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1 ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS CURSOS DE GRADUAÇÃO TECNOLÓGICA DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS Á DISTÂNCIA RECRUTAMENTO E SELEÇÃO Márcia Cristiane de Abreu Canoas, 2009 2 SUMÁRIO 1. O Subsistema de captação de Recursos Humanos 1.1 A captação de Recursos Humanos 1.2 Competências Organizacionais 1.3 O Mercado de Trabalho 1.4 O Mercado de Recursos Humanos 1.5 A formulação da estratégia de Recursos Humanos no Recrutamento e Seleção Atividade 1 Referências Bibliográficas 2. A arte de descobrir novos Talentos 2.1 O que é Talento? 2.2 Características Pessoais 2.2 Os desafios para atrair e reter Talentos 2.3 Atração e Retenção de Talentos Atividade 2 Referências Bibliográficas 3. Gestão de Cargos e Salários 3.1. Análise e Descrição de Cargos 3.2 Descrição de Cargo 3.3 Avaliação de Cargo 3.4 Análise de Cargos por competências 3.5 Rotatividade e Absenteísmo Atividade3 Referências Bibliográficas 4. Planejamento de Pessoal 4.1 Planejamento de Recursos Humanos 4.2 Previsão de Vagas 4.3 Análise de oferta interna de talentos 4.4 Identificação e Avaliação dos talentos 4.5 Plano de Sucessão Atividade 4 Referências Bibliográficas 5. Recrutamento de Pessoal 5.1 Recrutamento 5.2 Fontes de Recrutamento 5.3 Recrutamento Interno 5.4 Instrumentos necessários 5.5 Recrutamento externo 5.6 Tipos de anúncios 5.7 Recrutamento Misto Atividade 5 Referências Bibliográficas 6. Seleção de Pessoal 6.1 Seleção 3 6.2 Etapas da Seleção 6.3 Cuidados a serem tomados no processo de seleção 6.4 Utilização de Testes 6.5 Entrevista de Seleção Atividade 6 Referências Bibliográficas 7. Seleção por Competência 7.1 O que é Seleção por Competência 7.2 Entrevista Comportamental com foco em Competências 7.3 Fatores Comportamentais 7.4 Perfil Comportamental 7.5 Os passos da Seleção com foco em Competências Atividade 7 Referências Bibliograficas 8. Comportamentos no recrutamento e seleção 8.1 Motivação do candidato 8.2 As aptidões humanas básicas 8.3 Aplicação de Dinâmicas de Grupo 8.4 Discriminação no recrutamento e seleção 8.5 Avaliação do recrutamento e seleção 8.6 Comportamento na entrevista de seleção 8.7 Perfil do selecionador Atividade 8 Referências Bibliográficas 9 ADMISSÕES E DEMISSÕES 9.1 Empresas de consultoria de recrutamento e seleção 9.2 Análise de currículo 9.3 Admissão 9.4 Integração do pessoal 9.5 Entrevista de desligamento Atividade 9 Referências Bibliográficas 10 RECRUTAMENTO E SELEÇÃO VIRTUAL 10.1 Recursos humanos virtual 10.2 Vantagens e Desvantagens do Recrutamento e Seleção On-line Atividade 10 Referências Bibliográficas Referências Bibliográficas Gabarito Leitura de Apoio Indicação de Filmes 4 APRESENTAÇÃO O cenário atual do mercado de trabalho está em uma busca constante dos melhores talentos. As organizações sentem a necessidade de buscar no mercado, profissionais altamente qualificados, a fim de aumentar e aplicar seu capital humano, garantir a sua competitividade, reduzir os seus custos, melhorar as suas operações e elevar os resultados. Afinal, são as pessoas que conduzem a organização, organizam, planejam, avaliam, realizam diagnósticos, tomam decisões, atendem os clientes, desenvolvem os produtos, usam os seus conhecimento e competências, lideram, comunicam, motivam com um número significativo de comportamentos e vontades totalmente diferentes. Tudo isso para elevar e manter as organizações a um nível de excelência acima das demais organizações. Com isso torna-se cada vez mais importante a eficiências nos processos de recrutamento e seleção, no qual as organizações estão localizando e tentando captar talentos para fazerem parte do seu quadro de funcionários. Esse processo é complexo e abrangente, pois não se trata somente de preencher uma vaga requerida. As organizações buscam atender às suas demandas atuais e futuras, aumentar suas competências diversas, aumentar o seu capital humano e, com isso, aumentar o seu valor de mercado. Está cada vez mais difícil encontrar candidatos que supram as necessidades das organizações no mercado de trabalho. Profissionais com comportamentos positivos no ambiente de trabalho, com qualificação adequada, que possuem iniciativa e criatividade, que sabem trabalhar em equipe, administrar conflitos, liderar as pessoas, que se comunicam de maneira adequada, que constroem e mantêm relacionamentos positivos, que têm comprometimento e responsabilidade com a organização e com o seu trabalho. Profissionais que buscam os seus sonhos e objetivos sem prejudicar os colegas ou a organização. Com tudo isso, o planejamento para o recrutamento e seleção deve estar atrelado às estratégias da organização na incessante busca do profissional certo, na hora e local certo. Esta obra propõe uma análise do cenário do mercado de recursos humanos, ao identificar a relevância do subsistema de recrutamento e seleção. Além disso, verificar 5 as vantagens de selecionar da melhor maneira os candidatos potenciais que poderão ser contratados pelas organizações. E elaborar e planejar as importantes etapas para efetuar o recrutamento e seleção de maneira eficaz, reduzindo, com isso, os futuros erros de contratação. 6 1 O SUBSISTEMA DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS 1.1 A CAPTAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS A globalização, o desenvolvimento tecnológico e as mudanças e transformações na sociedade e em plena era do conhecimento, faz com que as organizações dependam cada vez mais de seu capital intelectual, a excelência das organizações atualmente não se deve apenas ao avanço das tecnologias, máquinas e equipamento, mas sim às pessoas que fazem parte da empresa. O ritmo das organizações está em constante mudança, elas precisam ser rápidas e decisivas em seus processos, estratégias, mudanças de produtos e serviços e estarem sempre atentas às mudanças de seus concorrentes. Com isso, as pessoas também devem estar atentas às mudanças, serem rápidas, objetivas, dinâmicas para acompanhar este ritmo do mercado. As organizações que buscam o sucesso e querem ultrapassar as suas concorrências, com certeza, devem investir nas pessoas, agregando valor ao ser humano, integrando-os e alinhando-os aos objetivos organizacionais. Nesse aspecto, o subsistema de captação de recursos humanos é de extrema relevância, para que se torne fonte inesgotável de talentos humanos, capazes de construírem e fazerem parte da inteligência organizacional moderna. É nesse contexto que a Gestão de Recursos Humanos vem apoiar as organizações, como sendo uma área de extrema importância para o planejamento das estratégias organizacionais. Será a partir das pessoas que as organizações tomarão as suas decisões. As pessoas deixam de ser problema das organizações para ser a solução de seus problemas. Obterão vantagens competitivas as organizações que souberem lidar com elas. As pessoas devem ser capazes de trabalhar com a cabeça e participar ativa e proativamente na condução dos negócios das organizações, isso significa o capital intelectual da organização. O ativo intangível das organizações está representado pela inteligência competitiva divisor entre as organizações bem-sucedidas e aquelas que ainda pretendem ser. Esses capitais intelectuais são as pessoas que pensam, interpretam,raciocinam, tomam decisões e agem dentro das organizações. Também criam novos produtos e 7 serviços, visualizam a concorrência, melhoram os processos internos e encantam os clientes. O segredo das organizações bem-sucedidas será lidar com esses conhecimentos entre as pessoas que nela trabalham. Terão de treinar, desenvolver e avaliar esses funcionários. Nesse aspecto, a capacitação desse capital intelectual deverá estar em extrema sintonia com os objetivos organizacionais, tornando-se, assim, um importante subsistema da Gestão de Recursos Humanos. O objetivo da captação de recursos humanos será definir quem irá trabalhar na organização. As atividades envolvidas nesses processos deterão de pesquisas de mercado de Recursos Humanos, o recrutamento e seleção de pessoas. Com isso, a organização deverá definir qual o perfil de profissional desejado para trabalhar na empresa, planejar a reposição e aumento do quadro de funcionários. Esta tarefa é um desafio para a captação de recursos humanos na organização, ou seja, encontrar o perfil mais adequado às exigências organizacionais diante de tantas características, competências e habilidades diferenciadas. Outra questão importante é o planejamento de recrutamento e seleção que deverá ser aplicado com seriedade, visando a atingir os objetivos organizacionais e individuais. A Gestão de Recursos Humanos é formada por subsistemas distintos mais diretamente interligados aos objetivos da organização. Para melhor identificação do subsistema de captação de recursos humanos, que constitui o Recrutamento e Seleção dentro das organizações, foi criado o quadro abaixo para melhor visualização. Captação do Pessoal - Recrutamento - Seleção - Pesquisa do mercado de Recursos Humanos Avaliação do Pessoal - Avaliação de desempenho - Pesquisa de clima Remuneração do Pessoal - Salários - Benefícios - Incentivos Capacitação do Pessoal -Treinamento - Desenvolvimento - Educação organizacional Manutenção do Pessoal - Ambiente organizacional - Higiene e segurança no trabalho - Qualidade de vida no trabalho Informação do Pessoal - Sistema de informações - Banco de dados dos funcionários Quadro 1: Gestão de Recursos Humanos. 8 Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 135). Esses tópicos abrangem todo o sistema da Gestão de Recursos Humanos, por meio do qual as pessoas são captadas, avaliadas, remuneradas, treinadas, mantidas e monitoradas pela organização. Esses subsistemas variam conforme a organização, dependendo dos fatores externos, organizacionais, tecnológicos e humanos, de como a organização trabalha estes tópicos. Este estudo aborda o tópico de recrutamento e seleção de pessoas, em que é iniciado o processo de gestão das pessoas dentro das organizações. Nesse processo as serão identificadas as pessoas que serão treinadas, avaliadas, monitoradas e recompensadas nas organizações. O que acontece na prática é que algumas organizações privilegiam alguns subsistemas em detrimento de outros, provocando um desajuste entre eles e até perda dos efeitos globais. O ideal é que as organizações trabalhem esses subsistemas unidos de forma que um complemente o trabalho do outro. Para proporcionar e alavancar as competências do capital humano, os quais impulsionam o negócio que melhoram os processos e alcançam os resultados, a Gestão de Recursos Humanos deverá identificar a eficiência de alguns indicadores importantes para o desenvolvimento organizacional, a saber: a) desempenho organizacional; b) resultados obtidos; c) competências humanas; d) sistemas da gestão de recursos humanos. Identificando esses tópicos a Gestão de Recursos Humanos, você poderá criar e desenvolver estratégias para a adequada utilização de seus subsistemas operacionais. 1.2 COMPETÊNCIAS ORGANIZACIONAIS As estruturas organizacionais durante a Era Industrial eram apresentadas como um conjunto de recursos humanos, financeiro, material e tecnológico que visavam os objetivos organizacionais. 9 Atualmente, na Era da Informação, esse cenário das organizações sofreu mudanças significativas. As organizações hoje trabalham com a sinergia de competências, sempre pronta para agir antes que o concorrente o faça. As competências individuais, antes entendidas como recursos, agora atuam na base da organização. Os recursos são físicos, materiais e estruturas; são estáticos e as competências são ativas, se modificam, desenvolvem e são flexíveis. Por isso, questionamos o termo “recursos” quando nos referimos às pessoas. Pessoas são inteligentes, pensam, possuem vontades e desejos próprios. Evidentemente, devemos manter a utilização da nomenclatura Recursos Humanos, por ser utilizada em muitos países, livros e autores. A área de Recursos Humanos nas organizações atualmente busca pessoas não somente com características técnicas para ocupar um determinado cargo. Esse conceito tem mudado para as competências individuais como trabalho e equipe, e a visão e noção das competências organizacionais como base para competir no mercado. Com as competências organizacionais podemos visualizar os tipos de aprendizagem organizacional, pelas quais a empresa se desenvolve, ao aproveitar a vantagem competitiva sustentável, cujo tema é abordado como uma estratégia inovadora e eficiente. Situações de aprendizagem organizacional: a) reuniões – a organização apresenta três tipos principais de reuniões – a executiva, a relacionada aos programas de gestão e as reuniões de equipes; b) trabalho em equipe – a empresa organiza-se em função de trabalhos por equipe a partir de uma estrutura muito flexível. Cada pessoa possui habilidades que outras não têm; c) ser o exemplo – abertura, comunicação e transparência. Desenvolver as habilidades de relacionamento; d) desenvolver o cérebro e o coração – precisa-se desenvolver as pessoas como um todo; e) Assistência aos estudos – é um processo formalizado no qual os funcionários são encorajados a desenvolver suas carreiras através de todo o tipo de estudo; f) Conferências e cursos – as empresas incentivam a participação em conferências e cursos externos e seminários oferecendo o pagamento de todas as despesas; 10 g) Missão – verificar se as missões setoriais estão compatíveis com a missão da empresa; h) Responsabilidades – checar as responsabilidades de cada unidade ou grupos de funções. Desenvolvendo essas competências a organização estará em amplo desenvolvimento. É como se a organização crescesse junto com seus colaboradores. O desdobramento das competências funcionais você poderá visualizar na figura a seguir, que são as competências essenciais para o sucesso da organização. Competências Organizacionais - Participação no mercado - Diferencial competitivo - Imagem no mercado - Preferência dos clientes Competências Funcionais - Marketing - Finanças - Produção - Recursos Humanos Competências Gerenciais - Comunicação - Liderança - Motivação - Empreendedor - Visão sistêmica - Proatividade Competências Individuais - Conhecimentos - Espírito de Equipe - Relacionamento Interpessoal - Flexibilidade - Agregar Valor - Busca de Qualificação Constante Quadro 2: Competências organizacionais. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 213). O conjunto destas competências ajuda a garantir a competitividade, liderança e valor no mercado e a imagem da organização. Elas são distintas e separadas em cada área de atuação da organização. Essa construção, desenvolvimento e aplicação das competências organizacionais impõe a necessidade de a Gestão de Recursos Humanos garantir a sinergia de todos os 11 seus subsistemas em busca de resultados positivos dentro das competênciasorganizacionais. Quadro 3: Busca de resultados e sinergia. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 245). Mais uma vez, esta busca de sinergia e a construção das competências organizacionais passarão pelo subsistema de captação e retenção de talentos, unindo as características e competências individuais com as competências organizacionais. Uma competência resulta da mobilização, por parte do indivíduo, de uma combinação de recursos e insumos. E a pessoa expressa a competência quando gera um resultado no trabalho, decorrente da aplicação conjunta de conhecimentos, habilidades e atitudes, os três recursos ou dimensões da competência. Vejamos o exemplo: Numa empresa de prestação de serviços, será exigido dos funcionários maior comprometimento quanto ao “atendimento, cortesia e reciprocidade para o cliente”. Para que possa prestar um atendimento excelente e gerar um resultado positivo, o funcionário deverá possuir competências referentes às características da empresa, como: conhecimentos sobre os serviços da organização, rotinas e processos de trabalho, habilidade para se comunicar de forma clara e argumentar com o cliente, Gestão de Recursos Humanos Busca da sinergia entre as organizações e as pessoas Os subsistemas de Recursos Humanos Competências Organizacionais Resultados positivos 12 assim como predisposição (atitude) positiva diante do cliente, manifestando receptividade e cortesia. Sem algum desses elementos, o comportamento não poderia ser expresso pelo atendente. Ao manifestar esse comportamento no trabalho, por sua vez, o atendente teria como consequência realizações ou resultados, como, por exemplo, a conquista de novos clientes ou elevação do percentual de clientes muito satisfeitos com os serviços da organização. 1.3 O MERCADO DE TRABALHO O mercado de trabalho significa toda a oferta de trabalho oferecida pelas organizações e a demanda para preencher esta oferta em determinado lugar e tempo. São as oportunidades de empregos. Quanto maior o número de organizações em uma determinada região maior será a oferta para trabalho. O mercado de trabalho é segmentado por categorias ou atividades como (bancos é do mercado financeiro, metalúrgicas gera produção), ou por tamanho das organizações (grandes, médias, pequenas e microempresas). Cada um desses segmentos possui as suas características de atuação no mercado em que consiste. Esta lei de oferta e da procura age como se de um lado houvesse disponibilidade de empregos e de outro a demanda por procura de empregos. O subsistema de Recursos Humanos de captação depara-se com estas três situações de mercado: • oferta de emprego menor que a procura por empregos: resulta em mais pessoas desempregadas; • oferta de empregos em equilíbrio com a procura por empregos: resulta em igualdade no mercado de trabalho; • oferta de empregos maior que a procura por empregos: resulta em falta de preenchimento de vagas requeridas. O ambiente organizacional é visto por meio do mercado de trabalho, focalizando as organizações e o grau de competição entre elas. As situações de oferta e procura por empregos provoca comportamentos diferenciados nas organizações, podemos citar: Oferta Procura Aumento de quantidades de vagas Pouca quantidade de ofertas de vagas 13 Competição entre as organizações pelos melhores candidatos Falta de competição entre as organizações Investimento em recrutamento Baixo investimento em recrutamento Diminuição do nível de exigência pelo processo seletivo Aumento de exigências nos processos seletivos Maior investimento em treinamento Diminuição no investimento em treinamento Aumento do recrutamento interno Aumento de recrutamento externo Retenção de capital Humano Melhoria do capital humano Orientação para a Qualidade de Vida das pessoas Orientação para a excelência no trabalho Investimentos em benefícios Congelamento dos investimentos em benefícios Quadro 4: Comportamento das organizações. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 261). As novas tendências para o mercado de trabalho são: a) redução no nível de emprego industrial; b) sofisticação do emprego; c) o conhecimento com atributo de maior importância; d) crescente globalização. O mercado de trabalho deve ser visto sob o ponto de vista de futuros candidatos, construindo o mercado de Recursos Humanos. 1.4 O MERCADO DE RECURSOS HUMANOS Entende-se por mercado de recursos humanos um segmento de pessoas aptas para trabalhar em um determinado local, ou que já estão trabalhando ou desempregadas aptas para o trabalho. São futuros candidatos a determinadas oportunidades de emprego. Este campo é vasto e complexo, o mercado de recursos humanos pode estar segmentado por grau de especialização (técnicos, médicos, engenheiros, diretores, etc.) e o segmento de operários não qualificados, sem experiência e sem instrução, denominamos, em geral, mão-de-obra. Mediante a oferta e a procura de emprego as pessoas costumam se comportar de acordo com o quadro a seguir: 14 Oferta Procura Aumento de candidatos Insuficiente número de candidatos Competição entre candidatos Falta de competição entre candidatos Pretensões salariais baixas Aumento da pretensão salarial Dificuldade de conseguir emprego Facilidade de conseguir emprego Medo de perder o emprego Vontade de sair do emprego Maior fidelidade na organização Menor fidelidade na organização Menos absenteísmo Maior absenteísmo Aceitação de qualquer oportunidade Seleção de oportunidades Orientação para a sobrevivência Desenvolvimento de carreira Quadro 5: Comportamento das pessoas. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 237). O mercado de recursos humanos e o mercado de trabalho caminham juntos enquanto um está na procura o outro está na oferta e vice-versa. Há um contínuo intercâmbio entre eles: a saída de uma e a chegada do outro. A captação de recursos humanos tenta minimizar este cenário no ambiente de trabalho, trazendo para as organizações talentos preparados que possuam as características e competências em que a organização sinta a necessidade de ser preenchida. 1.5 A FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE RECURSOS HUMANOS NO RECRUTAMENTO E SELEÇÃO As atividades de recrutamento e seleção ganham uma conotação estratégica quando todas as práticas exercidas para esse fim estão em sintonia com os objetivos organizacionais traçados pela organização. Isso implica, de fato, agregar pessoas para a organização que mais possam gerar os resultados desejados pela mesma, e não simplesmente contratar pessoas para ocuparem uma determinada vaga ou um cargo. Para isso, os requisitos relacionados à formação cultural, social, educacional e profissional dos candidatos tornam-se fundamentais, a fim de verificar o quanto esses se aproximam ou não do quadro de valores e expectativas da empresa. É importante ressaltar que existem diferentes níveis de atuação profissional, quando se toma como referência as estratégias de uma organização, isso significa, que 15 o grau de exigência quanto aos requisitos necessários para a contratação de profissionais modifica-se. Lembramos que as atividades desenvolvidas em uma organização podem ser classificadas em três níveis: o operacional (onde o trabalhador executa atividades programadas com foco em resultados em curto prazo); o tático (que define quais as melhores práticas a serem executadas na organização tendo foco em resultados no médio e no longo prazo) e o nível estratégico (que toma decisões sobre o destino da organização com foco em resultados no longo prazo). Operacional - Programação de recursos e execução; Tático - Alocação de demanda e nivelamento de recursos; Estratégico - Investimento de capital e decisões de infraestrutura. Quadro 7: Horizontes de planejamento. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 327). Analisando o quadro podemos verificar que a captação de recursos humanos terá como desafio a busca por profissionais para a área operacional, que executam tarefas e otimizam o processo. O pessoal da estratégia tática, que lidera e adapta os recursos às pessoas e o nível estratégico, que são pessoas que farão parte de todo o planejamento e tomadas de decisão da organização. Atualmente, com a economia mundial desestabilizada, o mercado de Recursos Humanos modificou. Garantimos que as organizações estão em busca de profissionais que sabem manter-se em equilíbrio mediante a crise e conflitos existentes, valorizando a capacidade de análise e visão estratégica. A economia mundial interfere diretamente no perfil dos profissionais que são recrutados pelas organizações. 16 Atividade 1 Classifique em verdadeiras (V) ou falsas (F) as alternativas a seguir: ( ) A excelência das organizações atualmente é somente o avanço das tecnologias, máquinas e equipamentos e não pessoas que nela estão inseridas. ( ) As organizações que buscam o sucesso e querem ultrapassar as suas concorrências, com certeza deverão investir nas pessoas, agregando valor ao ser humano, integrando-os e alinhando-os aos objetivos organizacionais. ( ) Capitais intelectuais são as pessoas que pensam, interpretam, raciocinam, tomam decisões e agem dentro das organizações. ( ) O planejamento de Recrutamento e Seleção visa a atingir somente os objetivos organizacionais e individuais. ( ) O objetivo da captação de Recursos Humanos será definir quem irá trabalhar na organização. ( ) O ideal é que as organizações trabalhem esses subsistemas unidos de forma que um complemente o trabalho do outro. ( ) O Marketing faz parte de um subsistema do Recursos Humanos. ( ) Os recursos são físicos, materiais, estruturas, são estáticos, e as competências são ativas, se modificam, desenvolvem e são flexíveis. ( ) O subsistema de captação e retenção de talentos deverá unir as características e competências individuais com as competências organizacionais. ( ) O subsistema de captação de recursos humanos tem como objetivo somente contratar pessoas para assumirem cargos nas empresas. Referências Bibliográficas CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas. São Paulo: Campus, 2000. CHIAVENATO, Idalberto. Recursos humanos: o capital humano das organizações. São Paulo: Atlas, 2005. 17 CHIAVENATO, I. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. 7. ed. São Paulo: Manole, 2009. PONTES, Benedito Rodrigues. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2004. 2 A ARTE DE DESCOBRIR NOVOS TALENTOS 2.1 O QUE É TALENTO? As habilidades que os seres humanos possuem é o que chamamos de talento. Em cada pessoa encontramos um tipo diferenciado de talento, como, por exemplo, a música, culinária, ensinar, vender, liderar, etc. O conceito de talento como habilidades humanas tem sua origem em uma escritura bíblica, no Capítulo 25 de Mateus, na qual Jesus Cristo contou uma parábola aos seus discípulos, registrada na Bíblia. Segundo a parábola, algumas pessoas receberam valores diferentes de seu senhor, e sem que soubessem que isso iria acontecer, foram chamadas a prestar contas algum tempo depois. As que receberam quantidades maiores de talentos trabalharam com eles, gerando lucro. A que recebeu apenas um talento, com medo do rigor de seu senhor, preferiu enterrá-lo para entregar tal e qual lhe foi confiado, sendo severamente repreendida no dia da prestação de contas. Segundo a parábola, mesmo os que recebem poucos talentos têm o dever de fazê-los prosperar e produzir outros. Hoje utilizamos o termo talento para identificar as habilidades inatas das pessoas, ou capacidade natural para realizar determinadas tarefas. Também podemos expressar este termo como sendo uma habilidade extraordinária que algumas pessoas têm para realizar suas tarefas diárias, ao ponto de serem reconhecidos e estimulados por seus méritos. Atualmente, podemos acreditar que mesmo as habilidades consideradas inatas podem ser desenvolvidas, a pessoa deverá apresentar motivação, receber e aplicar técnicas apropriadas. Desde que a pessoa tenha vontade e utilize as técnicas poderá aprender, como por exemplo, tocar algum instrumento musical. 18 Desde o início de nosso texto, falamos sobre a importância de captar novos e melhores talentos para as organizações. Toda a organização tem conhecimento de que possui talentos, só que há divergências nas percepções e conceitos no que se refere a talento. Assim, apresentamos algumas definições: “Talento é uma pessoa que tem um dom natural de fazer bem a sua tarefa” (Alberto Ferreira, Vice-Presidente da TELESP Celular); Talento sempre tem iniciativa, criatividade e grande senso de negociação e está sempre disposto a abraçar novas oportunidades (Ernesto Ferreira, Diretor de Recursos Humanos da Bunge Alimentos); Talentos são pessoas empreendedoras, com iniciativa, inovação e criatividade. Sempre excedem na apresentação dos resultados (Joaquim Correo, Diretor de Recursos Humanos da Embratel); Talento são pessoas que possuem um dom natural, ou objeto de muito treinamento e dedicação que fazem a diferença nas organizações, criando, inovando, estimulando, fazendo acontecer (quem disse isso?). Esses profissionais possuem uma visão diferenciada, individual e original. Destacando-se entre dez a vinte por cento de pessoas em uma organização. Dessa forma, as organizações encontram as dificuldades de atrair profissionais com estas características. 2.2 CARACTERÍSTICAS PESSOAIS As organizações que desejam obter sucesso e aumentar a sua competitividade deverão saber lidar com as diferenças individuais, entre gerentes, supervisores e colaboradores. As organizações identificam essas diferenças no comportamento das pessoas no ambiente de trabalho como sendo resultado do pensamento interno e individual. As características das organizações e as características individuais é que irão determinar o comportamento humano nas organizações. Estes princípios podem ser vistos a seguir: a) as pessoas diferem em suas capacidades: toda a pessoa possui um talento, basta descobri-lo, mas nada a impede de treinar e desenvolver outras habilidades, vai depender de sua força de vontade; b) variedade de necessidades: as pessoas possuem diferentes desejos e sonhos, e tentam satisfazê-los. Assim, as pessoas são motivadas por diferentes necessidades; 19 c) escolha do comportamento para o futuro: algumas pessoas pensam em recompensa e reconhecimento e irão se comportar de acordo com as suas necessidades; d) percepção do ambiente: as pessoas comportam-se de acordo com as percepções da realidade. Elas irão trabalhar conforme o ambiente em que estiverem inseridas para conseguirem alcançar seus objetivos; d) reação afetiva: as pessoas avaliam o que gostam e o que não gostam no ambiente de trabalho, assim como salário, tarefas, benefícios, relações pessoais, segurança, líderes, etc. Tudo isso irá interferir na satisfação pelo trabalho; e) fatores dos comportamentos e atitudes: as organizações interferem diretamente no comportamento e atitude das pessoas, como tentar modificá-los e restringindo-os em detrimento dos seus objetivos. Com isso podemos identificar no próximo quadro os diferentes comportamentos entre as pessoas e organizações. Quadro 8: Comportamento pessoal e organizacional Quadro 8: Comportamento pessoal e organizacional. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 278).As diferenças entre profissionais que possuem e desenvolvem talentos e comportamentos pró-ativos, com vontade, determinação e criatividade são atribuídas Comportamento Pessoal nas Organizações Características das Organizações - Funções - Cultura - Hierarquias - Missão - Visão - Controle - Recompensa Características Pessoais - Personalidade - Motivação - Competências - Habilidades - Atitudes 20 pelas suas atitudes e habilidades. Algumas pessoas desenvolvem atitudes positivas no ambiente de trabalho, ocasionando o seu desenvolvimento. Outras possuem atitudes negativas, que podem até ser causadoras de demissão de profissionais nas organizações. Veja no quadro seguinte as diferença entre atitudes e habilidades: Atitudes Habilidades • Prestativo na execução das tarefas • Possui naturalmente, sem treinamento • São comparadas entre outras • Diagnóstico futuro do candidato ao cargo • Pode se transformar em habilidades por treinamento • Aperfeiçoamento de trabalho • Encaminhamento futuro a um cargo • Variável no comportamento • Aquisição para realizar determinada tarefa • Necessita de treinamento • É demonstrado no trabalho realizado • Diagnóstico presente do candidato • É gerado resultado após treinamento • É a atual disposição para o trabalho • Contratação imediata para um cargo • Realidade do comportamento Quadro 9: Diferença entre atitudes e habilidades. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 356). São extremamente relevantes as diferenças individuais, seria muito fácil para as organizações e para os cargos de liderança se todas as pessoas pensassem e agissem da mesma maneira. As organizações que souberem trabalhar com essas diferenças certamente conseguirão atingir os seus resultados esperados. Para isso, as organizações devem evitar duas premissas: a primeira é acreditar que todas as pessoas são iguais e irão trabalhar de acordo como elas querem. A segunda questão seriam os preconceitos existentes dentro das organizações como em relação ao sexo e raças diferentes. Os líderes devem estar atentos para essas diferenças se quiserem alcançar os seus objetivos e os da organização. Há vários aspectos que diferem uma pessoa da outra. Entre eles aptidões e personalidade. Encontramos aptidões físicas e cognitivas. As aptidões físicas são constituídas pela força muscular, resistência cardiovascular e flexibilidade nos movimentos. Na seleção, devem ser aplicados testes que identificarão essas aptidões para o preenchimento de um cargo que requer tais características. 21 As aptidões cognitivas diferenciam as pessoas por suas características e capacidades mentais e intelectuais. Elas estão divididas em: comunicação verbal, habilidades em resultados quantitativos, captação do raciocínio e disposição espacial. O ideal seria se todas as pessoas conseguissem colocar em prática toda a sua capacidade física ou cognitiva. A personalidade das pessoas está relacionada com o que as pessoas são na verdade. Toda a organização espera que as pessoas tenham condições de efetuar tarefas e também terem atitudes e comportamentos positivos no ambiente de trabalho. São as pessoas que irão tratar com os clientes e fornecedores. É na contratação do pessoal que irá trabalhar com essas pessoas que as organizações deverão tomar precauções, por estarem na linha de frente e criarem vantagens competitivas. A personalidade é definida pelo comportamento diferenciado em determinadas situações. Cada pessoa poderá reagir de forma diferenciada diante de situações diversas. Podemos verificar a personalidade mediante alguns traços como, agressividade, sociabilidade, honestidade, confiabilidade, etc. As organizações utilizam vários testes para mensurar e selecionar futuros candidatos, identificando características humanas que serão aplicadas ao cargo. As organizações estão em busca de competências estratégicas, que as diferenciem das outras organizações melhorando perante a concorrência. A competência essencial será um conhecimento, técnica ou tecnologia que a diferenciará dos concorrentes. O importante é a sinergia entre as competências essenciais, elas serão decorrentes do conhecimento e da aprendizagem coletiva na organização. Para melhor entendimento, diferenciamos os valores das competências essenciais das organizações: a) crescimento da organização: toda a competência deverá sustentar e inovar produtos e serviços na organização; b) agregar valor: a competência irá proporcionar um valor percebido pelos clientes; c) diferencial entre os concorrentes: a competência deve diferenciar a organização da concorrência, sendo esse diferencial percebido pelo mercado. A organização deverá identificar e descrever as suas competências, para obter vantagens perante as concorrentes. O diferencial competitivo são todos os fatores que diferem uma organização da outra, seus produtos e serviços, ampliando o mercado. 22 Trata-se de definir as competências organizacionais, as competências grupais e as pessoais. Definidas essas competências, a organização deverá ter duas escolhas, contratar pessoas que possuam tais competências que interagem com as competências organizacionais ou treinar as pessoas que nela estão para desenvolver tais competências. A organização deverá alinhar as competências individuais com as competências organizacionais. Deverá realizar o recrutamento e seleção e os treinamentos proporcionando experiências e situações que focalizem diretamente as competências específicas de que necessitam. O maior desafio das organizações é a elaboração e identificação de suas competências alinhando-as às competências individuais. Essas competências só terão valor para organização se as pessoas as utilizarem para o desenvolvimento de seu trabalho. As competências individuais dependem das habilidades e conhecimento de cada pessoa. O conhecimento que depende do saber e do aprender desenvolvendo novas habilidades. A capacidade de realizar tarefas será atribuída às habilidades, que é o fazer ou aplicar o que conhecemos. As habilidades envolvem todo o conhecimento teórico, as práticas e as atitudes pessoais. Em decorrência das habilidades e do conhecimento encontramos as competências individuais. Os gerentes das organizações deverão estimular e desenvolver competências que fazem parte das estratégias organizacionais. As organizações devem encorajar as pessoas para alavancar os seus conhecimentos e habilidades para construção, criando uma cultura de desenvolvimento e aprendizagem organizacional com as seguintes ações: a) elaborar treinamentos para incentivar o aprendizado; b) substituir pessoas que não aprendem; c) admitir pessoas com capacidade de aprendizado; d) proporcionar rodízios de atividades; e) ensinar as pessoas a executar tarefas diferenciadas; f) selecionar candidatos com experiências e potencial de aprendizado. O papel das pessoas nas organizações está mudando. Vejamos no quadro a seguir exemplos de competências que devem ser encontradas e desenvolvidas nas organizações: 23 Liderança Saber influenciar as pessoas positivamente Relacionamento Desenvolver um bom relacionamento interpessoal Visão estratégica Compreender a estratégia e cultura da organização Solução de problemas Saber e ajudar as pessoas a detectar e solucionar os problemas Habilidades tecnológicas Saber e aplicar a tecnologia Compreensão do negócio Ter uma visão de todas as funções da organização Negociação Saber planejar e avaliar o trabalho das pessoas na organização Gestão de conflitos Saber lidar com as diferentes pessoas e com o estresse que é resultado das mudanças Quadro 10: Competências pessoais e desempenho organizacional.Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 386). A gestão por competência é um conjunto de programas desenvolvidos para definir profissionais que demonstram agregar valor ao negócio da organização. Essas novas competências no ambiente de trabalho são: a) comunicação e colaboração: as pessoas devem possuir habilidades para comunicar-se e desenvolver a colaboração no trabalho com os colegas; b) aprender a aprender: as pessoas devem ter condições de aprender continuamente; c) autogerenciamento: as pessoas precisam possuir e assegurar o desenvolvimento de sua carreira; d) conhecimento global: as pessoas devem ter visão de todo o cenário em que a sua organização está inserida; e) conhecimento tecnológico: atualmente, as pessoas necessitam conhecer a tecnologia e as melhorias que trazem para o processo de trabalho; f) resolução de problemas: as pessoas deverão analisar as situações e pensar criativamente para resolver os problemas; g) desenvolvimento de liderança: as pessoas devem desenvolver o seu espírito empreendedor e de liderança. Ao contrário da padronização do comportamento das pessoas, as organizações atualmente investem nos benefícios da diversidade. O mercado de trabalho exige diferenças entre os profissionais do passado e os profissionais do presente. Exigências passadas Exigências futuras 24 - Preocupa-se com o horário rígido de trabalho - Preocupa-se com as metas e resultados - Ordens de chefias - Orientação dos líderes - Segue normas e procedimentos padronizados - Serve os clientes externo e interno da melhor maneira - Não assume mais que as suas responsabilidades - Desenvolve a melhoria contínua do seu trabalho e produto - Individualista em suas tarefas - Cria e inova os procedimentos de trabalho - Não assume novas responsabilidades, mantendo a rotina - Assume novas responsabilidades, comprometendo-se Quadro 11: Diferenças entre as exigências profissionais. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 256). A diversidade entre as pessoas dentro das organizações possibilita um clima de trabalho que estimula o crescimento pessoal, contribui para que as organizações sejam um agente de modificações sociais, obtenção de fidelidade dos funcionários, maior empenho, iniciativa e responsabilidade, maior probabilidade de criações inovadoras para solução de problemas e contribui para a criação de uma postura ética, que luta contra as discriminações interna e externa. 2.3 OS DESAFIOS PARA ATRAIR E RETER TALENTOS O que ocorre nos dias de hoje é uma transformação na economia do mundo todo, crescimento tecnológico e avanço na globalização. Estamos passando por momentos históricos em que a mudança de paradigmas na produção e serviços está sofrendo mudanças contínuas. O progresso central de toda esta mudança na economia, na tecnologia e na sociedade é que as pessoas e as organizações podem comunicar-se a todo o momento em tempo real, em todo o mundo, por meio da tecnologia avançada. Com isso, a concorrência aumenta e exige das organizações maior dedicação e trabalho. Nesse cenário, a tecnologia veio para facilitar os processos competitivos nas organizações. Mas são nas pessoas que todo este processo inicia, as máquinas trabalham mais não pensam, não inovam e não criam. Todas as organizações necessitam de talentos para se manterem neste novo cenário econômico, a busca constante por brilhantes profissionais, gente que faça a diferença nas organizações ameaçando a concorrência. Não importando qual o segmento da organização, se quiser prosperar, precisará das melhores pessoas. 25 Com toda certeza, não é nada fácil atrair as pessoas certas para trabalharem nas organizações. Todas essas mudanças requerem diminuição de erros na contratação do pessoal, pois as organizações são ágeis e necessitam que esse processo também o seja. A seleção e contratação de pessoas erradas nas organizações elevam os custos e prejuízos. Por isso devemos planejar a execução do recrutamento e seleção, bem como aplicar técnicas e metodologias de contratação de pessoal que serão fundamentais para a contratação correta. As organizações reclamam da ausência de comprometimento de candidatos que não comparecem na hora da seleção. Essa ação faz as organizações pensarem no desinteresse e na falta de vontade de trabalhar dos candidatos. Tal atitude dos candidatos pode ocorrer devido a fatores como: a participação em outras seleções, a frustração com as funções, ou mesmo o atendimento por parte das organizações. Quanto menor o nível de capacitação exigido pela vaga, maior a chance de isso acontecer. Os candidatos se decepcionam quando descobrem que a função não é a imaginada por eles. É nesse contexto que os profissionais de Recursos Humanos devem estar cada vez mais comprometidos com a estratégia do negócio, adequando o uso de metodologias na contratação de pessoas que poderão agregar valor à organização. 2.4 ATRAÇÃO E RETENÇÃO DE TALENTOS Além de modernos programas de gestão de pessoas, o que é fundamental para atrair e reter talentos é que as organizações mantenham um clima favorável de trabalho, conheçam e reconheçam as pessoas que fazem a diferença. É muito importante o fator de retenção, por isso as empresas devem fornecer oportunidades de aprendizado para utilizar novas competências no ambiente de trabalho. Os talentos apreciam receber novas responsabilidades e sabem que esse é o melhor caminho para crescer na carreira. O feedback, como forma de avaliação e orientação dada por líderes experientes, é de extrema relevância para os novos talentos. Os profissionais de melhor desempenho são os que mais gostam e o que menos recebem feedback, pois eles planejam a carreira por isso querem estar sempre aprimorando suas habilidades. Se a organização não lhes dá um retorno sobre seu desempenho pode passar a impressão de que a organização não lhes dá o devido valor. 26 Alguns profissionais de talento não deixam as organizações, deixam seus líderes. A perda por esses profissionais se dá pela freqüência de conflitos com os cargos de liderança. Outro item básico como fator de retenção de talentos são as remunerações competitivas no mercado de trabalho. Seguem algumas maneiras que podem ser utilizadas para atrair e manter talentos: a) processo seletivo excelente; b) avaliação de desempenho; c) perfil do cargo e das pessoas adequados; d) treinamento contínuo; e) equipes integradas; f) participação de todos; g) desenvolvimento do conhecimento; h) remuneração adequada; i) participação nas decisões e resultados; j) líderes eficazes; l) oportunidade de crescimento; m) motivação no trabalho; n) segurança e qualidade de vida no trabalho. Outra estratégia de desenvolvimento e retenção de talentos é o benchmark de profissionais. O benchmark é uma expressão utilizada nas organizações para definir estratégias de comparação com outras organizações, produtos ou serviços de sucesso. São técnicas para conhecer quem faz melhor um produto ou serviço, aprendendo com suas estratégias o seu sucesso e erro. O importante é tirar proveito de lições que os negócios nos propiciam, estarmos abertos para reconhecer que o trabalho do concorrente é melhor e, a partir disso, tentar melhorar, criar e aprimorar as nossas estratégias. Até então a técnica de benchmark tem sido utilizada para produtos e serviços, mas agora pode ser utilizada em pessoas também. Isso é simples. Imagine uma pessoa de sucesso, que você admira, que mantém um bom relacionamento com todas as pessoas. Você se pergunta: “Como ela consegue?” Basta verificar e você verá que ela possui algumas dessas características de interação também, mas é preciso estar atento e saber utilizá-las corretamente. O benchmark está nos ajudando nesse sentido.27 Outra forma de aplicar esta técnica é fazer uma lista de competências que você admira em outros profissionais de sucesso. Como, por exemplo, facilidade de comunicação e negociação, gerenciamento de carreira, superação de limites, autocontrole, visão sistêmica, humildade, carisma, etc. Faça uma autoanálise e compare com as suas competências e características pessoais, avalie-se constantemente para buscar o seu melhor desenvolvimento. O equilíbrio interno é fundamental para iniciar este trabalho, afinal você não mudará as suas características e personalidade tentando ser alguém que não é, mas sim profissional de talento exigido e valorizado pelas organizações. O benchmark de profissionais tem como objetivo o desenvolvimento pessoal e aprendizagem utilizando esses ensinamentos para o seu benefício. As organizações devem estimular esta técnica com seus funcionários. Não como um meio de comparação entre eles, mas para aumentar as competências e habilidades dos funcionários para, com isso, ter mais uma oportunidade de elevar o seu valor no mercado e atingir seus resultados esperados. 28 Atividade 2 1) Reflita sobre as questões a seguir e responda com as suas palavras: a) O que é talento? b) Por que as organizações estão em constante busca de talentos? c) Descreva as novas competências exigidas pelas organizações. d) Comente a importância das diferenças individuais nas organizações. e) Cite as ações que as organizações devem fornecer para que as pessoas possam alavancar os seus conhecimentos e habilidades desenvolvendo a aprendizagem organizacional. f) Como a organização poderá atrair e reter talentos? Referências Bibliográficas CHIAVENATO, I. Comportamento organizacional, a dinâmica do sucesso das organizações. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. PONTES. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2004. ZERO HORA. Talento valorizado na turbulência. Zero Hora, Caderno de Empregos, 08/03/2009. 29 3 GESTÃO DE CARGOS E SALÁRIOS 3.1 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS Ao planejarmos um plano de cargos e salários, devemos identificar a realidade da organização. Muitas vezes, esta diferença ocorre entre o plano e a realidade da organização. Alguns cargos podem apresentar diferença com o mercado de trabalho, com valores abaixo ou acima do previsto. Isso pode acontecer devido à má descrição e avaliação dos cargos pela organização. Nesse caso, devemos verificar se as pessoas estão desenvolvendo as suas funções de acordo com a descrição do cargo ou se estão realizando tarefas que não estão descritas. Outro fator que não poderá ser esquecido é a viabilidade financeira da organização para corrigir esses salários de acordo com o que for estabelecido. A análise de cargos é um instrumento básico para vários programas da administração de Recursos Humanos: administração de cargos e salários, plano de carreiras, avaliação de desempenho, treinamento, recrutamento e seleção, entre outros. É essencial na atividade de recrutamento e seleção de pessoal. (PONTES, 2004, p. 51) A seguir, alguns termos fundamentais para análise de cargos e salários: a) função: é o conjunto de tarefas atribuídas para cada pessoa na organização; b) cargo: são as funções agrupadas por tarefas que serão executadas exigidas pelas pessoas; c) tarefa: é a atividade que a pessoa executará em um determinado cargo; 30 d) análise de cargo: é uma pesquisa das informações referente às tarefas que determinado cargo realizará. Desse estudo será descrito o cargo; e) descrição de cargo: é a organização da descrição das tarefas; f) especificação de cargo: é a descrição do cargo definindo suas responsabilidades e requisitos; g) grupo ocupacional: são os cargos agregados que se assemelham ao trabalho executado, como o quadro a seguir exemplifica: Grupo ocupacional gerencial São os diretores, gerentes, chefias Grupo ocupacional de profissionais São cargos de administradores, engenheiros, advogados, etc. Grupo ocupacional de técnicos São cargos como desenhista, inspetor, supervisor, etc. Grupo ocupacional administrativo São cargos de recepcionista, auxiliares, analistas Grupo ocupacional operacional São operadores, mecânicos, supervisores operacionais Quadro 12: Grupos ocupacionais. Fonte: CHIAVENATO (2005, p. 421). Este estudo das atribuições e responsabilidade é a análise do cargo. Desta análise são obtidas as descrições e especificações dos cargos. Os detalhes da descrição de cargo permitirão a compreensão de como e por que é feita cada tarefa. As condições exigidas das pessoas são contempladas pela especificação do cargo com relação ao nível de escolaridade, experiências, iniciativa e habilidades. Certos fatores serão atribuídos para alguns cargos e outros não, esses fatores são divididos pelo grupo em que cada cargo ocupa. Com base na análise de cargos, foi traçado o perfil dos candidatos a serem procurados. Grupos Ocupacionais ÁREAS/FATORES O pe ra ci on al Ad m in is tra tiv o Té cn ic o de n ív el m éd io Pr of is si on al de n ív el su pe rio r G er en ci al Conhecimento/Instrução X X X X X Especialização X X X X Experiência X X X X X Complexidade das tarefas X X X X x Mental Iniciativa x x x Física Esforço físico X 31 Posições assumidas X Habilidade manual X Concentração mental/visual X X X x Monotonia x x x Por material ou produto X X Por ferramentas ou equipamentos X X X Por erros X X X X X Por valores (dinheiro, títulos e documentos) X X X X Por contratos x X X Por segurança de outros x x X X Por subordinados X Responsabilidade Por decisões x x Quadro 13: Análise de cargos por grupos operacionais. Fonte: PONTES (2004, p. 53). A responsabilidade para a análise de cargos é atribuída para o setor de Recursos Humanos, o que exige desses profissionais um alto grau de capacidade analítica e habilidade de redação. Este trabalho deverá ser executado em parceria com gerentes e funcionários com o objetivo de buscar as informações sobre os cargos. Há diversas maneiras para obtermos essas informações: a) entrevista: perguntas sobre o cargo feitas a funcionários e gerentes; b) questionários: elaboração de questionários que deverão ser respondidos pelos funcionários e gerentes de acordo com o cargo; c) observação: registros diários – registros das atividades e tarefas diárias realizadas pelos funcionários. Diversas metodologias de análise de cargo são usadas para reunir dados, cada uma com vantagens e desvantagens específicas. Os quatro métodos são: a) análise funcional de cargos: abordagem quantitativa da análise de cargo que utiliza um inventário compilado das várias funções ou atividades de trabalho que possam compor qualquer cargo e que supõe que cada cargo envolve três amplas funções do funcionário: (1) dados; (2) pessoas; (3) tarefas; b) questionário de análise de posição: questionário que abrange tarefas diferentes e por meio de escala de cinco pontos, busca determinar em que grau diferentes tarefas estão envolvidas no desempenho de um cargo específico; c) método do incidente crítico: método de análise de cargo por meio do qual são identificadas as tarefas importantes para o sucesso no trabalho; d) análise informatizada dos cargos: os sistemas de informação facilitaram os processos de análise de cargos.Existem programas específicos para análise de cargos. 32 A análise de cargos pode ser definida em termos de tarefas, deveres, processos e comportamentos necessários para o desempenho bem-sucedido de uma função. A aceleração dos avanços tecnológicos deve ser considerada na análise de cargos, pois da maneira como são definidos hoje podem estar obsoletos amanhã. Por essa razão, a descrição e análise do cargo devem ser constantes e não podemos esquecer de atualizar dados de acordo com as mudanças que o cargo poderá sofrer em decorrência dos avanços da tecnologia. Outros fatores que poderão alterar a natureza dos cargos e os requisitos necessários para que as pessoas tenham um bom desempenho serão o processo de enxugamento para racionalizar a organização e gerar uma redução dos custos (downsizing) e mudanças globais. Um ambiente dinâmico no qual os requisitos de trabalho mudam rapidamente, os dados da análise de cargos tornam-se rapidamente desatualizados e imprecisos, e o uso dessas informações obsoletas pode prejudicar a capacidade de a organização adaptar- se às mudanças. Essas mudanças requerem que os gerentes tenham uma visão clara de como os cargos devem ser reestruturados em termos de deveres e tarefas, a fim de atender aos futuros requisitos da organização. Todo este planejamento de cargos e salários deverá englobar: a) a relação dos cargos existentes e sua descrição em formulários padronizados; b) os fatores utilizados na avaliação dos cargos e os níveis de cada fator, bem como a descrição daquilo que se entende para cada nível; c) a pontuação de cada nível em cada fator e sua justificativa; d) a avaliação resultante de cada cargo em função dos fatores utilizados, dos níveis atribuídos a cada cargo em cada fator e da pontuação estabelecida para cada nível; e) o agrupamento dos cargos em níveis para fins de gestão salarial; f) o resultado da pesquisa de mercado salarial para cada nível de cargos e sua respectiva faixa de variação. A especificação do cargo pode ser completada com o perfil exato do candidato ao cargo. Essa especificação denomina-se características profissiográficas, e, portanto, visa a determinar com maior exatidão aspectos voltados a aptidões, habilidades e traços comportamentais das exigências do ocupante do cargo. As características e traços a serem analisados irão variar conforme o cargo em estudo. Esse estudo tornará o 33 processo de recrutamento e seleção mais preciso. Facilitará, ainda, a definição de testes que poderão ser aplicadas durante a seleção dos candidatos. Exemplos de características profissiográficas: Para cada característica coloque o número de graduação exigida: 1. Não é necessário 2. Mínimo 3. Médio 4. Máximo (muito necessário) Características e Traços Coordenação Motora ( ) atenção ( ) de braços ( ) autocontrole ( ) de mãos ( ) adaptabilidade ( ) de pernas ( ) planejamento ( ) de pés ( ) organização Destreza ( ) persuasão ( ) Manual ( ) liderança ( ) Digital ( ) empatia ( ) comunicação Sentidos Especiais ( ) maturidade ( ) audição ( ) sociabilidade ( ) visão – longe ( ) percepção ( ) visão – perto Etc. ( ) visão para cores Quadro 14: Perfil profissiográfico. Fonte: PONTES (2004, p. 58). Para assegurar a coerência interna dos salários, cada cargo deve ser avaliado em termos dos requisitos para seus ocupantes, do esforço exigido e da responsabilidade que lhe é inerente, inclusive em erros possíveis e a gravidade de suas consequências. As organizações, para facilitar as comparações, utilizam cargos de referência, que têm como objetivo proporcionar para as organizações a comparação interna e externa encontradas no mercado. 3.2 DESCRIÇÃO DE CARGO 34 As organizações que possuírem menor número de funcionários não terão dificuldade em conseguir descrever os cargos. As organizações com maior número de funcionários têm dificuldade de ter sintonia com os salários externos do mercado de trabalho e a coerência interna. Por isso, agrupam-se funções equivalentes em cargos, para diminuir o número de descrições e comparações. Nas organizações, o número de funcionários costuma ser superior ao número de funções. O número de cargos, porém, será menor que o número de funções. Em um Departamento Pessoal, por exemplo, teremos um funcionário cuidando dos registros e anotações em carteira, outro processando a folha de pagamentos, outro controlando as férias e acompanhando as rescisões. Todos são incluídos no cargo de Assistente de Pessoal. Como Assistente Financeiro poderíamos englobar os que trabalham nos caixas, no controle de contas a pagar, controle de contas a receber, análise de crédito e outras atividades afins. Todos terão o mesmo cargo independente dos setores executando tarefas específicas. Com esta simplificação, podemos realizar a descrição geral dos cargos englobando todas as funções. O objetivo da descrição de cargos é a gestão salarial. Ao descrever um cargo, devemos incluir todas as tarefas e funções que são atribuídas a ele. Incluí-se também a periodicidade das atividades. Utilizando o método de entrevista e questionário o analista elabora um formulário com perguntas estruturadas sobre as tarefas desempenhadas e a especificação do cargo. O funcionário que ocupa o cargo deverá preenchê-lo e a chefia deverá supervisionar e acompanhar esse processo. Na entrevista o analista poderá identificar dados pessoalmente com o funcionário do cargo. A observação do local permite ao analista observar o funcionário em seu trabalho, a fim de descrever o cargo. É importante que as chefias revisem esse processo, pois poderá ser esquecido de acrescentar alguma atividade. A seguir, um exemplo de formulário de descrição de cargo. Título do cargo: Unidade/setor: Descrição sumária: ex. recebe, confere, armazena... Descrição detalhada: ex. supervisiona as atividades do almoxarifado, orientando e distribuindo trabalhos. 35 Especificação: - Conhecimentos: formação escolar, outros conhecimentos - Experiências: quanto tempo e cargos anteriores - Complexidade: - Responsabilidades por máquinas e equipamentos - Responsabilidades por erros - Esforço físico - Esforço visua; - Ambiente - Responsabilidade por trabalho de terceiros Data da elaboração: Revisão: Quadro 15: Descrição de cargo. Fonte: PONTES (2004, p. 61). Título do Cargo O título do cargo pode ter importância psicológica, gerando status ao funcionário. O título deve ter indicação do dever que o cargo envolve. Também indica a hierarquia presente na organização. Indicação de Cargo Inclui itens como onde o departamento se localiza, a pessoa a quem o funcionário deve se reportar e a última data em que a descrição de cargo foi realizada. Também pode conter o código ou número de identificação do funcionário. Atribuições de Cargo Costumam ser ordenadas segundo a importância das atribuições. Enfatizam as responsabilidades e os resultados esperados. Podem indicar as ferramentas e máquinas usados pelo funcionário. Requisitos do Cargo As qualificações pessoais que o funcionário deverá possuir para desempenhar o cargo. As habilidades exigidas, as exigências físicas que o cargoimpõe ao funcionário. Gerentes consideram as descrições de cargo uma ferramenta valiosa no desempenho de suas funções em Gerenciamento de Recursos Humanos. No entanto, vários problemas são freqüentemente associados a esses documentos, incluindo os seguintes: • se a descrição for mal descrita, usando termos vagos, fornecerão pouca orientação ao funcionário; 36 • a falta de atualização na medida em que os deveres do cargo modificam; • limitação das atividades, reduzindo a flexibilidade organizacional. A descrição deverá conter aspectos fundamentais do cargo. Com base na descrição, é feita a comparação com cargos equivalentes no mercado. O que interessa na comparação com o mercado não é o título do cargo, mas a sua descrição. É comum cargos diferentes terem o mesmo nome em organizações distintas. Por outro lado, em alguns casos, cargos equivalentes podem ter títulos diferentes e serem comparáveis. Da mesma forma que os recrutadores e selecionadores, também os responsáveis pela gestão salarial das principais organizações da mesma região têm encontros periódicos para trocar informações sobre salários e verificar a sintonia com o mercado. Nessas reuniões são comparados os salários dos cargos que têm descrições equivalentes, bem como a avaliação que a organização faz deles. Além desses encontros também são trocadas informações internas nas organizações com os responsáveis e chefias dos setores. As descrições de cargos são voltadas para os funcionários da organização, elas podem ajudá-los a conhecer seus deveres e lembrá-los dos resultados que deles são esperados. Do ponto de vista da organização a descrição de cargos documentada pode servir como base para minimizar os desentendimentos entre gerentes e funcionários a respeito dos requisitos do cargo. Elas definem também o direito de a gerência tomar medidas corretivas quando os deveres contidos na descrição de cargo não são executados. Ao descrever um cargo, as declarações utilizadas deverão ser diretas e simples. Deverão ser utilizadas palavras e frases que descrevem deveres de cargo que começam com um verbo no tempo presente. Nas tarefas que forem desempenhadas de vez em quando, poderá ser utilizado o termo “ocasionalmente”. Redigir a descrição de cargos pode parecer para os gerentes uma tarefa cansativa, que o desviará de suas responsabilidades. Felizmente, já existem softwares que simplificam esta tarefa. O desdobramento da análise de cargo deverá aprimorar os cargos por meio de considerações tecnológicas e humanas para melhorar a eficiência da organização e a satisfação do funcionário. 3.3 AVALIAÇÃO DO CARGO 37 Cada cargo deverá ser avaliado para assegurar a coerência interna dos salários, em termos de pré-requisitos para os funcionários, do esforço exigido e da responsabilidade atribuídas, inclusive por erros possíveis e a gravidade de suas conseqüências. Na avaliação, considera-se o conteúdo do cargo. Existem métodos de avaliação que requerem: • a seleção de fatores que serão considerados na avaliação; • o número de níveis usados nesses fatores; • a pontuação a ser atribuída a cada nível de cada fator. Em um cargo determinados fatores terão um nível mais alto que outros. Não devemos passar de dez ou doze fatores no máximo que deverá ser utilizado em uma avaliação. Os fatores mais importantes terão a pontuação mais alta. Em organizações de grande porte poderão ser utilizados mais de um método de avaliação, sendo um para cargos administrativos e outro para cargos operacionais. Com a descrição de cargos é possível avaliá-lo em relação a cada um dos fatores escolhidos enquadrando um nível para cada fator. Com isso, tem-se a pontuação do cargo, que é a soma dos pontos que o cargo obteve para os níveis em que foi enquadrado em cada fator considerado. Fatores 1º nível 2º nível 3º nível 4 nível 5º nível Competências e Habilidades Educação Experiência Iniciativa Esforço Esforço físico Demanda mental Responsabilidade Equipamentos Segurança de outros Trabalho dos outros Ambiente de Trabalho Condições de Trabalho Riscos inevitáveis Relacionamento Com os colegas Com a chefia Quadro 16: Exemplo de pontuação dos fatores de avaliação de cargos. Fonte: PONTES (2004, p. 59). 38 Existe a comissão de avaliação de cargos, com membros do setor de Recursos Humanos, que deverá conhecer bem os cargos que serão avaliados. A uniformidade dos critérios também deverá ser respeitada, para a obtenção de uma avaliação precisa. 3.4 ANÁLISE DE CARGOS POR COMPETÊNCIAS As organizações poderão adotar uma abordagem de análise de cargos baseada na competência, em que a ênfase é colocada nas características das pessoas que têm um bom desempenho, e não em deveres e tarefas padronizadas de cargo. Essas competências devem estar alinhadas com a cultura e com as estratégias da organização e podem incluir aspectos como habilidades de comunicação interpessoal, capacidade para tomar decisões, resolução de conflitos, adaptabilidade e motivação. Essa técnica ressalta a cultura de valorização das pessoas na organização e o desenvolvimento contínuo, uma vez que este desenvolvimento organizacional é uma meta constante. As competências definem os comportamentos das pessoas para atender os objetivos organizacionais. Podemos estruturar as competências organizacionais em essenciais ou as específicas. Dessa forma, elas podem ter o caráter organizacional que serão comportamentos individuais esperados para o atendimento, como por exemplo: foco no cliente, trabalho em equipe. As competências de caráter específico são aquelas exigidas para atender às necessidades do setor em que o funcionário trabalha como, conhecimentos técnicos e específicos, autodesenvolvimento, criatividade. Devido à subjetividade das competências será preciso defini-las como mostra o quadro a seguir: Organizacional Foco no cliente Supera e conhece as necessidades dos clientes Formação de equipe Seleciona pessoas com base em suas habilidades, atitudes e experiências Diversidade de valores Valoriza as diferentes ideias e pessoas no ambiente de trabalho Visão estratégica Conhece todo o negócio da organização, seus concorrentes, pontos fortes e fracos Trabalho em equipe Relaciona com as pessoas de forma receptiva Específicas Desenvolvimento de pessoas Estimula e apóia o desenvolvimento dos membros da equipe Liderança Influencia e motiva as pessoas 39 Comunicação Comunica-se efetivamente com todos na organização Planejamento Estabelece e estrutura as ações Conhecimento Demonstra possuir conhecimentos sobre a sua área de atuação Criatividade Propõe soluções criativas e viáveis para a organização Quadro 17: Competências e conceitos. Fonte: PONTES (2004, p. 56). A análise de cargos por competências permite maior compreensão das exigências pessoais, o que torna o recrutamento e seleção mais exato pessoalmente. Ao definirmos o perfil para cada cargo específico, podemos verificar também os conhecimentos e as características pessoais. 3.5 ROTATIVIDADE O termo rotatividade de recursos humanos ou turnover é utilizado para definir as mudanças que as pessoas fazem de uma organização para outra. É o número de admissões e demissões com relação ao número de funcionários, expressa mensal ou anualmente. Hoje em dia, o que vem preocupando os gestores de recursos humanos das organizações é a intensificação das saídas e perdas de pessoas, provocando a necessidade de compensá-las por meio de intensificação das entradas. A demissão de pessoal deve ser compensada com as novas admissões. Esse fluxo de entrada e saída de pessoaldenomina-se rotatividade. O ideal nas organizações é que esse número de rotatividade seja mínimo. Para diminuir os custos existem dois tipos de rotatividades: a) rotatividade provocada pelas pessoas: quando o desligamento é por decisão do funcionário; b) rotatividade provocada pelas organizações: quando o desligamento é solicitado pela organização com a intenção de melhorar o seu capital humano. 40 Para entendermos melhor o índice de rotatividade de pessoal em um determinado local, dentro de um período de tempo utilizamos cálculos, vamos utilizar a seguinte legenda: A: admissões de pessoal no setor (entradas); D: desligamento do setor, tanto por iniciativa da organização, quanto pelo funcionário (saídas); EM: é a soma dos funcionários efetivos no setor. a) Quanto ao planejamento de recursos humanos: Índice de rotatividade de pessoal = A+D x 100 2 __________ EM b) Análise de perdas de pessoal, somente considerando os desligamentos, pela iniciativa da organização ou pelos funcionários: Índice de rotatividade de pessoal = D x 100 __________ EM c) Analisar os motivos das perdas de pessoal provocadas exclusivamente por iniciativa dos funcionários: Índice de rotatividade de pessoal = D x 100 __________ ( N1 + N2 + ...Nn) a Em que: N1+N2+Nn = somatório dos números de funcionários no início de cada mês. a = números de meses do período de tempo considerado. d) quando se trata de avaliar a rotatividade de pessoal por setores: Índice de rotatividade de pessoal= A + D + R + T 2____________ x 100 EM Em que: 41 R = recebimento de pessoal por transferência de setor T = transferências de pessoal para outros setores Quando o planejamento dos recursos humanos está inadequado nas organizações a tendência é de que ocorra maior rotatividade. Uma maneira de medir este índice de boa política de recursos humanos é a permanência das pessoas na organização, com dedicação e comprometimento para o alcance dos objetivos comuns. 3.6 ABSENTEÍSMO O absenteísmo é um termo utilizado para identificar as faltas ou as ausências dos funcionários ao trabalho. Representa a soma de dias em que o funcionário se ausentou do trabalho por falta, atraso ou por qualquer outro motivo. Nem sempre as causas do absenteísmo estão atribuídas aos funcionários, mas à organização, aos líderes, às tarefas, à falta de motivação e às condições desagradáveis do ambiente de trabalho. Entre essas causas encontramos: a) doença do funcionário comprovada; b) doença do funcionário não comprovada; c) motivos de caráter familiar; d) atrasos involuntários; e) faltas por motivos pessoais; f) dificuldades financeiras; g) dificuldades de transportes; h) falta de motivação para trabalhar; i) gerência e liderança precária; j) políticas inadequadas da organização; Os motivos do absenteísmo precisam ser diagnosticados para que as lideranças reduzam os níveis de ausências do pessoal. O absenteísmo está associado aos seguintes problemas: a) falta de liberdade para falar com a gerência; b) falta de espírito de equipe; c) insatisfação quanto às oportunidades; d) insatisfação quanto ao salário; e) falta de reconhecimento. 42 Os funcionários precisam contar com o suporte das diretrizes da organização e apoio da direção com uma excelente política de Recursos Humanos. A porcentagem do tempo não trabalhado refere-se ao índice de absenteísmo. Esse índice pode ser calculado pela seguinte fórmula1: Índice de absenteísmo = Número de funcionários/dias Perdidos por ausência ao trabalho x 100 Efetivo médio x nº de dias de trabalho Também podemos calcular o absenteísmo incluindo atrasos e meias faltas na seguinte fórmula: Índice de absenteísmo = Total de funcionários/horas perdidas x 100 Total de funcionários/horas perdidas Esse índice deve considerar o período como semana, mês ou ano. Para tanto, sugerimos dois fatores importantes para o cálculo do índice de absenteísmo, que são os seguintes: a) índice de faltas e atrasos, como as faltas justificadas e não justificados por motivos de saúde. Esse índice de absenteísmo focaliza as ausências não permitidas por lei. b) índice de absenteísmo por um período prolongado, como férias, licenças e afastamentos por doença, maternidade ou acidente de trabalho. Tanto a rotatividade quanto o absenteísmo provocam perdas e desperdícios para as organizações e pessoas. Para combater o absenteísmo devemos atuar sobre as causas, substituindo funcionários que se desligaram ou descontando os dias não trabalhados, por isso a importância de identificar as causas com antecedência. Para enfrentar esse desafio as organizações deverão rever suas políticas de Recursos Humanos, tornar os cargos mais desafiadores, redefinir o estilo de gerência e modificar as políticas de remunerações. Atualmente, as organizações vêm modificando sua estrutura de cartão ponto para horários mais flexíveis, de acordo com a necessidade do funcionário. Outras organizações estão voltadas para os trabalhos virtuais, em que o funcionário pode 1 Fonte das Fórmulas: CHIAVENATO (2009, p.62). 43 realizar seu trabalho em casa. Essas são novas tendências de gestão de Recursos Humanos às quais todos, organizações e pessoas, devem se atualizar. Atividade 3 1) responda as questões abaixo conforme o seu entendimento e experiências. a) Escolha um cargo do seu conhecimento. Faça análise do cargo. Elabore a descrição, especificação e características profissiográficas. b) Escolha uma cargo do seu conhecimento e descreva-o por competências. Referências Bibliográficas BOHLANDER, George W. Administração de recursos humanos. São Paulo: Thomson Learning, 2003. CHIAVENATO, I. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal: como agregar talentos à empresa. 7. ed. São Paulo: Manole, 2009. LACOMBE, Francisco José Masset. Recursos humanos: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2005. PONTES. Planejamento, recrutamento e seleção de pessoal. 4. ed. São Paulo: LTr, 2004. 44 4 PLANEJAMENTO DE PESSOAL 4.1 O PLANEJAMENTO DE RECURSOS HUMANOS O planejamento dos recursos humanos deve ser parte integrante do planejamento estratégico da organização. O planejamento deverá iniciar com o diagnóstico das políticas e da cultura organizacional. As políticas de Recursos Humanos devem estar coerentes entre si e deverão se encaixar com as estratégias da organização. Por meio do planejamento estratégico, as organizações estabelecem importantes objetivos e desenvolvem planos abrangentes para atingi-los. O planejamento de Recursos Humanos relaciona-se ao planejamento estratégico tanto na linha de ação quanto no suporte a esse processo. Na linha de ação, o planejamento de Recursos Humanos fornecerá a quantidade de pessoas disponíveis para aplicar as estratégias. Definidas as estratégias, os gerentes tomam as decisões básicas quanto à alocação de recursos, incluindo aquelas relativas à estrutura, aos processos e aos recursos humanos. No planejamento de Recursos Humanos deverão constar
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