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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Departamento de Medicina Veterinária - Setor de Patolologia Animal Caixa Postal 131 – Campus Samambaia – CEP: 74001-970 Telefones: (62) 3521-1580/1584 – Fax: (62) 3521-1597 - Goiânia - Goiás ALTERAÇÕES PÓS-MORTE Revisado em 2015 - Profª. Moema Pacheco Chediak Matos Goiânia 2015 2 ALTERAÇÕES PÓS-MORTE 1. INTRODUÇÃO Alterações pós-morte ou cadavéricas, são todas aquelas alterações observadas num cadáver e que, comprovadamente, não tenham ocorrido no indivíduo em vida. É de grande importância o conhecimento das alterações cadavéricas a fim de se evitar que se confundam as alterações decorrentes da morte e as lesões provocadas em vida pelas doenças. Além disso, seu conhecimento possibilita, muitas vezes, estimar a hora da morte em casos de Medicina Legal. O termo tanatognose significa estudo da morte e o cronotanatognose significa estimativa da hora da morte. Esses termos derivam da língua grega onde khrónos significa tempo; thanatos, morte e gnosis significa conhecimento. Enquanto o termo necrose refere-se à morte de um tecido em um indivíduo vivo, a morte somática significa a morte do indivíduo como um todo. É mais sensato caracterizar a morte pelo somatório de uma série de fenômenos: perda da consciência; desaparecimento dos movimentos e do tônus muscular; parada dos movimentos respiratórios e do batimento cardíaco; perda da ação reflexa a estímulos táteis, térmicos e dolorosos; parada das funções cerebrais. Morte somática é a ruptura do equilíbrio biológico e físico-químico fundamentais à manutenção da vida. Tanatologia é o ramo da patologia que se ocupa com o estudo da morte. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 3 2.CLASSIFICAÇÃO A classificação das alterações pós-morte que segue é baseada na modificação do aspecto geral do cadáver. 2.1. Alterações cadavéricas abióticas: são aquelas que não modificam o cadáver no seu aspecto geral. Divide-se em: a) IMEDIATAS - significam morte somática, clínica ou geral. a.1. Insensibilidade a.2. Imobilidade a.3. Parada das Funções Cardíaca e Respiratória a.4. Inconsciência a.5. Arreflexia Após a morte, existe uma sequências de alterações previstas que podem ser modificadas na dependência de condições fisiológicas que ocorrem antes da morte, das condições do ambiente onde o animal se encontra e do tipo de morte, se intencional, natural ou acidental. b) MEDIATAS ou CONSECUTIVAS - significam autólise. b.1. Livor mortis ou hipostase cadavérica b.2. Algor mortis ou frialdade cadavérica b.3. Rigor mortis ou rigidez cadavérica b.4. Coagulação do sangue b.5. Embebição pela Hemoglobina b.6. Embebição pela Bile b.7. Timpanismo ou Meteorismo pós-morte b.8. Deslocamento, Torção ou Ruptura de Vísceras b.9. Pseudo-prolapso retal Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 4 2.2. Alterações cadavéricas transformativas: são aquelas que modificam o cadáver no seu aspecto geral, inclusive dificultando o trabalho de análise dos achados. Significam decomposição, putrefação ou heterólise. Sob o ponto de vista prático, só se deve realizar a necropsia se houver envolvimento judicial. Essas alterações podem ser classificadas em: a) Pseudo-melanose b) Enfizema tecidual c) Maceração d) Coliquação e) Redução Esquelética 3. FATORES QUE INFLUENCIAM NO APARECIMENTO ALTERAÇÕES PÓS-MORTE Alguns fatores podem alterar o aparecimento das alterações cadavéricas, antecipando ou postergando os sinais destas. 3.1. Temperatura ambiental: Quanto mais alta a temperatura, maior a velocidade de aparecimento das alterações cadavéricas. As temperaturas baixas inibem a ação e a síntese de enzimas proteolíticas, bem como o crescimento bacteriano. 3.2. Tamanho do animal: Quanto maior o animal, mais difícil se torna o seu resfriamento e portanto, maior a velocidade de instalação das alterações cadavéricas. 3.3. Estado de nutrição: Quanto maior o teor de glicogênio muscular mais tempo levará o Rigor mortis para se instalar. Porém, quanto melhor alimentado o animal, maior e mais gordo ele será, dissipando assim menos calor e com maior velocidade de instalação das demais alterações cadavéricas. 3.4. Causa mortis: Infecções clostridiais e septicemias com hipertermia pré-agônica, tétano, intoxicações com estricnina e traumatismos encefálicos com tetania e hipertermia aceleram a instalação de alterações cadavéricas. 2.5. Cobertura tegumentar: Pêlos, penas, lã e camada de gordura diminuem a dissipação de calor e aumentam a velocidade de instalação das alterações cadavéricas. Exemplo: suíno, ovelha lanada, aves. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 5 4. RECONHECIMENTO DAS ALTERAÇÕES CADAVÉRICAS Num exame superficial do cadáver nota-se em primeiro lugar a paralisação do coração e respiração. Esta paralisação não é simultânea, visto que os batimentos cardíacos persistem mais tempo que os movimentos respiratórios. A morte somática de um indivíduo não acarreta a morte simultânea de todos os seus tecidos. Células individuais ou tecidos podem permanecer vivos durante um curto e variável período de tempo após a morte clínica, possibilitando assim os transplantes de órgãos. Algumas atividades podem continuar como terminação de mitoses já iniciadas e a capacidade fertilizante dos espermatozóides, mesmo após a morte, por algum tempo. A autólise é a auto digestão dos tecidos produzida pelas enzimas lisossômicas citoplasmáticas, após a morte. Em alguns tecidos, tais como as mucosas do estômago ou da vesícula biliar, fígado, pâncreas, testículo e rim as alterações autolíticas são rápidas, já no tecido tegumentar, muscular e no ósseo os fenômenos autolíticos são mais lentos. Em geral quanto mais diferenciado for o tecido, mais rápida será a instalação do processo de autólise, devido ao alto índice metabólico e, por conseguinte, maior necessidade de nutrientes e oxigênio. Assim os tecidos parenquimatosos se autolisam mais rapidamente que o tecido conjuntivo. A autólise precoce traz como conseqüência a perda de detalhes celulares e tintoriais, que podem causar alguma confusão e dificuldade para o diagnóstico diferencial com os processos degenerativos. O citoplasma torna-se granuloso e hialino, há perda dos limites celulares e da afinidade pelos corantes. A ausência de reação inflamatória e a ocorrência de hemólise intravascular diferenciam estas alterações da necrose. 4.1. Alterações Cadavéricas Abióticas: A. Algor Mortis É o resfriamento do corpo em função da parada dos processos metabólicos e perda progressiva das fontes energéticas. 1. Sinonímia: Arrefecimento cadavérico, frialdade cadavérica, frigor mortis. 2.Verificação: Resfriamento gradual do cadáver, até alcançar a temperatura ambiente, devido à dissipação do calor por evaporação. 3. Aparecimento após a morte: Depende da espécie, do estado de nutrição, da temperatura ambiente e da causa mortis. Em geral, torna-seperceptível três a quatro horas após a morte. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 6 4. Mecanismo de formação: Com a parada das funções vitais, inclusive do sistema termorregulador e com a evaporação atuando nas superfícies corporais, dissipando o calor, inicia-se um resfriamento gradual do corpo até equilibra-se com a temperatura ambiente. 5. Observações: Considera-se, em geral, a queda na temperatura corporal de um grau centígrado por hora após a morte (1oC/ hora). Caso o animal apresente tetania ou movimento de pedalagem intensos pré-agônicos, tais como os ocorridos no tétano, na intoxicação por estricnina e nos traumatismos do SNC, pode ocorrer inicialmente uma elevação na temperatura corpórea mesmo após a morte. Nos animais obesos a densa camada de gordura no subcutâneo funciona com isolamento ao interpor-se entre os órgãos e o meio externo constitui um obstáculo para o resfriamento do cadáver. Também quanto maior o animal, mais difícil seu resfriamento. Nos locais onde a temperatura é mais quente o desenvolvimento do algor mortis é mais lento que em ambientes B. Livor Mortis É a acomodação gravitacional do sangue para o lado de decúbito do animal 1. Sinonímia: Lividez cadavérica, hipostase cadavérica ou sanguínea. 2. Verificação: Manchas violáceas, nos locais de declive, que desaparecem pela compressão digital. 3. Aparecimento após a morte: Entre duas e quatro horas, se o animal permanece na mesma posição. 4. Mecanismo de formação: Com a parada da função cardíaca ocorre o acúmulo de sangue nas regiões mais baixas por ação da gravidade, uma vez que já não existe mais uma força oposta desenvolvida pelo bombeamento do sangue pelo coração. Logo após a morte, o sangue nas veias escorre por ação da gravidade em direção às partes mais baixas do corpo em contato com o solo. A hipostase cadavérica que se estabelece nas regiões de declive, provoca o aparecimento na pele de manchas azuladas ou violáceas que recebem o nome de manchas hipostáticas ou lividez. Estas são pouco evidentes nas áreas de contato do corpo com a superfície, áreas de pressão. Outro aspecto também é que mediante pressão ou mudando a posição do cadáver o sangue se desloca passivamente (antes da coagulação sanguínea), permitindo assim diferenciar tais manchas das hemorragias cutâneas. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 7 Nas vísceras também observamos as manifestações características da hipostase cadavérica. Deste modo, as manchas cadavéricas vistas na posição de declive do corpo e dos órgãos internos permitem saber a posição que ficou o cadáver após a morte. 5. Observação: Diferenciar da congestão hipostática, fenômeno circulatório, que ocorre com o animal em vida e que predispõe a processos diversos em virtude da desvitalização tecidual. C. Rigor Mortis É a condição na qual os músculos mostram-se rígidos e contraídos, não sendo possível a movimentação passiva das articulações. Após a morte somática ocorre a interrupção da circulação do sangue, no entanto a atividade muscular continua até a redução dos substratos energéticos celulares. Muito calor é produzido nesse período imediatamente após a morte e ocorre a diminuição progressiva do pH do músculo. O nível de oxigênio, o trifosfato de adenosina (ATP) e a creatina-fosfato também diminuem. Este enrijecimento está relacionado com a contração pós-morte das fibras musculares à medida que o ATP decresce. O ATP pode ser ressintetizado a partir do glicogênio e por isso há retardamento do enrijecimento dos músculos de animais bem alimentados e com alto teor de glicogênio muscular. As fibras musculares se encurtam desencadeando a fase de rigor. Esse processo é semelhante à contração muscular 1. Sinonímia: Rigidez cadavérica 2. Verificação: Tentando mover a mandíbula e as articulações das extremidades. Com a rigidez dos músculos, as articulações tendem a apresentar pouca mobilidade. 3. Aparecimento após a morte: Em torno de duas a quatro, dependendo principalmente do estado de nutrição do animal e da causa mortis. Nos animais caquéticos e nos que morreram de tétano, traumatismos no SNC, de intoxicações ou após exercícios musculares (movimentos de pedalagem), ocorre mais precocemente. 4. Duração: Em torno de 12 a 24 horas, dependendo do estado de nutrição e da causa mortis, sendo menos pronunciado e duradouro naqueles animais que morreram caquéticos ou após exercícios musculares intensos. 5. Mecanismos de formação: Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 8 a) Fase pré-rigor: Apesar da morte somática, o tecido muscular permanece ativo por algum tempo, com o glicogênio de reserva mantendo os ATP’s necessários ao metabolismo vital das fibras. O ATP é importante para manter a actina e a miosina separadas, durante o relaxamento muscular. Como não há oxigenação, ocorre aumento do ácido lático e diminuição do pH e do fosfato de creatina. b) Fase de rigor: Devido a redução da concentração de ATP, as fibras de actina e miosina permanecem ligadas estabelecendo um estado de contração da fibra muscular até que sejam destruídas pela autólise e ou heterólise. c) Fase de pós-rigor: Com a destruição da actina e miosina por enzimas proteolíticas, ocorre o relaxamento dos músculos. Esta fase indica o final da rigidez cadavérica e o inicio dos fenômenos putrefativos. 6. Observações: O enrijecimento tende a iniciar-se nos músculos involuntários atingindo posteriormente os voluntários, na seguinte seqüência: Coração - na 1a hora após a morte; Músculos respiratórios; Músculos mastigatórios; Músculos peri-oculares - promovendo a retração ocular; Músculos do pescoço; Músculos dos membros anteriores Músculos do tronco; Músculos dos membros posteriores. O término do enrijecimento segue esta mesma ordem. Em geral, temperaturas entre 5 ºC a 32ºC fazem com que a rigidez progrida na ordem cronológica citada anteriormente. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 9 ALTERAÇÕES BIOQUÍMICAS QUE DETERMINAM O RIGOR MORTIS MORTE AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO DIMINUIÇÃO DO OXIGÊNIO FLACIDEZ DA MUSCULATURA PRÉ-RIGOR Utilização do glicogênio AUMENTO DA GLICÓLISE ANAERÓBICA Produção de ATP Ácido lático (aumenta) Exaustão do ATP Redução do pH (Actina/miosina permanecem unidas) RIGOR MORTIS DESTRUIÇÃO DAS LIGAÇÕES DE MIOFIBRILAS PELAS ENZIMAS AUTOLÍTICAS FLACIDEZ MUSCULAR PÓS-RIGOR Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 10 D. Coagulação do Sangue 1. Verificação: Aparecimento de coágulos vermelhos (cruóricos), amarelos (lardáceos) e ou mistos nas câmaras cardíacas e nos vasos.2. Aparecimento após a morte: Em torno de duas horas. 3. Duração: Em torno de oito horas, com posterior hemólise do coágulo e formação de um líquido vermelho escuro. 4. Mecanismo de formação: Células endoteliais, leucócitos e plaquetas em hipóxia liberam a enzima tromboquinase que irá desencadear a formação de coágulos. 5. Observações: O coágulo post-morte deve ser diferenciado do trombo. COÁGULO TROMBO Liso Gelatinoso Elástico Brilhante Seco Friável Inelástico Sem brilho Está sempre solto do sistema cardiovascular Está sempre bem aderido à parede vascular/ cardíaca e quando retirados à necropsia deixam uma superfície rugosa e sem brilho. O coágulo lardáceo é mais observado em animais que morreram por enfermidades que cursam com alterações na composição sanguínea, como: o aumento dos glóbulos brancos, presentes em processos infecciosos; diminuição da quantidade de eritrócitos; presença de toxinas na circulação com alteração plaquetária, que desencadearia a liberação dos fatores precursores da coagulação determinando a formação do coágulo. O coágulo misto tem base inferior vermelho escuro e a superior amarelo acinzentado e consistência elástica, representando a separação das hemácias dos elementos sanguíneos da linhagem branca. É comum no eqüino, onde a velocidade de hemossedimentação é maior. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 11 E. Embebição pela Hemoglobina 1. Sinonímia: Embebição hemolítica ou sanguínea. 2. Verificação: Manchas avermelhadas nos endotélios vasculares, no endocárdio e nas vizinhanças de vasos. Essas manchas são mais evidenciáveis em tecidos claros como omento, mesentério, tecido subcutâneo. 3. Aparecimento após a morte: Em até de oito horas. 4. Mecanismo de formação: Devido à hemólise do coágulo, ocorre liberação da hemoglobina, que se difunde no vaso e na periferia deste. As hemácias contidas nos vasos sanguíneos com o passar do tempo sofrem hemólise e liberam a hemoglobina que livre, se infiltra nos tecidos e pode corar ligeiramente a luz dos vasos tais como a artéria aorta, o endocárdio ou as superfícies serosas, resultando em uma cor vermelha com variação de tonalidade dependendo da quantidade de pigmento hemoglobínico livre e variando do vermelho claro ao escuro. A Embebição Hemolítica frequentemente está associada aos fenômenos iniciais de autólise do cadáver. 1. Observações: A embebição pela hemoglobina deve ser diferenciada das hemorragias subendocárdicas e subendoteliais. Para isto basta fazer um corte e observar a profundidade da alteração. Na hemorragia a mancha avermelhada toma uma tonalidade mais viva e é sempre mais profunda; enquanto que na embebição pela hemoglobina a mancha é apenas superficial. F. Embebição pela Bile 1. Verificação: Constatação de uma coloração amarelo-esverdeada nos tecidos circunvizinhos à vesícula biliar. 2. Aparecimento após a morte: Muito variável. 3. Mecanismo de formação: A ação dos sais biliares promove uma autólise rápida da parede da vesícula que facilita a difusão dos pigmentos biliares que determina uma coloração semelhante a esses pigmentos nas estruturas próximas a vesícula biliar, como: fígado, estomago e alças intestinais. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 12 G. Meteorismo Pós-morte Distensão abdominal provocada pela formação de gases no sistema digestivo em decorrência da fermentação e putrefação do conteúdo gastrointestinal com a multiplicação de bactérias produtoras de gás. 1. Sinonímia: Timpanismo cadavérico. 2.Verificação: Distensão abdominal por gases formados no tubo gastrointestinal. 3. Aparecimento após a morte: Muito variável. 4. Mecanismo de formação: A fermentação e putrefação do conteúdo gastrointestinal ocasionam grande volume de gás, que distende as vísceras, aumentando a pressão intra- abdominal. 5. Observações: O meteorismo pos morte deve ser diferenciado do meteorismo ante morte. Observar quadro abaixo: DIFERENÇAS ENTRE METEORISMO ANTE E PÓS- MORTE METEORISMO PÓS-MORTE METEORISMO ANTE-MORTE - Ausência de alterações circulatórias na parede do tubo gastrointestinal -Hiperemia e hemorragia na parede gastrointestinal - Compressão de órgãos vizinhos (fígado e baço) devido à distensão do rumem e intestino. H. Deslocamento, Torção e Ruptura de vísceras. 1. Verificação: Modificação na posição das vísceras, às vezes com torção e até ruptura das mesmas. 2. Mecanismo de formação: A fermentação e putrefação do conteúdo gastrointestinal produzem gases que deslocam vísceras, forçando-as muitas Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 13 vezes a mudar de posição, distenderem e torcerem, às vezes, conforme a distensão e/ou a torção podem se romper. 3. Observações: Tais alterações pos morte, devem ser diferenciadas das distopias, das torções e das rupturas de vísceras ante-morte, que são muito comuns em eqüinos, com base na ausência de alterações circulatórias (congestão, edema e hemorragia), que ocorrem nas alterações ante-morte. I. Prolapso retal cadavérico É a exteriorização da ampola retal pós-morte. 1. Sinonímia: Pseudo- prolapso retal. 2. Verificação: Exteriorização da ampola retal, com ausência de alterações circulatórias indicando um processo ante-morte. 3. Mecanismo de formação: Aumento da pressão intra-abdominal e intrapélvica causado pelo meteorismo pós-morte é o fator desencadeador desta alteração. 4. Observações: É mais comum em herbívoros. Deve ser diferenciado do prolapso ante-morte com base na ausência de alterações circulatórias no processo pós-morte. 4.2. Alterações Cadavéricas Bióticas ou Transformativas Heterólise ou putrefação são termos que se aplicam à destruição de um tecido por enzimas proteolíticas produzidas por bactérias decompositoras (saprófitas), geralmente provindos do trato intestinal, que decompõem (putrefazem) o organismo, alterando de tal maneira suas características de modo a torná-lo impróprio para a necropsia. Os clostrídios normalmente presentes nas fezes são os mais comuns na putrefação. Entre as substâncias mal cheirosas formadas durante este processo incluem-se: amônia, sulfeto de hidrogênio, indol escatol, putrescina e a cadaverina. Como conseqüência da heterólise, podem ocorrer as seguintes alterações: Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 14 A. Pseudo-melanose Presença de manchas cinza-esverdeadas nas vísceras e pele produto da sulfameta-hemoglobina derivada do gás sulfídrico com a hemoglobina. 1. Sinonímia: Manchas de putrefação. 2. Verificação: Manchas irregulares, cinza-esverdeadas, na pele da região abdominal e em órgãos vizinhos aos intestinos. 3. Mecanismos de formação: O ácido sulfídrico (H2S) oriundo das putrefações reage com o ferro liberado da hemoglobina após a hemólise formando o sulfureto de ferro que cora os tecidos em cinza esverdeado. B. Enfisema cadavérico Gases originados da putrefação surgem no interior das víscerase tecido subcutâneo. 1. Sinonímia: Crepitação pós-morte. 2. Verificação: Crepitação no tecido subcutâneo, muscular e em órgãos parenquimatosos. Este fenômeno ocorre inicialmente no fígado e posteriormente em outras vísceras. 2. Mecanismos de formação: A proliferação de bactérias putrefativas decompõe os tecidos levando à formação de pequenas bolhas de gás sulfídrico (H2S). C. Maceração 1. Verificação: Fragmentação tecidual e desprendimento das mucosas. 2. Mecanismo de formação: As enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana agem nos tecidos tornando-os friáveis. D. Coliquação É a liquefação dos tecidos causada pela proliferação de bactérias saprófitas e pode ser observada facilmente em órgãos parenquimatosos como o fígado e rins. 1. Sinonímia: Liquefação parenquimatosa pós-morte. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 15 3. Verificação: Perda progressiva do aspecto e estrutura das vísceras, que se tornam amorfas e liquefeitas. 4. Mecanismo de formação: Enzimas proteolíticas geradas pela proliferação bacteriana decompõem e liquefazem o parênquima das vísceras. Observação: Ocorrência extremamente precoce na medular de adrenal, não significando, neste órgão, putrefação. Também o pâncreas é muito sensível à autólise devido ao seu conteúdo enzimático. E. Redução Esquelética 1. Sinonímia: Esqueletização. 2. Verificação: Após a dissolução dos tecidos moles. Não existe uma regra geral que possa ser adotada para a exatidão cronológica de todos os fenômenos putrefativos, no entanto, eles passam pelas seguintes fases evolutivas. 1) Período de coloração – Este período se caracteriza pela pelo aparecimento de coloração esverdeada, que se inicia na região abdominal, difundindo-se pelo restante do corpo. Esta tonalidade esverdeada progride para o enegrecimento, conferindo ao cadáver uma coloração escura. 2) Período gasoso - Os gases produzidos pela putrefação surgem no interior das vísceras, havendo formação de bolhas com líquido avermelhado. 3) Período liquefativo ou coliquativo – Caracterizado pela dissolução pútrida do cadáver; as partes moles vão diminuindo progressivamente de volume com a desintegração autolítica enzimática progressiva e a proliferação de bactérias anaeróbicas e fungos, com conseqüente fermentação de hidratos de carbono e rancificação das gorduras. 4) Período de esqueletização - Nesta fase, a desintegração das partes moles restringe ao esqueleto e ligamentos articulares, com o passar do tempo os ossos se tornam leves e frágeis. Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br 16 4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA FISHER, P.; BRITO, L.A.B., Apostila Alterações Pós Morte, Escola de Veterinária/ UFG. 1980. JEFFERSON ANDRADE DOS SANTOS, Patologia geral dos animais domésticos, Rio de Janeiro, Interamericana,1978,407p. McGAVIN, M.D; ZACHARY, J.F. Bases da Patologia Veterinária. Mosby Elsevier. 5ª ed., 2013, 1344p. MONTENEGRO M.R.; FRANCO, M. Patologia Procesos Gerais. São Paulo: Atheneu, 4ª ed., 1999, 320p. THOMSON, R.G. Patologia Geral Veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. 412p. VASCONCELOS, A. C.,Necropsia e remessa de material para laboratório em medicina veterinária, Brasilia, MEC/ABEAS, 1988.74p. (Programa Agricultura nos Trópicos, V 4). Setor de Patologia Animal da Escola de Veterinária da UFG Caixa Postal 131 – Campus Samambaia CEP: 74001- 970 – Goiânia – Goiás Telefones: (62) 3521.1580/1584 E-mail: patologia@vet.ufg.br Goiânia AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO FLACIDEZ DA MUSCULATURA PRÉ-RIGOR
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