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Avaliação Fisioterapêutica da Coluna Cervical Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional Profa. Dra. Sílvia Maria Amado João 1. Anatomia Aplicada A coluna cervical consiste em diversas articulações: Artic. Atlantoccipital (C0-C1); Artic. Atlantoaxial Mediana (C1-C2): artic. axial (trocóidea) / Artic. atlantoaxiais laterais são artic. planas; Existem 14 artic. dos processos articulares na coluna cervical e são artic. sinoviais (diartrodiais); Posição de repouso: leve extensão; Posição de aproximação máxima: extensão completa. 2. História Clínica Qual é a idade do paciente? Qual é a ocupação? Qual é a gravidade dos sintomas? Qual foi o mecanismo da lesão? Qual é a atividade ou o lazer habitual do paciente? O que o paciente é capaz de fazer funcionalmente? Os sintomas surgiram imediatamente? Quais são os locais e limites da dor? Há irradiação da dor? A dor é profunda? Superficial? Em pontada? Em queimação ? Contínua? O paciente tem dores de cabeça? Há parestesias? Formigamentos nas extremidades? Há sintomas nos MMII? O paciente tem problemas de equilíbrio? Tontura, desmaios? O paciente exibe ou queixa-se de quaisquer sintomas simpáticos? Existem posturas ou ações que aumentam ou diminuam a dor? Qual é a posição de dormir do paciente? O paciente respira pela boca? 3. Observação e Triagem Exame das outras articulações adjacentes, acrescentando uma avaliação postural global; Observação Geral: evidência de dano tecidual, edema, temperatura, hipersensibilidade, estalido ou crepitação. 4. Inspeção Postura Global da Coluna Vertebral O paciente deve ser examinado na postura relaxada habitual; A postura do paciente pode ser observada nas vistas anterior, posterior e lateral: postura da cabeça e pescoço, nível dos ombros, espasmo muscular ou qualquer assimetria, expressão facial, contornos ósseos, evidência de isquêmia nos MMSS; Exame de Exploração das Articulações Periféricas: artic. temporomandibulares, cintura escapular, cotovelos, punho e mão. 5. Palpação Face Posterior: Protuberância Occipital Externa; Processos espinhosos e processos articulares das das vértebras cervicais; Processo mastóideo. Face Lateral: Processos transversos das vértebras cervicais; Artic. temporomandibulares, mandíbula. Face Anterior: 3 primeiras costelas; Fossa supraclavicular. 6. Mobilidade dos Segmentos Triagem para amplitude de movimento: Se forem identificadas limitações na amplitude de movimento articular, deverá ser realizado um teste goniométrico específico para se obter um quadro das restrições, estabilização e registro das limitações. 6.1 Mobilização Movimentos Ativos: Quantidade de movimento articular realizada por um indivíduo sem qualquer auxílio. Objetivo: o examinador tem a informação exata sobre a capacidade, coordenação e força muscular da amplitude de movimento do indivíduo. Movimentos Passivos: Quantidade de movimento realizada pelo examinador sem o auxílio do indivíduo. A ADM passiva fornece ao fisioterapeuta a informação exata sobre a integridade das superfícies articulares e a extensibilidade da cápsula articular, ligamentos e músculos (Norkin & Levangie, 1997). 6.2 Movimento Ativo O fisioterapeuta deve observar: Quando e onde, durante cada um dos movimentos, ocorre o início de dor; Se o movimento aumenta a intensidade e a qualidade da dor; A quantidade de restrição observável; O padrão de movimento; O ritmo e a qualidade do movimento; O movimento das articulações associadas; Qualquer limitação e sua natureza. 6.3 Movimento Passivo O fisioterapeuta deve observar: Quando e onde, durante cada um dos movimentos, ocorre o início de dor; Se o movimento aumenta a intensidade e a qualidade da dor; O padrão de limitação do movimento; A sensação final do movimento; O movimento das articulações associadas; A amplitude de movimento disponível. 7. Goniometria Método para medir os ângulos articulares do corpo; É utilizado pelos fisioterapeutas para quantificar a limitação dos ângulos articulares, decidir a intervenção fisioterapêutica mais adequada e, ainda documentar a eficácia da intervenção. 7.1 Informações dos dados goniométricos Determinar a presença ou não de disfunção; Estabelecer um diagnóstico; Estabelecer os objetivos do tratamento; Direcionar a fabricação de órteses; Avaliar a melhora ou recuperação funcional; Modificar o tratamento; Realizar pesquisas que envolvam a recuperação de limitações articulares 7.2 Amplitude Articular- Goniometria 7.2.1 Flexão da Coluna Cervical Ocorre no plano Sagital. Amplitude articular: 0°-65° (Marques, 2003) e 0°-80/90° (Magee, 2002). Precauções Evitar a flexão de tronco; Evitar a rotação e flexão lateral da coluna cervical; 7.2.2 Extensão da Coluna Cervical: Ocorre no plano sagital. Amplitude articular: 0°-50° (Marques, 2003) e 0°-70° (Magee, 2002). Precauções Evitar a extensão de tronco; Evitar a flexão lateral e rotação da coluna cervical. 7.2.3 Flexão Lateral da Coluna Cervical: Ocorre no plano frontal. Amplitude articular: 0°-40° (Marques,2003), 0°-20/45° (Magee, 2002). Precauções Evitar a flexão, extensão e rotação de tronco; Evitar a evitar a elevação do ombro no lado testado. 7.2.4 Rotação da Coluna Cervical: Ocorre no plano transversal. Amplitude articular: 0°-55° (Marques, 2003), 0°-70/90° (Magee, 2002). Precauções Evitar a rotação do tronco; Evitar a flexão, a extensão e a flexão lateral do tronco. 8. Movimento do Jogo Articular O teste para folga articular determina a integridade da cápsula; A folga articular deve ser sempre avaliada na posição destravada (decoaptação aberta) na qual a frouxidão da cápsula e dos ligamentos é maior e o contato ósseo é menor. 8.1 Jogo Articular: movimento intervertebral passivo Palpação do movimento intervertebral passivo durante a avaliação da amplitude global de movimento: Inclinação anterior suboccipital; Inclinação posterior suboccipital; Inclinação lateral suboccipital; Rotação suboccipital; Deslizamento anterior e posterior: C2, C3 a T3, T4; Deslizamento lateral mediocervical. 9. Princípios dos testes de comprimento muscular A finalidade da avaliação do comprimento muscular (flexibilidade) consiste em determinar se a ADM que ocorre em uma articulação é limitada ou excessiva em virtude das estruturas articulares intrínsecas ou dos músculos que cruzam as articulações. 9.1 Testes de comprimento muscular Flexão lateral cervical (inclinação lateral): Músculo levantador da escápula; escalenos anterior, médio e posterior; esternocleidomastóideo, trapézio, esplênios da cabeça e do pescoço. Músculos flexores cervicais; Músculos extensores cervicais. 10. Testes Musculares Manuais Parte integrante do exame físico, fornecendo informações úteis no diagnóstico diferencial, prognóstico e tratamento de patologias musculoesqueléticas e neuromusculares; A avaliação da força muscular manual deve ocorrer quando forem descartadas outras limitações articulares ou musculares (encurtamentos) impedindo ou dificultando o movimento. Músculo esternocleidomastóideo; Músculos escalenos anterior, médio e posterior; músculo longo do pescoço; músculo longo da cabeça. 11. Avaliação Funcional Tabelasde escores numéricos podem ser utilizadas para determinar o grau de dor causado pela patologia ou incapacidade da coluna cervical; Atividades de Vida Diária; Quadro de contagem numérica. Testagem de força Funcional da Coluna Cervical ( M. L. Palmer & M Epler “Clinical Assessment Procedures in Physical Therapy”, 1990). 12. Testes Clínicos Especiais Teste de Compressão foraminal (de Spurling); Teste de Distração (tração-separação); Teste de Depressão do ombro; Teste de Abdução de ombro; Teste de insuficiência da artéria vertebral. 14. Caso Clínico Uma mulher de 75 anos queixa-se principalmente de dor no pescoço mas também de rigidez. Ela exibe uma hipercifose. Não há histórico de trauma. Descrever o seu plano de avaliação para esta paciente. Referências Bibliográficas 1. Marques AP. Ângulos articulares da coluna vertebral. In: Manual de Goniometria. 2 ed. São Paulo: Editora Manole. 2003,p.49-57. 2. Magee DJ. Coluna Cervical In: Magee, DJ, editor. Disfunção Musculoesquelética. 3 ed. São Paulo: Manole; 2002. p.105-157. 3. Palmer, LM.; Epler, ME. Coluna Cervical. In: Palmer, LM.; Epler, ME. Fundamentos das Técnicas de Avaliação Musculoesquelética. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. p.195-212. 4. Gardner E, Gray DJ, O’Rahilly R. Anatomia. Estudo Regional do Corpo Humano. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. 5. Hoppenfeld, S. Exame da Coluna Cervical e da Articulação Temporo-Mandibular. Propedêutica Ortopédica. Coluna e Extremidades. Rio de Janeiro: Atheneu, 1987. p.109-137. 6. Kapandj IA. A Coluna Cervical. In: Fisiologia Articular. São Paulo: Manole, 1987. p.169-251.
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