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39 GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: UM NOVO MODELO DE GERENCIAMENTO ARTIGO GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE Rhecyelle Mota Belfort1 Ediana di Frannco Matos da Silva Santos2 Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci3 Resumo O objetivo desse estudo é contribuir na perspectiva de mudanças das ações dos colaboradores em seus devidos setores de trabalho, possibilitando uma percepção mais autêntica do perfi l e do plane- jamento estratégico de cada um em suas respectivas atividades, no intuito de demonstrar a importância da gestão por competências como um novo modelo de gerenciamento. O método desenvol- vido nessa pesquisa foi o bibliográfi co, cotejado pelas experiências dos autores nesse campo. Palavras-chave: gestão por competências, modelo de gerencia- mento, planejamento estratégico. Abstract The purpose of this study is to contribute in view of changes in em- ployees’ actions in their proper job sectors, providing a more au- thentic perception of the profi le and strategic planning of each in their respective activities in order to demonstrate the importance of competency management as a new management model. The method developed in this study was the literature, collated by the experiences of the authors in this fi eld. Keywords: competency management, model management, stra- tegic planning. 39 AS AUTORAS 1Rhecyelle Mota Belfort Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté (SP), graduada em Administração – (rhecyellemota@live.com). 2Ediana di Frannco Matos da Silva Santos Mestranda em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté (SP), graduada em Direito – (edianafrannco@yahoo.com.br). 3Marilsa de Sá Rodrigues Tadeucci Doutora e mestre em Administração pela Mackenzie (SP), professora orientadora do Programa de Pós-Graduação em Gestão e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Taubaté (SP) – (marilsatadeucci@hotmail.com). 41 As novas técnicas e os métodos de gestão moderna que vêm modificando o aparelho produtivo induzem as organizações a lutarem cada vez mais por competitividade e resultados. Nesse cenário, ganha o modelo de gerenciamento por competência, que é o modo de conduzir os colaboradores para atingirem os objetivos da organização por meio de suas capacidades técni- cas e comportamentais, como opção aos padrões modernos de gestão, visando a mais capacidade no planejamento, no captar e desenvolver os recursos humanos necessários à conquista de melhores resultados operacionais. Diante dessas circunstân- cias, a referida pesquisa visa a discutir, através de uma pequena abordagem, o papel do gestor de recursos humanos em meio aos aspectos da gestão por competências, exigindo dos profis- sionais mais competências conceituais, técnicas e humanas na hora de escolher os talentos para sua equipe. Gestão por competências é uma temática que vem sendo muito debatida nos meios acadêmicos, principalmente quando se tra- ta de conhecimento organizacional para alcançarem vantagens competitivas no mercado. O gerenciamento por competência é o modelo de gestão que permite aos executivos terem uma visão mais ampla acerca das competências exigidas para o exercício da função, ou seja, as competências de que uma função precisa; que competências o colaborador possui e, posteriormente, fazer o cruzamento das informações quanto às competências exigidas pela função versus competências do colaborador, para traçar um plano de desenvolvimento específico para cada colaborador, ge- renciando os conhecimentos de forma eficiente e eficaz. Neste sentido, a pesquisa foi motivada pela necessidade de pro- porcionar à comunidade acadêmica e empresarial o perfil do gerenciamento por competência do novo tempo, apresentando características diferenciadas em um ambiente dinâmico e for- temente competitivo, incorporando habilidades na tomada de decisões, descobrindo novos horizontes, traçando estratégias, motivando e inspirando a equipe. 1. INTRODUÇÃO GE ST ÃO P OR C OM PE TÊ NC IA S: U M N OV O M OD EL O DE G ER EN CI AM EN TO Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 42 GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE RH EC YE LL E M OT A BE LF OR T, ED IA N A DI F RA N N CO M AT OS D A SI LV A SA N TO S, M AR IL SA D E S Á RO DR IG UE S T AD EU CC I A busca por novas tecnologias de informação tem o in- tuito de desvendar e satisfazer o sonho de cada um de seus clientes, assim sendo, almejando o sucesso organi- zacional como um empreendedor, tendo em foco o de- senvolvimento dos talentos humanos, de suas competên- cias, sempre atento e alinhado às mudanças constantes. Para tanto, o estudo partiu da análise de obras de auto- res relevantes à temática proposta, sintetizando o papel desses profissionais no mercado moderno. Com o intuito de se consumar aos objetivos desse estudo, o presente artigo aborda a gestão por competência, suas concepções e características proeminentes sintetizarão o conceito por competência; discorre sobre o desenvolvimento das competências empreendedoras nas organizações de negó- cios, focando as mudanças sociais no mercado de trabalho e no novo perfil do profissional. Assim, com esta produção científica, espera-se dar uma peque- na contribuição para um melhor aprendizado no âmbito dessa temática, sensibilizando as pessoas envolvidas nesse processo, ressaltada a necessidade de se estar preparado para a solução dos problemas em enfoque, dando certeza de que não encer- ram aqui os questionamentos, pois a própria dinâmica da vida estabelece a necessidade de dar continuidade à busca de res- postas para inúmeras dúvidas suscitadas nas perguntas aqui apresentadas, que continuarão a surgir no decorrer do estudo sobre a gestão por competências. 2. GESTÃO POR COMPETÊNCIAS: CONCEPÇÕES E CARACTERÍSTICAS A premissa básica é a de que cada colaborador sabe ou pode aprender a identificar suas adequadas competências, habilida- des, seus pontos fortes e fracos e também suas metas, sendo este a única pessoa capaz de decidir o que é melhor para ele mesmo. O papel dos executivos da área de recursos humanos, que [...] “define suas estratégias para possibilitar a realização das estratégias corporativas” (MAXIMIANO, 2008, p. 362), passa COMPETÊNCIAS SÃO AS HABILIDADES, OS CONHECIMENTOS E AS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS QUE MARCAM OS GERENCIADORES DE GRANDE DESEMPENHO 43 a ser o de ajudar esse colaborador a expor seu desempenho na empresa às habilidades e à realidade da organização. Portanto, preparar um profissional que seja capaz de oferecer à empresa as respostas desejadas exige a aquisição ou amplia- ção de algumas competências que lhe permitam investir em seu desenvolvimento, pensar estrategicamente, buscar resultados, conquistar a fidelidade do cliente, ter capacidade para negociar e trabalhar em equipe (CARVALHO, 2007). A gestão por competências é entendida como um princípio ge- rencial que visa a impulsionar os colaboradores ao alcance da competência profissional, adicionando habilidades e aumentan- do as já existentes. Entende-se por competências as habilidades, os conhecimentos e as características pessoais que marcam os gerenciadores de grande desempenho, diferenciando-os da- queles de desempenho inferior em determinado departamento. Para Chiavenato (2006, p. 216), a gestão por competências é considerada: [...] um programa sistematizado e desenvolvido no sentido de definir perfis profissionais que proporcionem maior produtividade e adequação ao negó- cio, identificando os pontos de excelência e os pontos de carreira, suprindo as lacunas e agregando conhecimento,tendo por base certos critérios obje- tivamente mensuráveis. Nesse diapasão, a gestão por competências busca substituir o tradicional levantamento de obrigações e deficiências de treina- mento por uma ótica das necessidades posteriores do negócio e de como as pessoas agregarão valor à organização. Para tanto, o gerenciamento fundamentado em competências ou gestão por competências é uma ferramenta que caracteri- za a identificação das competências essenciais, as habilidades e informação causadora da eficácia profissional e também o preenchimento da qualificação de cada contribuinte para fun- ções estabelecidas, fornecendo recursos fundamentais para o aperfeiçoamento dessas capacidades. Diante disso, o que se espera é um quadro de colaboradores mais talentosos e mais produtivos, haja vista a gestão por competências proporcionar maior produtividade, assertividade, ambientes participativos e motivacionais, comprometimento de todo o nível hierárquico, GE ST ÃO P OR C OM PE TÊ NC IA S: U M N OV O M OD EL O DE G ER EN CI AM EN TO Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 44 GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE RH EC YE LL E M O TA B EL FO RT , E DI AN A DI F RA N N CO M AT OS D A SI LV A SA N TO S, M AR IL SA D E S Á RO DR IG UE S T AD EU CC I Nesse sentido, podemos vislumbrar que as capacidades (habilida- des, conhecimentos e atitudes) são os meios viáveis para o desem- penho da competência, que se encontra intrinsecamente ligada ao nível de envolvimento com a tarefa delegada (MASCARENHAS, 2008). Por outro lado, enfatiza Chiavenato (2006) que a qualidade como significado da palavra competência é algo que uma de- terminada pessoa possui e que é percebida pelos outros. Para tanto, não adianta a competência ser visível, é necessário que seja também percebida sua existência. Na maioria das vezes, é a percepção do gestor sobre o cola- borador que determina a competência do mesmo, ou seja, se for percebida corretamente é um ponto a favor do colabora- dor, sendo que na maioria das vezes, entretanto, a percepção do gestor é incompleta. Baseado nisso, o resultado é que cada colaborador manifeste uma ótica diferente e só parcialmente gerências e equipes mais fortalecidas e maior valorização do capital humano. Assim sendo, Ruas (2005) se posiciona demonstrando o exercí- cio da competência, qual seja: Relativa estabilidade da atividade econômica Concorrência localizada Lógica predominante: indústria (processos e padrões de produção previstos) Emprego formal e base sindical Organização tradicional do trabalho, com base em postos definidos e tarefas prescritas e programadas Foco no processo Ênfase na aprendizagem de circuito simples QUALIFICAÇÃO COMPETÊNCIA Baixa previsibilidade de negócios e atividades Intensificação da abrangência da concorrência Lógica predominante: serviços (eventos) Relações de trabalho informais e flexíveis; crise dos sindicatos Novas formas organizacionais que destacam o trabalho com base em metas, a delegação de responsabilidade e a multifuncionalidade Foco nos resultados Estímulo a aprendizagem de circuito duplo (RUAS, 2005, p. 37). Figura 1 ‒ Competência versus qualifi cação 45 CONCEITUAR COMPETÊNCIA É DEFINIR QUAIS CAPACITAÇÕES DEVEM SER PROVOCADAS, PROTEGIDAS OU MINIMIZADAS Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 adequada a respeito do que é preciso para atingir a eficácia no trabalho (PRAHALAD, 1997). O gerenciamento baseado nas competências repre- senta uma transformação cultural no caminho de um maior senso de responsabilidade e autogerenciamen- to dos colaboradores. Além disso, é uma maneira sim- ples de aprimorar o desempenho. Nesse contexto, destaca-se que “uma competência não é somente um estoque de capacidades, que po- dem ser mobilizadas” (MASCARENHAS, 2008, p. 184), e que para tanto, de acordo com Ruas apud Mascarenhas (2008, p.37) “[...] as capacidades assumem a condição de competências so- mente no momento em que são mobilizadas para realização de uma ação específica”, como por exemplo, elaborar um relató- rio. A figura abaixo apresenta um exemplo do que diz o autor: Assim sendo, o que se tem a fazer em primeira instância é de- finir as competências técnicas, conceituais e as interpessoais, dentro de cada tarefa executada. É importante ressaltar que conceituar competência não é definir tudo aquilo que o colabo- rador faz, mas definir quais capacitações devem ser provocadas, protegidas ou minimizadas. 2.1 Conceito de competência Existem inúmeros conceitos de competência, porém todos com sua essência em comum, senão vejamos: “É um conjunto de co- nhecimentos, habilidades e atitudes, que afetam a maior parte Conhecimentos (básicos, como as letras e palavras; e técnicos, como a formatação) Habilidades (desenhar as palavras, concentrar-se) Atitudes Disposição para aprender e sistematizar dados Figura 2 ‒ Competência: comunicar resultados Competência Comunicar Recursos Material de escritório, informática Condições Prazo de entrega abrangência Desempenho adequação de conteúdo, clareza e didática etc. Entrega relatório de visitas comerciais Avaliação (RUAS, 2005, p. 37). GE ST ÃO P OR C OM PE TÊ NC IA S: U M N OV O M OD EL O DE G ER EN CI AM EN TO 46 GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE RH EC YE LL E M OT A BE LF OR T, ED IA N A DI F RA N N CO M AT OS D A SI LV A SA N TO S, M AR IL SA D E S Á RO DR IG UE S T AD EU CC I do trabalho de uma pessoa, e que se relacionam com seu de- sempenho no trabalho” (GRAMIGNA E DOMINGOS, 2002 apud LEME, 2005, p.17). No mesmo sentido, Parry (1996 apud OLIVEIRA; SANTOS E LOU- RENÇÃO, 2008, p. 193) traz a definição de competências como sendo: Um agrupamento de conhecimentos, habilidades e atitudes correlacionadas, que afeta parte considerável da atividade de alguém, que se relaciona com seu desempenho, que pode ser medido segundo padrões preestabelecidos, e que pode ser melhorado por meio de treinamento e desenvolvimento. Isto posto, pelas definições acima, entende-se o que se chama de “Pilares das Competências”, que são: Conhecimento, Habili- dade e Atitude, ou seja, o CHA: O Conhecimento é o saber, é o que aprendemos nas escolas, nas universida- des, nos livros, no trabalho, etc. A habilidade é o saber fazer, é tudo o que utiliza mos dos nossos conhecimen- tos no dia a dia. A ati tu de é o que nos leva a exercitar nossa habilidade de um determinado conhecimento, ela é o querer fazer (LEME, 2005, p.18.). Diante do exposto, seguem os desdobramentos do conheci- mento, habilidade e atitude: Nesse contexto, podemos ainda citar uma outra abordagem uti- lizada para conceituar competência, trata-se da “Árvore de Com- petências” em que: Conhecimento Habilidade Atitude Saber Saber fazer Querer fazer Competência técnica Tabela 1- Desdobramento do CHA Competência comportamental (LEME, 2005, p.18) 47 A copa corresponde às habilidades – agir com aptidão, capacidade e técnica em relação à realidade, resolvendo problemas e obtendo resultados positivos; o tronco e os galhos correspondem ao conhecimento – referem-se ao con- junto de informações que a pessoa armazena e utiliza, quando necessário, e a raiz corresponde às atitudes – ao conjunto de valores, crenças e princípios que são formadosno decorrer da vida. Estão relacionados com o querer ser e o querer agir e implicam o grau de comprometimento com o trabalho (grifo nosso) (OLIVEIRA; SANTOS E LOURENÇÃO, 2008, p. 191). Outrossim, as competências estão quase todas localizadas nas pessoas que atuam nas organizações. Elas constituem a base racional e inteligente da ação empresarial. Assim, Chiavenato (2008, p. 46) sintetiza que [...] na Era da Informação, na qual estamos vivendo, o conceito de empresa mudou radicalmente. A empresa passou a ser conceituada como um conjun- to integrado e sempre atualizado de competências, sempre prontas e dispo- níveis, para serem aplicadas a qualquer oportunidade que apareça antes que a concorrência o faça. Esse novo modelo de gestão contemporânea acorda dúvidas e uma delas é sobre a conceituação do que são competências. Por ser um termo largamente empregado e com diversos significa- dos, para Fleury e Fleury (2001, p. 185): Nessa perspectiva, o conceito de competência é pensado como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (isto é, conjunto de capacidades humanas) que justificam um alto desempenho, acreditando-se que os me- lhores desempenhos estão fundamentados na inteligência e personalidade das pessoas. A definição em excelência se perfaz na necessidade da instituição de obter um método sistematizado, com metodologias peculia- res, passível de mensuração e comparação de desempenhos entre os vários colaboradores de uma organização, quando se almeja fazer uma identificação das pessoas dentro do perfil desejado. A excelência em administração começa com as pessoas. O primeiro passo para o sucesso de um administrador – não importa em que tipo de empresa ele esteja atuando, em que nível hierárquico esteja situado ou quais sejam seus objetivos profissionais – é cercar-se de pessoas competentes. Para tanto, o administrador precisa, necessariamente, saber formar uma equipe de tra- balho, atraindo e retendo as pessoas certas, aplicar adequadamente as com- Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 GE ST ÃO P OR C OM PE TÊ NC IA S: U M N OV O M OD EL O DE G ER EN CI AM EN TO 48 GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE RH EC YE LL E M OT A BE LF OR T, ED IA N A DI F RA N N CO M AT OS D A SI LV A SA N TO S, M AR IL SA D E S Á RO DR IG UE S T AD EU CC I petências e habilidades das pessoas, treinando-as e preparando-as para um trabalho cada vez melhor, recompensando-as, a fim de esforçar continuamente o desempenho excelente e, sobretudo, sabendo liderar, conduzir e entusiasmar (CHIAVENATO, 2008, p. 49). Em outro contexto, Chiavenato (2008) conceitua compe- tências como as características das pessoas que dão a sus- tentação de vantagens competitivas, relacionadas à gestão organizacional e profissional, ajudando na organização e no objetivo estratégico do negócio. Salienta-se que autores franceses como Zarifian, Le Boterf, autores ingleses como Jacques e seus seguidores (Billis e Rowbottom, Stamp e Stamp), responsáveis pela organização do termo trabalho, substituíram o conceito de qualificação e/ou ca- pacitação pelo termo competências (FLEURY; FLEURY 2001). Segundo Zarifian (2001 apud VELOSO E TREVISAN, 2005, p. 81), “competência é uma inteligência prática das situações que se apoia nos conhecimentos adquiridos e os transforma com tanto mais força quanto maior for a complexidade dessas situações”. Em um mundo em mudança e transformação e carregado de competitividade, talento humano é uma questão de sobrevivên- cia e de sucesso das organizações. Esses conceitos, tecnologias e informações estabelecerão maiores conhecimentos por parte das pessoas envolvidas. Todavia, esses fatores não serão suficientes para fazer a diferença. Cabe às pessoas dar sentido a esse termo e fazer uso de uma forma que também dê sentido à organização. A diferença estará na competência das pessoas, na sólida conser- vação e modernização do conhecimento e, principalmente, nas atitudes e costumes que elas terão perante as tarefas e os novos desafios. 3. DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS EMPREENDEDORAS NAS ORGANIZAÇÕES DE NEGÓCIOS Um dos aspectos fundamentais para o desenvolvimento de competências no mundo moderno talvez esteja relacionado com a capacidade interna das organizações de estabelecerem e sustentarem um novo sistema de gerenciamento que permita que as competências desejadas se instalem e se multipliquem, A AVALIAÇÃO DE CADA COLABORADOR E DE TODA A EQUIPE EM CONJUNTO DEVE ENVOLVER AS COMPETÊNCIAS TANTO INDIVIDUAIS COMO GRUPAIS 49 em um movimento de aprendizado que se autossustente (VELOSO; TREVISAN, 2005). Segundo Meister (1999 apud CHIAVENATO, 2008, p. 61), as compe- tências exigidas pelas empresas nos novos ambientes de negócios são as seguintes: • aprender a aprender; • comunicação e colaboração; • raciocínio criativo e resolução de problemas; • conhecimento tecnológico; • conhecimento de negócios globais; • desenvolvimento da liderança; e • autogerenciamento da carreira. A avaliação de cada colaborador e de toda a equipe em conjun- to deve envolver necessariamente as competências, tanto indi- viduais como grupais. Não é uma tarefa simples, pois para isso depende de se formarem equipes alavancadas numa ação parti- cipativa, escolhendo bons profissionais no mercado, planejando e organizando bem suas atividades, preparando e capacitando o grupo envolvido nesse processo, reconhecendo as competências necessárias, interligando a organização para alcance dos objeti- vos individuais, bem como organizacionais. Portanto, para garantir competitividade em meio ao terceiro mi- lênio, o maior desafio das organizações é o cultivo de um am- biente organizacional mais profissionalizado. Diante disso, a ges- tão profissional passou a ser uma das ferramentas mais utilizadas pelas organizações na busca do reconhecimento de novas com- petências laborais, frente aos desafios existentes por processo de mudanças ambientais, políticas, econômicas e tecnológicas. A esse respeito, Mascarenhas (2008) demonstra a visão estratégica e ilustra (figura 3) o princípio do alinhamento das competências. Diante da figura 3, percebe-se que para traçar uma intenção es- tratégica às competências organizacionais, é imprescindível que a empresa tenha definição clara quanto a sua visão, ou seja, onde ela pretende estar daqui a alguns anos, como também sua missão, ou seja, sua essência de existir. Nesta ordem, se a em- presa não souber disso, como irá conduzir seus colaboradores? Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 GE ST ÃO P OR C OM PE TÊ NC IA S: U M N OV O M OD EL O DE G ER EN CI AM EN TO 50 GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE RH EC YE LL E M OT A BE LF OR T, ED IA N A DI F RA N N CO M AT OS D A SI LV A SA N TO S, M AR IL SA D E S Á RO DR IG UE S T AD EU CC I A missão e a visão da empresa, portanto, são as premissas da gestão por competências. Essa questão de competitividade no ambiente de negócios em ambiente de grande complexidade tem ocupado as laudas da maioria dos encontros estratégicos e dos meios acadêmicos. É inegável o fato de que, mesmo em organizações de sucesso, os efeitos desses processos, além da influência dos executivos envol- vidos, exigem rotinas que põem à prova estratégias vencedoras. Segundo Oliveira, Santos e Lourenção (2008, p.193): [...] as pessoas atuam como agentes de transformação e conhecimento, ha- bilidadese atitudes em competências que entregam para organização. Nesse sentido, a competência entregue pode ser caracterizada como agregação de valor ao patrimônio de conhecimentos da organização. Diante disso, as organizações necessitam a cada dia se adaptar a essa nova estratégia de negócio, a gestão por competência, com ações empreendedoras, que vão desde o reconhecimento das competências, flexibilidade nas rotinas até a agilidade nas informações. 3.1 A necessidade das competências Adaptar-se às novas realidades do negócio é algo indiscutível, uma questão vital para algumas empresas e apenas uma ade- quação para outras, como medida de segurança. Novas tecno- logias, novas premissas e, portanto, novos modelos de gestão sustentam a competitividade, sempre alicerçados no desenho de novas competências. Figura 3: Confi gurações organizacionais das competências Missão Intenção estratégica Visão Competências organizacionais (básicas/seletivas/essenciais) Competências funcionais (grupos/áreas) Competências individuais/ gerenciais (MASCARENHAS, 2008) 51 Fleury e Fleury (2001 apud VELOSO E TREVISAN, 2005, p. 82) observa que: [...] a década de 1990, com seus desafios de crescente compe- titividade e globalização das atividades, levou ao alinhamento definitivo das políticas de gestão de recursos humanos às es- tratégias empresariais, incorporando à prática organizacional o conceito de competência, com base do modelo para geren- ciarem pessoas. Diante disso, torna-se crucial que as empresas con- sistam em direcionamentos claros e esquemas dispo- níveis que possam ajudar na avaliação e identificação de suas respectivas competências ou por aquelas que ainda possam ser manifestadas, e que lhes propiciem a oportunidade do desenvolvimento individual, pas- sando as empresas à função de mediadoras desse processo de desenvolvimento em enfoque. A esse respeito dispõe Soares; Andrade (2005, on-line): Desenvolver as competências da organização e das pessoas é um caminho para se vencer todos esses desafios e adequar as organizações aos novos paradigmas mundiais. Hoje as empresas são obrigadas a buscarem as com- petências que negligenciavam em tempos anteriores, de menor concorrência, de maiores facilidades para obter lucro e crescer. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, os sistemas tradicionais de gestão de pessoas, treinamentos, avaliação, recrutamento, seleção e remuneração não servem mais, por estarmos na “Era das Competências”, portanto é necessário implantar gestão de pessoas com foco em competências, treinamento com foco em competências, avaliação por competências, recrutamento, seleção e remuneração em competências. A gestão por competências como nova forma de gerencia- mento demonstra-se positiva por meio dos autores pesquisa- dos, acrescentando estímulo e motivação dos colaboradores nas tarefas exercidas na empresa, pois a objetividade, clareza Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 ESSA ESTRATÉGIA DE NEGÓCIO NECESSITA DE AÇÕES EMPREENDEDORAS DOTADAS DE RECONHECIMENTO DAS COMPETÊNCIAS, FLEXIBILIDADE NAS ROTINAS E AGILIDADE NAS INFORMAÇÕES GE ST ÃO P OR C OM PE TÊ NC IA S: U M N OV O M OD EL O DE G ER EN CI AM EN TO 52 GESTÃO, INFORMAÇÃO E SOCIEDADE RH EC YE LL E M OT A BE LF OR T, ED IA N A DI F RA N N CO M AT OS D A SI LV A SA N TO S, M AR IL SA D E S Á RO DR IG UE S T AD EU CC I e transparência contribuem na obtenção tanto dos objetivos e resultados individuais como também aos objetivos organi- zacionais. As pessoas com suas atitudes, conhecimentos e habilidades são o principal alicerce das organizações. Nesse novo contexto, as pessoas deixam de ser máquinas e passam a ser tratadas como pessoas, dotadas de inteligência, sentimentos, aspirações. A cada dia, e cada vez de forma mais intensa, as pessoas se vol- tam para a busca de desenvolvimento de suas competências. As novas relações de capital e trabalho e também a necessidade de garantir seu grau de empregabilidade requerem das pessoas uma perfeita integração entre desempenho e potencial, ou seja: não basta ter potencial, é preciso colocá-lo em ação. Neste aspecto, esse artigo abordou que as pessoas deste novo cenário precisam mais do que nunca ter conhecimento, habili- dades e competências; saber, saber fazer e saber fazer aconte- cer. A busca pelas competências, sejam elas individuais ou or- ganizacionais, deve ser perseguida continuamente por um lugar no mercado de trabalho. Afinal, os operários de chão de fábrica assim chamados no passado, com rotinas estabelecidas, já não funcionam. Talento humano é questão de sobrevivência e de sucesso no mundo corporativo, cheio de mudanças e transfor- mações e alavancado pela competitividade. As interrogações sobre gestão por competências como um novo modelo de gerenciamento, uma temática pertinente, necessária e oportuna, não se limitam a esse estudo. O que se espera é que essa temática sempre apareça para que os executivos não cessem os seus argumentos e encontrem as respostas a cada busca de novas opiniões. 53Revista UNI • Imperatriz (MA) • ano 2 • n.2 • p.39-53 • janeiro/julho • 2012 CARVALHO, Maria do Carmo. Gestão de pessoas. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2007. CHIAVENATO, Idalberto. Administração Geral e Pública. Série provas e concursos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. ___________. Administração para não administradores: a gestão de negócios ao alcance de todos. São Paulo: Saraiva. 2008. FLEURY, Maria Tereza Leme; FLEURY, Afon- so. Construindo o conceito de competência. RAC, edição especial 2001, p. 183-196 . 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