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Resumo Inquérito Policial

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INQUÉRITO POLICIAL
A prática de um fato definido como contravenção penal ou crime faz surgir, para o Estado, o jus puniendi, que somente pode ser concretizado por meio do processo. A pretensão punitiva do Estado somente pode ser deduzida em juízo, mediante a ação penal, ao término da qual, sendo o caso, será aplicada a sanção penal adequada. 
Para que se proponha a ação penal, entretanto, é necessário que o estado disponha de um mínimo de elementos probatórios que indiquem a ocorrência de uma infração penal e sua autoria. O meio mais comum, embora não exclusivo, para a colheita desses elementos é o inquérito policial. 
Portanto, inquérito policial é a documentação das diligências efetuadas pela polícia investigativa para a apuração da materialidade penal e de sua autoria, presidido pela autoridade policial, afim de fornecer elementos de informação para que o titular da ação penal possa ingressar em juízo. 
Relaciona-se com o verbo inquirir, que significa perguntar, indagar, procurar, averiguar os fatos, como ocorreram e quem é o seu autor. 
O inquérito policial possui natureza jurídica de PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO, regendo-se pelas regras do ato administrativo em geral. Não se trata, pois, de processo judicial, nem tampouco de processo administrativo, uma vez que dele não resulta a imposição direta de nenhuma sanção.
Segundo o art. 9º do CPP, o inquérito policial é uma PEÇA ESCRITA, não se admitindo a existência de uma investigação verbal. [1:  Art. 9o  Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.]
Outra característica do inquérito policial é o SIGILO instituído no art. 20 do CPP. É um elemento necessário para se descobrir o crime, pois se as atividades da polícia tornarem-se públicas, poderá dificultar a colheita de provas, facilitando a ocultação ou destruição das provas e até a influência do indiciado no depoimento das testemunhas. [2:   Art. 20.  A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.]
O inquérito policial é uma PEÇA INSTRUMENTAL, pois é o meio utilizado pelo Estado para colher elementos de informação quanto à autoria e quanto à materialidade da infração penal e funcionará como uma PEÇA DISPENSÁVEL no caso em que o titular da ação penal já obteve elementos de prova quanto à autoria e materialidade por outros meios, tais como delações ou outros inquéritos não policiais. Existindo, inclusive, normas tratando da dispensabilidade do Inquérito policial, como o art. 27 do CPP e o §5º do art. 39 do CPP. [3:  Art. 27.  Qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.][4:  Art.39 § 5o  O órgão do Ministério Público dispensará o inquérito, se com a representação forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a ação penal, e, neste caso, oferecerá a denúncia no prazo de quinze dias.]
É INQUISITÓRIO o inquérito policial, não se admitindo o contraditório e a ampla defesa, porque durante o inquérito o indiciado não passa de simples objeto de investigação. Essa característica tem sido bastante discutida em razão da súmula vinculante 14, que deu acesso ao inquérito policial para o advogado, pois não haveria sentido em dar acesso sem possibilitar o contraditório. [5: Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.]
Assim, diz-se que a súmula vinculante 14 mitigou o caráter inquisitorial do inquérito policial, pois se no curso do IP houver violência ou coação ilegal, será assegurada a ampla defesa e o contraditório. 
O inquérito policial é, ainda, INFORMATIVO, tendo em vista que visa à colheita de elementos de informação quanto à autoria e materialidade e é indisponível, ou seja, o delegado não pode arquivar o inquérito policial uma vez que a persecução penal é de ordem pública. Somente o juiz pode arquivar o IP, por meio do pedido do legitimado, conforme art. 17 do CPP. [6: Art. 17.  A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.]
O inquérito policial é também OBRIGATÓRIO. Depois de chegar ao conhecimento da autoridade policial a prática de um delito (notitia criminis), mediante ação penal pública, deverá instaurar o inquérito policial. 
Por fim, o degelado de polícia, que preside o IP, é autoridade pública (AUTORITARIEDADE) e é um órgão oficial do Estado (OFICIALIDADE).
Tendo em conta que os elementos de informação são colhidos, na fase investigativa, sem a necessária observância do contraditório e da ampla defesa, questiona-se acerca da possibilidade de sua utilização para formar a convicção do juiz em sede processual. 
Desse modo, conclui-se que o inquérito policial TEM VALOR PROBATÓRIO RELATIVO, pois carece de confirmação por outros elementos colhidos durante a instrução probatória, a qual ocorre durante o processo judicial. 
Apenar de os elementos de informação, isoladamente considerados, não podem servir de fundamento para uma condenação, não devem ser desprezados, pois podem se somar à prova produzida em juízo para formar a convicção do juiz.
Sendo o inquérito policial mero procedimento informativo destinado à formação da opinio delicti do titular da ação penal, os VÍCIOS por acaso existentes no mesmo não afetam a ação penal, a qual der origem. A irregularidade ocorrida durante o inquérito policial poderá gerar a invalidade ou ineficácia do ato inquinado, sem levar à nulidade processual. 
A instauração do inquérito policial ocorre a partir da notitia criminis, a qual é o conhecimento, espontâneo ou provocado, da autoridade policial acerca de um fato aparentemente delituoso. Assim, a peça inaugural do inquérito policial será a notícia crime: auto de prisão em flagrante, as requisições e os requerimentos. 
A notitia criminis pode ser de cognição imediata ou espontânea, quando a autoridade policial toma conhecimento direto e pessoal da infração penal através de suas atividades rotineiras. Nesse caso, a instauração do inquérito policial ocorrerá de ofício, por meio de uma portaria. Cognição mediata ou provocada é quando a autoridade policial toma conhecimento do fato a partir de algum expediente escrito, por provocação de terceiros, como por exemplo, a requerimento da vítima ou de seu representante legal, requisição do MP ou do Juiz, a delação, representação da vítima e requisição do Ministro da Justiça. A cognição coercitiva ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato a partir de uma prisão em flagrante. Nesse caso, a autoridade estará obrigada a instaurar o inquérito policial. 
A conclusão do inquérito policial ocorre com o relatório da autoridade policial, o qual deverá ser manuscrito, não devendo fazer qualquer juízo de valor, pois esta é a função do titular da ação penal. 
Encerrando o inquérito e feito o relatório, os autos serão remetidos ao juiz competente, acompanhados dos instrumentos do crime e os objetos que interessarem à prova, com fulcro no art. 11 do CPP, oficiando à autoridade, ao Instituto de Identificação e Estatística. Do juízo, os autos devem ser remetidos ao órgão do Ministério Público, para que adote as medidas cabíveis.[7:  Art. 11.  Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acompanharão os autos do inquérito.]
No que tange ao PRAZO para a conclusão do inquérito policial, este dependerá se o réu estiver preso ou solto. Se o indiciado estiver em liberdade, a autoridade policial deverá concluir as investigações no prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir do recebimento da notitia criminis, podendo ser prorrogado a requerimento do delegado e autorizado pelo juiz quantas vezesfor preciso. No caso do indiciado preso, o prazo será de 10 (dez) dias, contados a partir do dia seguinte à data da efetivação da prisão, dada sua natureza processual, prazo este que em regra é improrrogável. 
Com base no art. 17 do CPP a autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito. Este arquivamento também não poderá ser determinado de ofício pela autoridade judiciária. Cabe exclusivamente ao MP requerer expressamente o arquivamento do inquérito policial. 
Nesse contexto, o arquivamento será uma decisão judicial realizada pelo juiz, mediante requerimento do Ministério Público. 
Autorizam o arquivamento do inquérito policial a ausência de pressuposto processual ou de condição para o exercício da ação penal, a falta de justa causa para o exercício da ação penal, quando o fato investigado evidentemente não constituir crime, a existência manifesta de causa excludente da ilicitude, bem como da culpabilidade, salvo a inimputabilidade e a existência de causa extintiva da punibilidade. 
Isto posto, é importante destacar que a FINALIDADE precípua do IP, conforme previsão dos arts. 4º, 12 e 41 todos do CPP, é a apuração da existência da infração penal e a respectiva autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos que o autorizem a promove-la. [8:   Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria][9:   Art. 12.  O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.][10:  Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.]
REFERÊNCIAS
CAPEZ, Fernando. Código de Processo Penal Comentado. Fernando Capez, Rodrigo Henrique Colnago. - São Paulo : Saraíva, 2015.
LIMA, Renato Brasileiro de. Manual de Processo Penal. 3ª ed. Rev. Amp. e Atual. Editora: JusPodivm, 2015.

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