH também é usado por organizações locais ou 
empresas para medir o desenvolvimento de entidades subnacionais 
como estados, cidades, aldeias, etc. 
 12 
O índice foi desenvolvido em 1990 pelos economistas Amartya Sen 
e Mahbub ul Haq, e vem sendo usado desde 1993 pelo Programa 
das Nações Unidas para o Desenvolvimento no seu relatório anual. 
 
O IDH combina três dimensões: 
 Expectativa de vida ao nascer 
 Anos Médios de Estudo e Anos Esperados de 
Escolaridade 
 PIB (PPC) per capita 
 
Mudança de metodologia em 2010 do IDH-ONU 
No antigo IDH, os países eram classificados no intervalo de 0 a 1. 
Quanto mais próximo de 1, mais desenvolvido o país. Quanto mais 
próximo de zero, menos desenvolvido. A partir de 2010, dividiu-se o 
ranking de 169 países em quatro partes – os de desenvolvimento 
humano muito alto são a parcela de 25% que está no topo da tabela; 
os de alto desenvolvimento são os 25% seguintes; os de médio, 
outros 25%; e os de baixo desenvolvimento, os 25% últimos. 
 
Segundo o relatório, o IDH do Brasil apresenta "tendência de 
crescimento sustentado ao longo dos anos". Mesmo com a adoção 
da nova metodologia, o Brasil continua situado entre os países de 
alto desenvolvimento humano. 
 
Brasil ocupa 84ª posição entre 187 países no IDH 2011 
O relatório do Desenvolvimento Humano 2011, divulgado pelo 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), 
classifica o Brasil na 84ª posição entre 187 países avaliados pelo 
índice. 
 
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil em 2011 é de 
0,718 na escala que vai de 0 a 1. O índice é usado como referência 
da qualidade de vida e desenvolvimento sem se prender apenas em 
índices econômicos. 
 
No ano passado, o Brasil aparecia classificado como o 73º melhor 
IDH de 169 países, mas, segundo o Pnud, o país estaria em 85º em 
2010, se fosse usada a nova metodologia. Desta forma, pode-se 
dizer que em 2011 o país ganhou uma posição no índice em relação 
ao ano anterior, ficando em 84º lugar. 
 
Dilma sanciona lei que cria Comissão da Verdade 
18 de novembro de 2011 
 
A presidente Dilma Rousseff sancionou hoje a lei que permite aos 
cidadãos ter acesso a informações públicas e a lei que cria a 
Comissão da Verdade. Em cerimônia no Palácio do Planalto, Dilma 
destacou que essas duas leis "representam um grande avanço 
nacional e um passo decisivo na consolidação da democracia 
brasileira". "A informação torna-se aberta em todas as suas 
instâncias”. 
 
A Lei de Acesso à Informação, de autoria do Executivo e que foi 
encaminhada em maio de 2009 ao Congresso Nacional, entra em 
vigor em seis meses. Ela garante o acesso a documentos públicos 
de órgãos federais, estaduais, distritais e municipais dos três 
Poderes. 
 
Comissão da Verdade 
A Comissão da Verdade foi criada para investigar, em dois anos, 
violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988. A 
comissão será composta por sete membros, nomeados pela 
Presidência da República. 
 
 
A cracolândia não é para os ingênuos 
Marcus Guterman - 08 de janeiro de 2012 
 
É uma pena que, quando enfim o Estado resolveu aparecer na 
cracolândia, a ação esteja visceralmente contaminada por interesses 
eleitoreiros e econômicos. Essa promiscuidade obnubila o fato de 
que, sim, era necessário tomar alguma providência para acabar com 
um dos símbolos mais impressionantes da patologia da sociedade 
paulistana – que se emociona com um cachorro que apanhou de 
sua dona, mas não tem a mesma consideração por pessoas 
destituídas de sua humanidade. 
 
Hoje sabe-se que os governos estadual e municipal decidiram agir 
para acabar com a cracolândia porque o governo federal já 
planejava fazê-lo – e, claro, tudo isso está no contexto da eleição 
para a prefeitura de São Paulo. Drogas e viciados perambulando por 
aí são um tema central para eleitores normalmente conservadores 
como o paulistano. Atacar o problema, mesmo com truculência e 
precipitação, deve render votos preciosos. Ademais, um dos projetos 
mais significativos do prefeito Gilberto Kassab – e de seus 
simpatizantes do setor imobiliário – é reformar justamente a região 
onde fica a cracolândia. Visto dessa perspectiva, o problema é 
claramente de higienização social, para satisfazer eleitores e 
empreiteiros. 
 
Nada disso, porém, deveria descaracterizar a urgência do problema, 
que é de saúde pública, de segurança e de direitos – os dos viciados 
e também os das pessoas comuns que não conseguem circular por 
uma parte de sua própria cidade. A politização da ação estatal na 
cracolândia, tanto por parte dos governantes quanto por parte de 
seus críticos, não ajuda a colocar o drama em sua justa dimensão. 
 
No limite, mesmo atabalhoada, a Operação Cracolândia era 
necessária e inadiável, e seus resultados, ainda que

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