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Direitos do Consumidor: Cláusulas Abusivas

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CURSO PREPARATÓRIO ON LINE PARA A 
PROVA DA 2ª FASE DO EXAME DE ORDEM OAB/FGV 2010.2 
Prof. Cristiano Sobral 
professorcristianosobral@gmail.com 
www.professorcristianosobral.com.br 
 
Complexo de Ensino Renato Saraiva | www.renatosaraiva.com.br | (81) 30350105 kr 1 
 
Direitos do Consumidor 
(www.professorcristianosobral.com.br) 
 
Autor do livro DIREITO CIVIL SISTEMATIZADO. 
TITULO I 
DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR 
CAPÍTULO I 
Disposições Gerais 
Art. 1° O presente código 
estabelece normas de proteção 
e defesa do consumidor, de 
ordem pública e interesse 
social, nos termos dos arts. 5°, 
inciso XXXII, 170, inciso V, da 
Constituição Federal e art. 48 
de suas Disposições 
Transitórias. 
 
Características do CDC: 
 
 Norma de Ordem Pública: por tal entendimento 
pode-se dizer que o juiz pode atuar de ofício nas 
relações de consumo
1
. Critica deve ser feita a 
súmula 381 do STJ, que vai de encontro as normas 
dispostas no CDC. “Banco manda juiz obedece”. 
Que vergonha STJ. 
Uma das mais recentes súmulas do STJ dispõe que 
é vedado ao julgador conhecer de ofício da 
abusividade de cláusulas em contratos bancários. 
(Súmula 381: “Nos contratos bancários, é vedado 
ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das 
cláusulas”). Concretamente, a súmula poderia ser 
interpretada assim: um banco e um correntista 
celebram um contrato bancário repleto de 
cláusulas abusivas, mas o correntista, ao levar o 
caso à apreciação do judiciário, precisa elencar e 
requerer a revisão de todas as cláusulas que 
considera abusivas, pois o Juiz não pode conhecê-
las de ofício, embora possa até ter ciência da 
existência delas. Não sei nada de psicanálise, mas 
consegui entender muito bem o conceito de “ato 
falho” com Roberto Carlos, na letra da música 
“Detalhes”, ao recomendar: “não vá dizer meu 
nome sem querer à pessoa errada”. No caso da 
Súmula 381, penso que o STJ cometeu um 
tremendo “ato falho” ao partir do princípio de que 
nos contratos bancários existem cláusulas 
abusivas, mas não podem ser conhecidas de ofício 
 
1Vide os julgados: REsp n. 292942, REsp n. 541.153 e REsp 
1061530. 
pelo julgador. Falando em psicanálise, para a 
redação da Súmula, Freud talvez recomendasse 
algo assim: “em caso da existência de cláusulas 
abusivas...” ou então “existindo cláusulas abusivas 
nos contratos...”. Seria muito mais sutil! 
Ora, da forma em que foi editada a Súmula, 
quando o STJ diz que o Juiz não pode conhecer de 
ofício de tais cláusulas, por outras vias, está 
querendo dizer que os bancos podem inserir 
cláusulas abusivas nos contratos, mas o Juiz 
simplesmente não pode conhecê-las de ofício. 
Banco manda, Juiz obedece! Como diz o jargão de 
uma comediante da televisão: cláusula abusiva? 
Pooooooode!! Nesta lógica absurda, considerando 
que as cláusulas abusivas são sempre favoráveis 
aos bancos e desfavoráveis ao cliente, o STJ quer 
que os Juízes sejam benevolentes com os bancos e 
indiferentes com seus clientes. Devem se omitir, 
mesmo sabendo que esta omissão será favorável 
ao banco, e não podem agir, mesmo sabendo que 
sua ação poderá corrigir uma ilegalidade. 
Deixando de lado esta análise psicanalítica barata, 
se o próprio STJ em sua Súmula parte do princípio 
de que existem cláusulas abusivas nos contratos 
bancários, o que vamos fazer agora com o artigo 
1º, do Código de Defesa do Consumidor, que 
estabelece a natureza de “ordem pública e social” 
para as normas de proteção e defesa do 
consumidor? O que vamos fazer, também, com o 
artigo 51, do mesmo Código, que estabelece que 
são nulas de pleno direito, entre outras, as 
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de 
produtos e serviços que estabeleçam obrigações 
consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o 
consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade? Por 
fim, o que o STJ vai fazer com sua própria 
jurisprudência de poucos meses atrás que 
entendia exatamente o contrário: PROCESSUAL 
CIVIL E ADMINISTRATIVO. SFH. CONTRATO DE 
MÚTUO. TABELA PRICE. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. 
FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 
356 DO STF. ART. 6°, "E", DA LEI Nº 4.380/64. 
LIMITAÇÃO DOS JUROS. JULGAMENTO EXTRA 
PETITA. MATÉRIAS DE ORDEM PÚBLICA. ARTS. 1º E 
51 DO CDC. 
1. A matéria relativa à suposta negativa de 
vigência ao art. 5º da Medida Provisória 2.179-36 e 
contrariedade do art. 4º do Decreto 22.626/33 não 
foi prequestionada, o que impede o conhecimento 
do recurso nesse aspecto. Incidência das Súmulas 
282 e 356 do STF. 
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PROVA DA 2ª FASE DO EXAME DE ORDEM OAB/FGV 2010.2 
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2. O art. 6°, "e", da Lei nº 4.380/64 não 
estabeleceu taxa máxima de juros para o Sistema 
Financeiro de Habitação, mas, apenas, uma 
condição para que fosse aplicado o art. 5° do 
mesmo diploma legal. 
Precedentes. 3. Não haverá julgamento extra 
petita quando o juiz ou tribunal pronunciar-se de 
ofício sobre matérias de ordem pública, entre as 
quais se incluem as cláusulas contratuais 
consideradas abusivas (arts. 1º e 51 do CDC). 
Precedente. 4. Recurso especial provido em parte. 
REsp 1013562 / SC - 2007/0289849 – 0 – Relator: 
Ministro CASTRO MEIRA - Órgão Julgador: 
SEGUNDA TURMA - Data do Julgamento: 
07/10/2008 - Data da Publicação/Fonte: DJe 
05/11/2008. Existe outra música de Roberto 
Carlos, em que o “Rei” critica o progresso e apela 
para o bom senso, que soa muito bem nesta hora: 
“Eu não posso aceitar certas coisas que eu não 
entendo”. 
Conceição do Coité, 05 de maio de 2009 
 
* Juiz de Direito em Conceição do Coité – Ba. 
 
www.gerivaldoneiva.blogspot.com 
 Norma de Interesse Social: normas de importância 
relevante para a sociedade como um todo, não 
interessando somente às partes consumidores e 
fornecedores. A doutrinadora Cláudia Lima 
Marques sustenta que as leis consumeristas são 
“leis de função social”. 
 Microssistema Jurídico
2
 
 Norma Principiológica: São normas que veiculam 
valores, estabelecem os fins a serem alcançados, 
ao contrário das regras que estipulam hipóteses 
do tipo preceito/sanção), contemplando claúsulas 
gerais
3
. 
 Direito Fundamental de 3ª Geração: Paulo 
Bonavides, aponta a sequência dos direitos 
 
2O CDC outorgou tutelas específicas ao 
consumidor nos campos civil (art. 8º a 54º), 
administrativo ( arts. 55 a 60 e 105 a 106), penal 
(arts. 61 a 80) e jurisdicional (arts. 81 a 104).Ver 
também: ALMEIDA, João Batista de. Manual de 
Direito do consumidor. São Paulo: Saraiva, 
2003. p. 52. 
3GARCIA, Leonardo. Direito do consumidor, 
código comentado e jurisprudência Impetus, 2008. 
p. 5. 
fundamentais: liberdade (1ª geração); igualdade 
(2ªgeração) e fraternidade (3ª geração)
4
. Deve-se 
mencionar que a inclusão da defesa do 
consumidor como direito fundamental na CF 
vincula o Estado e todos os demais operadores na 
defesa do vulnerável. Trata-se da “força normativa 
da constituição”. Em seu manual de direito do 
consumidor, Cláudia Lima Marques, chama tal fato 
de direito privado solidário
5
. Hoje, os direitos 
fundamentais penetram nas relações privadas 
(eficácia horizontal dos direitos fundamentais), já 
se os direitos fundamentais forem aplicados na 
relação indivíduo e Estado, chamamos de eficácia 
vertical dos direitos fundamentais. 
Exemplo: Não possibilidade de prisão do 
depositário infiel: STF, HC n. 87585-TO. Súmula 419 do STJ. 
 
 ossistema Jurídico? 
 Norma de Ordem Pública: STJ, REsp n. 292942 e 
REsp n. 541153 
Conceito de consumidor 
Art. 2° Consumidor é toda 
pessoa física ou jurídica que 
adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. 
Parágrafo único. Equipara-se a 
consumidor a coletividade de 
pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja 
intervindo nas relaçõesde 
consumo. 
 
 Quem o destinatário final? 
 Três teorias discutem acerca do tema. Vejamos: 
1ª Finalista: É a pessoa física ou jurídica que seja 
destinatário final, é o que retira o produto do mercado, 
para seu uso pessoal, para satisfazer sua necessidade 
pessoal e não para acoplá-lo a outro e mantê-lo na cadeia 
econômica. Ex. Um advogado compra um ar condicionado 
para instalar no quarto de sua casa, seria o destinatário 
final deste produto. Mas se ele, no mesmo momento 
compra um outro ar condicionado para instalar no seu 
escritório para dar mais conforto aos seus clientes ele já 
não seria considerado destinatário final, porque ele 
mantendo o produto na cadeia econômica 
 
2ª Maximalista: Para esta corrente basta retirar o 
produto da cadeia de produção. Então o advogado que 
 
4BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 9. ed. São 
Paulo: Malheiros, 2000. p. 156. 
5Manual de direito do consumidor. São Paulo:RT, 2008. p. 27. 
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instala o ar condicionado no seu escritório, não sendo o 
produto vendido será considerado consumidor destinatário 
final 
 
3ª Finalista Mitigada/Aprofundada: A regra do 
CDC era a adoção da Teoria Finalista Pura, ocorre que o STJ 
mudou seu entendimento e passou a adotar tal teoria. Diz o 
STJ que é importante que se reconheça em situações 
específicas abrandar o rigor do critério subjetivo do 
conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do 
CDC nas relações entre fornecedores e consumidores-
empresários em que fique evidenciada a relação de 
consumo. Assim, consumidor também poderia ser 
considerado a pequena pessoa jurídica que adquire 
produtos ou serviços que não serão diretamente utilizados 
como insumos para a sua atividade final, mas que para o 
alcance dela são indispensáveis 
 
O estudo da vulnerabilidade, suas espécies e a 
jurisprudência 
 
 Técnica: é o desconhecimento específico 
sobre o serviço ou bem adquirido, sendo presumida para o 
consumidor não-profissional, mas que também pode atingir 
o profissional, em situações excepcionais; 
 Jurídica: também englobando o 
desconhecimento contábil ou econômico. Presumida para o 
consumidor não-profissional e para a pessoa física, não 
alcança os profissionais e as pessoas jurídicas, pois deles 
necessitam para o exercício de sua atividade profissional ou 
podem contar com profissionais habilitados para suprir-lhes 
a deficiência; 
 Fática ou socioeconômica:fica o 
consumidor em desvantagem frente ao fornecedor do 
ponto-de-vista contratual, que “por seu grande poder 
econômico ou em razão da essencialidade do serviço, 
impõe sua superioridade 
 Informacional: falta de informações 
essenciais sobre o produto. Trata-se de uma violação do 
dever principal da informação. 
 
O estudo do consumidor equiparado 
 
São eles: 
1º Art. 
2º§ 
Único 
Equipara-se a 
consumidor a 
coletividade de 
pessoas, ainda 
que 
indetermináveis, 
que haja 
intervindo nas 
relações de 
consumo. 
 
2º Art. 
17 
Para os efeitos 
desta Seção, 
equiparam-se aos 
consumidores 
todas as vítimas 
do evento
6
. 
 
3º Art. 
29 
Para os fins deste 
Capítulo e do 
seguinte, 
equiparam-se aos 
consumidores 
todas as pessoas 
determináveis ou 
não, expostas às 
práticas nele 
previstas. 
O estudo do fornecedor7 
 
6Código de Defesa do Consumidor. Acidente aéreo. Transporte 
de Malotes. Relação de consumo. Caracterização. 
Responsabilidade pelo Fato do serviço. Vítima do evento. 
Equiparação a consumidor. Art. 17 do CDC. I – Resta 
caracterizada relação de consumo se a aeronave que caiu sobre a 
casa das vítimas realizava serviço de transporte de malotes para um 
destinatário final, ainda que pessoa jurídica, uma vez que o artigo 
2º do Código de Defesa do Consumidor não faz tal distinção, 
definindo como consumidor, para os fins protetivos da lei, “[...] 
toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final". Abrandamento do rigor técnico do 
critério finalista. II – Em decorrência, pela aplicação conjugada 
com o art. 17 do mesmo diploma legal, cabível, por equiparação, o 
enquadramento do autor, atingido em terra, no conceito de 
consumidor. Logo, em tese, admissível a inversão do ônus da prova 
em seu favor. Recurso especial provido.” (STJ. REsp n. 540235-
TO. Relator: Min. Castro Filho. Terceira Turma. Julgado em 
07.02.2006, DJ, 06.03.2006, p. 372) 
7Vide os artigos do CDC que tratam do fornecedor: 
“Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo 
não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, 
exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de 
sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer 
hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu 
respeito. 
Parágrafo único. Em se tratando de produto industrial, ao 
fabricante cabe prestar as informações a que se refere este artigo, 
através de impressos apropriados que devam acompanhar o 
produto.” 
“Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou 
estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da 
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, 
construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou 
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações 
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 
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§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que 
dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as 
circunstâncias relevantes, entre as quais: 
I – sua apresentação; 
II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; 
III – a época em que foi colocado em circulação. 
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de 
melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não 
será responsabilizado quando provar: 
I – que não colocou o produto no mercado; 
II – que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito 
inexiste; 
III – a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.” 
“Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do 
artigo anterior, quando: 
I – o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não 
puderem ser identificados; 
II – o produto for fornecido sem identificação clara do seu 
fabricante, produtor, construtor ou importador; 
III – não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado 
poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, 
segundo sua participação na causação do evento danoso.” 
“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente 
da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos 
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem 
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua 
fruição e riscos. [...] 
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será 
apurada mediante a verificação de culpa. 
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não 
duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou 
quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo 
a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assimcomo por 
aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, 
respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição das partes viciadas. [...] 
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será 
responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto 
quando identificado claramente seu produtor.” 
“Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios 
de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às 
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou 
de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua escolha: [...] 
§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a 
pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido 
segundo os padrões oficiais.” 
“Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a 
reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a 
obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição 
originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações 
técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização 
em contrário do consumidor.” 
“Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que 
impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista 
nesta e nas seções anteriores. [...] 
Fornecedor. Fornecedor é toda pessoa física ou 
jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem 
como os entes despersonalizados, que desenvolvem 
atividade de produção, montagem, criação, construção, 
transformação, importação, exportação, distribuição ou 
comercialização de produtos ou prestação de serviços. Os 
serviços realizados mediante pagamento de tributos não se 
submetem aos preceitos consumeristas, pois observa-se a 
figura de um contribuinte e não de um consumidor. O que 
são entes despersonalizados? São aqueles que não 
possuem a personalidade jurídica, por exemplo, família que 
realiza a venda de salgados com habitualidade. Importante 
destacar, que aqui também são inseridas as pessoas 
jurídicas de fato. Não estão excluídos do conceito de 
fornecedores os entes públicos, toda vez que, por si ou por 
seus concessionários, atuem no mercado de consumo, 
prestando serviço mediante a cobrança de preço. O 
conceito, assim, envolve todos os que propiciem a oferta de 
produtos e serviços no mercado de consumo, de maneira a 
atender às necessidades dos consumidores. Em suma: É 
qualquer pessoa no desempenho de atividade mercantil ou 
civil de forma habitual. 
O estudo dos elementos objetivos da relação de 
consumo 
Art. 3° Fornecedor é toda 
pessoa física ou jurídica, pública 
ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes 
despersonalizados, que 
desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, 
construção, transformação, 
importação, exportação, 
distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de 
serviços. 
 
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao 
produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, 
construtor ou importador e o que realizou a incorporação.” 
“Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta 
de componentes e peças de reposição enquanto não cessar a 
fabricação ou importação do produto. 
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta 
deverá ser mantida por período razoável de tempo, na forma da 
lei.” 
“Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso 
postal, deve constar o nome do fabricante e endereço na 
embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na 
transação comercial. 
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por 
telefone, quando a chamada for onerosa ao consumidor que a 
origina.” 
 
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§ 1° Produto é qualquer bem, 
móvel ou imóvel, material ou 
imaterial. 
§ 2° Serviço é qualquer 
atividade fornecida no 
mercado de consumo, 
mediante remuneração, 
inclusive as de natureza 
bancária, financeira, de crédito 
e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de 
caráter trabalhista. 
 
O Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, 
material ou imaterial. Já o serviço é qualquer atividade 
fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, 
de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações 
de caráter trabalhista. Importa mencionar que alguns 
serviços são excluídos como: A relação do cotista e o clube 
de investimento, os serviços de natureza ut universi, pois 
aqui não observamos o consumidor e sim um contribuinte, 
a relação do advogado com o cliente é tema controvertido 
nos tribunais, a relação do franqueado com o franqueador
8
. 
O estudo dos princípios 
1º PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE: 
 
Art. 4º A Política Nacional das 
Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das 
necessidades dos consumidores, 
o respeito à sua dignidade, 
saúde e segurança, a proteção 
de seus interesses econômicos, 
a melhoria da sua qualidade de 
vida, bem como a transparência 
e harmonia das relações de 
consumo, atendidos os 
seguintes princípios: 
I – reconhecimento da 
vulnerabilidade do consumidor 
no mercado de consumo; 
 
Trata-se de característica principal do consumidor, 
pois ele não possui o controle sobre os bens de produção
9
. 
 
 
8Estão excluídas da tutela consumerista aquelas atividades 
desempenhadas a título gratuito. Atenção! Se o serviço for 
aparentemente gratuito podemos incluir o mesmo na tutela 
consumerista. Vide REsp n. 566468/RJ. 
9Vide REsp n. 90366-MG. 
Nota! Vulnerabilidade não se confunde com 
hipossuficiência. 
 
2º PRINCÍPIO DO DEVER GOVERNAMENTAL: 
 
Art. 4º [...] 
II – ação governamental no 
sentido de proteger 
efetivamente o consumidor: 
a) por iniciativa direta; 
b) por incentivos à criação e 
desenvolvimento de 
associações representativas; 
c) pela presença do Estado no 
mercado de consumo; 
d) pela garantia dos produtos e 
serviços com padrões 
adequados de qualidade, 
segurança, durabilidade e 
desempenho. 
 
Por ser o elo mais fraco na relação, surge a 
necessidade de sua proteção pelos meios legislativos e 
administrativos, buscando a equidade nesta situação
10
. 
 
3º PRINCÍPIO DA HARMONIZAÇÃO DOS INTERESSES E DA 
GARANTIA DE ADEQUAÇÃO: 
Art. 4º [...] 
III – harmonização dos 
interesses dos participantes das 
relações de consumo e 
compatibilização da proteção 
do consumidor com a 
necessidade de 
desenvolvimento econômico e 
tecnológico, de modo a 
viabilizar os princípios nos quais 
se funda a ordem econômica 
(art. 170, da Constituição 
Federal), sempre com base na 
boa-fé e equilíbrio nas relações 
entre consumidores e 
fornecedores; 
 
Aqui citamos José Geraldo Brito Filomeno, que 
apresenta instrumentos para a harmonização: a) o 
marketing de defesa do consumidor (SACs); b) a convenção 
coletiva de consumo; c) práticas de recall. 
 
 
10STJ. MS n. 4138-DF. 
 
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4º PRINCÍPIO DO EQUILIBRIO NAS RELAÇÕES DE CONSUMO: 
ver art. 4º, III, in fine 
 
5º PRINCIPIO DA BOA- FÉ OBJETIVA: art. 4º, III, in fine 
 
6º PRINCÍPIO DA EDUCAÇÃO E INFORMAÇÃO DOS 
CONSUMIDORES: 
 
Art. 4º [...] 
IV – educação e informaçãode 
fornecedores e consumidores, 
quanto aos seus direitos e 
deveres, com vistas à melhoria 
do mercado de consumo; 
 
Dever dos fornecedores informar os consumidores 
a respeito dos seus direitos e deveres. 
 
7º PRINCÍPIO DO INCENTIVO AO AUTOCONTROLE: 
 
Art. 4º [...] 
V – incentivo à criação pelos 
fornecedores de meios 
eficientes de controle de 
qualidade e segurança de 
produtos e serviços, assim como 
de mecanismos alternativos de 
solução de conflitos de 
consumo; 
 
O estado deve incentivar os fornecedores a tomarem 
medidas e providências tendentes a solucionar eventuais 
conflitos. 
 
8º PRINCÍPIO DA COIBIÇÃO E REPRESSÃO DE ABUSOS NO 
MERCADO
11
: 
 
Art. 4º [...] 
VI – coibição e repressão 
eficientes de todos os abusos 
praticados no mercado de 
consumo, inclusive a 
concorrência desleal e 
utilização indevida de inventos 
e criações industriais das 
marcas e nomes comerciais e 
signos distintivos, que possam 
causar prejuízos aos 
consumidores; 
 
 
11Ver art. 39, CDC e RESp n. 698855-RJ 
9º PRINCÍPIO DA RACIONALIZAÇÃO E MELHORIA DOS 
SERVIÇOS PÚBLICOS. 
Art. 6º São direitos básicos do 
consumidor:[...] 
X – a adequada e eficaz 
prestação dos serviços públicos 
em geral. 
 
Art. 22. Os órgãos públicos, por 
si ou suas empresas, 
concessionárias, 
permissionárias ou sob 
qualquer outra forma de 
empreendimento, são 
obrigados a fornecer serviços 
adequados, eficientes, seguros 
e, quanto aos essenciais, 
contínuos. 
Parágrafo único. Nos casos de 
descumprimento, total ou 
parcial, das obrigações 
referidas neste artigo, serão as 
pessoas jurídicas compelidas a 
cumpri-las e a reparar os danos 
causados, na forma prevista 
neste código. 
 
10º PRINCÍPIO DO ESTUDO DAS MODIFICAÇÕES DO 
MERCADO
12
: 
 
Art. 4º [...] 
VIII – estudo constante das 
modificações do mercado de 
consumo. 
 
11º PRINCÍPIO DO ACESSO A JUSTIÇA: 
 
Art. 6º São direitos básicos do 
consumidor:[...] 
VIII – a facilitação da defesa de 
seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a 
seu favor, no processo civil, 
quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou 
quando for ele hipossuficiente, 
segundo as regras ordinárias de 
experiências; 
 
 
12Vide os seguintes julgados: TJMG. Apelação n. 1014503062721-
3/001; STJ. REsp n. 566468-RJ. 
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Art. 83. Para a defesa dos 
direitos e interesses protegidos 
por este código são admissíveis 
todas as espécies de ações 
capazes de propiciar sua 
adequada e efetiva tutela. 
 
O estudo dos direitos básicos 
Os direitos básicos do consumidor são aqueles 
interesses mínimos, materiais ou instrumentais, 
relacionados a direitos fundamentais universalmente 
consagrados que, diante de sua relevância social e 
econômica, pretendeu o legislador expressamente tutelar. 
 
Contudo, deve-se entender que o rol trazido pelo 
art. 6º, do CDC, não se revela exaustivo, servindo mais 
como uma pauta do que vem disciplinado nos artigos 
seguintes. 
 
 Proteção à incolumidade física do consumidor, 
direito de segurança 
 
Os consumidores têm direito a não ser expostos a 
perigos que ponham em risco sua incolumidade física. Há, 
para os fornecedores, o dever de certificar que seus 
produtos e serviços não atentem contra a saúde ou a 
segurança dos consumidores, salvo aqueles riscos 
considerados normais e previsíveis. 
 
 Educação 
 
A educação deve ser encarada do ponto de vista 
formal (ministrada em todos os graus em escolas públicas e 
privadas) e informal (de responsabilidade dos próprios 
fornecedores). 
A educação visa a alertar os consumidores com relação a 
eventuais riscos representados à sua saúde, por exemplo, 
mas também para que se garanta “liberdade de escolha e 
igualdade de contratação”, notadamente no que tange às 
cláusulas contratuais. 
 
 Informação adequada e clara 
 
Trata-se do “dever de informar bem o público 
consumidor sobre todas as características importantes de 
produtos e serviços”, para que a aquisição deles seja feita 
com base no exato conhecimento do que se pode esperar. 
É reflexo do princípio da transparência e está diretamente 
ligado ao princípio da vulnerabilidade. 
 
Oferta: Suficientemente precisa = aquela que 
contenha elementos claros para que possam ser 
identificados os seus termos, tais como marca do produto, 
condições de pagamento etc. O puffing em princípio não 
obrigam os fornecedores, porém em relação ao preço o 
mesma vincula (o melhor preço da capital). O Erro Grosseiro 
faz com que a oferta não vincule (foge do padrão da 
normalidade, ou seja, do que se observa usualmente).O art. 
30 ≠ do art. 429§único.(vide art. 51 XI). OBS: Não se aplica o 
art. 427 do CC as regras do CDC. 
 
 Proteção contra publicidade enganosa e abusiva e 
práticas comerciais condenáveis 
 
O consumidor deve ser protegido não apenas 
quando da contratação do produto ou serviço, mas quando 
da oferta (inclusive quando feita através de publicidade). A 
oferta se vincula ao contrato, na medida em que o produto 
ou serviço deve estar em conformidade com o que foi 
previamente oferecido. 
 
 Proteção contra cláusulas contratuais abusivas 
 
O princípio do equilíbrio é o regente dessa 
proteção. O consumidor tem direito à revisão do contrato, 
sempre que este contiver cláusulas que o tornem 
excessivamente oneroso. 
 
 Prevenção e reparação de danos individuais e 
coletivos e acesso à justiça 
 
Danos eventualmente causados ao consumidor, 
sejam materiais ou morais, individuais ou coletivos, devem 
ser reparados. Essa reparação não significa 
necessariamente indenização, podendo se constituir em 
determinação do cumprimento de obrigações de fazer ou 
não por parte do fornecedor. Nesse tocante, o CDC se 
apresenta como um avanço do ponto de vista processual, 
introduzindo regras e princípios que influenciaram o CPC, 
principalmente no que tange à defesa coletiva em juízo. O 
dano pode ser: 
 
a) Dano material 
 
Consiste na lesão concreta que atinge interesses 
relativos a um patrimônio, acarretando sua perda total ou 
parcial. 
 
b) Dano emergente, lucro cessante e perda de chance 
 
Dano emergente é aquele que atinge o 
patrimônio presente da vítima. O lucro cessante atinge o 
patrimônio futuro da vítima, impedindo seu crescimento. 
Lembre-se, aqui, de que não pode ser realizado pedido de 
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lucros cessantes de atividades ilícitas. A perda de uma 
chance consiste na destruição de uma possibilidade de 
ganho, a qual, embora incerta, apresenta contornos de 
razoabilidade.
13
 O benefício não era certo, era aleatório, 
mas havia uma chance e essa tinha um valor econômico. O 
magistrado deverá se valer da proporcionalidade para fixar 
a indenização.
14
 O caso mais comentado é o do Show do 
Milhão em que determinada participante deixou de ganhar 
prêmio, pois a pergunta realizada não tinha fundamentação 
para ser respondida.
15
 
 
13Perda de uma chance de uma cura: Ação de indenização. Dano 
moral. Morte de familiar. Falha na prestação do serviço. 
Demora injustificada para o fornecimento de autorização para 
cirurgia. Majoração do quantum indenizatório. Provimento. I. 
O valor indenizatório deve ser compatível com a intensidade do 
sofrimento do recorrente, atentando, também, para as condições 
socioeconômicas das partes, devendo ser fixado com temperança. 
II. A indenização fixada na origemé ínfima, segundo as 
circunstâncias do caso e destoa dos valores aceitos por esta Corte 
para casos semelhantes, isto é, de dano moral decorrente de morte 
de familiar por falha na prestação do serviço, consubstanciada na 
demora injustificada para o fornecimento de autorização para 
cirurgia, devendo, portanto, ser majorada para o valor de R$ 
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais), atualizados 
monetariamente a contar da data deste julgamento. Recurso 
especial provido (STJ, REsp n. 1.119.962. rel.: Ministro Sidnei 
Beneti, 3ª Turma. j. em 01.10.2009, DJe, 16.10.2009). 
14Neste sentido, Guilherme Couto de Castro defende que o justo e 
correto é pagar o meio termo. Mas há casos muito delicados, que 
não se encaixam na balança da mera probabilidade. Esses casos 
provocam certa discussão, em boa parte porque não se pode 
adequá-los à ideia de dano patrimonial, e sim de dano moral em 
sentido amplo (na maior parte punitivo). Exemplo recorrente é o do 
advogado que perde o prazo do apelo e é condenado a indenizar o 
cliente (Direito civil Lições. 3. ed. Impetus, 2009. p. 177-178). 
15Recurso especial. Indenização. Impropriedade de pergunta 
formulada em programa de televisão. Perda da oportunidade. 
1. O questionamento, em programa de perguntas e respostas, pela 
televisão, sem viabilidade lógica, uma vez que a Constituição 
Federal não indica percentual relativo às terras reservadas aos 
índios, acarreta, como decidido pelas instâncias ordinárias, a 
impossibilidade da prestação por culpa do devedor, impondo o 
dever de ressarcir o participante pelo que razoavelmente haja 
deixado de lucrar, pela perda da oportunidade. 2. Recurso 
conhecido e, em parte, provido (REsp n. 788.459/BA, rel. Ministro 
Fernando Gonçalves, 4ª Turma, j. em 08.11.2005, DJ, 13.03.2006, 
p. 334). 
Responsabilidade. Médico. Teoria. Perda. Chance. A relação 
entre médico e paciente é contratual em regra. Salvo cirurgias 
plásticas embelezadoras, caracteriza-se como obrigação de meio, 
na qual é imprescindível, para a responsabilização do médico, a 
demonstração de culpa e nexo de causalidade entre a sua conduta e 
o dano causado, uma vez que se trata de responsabilidade subjetiva. 
No caso, o Tribunal a quo reconheceu a inexistência de culpa e 
nexo de causalidade entre a conduta do profissional e a morte do 
paciente, o que constitui fundamento suficiente para excluir de 
condenação o médico. A chamada teoria da perda da chance, 
adotada em tema de responsabilidade civil, aplica-se quando o 
dano seja real, atual e certo, dentro de um juízo de probabilidade, e 
e) Dano Moral
16
 
 
Ocorre dano moral quando há lesão
17
 a direitos da 
personalidade, tais como o direito à incolumidade corporal, 
à imagem e ao bom nome.
18
 Lembra-se de que o mero 
dissabor não gera ofensa moral e consequentemente não 
poderíamos falar em compensação
19
. 
 Inversão do ônus da prova 
 
É direito do consumidor, quando for verossímil sua 
alegação ou quando for hipossuficiente, ver determinada a 
inversão do ônus da prova a seu favor. Contudo, deve o juiz 
verificar, no caso concreto, a necessidade de ser concedida 
 
não mera possibilidade, porquanto o dano potencial ou incerto, no 
espectro da responsabilidade civil, em regra, não é indenizável. O 
acórdão recorrido concluiu haver mera possibilidade de o resultado 
morte ter sido evitado caso o paciente tivesse acompanhamento 
prévio e contínuo do profissional da saúde no período pós-
operatório. Logo, inadmissível a sua responsabilização com base na 
referida teoria. Diante do exposto, a Turma deu provimento ao 
recurso, julgando improcedente a ação de indenização por danos 
morais (REsp n. 1.104.665/RS, rel. Ministro Massami Uyeda, j. em 
09.06.2009). 
16Súmulas do STJ com referência ao dano moral: 
37 – “São cumulaveis as indenizações por dano material e dano 
moral oriundos do mesmo fato.” 
227 – “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.” 
281 – “A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação 
prevista na Lei de Imprensa.” 
326 – “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em 
montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência 
recíproca.” 
362 – “A correção monetária do valor da indenização do dano 
moral incide desde a data do arbitramento.” 
370 – “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de 
cheque pré-datado.” 
385 – “Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, 
não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima 
inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.” 
387 – “É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e 
dano moral.” 
388 – “A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano 
moral.” 
402 – “O contrato de seguro por danos pessoais compreende os 
danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão.” 
403 – “Independe de prova do prejuízo a indenização pela 
publicação não autorizada da imagem de pessoa com fins 
econômicos ou comerciais.” 
404 – “É dispensável o Aviso de Recebimento (AR) na carta de 
comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em 
bancos de dados e cadastros.” 
405 – “A ação de cobrança do seguro obrigatório (DPVAT) 
prescreve em três anos.” 
17Art. 186 do Código Civil. 
18STF, AGRG no RE n. 387.014-9-SP. 
19Ver os seguintes julgados: REsp’s nos 993876; 1021987; 878265; 
835531; 536458; 971.845; 338162. 
 
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a inversão, não se constituindo essa direito para todo e 
qualquer consumidor, em toda e qualquer situação. 
 
Irá ocorrer quando a alegação fundamentada pelo 
consumidor for verossímil ou quando ele for considerado 
hipossuficiente. O fato de estar incluído tal direito no rol 
numerus apertus do art. 6º, não se pode falar que o 
consumidor sempre será beneficiado. Em regra tal inversão 
ocorre em sede judicial, mas não existe nenhuma proibição 
de que a mesma ocorra em processos extrajudiciais, como 
nos processos administrativos. O CDC adotou a regra da 
distribuição dinâmica do ônus da prova, pois a inversão 
ficará a critério do magistrado. Já o CPC adotou a regra da 
distribuição estática do ônus da prova, cabendo ao autor os 
fatos constitutivos e ao réu os fatos impeditivos, 
modificativos e extintivos (IME), consoante a regra do art. 
333. Trata-se de regra abusiva, quando a inversão for 
estabelecida em prejuízo do consumidor (art. 51 VI do 
CDC). Sobre a sua ocorrência em se judicial a mesma 
poderá ope legis e ope judicis. Será ope legis, quando a lei 
expressamente assim definir, por exemplo,nos arts. 12, § 
3º, 14, § 3º e 38 todos do CDC. 
 
Em suma: Não necessita tal inversão uma avaliação 
subjetiva do juiz, ou seja, ela é automática. Já a inversão 
ope judicis, conforme mencionado, é aquela que ocorre a 
critério do juiz. Tem essa inversão um caráter residual, isso 
significa afirmar, que só será aplicada quando não 
estivermos diante das regras dos arts. 12, § 3º, 14, § 3º e 38 
do CDC. O consumidor tem obrigação de demonstrar o 
dano e o nexo de causalidade, mesmo que estejamos 
diante de hipótese de responsabilidade objetiva. Tema 
controvertido no STJ é se a inversão é discricionária ou 
vinculada diante da verossimilhança ou da hipossuficiência. 
Uma parte da doutrina entende que diante da regra do art. 
6, VIII estaria o juiz livre para informar se defere ou não a 
inversão, então estaríamos diante de um critério subjetivo. 
Com a devida vênia, procuro defender que diante de 
verossimilhança das alegações ou a hipossuficiência do 
consumidor, o magistrado estaria vinculado a inversão. 
A inversão do ônus da prova nas relações de 
consumo é direito do consumidor
20
, não sendo necessário 
que o Juiz advirtao fornecedor de tal inversão, devendo 
este comparecer à audiência munido, desde logo, de todas 
as provas com que pretenda demonstrar a exclusão de sua 
responsabilidade objetiva. 
 
 Prestação de serviços públicos adequados e 
eficazes 
 
 
20Art. 6º, caput, CDC. 
Além de ser assegurada a prestação de serviços 
públicos de qualidade, também tem o consumidor o direito 
ao bom atendimento do consumidor pelos órgãos públicos 
ou empresas concessionárias desses serviços. 
 
 Proteção à saúde e à segurança 
 
Os consumidores têm direito a consumir produtos 
e serviços que não lhes ponham em risco a saúde e a 
segurança. Contudo, alguns desses produtos e serviços são 
intrinsecamente perigosos ou nocivos. Cabe, então, ao 
fornecedor, garantir a devida proteção ao consumidor, 
através de informações adequadas ou medidas cabíveis. 
 
 A periculosidade dos produtos ou serviços 
Pode ser classificada da seguinte maneira: 
 
a) periculosidade latente ou inerente: produtos que trazem 
consigo um perigo peculiar e próprio, que é normal (em 
relação ao produto ou serviço) e previsível (em relação ao 
consumidor); 
 
b) periculosidade adquirida: diferentemente da 
periculosidade inerente, os produtos ou serviços 
apresentam defeitos de fabricação que põem em risco a 
incolumidade física do consumidor. Destarte, a 
periculosidade é sempre imprevista por ele. Esse defeito 
pode se apresentar de três modalidades básicas: defeitos 
de fabricação, defeitos de concepção (design ou projeto) e 
defeitos de comercialização (ou de informação ou de 
instrução); 
 
c) periculosidade exagerada: é aquele produto que mesmo 
com todos os devidos cuidados no que tange à informação 
dos consumidores, não são diminuídos os riscos 
apresentados não podendo ser inseridos no mercado de 
consumo. 
 
Atenção meu amigo! 
Responsabilidade por vício do produto e por 
vício do serviço21 
 Conceito: Ocorre toda vez que o consumidor 
adquire um produto ou um serviço que não esteja 
adequado, ou seja, de acordo com suas 
informações, gerando quebra da expectativa 
gerada do consumidor. 
 
 Tutela: A tutela no vício é o valor que fora gasto 
pelo bem. 
 
 
21Tratamento legal do vício no CDC: arts. 18 ao 25. 
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Art. 18. Os fornecedores de 
produtos de consumo duráveis 
ou não duráveis respondem 
solidariamente pelos vícios de 
qualidade ou quantidade que os 
tornem impróprios ou 
inadequados ao consumo a que 
se destinam ou lhes diminuam o 
valor, assim como por aqueles 
decorrentes da disparidade, 
com a indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou mensagem 
publicitária, respeitadas as 
variações decorrentes de sua 
natureza, podendo o 
consumidor exigir a substituição 
das partes viciadas. 
 
Obs.: Chamamos no direito do consumidor as hipóteses do 
artigo em estudo de concurso de ações. 
§ 1° Não sendo o vício sanado 
no prazo máximo de trinta dias, 
pode o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua 
escolha: 
I – a substituição do produto 
por outro da mesma espécie, 
em perfeitas condições de uso; 
II – a restituição imediata da 
quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
III – o abatimento proporcional 
do preço. 
§ 2° Poderão as partes 
convencionar a redução ou 
ampliação do prazo previsto no 
parágrafo anterior, não 
podendo ser inferior a sete nem 
superior a cento e oitenta dias. 
Nos contratos de adesão, a 
cláusula de prazo deverá ser 
convencionada em separado, 
por meio de manifestação 
expressa do consumidor. 
§ 3° O consumidor poderá fazer 
uso imediato das alternativas 
do § 1° deste artigo sempre 
que, em razão da extensão do 
vício, a substituição das partes 
viciadas puder comprometer a 
qualidade ou características do 
produto, diminuir-lhe o valor ou 
se tratar de produto essencial. 
§ 4° Tendo o consumidor 
optado pela alternativa do 
inciso I do § 1° deste artigo, e 
não sendo possível a 
substituição do bem, poderá 
haver substituição por outro de 
espécie, marca ou modelo 
diversos, mediante 
complementação ou restituição 
de eventual diferença de preço, 
sem prejuízo do disposto nos 
incisos II e III do § 1° deste 
artigo. 
§ 5° No caso de fornecimento 
de produtos in natura, será 
responsável perante o 
consumidor o fornecedor 
imediato, exceto quando 
identificado claramente seu 
produtor. 
§ 6° São impróprios ao uso e 
consumo: 
I – os produtos cujos prazos de 
validade estejam vencidos; 
II – os produtos deteriorados, 
alterados, adulterados, 
avariados, falsificados, 
corrompidos, fraudados, 
nocivos à vida ou à saúde, 
perigosos ou, ainda, aqueles em 
desacordo com as normas 
regulamentares de fabricação, 
distribuição ou apresentação; 
III – os produtos que, por 
qualquer motivo, se revelem 
inadequados ao fim a que se 
destinam. 
 
Art. 19. Os fornecedores 
respondem solidariamente 
pelos vícios de quantidade do 
produto sempre que, 
respeitadas as variações 
decorrentes de sua natureza, 
seu conteúdo líquido for inferior 
às indicações constantes do 
recipiente, da embalagem, 
rotulagem ou de mensagem 
publicitária, podendo o 
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consumidor exigir, 
alternativamente e à sua 
escolha: 
I – o abatimento proporcional 
do preço; 
II – complementação do peso 
ou medida; 
III – a substituição do produto 
por outro da mesma espécie, 
marca ou modelo, sem os 
aludidos vícios; 
IV – a restituição imediata da 
quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos. 
§ 1° Aplica-se a este artigo o 
disposto no § 4° do artigo 
anterior. 
§ 2° O fornecedor imediato será 
responsável quando fizer a 
pesagem ou a medição e o 
instrumento utilizado não 
estiver aferido segundo os 
padrões oficiais. 
 
Art. 20. O fornecedor de 
serviços responde pelos vícios 
de qualidade que os tornem 
impróprios ao consumo ou lhes 
diminuam o valor, assim como 
por aqueles decorrentes da 
disparidade com as indicações 
constantes da oferta ou 
mensagem publicitária, 
podendo o consumidor exigir, 
alternativamente e à sua 
escolha: 
I – a reexecução dos serviços, 
sem custo adicional e quando 
cabível; 
II – a restituição imediata da 
quantia paga, monetariamente 
atualizada, sem prejuízo de 
eventuais perdas e danos; 
III – o abatimento proporcional 
do preço. 
§ 1° A reexecução dos serviços 
poderá ser confiada a terceiros 
devidamente capacitados, por 
conta e risco do fornecedor. 
§ 2° São impróprios os serviços 
que se mostrem inadequados 
para os fins que razoavelmente 
deles se esperam, bem como 
aqueles que não atendam as 
normas regulamentares de 
prestabilidade. 
 
Art. 21. No fornecimento de 
serviços que tenham por 
objetivo a reparação de 
qualquer produto considerar-se-
á implícita a obrigação do 
fornecedor de empregar 
componentes de reposição 
originais adequados e novos, ou 
que mantenham as 
especificações técnicas do 
fabricante, salvo, quanto a 
estes últimos, autorização em 
contrário do consumidor. 
 
Art. 22. Os órgãos públicos, por 
si ou suas empresas, 
concessionárias, 
permissionárias ou sob 
qualquer outra forma de 
empreendimento, são 
obrigados a fornecer serviços 
adequados, eficientes, seguros 
e, quanto aos essenciais, 
contínuos. 
Parágrafo único. Nos casos de 
descumprimento, total ou 
parcial, das obrigações 
referidas neste artigo, serão as 
pessoas jurídicas compelidas a 
cumpri-las e a reparar os danos 
causados, na forma prevista 
neste código.Art. 23. A ignorância do 
fornecedor sobre os vícios de 
qualidade por inadequação dos 
produtos e serviços não o exime 
de responsabilidade. 
 
Art. 24. A garantia legal de 
adequação do produto ou 
serviço independe de termo 
expresso, vedada a exoneração 
contratual do fornecedor. 
 
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Art. 25. É vedada a estipulação 
contratual de cláusula que 
impossibilite, exonere ou 
atenue a obrigação de indenizar 
prevista nesta e nas seções 
anteriores. 
§ 1° Havendo mais de um 
responsável pela causação do 
dano, todos responderão 
solidariamente pela reparação 
prevista nesta e nas seções 
anteriores. 
§ 2° Sendo o dano causado por 
componente ou peça 
incorporada ao produto ou 
serviço, são responsáveis 
solidários seu fabricante, 
construtor ou importador e o 
que realizou a incorporação. 
 
Obs.: No artigo 18 não há nenhuma preocupação em se 
exonerar o comerciante quanto ao vício do produto e do 
serviço, respondendo em condições de igualdade com os 
demais membros da cadeia. O legislador não utiliza a 
expressão “independente de culpa”, mas embora não se 
valha de tal expressão, a responsabilidade pelo vício do 
produto ou serviço também é objetiva. 
 
Temos os aspectos da responsabilidade solidária 
de todos os membros da cadeia produtiva pelo vício do 
produto. 
 
Vicio aparente e vício oculto 
 
Art. 26. O direito de reclamar 
pelos vícios aparentes ou de 
fácil constatação caduca em: 
I – trinta dias, tratando-se de 
fornecimento de serviço e de 
produtos não duráveis; 
II – noventa dias, tratando-se 
de fornecimento de serviço e de 
produtos duráveis. 
§ 1° Inicia-se a contagem do 
prazo decadencial a partir da 
entrega efetiva do produto ou 
do término da execução dos 
serviços. 
§ 2° Obstam a decadência: 
I – a reclamação 
comprovadamente formulada 
pelo consumidor perante o 
fornecedor de produtos e 
serviços até a resposta negativa 
correspondente, que deve ser 
transmitida de forma 
inequívoca; 
II – (Vetado). 
III – a instauração de inquérito 
civil, até seu encerramento. 
§ 3° Tratando-se de vício oculto, 
o prazo decadencial inicia-se no 
momento em que ficar 
evidenciado o defeito 
Conceitos: 
 Vício aparente é o que se percebe no 1º exame 
que se faz no produto. Ex.:Você compra uma TV, 
tira da embalagem em casa, e vê que a tela está 
quebrada. 
 
 Vício de fácil constatação você não percebe no 1º 
exame, mas no primeiro ou nos primeiros usos. 
Ex.: compra a TV, tira da caixa está perfeita, mas só 
transmite em preto e branco. 
 
 Vício oculto: Aquele percebido depois de vários 
usos. Começa ocorrer o prazo para reclamação no 
momento de sua ciência. APLICAMOS AQUI A 
TEORIA DA VIDA ÚTIL. 
Fato do produto e do serviço 
Fato do produto é o dano, é o que se chama 
acidente de consumo. É quando em razão do vício, o 
produto ou serviço causa um dano ao consumidor. O fato 
do produto é muito mais grave que o vício, porque ele é um 
dano. Ex.: a TV explodiu e começo a pegar fogo e queimou 
as mãos do consumidor ou de terceiro. 
 
Todo aquele que sofre um dano em decorrência de 
um produto ou um serviço pode reclamar indenização 
diretamente do fornecedor do produto ou do serviço, 
mesmo que não tenha sido o adquirente do produto ou do 
serviço, mesmo que não seja o seu destinatário final. 
Art. 27. Prescreve em cinco 
anos a pretensão à reparação 
pelos danos causados por fato 
do produto ou do serviço 
prevista na Seção II deste 
Capítulo, iniciando-se a 
contagem do prazo a partir do 
conhecimento do dano e de sua 
autoria. 
Qual a diferenciação de tal prazo para o prazo do vício? 
 
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 Sendo o vício aparente, o prazo para reclamar vai 
se contar do fornecimento do serviço ou do bem. Já quando 
o vício é oculto, o início da contagem é diverso: será o do 
momento da constatação do defeito. A diferença de 
tratamento entre ambos se coloca no termo a quo, porque 
o prazo em si é o mesmo. 
 
Atenção! Nas ações entre segurados e seguradores, aplicar 
o prazo do art. 206§1º do CC/02, ou seja, não se deve 
utilizar o prazo do art. 27 do CDC. 
 
Bom Julgado! 
Risco da atividade 
Cuida-se de ação declaratória de inexistência de débito 
cumulada com indenização por danos morais em que a 
autora alega o furto de seu cartão de crédito e, apesar de 
avisar a administradora do cartão no mesmo dia, os valores 
das compras realizadas no comércio mediante assinatura 
falsa entre o momento do furto e a comunicação não foram 
assumidos pela instituição financeira. Por essa razão, teve 
seu nome inscrito no cadastro de proteção ao crédito. Para 
o Min. Relator, o consumidor não pode ser 
responsabilizado por despesas realizadas mediante 
falsificação de sua assinatura. Ademais, o acórdão 
recorrido, ao afastar a responsabilidade da administradora 
de cartões pela falta de tempo hábil para providenciar o 
cancelamento dos cartões, em realidade, acabou por 
imputar à consumidora a culpa pela agilidade dos 
falsificadores, transformando-a de vítima em responsável, 
esquecendo o risco da atividade exercida pela 
administradora de cartões. Dessarte, cabe à administradora 
de cartões, em parceria com a rede credenciada, a 
idoneidade das compras realizadas e o uso de meios que 
dificultem ou impossibilitem fraudes e transações 
realizadas por estranhos em nome do cliente, tudo isso, 
independentemente de qualquer ato do consumidor, tenha 
ou não ocorrido furto. Outrossim, embora existam 
precedentes que entendam que a demora em ajuizar a 
ação de indenização pode amenizar o dano moral, essa 
demora, para o Min. Relator, não possui qualquer 
relevância na fixação do dano, pois a ação não deve ser 
intentada sem que o lesado, como ocorreu no caso, 
procure composição amigável junto à ré. Com esse 
entendimento, a Turma restabeleceu a sentença. 
Precedentes citados: REsp 348.343-SP, DJ 26/6/2006, e 
REsp 237.724-SP, DJ 8/5/2000. REsp 970.322-RJ, Rel. Min. 
Luis Felipe Salomão, julgado em 9/3/2010. 
 
 
Desconsideração da personalidade jurídica 
 
 Trata-se de regra estipulado no art. 28 do CDC. 
Vejamos julgado sobre o tema: 
Responsabilidade civil e Direito do consumidor. Recurso 
especial. Shopping Center de Osasco-SP. Explosão. 
Consumidores. Danos materiais e morais. Ministério 
Público. Legitimidade ativa. Pessoa jurídica. 
Desconsideração. Teoria maior e teoria menor. Limite de 
responsabilização dos sócios. Código de Defesa do 
Consumidor. Requisitos. Obstáculo ao ressarcimento de 
prejuízos causados aos consumidores. Art. 28, § 5º. - 
Considerada a proteção do consumidor um dos pilares da 
ordem econômica, e incumbindo ao Ministério Público a 
defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos 
interesses sociais e individuais indisponíveis, possui o Órgão 
Ministerial legitimidade para atuar em defesa de interesses 
individuais homogêneos de consumidores, decorrentes de 
origem comum. 
- A teoria maior da desconsideração, regra geral no 
sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a 
mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente 
para o cumprimento de suas obrigações. 
Exige-se, aqui, para além da prova de insolvência, ou a 
demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da 
desconsideração), ou a demonstração de confusão 
patrimonial (teoria objetiva da desconsideração). 
- A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso 
ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do 
Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera 
prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento 
desuas obrigações, independentemente da existência de 
desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. 
- Para a teoria menor, o risco empresarial normal às 
atividades econômicas não pode ser suportado pelo 
terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos 
sócios e/ou administradores desta, ainda que estes 
demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo 
que não exista qualquer prova capaz de identificar 
conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou 
administradores da pessoa jurídica. 
- A aplicação da teoria menor da desconsideração às 
relações de consumo está calcada na exegese autônoma 
do § 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência desse 
dispositivo não se subordina à demonstração dos 
requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas 
apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa 
jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados 
aos consumidores. 
- Recursos especiais não conhecidos. (REsp 279273/SP, Rel. 
Ministro ARI PARGENDLER, Rel. p/ Acórdão Ministra 
NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 
04/12/2003, DJ 29/03/2004 p. 230) 
Das práticas comerciais 
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Oferta 
 
Trata-se de uma declaração inicial de vontade 
direcionada à realização de um contrato, dessa forma, a 
proposta integra o contrato. Basta o consentimento 
(aceitação) para conclusão do contrato (art. 427 e segs., do 
CC). Uma vez realizada a oferta (ou proposta), esta não 
desaparece por vontade unilateral do fornecedor, podendo 
o consumidor exigir o cumprimento da obrigação pelo 
fornecedor ou outro produto ou prestação equivalente (art. 
35). Assume, assim, a oferta, um caráter vinculante. Essa 
vinculação atua de duas maneiras: 
 
a) obriga o fornecedor a contratar, mesmo que haja 
negativa; 
 
b) obriga o fornecedor a contratar conforme o que haja 
ofertado, ainda que o contrato contrarie a oferta. 
 
O CDC, assim, revela a necessidade de se respeitar 
o consumidor mesmo na fase pré-contratual ou 
extracontratual, além da preocupação ética. A publicidade 
deve ser encarada como oferta, proposta contratual e, 
conforme o art. 30, vincula o fornecedor. 
 
Para tal, devem ser satisfeitos dois requisitos: 
 
a) veiculação da informação; 
b) precisão da oferta (informação ou publicidade): não se 
exigindo que o fornecedor se obrigue por naturais exageros 
publicitários. 
 
A oferta deve assegurar todas as informações 
sobre os produtos ou serviços, bem como sobre os riscos 
que os mesmos possam acarretar aos consumidores. Trata-
se do DEVER DE INFORMAÇÃO clara, precisa e em 
português (art. 31). 
 
A Lei n. 10.962/04 complementa o CDC ao dispor 
sobre a oferta e as formas de afixação de preços de 
produtos e serviços para o consumidor. Por meio de 
etiquetas ou similares, expostas em vitrines ou outros 
meios de divulgação, em auto-serviços, supermercados, 
hipermercados, mercearias ou estabelecimentos comerciais 
onde o consumidor tenha acesso direto ao produto, sem a 
intervenção do comerciante, mediante impressão ou 
afixação do preço do produto na embalagem ou afixação de 
código referencial ou de barras. 
 
O dever de informar nasce na fase pré-contratual, 
se estende quando a prestação já foi cumprida e vai 
inclusive até a fase pós-contratual (arts. 8º, 9º, 10, 12, 14, 
18, 20, 22, 30, 33, 34, 39, 40, 48, 51, 52, 54). Novamente o 
CDC impõe a responsabilidade solidária entre os 
fornecedores, no caso, pelos seus prepostos ou 
representantes autônomos (art. 34). 
 
Atenção! Lei 11.800/2008, acrescentou o parágrafo único 
no art. 33 do CDC. Lei 11989/09, acrescentou o parágrafo 
único ao art. 31 do CDC. 
 
Publicidade 
 
“Publicidade é qualquer forma paga de 
apresentação impessoal e promoção de idéias, como de 
bens ou serviços, por um patrocinador identificado” 
(conforme o Comitê de Definições da American Association 
of Advertising Agencies). Para fins de defesa do 
consumidor, diferencia-se a publicidade da propaganda, 
ainda que no uso cotidiano as expressões ganhem 
sinonímia. “A publicidade tem um objetivo comercial, 
enquanto a propaganda visa a um fim ideológico, religioso, 
filosófico, político, econômico ou social”. 
 
Certos princípios devem ser observados na publicidade: 
 
a) identificação da publicidade: não se admite a publicidade 
clandestina ou a subliminar (art. 36); 
b) vinculação contratual da publicidade (arts. 30 e 35); 
c) veracidade da publicidade: é proibida a publicidade 
enganosa (art. 37, § 1º); 
d) não abusividade da publicidade: devem ser reprimidos 
desvios que prejudiquem os consumidores (art. 37, § 2º); 
e) inversão do ônus da prova: decorrente do 
reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor (art. 
38); 
f) transparência da fundamentação da publicidade: conexo 
ao princípio da inversão do ônus da prova (art. 36, 
parágrafo único); 
g) correção do desvio publicitário: além da reparação civil 
dos danos, impõe-se a correção dos impactos da 
publicidade frente aos consumidores (art. 56, inc. XII). 
Práticas abusivas e cobrança de dívidas 
Prática abusiva é “a desconformidade com os 
padrões mercadológicos de boa conduta em relação ao 
consumidor”. O elenco do art. 39 é exemplificativo. 
Também são práticas abusivas todos os métodos 
comerciais coercitivos, como a exposição do consumidor ao 
ridículo, constrangimento ou ameaça, quando da cobrança 
de dívidas, conforme o art. 42. 
 
Cobrar uma dívida é ação lícita e corriqueira do 
credor em relação ao devedor. É evidente que todo 
fornecedor tem direito a receber o seu crédito. Entretanto, 
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não raro, os fornecedores cometem abusos, expondo o 
consumidor ao ridículo, principalmente quando ocorre à 
cobrança no ambiente de trabalho, quando os telefonemas 
são intimidadores, ameaças a integridade física etc. 
 
É necessário analisar o art. 42 em conjunto com o 
art. 71 que prevê caracterização penal, cuja sanção será 
detenção de 3 meses a 1 ano e multa. “Pegando carona” no 
CDC ou tentando se livrar dele, alguns fornecedores 
lançaram códigos próprios, que nada mais são do que 
manuais de conduta que não obrigam o fornecedor e não 
respaldam o consumidor. O CDC é norma de ordem pública 
e origem constitucional, portanto, de aplicação prioritária, 
estas outras normas podem ser aplicadas como 
complementação (art. 7º). 
 
Bancos de dados e cadastros de consumo 
Comumente nas relações comerciais o consumidor 
necessita preencher fichas com seus dados pessoais e, com 
este procedimento, é criado um banco de dados para os 
fornecedores. Da mesma forma, existe um banco de dados 
dos endividados (SPC). 
Os bancos de dados se distinguem dos cadastros de 
consumidores pela origem da informação (fonte) e pelo 
destino das mesmas. Os cadastros de consumidores são 
formados por informações fornecidas pelo próprio 
consumidor junto ao fornecedor (geralmente comerciante), 
para fins de estabelecer uma comunicação mais estreita e 
particularizada entre cliente e vendedor. 
 
Já os bancos de dados obtêm suas informações 
sobre os consumidores dos fornecedores. Sua intenção 
pode ser a “obtenção de informações para fins históricos, 
estatísticos, passando pelos arquivos de proteção ao 
crédito, até aqueles que coletam informações úteis para as 
companhias seguradoras”. Exemplos de bancos de dados 
são o SPC, SERASA, CCF etc. 
 
As informações que o consumidor colocar na ficha 
não podem ser usadas pela empresa para outras 
finalidades. A proteção vai de encontro ao princípio de 
proteção à privacidade (art. 5º, X, CF/88; Leicomplementar 
n. 105/2001 sobre sigilo bancário), da dignidade da pessoa 
humana, da proteção ao consumidor e dos direitos da 
personalidade (art. 170, V da CF/88 e Súmula n. 227, do 
STJ). O Código, para evitar que estas informações sejam 
usadas para outros fins, assegura ao consumidor: 
 
 direito de corrigir os dados incorretos; 
 a retirada das informações negativas após um 
período de 5 anos; 
 o conhecimento das informações sobre o 
consumidor que estejam no cadastro (Habeas 
Data); 
 a comunicação de abertura de ficha cadastral 
quando o consumidor não tiver pedido que seu 
cadastro seja aberto. Os bancos de dados e o 
fornecedor respondem solidariamente pela 
reparação dos danos causados ao consumidor. 
Atenção! 
 
Súmula 404 do STJ 
É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de 
comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu 
nome em bancos de dados e cadastros. 
 
Súmula: 385 
Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, 
não cabe indenização por dano moral, quando preexistente 
legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento. 
 
Súmula: 359 
Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao 
Crédito a notificação do devedor antes de proceder à 
inscrição. 
 
Súmula: 323 
A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos 
serviços de proteção ao crédito até o prazo máximo de 
cinco anos, independentemente da prescrição da execução. 
 
 
Proteção contratual 
 
O consumidor, vulnerável frente ao fornecedor, 
deve ser sempre protegido. Para tanto, e considerando-se 
que nos dias atuais, praticamente todos os contratos que 
digam respeito a relações de consumo são de adesão, o 
CDC tem por preocupação a observância da boa-fé objetiva 
(art. 4º, inc. III, e 51, inc. IV), posto que os contratos não 
podem ser analisados de acordo com a sistemática do CC. O 
que deve ser observado é a lealdade e a transparência, a 
“observância das legítimas expectativas inerentes ao 
negócio (boa-fé objetiva), com definição clara dos direitos e 
das obrigações das partes”. Não se está mais diante dos 
pilares que sustentaram a teoria contratual até o século XX 
e que se conformava a relações individuais: a) autonomia 
da vontade ou liberdade contratual; b) força vinculante ou 
força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda); c) 
relatividade dos efeitos contratuais. 
Na nova teoria contratual, introduzida pelo CDC, 
estes pilares devem ser revisitados, dentro da ótica 
consumerista. O contrato de adesão, ainda que não 
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proibido, tem limites impostos em lei, notadamente 
quando em suas cláusulas há limitação de direito do 
consumidor (art. 54, § 4º). 
 
Por outro lado, quando o consumidor contrata fora 
do estabelecimento comercial, tem o poder de exigir a 
rescisão contratual em até 7 (sete) dias após o recebimento 
do produto ou serviço. 
 
Tais negócios são estabelecidos na residência ou 
local de trabalho do consumidor, via telefone ou Internet. 
Para a desistência, dispensável é qualquer alegação ou 
motivo. 
 
A principal preocupação do CDC no que tange aos 
contratos de consumidor diz respeito às cláusulas abusivas 
neles insertas. O art. 51, de caráter não exaustivo, elenca 
cláusulas que, se existentes em um contrato, serão 
consideradas nulas de pleno direito (nulidade absoluta). 
Para tanto, não se deve levar em consideração qualquer 
malícia ou má-fé do fornecedor, mas a simples desconexão 
da cláusula com a boa-fé objetiva. 
 
A nulidade absoluta da cláusula não importará em 
nulidade do contrato, salvo se contaminar ou invalidar o 
negócio. É a observância doprincípio da conservação do 
contrato. O juiz, por seu turno, não ficará limitado à 
provocação da parte para a verificação da nulidade.

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