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Direito Constitucional SEÇÃO 5 ESPELHO DE CORREÇÃO Seção 5 Direito Constitucional Na prática! E então, aluno? Foi fácil identifi car qual o recurso cabível? Certamente sim, afi nal você já está bastante avançado! Você, seguindo o roteiro que lhe demos no “Vamos Peticionar”, verifi cou que a decisão da qual precisa recorrer é uma sentença, logo descartou a possibilidade de um agravo de instrumento, certo? Ainda, você também verifi cou que o que se pretende impugnar na sentença não é a existência de vício formal, obscuridade ou contradição, pelo que certamente chegou à conclusão que o único recurso cabível no presente caso é a apelação. Isso porque você aprendeu que mesmo no processo coletivo, o recurso a ser manejado contra as sentenças, sejam elas de mérito ou não é a apelação, prevista no Código de Processo Civil. Portanto, aluno, o Processo Civil e o Direito Constitucional, na prática, irão se cruzar muitas vezes. Apesar do Direito Constitucional possuir ações e recursos específi cos, como já vimos, o Código de Processo Civil também dever ser seu companheiro nesta matéria. Muito bem. Voltando ao nosso roteiro, você observou e certamente cumpriu o prazo de 15 dias para a interposição do recurso, demonstrando que o mesmo foi protocolado antes do fi m do prazo, portanto, preenchido o requisito admissional da tempestividade. Você também mencionou em sua petição a juntada do comprovante do recolhimento de custas, deixando claro o preparo, não foi? Bem, ao construir a sua petição, observado os requisitos processuais, você elaborou duas petições distintas: uma de interposição, dirigida a Vara Cível 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DIREITO CONSTITUCIONAL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 5 da Comarca de Caicó no Estado do Ceará, por ser o juízo que proferiu a decisão, e a outra contendo as razões recursais dirigida ao Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, instância recursal que irá analisar o seu pedido de reforma da decisão. Quanto aos fundamentos para interposição do recurso, certamente você utilizou a Lei nº 7.347/85 e o art. 1.009 do CPC. Fez um conciso resumo dos fatos discutidos na demanda e da decisão impugnada para após demonstrar as razões para a reforma da decisão, com base no art. 23 e 30 da Constituição Federal, certo? Ao fi nal, você pleiteou a reforma da decisão para reconhecer a legitimidade passiva das partes. É isso mesmo. Vamos então conferir o espelho da peça! Questão de ordem! À VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAICÓ DO ESTADO DO CEARÁ PROCESSO Nº... ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ, pessoa jurídica de direito privado sem fi ns lucrativos, legalmente constituída desde 01.12.2000, neste ato representada por seu presidente (estatuto em anexo), com fundamento Lei nº 7.347/85 e no art. 1.009 do CPC, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado, conforme procuração em anexo, propor o presente recurso de APELAÇÃO 3 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DIREITO CONSTITUCIONAL - ESPELHO DE CORREÇÃO - SEÇÃO 5 Contra a r. sentença de fls..... dos autos, nos termos que seguem. Requer, para tanto, que o recurso seja recebido e, após notificada a parte contrária, seja determinada a sua remessa ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, para que dele conheça e profira nova decisão. Em anexo, segue o comprovante de recolhimento das custas recursais a fim de garantir o preparo recursal, em observância ao art. 1007 do CPC. Nestes termos, Pede e espera deferimento. Caicó, 22 de novembro de 2017. Advogado OAB XXXXX AO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ Processo nº .... Origem: Vara Cível da Comarca de Caícó Apelante: ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ Apelados: GUARARAPES ADM LTDA E PREFEITURA MUNUCIPAL DE CAICÓ 44 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 5NPJ RAZÕES DE APELAÇÃO Colenda Corte, Eméritos julgadores, I – DOS FATOS DO PROCESSO Caicó, uma cidade pequena e muito pouco desenvolvida do ponto de vista urbanístico, possui algumas ruínas da época da colonização portuguesa, as quais fazem parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. A ruína mais famosa, “Colosseu”, é administrada pela empresa ré por meio de contrato de convênio com o Poder Público local, firmado entre a Prefeitura do Município de Caicó e a GUARARAPES ADM LTDA. A referida ruína virou um ponto turístico de intensa visitação no município. Ocorre que, nos últimos meses, a empresa tem deixado de lado a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que vai realizar, porém não faz. Após solicitações de informações da apelante em conjunto com a Defensoria Pública do Estado, a Prefeitura do município informou que já havia diligenciado junto à empresa as providências cabíveis, mas que também ainda não tinha obtido retorno. O Prefeito informou também que, em reunião com o responsável da empresa convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, porém o mesmo não foi cumprido. Entretanto, o contrato com a empresa continua vigente sem que sejam tomadas as devidas providências para a revitalização do local, seja pela Prefeitura ou pela empresa privada responsável pela administração do local. Tal fato vem causando grave dano ao patrimônio histórico, cultural e turístico do município, pelo que a ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DA CIDADE DE CAICÓ, ora apelante, 55 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 5NPJ ajuizou Ação Civil Pública contra a empresa responsável pela administração do local, GUARARAPES ADM LDTS e contra a Prefeitura Municipal, titular do contrato público firmado com a referida empresa, e ente responsável pela preservação do local. II– DA DECISÃO IMPUGADA Eméritos julgadores, após o ajuizamento a ação seguiu seu trâmite normal. Foi ouvido o representante do Ministério Público, o qual exarou parecer favorável a Associação pugnando pela condenação das requeridas à reparação de danos e à obrigação de fazer. Entretanto, o juiz de primeiro grau extinguiu a ação sem resolução de mérito, por entender que as partes que ocupam o polo passivo da ação são ilegítimas. A sentença foi publicada no dia 10/11/2017, com fundamento na repartição de responsabilidade entre os entes federativos prevista na Constituição Federal. O Juiz, sem julgar o mérito da demanda, extinguiu o processo por entender que as partes alocadas no polo passivo não possuíam legitimidade, aduzindo que a matéria é de competência comum da União, Estados e Municípios, por isso, os três entes deveriam estar no polo passivo da demanda. Fundamentou a decisão no art. 23, incisos III e IV, da Constituição Federal. III - DA TEMPESTIVIDADE DO RECURSO O §3º do art. 1003 do Código de Processo Civil estabelece como regra geral o prazo de 15 dias para a interposição de recurso, excetuados os embargos de declaração. Logo, o prazo para interposição do presente recurso segue a regra geral. 66 Direito Constitucional - Espelho de Correção - Seção 5NPJ Como a decisão foi publicada no dia 10/11/2017, finda o prazo para interposição 24/11/2017. Como protocolado antes da data fatal, o presente recurso é tempestivo. IV – DAS RAZÕES PARA A REFORMA Admitido o recurso, eis que preenchidos todos os requisitos formais, pugna-se pela reforma decisão pelas razões que seguem. Como dito, a r. sentença impugnada possui como fundamento o art. 23, incisos III e IV da Constituição Federal, os quais tratam da competência material comum a União, Estados, Distrito Federal e Municípios para: II - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis