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Semiologia do aparelho respiratório Síndromes brônquicas e pleuropulmonares Gustavo Godoy Síndromes brônquicas Asma • Fisiopatologia: Inflamação crônica com hiperreatividade das vias respiratórias inferiores Edema de mucosa, constricção da musculatura lisa e hipersecreção das células brônquicas • QPD/HDA: Dispneia, aperto no peito, chieira, tosse (-/+) • Exame físico Inspeção: dispneia, musculatura acessória, tiragem Palpação: FTV normal ou diminuído Percussão: normal ou hipersonoridade Ausculta: diminuição do MV, sibilos Bronquite aguda • Fisiopatologia: Infecciosa • QPD/HDA: Sintomas gerais (febre, cefaleia, mal estar), dor retoresternal, disfonia, tosse (-/+) • Exame físico Inspeção: NDN Palpação: NDN Percussão: NDN Ausculta: estertores grossos, roncos e sibilos esparsos, inconstantes Bronquite crônica • Fisiopatologia: Excessiva secreção de muco na árvore brônquica (asma ou DPOC) • QPD/HDA: Tosse com expectoração mucopurulenta por meses, com melhora e piora (infecção, poluição, tabagismo) • Exame físico Ausculta (principal): estertores grossos disseminados, roncos e sibilos frequentes Bronquiectasias • Fisiopatologia: Dilatação brônquica por destruição dos ductos e tecidos de sustentação Congênita ou infecção, substâncias químicas, fibrose cística, discinesia ciliar, artrite reumatoide • QPD/HDA: Gerais (febre, sudorese, emagrecimento, astenia, tosse produtiva (manhã), hemoptise. • Exame físico (variável - local, extensao) Inspeção: baqueteamento Palpação: redução da expansibilidade Percussão: submacicez Ausculta: estertores grossos. Roncos e sibilos podem estar presentes Broncopneumonia • Acometimento brônquico e alveolar• Sem consolidação como na pneumonia• Exame físico: Estertores finos. Achados de bronquite Síndromes pulmonares Consolidação • Fisiopatologia: Pneumonia, infarto e tuberculose (TB) • QPD/HDA: Dispneia, tosse (-/+) quando produtiva, comum hemoptoico. Na TB hemoptise. Desconforto retroesternal e dor pleuritica • Exame físico Inspeção: expansibilidade reduzida Palpação: FTV aumentado Percussão: submacicez ou macicez Ausculta: respiração brônquica substituindo MV, broncofonia (aumento da ressonância vocal) ou egofonia, pectoriloquia e estertores finos. Pneumonia / condensação Atelectasia • Fisiopatologia: Neoplasia, muco, corpo estranho, compressão (ICC, derrame pleural, hemotoax, pneumotórax) • QPD/HDA (variável, extensão) Dispneia, desconforto no peito, tosse (-) • Exame físico Inspeção: retração do HT, tiragem Palpação: expansibilidade diminuída, FTV diminuído ou abolido Percussão: submacicez ou macicez Ausculta: respiração broncovesicular e ressonância vocal diminuída Atelectasia pulmonar Enfisema • Fisiopatologia: Hiperaeração em espaços distais ao bronquíolo terminal, modificações da parede alveolar que limitam o fluxo aéreo nos alvéolos • QPD/HDA: Dispneia progressiva, insuficiência respiratória • Exame físico - no início redução do MV e expiração prolongada. Inspeção: tórax em tonel, expansibilidade reduzida Palpação: FTV diminuído Percussão: hipersonoridade Ausculta: diminuição do MV, ressonância vocal diminuída · “ Blue bloater ” (inchado azul - bronquítico) · Obeso · Cianótico · Policitêmico · Cor pulmonale · Crises sucessivas · Conhecidos nos CTI · “ Pink puffer ” (soprador rosa - enfisematoso) · Magro (longilíneo) · Rosado · Sem muita tosse · Sem cor pulmonale · Quando descompensam tem mau prognóstico Bronquite crônica X enfisema Exemplos Caverna • Fisiopatologia: Eliminação de parênquima que sofreu necrose (abscesso, neoplasia, micose, TB) • QPD/HDA: Tosse (-) e vômica • Exame físico - periférica e mínimo de 4 cm Inspeção: expansibilidade reduzida Palpação: FTV aumentado Percussão: sonoridade normal ou timpânico Ausculta: respiração broncovesicular ou brônquica, ressonância vocal aumentada ou pectorilóquia Síndromes pleurais Pleurite • Fisiopatologia: Inflamação dos folhetos (TB, pneumonia, doenças reumáticas, colagenoses, viroses, neoplasias da pleura e pulmão) Aguda ou crônica, com ou sem derrame • QPD/HDA (seca, aguda): Dor, tosse, dispneia, febre e sintomas da causa • Exame físico (seca, aguda) Inspeção: expansibilidade reduzida Palpação: FTV diminuído Percussão: sonoridade ou submacicez Ausculta: atrito pleural Pleurite • QPD/HDA (crônica): Dor menos intensa ou ausente, dispneia aos grandes esforços • Exame físico (crônica) Inspeção: retração torácica e expansibilidade reduzida Palpação: FTV diminuído Percussão: submacicez ou macicez Ausculta: MV e ressonância vocal diminuídos Derrame • Fisiopatologia: Pleurite, pneumonia, neoplasia, colagenoses, insuficiência renal, síndrome nefrótica, ICC Aguda ou crônica, com ou sem derrame • QPD/HDA (seca, aguda): Dor diferente da pleuritica com intensidade dependente do volume, tosse (-), dispneia • Exame físico (seca, aguda) Inspeção: expansibilidade reduzida Palpação: FTV abolido Percussão: macicez, ressonância Skódica acima do derrame (hipersonoridade) Ausculta: MV abolido e egofonia Derrame pleural “ Parábola de Demoiseau ” Pneumotórax • Fisiopatologia: Ar no espaço pleural, trauma, ruptura de bolha, TB, pneumoconiose, neoplasia Mecanismo valvular, pressão positiva, desvio do mediastino • QPD/HDA (seca, aguda): Tosse (-), dispneia (depende do volume) • Exame físico (seca, aguda) Inspeção: normal, abaulamento espaço intercostal Palpação: expansibilidade e FTV diminuídos Percussão: hipersonoridade ou timpânico Ausculta: MV e ressonância vocal diminuídos Pneumotórax Prática Caso clínico 2 Um homem de 64 anos chega ao consultório devido a dispneia relacionada a esforço há um mês, tosse não- produtiva e dor tipo pleurítica à direita. Antecedentes: HAS, DM tipo 2, IRC (creatinina basal de 2 mg / dL) e DPOC. Fumou por 40 anos e parou há 4 anos. Exame físico: Temp 38,2 C, PA 128/72 mm Hg, FC 92 / min e FR 18 / min. Caso clínico 2 RX tórax: derrame pleural moderado à direita. Análise do líquido pleural: Proteínas 5,2g/dL Desidrogenase lática (DHL) 340U/L Celularidade 4500/mm3 (Neutrófilos 8%, Linfócitos 82%, Monócitos 10%. Análise do sangue: proteínas 6,0g/dL e DHL 120U/L Critérios de Light Proteína (pleural/soro) DHL (pleural/soro) Transudato < 0,5 Transudato < 0,6 Exsudato > 0,5 Exsudato > 0,6 Caso clínico 2 Qual dos seguintes é o mecanismo mais provável deste derrame pleural? A. Diminuição da pressão intrapleural B. Diminuição da pressão oncótica do plasma C. Lesão do ducto torácico D. Pressão hidrostática elevada E. Aumento da permeabilidade capilar Caso clínico 2 O líquido pleural deste paciente é exsudativo. Determinar a causa de um derrame exsudativo nem sempre é possível por sintomas e análise do líquido. No entanto, este paciente tem dor pleurítica e febre, sugerindo uma etiologia infecciosa ou inflamatória. Citocinas liberadas durante inflamação ou infecção aumentam a permeabilidade capilar, resultando na translocação de células e fluidos da vasculatura para o espaço pericapilar Caso clínico 2 Com análise de líquido pleural mostrando uma linfocitose moderada, proteínas e DHL elevadas, é bastante provável que este paciente tenha um derrame de origem tuberculosa. Estas efusões tendem a ocorrer no lado direito, e pH pleural e glicose normalmente são baixos. Embora o paciente não tenha fatores de risco tradicionais para a tuberculose (prisioneiro, viagem auma região endêmica, grupo de risco), IRC, DM e tabagismo aumentam o risco de reativação da tuberculose. Caso clínico 2 Um derrame pleural maligno também pode ter características semelhantes, embora a linfocitose do líquido pleural acima de 70% seja incomum Os derrames transudativos são marcados pelo movimento do fluido da microvasculatura para o espaço pleural através de uma parede vascular intacta, resultando em um derrame de baixo conteúdo proteico. Causas: diminuição da pressão intrapleural (atelectasias), diminuição da pressão oncótica do plasma (hipoalbuminemia) Caso clínico 2 Pressão hidrostática elevada (ICC) aumenta a pressão microvascular, empurrando o fluido através da membrana vascular para o espaço pleural Obstrução do ducto torácico - o quilotórax é rico em triglicerídeos (causas - malignidade ou trauma). Febre e dor no peito não são observados porque o quilo não provoca inflamação Caso clínico 2 Objetivo educacional: Os derrames transudativos são comumente causados por diminuição da pressão intratorácica ou oncótica do plasma ou elevada pressão hidrostática. Os derrames exsudativos são muitas vezes o resultado de aumento de permeabilidade da membrana capilar ou pleural ou rupturas da drenagem linfática
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