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Apostila TGE 01

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CIÊNCIA POLÍTICA E TGE
1.0 - Introdução
- Precisamos das regras de conduta porque vivemos em sociedade (em busca de segurança, proteção, e subsídios para se desenvolver – satisfação de nossas necessidades);
- Em função disso surge o Estado, entidade que iremos estudar, concretamente, através de sua evolução histórico-social, assim como através da evolução do pensamento político, ou seja, do fenômeno político.
- Somente conhecendo a realidade do Estado podemos dar nossa contribuição para a melhora da vida da sociedade, através de uma análise crítica da situação.
2.0 – Ciência Política e TGE
Ao definir a CP, diversas definições veem a mente, ou seja, elas de desdobram em diversas: O que é política? O que é ciência? Qual seu objeto? E seu objetivo?
a) Conceito de Política 
No significado clássico e moderno a palavra POLITICA tem sua origem na palavra grega pólis mas especificamente em politikós, que em strito sensu significa o urbano, ao que é publico, relaciona-se com a cidade e a tudo que lhe diz respeito. Esta ligada a idéia de poder.
Aasim, a palavra Política é derivada do latim politice, procedendo do grego politiké, forma feminina de politikos e que tem em sua acepção jurídica o mesmo sentido que tem para a filosofia, é a ciência de bem governar um povo, constituído em Estado. É político tudo aquilo que se refere ao governo ou poder público. Vem também do grego polis, que significa cidade, aglomeração.
b) Conceito de ciência 
A doutrina varia bastante quanto ao conceito de ciência. 
Aristóteles: a ciência tem por objeto os princípios e as causas.
São Tomás de Aquino: assimilação da mente dirigida ao conhecimento da coisa.
Kant: série de conhecimentos sistematizados ou coordenados, mediante princípios. Conhecimento das relações entre coisas, fatos ou fenômenos, quando ocorre identidade ou semelhança, diferença ou contraste, coexistência ou sucessão nessa ordem de relações. (BONAVIDES, 2004, p. 25)
CIENCIA pode ser definida com sendo um conjunto organizado de conhecimentos, que se desenvolve no domínio do concreto e experimental, baseado na observação da realidade.
A POLÍTICA POSSUI A SUA CIÊNCIA, CHAMADA DE CIÊNCIA POLÍTICA.
c) Ciência Política 
O termo ciência política surgiu com o pensamento de NICOLAU MAQUIAVEL (mas é inegável que a política já era discutida anteriormente ao pensador, como Platão e Aristóteles).
Aristóteles afirmava que o homem é um animal político, significando que o homem tende naturalmente a associar-se, a viver em comunidade, diz-se, portanto, que ele é gregário, que vive em bando.
A Ciência Política se ocupa do estudo dessa organização humana, as maneiras como se limita ou não limita o poder, como se exerce a condução de um Estado, historicamente. 
Estuda a arte de governar, ação que se dá através de diversos órgãos. Estuda os tipos de governo, tudo o que se relaciona com a prática de doutrinas políticas. Formas como o Estado age para atingir seu desenvolvimento. Estuda as formas de governo (monarquia, república), os sistemas de governo (parlamentarismo, presidencialismo), as formas de Estado (federal e unitário), as ideologias (sistemas de produção, etc.) e suas consequências práticas. 
Então chamamos de CIENCIA POLILITICA o estudo de teorias e casos práticos da política, bem como a analise e a descrição dos sistemas políticos e seu comportamento. É o estudo do governo do estado no aspecto teórico ou doutrinário buscando analisar a realidade social e histórica bem como seu funcionamento.
Nesta disciplina se adquire as primeiras noções de Direito Público, tendo papel importante na condução para a Teoria Constitucional e Direito Constitucional.
Tratando-se de uma ciência humana e social, o estudo do fenômeno social e político não leva a leis fixas, uniformes e invariáveis, o próprio pesquisador não consegue neutralizar-se diante do fenômeno que estuda. (BONAVIDES, 2004, p. 38).
Esta é circunstância com que o estudante de Direito precisa habituar-se desde o primeiro momento de seus estudos: que, em Direito, não há verdades absolutas, não há uma solução apenas para cada situação. 
Dentro do Direito Público, verificaremos que o principal personagem é o Estado, assim, antes de iniciarmos a distinção entre Direito Público e Privado é necessário analisar a origem da sociedade e do Estado.
3.0 - ORIGEM DA SOCIEDADE E DO ESTADO
Os seres humanos não vivem sozinhos. A vida é uma experiência compartilhada. Formamos grupos. (Animal político).
O ser humano não vive sozinho. Desde cedo fazemos parte dos mais inúmeros grupos, família, clubes, cidade, empresa, etc.
A comunidade nos protege de três grandes males: a ignorância, a violência e a fome.
Cada um faz parte de vários grupos e a convivência entre estes vários grupos só é possível se houver regras estabelecendo como serão as relações. A convivência depende de alguma organização. Quem faz parte de um grupo vive sob regras comuns.
Uma sociedade pode ser definida como um agrupamento humano, com finalidade comum, comportamento semelhante para atingir tal fim e um poder que garanta tal comportamento e finalidade.
“Conjunto de relações humanas intersubjetivas, anteriores, exteriores e contrárias ao Estado ou sujeitas a este” (BOBBIO).
Alguns pensadores entendem que a sociedade teve uma origem NATURAL, ou seja, que ela surgiu de um impulso associativo comum a todos os seres humanos, uma necessidade de cooperação. 
Esta concepção vem da afirmação de que o homem é um animal político, e aparece também no pensamento de São Tomas de Aquino, que afirma que o ser humano apenas não viveria em sociedade em 3 situações extremas:
Excellentia naturae (excelente natureza)
Corruptio naturae ( A corrupção da natureza)
Mala fortuna (má sorte)
Por outro lado, haveria a origem CONTRATUAL do Estado, fundamentada no pensamento dos Contratualistas, como Hobbes, Locke, Rousseau, Montesquieu. 
Para o contratualismo a sociedade não vem apenas de um instinto humano, mas é um ato de escolha, fruto da razão humana. Haveria uma reflexão prévia, consciente para se agrupar. É neste ponto que a associação humana se diferencia de qualquer outro agrupamento animal.
Novamente então podemos conceituar sociedade como um agrupamento humano, com finalidade comum, comportamento semelhante para atingir tal fim e um poder que garanta tal comportamento e finalidade.
É evidente que determinar uma finalidade comum e obter de um grande número de pessoas que se comportem de forma uniforme para que se obtenha a tal finalidade, não é uma tarefa fácil ou um resultado que se obtenha espontaneamente, daí a necessidade do PODER.
A verdade é que precisamos de poder, de nos submeter a uma vontade maior. Ora a do mais forte fisicamente, ora economicamente, ora espiritualmente.
A partir do final da Idade Média o povo passa a ser a fonte do poder. Poder que deve ser legal e legítimo, conforme o direito e à vontade de todos.
Conforme Carlos Ari Sundfeld: “A convivência, seja dos indivíduos no interior desses grupos, seja de cada grupo com os demais, depende de um fator essencial: da existência de regras estabelecendo como devem ser as relações entre todos. (...) O grupo social pode ser definido, portanto, como a reunião de indivíduos sob determinadas regras”.
A força que produz estas regras e as aplica, com a aceitação do grupo, é o que chamamos de poder.
“Por poder, se deve entender uma relação entre dois sujeitos, dos quais o primeiro obtém do segundo um comportamento que, em caso contrário, não ocorreria”. (Norberto Bobbio)
“Ter poder é ser, por vontade própria, causa do comportamento alheio”. (Weber)
Poder é um conceito há séculos discutido, recebe diversas definições, e pode ser usado para justificar as mais diversas posições. 
Vemos desde logo que é necessária alguma força que produza e aplicar as regras. Esta força vamos chamar de poder.
4.0 - DISTINÇÃO E APROXIMAÇÃO DA CIÊNCIA, FILOSOFIA E DA POLÍTICA
Devemos distinguir aciência da filosofia e da política.
O que é filosofia? R: O termo “ filosofia” vem da soma de dois radicais gregos, o “filo” que significa amigo ou amante, aquele que deseja e se compromete afetuosamente e incondicionalmente a outro tanto no ato de amar quanto à lealdade, e a palavra “sofia”, significa sabedoria. Para os gregos a sabedoria era algo divino, que era revelado aos mortais pelos deuses. A sabedoria não era adquirida por mérito, mas por dádiva dos deuses.
Partindo do significado das palavras, alguns filósofos, acreditam que a filosofia é constituída por três conceitos:
Razão: O Filósofo é a razão em movimento na busca de si mesma;
Paixão: O Filósofo antes de tudo é um amante da sabedoria. Toda atitude humana, inicialmente é passional. O que move o mundo não é a razão, mas a paixão;
Mito: O Filósofo é um mítico em busca da verdade velada. Só pensamos naquilo que cremos, e só cremos naquilo que queremos;
Historicamente, o primeiro pensador grego a usar a palavra filosofia foi Pitágoras de Samos no Século VIII ac. Um fato interessante é que a ciência surgiu a partir da filosofia, pois o homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das idéias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade.
De fato, não há um consenso entre os filósofos sobre o conceito da filosofia, alguns acreditam que ela busca o significado para questões que o homem carrega com ele e busca entender o seu comportamento perante algumas situações.
Nasceu também a filosofia política que Para os aristotélicos a " filosofia Política" é o estudo de como se deve organizar uma pólis (cidade) para que todos os cidadãos possam alcançar, igualmente, a felicidade (eudaimonia). A palavra política significa "estudo da pólis":
Santo Agostinho considera a filosofia Política como o conhecimento que possibilita os cidadãos da pólis a receberem a graça da vida eterna.
São Tomás de Aquino retoma a filosofia de Aristóteles, e associa a "felicidade" como a salvação da Alma.
Maquiavel, por outro lado, retira do conceito de filosofia Política os aspectos éticos e a busca pela felicidade. Para ele a filosofia política é a arte de se conquistar o poder e mantê-lo.
Podemos dizer que a ciência política se vale de analises que partem do real, e de maneira ordenada, visa propor técnicas de governo.
Ao lado que a filosofia política visa determinar um estado perfeito, algo idealizado, muito provavelmente que não exista ou que nunca foi verificado pela humanidade, mas que serve como paradigma para julgar qualquer forma de governo concreta.
5.0 - OBJETIVO
O objetivo da ciência política, em ultima analise é fornecer uma visão clara do que seja um bom governo, que promova o bem comum. 
É a ciência política que apresentara as criticas e modelos que devam ser seguidos a fim de se buscar o já citado bem comum.
6.0 - MÉTODO
O método mais adequado constitui aquele que não propicia apenas uma analise lógico-sistemática de determinada teoria ou doutrina política, por mais atraente que seja, mas uma rigorosa investigação dos resultados concretos da aplicação de tal doutrina na pratica.
E o método que utilizaremos será o histórico-comparativo.
7.0 - NOÇÕES FUNDAMENTAIS: HOMEM, SOCIEDADE E ESTADO
A ciência política parte de um conceito básico: a sociedade política, ou Estado. É uma sociedade como as demais.
Uma definição de sociedade é uma associação de indivíduos reunidos para atingir determinada finalidade, sob a direção de uma autoridade capaz de conduzi-los ao fim almejado.
A tendência de associação é inata (aquilo que nasce conosco). 
Já a necessidade de uma direção ou governo de uma autoridade sobre a sociedade nasce em função de possíveis desvios de finalidade ou desvirtuamento de objetivos de um ou mais indivíduos do grupo.
Surge então a sociedade política, ou Estado, que tem por finalidade extrema fornecer a todas as outras sociedade as condições necessárias para atingirem a finalidade própria.
É o chamado principio da subsidiariedade do estado, que evita que ele absorva todas as sociedades nele mesmo, como fim em si. O principio consiste em conceber uma perspectiva do Estado não como um fim em si mesmo, ou seja, o Estado voltado apenas ao bom funcionamento da estrutura administrativa, mas como um meio que propicie a vida em sociedade.
OBS: O ESTADO É MEIO E NÃO FIM. Ele é um instrumento para a realização dos interesses da sociedade. Ou seja ele não subordina as pessoas aos interesses do Estado, como o estado totalitário. (censura em sentido amplo, dominação das relações de trabalho e ate na precariedade dos serviços públicos).
8.0 - IDEOLOGIA / UTOPIA
O termo ideologia foi inicialmente criado por Destut de Tracy, que publicou em 1801 um livro chamado elementos da ideologia. Para o autor ideologia é o estudos das instituições políticas, não de uma maneira absoluta, mas relativamente ao tempo em que elas se formam e ao meio em que elas se estabelecem.
Para Karl Marx, ideologia é equivalente a ilusão, falsa consciência, como um conjunto de crenças, trazendo a idéia de que o ideológico é aquele que inverte as relações entre a idéia e o real.
Para Karl Mannheim ideologia é um conjunto das concepções, idéias, teorias que se orientam para a estabilização, ou legitimação ou reprodução da ordem estabelecida. É o conjunto de todas as aquelas doutrinas que, conscientemente ou inconscientemente, voluntaria ou involuntariamente servem a manutenção da ordem estabelecida.
Já as utopias são aquelas ideias que aspiram uma outra realidade, ainda inexistente, tem uma dimensão critica ou de negação da ordem social existente. 
2.0 – Teorias sobre a origem da Sociedade Humana.
2.1 – Conceito de Sociedade
Para Talcott Parsons sociedade é todo o complexo de relações do homem com seus semelhantes. Para ele a sociedade não se configura como um aglomerado de indivíduos, ou se grupos de indivíduos, mas sim como relações humanas.
Para Del Vecchio a sociedade é um complexo de relações, porque os membros de uma determinada comunidade ou associação são sujeitos de liames que refletem um encadeamento constante, em ultima analise de relações jurídicas. Vivem e operam conjuntamente porque as colaborações do indivíduos não são apenas mecânicas, são colaborações conscientes que buscam a harmonia e a paz social, respeitando o coletivo e o individual.
2.2 – A interpretação sobre os fundamentos da sociedade.
Temos três teorias sobre os fundamentos da sociedade:
A interpretação organicista da sociedade
Em apertada síntese consiste em considerar a sociedade como um corpo dotado de órgãos a desempenhar cada qual a sua função especifica em prol de todos. É uma reunião de varias partes que preenchem funções distintas e que, por sua ação combinada, concorrem para manter a vida do todo. 
Os organicistas tem na filosofia grega de Platão seu nascedouro. 
A interpretação mecanicista da sociedade
Em linhas gerais, é a concepção segundo a qual a sociedade se forma por junção de indivíduos, agindo por si mesmos com autonomia e liberdade. Em outras palavras, a sociedade resultaria de uma atitude voluntaria e arbitraria de cada individuo, e não seria decorrência de uma inevitável sociabilidade do homem. Assim sendo, podem se considerar mecanicista os contratualistas em geral, em oposição a filosofia aristotélica que concluía ser a sociedade uma decorrência natural, portanto não artificial, das necessidade da pessoa humana.
A interpretação Eclética da sociedade
Consiste num misto das teorias antes estudadas. Implica o individual e o coletivo em uma só realidade. A sociedade tal como um corpo humano, por exemplo é composta de vários indivíduos (órgãos), cada qual desenvolvendo um esforço no intuito de preencher as finalidade da vida social, esforço tal que obedece aos desígnios sociais, e portanto, as normas de conduta, sob pena de um colapso no corpo (sociedade).
Entende ser essa a melhor maneira de interpretar a questão em comento. Devemos observara individualidade sem deixar de observar a coletividade para que compreenda não só a origem, mas a melhor forma de se conduzir uma sociedade.
2.3 – Sociedade e Estado
O conceito de Sociedade e Estado, na linguagem dos filósofos e estadistas, têm sido empregados ora indistintamente, ora em contraste, aparecendo então a Sociedade como círculo mais amplo e o Estado como círculo mais restrito. Sociedade vem primeiro; o Estado, depois.
A Sociedade, algo interposto entre o indivíduo e o Estado, é a realidade intermediária, mais larga e externa, superior ao Estado, porém inferior ao indivíduo, como medida de valor.
O conceito de Sociedade tomou sucessivamente três caminhos no curso de sua caminhada histórica. Foi primeiro jurídico, com Rousseau; depois econômico, com Marx e enfim, sociológico, com Comte.
Rousseau foi o filósofo que distinguiu com mais acuidade a Sociedade do Estado. 
Por Sociedade, entendeu ele o conjunto daqueles grupos partidos (pequenos), daquelas “sociedades parciais”, onde do conflito de interesses reinantes, só se pode recolher a vontade de todos, ao passo que o Estado vale como algo que se exprime numa vontade geral, a única autêntica, captada diretamente da relação indivíduo- Estado, sem nenhuma interposição ou desvirtuamento por parte dos interesses representados nos grupos sociais interpostos.
Marx e Engels conservam a distinção conceitual entre Estado e Sociedade, deixando porém de tomar o Estado como se fora algo separado da Sociedade , que tivesse existência à parte, autônoma, como realidade externa, cujo exame já não lembrasse o que em si há de profundamente social, pois o Estado é produto da Sociedade, instrumento das contradições sociais, e só se explica como fase histórica, à luz do desenvolvimento da Sociedade e dos antagonismos de classe. O Estado não está fora da Sociedade , mas dentro, posto que se distinga da mesma.
A Sociologia, desde Comte, forceja por apagar a antinomia Estado e Sociedade. Reduz o Estado a uma das formas de Sociedade, caracterizada pela especificidade de seu fim - a promoção da ordem política, a organização coercitiva dos poderes sociais de decisão, em concomitância com outras sociedades, como as de natureza econômica, religiosa, educacional, lingüística, etc.
A Sociedade, segundo Bobbio, tanto pode aparecer em oposição ao Estado como debaixo de sua égide. Daqui, portanto esse conceito de Sociedade : “Conjunto de relações humanas intersubjetivas, anteriores, exteriores e contrárias ao Estado ou sujeitas a este.”
Integrando as Doutrina anteriores podemos reconhecer que o Estado e a Sociedade são distintos, que a sociedade é algo muito maior que o Estado, e que não é ele a única associação de grande porte que existe em uma dada sociedade. Mas também é verdade que a sociedade política chamada Estado tem por finalidade especifica não só o seu bem próprio, mas estabelecer as condições básicas de paz e segurança que possibilitam as outras sociedades, grandes e pequenas, atingirem cada uma delas o seu fim especifico.
3.0 – ESTADO E DIREITO
3.1 – Considerações Iniciais
O Estado é a “sociedade politicamente organizada”, objetivando manter, pela aplicação do Direito, como uma técnica social específica de “uma ordem da conduta humana” as condições universais da ordem social em determinado território, povo e governo.
O Estado, portanto, caracteriza-se pela Soberania, internamente representada pelo seu “poder de império”, ou seja, a faculdade de impor sua vontade, através da força, se necessária, independente da vontade do cidadão em particular.
Com relação aos demais Estados a afirmação máxima da soberania é a independência absoluta, admitindo até que haja outro poder igual, nenhum, porém que lhe seja superior.
As relações entre Estado e Direito podem ser vistas de diversas maneiras. É possível vê-las como uma única realidade ou como realidades distintas e independentes, ou ainda realidades distintas, mas necessariamente interdependentes. Temos três teorias que explicam as relações do Estado e o Direito:
Teoria Monística
Também conhecida como Estatismo Jurídico, considera o Direito e o Estado como duas realidade sinônimas, ou seja, os dois conceitos se confundem consubstanciando uma mesma realidade.
Teoria Dualista
Também conhecida com pluralística, sustenta a idéia oposta a Monística, no sentido de que o Estado e o Direito são duas realidade distintas e inconfundíveis.
Argumenta que o Direito é um fato Social, não estatal. Sob esse aspecto, o Direito esta em metamorfose continua, de modo que sempre se influenciara pelas questões éticas, biológicas, psicológicas e econômicas, entre outras.
Teoria do Paralelismo
Objetivando encontrar um ponto de equilíbrio entre duas posturas em principio radicais, a teoria do paralelismo parece melhor explicar a relação entre direito e Estado.
Esta teoria dispõe que o Direito e o Estado são realidades distintas, entretanto interdependentes.
3.2 - SITUAÇÃO ATUAL
Vemos atualmente os Estados com uma espécie de soberania cada vez mais reduzida e dependente de outros Estados limítrofes formando por assim dizer Estados Regionais com a prevalência de um Direito Comunitário e comandados por tratados e cortes de justiça supranacionais prevalecendo o critério da arbitragem internacional, em pactos semi-confederativos.
Realmente, sobretudo depois da Segunda guerra mundial os países da Europa liderados pela Alemanha, sempre forte e também sob o princípio que é mais fácil reconstruir um país totalmente destroçado que reformar um cheio de mazelas e culturas retardantes, iniciou a formação de um mercado comum que hoje já marcha para uma unidade econômica e monetária com previsão para no próximo ano utilizar uma mesma moeda em Estados diferentes.
Assim tivemos o primeiro exemplo bem sucedido de uma comunidade de países que foi uma forma pacífica de enfrentar a grande economia americana e japonesa, com sucesso superior ao socialismo estatizante que findou rendendo-se a uma social Democracia.
Todavia, percebemos um “Estado Mínimo”, com tendência generalizada à privatização quando na realidade só os lucros são privatizados e os prejuízos Estatizados sobrando para a classe média irremediavelmente o pagamento das contas.
Ficam os Estados outrora plenamente soberanos, na dependência de Bolsas de Valores do outro lado do Hemisfério fragilizados pela submissão a capitais voláteis e à sanha de especuladores internacionais, necessitando até de um Direito Penal Internacional, face a nova expectativa cada vez maior de delitos com resultados extra-territoriais inclusive através da utilização da informática e comunicação via satélites.
Percebemos que está havendo uma época que dada a influência de determinadas políticas governamentais, o Estado é levado a vender suas empresas e respectivo patrimônio proporcionando àquela determinada administração que implementa tal iniciativa uma grande simpatia e mobilização imediata, devido aos recursos que carreia para os seus programas e as facilidade que apresenta aos investidores e até oportunistas que se aproveitam para se apropriarem de bens e iniciativas que o Estado, durante décadas investiu os recursos do povo, até a fundo perdido.
Todavia, tempos depois, quando os recursos desaparecem e estas empresas concessionárias passam a desempenhar mal os serviços públicos e retirar o lucro que contiveram nas concorrências, aí a população reclama e o governo fica em desgaste e é levado a retomar o serviço mal executado e retirar do mercado aquelas entidades estranhas que usufruíram das benesses e deixam a desejar na execução do munus público.
Então o Estado sem recursos, apela para mais tributos, empréstimos externos ou compulsórios tendo que reassumir tarefas de transporte público, comunicação e outras atividades, num verdadeiro círculo vicioso como já tivemos com empresas internacionais explorando, energia elétrica, telefone e até ferrovias, aqui no Brasil e em outros países como na Inglaterra em passado não muitodistante.
Por isso esta relação de Estado e Direito está cada vez mais a exigir entre os Estados um planejamento comunitário de várias nações e de forma que não resultem em insucessos nem quebra da soberania que é a expressão máxima da liberdade dos Estados.
Deve o Estado, mesmo enxuto de todas as atividades que podem ser entregues à iniciativa privada, exercer plenamente as funções essenciais que lhe foram outorgadas pelo povo como: “legiferação, administração e jurisdição”, bem como proporcionar os meios indispensáveis à sobrevivência dos cidadãos, quais sejam: educação, saúde, habitação, alimentação, segurança saneamento e transporte e, de outro lado, fiscalizar rigorosamente os que exercem funções delegadas para o fiel cumprimento dos sagrados objetivos do Estado em perfeita consonância com o Direito. 
3.3 - RELAÇÃO ENTRE O ESTADO E O DIREITO: 
(a) ESTADO: É uma organização destinada a manter pela aplicação do Direito às condições universais de ordem social (é o Estado que aplica o Direito. É ele que mantém as condições da ordem social, através do Direito). 
(b) DIREITO: É o conjunto das condições existentes da sociedade, que ao Estado cumpre assegurar (norma social obrigatória. É poder reconhecido ou delegado a uma pessoa para fazer alguma coisa. É o que é justo, normal, de bem etc.). 
(c) DÚVIDA (?): Representam eles uma realidade (modalidade) única ou são duas realidades (modalidades) distintas e independentes. 
Para Hans Kelsen (1881–1973) o Direito e o Estado se confundem. O estudo do Direito e do Estado deve ser depurado de toda contaminação emocional, ideológica, metafísica, sociológica ou política e etc.
Para Alessandro Groppali, entre Estado e Direito, fora do Estado não pode haver Direito. As normas que qualquer outra sociedade expedir para sua própria organização e funcionamento são normas de caráter meramente social, e somente se tornam jurídicas quando reconhecidas pelo Estado ou admitidas na ordem jurídica estatal e etc. 
Para Santi Romano... Não só o Estado, mas qualquer grupo social, é fonte do Direito, e se o Direito estatal é Direito, nem por isso o Direito deve ser sempre e necessariamente estatal e etc. 
TEORIA TRIDIMENSIONAL DO ESTADO E DO DIREITO - (RESPOSTA DÚVIDA) 
O professor Miguel Reale desenvolveu com invulgar brilhantismo o seguinte: Partindo da Teoria do Paralelismo, o Estado e o Direito são sínteses ou integrações do ser e do dever ser. 
É, pois, a composição do fato e da forma. 
Então, o Estado não é apenas um sistema de normas, como querem os monistas, nem um fenômeno estritamente sociológico, como querem os pluralistas, mas, simultaneamente é a organização fática do poder público; a realização do fim da convivência social; é órgão produtor e mantenedor do ordenamento jurídico. 
Tem, pois, assim, três dimensões, razão pela qual se costuma dizer que o Estado se compõe de três elementos: 
1º Elemento = FATO ⇒ De existir uma relação permanente do poder, com uma discriminação entre governantes e governados; 
2º Elemento = VALOR ⇒ Ou complexos de valores, em virtude do qual o poder se exerce; 
3º Elemento = NORMA ⇒ Um complexo de normas que expressa a medição do poder na atualização dos valores da convivência social

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