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Apostila sobre Escravidão Negra no Brasil

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COLÉGIO ESTADUAL DR. OVANDE DO AMARAL – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
ALUNO: _____________________________________________________________Nº _______ 6ª ___
A IDENTIDADE NEGRA NO BRASIL COLÔNIA
E SUA INFLUÊNCIA CULTURAL
NA SOCIEDADE ATUAL
	A Canção do Africano
	
Lá na úmida senzala,
Sentado na estreita sala,
Junto ao braseiro, no chão,
Entoa o escravo o seu canto,
E ao cantar correm-lhe em pranto
Saudades do seu torrão...
De um lado, uma negra escrava
Os olhos no filho crava,
Que tem no colo a embalar...
E à meia voz lá responde
Ao canto, e o filhinho esconde,
Talvez p’ra não o escutar!
“Minha terra é lá bem longe,
Das bandas de onde o sol vem;
Esta terra é mais bonita,
Mas à outra eu quero bem!
“O sol faz lá tudo em fogo,
Faz brasa toda a areia;
Ninguém sabe como é belo
Ver de tarde a papa-ceia!
“Aquelas terras tão grandes,
Tão compridas como o mar,
Com suas poucas palmeiras 
Dão vontade de pensar...
	
“Lá todos vivem felizes,
Todos dançam no terreiro;
A gente lá não se vende
Como aqui, só por dinheiro”.
O escravo calou a fala,
Porque na úmida sala
O fogo estava a apagar;
E a escrava acabou seu canto,
P’ra não acordar com o pranto
O seu filhinho a sonhar!
O escravo então foi deitar-se,
Pois tinha de levantar-se
Bem antes do sol nascer,
E se tardasse, coitado,
Teria de ser surrado,
Pois bastava escravo ser.
E a cativa desgraçada
Deita seu filho, calada,
E põe-se triste a beijá-lo,
Talvez temendo que o dono
Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo!
(Castro Alves, Recife, 1863)
Povos africanos – desterrados e escravizados:
Na Idade Moderna, Portugal foi o primeiro país da Europa a realizar o comércio de escravos negros. Os navios portugueses dominavam os mares desse período. Eram verdadeiras fortalezas, capazes de transportar pesadas cargas e uma população numerosa. Isso foi possível, também pelo fato de os portugueses já haverem conquistado muitas regiões da África, nesta época, como por exemplo: Moçambique, Nigéria, Angola, Guiné, etc.
Com o decorrer do tempo, holandeses, ingleses e franceses também passaram a participar do tráfico negreiro. Calcula-se que somente para a América, entre os séculos XVI e XIX, vieram cerca de 20 milhões de escravos. Um quinto deste total veio para o Brasil. Ou seja, cerca de 4 milhões de negros em três séculos de escravidão.
Tráfico Negreiro:
Viagem e morte nos navios
De acordo com a referência acima citada, durante mais de três séculos de escravidão, o tráfico negreiro trouxe para o Brasil, aproximadamente 4 milhões de escravos. 
O primeiro desembarque documentado de escravos africanos no Brasil data o ano de 1538 (Atlas Histórico – ISTOÉ – Brasil 500 Anos, pág.16).
Na África, os traficantes de escravos negros, firmaram alianças com os chefes tribais africanos. Estabeleceram com eles um comércio baseado no escambo, e os negros eram negociados em troca de quinquilharias: aguardente de cana, rolos de fumo, tecidos, facões, espelhos, guizos, etc. Depois de serem acorrentados e marcados com ferro em brasa, os negros eram levados até os presídios da costa africana. E então eram transportados para o Brasil nos chamados navios negreiros.
Os navios negreiros saiam da África com aproximadamente 600 escravos e um grupo de cerca de 12 traficantes brancos. Receando uma revolta dos negros, os traficantes trancavam-nos no porão do navio.
Nos escuros porões, o espaço era reduzido e o calor, insuportável. Além disso, a água era suja e o alimento insuficiente para todos. O banzo (melancolia), causado pela saudade da sua terra e de sua gente, era outra causa que os levava à morte. 
Devido aos maus-tratos e às péssimas condições de transporte, morriam cerca de 20 a 40% dos negros durante a viagem. Por isso, os navios negreiros eram chamados de tumbeiros (palavra referente a tumba). (COTRIN, Gilberto. História Global – Geral e Brasil. p.211.)
Os sobreviventes eram desembarcados e vendidos nos principais portos da Colônia, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro.
Segundo o historiador Arno Wehling, "a ampliação do tráfico e sua organização em sólidas bases empresariais permitiram criar um mercado negreiro transatlântico que deu estabilidade ao fluxo de mão-de-obra, aumentando a oferta, ao contrário da oscilação no fornecimento de indígenas, ocasionada pela dizimação das tribos mais próximas e pela fuga de outras para o interior da Colônia". Por outro lado, a Igreja, que tinha se manifestado contra a escravidão dos indígenas, não se opôs à escravização dos africanos. Dessa maneira, a utilização da mão-de-obra escrava africana tornou-se a melhor solução para a atividade açucareira. 
Principais grupos africanos
Os principais grupos africanos trazidos para o Brasil foram:
Bantos: originários do Congo, Angola e Moçambique. Estes geralmente eram desembarcados nos portos de Pernambuco, Minas Gerais e Rio de janeiro; alcançando mais tarde São Paulo, Maranhão, Pará e Amazonas.
Sudaneses: Capturados principalmente na Nigéria, Daomé e Guiné. Os sudaneses eram deixados principalmente na Bahia, mais tarde se espalharam para as regiões vizinhas.
Também haviam os fulás e os mandês, grupos de negros islamizados que vieram para o Brasil juntamente com os sudaneses. Esses grupos tinham uma cultura bem diferente dos outros grupos africanos, pois sofreram influência dos árabes na região da África de onde eram provenientes. Em sua terra esses grupos adotaram o islamismo, acreditando em Alá e Mariana, que para eles era a mãe de Deus.
A Cultura dos povos africanos sofreu modificações no Brasil, porque eles tiveram que adotar a cultura dos brancos que os mantinham como escravos. Eram obrigados a mudar de seus nomes de família e adotar nomes cristãos; eram impedidos de falar a língua materna e de praticar sua religião; o batismo era obrigatório. 
A dominação cultural era um recurso importante para manter sob controle a massa de escravos. Mas mesmo assim essa etnia de grande valor para a formação cultural brasileira, conseguiu conservar e mais tarde resgatar muito de sua cultura nativa.
Classificação Interna
No Brasil os escravos recebiam uma nova classificação, representada por três grandes grupos: os ladinos, os boçais e os crioulos.
Os escravos que trabalhavam na casa grande recebiam um tratamento melhor e, em alguns casos, eram considerados pessoas da família. Esses escravos, chamados de "ladinos" (negros já aculturados), entendiam e falavam o português e possuíam uma habilidade especial na realização das tarefas domésticas. Os escravos chamados "boçais", recém-chegados da África, eram normalmente utilizados nos trabalhos da lavoura. Havia também aqueles que exerciam atividades especializadas, como os mestres-de-açúcar, os ferreiros, e outros distinguidos pelo senhor de engenho. Chamava-se de crioulo o escravo nascido no Brasil. Geralmente dava-se preferência aos mulatos para as tarefas domésticas, artesanais e de supervisão, deixando aos de cor mais escura, geralmente os africanos, os trabalhos mais pesados. 
A convivência mais próxima entre senhores e escravos, na casa grande, abriu espaço para as negociações. Esta abertura era sempre maior para os ladinos, conhecedores da língua e das manhas para "passar a vida", e menor para os africanos recém-chegados, os boçais. 
Na maioria das vezes, essas negociações não visavam à extinção pura e simples da condição de escravo, e sim, obter melhores condições de vida: manutenção das famílias, liberdade de culto, permissão para o cultivo em pedaço de terra do senhor, com a venda da produção, e condições de alimentação mais satisfatórias. 
A opção pelo escravo negro
Diversas causas são apontadas pela historiografia tradicional para explicar o desinteresse do Português pela escravidão do índio em contraposição à do negro:
A inadaptação do índio para o trabalho agrícola, na medidaem que este era incumbência das mulheres indígenas. Havia uma barreira cultural que o colonizador não podia romper;
Os negros eram tecnicamente mais avançados do que os índios brasileiros, que ainda estavam num processo de civilização basicamente primitiva;
Os indígenas eram mais “selvagens” e hostis à escravidão, enquanto os negros revelavam temperamento mais subserviente.
Vários setores da Igreja se opuseram à escravidão indígena, mas não se manifestaram contra a escravidão negra.
Algumas dessas causas podem ter sua parcela de importância, outras porém são praticamente inadmissíveis, como por exemplo a passividade do negro.
A história tradicional passava a idéia de que a escravidão negra foi amena. Dizia também que o negro era submisso e não reagia. Essa idéia porém é equivocada. A escravidão negra é uma história marcada pela violência do senhor de escravos. Também é repleta de revoltas e lutas do negro, que buscava a libertação.
De certo, a preferência pelo negro africano pode ser compreendida como mais um elemento da engrenagem do sistema colonial. Os lucros do comércio negreiro dirigiam-se para a metrópole portuguesa, enquanto que os ganhos comerciais com a captura do indígena, geralmente através do escambo (troca por mercadorias), ficavam dentro da colônia. Percebe-se, então, porque a escravidão indígena foi desmotivada e a “opção” pela escravidão negra foi, na verdade, uma imposição do sistema colonial. 
A exploração do trabalho escravo
De acordo com a doutrina mercantilista, as colônias deveriam representar um mercado exclusivo para as suas metrópoles; por um lado, fornecer gêneros agrícolas e metais preciosos; por outro, consumir os produtos da manufatura européia. A função da colônia era complementar a economia da metrópole e jamais lhe fazer concorrências.
Voltada para a exportação, a agricultura no Brasil desenvolveu-se em grandes extensões de terra – os latifúndios, onde se praticavam a monocultura, ou seja, o cultivo de um único produto agrícola, utilizando o trabalho escravo. Essa modalidade de exploração agrícola, conhecida como plantation, foi a base da ocupação portuguesa na América do Sul.
A economia Açucareira
Esta atividade foi desenvolvida a principio na região costeira. Como a costa brasileira não tinha as riquezas metálicas que os portugueses esperavam encontrar, o único recurso para explorar a região foi a atividade agrícola.
O produto mais adequado para o plantio na zona costeira foi a cana-de-açúcar. Na região Nordeste, o solo e o clima quente favoreceram mais o desenvolvimento da cultura canavieira, mas em toda a costa os solos eram próprios para o plantio da cana.
No Início da colonização do Brasil, o açúcar era um produto muito caro nos mercados europeus. Deste modo, os produtores de açúcar no Brasil-colônia alcançaram a prosperidade. 
Essa prosperidade, porém, foi possível graças ao trabalho do negro escravo que mostrou grande resistência ao trabalho necessário para o desenvolvimento desta atividade agrícola. Sendo assim, a aquisição de escravos era considerada um investimento bastante lucrativo, pois os negros tinham um excelente rendimento no trabalho.
Engenho: a unidade produtora
PRIVATE�O engenho, a grande propriedade produtora de açúcar, era constituído, basicamente, por dois grandes setores: o agrícola – formado pelos canaviais – e o de beneficiamento – a casa-do-engenho, onde a cana-de-açúcar era transformada em açúcar e aguardente. PRIVATE "TYPE=PICT;ALT=Imagem 1"
As construções características do engenho eram as seguintes: 
casa-grande: Residência do senhor de engenho. Podia ser uma mansão térrea ou um sobrado. Nela moravam o senhor de engenho e sua família, além de empregados de confiança ( capatazes), que cuidavam de sua segurança pessoal. A casa-grande era a central administrativa da vida econômica e social do engenho;
senzala: habitação rústica dos escravos, que, geralmente aglomeravam-se num único compartimento miserável;
capela: local onde se realizavam as cerimônias religiosas. Nos domingos e dias santos, a capela era o centro de reunião de toda a comunidade, assim como nos batizados, casamentos e funerais.
casa do engenho: instalações destinadas à produção do açúcar: a moenda - onde se moía a cana para a extração do caldo (a garapa); as fornalhas - onde o caldo de cana era fervido e purificado em tachos de cobre; 
casa de purgar: onde o açúcar, depois de resfriado e condensado, era levado para ser branqueado, separando-se o açúcar mascavo (escuro) do açúcar de melhor qualidade e depois posto para secar. E os galpões – onde os blocos de açúcar eram quebrados eram várias partes e reduzidos a pó.
Alguns engenhos possuíam ainda construções que serviam de residência para o capelão, os feitores, o mestre-de-açúcar e alguns trabalhadores assalariados.
Dedicando-se a fabricação do açúcar, o engenho necessitava comprar diversos produtos para sustentar o aglomerado humano que nele vivia. Entre esses produtos, citam-se: tecidos, linha, papel, pratos, jarros de estanho, tachos de cobre, enxadas, foices, pregos, tijolos, cestos, breu, cordas e diversos gêneros alimentícios.
Quando toda essa operação terminava, o produto era pesado e separado conforme a qualidade, e colocado em caixas de até 50 arrobas. Só então era exportado para a Europa. Muitos engenhos possuíam também destilarias para produzir a aguardente (cachaça), utilizada como escambo no tráfico de negros da África. 
Outras culturas de exportação
Outras atividades econômicas subsidiárias da cultura canavieira PRIVATE "TYPE=PICT;ALT=Imagem 2"
O algodão não chegou a ter a mesma importância da cana-de-açúcar. Mas, contribuiu para o barateamento do vestuário, muito mais caro quando confeccionado com outros tecidos. Eram feitas de algodão as roupas dos escravos.
A cultura do fumo, embora também não fosse tão importante, colaborou muito para o desenvolvimento da colonização. O fumo em rolo serviu de moeda corrente para a troca de escravos africanos que eram trazidos para trabalhar nos canaviais. Os principais centros produtores localizavam-se no Recôncavo Baiano e no litoral de Alagoas.
A Atividade Mineradora e a Expansão Pastoril
A descoberta do ouro, em fins do século XVII, permitiu a interligação da pecuária do Nordeste e do Rio Grande do Sul com a região mineradora. Os habitantes das Gerais - áreas dos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso - tendiam a dedicar-se exclusivamente à atividade mineradora, precisando comprar tudo o que consumiam de outros locais. Não foram raras, ali, as crises de abastecimento e de falta de alimentos. 
Os escravos, ali como em toda a Colônia, representavam a força de trabalho sobre a qual repousava a vida econômica da real capitania das Minas Gerais. Vivendo mal alimentados, sujeitos a castigos e atos violentos, constituíam a parcela mais numerosa da população daquela região. 
O trabalho escravo na sociedade colonial brasileira teve características diversas na produção do açúcar (agricultura) e na exploração do ouro. Compare o trabalho escravo na sociedade açucareira e na mineradora.
PUNIÇÕES E TORTURAS
Os escravos africanos eram, de forma geral, bastante explorados e maltratados e, em média, não agüentavam trabalhar mais do que dez anos. Como reação a essa situação, durante todo o período colonial foram constantes os atos de resistência, desde fugas, tentativas de assassinatos do senhor e do feitor, e até suicídios. 
Essas reações contra a violência praticada pelos feitores, com ou sem ordem dos senhores, eram punidas com torturas diversas. Amarrados no tronco permaneciam dias sem direito a comida e água, levando inumeráveis chicotadas. Eram presos nos ferros pelos pés e pelas mãos. Os ferimentos eram salgados, provocando dores atrozes. Quando tentavam fugir eram considerados indignos da graça de Deus, pois, segundo o padre Antônio Vieira, ser "rebelde e cativo" é estar "em pecado contínuo e atual"....
Os principais instrumentos utilizados na torturados escravos eram: gargalheiras – colar que se punha ao pescoço, com corrente pendurada; calceta – grilhões que se amarravam aos tornozelos; anjinhos – um anel com que se apertavam os dedos; vira-mundo – ferros onde se metiam as mãos e pés; peia – algemas; chicote e tronco – cepo onde se amarravam os escravos para castigá-los.
A FORMAÇÃO DOS QUILOMBOS
Os negros escravos procuravam reagir contra a escravidão. Muitos fugiram em busca da liberdade, e fundaram comunidades, chamadas quilombos, para se protegerem dos capitães-do-mato, que eram homens violentos que perseguiam os fugitivos para capturá-los.
Entre os maiores quilombos estão os de Ambrósio e o Quilombo Grande. A destruição de ambos, em 1746 e 1759 respectivamente, não impediu que ocorressem outras fugas e a formação de novos quilombos. O mais famoso deles foi o QUILOMBO DE PALMARES.
O Quilombo de Palmares foi chamado assim por ocupar uma vasta região do estado de Alagoas, onde havia muitas palmeiras. Os negros de Palmares praticavam a agricultura e a pecuária, e inclusive comerciavam com os povoados vizinhos. 
No entanto, para os senhores de engenho, Palmares era uma ameaça, pois mostrava que os negros podiam ser livres. Muitas expedições militares foram enviadas contra Palmares, que no entanto resistiu por 65 anos (1629-1694), e chegou a abrigar 20 mil pessoas. Os negros, sob o comando do líder Zumbi, defendiam-se contra os ataques dos escravistas. 
Em 1687, os senhores de engenho contrataram o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho para atacar Palmares. Este organizou em 1692 um grande ataque, para destruir o quilombo, mas foi derrotado pelos negros. No entanto, houve um segundo ataque de Jorge Velho, auxiliado por 6 mil soldados. Os negros resistiram por um mês, ao final do qual o quilombo foi destruído e seus habitantes massacrados. Zumbi conseguiu fugir, mas dois anos depois foi capturado e morto. E até hoje ele é um símbolo da resistência dos negros contra a escravidão.
ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA
Pioneira das campanhas nacionais brasileiras a “Campanha Abolicionista” da Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, liderada pelo engenheiro André Rebouças, por José do Patrocínio, ardente jornalista do jornal “O abolicionista”, e pelo deputado Joaquim Nabuco, inicia uma grande luta pela libertação dos escravos.
De certa forma, pode-se dizer que a Abolição da escravatura foi um movimento social, ocorrido entre 1870 e 1888, que defende o fim da escravidão no país. Termina com a promulgação da Lei Áurea, que extingue o regime escravista originário da colonização do Brasil.
O regime começa a declinar com o fim do tráfico de escravos, em 1850. Progressivamente, os imigrantes europeus assalariados substituem os escravos no mercado de trabalho. Mas é só a partir da Guerra do Paraguai (1865-1870) que o movimento abolicionista ganha impulso. Milhares de ex-escravos que retornam da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, correm o risco de voltar à condição anterior por pressão dos seus antigos donos. O problema social torna-se uma questão política para a elite dirigente do 2º Reinado. Várias leis surgiram neste período de transição do regime escravocrata para a abolição da escravatura:
Lei do Ventre Livre – promulgada em 28/09/1871, liberta os filhos de escravos nascidos a partir desta data, mas os mantém sob tutela de seus senhores até atingirem maior idade (21 anos);
Lei dos Sexagenários – em 1885, o governo cede mais um pouco e promulga a Lei Saraiva-Cotegipe. Conhecida como a Lei dos Sexagenários, ela liberta os escravos com mais de 65 anos, mediante compensações aos seus proprietários.
Lei Áurea – Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rende-se às pressões e a princesa Isabel assina a Lei Áurea, que extingue a escravidão no Brasil. A decisão desagrada aos fazendeiros, que exigem indenizações pela perda de seus “bens”. Como não conseguem, aderem ao movimento republicano. Ao abandonar o regime escravista, o império perde sua última coluna de sustentação política. 
O fim da escravatura, porém, não melhora a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem formação escolar ou uma profissão definida, para a maioria deles a simples emancipação jurídica não muda sua condição subalterna nem ajuda a promover sua cidadania ou ascensão social.
HERANÇA CULTURAL NEGRA
A presença negra foi marcante na formação da cultura e do povo brasileiro. Vejamos alguns exemplos dessa influência:
Alimento: feijoada, cocada, vatapá, acarajé, quindim, caruru, pé-de-moleque;
Religião: umbanda, candomblé e Sincretismo religioso;
Música: ritmos musicais como samba, maxixe, maracatu, congada. Instrumentos musicais, como atabaque, berimbau, ganzá, agogô, cuíca, reco-reco;
Vocabulário: palavras como batuque, bengala, banana, gingar, macumba, quitanda, samba, chuchu, cachaça, moleque, fubá, caçula.
Referências Bibliográficas: (Fontes pesquisadas)
ABRIL MULTIMÍDIA. Almanaque Abril CD – ROM – São Paulo: Microservice, 1998.
COTRIM, Gilberto. Brasil – Economia Colonial. História Global: Geral e Brasil.1ª ed. São Paulo: 
 Saraiva, 1997, págs. 179 – 186.
COTRIM, Gilberto. Brasil – Sociedade Colonial. História Global: Geral e Brasil. 1ª ed. São Paulo: 
 Saraiva, 1997, págs. 208 – 218.
FERREIRA, Olavo Leonel. O Negro no Brasil. História do Brasil. 17 ed. São Paulo: 
 Ática, 1995, págs. 58 – 69.
INTERNET: http://www.rio.rj.gov.br/multirio/index.html
QUEIRÓZ, Suely Robles Reis de. Os figurantes mudos. 500 anos de Brasil: escravidão e 
 Memória. Publicação Cultural da Imprensa Oficial, do Estado de São Paulo. Nº 4,
 Abril, 2000.
Sugestão de atividades:
1. Elabore cinco questões com respostas sobre o tema estudado: “A Identidade Negra no Brasil Colônia e sua Influência na Sociedade Atual.”
2- Escreva uma poesia, uma paródia ou uma história em quadrinhos sobre a herança cultural africana na sociedade brasileira.

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